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Relação croqui/computador: breve análise do processo homem/máquina

no curso de Arquitetura e Urbanismo do IF Fluminense


Luiza Sanz dos Santos Thomé
Paolla Clayr de Arruda Silveira

RESUMO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

No desenvolvimento das tecnologias voltadas à indústria da construção


civil, o mercado de software oferece uma gama de soluções digitais para
favorecer a atuação de arquitetos, engenheiros e construtores. Dentre as
tipologias existentes, são muito disseminadas as metodologias CAD e BIM, a
serem explicadas brevemente.
Para Scheer et al (2007), a tecnologia CAD é a inovação mais importante
dos últimos 40 anos e afirma também que houve três momentos diferentes na
evolução do uso de software na arquitetura: primeiramente o desenho assistido
por computador por volta da década de 1960; o segundo momento revelou a
modelagem geométrica entre as décadas de 1970-80; e, por fim, a modelagem
do produto, com início no final da década de 1980.
A sigla CAD – sigla do termo em inglês Computer Aided Design que
significa Desenho Assistido por Computador – trata da tecnologia que permitiu
transpor para os computadores as informações gráficas e precisas do projeto
arquitetônico, como linhas, ângulos, tamanhos e cotas em 2D e 3D, poupando
tempo no processo de criação e revisão dos desenhos, que antes eram
exaustivamente elaborados à mão em papel vegetal e nanquim. Alguns
softwares são AutoCAD, SketchUp e DraftSight.
Retornando às águas de Scheer, o principal objetivo do terceiro momento,
a modelagem do produto, é a mescla de duas substâncias: as informações
geométricas, que trata dos quesitos espaciais do produto, como forma, posição
e dimensões; e as não-geométricas, como materiais, custo, resistência, dentre
outras características. Esta mescla compõe a tecnologia BIM.
A metodologia BIM - sigla do termo em inglês Building Information
Modeling que pode ser traduzido para Modelagem da Informação da Construção
- vem alcançando parte do mercado de softwares, exigindo atualização dos
profissionais por prometer menores índices de erros e maximização do tempo de
trabalho. Segundo Eastman (2014, p. 1), “o modelo gerado computacionalmente
contém a geometria exata e os dados relevantes, necessários para dar suporte
à construção, à fabricação e ao fornecimento”. São exemplos no mercado o Revit
e o ArchCAD.
Diante da expansão tecnológica, os cursos de Arquitetura e Urbanismo no
Brasil tiveram suas grades atualizadas, inserindo o ensino de alguns softwares
de trabalho. Salienta-se que as disciplinas que visam o ensino das regras e
normas de desenho técnico se mantiveram na vertente tradicional, com o uso do
par de esquadros, escalímetro, prancheta, régua e tantos outros ferramentais da
área arquitetônica, pois antes do aluno conhecer o programa computacional, ele
deve ser capaz de entender as expressões do desenho e suas funções para a
clareza projetual, além de se permitir a liberdade de criação formal no papel.
A tecnologia não apenas substitui uma ferramenta ou um processo do
manuscrito para o digital, mas aponta a possibilidade de uma nova metodologia
para o desenvolvimento de uma ideia. Um exemplo é o papel do croqui, como
forma de registro do processo mental envolvido num período carregado de
informações, que em fases posteriores do processo de desenvolvimento poderá
sofrer uma reestruturação lógica e coerente no projeto de arquitetura.
Esta lógica não linear, associada à fluência no manuseio das novas
tecnologias que passaram a ser incorporadas às atividades cotidianas recentes,
permite levantar questionamentos referentes à importância do croqui, dos
rabiscos à mão, durante o processo criativo.
Ao verificar que o arquiteto com domínio do software torna-se capaz de
desenvolver uma nova metodologia para seu trabalho, é possível exigir dos
alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo a mesma metodologia durante seu
processo criativo, partindo do croqui à mão até o projeto digital? Essa seria a
técnica mais adequada? O programa de computador não limita do pensamento
criativo?
Tais questões surgem a partir da observação do comportamento dos
alunos em relação ao envolvimento com o desenho livre e espontâneo, seja na
prancheta ou no rodapé de folhas, numa realidade onde o aluno se depara com
a cobrança da utilização dos meios digitais para apresentação projetual e a
necessidade de expressar sua ideia, que está em ebulição e constante
transformação na mente do projetista. Contudo, seja pela falta de domínio da
linguagem digital ou pelas restrições na manifestação do ideal gráfico, o que
surgiu como suporte profissional torna-se um desafio limitador.
Nesse ínterim, este trabalho objetiva traçar um paralelo entre croquis
iniciais e projeto final elaborados pelos alunos do curso de Arquitetura e
Urbanismo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense,
com ênfase nas respostas pessoais sobre as próprias criações.
Busca-se, então, apontar eventuais ganhos e perdas na qualidade do
projeto de arquitetura apresentado na disciplina de Projeto de Arquitetura, após
essa interação homem/máquina existente entre arquiteto e computador.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

No IF Fluminense, o curso tem duração de dez semestres. Nos dois


primeiros semestres são oferecidas as disciplinas de Desenho de Arquitetura I e
II, onde são apresentados os usos das ferramentas de desenho e normas
vigentes. Do terceiro ao nono período, as disciplinas citadas são substituídas por
Projeto de Arquitetura I até VII, sendo a proposta criar e produzir projetos
técnicos com as mais diversas temáticas, desde residência unifamiliar até temas
mais complexos.
A metodologia deste artigo adota a aplicação de questionário com
perguntas fechadas aos alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo do IF
Fluminense, desde os períodos iniciais aos finais, visto o interesse em conhecer
o pensamento do aluno ingressante e do formando.
Elaborado no Google Forms, foi enviado por e-mail a alguns professores
da do curso, que assim contribuíram na disseminação do mesmo, garantindo
que as respostas recebidas fossem somente de alunos cursandos, evitando o
preenchimento por egressos ou alunos de outras instituições de ensino que
também oferecem o curso na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, que não
são o público alvo deste trabalho.

3. RESULTADOS

Foram entrevistados 22 alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo do


IF Fluminense. No quesito “ano de ingresso”, a maioria (27,3%) é ingressante
deste ano, seguido de 22,7% de ingressantes em 2013. Do total de
respondentes, três pessoas possuem matrícula “antiga”, ou seja, superior aos 10
períodos previsto, podendo ser justificado por trancamento de matrícula e/ou
reprovações.

Acerca dos períodos nos quais os alunos encontram-se matriculados, a


amostra englobou respondentes de todos os períodos, do 1º ao 10º.
Também foram adquiridas informações sobre situações que podem
interferir na formação dentro do tempo previsto na proposta pedagógica do
curso. A maioria (68,2%) prevê que levarão o tempo regular para conclusão do
curso

As próximas questões solicitaram a avaliação em escala, de 1 a 5,


considerando 1 como muito ruim e 5 como excelente.
4. DISCUSSÃO

5. CONCLUSÕES

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