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EFICÁCIA E AUTORIDADE; ' 2
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X. ~ SENTENÇA z 0 LoÊÊ
E OUTROS ESCRITOSSOBRE A COISA JULGADA -1
(com aditamentos relativos ao direito brasileiro) _
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Í! ' Tradução de ' ,.

ALFR-EDO~BUZAID E BENVINDO AIRES `

Tradução dos tçxtos posteriores à edição de' 1945 ¿._¿


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e notas rçlatívas ao direito brasileiro vigente de í

ADÀ PELLEGRINI GRINOVER


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É Rio de' Janeiro
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ML- _ _ `1.\ ediçao .-- 1945
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2 6 3.* edição _ 1984
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5. «M-
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© Copyright ' - /
Enrico fumo Liebrnan
PREFÁCIO À SEGUNDA EDIÇÃO BRASILEIRA

Passaram-se quarenta e cinco anos desde a publicação, em


Milão, do ensaio que .constitui a parte -principal deste volume.
0 Liebman, Enrico Tuilio. . Í 1 Dee anos depois, dois valentes processualistas brasileiras verte-
L68lefl Eficácia e autoridade da sentença 1 Enrico Tullio p ram-no para o português e o publicaram pela Editora Forense
, Liebman : tradução de Alfredo Buzaid e Benvindo - (e um deles ascendeu depois dsihonras e aos encargos do governo,
Aires ; tradução dos textos posteriores ao ediÇ¡0 de 1
sendo o principal inspirador do vigente--código de processo civil,
1945 e-notas relativas ao direito brasileiro vigente, de _,
Ada Pellegrini Grinover. -`- 3.ed. Rio de Janeiro ; Ed. 5 no qual se espelha sua adesão a algumas idéias expostas neste
Forense. 1984. ` ' V ensaio). Em 1962, acolhido na coleção da Fundação Piero Cala-
mandrei, foi elereimpresso sem alterações, junto' com outros _-,-. . .

¬ Bibliografia. "*_.
trabalhos e com um novo prefácio, reproduzidos nesta segunda
-_.›. ›.
_ ¬»-.«_›.-¬u.__- . -. _ edição brasileira.. _ ` -
1. Direito-Jurisprudência I. Titulo
São essas as principais etapas do caminho percorrido por
CDU- 343.152 _ . uma .monografia que, ao vir a lume, foi considerada heterodora
, /s41.4a52/ c que agora pode orgulhar-se de ter recebido autorizadas ade- :.F-^r*
3~".'i.":*-'

_ i sões, embora sem perder o privilégio de suscitar dissentimentos


e_ de provocar acalorados debates; qualidades» que considero indi-
`Í.¬1"
cadoras -de .vitalidade,- não obstante os! muitos anos' que lhe
Proibida a reprodução total ou parcial, bem como a reprodução de .pesam nos ombros, e do mérito de incidir profundamente sobre
apostilas a partir de`st.e` livro. de qualquer forma ou porqualquerç meio
o sistema tdo processo; ~ ç
eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográíicos, de
-fotocópia e de gravação. sem permissão expressa do Editor. (Lei n.° 5.933. Os tempos mudaram: e quer me parecer que um dos resul-
de 14.12.73.) ' li/ tados a que esse ensaio contribuiu para levar foi a “descoberta”
de que a sentença é o ato pelo qual o Estado, titular do poder
jurisdicional,-cumpre sua função, distribuindo justiça entre os
- Reservados os direitos de propriedade d,BS|›fl °€"Çã° Dela consociados: daí por que a' sentença não pode mais ser aproxi-
' -_ ` ~coMPAN1‹un EDITORA FORENSE z
Av. Erasmo Braga,'299 - 1.°. 2.° e 'l.°›ands.i - 20020 - Rio de Janeiro - RJ mada ao contrato (verdadeira relíquia histórica do tempo em
Largo de São Francisco, 20 - loja - 01005 - São Paulo -Ê? - que a autoridade da sentença devia ser recondueida â litis con-
` ` ' Impresso no Brasil ' tesiatío), mas há de ser posta, comoatno jurisdicional, ao lado
_Printed in Brazil ` do ato legislativo .e do a-to administrativo. Sua eficácia participa

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Vl _ Emuco Tatuo Lrmwm - Erxcizcm 1-: A-uronmsnn na Smmuçs VI1 1

das caracteristicas tipicas dos atos do poder público: produz uni- ‹\1 verso. Eisa contribuição que meu ensaio deu ao problema dos
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lateralmente e de modo vinculante, na esfera juridica -dos sujeitos, 1 terceiros. Recebeu ela autorizada adesão por parte da Cour de I
os efeitos declaratórios ou modificativos correspondentes àquilo Cassation francesa, por in-terfmédio .de duas decisões menciona-
\
I que nela se dispôs. Essa eficácia' é chamada pela doutrina ita- das e aprovadas por P. 'HÉBRAIJD e R. Planner, consoante lembro
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liana irnperatividade ou autoritatividade e-é independente da em meu último escrito, e da Corte di Cassazíone italiana, em dois
validade formal do ato. ' - ' ' si
acórdãos -citados em meu Manuale .(Cass. 1.0 outubro 1970, ri.
Um' segundo resultado que me parece poder reivindicar a. 1.924, e 11 novembro 1970, n. 2.347, publicados in Foro italiano,
este ensaio_é aquele-que um. jovem e valoroso processualista. 1971, I, 410). Z
Giovânm FABBRINI, vê na figura da eficácia da sentença, distinta -Uma valiosa -contribuição ao tema dos terceiros foi dada pela ii
L‹\ . da coisa julgada: uma precisão .conceitual que, “por seus caractei *autora das notas desta nova edição brasileira de meu ensaio, no
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res de simplicidade e clareza, aparece como instrumento indis- ! estudo Eficácia e Au.to.r.idade da Sentença Penal, São Paulo, 1978.
I
pensável de análise". _ ' ` 1 Faço votos que esta nova edição, enriquecida pelas notas da
if O terceiro resultado a ser lembrado é o reconhecimento de â Prof. ADA PELLEGRINI Gnmovns, possa interessar aos leitores bra-
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1

que a noção da sentença não é completa sem o requisito de sua sileiros -e criar um novo liame de amizade entre as novas gera-
I1
eficácia, que se erige em elemento intrínseco fundamental. Se «ções de estudiosos do processo civil no Brasil e este seu velho
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é verdade que a apelação tem efeito suspensivo, isso quer dizer companheiro, que -lembra com simpatia e saudade os anos pas-
que a sentença é provida de eficácia executiva imediata (e por sados em seu pais, .tdo -distante e ao mesmo tempo tdo próximo
que, então, .ndo teria também eficácia declaratória ou consti- de sua pátria. 1 ' '
tutiva, desde rfue seu conteúdo o permita?). A sentença é pro-
ferida 'para alcançar determinados efeitos práticos e para atin- Milão, 7 de julho de 1980
gi-los deve ser dotada de eficácia. Não será o decurso dos prazos f'zrsneíâálfi-_..hønfi .-.-

que lhe atribuirá uma eficácia que ela já não possuia em si Emuco TULLIQ LIEBMAN L
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mesma. - 1 ' 5
Finalmente, o último resultado que convém recordar é 0
que respeita ao-sempre dificil problema da posição dos terceiros .L
com relação d autoridade dacoisa julgada. A distinção entre
É eficácia da sentença eautoridade da coisa julgada permite re-
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conhecer ao terceiro uma posição distinta da das partes. Obri-
gado a respeitaro julgado pronunciado entre as partes, mas sem
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se lhe sujeitar, o .terceiro,__titular de uma relaçäo de prejudicia-
lidade-.dependência com respeito â relação alheia objeto da sen-
tença passada em julgado, não é nem indiferente a essa sen- iii
tença, -como os demais terceiros, nem é atingido pela autoridade
da coisa julgada, como as partes que participaram do processo ,.
em que a sentença foi proferida:.esta pode lhe ser oposta, mas ¡. f.

ele também pode contestá-Ia demonstrando sua_ injustiça, por-


quanto eristiam motivos suficientes para obter um julgado di-

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PREFÁCIO Do AUTOR À PRIMEIRA
_ EDIÇÃO BRASILEIRA _ › . -
. Este livro não é monografia sobre a-coisa julgada, mas uma
contribuição para o estabelecimento de seu conceito.
'.r=m '=-:_É'"L ,~ Aspectos importantes da teoria da coisa julgada não se
acham nele estudados ou só incidentemente são considerados,
-ao passoçque outros têm desenvolvimento exagerado, em'rela-
-cão â .economia do trabalho. A razão disso é que ele foi pensado
e-escrito com o escopo dejorientar o estudo do assunto por um
caminho diverso. Esta circunstância explica também a ezterisão
dada á discussão das opiniões dos outros escritores. O 'que não
quer dizer que das idéias expostas nestevolume nãodeccrram
conseqüências práticas importantes; para prová-lo, -bastam _os
exemplos aduzidos no capitulo final. Seriam Telas, porém, ainda
mais numerosas, se essas idéias fossem desenvolvidasmuma ex-
posição sistemática da teoria da ,coisa julgada. S
Sem excluir a possibilidade de fazer no futura este trabalho,
decidi, todavia, autorizar, por ora, ia'-publicação deuma tradu-
.‹,-do em lingua portuguesa do livro em sua forma originária,
acornpanhado dealguns outros escritos menores, dedicados ao
mesmo assunto ou a assuntos conexos. Duas são asconsidera-
ções que me induziram a faze-lo. Em primeiro lugar, pareceu-me
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-=; _,. ,*-_.7.,;-_:~'.1_-:g.§_;¿5 dever aproveitar o cuidadoso trabalho de meus amigos ALFnEno_
_,\.. Bvznm e Bmwlmao Amss que espontaneamente empreenderam
fa tarefa da tradução. Em segundo lugar, as referênciasfeitas
ao meu estudo em alguns recentes livros brasileiros, e principal-
mente no III volume do grande Comentário de Penso BATISTA
tMAn'm~'s, me impuseram de certo modo a obrigação de tornd-lo
E1-¬1cAcm z Auronmnnn na *sznmnçs XI
X Emuco Tonmo Lnznmm

accessível ao publico do pais que carinhosamente me hospeda, humana, em uma palavra, quando esclarecem e revelam fenô-
tanto mais que as circunstâncias do momento só permitem dis- -meno juridico realmente existente no corpo social ao qual se
por de um número reduzido de exemplares da edição original. pretendem aplicar. Os conceitos doutrinários não têm outra find-
Iidade legitima senão exprimir e condensar, em ordem logica-
A publicação desta tradução me ofereceu também outra mente coerente, a realidade fenornênica do direito. Mais do que
oportunidade: a de acompanhar o texto com aditamentos re- nunca, ao utilizar conceitos elaborados em meio juridico estra-
inissivos, quando possivel, ao direito positivo e â literatura juri- nho, é preciso lembrar a sábia máxima de PAULO: “non ex regula
dica brasileira, a fim de tentar uma correspondente aplicação íus sumatur, sed ex iure, quod est, regula fiat" (Digesto, 50,
dos conceitos expostos. Parece certa a utilidade desses adita- 17, 1). Afinal, as regulae, ou seja, os conceitos jurídicos, nada
mentos. Sem dúvida, a doutrina juridica de um pais não pode mais são do que hipóteses de trabalho, cuja exatidão deve ser
deixar de tirar proveito do conhecimento dos .livros estrangeiros; constantemente verificada d luz do direito positivo, o único que
0 metodo comparativo, já de uso freqüente entre os vários di- ministra os dados, isto é, os materiais para a construção do
reitos positivos, pode encontrar campo de atividade não menos
Ni sistema do direito. .=
fértil, se for estendido ás doutrinas. O pensamento realmente

cientifico, isto é, quando consegue elevar-se da simples exegese Neste momento, a doutrina do processo civil deve, em face
it elaboração de conceitos gerais, oferece instrumentos de tra- da reforma legislativa e das transformações que vem sofrendo
balho que podem ser úteis ainda na interpretação de direito o mundo inteiro, renovar os seus conceitos e os seus principios;
positivo diferente daquele em relação ao qual foram origimzz. por isso, pode ser mais perigosa e deve ser mais cuidadosa a apli-
mente concebidos. cação de doutrinas estrangeiras. Só o conhecimento claroe firme
f› da própria individualidade do direito processual civil brasileiro,
_ Entretanto, essa transposição de uma doutrina juridica para_
'Ê conseguido pelo estudo de sua formação histórica, permite fazer
a. interpretação de direito positivo diverso encerra também pe-
¡.Í essa aplicação sem correr o perigo de desnaturar-lhe o espirito
1 rigo que se deve cuidadosamente evitar: o de atribuir aos con-
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ou alterar-lhe o equilibrio alcançado em tantos séculos de tra-
ceitos doutrinários valor absoluto, valor de principios jurídicos,
balhosa evoluçao.
que eles não 'tém, até o ponto de ƒazé-los prevalecer sobre as
disposições, o espirito ou a tradição histórica do próprio direito Ora, quem melhor do que o próprio autor do livro estran-
6 positivo. Esse procedimento, além de ilegitimo, pode levar a geiro, uma vez que tenha suficiente conhecimento do direito
conseqüências de certa gravidade; com efeito, o conjunto das brasileiro, poderia fazer essa prudente adaptação de suas idéias?
1 leis dum país forma um sistema fechado e possui seu equilíbrio Não sei se logrei estar â altura de minha tarefa, ao escrever
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interior, passível de ser perturbado pela irrupção violenta de estes aditamentos e, em geral, o -que publiquei nestes últimos
r doutrinas que bem podem fera sua justificação, e mesmo seus anos; em todo caso, ai vão consignadas as preocupações de
necessarios contrapesos ou compensações, somente no ambiente ordem metodológica presentes a meu espírito, ao dar minha con-
cm que foram ideadas. Por isso, as doutrinas estrangeiras podem tribuição ao estudo do Código de Processo Civil do Brasil.
ser utilizadas na interpretação do direito nacional unicamente-
na medida em que se ajustam as suas várias disposições e ao Por outro lado, voltando a considerar mais de perto o caso
conjunto delas, ou interpretam uma sua efetiva tendência evo- deste livro, havia uma 'circunstância que tornava dificil a
lutiva, ou ainda quando refletem novas aspirações da sociedade adaptação aludida na forma de notas fragmentárias; desejo
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gn _ _ - Ezuuoo Tuu.xo_ Lmsmm Enclcnrs Auwoámm: -os Slnsm-anos ' XIII

por isso expor, â guisa de premissa, algumas observações gerais. corrido após a publicação de meu -livro ie as -discussões que -a
O fato é que, no Brasil, a doutrina de Cmovnunâ sobrea coisa acompanharam deram-me ,a oportunidade para meditar longa-
julgada não foi. até hoje plenamente desenvolvida em todo 0 mente sobre as suas conclusões. Penso, porém, não dever mo-
seu alcance, ao passo que o meu livro representaa tentativa de difica-las. . ' - ' -
um parcial superamento dessa doutrina. Dai o perigo de certa'
A diferente sistematização doconceito da coisa julgada leva
confusão na apreciação dessas várias correntes de idéias e dos
logicamente a outro resultado, cujas conseqüências práticas são
respectivos resultados. A obra de Cxnovmxna, também neste ponto,
relevantes: refiro-me á posição dos terceiros. Este é um problema
quer como síntese do que de melhor nos deu a doutrina moderna,
que, em todos os tempos, tem proporcionado grandes dificulda-
quer como contribuição pessoal, representa um ,passo de funda-`
des tanto d teoria quanto â prática, Íporque a grande variedade
mental importância na evolução do direito processual, e não
de relações que os terceiros podem ter como objeto do litígio
pode ser comparada -_ sobretudo para os paises latinos _ ã de
torna impossivel a fixação de uma regra satisfatória em todas
qualquer outro escritor contemporâneo. Pode-se resumir sua
as suas aplicações. Assim, 0 principio que limita às- partes G
significação na distinção entre preclusão e coisa julgada. Esta
autoridade da coisa julgada sempre comportou exceçoes, que 0
distinção que, desenvolvida coerentemente -em todas as suas con-
doutrina procurou justificar com maior ou menor acerto. Nestes
‹»-. ~.-.e;_f .- seqüências, serve para esclarecer a diferença entre duas coisas
últimos tempos, importantes correntes da doutrina esforçaram-se
praticamente muito diversas entre si, sente-se muito a vontade
por alargar o âmbito de extensão da coisa julgada e, em alguns
na tradição juridica luso-brasileira, aqua! soube, melhor do que
casos, até por quebrar o clássico principio, invalidando pratica-
o direito de qualquer outro pais, preservar a separação concei- mente os seus efeitos. Não estaria talvez errado quem visse, nes-
tual entre a sentença de mérito e -os despachos interloccitórios.
sas correntes, um reflexo, provavelmente inconsciente, da ten-
A meu ver, todavia, Cmovx-:Nos foi, por esse caminho, longe de- dência socializadora e antiindividualistica do direito, que vem
mais, ao afirmar a substancial diferença da natureza dos dois abrindo caminho em toda parte. O homem já não vive isolado
É fenômenos, quando se trata antes do diverso significado que na sociedade. A atividade do indivíduo é de maneira crescente
adquire um fenómeno juridico essencialmente unico, em razão condicionada pelas atividades dos seus semelhantes; aumenta
do diferente objeto sobre o qual opera. Isso implica, natural- a solidariedade e a responsabilidade de cada um e seus atos se
mente, um conceito diverso da coisa julgada e nele reside o pri- projetam em esfera sempre maior. A _
meiro dos resultados a que cheguei neste livro. ..›
Contudo, as correntes extremistas, ao estudar a extensao
Ao que me parece, a teoria da coisa julgada, por um lado, subjetiva da coisa julgada, chegaram a resultados inaceitáveis,
e a classificação dos efeitos da sentença, por outro -- apesar de
âi1 apresentarem problemas estreitamente conexos -'- foram estu-
que importam o sacrifício irrestrito da posição dos terceiros, in-
tê tolerável principalmente na hipótese de fraude organizada para
dadas em separado, recebendo soluções que já não concordavam prejudicá-los. O processo tornar-se-ia máquina perigosa, cujo
entre si. Tornou-se 'necessária uma revisão desses problemas. uso constituiria grave ameaça para aqueles que dele não parti-
Ademais, tendo o processo tomado definitivamente seu lugar ciparam. _
entre os institutos do direito público, era preciso também colo-
car a sentença (até entao estudada isoladamente) nacategoria A elaboração do conceito da eficácia natural da sentença,
dos atos do poder publico e põr em evidência os caracteres que, como distinta e menos intensa do que a da autoridade da coisa
como tal, ela apresenta. Eis o que procurei fazer. O tempo de- julgada, permite alcançar mais amplo aproveitamento dos re-
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XIV Ermrco Touro Lnzaauiv '

» sultados do processoe .diminuir a possibilidade de julgados icon-


trad-i-fórios, ao contrário do que acontece sob o impe'rio da- dou-
trina tradicional, e deixa ao mesmo tempo lugar aos terceiros
para defender seus direitos, quando lesados injustamente. -Tam-
bém nesta parte permaneça ƒiel d solução 'apresentada' há oito
anos e que me parece, entre todas, a mais justa e equilibrada.
INTRODUÇÃO
São Paulo, agosto-de 1943.
_ § 1.°. APRESENTAÇÃO no TEMA

a.._ . .v_-._,
"Assistimos à lenta se progressiva transformaçao -no modo
de .entender a eficácia, inerlenteà sentença do juiz, -que designa-
f›-,z `-.¬ ._ ~.
r mos sob o nome de autoridade da coisa juZgada".1
l
t Corn -estas palavras, iniciava Cmovnrnm, há trinta anos, sua
obra de revisão da doutrina da coisas julgada. ° Hoje, ao mesmo
-tempo que avaliamos toda a importância das idéias que ele de-
1 Cuxovtmu, Sulla. com giudlcatc, 'em Saggl dl dlrítto processual: clulle, II.
p. 399.

ADITALÂENTOS AO § ‹l.° _

A. importante contrlbui‹¿ã._o_d¿:__Cnxovrr¶.n.â_à._doJ.Ltrina_da_colsa_,1_ul-
gada (v. as obras citadas em suas Instituições de Direito Processual
Civil, trad. portuguesa de -Gomzmãss Mr-:NEczu.a, vol. I. São Paulo, 1942,
1:. 511. e, em síntese, a exposiçãoda matéria, íbidem, nos §§ 15-18, assim
como as--observações de caráter histórico a ps. 182 e segs. e_ 191 e -segs.)
consistiu principalmente em depurar o conceito e o fenómeno da coisa.
julgada de conceitos e fenômenos afins, isto é, em separar o seu conteúdo
.propriamente jurídico-de suas justlficações político;-sociais; em distinguir,
dai, a autoridade da coisa julgada da simples preclusão, que é a lm-
possibilldade de se -tornar a discutir no decurso do processo uma ques-
-tão já decidida; em distinguir, conseqüentemente, a autoridade daccgsa
ishseefl <Sf1I›âf_efiš='_‹@š¿_a9_._¿e§°aPf°sseueL9eJrf¢2°Êfíb111aeãe .de me
Sfflífiflva W ífim 'd@SPfl°h° 1fl_*f=f19wf<Í›f1_°_..$.s9&=ê=Áilsê@ê..1‹nn_‹=§n_‹âm
limigr, por,_is_so_,¿ autorliiiíaidfggaišoisa.julgada indecisão que decide -0
picirtlío da Íjão, para declara-la procedente ou inlprocedfenpe; em sub-
] Íralr,'lpor"Ii1'1':, fiodaúa Katiuidafderlpuranienbe lógica, desenvolvida pelo rjulz
no processo, do campo de ação da coisa zjulgada, rellgando esta última
ao ato de vontade ditado na sentença pelo órgão judiciário e acentuando
.energlcamente a sua finalidade prática e o seu carater pubiicist-lco.
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vz Einuoo Turno Lnzsum Encñcui i›: Auroiumni: un. Sr:N'n-:Nçii 3

fendeu e,_sem interrupção, desenvolveu até os nossos dias, pode- devida, 1' isto é, qual saía transformada da novação processual.
mos também ouvir-lhe a advertência e retomar 0 caminho, pois A força criadora da sentença,.por um lado, e, por outro, a con-
|
é chegado o momento de tentar dar outro passo avante na evo- sumaçao da actio bastam por sisós para configurar em todos \
¡..

lução desta doutrina. - _ os seus aspectos a significaçao da res iudlcata, sem necessidade
lj
Na 'opinião e linguagem comuns,,a,_coi§_a¬jggada_é CQHSÍ' alguma de recorrer a qualquer car-áterqseu especial. O iudicatum
derad_q,_rnais ou_menos clara e explidtamente, como um dos ou imponha, na verdade, ao -réu uma obrigação, sancionada
efeitos ao sentençg., ou corpo, asua efi‹='‹í'‹>i‹LeSp_§¢i.fa:a. entendida pela actio iudicati, que não difería, em nada, das outras obliga-
ela, quer como complexo das conseqüënciaiquç a 161 f8.Z_d_B1'_i'-'HI' iiones, ou então o iiberava do vínculo. emergente da litis contes-
,J da sentençg., quer- como conip._nt¿o__dos
s , . requisitos, exigidos,_para
. iatio. E a impossibilidade de novamente propor a mesma ação _!
que possa valerplenamente e considerar-se perfeita. _ era a conseqüência natural da consumação processual. Assim,
para os clássicos era a res iudicata verdadeiramente o único e
â
As opiniões correntes, ainda as mais autorizadas, oscilam E
exclusivo efeito do iudícatumfi* e sem que, por isso, viesse a l
entre os limites de tais fórmulas. ` ' HW
significar a atribuição duma eficácia -especial, visto como aquele i
Este modo de entender a coisa julgada inspira-se direta- não exorbitava do campo das relações obrigatórias; * ao passo
mente 'em antiga e augusto tradiçã0. G mais PÍ0P1`i9~ment¢ na que a inexistência de recursos não fazia surgir o problema de
romanistica. Em direito romano clássico, resumia-se o resul- quando devia a sentença produzir a res iudicata.
tado do processo na res iudicata, que vel condemnatione vel Nisso se reflete, aliás, a concepção, que tinham os romanos
absolutione contingit (Monssrmo, 42, ,1,1), o que não era clássicos, das relações entre direito e processo: pois que para eles
senão a res`de qua agitar, depois que 'se julgou devida ou não
apenas se levava em conta a actio, e o direito se considerava uni- -› .¬› . -_~

'H assim, a. teoria de Cmovzmm, combatendo -a exagerada extensão e, I


por conseguinte, o enfraquecimento que seu conceito sofrem 'na dou- ' Cmo\'¡.Nm\, op. cit., p. 401, e Casa giudícafa e preclusione, em Riu. Hal. di
I
1z

trina medleval, conferiu à. coisa julgada conteúdo mais claro, preciso e Srienze Gluridichc, 1933, ¡_|_ 6; B. Bromn, Appunti lntomo alla serifeflza nel processo

l
l š
civil: romono,.em Sh..íí Boujante, IV. p. 56.
concreto, e representa, de certo modo, retorno à concepção romana da l
' Por isso. não se deve relacionar com 0 Edita senão a. primeira parte da rubrica
res iudicatci, não obstante as profundas diferenças que, por outros as-
pectos, derlvam da diversidade das instituições processuais modernas.
Dig. 42, 1: de re judicaia [cf de e//:clu sentcntíarum et de imcrloc-uflonibusi. iii
Retoma a coisa julgada, em seu sistema, 0 posto que lhe compete no
crr. Lana., Edlctum pcrpctuum. 31 ed.. p. 404. e Bloxor, op. cit., p. Sl: 'fo absurdo
falar de re iudicnra er de e/ƒecru. sententíorum, como se a res indicam não fosse
if
quadro dos institutos fundamentais do processo. efeito da sentença".
Acha-se toda a doutrina moderna italiana sob a. influência desta Biorfm, op. clt... p. 57. `
idéia. Maior afastamento somente se encontra em CAnus1.U'1'r1, Sistema
i di diritto processuais civile, vol. I, Pádua, 1936, p. 270 e segs., acerca do 1940, p. 480; Piloto CUNHA, Simulação Processual e Anulação do Caso
l
i qual v. adiante neste volume, p. 48 e segs. Os mesmos pontos de vista, Julgado, Lisboa, 1935, p. 22l e segs.; ANTÔNIO Josi: Bmmnño, Caso Julgado
também, na doutrina brasileira: v. Aunszmno na Gusmão, Coisa Julgado, e Preclusdo, em O Direito, ano 69, 1937, p. 290 e segs., e ano 70, 1938,
São Paulo, 1922, ps. 8, 12, 21 e segs., 34, etc.; Gunnsauz Es-rci.rr.n, Da p. 98 e segs. .
Coisa Julgado, Rio de Janeiro,`193B, p. 69 e segs.: Penso Bsrrsrii Minrrms, Na doutrina espanhola: Pmzr., Derecho procesal civil, Madri, 1942,
i Comentarios ao Código de Processo Civil, vol. II, p. 72; vol. III. p. 308; p. 514 e segs; Para-mo Cssrno, Exposición del derecho procesal civil,
.Toccz Amnaxcmo, Comentários ao Código de Processo Civil, vol. I, ps. I. Saragoça, 1941, D. 310 e Segs. _
287, 611, etc. ' 1'
u
Na Argentina: Arsnu, Tratado teórico-práctico de derecho proceso!
Na doutrina portuguesa: 'ALBERTO nos Rats, Breve Estudo sobre a civil, vol. TI, Buenos Aires, 1942, p. 576 e segs.
Reforma do Processo Civil e Comercial, 2.8 ed., Coimbra, 1933, ps. 197 No Uruguai: Couruns. Fundamentos del derecho proceso! civil,
e segs. e 465-466; Código de Processo Civil Anotada, 2.* ed., Coimbra, Buenos Aires,`19-12, ps. 98, 163 e 256 H segs. ` -

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4 _ Errcšcu L Auroniolim: os Sanrrzuçii 5


Em:-:co TU1.Lro Lrzsmniv
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camente segundo as diversas fases .do agere; e para -eles, mais Considerar a coisa julgada como efeito da sentençae ao mesmo
do que para quaisquer outros, seria errôneo falar a respeito da tempo admitir que a senterlça, ora produz simpkzs declaração, »i
coisa julgada numa ficção ou presunção de verdade, visto que ora çfeito constitutivo, __a_ssimi de "direito substantivo, qo_n'ro_,,de
era ela o que de mais concreto e real se podia dar, enquanto direito proc_e_ssu2¿l,_ significa colocar frente_a frente elqmentos
a sentença não declarava a existência ou inexistência dum di- inconciiiá.veis,_grandeza§__incgngruentes e entre sí incomens_u-
reito, mas criava antes um direito novo. 5 _ ráv_eis,ñSer_ia,,_pois,_a¿:_oisa julgada um efeito que se p_õe ao lado
-Toda esta matéria sofreu transformações profundas com deles_e_np me_smo__nív_el ou se sohr__ep§_e _a e1e_s_e_os,_abr_ange? O_u
éJ_peio__çontrário,, antes um_a_qualidade desses efei_tps,_1.n_n¬m_od,o
Í
.Tus'rmmno, que começa a distinguir entre os efeitos da sentença .If
e a sua auctoritas; mas, como sempre, manifestaram-se essas de_ser_'deles, _a,i_ntensidade_com que se produz;-qn? _ L_, _ ._ -.¬-_ ._. z -F
W›
transformações do modo mais discreto e menos aparente, e, em As próprias palavras usadas -correntemente indicam-nos o
geral, não foram compreendidas em toda a sua significação, nem caminho que devemos seguir. Hoje não se -faia de coisa julgada
mesmo pelos modernos. _ senão para usar uma forma eiíptica, a fim de designar a autori-
Assim, a tradiçao antiga, duas vezes milenária, faz sentir dade da coisa julgada (arts. 1.350 e 1.351 do Cód. Civil italiano).
ainda todo o seu peso; e não se pode dizer, aliás, que o ver na Ora, essa expressão,;a§_saz abstrata, não pode epic e _de_re_f_ç¡ z
coisa julgada oefeito da sentença, produzisse, até há pouco 1'i.1'-se a um_e£ei_to autônomo que possa_e_s_tar de qualquer modo Í
tempo (posta de lado a sua imprecisão), inconvenientes graves; sozinho; indica,_pelo contrário, a força, a maneira com”que_cprto_s_
enquanto se via na sentença genericamente a declaração do efeitos se p_roduzem,,_is,to_é, uma qualidade ou modo de ser deles.
direito no caso concreto, o efeito desta aplicação e a intensi- O mesmo se pode dizer das diversas palavras por que se procura
dade com que ele operava; podiam sem prejuizo confundir-se. explicar a fórmula legislativa tradicional: imutabilidade, defi-
Mas, hoje, esta concemão da coisa julgada é_mai_s uma daque- nitividade, intangibilidade, incontestabilidade, termos que ex-
primem todos eles uma propriedade, uma qualidade particular,
las ideias que (para expressa-_lp__ç9mu1na_írase de Cmov.=;i~um)_“
um atributo do objeto a que se referem, porque são, por si sós,
"permanecem sem base ,depois que as circunstâncias, das qqais
expressões vazias, privadas de conteúdo e de sentido.
surgiram, d_es_aparecergm". Foi condenada no dia em que _se fez
a análise do conteúdo e dos efeitos da sentença e se descobriu segs: Lizsmm em Revista Êorense, vol. 94, p. 214 e segs; Atrszno BU-
que elas podem, conformeo caso, ser de índole bem diversa. " zun, Ação declaratória, São Paulo, 1943, p. 86 e segs.
Sentenças declaratórias e constitutivas naturalmente sempre exis-
5 Bloxor, Dirítio e processo nella Icgisiazione gíusflnianea, em Conƒervnzo pr-r tiram; basta pensar nas sentenças de nuiidade e de anulação do ato
ii XIV Centenario delle Pandeftc, Milão. 1931. p. 150. juridico. Mas apareciam como simples anomalia em confronto com a
'l Saogi, cit. loc. cit.. figura mais freqüente da sentença condenatória e não eram objeto de
estudo particular, já que se costumava, até há pouco tempo, estudar
b Retiro-me aqui à. distinção que já se tornou tradicional, derivada
o processo do ponto de vista exterior. A classificação das sentenças nas
do conteúdo e dos efeitos: sentenças condenatórias, declaratórias e
très categorias mencionadas, tê-la primeiramente WACH, Handbuch des
constitutivas. Cfr. Cmovmmli, op. cit., vol. I, p. 265 e os §§ 7.°, 8.° e 9.°.
No Brasil. além do art. 290 do Cód. de Proc. Civil, cfr. especialmente deutschen Zívílprozessrechts, Leipzig, 1885, ps. 11-12. Graças ao estudo
Pznno Bimsrs Msarms, op. cit., vol. III, p. 282; Jones Amzrucrmo. op. cit., da disposição legal que introduziu como figura geral de tutela juridica
vol. I, p. 619 e segs; Lori-:s na Cosrú, Direito Processual Cívil Brasileiro, a ação meramente declaratória, foi ao depois mais aprofundada até
vol. I, São Paulo, 1941, p. '73 e segs; MIGUEL Susan F/âctmnzs, O Controle tornar-se o principal critério para a classificação das ações.
¡ i
dos Atos Administrativos pelo Poder Judiciário, Rio de Janeiro. 1941, p. 66: Esta análise das várias figuras de sentenças demonstrou precisa-
I
Tosoosro Css-mo, Ação Declaratória, 2.* ed., São Paulo, 3942, p. 17 e mente a variedade dos seus possiveis efeitos, Têm algumas efeito mera-
Í.
5 Emuco 'I`ULi.1o LIEBMAN
!
A linguagem induziu-nos, portanto, inconscientemente, à I 1
É coberta desta verdade: que a autoridadeda coisa_junlg§z_da,não
o efeito_da senten<¿,__mas uma qualidade,_u_;p._Yr¿1_o_clo de ser e I

c:.o~Q.e manifestagse dos seus_efeitQs,_quaisquer que_s£j§Ul, YÉTÍOS 6 z

*"*- v--_.
\_diversqs, consoante as diferentes categorias ,das sentenças.
A análise do conteúdo da sentença toma, pois, necessária NOTAS AO § 1.°
e urgente essa retificação, ou, talvez, essa mais exata conceitua- (Ada Pellegrini Grinover)
ção. A demonstra-la e desenvolvê-la em suas aplicações princi-
pais, dedica-se a primeira parte deste trabalho, cujo resultado É
1 -_ A partir de 1945 -- data da primeira edição desta obra,
iší-55 há.-de ser o de recompor _a unidade do conceito da 'autoridade
que o próprio Autor adaptou ao direito brasileiro --, tem-se
da coisa julgada e restabelecer a harmonia entre ela e a mo-
consolidado a adesão dos processualistas brasileiros à teoria de
derna doutrina da sentença. Esse resultado deverá, então, na Lrsamm sobre a coisa julgada. Pode-se dizer que a “acolhida
segunda pafrte, servir para revelar algumas conseqüências im-
bastante brusca” que a doutrina teria tido na Itália, segundo
portantes, em vista dos efeitos e da autoridade da sentença -fora
o próprio Mestre,' se converteu em aprovação e apoio no país
dos limites da coisa julgada.
que o recebeu com entusiasmo e carinho durante o período bé-
Am
lico e no qual se forjou a geração de processualistas que deu
margem à`“Escola processual de São Paulo". Como já escreveu
um oe seus discípulos prediletos, antes dele existiram no Brasil
grandes processualistas, mas não existia escola. Depois dele,
existiu a escola, em cujo seio floresceram grandes processua- i
i

mente declaratória, outras tem também efeito constitutivo, isto é, m0- listas. 2 - . e e
diƒicativo da situação juridica existente entre as partes; enfim, produzem Essa escola, que se identifica pelo método e pela abordagem
outras aquele particular efeito sancionador que se expresse. pela pala- dos temas fundamentais do processo, transborda hoje dos limites
vra condenação. Ora, a questão apresentada no texto é a seguinte: Ã geográficos de um Estado, para abarcar a maioria dos proces-
se define a_coisagulea;_1a como um efeito da Seflldflçfi llflšlfi 53° as
-l
i

relações del_a_corr¿ a variedade dei_efeitos que as SBI1|i<f2_Ilǧ-5__P1`°d_Uz°T1`-- sualistas brasileiros, irmanados na mesma postura e na mesma
segundo pertencgm a_ uma._0l1 9-'0\1Í›1`H-_fi8‹S 09-15€.E01'l3-5 m@l1°Ê°fl9~dë§7 É visão, apesar das inevitáveis divergências próprias das posições
E claro que o ponto de vista consoante o qual pode a coisa julgada consi- de cada um, que não afetam a substância das coisas.
i derar-se um efeito da sentença é diverso daflileifi fille implica 3 CUSUUÇÊU
dos efeitos das sentenças. conforme o conteúdo delas e a categoria a
Assim,.~é até mesmo natural a adesão da ciência processual
Í que pertence. A tentativa da doutrina alemã de superar essa dífifilllflade, brasileira àquela que talvez possa ser considerada como a cons-
trução mais significativa no invulgar pensamento do Mestre:
Í identificando a coisa julgada com o efeito declaratória (adiante no
texto, p. 20), conduz a resultados inaceitáveis, porque deixa sem a DW'
teção da coisa julgada o efeito condenatória e o constitutivo e desco- i Lrzaum, Ejjicacia ed autoritd della sentenza, Milão. reimpressão
nhece, por outro lado, a autonomia do efeito declaratório, que vem a ser de 1062, Prefácio. neste volume.
absorvido na coisa zulgacla. Restabeiece-se corretamente a unidade d_o '-' Buzina, I/influenza di Liebman sul diritto processuaie cíuiie bra-
,ponto de vista, tão-só reconhecendo que a_ coisa ilfigãdfl U5-0 Ê_9_f91f»° das silíano, in Studi in Onore di Enrico Tuilío Liebman. vol. I, Milão, 1978,

i
sentenças,_1p¿a._s,Ípelo contgárlo, umagualidade (B ímflfflbilídfldfi G9 (IEF p. l/2.
podem revestir-se os seus efeitos, ou, melhor, _tQdos ,z:-~_ seus efeitos
V'
i

5 Ana Psrascninr Gamovsn


Ei-'rcácm E Aurorunànr: na Sean-znçi 9
a teoria da coisa julgada. Ainda antes da promulgação do novo .-
2 - Indiscutível, por sua vez, a adoçao das idéias revisio-
código de processo civil, a. doutrina dominante 3 e o Anteprojeto
Buzaid* acolhiam sua formulação; depois, o Código de 1973
encampou em grande parte a posição, ainda que com algum
recuo e certa imprecisão. ° E os estudos processuais que flores-
nistas de Cnrovumaa sobre a coisa julgada, a que o Autor alude
no Aditamento sub "a".
A distinção entre __co_i_sa._,julgada material__e__coisa ,j_u_lgada_
i
E
ceram a partir da promulgação da lei vigente demonstram cla- formal é_ pacificamente aceita pgr todos os proce_ss;ialisi;a_S_bLa;_|
l ramente a recepção da teoria e de seus desdobramentos. ° §ileiros,_dg'_endo,_por isso mesmo, lamentar-se a r_e§¿a,ç§Í.o_de_fe;i;`
tuosa do art. _467_. _CP_C,_gue_,_a_prete›_rt9_ _de_dnfinir_a_ç_o_is_a_ju1gada
Y* Ri-:mms Fn.no, Direito Processual Civil, 3.° vol., São Paulo, 1953, material'
__.,__ i acaba
zz dando o conceito de --zcoisa -~julgada
___ ._~.z . V z formal.
...zm "'
.Can 79/ao; Amour. Surros, Primeiras Linhas de Direito Processual C'ivi_I, Depois de alguma incerteza da doutrina,_que havia afir-
3.° vol., São Paulo, Cap. I..XXVII/LXKIX; Maaqors, Instituiçoes de D1-
reito Processual Civil, 5.° vol., São Paulo, 1960, §§ 181 e segs; Bueno
mado pela, voz deyum de seus .autores,_mais_ca-t_egorizados_qJJ.e
violou., Da Imutabilidade dos Julgados que concedem Mandado de .Se- a_ coisa julgada tambem abrangia o julgamento sob@_ carência
_.._-4;_?m-_. ul
gurança, São Paulo, 1953, ps. .153 e segs.: Plmrnu na Srnva. C°ÍS41 Jflfyflfiílš de ação, É asua limitação à. decisão de mérito_é_hoje_indiscutív_el,
Tributária, Recife, 1970. 'Abram largo espaço à teoria de Liebman, em- frente ao direito positivo: em primeiro lugar, porque a Expo-
bora dela se distanciando, em parte: Naves. Contribuição ao Estudo da sição de Motivos do Código diz expressamente que o vocábulo
Coisa Julgado Civil, São Paulo. 1970; Biuusos.-i Monsnm, QWSÍÕBS Pfeifl-
ciiciaís e Coisa Julgado, Rio de Janeiro, 1967 e Direito Processual Civil,
1 Como se disse _ supra, notas de rodapé 4 e 5 -, o Anteprojeto
Rio de Janeiro, 1971, ps. 133 e segs; MMJ1-lA2›0 Gvmmãfli, ESIIHÍOS de Buzarn teve a redação do art. 507 alterada durante os trabalhos legis-
Direito Processual Cívil, Rio de Janeiro, 1969, ps. 9 'e segs. lativos. Sobre a “história em vários capitulos”, que gira em tomo da
Afl›;. _-,»›. -¬_ ._ -_
i O Anteprojeto, no art. 507, definia a coisa julgada material como definição do atual art. 467, escreveu Drimwmco (Direito Processual Civil,
“a qualidade, que torna' imutável e indiscutível o efeito da sentença, não São Paulo, 1975, ps. -15 e segs), citado nesse ponto por Lremuim (Manuais
mais sujeita a recursos ordinário ou exti-aordi.ná.rio." Os limites obje- di Dirito Processuale Civile, Milão, 1974, III vol., p. 160, nota 29)..
tivos da coisa julgada vinham regulados pelos arts. 508/510; os limites R M4CHAD0_G}{[1§‹t¿\_a§Es,_ç_n1,lúcido e elegante _escrito,,(C'arência da
subjetivos, no art. 512; as relações continuativas, no art. 511; a pre- Ação, in agudos, cit., ps. 93 e se_gs.),lg_avia sustentado, à luz do art. 287
clusão pra iudicato, no art. 513; e o principio tantum íudicatum quantum do -código entãp vigente,_que o conceito de lide poderia ser mais amplo
disputatmn vel ciisputari debebat constava do art. 514. que o de mérito, também ab5an_gendo__a ,admissibilidade sobre o pedid9_ Í¡ .

5 Veja-se,_por exemplo, a definição do art. «t6'[¿ “denomina-se coisa Q, conseqüentemente, as condições d_a__z-igã;p¬;E_ness§:‹¿o,sp,_o_jnlgamentn fi
jplgada material a eficácia que toma imutáveI”_e_ indiscutível a seu- de carência de ação teria força de i_ei_ nos limites das questões decididas,
tença, não mais sujeita a recurso ordlxlario ou extraordinário". 'I`ambÊn podendo a coisa, julgada limitar-se__a_declaracão_ da inexistência de de-
critícávešwsâo o 5 1.°_do art. 301 ("verlfica-se a. coisa julgada, terminada condição da ação (ps. .106/107).
guando se reproduz ação ,anterioi-men_te ajuizada") e o § 3.° diormešmo
=H'Í-_1i;Q_ (_"..,,_l)_a colsa__julgada, quando se repete ação quejoimdecidlda
Processual Civil, 3.° vol., São Paulo, 1975, §§ 111-113; Tmzonoao Júivroa. 5
Processo de Conhecimento, Rio de Janeiro, 2.° vol., 1978, § 78; Boncrs,
por sentença, d_e_'_gue não caiba grecgursoírzy aqui, como lá, além de o
Comentários ao CPC, 2.0 vol., São Paulo, 1975, ps. 148 e segs., Frorus
conceito limitar;-se__à__cpisa julgada formal, melhor fora dizer que a_
nos Szmros, Estudos de Direito Processual Civil, Uberlândia, 1975, Cap. Ii
coisa julgadaexiste a partir do momento ernfque_a_sentença se torna
XXIII; Gnmovsn, Direito Processual Civil, São Paulo, 1974, ps. 83 e segs;
imutável: quando se propõe a mesma ação, proibe-se nova discussão,
Eficácia e Autoridade da Sentença Penal, São Paulo, 1978. Bsaaosa
-Lga
gas a coisa* julgada iforiria-se ariyterlormente a este momento, que é
Moarrim (Temas de Direito Processual, São Paulo, 1977, ps. 81 e segs),
meramente eventual.
embora não acolhendo in totum a teoria de Lrrzmvmn, salienta a distinção
° Aminu. Smros, Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 3.° entre eficácia da sentença e autoridade da coisa julgada como inesti-
vol., São Paulo, 1979, Cap. LXXXI/LXXXIII; MARQUES, Manual de Direito i
mável serviço prestado à. ciência processual.
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Enclicm E Aumnroime os Ssunzuçs ll
10 Ami Paimronmr iGRmoven .
Í autoridade da coisa julgada ao dispositivo da sentença vem ¿c;¿r¿_-
lide equivale a mérito (n. 6) e o art. 468, repristinando integral- nt
sagrada no art. 7169, CPC_,_gue dela exclui expressame__` _- os_ ‹

mente o pensamento e a redação de CAnNn1.Ur'rr,_ mutilados pelo motivos, ainda que importantes para determinar o alcance pda?
art. 28'? do código de 1939, afirma que “a sentença, que julgar parte dis¬@sitiva da sentençg; II__- a_verdadc_d9s.fatQs._esi2§h§-
total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide lecida como fundamento da sentença; III”-,za _ap_1;e_ciaç§'i__‹_)Ída
e das questões decididas”; ” em segundo lugar, porque 0 art. 267. questão prejudicial, decididagnejdèlnišlne11-§§,no_pn0cQs§o_., “ 1

CPC, inclui a hipótese de extinção do processo por inocorrência Vale lembrar, a propósito da exclusão das questões preju-
das condições da ação entre os casos de extinção sem julga- diciais da autoridade da coisa julgada, a exceção legislativa es- .Í
mento de mérito (inciso VI), possibilitando expressamente, no tabelecida pela denominada “Lei. do Divórcio" (Lei n. 6.515, de l
É art. 268, a reapresentação da demanda. 26 de dezembro de 1977), que também cuidou de modificar a l
,Í Queça atividade lógica desenvolvida p_elo,_juiz no_pro_cesso legislação sobre reconhecimento de filhos il-egítimos -(Lei n. 4;-_*_¡-_ .fl
z não cai nas malhas da coisa julgada, cuja abrangênçia se limita 883, de 21 de outubro de 1949), e -cujo art. 51, introduzindoum /,g

ligo dispositivo dasenteigça, é pacifico perante o codigo em viggr parágrafo único ao art1'4.° da Lei n. 883/49,'expressamente faz
5 Qestatutq d_e_l_9¶3_9 havia dado margem a interminaveis duvidas recobrir pela coisa julgada, na ação de alimentos, a relação de
` ao estabelecer,_ no_paragra§o
' ' ' do art. 2_8 7 , que "ironsi'ú e -
unico filiação, dispensando a ação de investigação de paternidade, se
iizar-se-ão decididas todas as questões que _çonstituei_n'premissa concedida a prestação alimentícia. Sobre__ esse aspecto, remete-
.;necessá.ria ga conclusão". À luz desse dispositivo, parte da dou mos o leitor às Notas ao Ensaio sobre "Acoisa julgada nas ques-
áltrína havia reavivado - com algum disfarce _ 0 velho pensa- tões de -estado", incluídas neste volume. ¬
l
i
i imento de Savromr, estendendo a coisa julgada aos fundamentos
da decisão. A doutrina dominante, porém, já se firmara no sen- Como se sabe, a exclusão da decisão sobre a questão prejudicial
I
i Êtido restritivo, entendendo que a abrangência da coisa julgada da abrangência da coisa julgada vem temperada pelo instituto da ação
Í declaratória incidental (art. 470), que visa exatamente a que se de-
Ese limitava ao dispositivo da sentença. 'U E____._ií____§____..
ho'e, a limita ão da clare, por 'sentença idôneo. a revestir-se da qualidade da coisa julgada,
'EL ,

a relação juridica prejudicial. '


° Como é notório, o art. 287 do código de 1939 era reprodução, para i
pior, de dispositivo do Projeto italiano, assim mutilado: “A sentença
expressamente, o entendimento restritivo, na vigência do CPC de 1939,
que decidir total ou parcialmente a. lide terá força de lei nos limites
após a edição brasileira do livro de LI1-:BuAn: Boziim, A Ação Declara-
das questões decididas.” Quanto à. inoportunldade da inserção, no có-
tória no Direito Brasileiro, São Paulo, 1943, n. 154; Bouro Vmrcuu.. Da
digo vigente, de um dispositivo como o art. 468. profundamente embe-
bido da teorla. da lide e de intenso sabor Carne1uttiano'-- em sistema
Imutabilidacle,cit.,ps. 153 e segs; Neves, Contribuição, cit., ps. 492 esegs.;
l
que` não é o de Carnelutti __- ver Dmswinco, Direito Processual cit.,
Amuuu. Sumos, Primeiras Linhus, cit., vol. III, n. 686. Por uma posição
intermediária do CPC de 1939, que se situaria entre o código alemão,
`.
p. 20.
restritivo fã .322, ZPO de 1877) c o código português, amplo (art. 660).
* 1° Bsnnosii Monsrmi -dedicou ao tema uma monografia (Questões colocou-se Ponrss oi: Mimmm, Comentários do CPC, 1947, vol. II, ps. 351
.- Erejudiciais e Coisa Julgado, cit.), ressalvando que o parágrafo unico e segs. Borsmo na Mssqur-r.‹i (A Autoridade da Coisa Julgado e a Imu-
do art. 287 não podia ser separado do caput do dispositivo, devendo tabilidade da Motivação da Sentença, São Paulo, 1963), embora ex-
entender-se que se consideram decididas as questões que constituam cluindo da coisa julgada, entendida como imutabliidade dos efeitos da
premissa necessária do julgamento, ainda que irnplicitarnente decididas, sentença, a motivação, ressalvava que a lei processual a tomaria imu- -4ë:rce*ea-z¡=-'lLe4ázn
-desde que nos limites da lide. De nossa parte, afirmãvamos, em 1972, a tável: e 9. relação existente entre a lmutabilidade da motivação e a
,,limita.çã.o objetiva da coisa julgada ao dispositivo da sentença (GRn‹ov'z:n, autoridade da coisa julgada seria uma relação de causa e efeito (p. 62).
'Ação Declaratória incidental, São Paulo, 1972, ps. 33 e segs). Esposaram,

;¬a :'.-â;=íI:i.-&'=
,.

i
12 Ana Pi:1.LsoRm¡ -Gnruovsn
E1~¬icÁcm E Auroarmlbe na .SENTENÇA 13
Por último, a finalidade prática e -o caráter publicistico do
instituto da coisa julgada vêm afirmados pela unanimidade da e desconhece, por -outro lado, a autonomia do efeito declaratória,
doutrina brasileira contemporânea.” _ que vem a ser absorvido pela coisa julgada", devem ser lembra-
das as -posições_de,PoN1*r:s DE MIRANDA e de CEL-so Naves: 15 mas
3 -- Tomando como ponto de partida o conteúdo e os efeitos o assunto será objeto de análise no próximo capítulo.
das sentenças, estas classificam-se, já. tradicionalmente, em
--condcnatórias, declaratórias e constitutivas: a' doutrina brasileira
é praticamente unânime _no apoio à classificação de Wacn, a
q-ue se refere Lu-:BMAN no Aditamento sub “b". algumas modi-
1
ficações trazidas à classificação tripartidañnão significam que
-se abandone o reconhecimento da carga declaratória, constitu-
tiva ou condenatória das sentenças. *S E o art. 4.° do Código
vigente, inserido no Livro que trata do Processo de Conheci- r

mento, regula a ação meramente declaratória, estabelecendo, no


parágrafo único, sua admissibilidade, ainda que tenha ocorrido
a violação do direito. H .
Já quanto à identificação da coisa julgada com o efeito decla-
ratório da' sentença, que LIEBMAN rechaça. “porque deixa sem
proteção da coisa julgada o efeito condenatório e o constitutivo

1'-' `Ver, por -todos. Neves, Contribuição, cit., ps. 429 e segs. e, de nossa
autoria, Eficácia e Autoridade, cit., ps. 9 e segs.
J" A ¢\flSSifi¢aÇí10¿1as_g9ões e das sentenças de Poz‹'rfl=s_ne_Mm1lnnA
ë_fllU¡nY-upla, ac_i;e_s_cen.tando o ,Autor às declaratorias, constitutivas e
condeçngtorlas, as açõesfexecutiyas e as maridamentals: estas últimas
distinguir-se-iarn pelo destinatário da ordem ou do mandado que é, no
.A¬Y-;¬,.cv¬» . z:9.f¬-

1
-caso, um agente da autoridade pública (Tratado das Ações, Tomo I,
São Paulo, 17970, ps. 116 e segs.). Já. Catso Naves constról.urna classifi-.
cação substancialmente binária, dividindo as ações em objetivamente
SUHDÍBS e Obletivarnente complexas. As primeiras seriam a ação decla- \'

ratória, no plano da--cognlçãoeade execução, no plano juris-satisfatlvoz


as segundas seriam as constitutivas e as condenatorias, nas quais a
declaração pertence ao piano do juizo, e a constituição ou a condena-
-ção ao__plano da satisfação (Classificação das Ações, in Justitia, n. 88). -l
H Contra essa solução escreveram _Biuwr. Ação Declaratória no \.

Processo Civil Brasileiro, São Paulo, 1968, p. 107, e Duuuimco (Direito 15 Porrres ni: Mmimnii, Comentários ao, CPC -(de 1939), vol. II, 1.*
Processual, clt., p. 22/23). . -ed., ps. :ria/ao, 444/445, eta; rmmaú das Ações, -cu., ps. 163, 132/184;
Neves, Contribuição, cit., ps. 443 e segs. e 505.
L
1
i

PRIMEIRA PARTE

A Auronnmos os coisa JULGADA


'?
§ 2.0. A coisa .IULGADA .E A VARLEDADE DE conrsúoo
j nas SENTENÇAS -
É
SUMÁRIO: I. Coisa julgada 0 (unção declaratlva. 2. Ankllse dos cfeltns das sen-
tenças. 3. Crítica da limitação da -coisa julgada A declaração. 4. Aplica-
eóez pzúuazà. 5. 'a com :cigana zm mzwnçu úxzpoømmz. o. cm-sm
Jurisdicional das sentenças constitutivos e dllrposmvaa. 1. Gonalderaçõø
finais. `

1. Desde que se deixou de conceber o direito unicamente


como sistema de actíones, .tal qual era na época clássica da juris-'
prudência romana, para encarar-se como sistema de direitcs,
I cujo gozo, somente, devia o processo garantir, vem-se solida-

mente firmando o princípio do caráter essencialmente declara-
tivo da sentença.
Firme permanecia, por outro lado, Ó hábito de ver na coisa
julgada o efeito próprio ~e -específico da decisão judicial.
Encerrada entre essas duas barreiras, a -teoria devia -forço-
samente -chegar -à. conclusão -de -que a -coisa julgada -consistia
na imposição da -verdade da declaração do -direito, contida na
sentença; favorecida nistQ,_a-liás, por aquele hábito mental que
.tendia a jungir o instituto da coisa julgada ao elemento lógico
do processo, sob _a influência de um -conjunto de -fatores -e de
circunstâncias que foram esplendidamente ilustrados por
Cmovsnnâ. 1
1 V. os escritos citados e refuudldos nas Istituzíoni di diritto processuais civlle,
I. ns. 32 e 115 (txadl port.. São Paulo. 1942. I, ps. 179 e-511). Sobre o elemento
lógico e imperativo no processo. considerem-«se sempre as luminosas páginas- de
^Mnn:s'rnu~m, La pregludícíflie ne! processo civflc, p. 27 e segs.
16 Emuco Tutuo Liesmm E|=1cÃc1A E A-urommmz m 5;-zm-¡Nç_._ 17

Dai, curta era a distância que devia conduzir à. explicação contemporânea -- evidenciou, porém, que a decisão judicial
da coisa julgada como ficção de verdade, verdade formal, ou 1em I_`_req§ient_emen_te eficácia não meramente, declaragva, mas
presunção de verdade. Estas fórmulas, pela autoridade dos escri- também constitutiva. ® _
tores que a defenderam, especialmente Sâvrcmr e Porflrsn, tive- ' .A Surge, assim, um problema novo que não foi até agora en-
ram grandíssima difusão, e a última, através do Código de Na- frentado com a necessária franqueza: quais são,_pois,_as relaçãçs
poleão, penetrou no Cód. Civil italiano, mas foram então viva- i entre a. colsãjulgada e esses, efeitos da sentença,_vários e diversos,
mente combatidas e finalmente repelídas da linguagem científica, orameramente declarativos, ora constitutivos? Se coisa julgada
pela sua imprecisão; todavia, a_._i_cléia_¿l_a_çgisg julgada perma- significa produção de certeza, já não será possível unificar e
neceu ngpgnsamento comum te_nazmente_presa__à sentença como exaurir, em ,seu denominador comum, todos os efeitos da sen-
a decisão de _uma questão duvidosa, tanto que _a_i_nda. hoje um tença, mesmo aqueles que se não limitam a declarar alguma
escritor dacnvergadura de ,Cânnsturrr chega ,a çscrever, em coisa de preexistente. Tida a própria coisa julgada como efeitoda
seu_çsti1o caraçteristicarnente Zinçisi_vo,, que a “imutabçilidadeçda sentença, deverá ela, então, pôr-se ao lado de outros efeitos even-
decisão_c_ogesp_o1gde__não ao seu caráter imperativo, mas à sua tuais daquela? E será, então, necessário distinguir em toda
fi.1_nção declamtiva". 2 É verdade, contudo, que contra essa orien- sentença uma parte suscetível de adquirir a autoridade da coisa
tação doutrinária reagíu vigorosamente Cmovannêumas, desde julgada, de outra que permanece eventualmente sem ela? Dadas
que ele também vê na coisa julgada o efeito da sentença - o as premissas, deveria a resposta afirmativa a essas perguntas
que por sua vez consiste na afirmação de uma vontade concreta parecer natural e representar a conclusão lógica daquela evo-
da lei, isto é, na produção de certeza a respeito da sua existência. lução do pensamento que procurei delinear nestas páginas.
-, a sua definição acaba, por igual, relacionando necessariamen- HELLWIG tentou, de ' fato, desembaraçar a mcada, confi-
te a coisa julgada com a declaração emitida pelo juiz. 3 Assim, a_t_é_ nando, em resumo, a. autoridade do julgado ã pura declaração,
o autor _q_ue,_r_nais,_qu‹¿;q1¿alquer outro,_procurou _des¡a¿nçxar_a tal como aparece em todas as sentenças; e já que estava firme-
coisa julgadp. da sua ligação com a solução das qqestões lógicas VEMCIQ. mente persuadido de que nela residisse o efeito capital e caracte-
doe prooesso,_para
___ _ relaciona la com_ o elemento imperativo_ p__ao
ko rístico da sentença, acabou por identificar a coisa julgada com
ato_d_e_1ontade_conl;_i£lo_na. sentença, nao pode delirar, de ver na L) a declaração obrigatória e indiscutível que a sentença produz.
coisa_julgada se_n§._o_u1na pro_duç_ã_o_de_cert,eza. indiscutível. E, como era fácil prever, seguiu-o toda a doutrina em peso.
A.inda_que__vá.rias;s_‹-:jamas fórmulas ,de,stina,d_as aexpliçar Observa ele que os atos, mediante os quais os órgãos juris-
qçmisterioso instituto da_çoi§a__julgada, fazeng-r_1_a_to.dos,_e_m dicionais cumprem seu mister, são, ou atos declarativos ou atos
ultima anzilise__equiva1e1; ã criaçao de_uma declaração irreve- constitutivos, e estes últimos devem abranger tanto as senten-
gãvel. ‹ ças constitutivas em sentido restrito, as quais modificamdas
relações jurídicas substantivas preexistentes, como as sentenças
2. O estudo atento e minucioso das relaçoes entre direito condenatórias que criam o direito à execução forçada; mas _a_s
e processo, da função da sentença sobre a configuração das seqtenças constitutivos, como as condenat_ór_ia_s, ençeigam ainda
relações jurídicas, das diversas categorias de sentenças segundo Lima dçclaração, isto é, a declaração do direito à mudança juri-
'o `seu conteúdo e os seus efeitos _ mérito insigne da doutrina J cgca ou aç prestação. Ora, a coisa_julgada (Rechgkrgƒt) consiste
= Lesâlcmi di dirillo processuais cíuíle, IV, n. 393. -
l
l
ja força vinculante da declaração,_quer se apresente est_a_por
=' Istiluzíuní, clt., I, § 15, e especialmente p. 341 ttrad., p. 517).
1
z.i -só na sentença, quer seja acompanhada de efeito constitutivo
i 18 Eualco Tux.L1o Lmsmm

da espécie indicada; este efeito constitutivo, pois, nada tem que


Erxcicm 2 Autoamsne ns sem-miçà

redução da eficácia da primeira à. segunda, constitui erro sin-.


19-

ver-com a coisa_Íulgada,¿ibsolutamente_desnecessá.ria para que guiar de perspectiva, cujo móvel psicológico não é dificil com-
-ele se .possa produzir. O termo tradicional de “coisaJu_1gada” í preender, porque a incontestabilidade que a autoridade do igl-
íƒgechtskrvziz) poderia_e deveria então? substituir-¿e___pe1o mais 1 gado confere aoresultado do processo; aparece, n0_çaso._de__pr9-
preciso de "eficácia de dec¿1araçê'io_'-' __(Festsiglungswirkungbíque vimento de _mera declaração. com ca1;á_ter_de necessid_ade_1J_e1__n
lv indicaria,_poi§_,_o efeit_o_const_a:n1§eç deltodas as sentenças com o maiorçdo que sucedeno ,caso da sentença. constitu_tiva_o_u cqig-
qual podem apresentarise ju_ntos_3_ent¿i§¿limente tamb§1_nc_e§eito ,denató1'ia,_p§lo menos no sentido de_queça_declaraçgo_se111,Coisa
«Ê j__ulgada_s_e apresenta cl_e_s_titu_ida de importância se não serifieípara
P constituiu/of ou o -execut§rig,_c_É¿nforme o tipo__‹ie_sen_tenc&¿1u,e_se
éâ/(Q
/Q/¿ƒe2l-Ê
considere. ' ' nada. não tendo outra utilidade que _r1â0,,SBjg_a. d0_PL0_IiLL2i1'__a
Esta é a diretriz por onde se encaminha toda a doutrina, 5 I certezaçiišdiscutível da existência ou inexistência de urna_rel_a-
salvo ligeiras divergências nas aplicações particulares, como ~çã_o_jurídica.
veremos. . a. Pode-se assim reconhecer que uma declaração destituida de
autoridade da coisa julgada é para quem a obteve pouco menos
3. Salta, porém, à primeira vista o erro lógico 'em que in- que inútil -(embora a existência de atos de declaração não con-
corre essa maneira de sistematizar a coisa julgada ao lado dos tidos na sentcnça, mas, por exemplo, em ato administrativo,
outros possíveis efeitos da sentença; porque se colocam, assim, diminua a força desta observação); e não é improvavelçgpe a
no mesmo plano coisas heterogêneas e de qualidade bem diversa. própria figura da sentença .declaratória esteiguligada ao insti-
i
Ao efeito constitutivo da sentença poder-se-á. comparar e con- Qito da coisa julgada, e que, se esteviesse a desaparecer, tam-
I
trapor o seu efeito declarativo, isto ê, a sua eficácia de decla- I
bém aquela faltaria.
ração, e não a coisa julgada que se forma sobre a declaração. Contudo, estas -considerações práticas não tiram nenhum
Essa identificação da_dec1aração jurisdicional com a auto- valor, do ponto de vista lógico, à observação há pouco assina-
ridade da coisa julgada, essa penetração de uma na outra, essa iada. nem à` afirmaçao de que. narealidade, a declaraça_o_con-
' H¡:..¡.w:c, Weseu und snbƒzktive Begrcnzuny der Rcchtskraƒt, p. 1 e segs.:
tida na sentença faz derivar _a sua força obrigatória. ou.'mais
syszzm, 1. ps. 164-112. ` genericamente, a sua eficácia jurídica, da natureza? imperativa
1- Sruu-Jonas. Kommentar, obs. II ao § 322; Huse. Feststeilungswirkung das e “autoritativa” do ato que.a_produz,, nem_II_1_alS_l352_II1 rnenos_d0
Ziuiluftcífs, Munique. 1912, p. -"88 o segs., especialmente p. 70 em nota; Gonnscuuiirr,
em Árchiu ƒür Çíviltstische Praxis, vol. 117, p. 7. e Ziuilprvzessrecht. 2! ed.. ps. 206 quewadvém-pela mudança da relaçao 1urídica_,produzicla:p:e1_a
c 212: Ros;-:s|:nc, Lchrbuch, 3! ed., p. 512 e segs. Tornam-se ;núv.ci_s outras citações.
por nunon hover surgido contestação sobre 0 assunto. `
sgntgnça constitutiva, ou pelo titulo executório oriundo da sen-
Como se sabe, uma parte da doutrina germânica. (representada hoje mormente 'tença condenatória. Uma coisa é distinguir os efeitos da sen-
por Pnclusflicluzni continua a defender a teoria “materialistica"- da coisa julgada. tença segundo sua natureza declaratória ou constitutiva, outra
em contradição com s. "processuniIstlcs.". sustentada por Sum er por 1-L|:1.1.w:o e pelos
outros escritores mencionados nesta nota. Cir. acerca desta poièmica adiante. § 30. é verificar se eles se produzem de modo maisou menosperene'
Não parcos todavia que tal diferença do vistas implique conseqüências para o tema e imutável. De íato, todos os ef_eitos possiveis da sentença (de-
expianndo no texto, pois que também os deicnsores da 'teoria "materia.l[stica"
ffifii-fl!-1Eem a coisa julgado apura declaração: crr.. efetivamente, _Pssn`r‹s1-sousa, claraiórip.constituiivo,_executÓrio) p_ode_n1_, de iguallnodo, ima-
Zur Lchrz L-on der mozerielien Rechtskra/t, p. 29. nota; Scmumr, Ileh-rbuch, 21 ed.. {.íi_nar-sebpelo menos _em_~§,en_tido puramente hipotêtico,_p¿odu-
p. 746. Ha Itália. essencialmente concordes, Cmovsmm, Principií, ps. 145. 179. 18'? e
901; latiluzioni, I. ps. 258 a 183 (trsd. port. I. po. 250 ø 281); II. p. 494; Esnmrrr, zidos inpdeperidentementevdaz autoridade da coisa julgada, sem
Giudtio civiic con plurulità di parti. p. 34; CMmn.u~rrr, Lezicmi, II, n. 71; Brrfr. que por issoñse l_i_1_e desniaturea essência. A coisajulgada é qual-
Oascrnazioni :ul proøctto di Codice di Procedure Civiie, em Ánfluario di Dirítto
Comparato, 1!. p. 30 de separate. . quer coisa ma_is que se a_ju_ntapara _aL¿xp§n_tar-liies_a__ç§_ta)¿í_li-
IG7-3
/`

EPICÂCLA E Auxoarnaos os SENTENÇA 21


-›-. .
20 Emuoo Tur.-no L11:ns?¡A-'nf É
.gada se restri7nja¿tão_-só às partes, 8 -resultado, sem dúvida, lógico
dade, e isso vale igualmente para todos os efeitos possiveis das E e natural, mas por -isso -mesmo sintomático e também perigoso,
fa
sentenças.
Identificar a declaração produzida pela sentença_çqm ça
li porque autoriza a afirmação extremista dos que negam preci-
samente o caráter de coisa julgada às sentenças constitutivas,
çoisa julgada significa, portanto, _confund.i-r o efeitoçy-_corn um para as quais ela parece absolutamente inútil: se o efeito cons-
elemento novo que o quçaliçíica. . ' iitutivo vige para -os terceiros, ainda sem a coisa ju1gada,_p_or
-1. Não é menor, porém, a perplexidade que se experimenta
ii.ii que não deveria ocorrer op mesmo também para as, partes) “_(.`¿›n-
-__-z.4vAs-. -.M
clusão, esta última,,ce1'-tamente aberra-pte,_pois__que basta enun-
ao considerar as conseqüências práticas oriundas da opinião ! .ciá-la para ver -como__contradiz,a_lei, tanto quanto a ppgnierosas
examinada. Hi
eÍidgências_prá-tica_s,_a exclusão da coisa jpigadamde toda uma
l
indicando na coisa julgada um efeito da sentença e distin- categoria de sentenç_a_§. Que outra coisa, senão propriamente a
guindo-lhe o evcntuaiefeito constitutivojou c0ndenatório,_exclu_i coisa julgada, impediria que uma segunda sentença sobre o
ela da autoridade çdgyjulgado estes ,últ_imos;efeitos e os torna 1 mesmo objeto revogue, modifique ou de qualquer modo contra-
independentes” desta, oflque quer dizer que a desppja d_ag,1_;'ela diga o efeito constitutivo precedentemente produzido? A exten-
garacteristica intêfrígibiilidadçe ciewqueçaw-lei quis rnuni-los_q_uan_do são do erro demonstra-se de modo decisivo pelo fato de que
tggnferiu a autoridade da coisa julgada indistintamente a- todas Jun;._¬_‹.-um
estes mesmos escritores devem, 'por seu lado, admitir que, em
assentepças que_de_c_idem a demanda. W caso de rejeição da demanda, contenha a sentença uma ,decla-
E freqüente entre os escritores a observação de que o efeito ração (negativa) e produza por isso a coisa julgada; mas uma
.constitutivo se produz sem dependência de outro fato além do f: coisa julgada secundum eventum iitis, como se- sabe, é inadmis-
de ter sido pronunciado pelo juiz; daí a conclusão -de que a zcoisa sível, devendo ser idênticos seu âmbito e sua extensão, qualquer
julgada nada lhe pode ajuntar e se apresenta, a este respeito, que seja o teor da sentença, isto é, julgue ela procedente ou
.- a.,-z›._‹-s.,u¬«-.»¬. supérflua.° Expressa-`o com extrema -lucidez Ransnrr, quando improcedente a demanda. 1°
escreve que, no tocante ao efeito constitutivo, “os provimentos Não desejaria chegar a tanto, naturalmente, a opinião do-
jurisdicionais operam como todos os out-ros atos do Estado, ten- minante, segundo a qual a força vinculante da coisa julgada
dentes a operar sobre relações jurídicas, como opera, por exem- produzida pela declaração - contida na própria sentença --
plo, um decreto de expropriação ou de legitimação: não parece _-_-|» da legitimidade do efeito constitutivo, ésuficiente para manter
que, por este,lado,.os provimentos jurisdicionais apresentem também este--efeito que daquela declaração é a conseqüência.
características particulares". 1-* E disso se deduz a conseqüência 1 Assim, àquela declaração se poderá aplicar o dito de Vaacruoi
de que o efeito constitutivo e também o _c_gndenat,orip_se produ-
zem erga onmes,_emb_ora_a dgciaraçã0¬Q110§1uzidaspe1a_QQiS§._jl11~ i sic vos non vobis; mas só a lógica da inexata formulação inicial
obriga a preferir ao caminho certo (que consiste em reconhecer
que a sentença em todo o seu conteúdo e em relação a todos
U V.. por exemplo. Cuxovnrns, Pfincipil, p. 387. '
os seus efeitos iogra autoridade da coisa julgada) o mais longo
1 Itmurrx, op. alt.. p. 35.

JIÉ-ÍZTI:-"-'T
if ' 1-¡n.4.w1c, system, I. ps. 113-114. _ 'À `
_ ADITAMENTOS AO š 2.°
° D61'nc¡-cm, Xrilische Beítrdge zur Leitte von der materleiien Rechtskraƒ: im 2!-
vilprozcu, Berlim, 1930, p. 24 e segs.: Rosmnmfl, op. .cl:., ps. 268 e 514.
~ Tenha-se em mente que; segundo 0 direito italiano, pode a legi- \° sobre esse ponto, dr. exatamente Curovnrni, Pfincipli, p. 137.
timação dar-se também por meio de decreto de caráter administrativo.
i l
22. Emnoo Tuu.1o Lmemm Er1cÁcu\ e Auroammmim sz-:N'n›:NçA 23

li
e tortuoso da -coisa julgada parcial, destinada a 'saivar todo 0 ‹. declaraa_.nulida_de de um contrato e -deva, no entantg,:1a¿1er
resultado. 1 ' -erga omnes a_que decreta a a_n_u1a_ção,do mesmo congratp, Pode
Mas, o que é mais importante, esse escopo não pode dizer-se bem ser verdade que 'a -sentença. produza efei-tos__ainda além_d_o_s,
de nenhum modo alcançado; porque, se se admite o pont_0_di -limites
¡_Í da ,coisa
ii 7 julgada
_ e por isso tambem,
__? a respeito de terceiros
._,--- --;_

partida desta teoria,__gue coloca a coisa julgada como efeito dis- 4;f,:-,:ze-Ííu
_(a isso voltaremos na”segunda_part_e, deste_t11aÍD8,lho)_, mas -esse
'-.WO S10 flflflsiilflv-iiv°..9s.¢°fldâ11e§<ârí9.._neda asfiesuracque a sua -fenómeno deverá. então verificaràse nãosó para_o efeito consw
i
sprteodeva depois _ser_-comum, e bem p_odera_a coisa ,julgada titutivo, mas de igual, modo ;i:_arn_i_›ém pa_ra_a_dec_laraç§o.
» -estar a salvo rdeflqualquerç_i_rnpugnaç,ão, -sem que o mesmo valha ' Estamos aqui em 'presença das últimas repercussões do erro
i
Qambéirn para o e-feito constitutivo oe condenatório. Será assim inicial daquela doutrina que, querendo ver na coisa julgada um
1i
verdade, como se disse, que a mudança duma relação jurídica efeito da sentença, isto é, a declaração indiscutível que -ela pro-
não tenha natureza diversa, pelo fato de ser operada por uma due, deve, depois, contrapô-la aos outros possíveis efeitos da sen-
sentença, antes que por outro qualquer _ato_ do Estado; não é, tença, e-por conseqüência está obrigada a decompor a decisão
porém, menos verdade que, quando for ele prãduzido por uma -em tantas partes distintas e a sujeita-las a uma disciplina jurí-
sentença, logre umasegurança particular e característica, visto dica diversa, -consoante façam ou não parte da coisa julgada.
que se exclui a possibilidade' de que qualquer outro provimento
o contradiga, ou anule os seus resultados: significando assim 5. Surge uma questão particular a propósito das senten-
-_›».~àm.=- que ainda a respeito dele se forma a autoridade da coisa jul- ças -determinativas ou dispositivas, -nas quaiso juiz decide “se-
gada. Dá lugar a não menores objeções, enfim, a .conseqüência gundo as circunstâncias” ou-“segundo a equidade", e estares
que se tira detal doutrina acerca da extensão subjetiva da.sen- vestido em certa medida de um poder discricionário. Dispõe a
tença. Como se viu, _I¡1§¿.Lwio e seus partidários, enquanto res- ›
lei, de fato, que f'sg,,após a condenação nos alimentos, sobrevier
tringem inter partes o gfeito da declaração indisoutivel produ- uma __mudança nas condiçõesdequem
J- z os ministre
__ __ou de 7quam
7 -
7" .-
zido pela sentença,__porque_se identifica com a coisa julgada ps receba, providenoiará. a autoridade judiciária p_a_ra¿_a ce_ssaçg._o,
admitem que se ppoduza çzga omnes o,e1¿ent31a_i efgto consti- a redução ouro aumento, segundo as circunstâncias" (art. 144
tutivo. " Mas este desmembramento da sentença acerca da sua do Cód. Civil italiano); e ainda em outros cags análogos é.ce¿§to_
extensão subjetiva não persuade de nenhum modo, porque é_ qi11:e¿a determinação de uma re1ação_jurídica,_gaita pela sentença,
contraditório submeter os terceiros aos efoitos da sentença em pode sei modificad_a,¿r¿udando;as:ci_rcun,spanç1aJs.-
relação ça uma parte e não em relação a. oo_tra,___Hqu_e_da¿3rimei_ra _.¿_...-.lí

,e-0 pressuposto lógico e Hnecessáriço, como se pudesse prevalecer b Krscn (Beitraege zur Urteilslehre, Leipzig, 1903, ps. 1.10 e segs.)
foi o primeiro que estudou com atenção os casos em que ao juiz cabe
9 efeitoioonsititiutivo quando faltasse a declaraçao das coodiçoes determinar discriclonarlamente-um elemento da relação jurídica liti-
_a que ele está subo_rdina¿i_o.o Parece, tambérn, muito estranho -.-.¬-.-. . t-‹ . _-›
giosa (v.. por exemplo, no dlreitobrasilelro, os arts. 400, 559, 924 e 1..fi9-3
! iye deva valer só entre as partos,_por exemplo, a sentença que do Cód. Civil, e, sobre o critério que deve guiar ao juiz neses casos, 0
art. 114 do Cód. de Proc. Civil) ,¡e sustenta que as sentenças assim pro-
" Hruwic, loc. uit¡_ cit. Nisto concordam Borne:-rn e Rostunuuz, 11_ ¢¢_ gn feridas devem constituir categoria separada. Esse ponto de vista, re-
sentido contrário. tcdavia. Go|.nsc1-lunrr, em Archie für Civiiisiüche Praxis, vol. 111
CIL. p. 1-1, e Zíl=Ílpro:cssr:chI', p. 211. seguida por Coisrm, Rcchiskraƒt der Staaimktz, l tomou-o Cmmctn-rrr, que fez uma distinção fundamentaientre processo
1\í\lfllqne. 1927, p. 78, e por Bacrrnnun, Das rcchtskrueƒrlge Ziuílurtcil ais konkrete
declarativo e dispositivo, baseada na diferença entre a simples aplica-
Rcchtsnorm ml: bcachraenkter Rechtsgeltung (Be1tr.z.ZPr.; Liannheim, i9Zli), p. 31. É ção e a formação do comando jurídico por parte do juiz (Sistema, cit.,
05 quais restringem às partes também 0 efeito constitutivo.
I vol. I, p. 133). É de mister, todavia, considerar que tal fenômeno não

I
›.

=l
24 Enmco TU1.Lro Lisamlm
. Ericzicm E Auromcluir: os Ssm-rzuçâ 25
..
_ Afirma-se geralmente que isso pode acontecer porque nesses .|.
-ckasos a sentença é dadacom a_c1á.usula reb_us sic stantibzis e, os quejambêm para elas a coisa julgada se forma cornogpzga todas
princip_igs_da coisa julgada sofrem _po_1-,isso uçinaçatenuação. 12 as outras -sentenças e vale enquanto permaneçaminalteradas
as condições da relação, sd se tornando possivel uma mudança
Mais enérgico do que todos, neste sentido, é CARNELUTTI, que,
recordando o conceito de que “_a imutabílidade da decisão cor- qpaiido-e na medida em que variarq as circunstâncias qi1e_de-
responde, não ao íseu caráter imperativo, mas à sua função de- terminaram a decisão.
clarativa", disso deduz que “a imutabiiidadc tem pelo-menos Mas será verdade que isso signifique uma atenuaçao dos
bem menor razão de ser a respeito daquelas decisões às quais princípios da coisa julgada? A mim me parece que nao. De
-,faltagaliinalidade da declaração; quero dizer,-_-_ às sentenças certo modo todas as sentenças contem unpiicitamente al clau-
:l suia rebus 'sic lstantibus, 1* enquanto a coisa julgada nao im-
dispositivas”. 13 _ _ ,_ a
Formulada nestes termos, e com tal motivação, não me pa- pede absolutamente que se tenham em conta os íatos que mter-
rece aceitável a afirmação, porque prova demais, excluindo a vierem sucessivamente à -.emanação da sentença: por exemplo,
,autoridade da coisa julgada de todas as sentenças dispositivas. se o devedor paga a soma devida, perde a -condenaçao todo o
Ora, Ê”certgrhçprimeiramente,_,_que aí pqgsibilidade da acenada valor. Outra coisa não acontece para os casos ora -considerados",
mudança se verifica _s(›__para as sentenças_disppsii:ivas__q1.1e_se nos quais tratando-se de uma relação que se prolonga no tempo,
referemga umagrelação continuativa, cujos elementos sejam_p_gr e dizendo ag decisão ser determinada, pelas circunstanc1as__con-
sua natureza variáveis; 1* em segundo lugar,_é_ certo,¿ig_uai1nente, cretas ,docaso,_a_;nudan_ça_deste justifica, sem;mai§, uma cor-,_
~zI respondente adaptaç§o_dazdeterminação feita_precedentemente,
› H V.. por exernpío, Cmovamn, Pr{ncipil_ ps. 1.253 e 1.328: Ranma, System, I.
p. 811; Rostmnznc, Lehrbuch., p. 532. Dedicada: expressamente ao terna são as duas za Mssm, realmente. Bsvrcur, Sistwlfl ififfid- li-el-). VI. D- 373- CU- flfi mlflhflfl
monografias de Brrrr, E//icoízin delle sentenze dctermimztiuc in tema dl Iegoto di Opposizioni di fneflto 'nel processo dl csecuziofle, n. 111..
olimenti, Comer-Ino, 1921, a de S. Cosn, Le sentcnze civil! con io ciausola “rsbus sic
sta1t£ibu.1", em Studi Senesi, 1930. ses declaratória, condenatória ou constitutiva; a única particularidade
1' Lezionl, IV. n. 393, e ainda mais decisivamente em Funziona de! Processo dc!
consiste no fato de que a atividade do juiz, vinculada ordinariamente
Lavoro, em Riu. di Dir. Proc. Civile, 1930, I, p. 127.
*' Brrfl, op. cit.. p. 69; Coen, op. clt., n. l7.
pela lei a aplicar, em vista de certos fatos, a conseqüência exatamente
-estabelecida, se exerce, em alguns casos, com certa medida' de poder
incide na costumada classificação das sentenças; ainda quando tal se I discricionário, destinado a permitir que se determinam as conseqüências
i
verifique, a sentença não deixa de pertencer, segundo os seus efeitos, a legais conforme as exigências das circunstâncias concretas do- caso
uma das três categorias mencionadas. Por outro lado, na -fase atual de | examinado. Mas isso não altera a função exercida pelo juiz que, todos
-desenvolvimento do direito, este poder determinativo conferido ao Juli os dias, deve ponderar as circunstâncias do caso concreto (por exemplo,
não só é excepcional, mas também limitado a um só aspecto ou elemento quando deve decidir se houve dolo, coação, boa té, erro grosseiro, etc.).
da relação jurídica (por exemplo, a fixação dos alimentos ou o rumo l
Pode acontecer, todavia, que a teoria de CAimr:LUr'rr se justifique segundo
da passagem, etc.), _ao passo que a existência dessa relação e as suas É o direito positivo italiano.
outras modalidades* (obrigação alimentar, direito de reclamar a passa- 1q,‹,z;1¿.1rec¿¢0 este ponto, e necessário considerar quehguando é feita.
gem) são pela lei abstratamente estabelecidas. Por isso, não é exato
discriclonariamente P€l0__ll»11Z 5 ÇÍBÊEYIUUIHÇÊF ÊÊE5 m°da¡m5E_1e5`d3 re-lí"
dizer que nesses casos, “não existindo regra material, uma norma ins-
ção juridica,_ pode ei¿a_ ser --mem determina_d_as clrcuns_t_ãnc_ias - modi-
-trumental confere ao juiz o poder de -compor um conflito de interesses”
(Canusrurn, op. cit., p. 134). Existe uma regra material, mas o seu con-
_t_eúdo é eiágtico _e deve ser determinado e precisído, caso porlcaso, no
1 ficada: lv., quanto a alimentos, o art. 401 do Cód. Clvii_bras_ilelro,_g¿n_a1s
geralmente 0, a;1;t._289,_Q, Êio_Çod. ¢1<=L_P1'9Q‹ Cífll bFfi$¡19_Í1`_'9¿ÊYÍ°^5›__5¶“LÊ

. «vv».-¡ssu_m. -,_». -.n.,


momento da. sua aplicação. A função do p¿j0£esso_n_ão é,_pois,:r_i__estes
cas_o_s,._diversa da c_o_ní¿um, ea sTe,ntença_-sera, confgrme as -várias hipóte-
Ê zrmlação ,desse ientímeno com a coisa julgada, v.” as explicações do texto
e p que cscrevcní c_on_cg1~daiido__comigg `:_QHr9YE1s'_DA. OP- <>_it.-i. Í- P- 299-
e_ Penso gàys-rs ,iviAa'rnv,s, Comen§ários,_ç_i_t.,_vol. I,Q,_ps_,_355 e segs.
ii i
i
.i
Enciicni 1: Aumamini: na Smirançi 27
26 Emuoo Tonuo Lmawm
clade,_ç_iepd5çlaração enquant9_gja1n_ os s_e_u§__efei_tps_m_eramente
o que será uma aplicação, e nunca iuoaijderrogaçšo dos princi- declaratórios, isto é, enquanto consistam em -fixar as relações
pios gerais e nenhum obstáculo encontrará na ~-coisa' jiflgada. jurídicas tais quais eram precedentemente e não em modifi- 'z
Esta,_pelo contrário, fará_sentir toda a sua força, nesteipcomo ca-las. A atividade do juiz que pronuncia' uma sentença deve
- gmwtodos os outros casos, no excluir totalmen¿te_uma_apreçiaç§o ser aquilatada, não do ponto de vista psicológico ouintelectivo, ti
div_err_a_d_o caso, enquanto ,permaneça inalterado. O .que-há. de mas do ponto de vista jiuidico; e então será atividade de decla-
diverso _nestes_casos não é a rigidez menor da_‹_:oísa_iul_gada,

i
-ração ou de mudança das relações jurídicas existentes, justa-
111€-S 9-,11fl1`‹_11!€Z§› da relaÇä0 jurídica, que continua a viver no mente 'e só em relação aos seus efeitos, tais quais são dispostos
tempo com conteúdo ou' medida ,determinados por .elementos pela lei, isto é, segundo sejam declaratórios, ou também cons-
essencialroente_vanaveis, de maneiraçque os, fatos que sob:-eve-
titutivos. " e ' '
Iiliarn podem influir ne1a,__n;?.o só no sentido-de jgxtingui-la, fa-
Por essas razões, é necessário adm-itir nasentenca consti-_
ZBn_dp,_por, isso extinguir o valor da sentença, masi também no
tutiva,_unidas no mesmo ato, uma declaração e, conjuntamente,
sentido de,e_xigi1f.1"m_1d_a!1ca na detenninação, dela, feita ante-
riormente. ' . uma atividade tendenig a produzir mudança na situa_ão jurí-
Ílica deduzida em juizo. A necessidade de distinguir esses dois
Confirma-se, pois, ainda nesta hipótese particularmente de-
momentos, ou elementos, contidos no mesmo ato, vem a- ser
licada, que a coisa julgada não é ein nada restrita ao conteúdo
declarativo da sentença. _ t -_ _ . confirmada pela possibilidade - pelo menos do ponto de vista
iM
‹. , lógico - de que, à. declaração dos pressupostos aos quais subor-
1: 6. Uma última dúvida possivel deve ser aqui examinada, dina. a lei a legitimidade da mudança, nem sempre se siga a
i
`| brevemente, antes de concluir este parágra.fo.~ » - ` ' conseqüente decisão da mudança; o que em certo caso é até
_ Z Sabe-se que, segundo a_utQ13'_zçada.,_doutrina,Za atividade exer- previsto pela lei,'quando admite que à declaração do inadimple-
Hi
i çidagjielo juig,_a_.o_p_rol_i_a.tar uma .sentença _ constitutiva, nãoné mento de um contra-to bilateral deixe de seguir-se a rescisão dele,
diversa daguela que exeroezñquanjdo “faz uma simples _decla- em virtude da condição resolutiva tácita, mas seja, pelo contrá-
-ríaçäoze quewosflefeiitos constituqtiips seWseg'1l§Ii'i,__por fo1'.§,'_a_daiei,› rio, concedida yma dilação à. parte inadimplente (art. 1.165
*;.'_p1-ópria declaração. 1°' _ l '_ i._ ._ ._ ,_ ,_ _
do Cód. Civil italiano, in fine); 1°
Não me parece, _cont_ud_o,_,aceitável,;essa concepção,_ visto
11 Por Isso me parece também inexata ou irrelevante a afirmação de Safra, Pre-
çonsiderar que naprolação da sentença constitutiva,_a,§t,i_vj_d_z¿q_e 1
I
mesae generali, cit., pa. 350-351, de que também a sentença declaratória tem efeitos
do juiz se -dirige propriamente 'à produção de uma alteração constitutivos. Que eia tenha efeitos é evidente. que eia constitua um meio de tutela

i
Juridica nao é oontesiavei nem contestado; mas a distinção entre sentença declara-
jurídica., A” id_é_ia_1`nesma de umadeclaraçao com efeitos consti- ioria e constitutiva se faz em atençao aos efeitos ‹(decÊaratórios ou constitutivos)
‹Ii
tutivšnparece-m_e contradit¿ória,_por5_1u_e_apop_eraçãio_ç_o1n_qi_1_e_se que produzem sobre e reioçao juridica substancial deduzida em juizo, e niio vejo
.u ap11cajinna_ norma ao_ca§o, concretoisgfsqpodezconsiderar ativi- que alcance possam ter sobre tal ponto os argumentos que ele eiduz contra a' doutrina
comum. A posição que defende, notñvel pela independencia de pensamento (efr.. ein
I viam de certa analogia possivel, Sauna, citado adianta,_n. 9. em nom). chega-. todavia.
š _ 1' Neste sentido. ccm certa diferença de formulação, mas substancialmente con- a conciusoe: que não persuadem: o que sucede talvez porque quer relacionar os
p I
i co:-des. ~Cu1o='=NvA. Pfífleipll. p. 1a2,,e Ismuzioni, I, p. iso (tz-ad. port., 1, _p_ zu 'Q efeitos dos sentenças. não As relaçoes jurídicas. mas antes' à norma; formuiaçlio esta
5839-). e Cmwmvm, Lezioní, II, n. 'll -(que por mo prefere -falar de sentença do que não parece aceitável, visto como a sentença decide situaçoes jurídicas concreta:
declaração constitutiva). "Em sentido contrário, Cm.uiuur"r›ar:r, Studi. bit.. I, p. 'àqu 1
‹ e não abstratas e declara ou modifica, não u norma qual foi disposta pelo legislador
0 5688-; R.mn.r.r:rr¡, Guarentjgie della. gimtizia nella pabbltca cmministrazione. Milão. i (0 que seria pondefiniçào impossivel e contrário aos Iin: do processo), mas qual
i9Z!4. ps. 10 e 341. e Esrosrro, _VaIidità delle leggi, Pádtm, 1934. p. 108; e' ainda Serra, se modela concreumenu no regular cade caso especial.
. .«. ›~.-
Premesre pemrraii alla dottrímr deI1'ea'e‹.¬.|.zi.o11c I0rtd!d,_em Bio. dl Dir. Proc. Clvtle, H Assim iambcin Gauumnan. op. alt., p. 250.
1933. I. p. 344 e ae¡a._(mu ver- ii. nota. seguinte). _
i
'i

,i
..
ii
9

*_
23 Emuoo Tomo Lnzsmm
Errcácu E Auronrmms nlà SENTENÇA 29
. Ecntão - e isso é o que aqui interessa. _ ¡¿_1gun5 escrito;-es
deduzunm de s-emelhantes_o;u analogas_considera.ço_es:(e_aojnes- antes,_guc o conceito eza [unção mesma da jurisdição sofrergm
m°z z°°mDff¿Õ§ €Lâfi!1içã_o assaz rigorosa da funçâè jm-isiiicíojjgjj ~¿.____.._- .zu . certa mudança, no__~sentido de que a atividade d9_juiz e_s_tá. me-
ê,âor¿s_gque_n¿iaÍdenque flJ1°¢Í$ÊfQ constitutiva, ,cpnsgi_e‹ nos vincuiada. agum sistema completo de preceitos, j_uridi_c_‹¿s
ra a em_si_e_sepa.ruIl8.__da _declaraç_ao§ubjg.,çgn1;e,g_¡¿ãQ ¡-epiesgnta abstr_atos_e iiendente, ao -cont:-_á,ri_o, a_pr0£>l-.11;&_1_'__uma_decis§z1'.o_que
um ato.1u_r1sdicional,_mas um negócio_¿juridi_co ou, mais pi;-ecj. satisfaça em -cada__ce_i§o a aspiração geral de justiçg.. 22
ãamentep-um .ato administrativo. 1° Alarga-se este raciocí¡ii_0_ç_ Aliás, pelo que aqui interessa, pode ser suficiente ajuntar
mëorçafie azPí°póS1t° d35z$ÊÍ_1te11Ç3S .¢Íël50SÍtivëS ,para asçquáis que, embora se devesse sustentar que nestes casos a atividade
Ê-Juiz encmtre emf11°¡`m9-,de lei P.1'¢8_xí§tentç_o' critério_ qge ‹í.-_í-_. do juiz não seja, pelo lado substancial, puramente jurisdicional,

l d_f_=_\fia_gU1a¬liJ_!1i1¬<l¢ElsaQ,_cÍnasLqua§,__por isso_rn§_smQ,_zL0¿f,0;j11¡¡¿_
1°~z9~na¡zÊ5tÊÊ1Ê'“m_Õ_° nada-_11'1¢H0S qllç um ato legislativo. 2°
T deva ela todavia -- pela forma com que a lei quer que se realize
(sentença), pela qualidade do órgão a que está confiada e pelo
1!

Ti
fato de estar -estritamente unida a uma atividade jurisdicional
9m'~p~°der~¬5-°'Ía.Õlz1YÍda1`zd€ qL1.G__9~$__S§nt§_nças constitutivas
32. S‹âSi§â351äl§$㢚f§§âS§;6I_!¿.:H9_todo:o_u__e.m_,p,arjQ,;dapuçtpridade -- dar lugar igualmente à. formação da coisa julgada.
dicionalázzmga fi›_P£§§1Së-l;1c13i:_e_pír¿r causa do caráter não;ju1-is.
¬ fr; ~ -9-ë1¿0l_d=z‹1i1§,v1r.1â»;n.a.Sfir._s1§_ta1 múag ¢mti;,uíúz;.s 7- ¿LS;=.Qnsi.‹i‹ârê§õ.¢.S_aInp1amemu-:_dmênx0lv.ídeS_nflS..Pási-
ao é .cer_ta.mente possível tratar aqui, de modo cabal, os nas precedentes permitem formular conclusão de algum modo
Pmblemas gravíssimos que assim surgem e que exorbitam do interessante. Cpnstitui erro de lógica., definir a_ autoridad e «d5.-
gema Ê: presents trabalho. r.imitàr_-me-ei,_pm-isso, a çegpfimir 1
1
coisa julgada como efe_íto_da_5¡gntgnça‹e - conseqüência ine-
ábdmmoem ctcgâvicâao dcgqpe am'da..ta1sçsen_te_nças fazem paLrt_e_d§; vitável _ identifica-la com a eficácia declaratória da própria

z - 0 _a__funçao jurisdicionalgí observando somente sentença, contrapondo-a, portanto, aos seus outros possíveis
efeitos (constitutivos ou condenatorios). Pouco convincentes,

q*¿¢f'1Ss'P°'?1_Ê1.ië.¬»°Bifl V%2.._miS wimsâønferidcs pela rei à Ma-. _ _perigosas_e até mesmoçrrôngas 8159 £ls_sç_)luç_cÍ›_e_S¬práticas oriundas É
8iSfëF_fi@.'¢¬1»-0_nún1e_r_c_se1np.'rc crescânte de jurisóições de eqgi- desta inexgta formulgção inicial.
da<_L@:L(§Bi!5Ê9§as_c=uaç§ez1raç1çA am a do jrgabâilrgjgirndlcanj
4*-*_
iii
' Nesta concepção comum se esconde a última manifestação
1' Cm ,4 5
._~-z,_ 4_
daquela singular deformação da doutrina da coisa julgada, con-
Doam
- ' u ' grtãulzfzzzflãzitlxtzrziägmiz'
›› . - :Ê :.Gêummwmza ”°"“'"" i”-*°5¬
.u.uumm.n,!oc..clt. . _ W» P» 23.1 11- 6: tra a qual saiu a combater Cmovr:r‹nÁ, e que consiste na super-
em I*Studi
Dommo _ 'z__M9611;-9m1-R-lfldafi-1-¡Tflp
Í" arm: _ - 6:11-0Cgi. _P- 3:._ Tribunuli del Lavoro, valorização do elemento lógico do processo, como -conteúdo da.
› €0¡.pom¿¡a¡. 1931' P' M7. ' . 93-z . DBIQLX. Archiuto Studi-
coisa julgada. Um aspecto dessa mesma ilusão, que Curovsunn
1| por I1mt1:3.
p giaunten94L; constitutiva: (alem do, 6 claro. Catovcum ' e G›.n;›r:r.u-1,-11),
`
salientou .particularmente e contribuiu decisivamente para des-
D Mk E F"-“"› Wfflllfyk. alt. D. 10 o sera.: Blu-ri, Promessa pencrau, ein.,
' - 570559. OD- GN?-. P~ 108 0 sega. _
1 truir, consistia em relacionar a coisa julgada com toda a q-uestio, l
Para.gi s;n¿nEs:1ed1s¡;,osltlvaa.
amu. 1 `
Earosrro, loc. clt.; Rssmu, Magurfazum ¿¿¡ Momo' com toda a deƒimftio, de maneira que se sustentava suscetível de Á*
do ngumm'e
_ n
5* na “tu $¢m‹¢!1Ç8l. embora se devesse admitir a "novldade"
estabelecido para o caso concreta pelo Juiz, a falta de ubátraçgg lograr a autoridade da coisa julgada toda forma de raciocinio
B 5°n°mud°d° m° P9-"C0 11110 bflälü pur: exclui: o seu caráter substanclaíme to -do juiz. Mas Ê concepção__comum_ está _ai;ida4j_u_n_gida_,_teria,a:T_
lesislatlvo; sob: _ n
uma norma. ou“:|:r° eütãel wnarflerfa quo O mu. .mag Mm' uma ao caso concreto mente ao aspecto inverso da mesma deformë,ç_êQ›_P01}1U° 1150
O mehr mas O ua. f° 8* . que ele mesmo deduzlu da consciencia |urm|¢-,z
me est; ¢l permanece no ato Jurisdicional é 0 nto de apllcaçflo as fg-5-m, sa,be separar a coisa. julgada do elementoglágico do processo,
- ¢¡`~l° fl¢‹fl1'Ê Quanto' ao mais entre _os motivos explicito: ou lmplicltoc.
Drtsentos ou talvez inconscientes à própria mente do juiz.
-› -¬.- ._
'-" V. as ugudur. cousldemçdcs da Jauow, Il mastro tempo e il difltto, em Arcmvlo
r
Giurldico, 511 sr'-rlc, vol. XXII, 1932. p. 129. - Íil.

-vw z w-1.
1 ¡-

30 Emuoo 'DJLLIO Lmbmx V

9-fi_1'mfl1ld0._`É1\!° SÓ a f°S°Í1lÇã0;!§;_Jima questzio.controver_ti_da 1

P°553 adquirir a11t01'ÍÇÍ¿ššÍ.€ (19 j.1l1ga_d0.' ~ -. '


'_ Que se de:/añpórñ toda a importância da coisa julgada "na
expressao da vontade concreta -do direito", *F uma verdade que
deve ser entendidaem toda 'a sua extensão: isto é, a essa -ex-
pressao .da vontade concreta do direito pode e deve .acrescer a Nome Ao §i2,.° /J_\
autoridade da coisa julgada, ainda quando o'seu conteúdo e (Ada Pellegrini Grinover)
-1-:-_..1-›_-:Tv.;¶^«.|_ ._'.

os seus efeitos não 'sejam meramente declaratórios .mas tam-


DÉ111' de criação ou de modificação da realidade `-jurídica. 1 _- A_-,confi'nação da .coisa julgada ao efeito declajratório da
sentença, consagrada -por HsL_1.w1o,_j,á., haria recebido, no Brasil,
a_adesão de-_PoN'res nn Iyirnànlaía. 1 Mais recentemente, outro aba-
i
lizado processualista -- CELSO Neves - emprestou-lhe apoio. 2 1

Mas” a doutrina dominante endossafintegralmentç_as_criticas de l
za.Aav.;-,_f:¬ú. -ú¬.fzâ

Ln-:einen àquela teoria, reconhecendoTque_;a autoridadeda coisa


J
julgada também cobre os elementos constitutivos, e condenató- I

rios da- sentença. 3 ` l


E 0 “erro lógico" a, que Lmsnmn alude no_ texto é salientado
I
I
p_or_BAne_o_sA MoriemA,_que pggunta: “Se o juiz anula um con-
trato,_por exemplo, fica_o resultado do processo, após o trânsito
ern julgado,
`_. meno_ '___une à._gon_t§s_taçío
_. s un _ do_que
j ficari'
Wa se ele__ l

se gnitasse a declarar nulo o_,.c,o_ntra._to?" * E o mesmo Autor


responde: “,Par_a_todos__os efeitos práticos, reconhece-se que, pas-

1 Powres na -Mnuumr, -Comentários (de 1939). clt., vol. II, ps. 378
e* segs. e 444 e segs. Ver, mais recentemente, do mesmo Autor, Tratado
das Ações, cit., t. I," ps. -1'63 e X84 e segs.
2 Neves, Contribuição, cit., Ips. 443 e -segs. e 505. Observe-se, porém,
que para o Autor a sentença constitutiva é objetivamente complexa,
› -correspondendo o"Ínomento declaratório a um pronunciamento jurls¬
O dlclonal, de conhecimento, e o momento constitutivo a um provimento
juris-satlsfativo, de execução imediata (retro, Notas ao § 1.°, nota n. 13).
Dai por que só o elemento declaratória é idôneo e revestir-se dacoisa. zé;-.~z.v-i _.

julgada: tudo o mais seria -execução.


5' Ver, por todos. Bémsoszz Mons1m,.Coísa Julgado e Declaração, ln
i
Temas, cit., ps. 81 e segs. e PARÁ Fiuio, Estados sobre a Sentença -Consti-
-tutioa, São Paulo, 1973, ps. 147 -e segs.
0-í›í.;__

I Cmovmos, Saggl, cll.. LI, p. 401. 4 Bàaaosr Mon:-:m.›\, op. c_it., p. 82.
- L
. . ‹. -. ,. .
~-if. Erxciicis e Auroamme os Srinrzuçi 38
32 Am Pl u.›:can¡u Gamoven
-Que a admissibilidade dojjuízo deçqüidadgseja eircep¿:l_Qpa_1,.
l
i.
Ss.da..¢m 1`u1s«i.‹l9=fl .seriimse39flSiii11tuê.__e_moauicação pp: ela no processo civil, também é indiscutível. Hesse ponto,_a_redação
ii
1>!oduzida_j¿i_p_ão_¡:ode_ser_opjeto de contestação jpridlzcaniente do art.,12¡7 do código vlge_nte_é de extgema clareza: __ffQJj_uig.s,6 _ ii
ii
relevante." ° decidirá por eqüidade nos -casosprevistps em _lel.'_' Vale lembrar fl

i
› l
i - D@_1`€'Sl-0. o direito positivo brasileiro não autoriza a acolhida que nos processos arbitrais podem as partes convencionar que
da teoria de rh~:L1.vv1o sobre a coisa julgada. Nosso ordenamento o julgamento seja feito por eqüidade, “fora das regras e formas
desconhece dispositivo como o art. 2.909 do código civil italiano do direito" (art. 1.075, CPC) e que, nos feitos de 'jruísdição vo-
.ll
que, adotando a concepção alemã, afirma. que a declaração con- luntária, o juizo de eqüidade se transforma em regra. geral, pois ;¬-_-,.~›.«-

-tida na sentença passada cm julgado ƒa stato para todos os efei- o juiz pode “adotar em cada caso a solução que reputar mais Í.
Ê
tos entre as partes, seus herdeiros e sucessores. Bem pelo con- conveniente e oportuna" '(CPC., art. 1.109).1_1 i
trário, o art. ‹l68, CPC, diz expressamente que a sentença, que Igualmente não parece haver dúvida, no direito brasileiro, il
fm-._«: -.=_. z-.
julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites de que a carga de poder discricionário contido na sentengçamde-
¡ .
1 da lide e das questões decididas." Como agudamente .observa f_ermi_l_iativa não altera ajunção exercida pem j_u_iz no prqçesso,
Bâiuaoss Moasmil, por que importarmos mn problema que não Para os fautores da teoria dualista do ordenamentdjuridico --
existe, e uma soluçao que nao satisfaz, ' quando a própria dou- que no Brasil constituem expressiva maioria *2 -- o processo
ii trina italiana soube contornar o óbice do art. 2.909, c .c . , 5 ainda visa apenas à realização prática da vontade preexistente do di-
que com “medíocre expediente"? ii reito, em nada contribuindo para a formação de normas con-
_ .4 vn,-nf:
cretas: o direito subjetivo e a obrigação também lhe são pre-
l 2 - No corpo do capítulo (n. 5) e no Aditamento sub b), existentes. Nessa linha de idéias, tem-se afirmado-que, mesmo
Lnznmiuv refere-se as sentenças determinativas ou dispositivas,
na sentença determinatlva, o juiz se limita a extrair do_sist;e_r_na
nas quais o juiz decide por eqüidade, no uso de uma certa me-
dida de poder discricionário. *juridico a norma de eqüidade a ser aplicada à. espécie: a hipótese
tem sido apontada como semelhante à. da lacuna da lei, onde
A doutrina processual brasileira acompanha a lição do
Mestre no tocante a tais sentenças, que acabam sempre por ter 11 Também no processo penal condenatórlo o juizo de eqüidade é
-. w._i-., 1-‹v z-. _-. oz

I
l conteudo declaratorio, constitutivo ou condenatório, indepen- regra geral, mercê do princípio da individualização judiciária da pena,

`i
dentemente de sua maior ou menor carga de discricionarie- inscrito no art. 42- do Código Penal. Sobre sentença determlnativa con-
dade. 1° denatória penal e -cláusula rebus sic stcmtibus, ver, de nossa autoria,
I Eficácia e Autoridade, cit., ps. 7 e segs.
il 12 significativas divergências ocorrem, contudo, no campo da teoria.
1. ° td., íbid., p_ 33,
l
i ° Como se viu, o art. 287 do código de 1939, embora rnutllado, já geral do direito, sobretudo por influência das idéias de Katsen. Entre
os processuallstas, deve ser apontada a posição de autores categorlzados
dmfl- que il Seflfeflod que decidisse total ou parcialmente a. l1de_ teria como Moura Room (Reflexões sobre Processo e Comunicação, Fac. Ca-
Q
força de lei nos limites das questões decididas. ' -fz-o.~»\-.¬,-.›
ruaru, n. 58, 1974; Estados sobre Processo Civil, Recife, 1969. ps. 151 me
T Bsnsosi Monrrma, op. cit., p. 85.
segs), o qual acompanha a posição de Clliuvsrunr quanto à. teoria unif- ‹
5 V¡:u.u~u, Áppuntí sulla natura della cosa giudícata, Milão, 1953,
tárla do ordenamento juridico. '
| PS. 51 e segs. _
° LIEHNAN. Prefácio à reimpressão italiana de 1962, neste volume. classificação dos processos, pois o provimento jurisdicional não deixa de
l É 'IO .
s_ P Ver CšN`1'R^. Gnmovl-:n 8.: Dmsmlmco, Teoria Geral do Processo, pertencer a uma. das três categorias mencionadas." No mesmo sentido,
l : ver também PARÁ Fruio, op. cit., ps. 128/129. '
3° _í=1U¡°› _2- ëfl.. 1979, p. 270, onde se afirma que “o fenômeno da
. discricionariedade outorgada ao juiz em casos especiais não incide na
1
V

34 Am Panorama! Gamoven Er-'zcácm E -Av'ronmAoi: DA SENTENÇA 35

ocorre a integraçao da norma com base na analogia e nos prin- E, a esse propósito, convém ainda lembrar a observação de
cípios gerais de direito. 13 _ LIEBMAN, no sentido de o elemento ca-racterizador, nesses casos,
E nesse ponto, é significativa a tomada de posição do Código não ser propriamente a cláusula rebus sic stantibus (de certa
de Processo Civil _de 1973, que suprimiu a fórmula do art. 114 forma contida em todas as sentenças), mas sim a natureza di-
do estatuto revogado (“quando autorizado a decidir por eqüidade, versa da relação jurídica, que continua a viver no tempo, com
o juiz aplicará a norma que estabeleceria se fosse leglslador"), conteúdo ou medida variável. A lição parece acolhida pelo có-
substituindo-a pela redaçao do indigitado art. 127. f digo processual vigente, que substituiu a fórmula do art. 289
,Por isso mesmo, os processualistas brasileiros também ma- do -estatuto de 1939" por outra, em que se refere exatamente
nifestam, com Lnznmmv, a convicção de que a sentença norma- às relações jurídicas con-tinuativas (art. 471). 1*
tiva da Justiça do Trabalho configura exercicio de função ju-
risdicional típica, enquadrável na denominada jurisdição de 3 - Quan-to à. declaração com efeitos constitutivos, afas-
eqüidade. 'Ê E até' entre os especialistas em direito do trabalho, tada .por Lmemmv, que vislumbra na sentença constitutiva, uni-
essa posição pode ser considerada, hoje, dominante. 15 -das no mesmo ato, uma declaração e, conjuntamente, uma 'ati-
- Assentadasl-tais idéias, surgeçcoerentemente, entre nós, a vidade tendente a produzir modificação na situação jurídica
conclusão de que a sentença dispositiva não configura atenuação deduzida em juízo, a lição é unanimemente acolhida pela dou-
do princípio -da coisa _julgada,_porquanto _é a própria sentença trina processual brasileira, '“ a qual, também ao uníssono, afasta
£l11šmÉiutoriza__p, juiz__a agir, operando a modificação objetiva a tese da -natureza administrativa ou do caráter não jurisdi-
do julgado sempre que haja piutaçãopgs circunstâncias fá- cional da sentença constitutiva ou dispositiva. 2° -
ticas. 1° 7 . -
11 Art. 289, CPC 1939: “Nenhum juiz poderá decidir novamente as
. 1' Ver, por todos, Cmrlm, Gnmovrzn Sa Dnvsmimco, Teoria Geral questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: II _ quando o juiz
cit., p. 270. tiver decidido de acordo com a eqüidade determinada relação entre as
14 Ver, de nossa autoria, Sentença Determinatlva Trabalhista, ln partes, e estas reclamaram a reconsideração por haver-se modificado
Rev. Tríb. Reg. Trab., 5.3 Região, Salvador, 1977, n. 4;.v., também, Teoria' o estado de fato".
Geral, clt. (Cnmu, Gnn~:ovsn.& Drmmànco). p. 237. Hi Art. *l'l1, CPC 1973: “Nenhum juiz decidirá novamente as ques-
45 Cirmlmmo, Poder Normativo da Justiça do Trabalho, in Temas iões já. decididas, relativas à mesma lide, salvo: I -- se, tratando-se de
de Direito do Trabalho, Rio de Janeiro, l97l:.Direito do Trabalho, Rio relação juridica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato
de Janeiro, 1979, ps. 222 e segs; -Coousxao Cosrn, Direito Judiciário do ou de direito; caso em que podera a parte pedir a revisão do que foi s
li
Trabalho, Rio de Janeiro, 1978, ps. 85 e segs., 97 e segs.: etc.
estatuido na sentença."
1° Assim nos maniíestàvamos, em Autoridade e Eficácia, clt. (ps. I
“_ Ver, por todos, AMARAL S/mros, Primeiras Linhas (1977) clt., |
7/8): "A_ sentença determinativa, que também se encontra no campo l
não penal, transita em julgado e assume a qualidade própria da coisa vol. 1.0, n. 136; Currais, Gamoven 8:. Drmusnco, Teoria Geral clt., n. 178; ‹
PARÁ Fruio, Estudos, cit., ps. 147 e segs. Como vimos, Censo Neves fala.
julgada; mas, em obediência à cláusula que contém, é suscetível de
revisão, nos casos expressamente autorizados em lei, exatamente por no caso, em sentença objetivamente complexa (Classificação, cit.).
obedecer ao comando emergente da sentença e à. cláusula rebus sic stan- :P ' Mais uma vez atente-se para a diversa terminologia de Cs‹;1.so
tibus nela contida." Ver também Teoria Geral, cit., 275. Nomesmo Neves que, por reservar o vocábulo “jurisdicional" à. atividade cognitiva,
sentido, a doutrina dominante: MAnom:s, Manuel cit., vol. 3.°, n. 695; e por considerar o elemento constitutivo da sentença como sendo de
ifuuluuu. Sàxrros, Primeiras Linhas cit., 1979, vol. 3.°, n. 743; Nevis, Con- natureza executiva, vislumbra nesse conteúdo constitutivo atividade
tribuição clt., ps. 482/3, etc. jurls-satisfativa (Classificação cit. e Contribuição cit., ps. 443 e segs).

867-4

\
36 An/. PELLEGÉINI GRINOVER

Finalmente, cumpre observar que a tese, desacolhida por


Lrssmau, de -que também a sentença declaratória. teria efeitos
-constitutivos, não encontrou eco na doutrina brasileira, ressal-
vadas algumas manifestações isoladas que poderiam ter alcance
-semelhante. 21 - ~ s _
§ 3.°. A AUTORIDADE DA COISA JULGADA COMO
l QUALIDADE -DA 'SENTENÇA E -DOS SEUS EFEITOS

1 i
SUMÁRIO: B. Eficácia ds. sentença e -coisa julgada. 9. A coisa julgada não é um
eleito da sentença. Resenha da doutrina. Teoria "processualietlca".
10. Teoria "materialística". 11. Teoria ^'normatlva". 12. Doutrina ita-
liana. 13. Uco Rocco. 14. Csnurlurrr. 15. Definição da coisa gulgads.
i ld. Limites objetivos e subjetivos. 17. Exceção de coisa julgada e ç.~tio
iudicati. 18. Função negativa da coisa julgada. 19. Coisa julgada formal
e substancial. 20. Coisa julgada e processo de execução.

_ 8. Exarnli-nadas assim asdificuldades lógicas e as inaceitá-


i
veis soluções práticas em que incorre a doutrina dominante,
pode-se passar a enfrentar em cheio o problema da posição que
se «deve dar à. autoridade da coisa julgada na teoria da sentença.
T
l.
¬.
‹`
' A lei confere efeitos à sentença. aindaantesgue pass: em jui-
gadp; mesmo prescindindo da possibi1idade_d_a_._execução provlsÓ_-
I
rjfia;-jgue o ,juinpode atribuirà sentença de primeira i›nstância,-
basta .pensar na eficácia executória que tem normalmente a sen- .‹ -_.‹¬ i.- _.-_.-_. _ .

-tença-não mais sujeita aos recursos ordinários. '> Mas deve dizer-se
o mesmo também para os outros efeitos que uma sentença pode
1
produzir, seja o declaratório, seja o constitutivo, que se devem e
E

- ADITAMENTOS ao i 3.°
1 No direito italiano concede-se, efetivamente, a execução provisó-
'\
21 Assim, Borstno na Masqrnn afirma: “Através da ação decla- ria, caso ,por caso, por parte do juiz que prolata a sentença -de primeira
-fi ratoria ~é feito valer um direito a segurança de uma concreta situação instância, quando é ela permitida pela lei. V. Cnrovi-mm, Instituições,
juridica favorável ao autor, ao qual corresponde o dever estatal deepro- vol. I, ps. 338 e 395,'e a nota neste último lugar, onde se realça a dife-
duzir um'-efeito juridico de natureza puramente DFOCESSUBL COHSÍSWUW rença entre o direito italiano e o brasileiro.
na vinculação do Estado, através de seus órgãos judiciários em qualquer b Verifica.-se o mesmo fato no direito brasileiro, no quai a sen-
i
processo futuro, à declaração favorável contida na sentença/'_(Da Ação tença pode executar-se enquanto pende o recurso extraordinário ou a
" Civil, São Paulo, 1973, p. 104). Observe-se, ainda, a vinculaçao de Bo- revista, que não suspendem a execução (art. 808, parag. único, do Cód.
'r1=;r.no.ng 'M1›:sQu1-ra ateoria concreta do direito de ação, e em especial de Proc. Civil brasileiro): pois a. sentença é ezecutória antes de ter ¬-. --«¬.-r.\-.»¬-. ¬_-z.-_

à teoria da Rechtschutaanspruch (op. cit.l. - passado em julgado, isto è, antes de ser definitiva. Não há nenhuma
z

I
|
l
38 Enrico Touro Lisawm Errcácm E Auroxmsm-: na -Ssnmnçii 39

conceber e subsistem de fato independentemente da sua maior ou independentemerite da -coisa julgada.. Mas a opinião dominante
menor definitividade. Deve-_se_reconhecer lpgicamente que gefeito é concorde em justificar 0 instituto por meio de considerações
declaratória ou constitutivo que uma,se_ntenç¿_p_ode produzir é práticas e de utilidade social; 2 e não convencem, certamente, as
coisa bem diversa da maior ou menor possibilidade defique ele, observações, embora vigorosas, do mais recente propugnador da
Ema vez produzido, possa ser contestado, infirmado ou revogado. opinião contrária. 3
,A incontestabiiidade é _11m_ carater logicamente nao neces§a_rio, Tanto. é isso verdade que há. exemplos de processos antigos
que pode conferir-se ao próprio, efeito sern__1iie_ modifiparúa su_a_ em que era a sentença indefinidamente recorríve1;4' e ainda
P ropria
. . natureza intima
. _ ' _ ~hoje,-' segundo o direito canõníco, as sentenças em matéria de
De igual modo se deve reconhecer que, efetivamente, em estado não -logram jamais a autoridade da coisa julgada. 5
direito italiano todos os efeitos da sentença se podem produ- Nãeëe PQ€1s›..Psi›...<ieY§§1ef ‹1.‹â..<1_i1.e..e.L.§.fi.‹=.ás=i.fz.1,.i.11.fis1.i.°.a ea
zir e se produzem ainda antes da sua passagem em julgado, P;mes.3s!a_¢iSiinsnir. de .asterifiledesda.¢.Qi$e¬ia1f
pois que seria estranho que isso valesse para efeito entre todos gada;_e¢nesse se_1'¿1¿i`Ci0s_gã;‹;§§i1;¢1m§:_rrt,e de açpiherppa distin_ç§p for-
o mais grave -- o executório _ e não valesse por seu turno mulada por CAaNr:LU'rrr entre imperatividadg__e imutabilidade
para os outros; e porque do art. 561 do Cód. de Proc. Civil ita- da sentença; 6 porque é esta imperativafe produz todos_,os,seus
liano se deduz a eficácia plena, também em relação a terceiro, 1 Oflxovmna, Saggi, II, p. 400. Princtpii, ps. 906-907; RED!-:N'l'1, Giudisio Civilc,
da sentença não mais sujeita aos recursos ordinários, -mas ainda cit., p. 38: ClmNn.u'rrr, Lezioni, IV. n. 393. Cfr. ainda Krrtsx-:N, Ailgemøine Stcatslchrc,
sujeita aos extraordinários (e não se trata, nem se pode tratar p. 300, que acusa os contraditores de Jusnaturallsmo.
0 Saber se é verdade - como escreve As-roxo Rocco, Trattato della cosa giudi-
de eficacia execvtória no sentido próprio, conquanto fale _a lei, cota, em Opera Giurídiche, vol. II, Roma, 1932, p. 205 e segs. _ que “o Juiz já. não
como sempre, de executoriedade). Alias, _a:jurisprudência admi- seria Juiz e a sua função não ƒudícante mas consultiua, se não fosse a sua decisão
obrigatória e irretrat.á.vel", é precisamente a questão; mas pode a sentença ser
tiu numerosas vezes que uma sentença_ pode lograr eficácia de- obrigatória ainda sem ser irretratável, e valer, enquanto não for modificada. Nem
glaratÓria,_ant_e§_de ter passado em jjmjgado. ' ___ "das normas fixas e lmutáveis da -lógica. judiciária" pode deduzir-se que as deci-
sões devam permanecer “firmes. imutavelse invioláveis como a própria verdade.
Para pensar diversamentg, jdieverfse-ia sustentar' que a_ coisa a própria razão. a própria Justiça". visto que, sem dúvida, mutável É-o conhe-
lp1_¿,f_ada_f_osse carater essencial e necessário da atividadeJuris- cimento e a íormuíação da verdade e da justiça. tanto que se considera a coisa
julgada, pelo contrário, como um limite imposto por exigências da vida ii indefinida
diçionai e, porta_lnÍo,_i¿i¿possi{¿e_l;_imaginar_ç¿_efeito daJsenteilça procure da verdade e da justiça. Não mais concludente é, por tim. considerar a
sentença como “palavra da lei”. porquanto pode ser precisamente a lei em todo
o tempo ah-rogada por uma lei posterior.
4 Cmovmvns, loc. cit.
1 Cir. Corte de Cass., da 22 de março de 1928 (Foro Italiano, 1928, I, p. 690);
aqui, além disso, deve considerar-se a hipótese freqüente da sentença executiva. f- Canon. 1903: “Nunqunm tfanseunt in rem. indicaram causas de statu perso-
mas não passada em lulgado, e qual, todavia, impede que com a oposiçñoa se possa narum; sed em duplici sententía con/ormi in his causis cortsequitur, ut ultertor
sustentar a inexistência do crédito, sobre o que, v. as minhas Opposizioni, cit., n. propositío non debeat odfnitti, nísí novis prolatis íisdemque gravíbus argumentis
118; A preciusao, ri que me socorri nestes cegos, tem o efeito negativo de evitar vel d.ocumeutís" (Nunca transitam em julgado as causas acerca do estado das pessoas;
que na levante contestação sobre a declaração ,contida na sentença, contestação que mas, havendo duplicidade de sentença conforme. a. oonseqiiencia é que não deva
-"'z._m _.o_mí,í_ .-<._ .,_- ._._
entre as partes é reservada ii segunda instancia (lltispendencia), mas o .efeito po- admitir-se ulterior pedido. senão quando oferecidos novos e graves argumentos ou
sitivo emana precisamente dessa declaração, embora não seja eia ainda definitiva. documentos). Cfr. Roasnr, De processibus, II. Roma, ¡926. p. 247. É supérfluo salientar
o interesse dessa norma para a. vigente lei italiana do matrlmonio. ~
° Lezioni, IV. n. 311; Riu. di Dir. Proc. Civita, 1928, II, p. 189; Funzione del
-razão válida para negar a aplicação desta regra a todos os outros efeitos processo del laooro, em Riu. di Dir. Proc. Civita, 1930. I, p. 109. n. 12 e segs. d. Muito
possiveis da sentença, além do executório. Pode-se dizer por isso que e duvidoso me parece, ao oontrário. que baste esta distinção para resolver a questão
a sentença eficaz já antes da sua passagem em julgado.
I. ‹I 'Acrescente-se: Sistema, cit., vol. I, p. 270 e segs.
. › = Embargos do executado.
il.
ii
Errczicu -z: AU-roi›.m.u›r: mi senmnça _4l
'40 Enaloo Tutuo Lteauaxr
feliz”qu_e todas, é a idéia de que adquira aquela eficácia, com a
e_feitos_ainda antes e_i_r_idepend_en_ternente dofato da sua -passa- passagem em julšudoiduauseuteuçš, urní particular direçãodéfi-
°-® W. ¡iIw\W..,ö_ caminhada aos juizes que, em qualquer processo futuro s_o_l;re
o -mesmo _oi3jeto,›estariam_ adstritosÍulÍgzarl_çl_e;igual modo. 9
9. Da premissa há. pouco enunciado. deriva uma só e neces- Não parece, na verdade, que se possa duvidar de que. a de-
sária conseqüência: a autoridade da coisa. julggdanão é efeito claração e a formulação da vontade concreta da lei é objetiva-
da sentenca, como postula a doutrina unânime, Í' mas, sim, modo mente, e por sua natureza, sempre a mesma coisa, seja ou não
-iJ- -demanifestar-se
- a_1goiq_ue_a
~¬ e produzir~se dos efeitos da própria sentença,
esses efeitos se ajuntaépara qualifica-lose reforça-los
conte-stá.v.e1, tenha por destinatário um ou outro sujeito; não há
-uma declaração que se dirija a uma pessoa, d,eTpreferência_ a
`..
em sentido bem dc_tc1ÍI!1ÍI18-Sl.o. outra determinada, e nen1,me§_m'o tantas declarações quantas
Í/ Caem todas as definições correntes no erro de substituir são as pessoas obrigadas_a_§_Íuíeitar-se a elas, so atodque,
uma qualidade dos efeitos da sentença por um efeito seu autô- e¿nanad_o__do óggãouao qualconfiou a 1ei_9_pgde_r___de-_d_izer sobš-
,›'nomo, ` ranamente e cornuvalor normativo qual seja, em casu,:a sua
L' Assim, quando HELLWIG - como já se viu --define a coisa ,vontade__-coriçre¬ta,_tem eficácia igual e não diíerenciz§.v_el__p_ara
julgada comdo efeito específicoppda sentençaune ,já _nãoWsej_a t_odos_po â._rÍ1bifif§!du_ordename_1_1_toÍjugidico. Também os juízes lhe
recorrivel e mais precisarnenteñcomo a eficácia declaratória_da estão sujeitos; não, porém, de modo diverso de qualquer outro, .e
seinteuqafi {c_5›;ri_`f_1u.p@e;uQs,ta,n¿,‹;_r_1`tg_›o efeito normal d_a_ sentença de todo em todo independentemente da -coisa julgada; acontece
¢°!M~ defle eàvédfiãls52.;a‹â9a§e§tâb11i‹1fldâ_‹ieSfi= efêiteüidêsê m- apenas que, estando sempre e sem limitação investidos do poder
jurisdicional dentro da esfera da própria competência, poderiam
' Citações particulares são, por ora. supérfiuas. visto serem unânimes a esse
reapeito ae opinioes (com ressalva de quanto se dtnà depois no n. 11). Lembrar-se-iio.
-- malgrado a obrigatoriedade da precedente declaração _
passo a passo. no t‹exto.a1gumaa definições mais importantes. V.. contudo. uma exata pronunciar em processo novo uma segunda sentença eventual-
intuiflo em Saiu, Eƒletti recondori delle sentenze, em Riu. di Dir. Proc. -Civíie,
im. 1. zõonøu 2. _ ` ` mente contraditória. Para evita-lo -serve a coisaZ__iulgada,ip'gla
' I _Íteehtskrazt, cit., p. 'l e segs., e System, I, p. 172, e os outros citados acima.
° Sobre o vinculo -dos Juizes insistiu especialmente Stern, Bindende Kƒraƒt der
ríchierlicrien Entsclieidungeu, 1891. P. 5 0 segs., ao passo que I«In.|.w¡c foi zo primeiro
para a quai se formulou. isto é, a da sentença sujeita a recurso, visto que, assim que so baseou fundamentalmente na "incont»estab1lldade_" da declaração que da-
i como para 'O efeito etecutório que pertence ope legis tão-só a decisão não mais re-
quele vinculo deriva (Reciitalrro/t, p. 12); nestes dois aspectos inseparáveis de um
corrlvci- com os remedios ordinários, também geralmente para todo a forma de
único efeito resldiria a essência da autoridade da coisa julgada -(Srcm, Komm.,
eficácia da sentença, é um simples problema de conveniência que o direito posi- § 322. II, p. 2; Hnctwm, System. I. p. 776 o legs.). Nisto consiste n “teoria pro-
tivo pode resolver de modo vário. o que diz respeito ao momento do processo em
cessual" da coisa julgada, que se pode dizer -hoje dominante na Alemanha (espe-
que começa a sentença a produzir efeitos. Assim se clnde a questão em tantas
cialmente Lzur, Hana, Gocoscflmmr, Roscuocnc, Bürr¶ic1¬u=n)._ Accnos a este vinculo
'quantos são os recursos previstos em ici; e aquela que diz respeito à sentença de dos juizes se encontram ainda em todos os escritores italianos; adere explicitamente
primeira instancia ainda sujeita aos recursos ordinários, para a qual foi especial-
ii teoria "processualiatlca" Sm-ra, Fremeue gene:-ali, em Riu. di Dir. Proc. Cívíle,
mente formulada a.teoria da situação Juridica (Cr-rrovnumi, Pflncipíi, p. 952; Ms-
cit., p. 351. em nota. Justamente contrários à sobrevivência do direito "efetivo",
Nls-ruru, Riu. di Dir. Proc. Giulia, 2928, p. 202: e também Guauauoam, Cassczione
silo. porém. Cmovrunà, Principii, ps. 18 9 910. e Bconurr, Giudizío Cívilc, cit., ps. 36-31.
clviic. II. p. 191 e segs. Ainda corte de Cass., de 27 de mino de 1932, Foro ílaliflvw.
Resultados aproximado: desta mais el 0 equilibrada posição da doutrina italiana
1933, I. p. dis; cfr. Amaarou, Recenti indirizzí della glurisprudenza, em Riu. di Dir.
Proc. Ciuiie, 1984. I, p. 305; Ap. de Palermo. de 24 de novembro de 1933, em Circolo em Bmnzn, Prozcss und Recht, i92'l, p. 310 e segs., mas com motivação induatriosa
Giuridico, 1934. fase. II, com nota. de Lnuun). deve ser estudada com referencia 6 o em conexão com uma teoria geral assaz diseutivei. Tentativa de conciliação é a
natureza da instância de ap_elação`e do principio do duplo grau. tal como são re- do saum, Grundiagcn des Prozeasrechts, 21 ed.. 1929, p. 235 e segs., e I-'estgabc
gulados em direito italiano positivo. V. por último sobre o argumento. Safra, Riu. Schmidt, Stral-u. Process-recht, Leipzig, 1932, p. 308 e segs., o qual vê nn. coisa
Hal. di Dir. Pcmlfe, 1934, I, p. wie julgada. uma força constitutiva 'do direito processual, o que me parece um resultado
pouco conciudente c contraditório. _
° V. ainda sobre o argumento, adiante, neste volume, p. 118.

i i
i
i
42 Emuco TUr_›r.Io LIEBMAN -
Errcéicu s Auroiumios n.-1 Sentença 43

qual dispõe ga lei que9 efeito produzido por uma s,eni.cngça:}ie1'-


entar-se-ia particularmente essa forma de eficácia da coisa jul-
maneça_ irrevogav,elHLi!;Í1Íiš;êe0z£1Jli1Iid.o~
gada. no caso de sentença injusta, que daria vida a um direito
1Vlas_isso não ef- o que se deve põr 'bemwclaro desde j_á_- inexistente ou extinguiria o antes existente. . r
um efeito diverso evdistinto,_p_orém.`.tão-só uma q_t_1alidade__do Mas a -concepção moderna da função do processo contra_di_z_
próprio efeito. -
qiaramentejssagteoria,_porque _- salvo os casos em que a lei
E as considerações explanadas no §i2.”, convencem -de que confere ao juíz o poder de modificar co'm a sentença (que, por
de igual modo funciona a coisa julgada com referência aos isso, nestes casos é constitutiva) o estado preexistente das rela-
outros -.efeitos da sentença, diversos da declaração, que errada- ções juridicas substanciais - o proces§o_não¬p_rod¬uz_e_i1_äD..cLia_
mente estiveram até agora descurados na teoria da coisa jul- o direito, não constitui 9 não modifica as relações j;¿ridicas__su_b_s¿
gada. › - ' tanciais das partes,(g¿a;¿sç¿mente_as d‹;çlara_e_¿2_$j-Alê; E 3 BVGH'
Foi somente esta estranha idéia da coisa julgada como vin- tual modificação que se produz, em caso de erro do juiz, sobre a
c_uIo dos juízes que pôde fazer sustentar que a sentença e a coisa situação preexistente, não a quer nem a considera como tal 0
julgada valessem só num futuro *processo civil W e não n'‹1S mil direito, nem pode servir para definir a essência de um instituto
outras contingências da vida, em que pode ser necessário co- jurídico; visto que, ainda nessa infeliz hipótese, juridicamente
nhecer como é regulada pela lei determinada relação. E é sempre é vontade da lei o que o juiz afirrnaser a 'vontade da lei, pois
essa mesma id-éia que faz crer que os efeitos da declaração não que, em outros termos, “preexiste ao processo a vontade da lei
se produzem diretamente, mas só como reflexo da impossibili- de ser interpretada e aplicadaipelo juiz". 12 ~
dade de que decida um juiz de modo diferente- e criando assim Não tem,_pois, a sentença -a p1~esumida`eflcacia juiiciico-
um_`,abismo entre coisa julgada (vinculo dos juízes) e a efetiva -material naPqual residiría a coisa julgada,_seg_ui1;i_.o_e_,ss,es es_ç,r_i_-
situação_juridica__substancia1 - a qual,_por sua__v_e¿,_permane- -tores_ ~
ceria intacta --_ alimenta aqpela interminável polêmica entre
Todavia, as coisas ditas até aqui induzem a fazer uma obser-
_teoria “materiaiís~tica"_e_;'processualisticaz' da coisajglgada que.,
vaçao sobre os próprios termos em que se disputou a polêmica
na propria impossibilidade de resolvgljz-SF» dfinuflcía ÊÊU ÚBÍCÉÍU
na doutrina germânica: é que a questão foi mal proposta, o que
inicial de formulacšio.
explica. por -que tantos poiemistas dos mais valentes tenham lu-
10. As coisas vão ainda pior no campo oposto da famosa tado com todas as armas sem chegar a resultado algum persua-
polêmica. Os defenso_res_,da teoria “materialistica” vêem na coisa;
sivo. Realmente, ogproblema de saber se a declaração contida
julgada a criação de um novo fundqrnento s_u1J51;.a.n_C ialii
z decla-_
U CI::o\'LNnn. Suggi. I. p. 90; Priucipíi, ps. 19, 115 e 910. Cfr. ainda 0 que ¢5¢|-eu
rada existênciaouƒinexistência da relação deduzida em juizo, acerca do argumento em Riu. di Dir. Proc. Ciuilc, 1932. 273 e segs.
uma causa por si só, _de__constituicãÓ ou_d_e c_›_c_tir¿_çag_de1a. " Sali-
N por Neuncu, Zeítschriƒt Ziviiprozess. vol. 54. 1829. p. 2i'i'_ Extensas refutziçóes podem
ve:-se em Iimu, Festsrzliungswírkung, cit., p. 115 e segs.: Lmr, Gesetces-i.'o:rl;urren:,
N Hr;r.1.wxc, System, I, p. 183; Gonnscnuror, Zíviiprozessrecht, p. 205, com maior
II, p. 165 e segs., 1916; Gomscuuinr, Zíuílprozcssrecht, p. 206;_Ros1:NB|:uc, Leiirbucir,
lnrgueza. Os inconveniemes desse resultado explicam a. teiitutlvfl, de testo não
muito afortunada, de Kuflmzn, Urteiis-wírkungcn ausserhalb das Ziviiprozesscs, Mo- ll- 518. Posição lndependenu: assumiu Knuuxlurun, em Zeitschrí/t Zívilprozrss. vol. 46,
naco. 191€, de alnrgmz com pacientisima pesquisa, caso por caso. o âmbito de eficácia P- 371. VOL 47. D. 1. vai. 48. p. 1. 1917-1920, o qual vê na coisa jplgada u atribuição
:in sentença. . de uma espécie de posse ou de aparencia dos direitos, uma "aut.orlzaçâo" ou uma
"Iegi¡imnç.'ro" ao vencedor; mas esta opiniiio, na medida em que difere du oulra,
Y " Esta tendência, já sustentada por Wscfl, KQHLER. SCHMWT. É fiefflfldiílë 059€-
cialmcme por Pncr.us-rzcu-rui, Zur Lehre von def materioiien Rechtakraƒt, Berlim, uso fez mais que coniplicar as coisas. porque. deslocando 0 valor da coisa julgada
1905. e em iuúzneroa escritos sucessivos. ultimamente em Prozess-problema, II, 1530. e cia pertinência ao simples exercicio dos direitos, reproduz aquele dualismo que n
teoria "mazermlística" queria evitar.
Eficácia E Avroarminr na srewrizuçi 45
44 Eumco Turno Lmmâu
(Çeitungsdcuer) da norma concrete._c_ontida na_decisão_j11dicial._
numasentença (somentasobre aquelra_se_discute)_ap¿-esenta' efi- Ora, segundo esse autor, uma normajurídica é essencialmente
cácia modificativa, «e não mera.me_nte_d§c1ar9¿2Â1a.,da.s4f,elaç_Ões imutável no._t_e_moo e somente disposição egrpressa pode introdu-
jurídicas subs-tanciçais,._na_da tem._queveI;,_,p11o,pr_iamente,,comia .zir a força_derrogat_.§_1;ia_do_ac_tus,cpntz'qQ1§. E visto comb, deppg
çoi;a_julgagia,*constitiiiriúohpeloerúntràriqaqllestáo,_muit0Lma_i.s do decurso,dogprazosçderecurso,_pão _pr_ey_ê_a_1ei a_pp_ssit;i_l_idade
.serei Lefle-vQSição,e_‹1e..d¢Stinasð 11° vr0.¢eês°l.¢ra_âua.ii1açe.0 de_mçudai;ça§,fcaracteristica da coisa julgada. -- -
essencial e_c9_nstani;e er;i¿ace_da lei eÍno__ordep_g¿1__i,e`1_i_t¿;›__j¿irídico.
-Com a' solução que-ser der a essa questão (guelioje naçltalia não ësimplicidade daç§oluç§_o__g'¿,¿ioç_caso, um índice da sua_íra-
,é objeto_de dúvida)_.serÍá._iá.cil determinar _a naturezagdos :efeitos g_i_1_e_zg.. E falso, na realidade, oçponto de_partida:d_a_naturaljrnu-
da sentençapsobre estes, depgisç quaisque1;__qu_e_sejaçm, opçerazra
1 @,b_ilidade d_a_normaZjuridica,,,eJerdadeira_é exatamen_t_e_a 'aL'iÊir-
maçáo contrária¿_§_a É imutável enquanto não seja mudada ou
.a .cQiSa_i11.eflda._p.arfl;ts›má-105 i1m1fiá!sis.MaS a_.e9i.Sfl___l9lees1e. ab-rogada. O órgão a que se cutorgou o poder de píõdušir urria
por si §_t';,_não__é_nem "processualfi nem__'fmaterial_".
norma juridica não o exaure com o fato -e no momento depro-
_ i . '
11. I'osição"de_ todo eng todo nova e_in__d¿:pe11_dç-.pç_t‹_~:ç assumiu duzi-la, antes, pelo contrário, conserva-o dntacto no tempo até
novíssima corrente dadoutrina alemã. qileleniifi 21 .d€S,19Cflr Hz que uma força 'superior o tolha. necessidades incoerciveis
cojsa jplgada dos efeitos_d_a_çs_entença para .a_sua va_l_idade._ 1? da vida e_da *hisi:§ri:a;,¿;ue prosseguemgeo curso semi jamais pa-
l Expondo em primeiro plano a. já velha concepção da sen- rar,irnpõemnàzísggdadesempre novos problemas, *que esta .dele
tença como lex speciaiis, tenta-se, a bem dizer, solucionar eo pro- resolver do modo que se mostre, de vez em vez maiíoportuno
77? 7 *W 7771. 4: Í ,

blema. da coisa julgada na sua qualidade de norma jurídica con- ‹e adequçaçloà. realidade do seu tempo._
creta, em seu valor plenamente .equivalente ao do direito objeti- E ainda menos se pode reconhecer a Msruu. o haver expli-
vo. Muito embora ainda não seja o resultado assim alcançado cado o que sejazcoisa julgada, porque deixouflde considerar o ver-
absolutamente decisivo, pois a imutabilidade, 'conforme o modo dadeiro problema da coisa_julgada¿:jue não cqnsi_ste na__possiÍ
de entender geral, não é caráter da norma j urídica, Mrziuu., que
®bilidade_ maior ou menor da reforma da sentença, mas na even-
desenvolveu a sua doutrina na conhecida concepção hierárqui-
tualidadede uma segunda sentença sobre ofimesmo objeto; ora,
ca do ordenamento juridico e das fontes de produção do direito,
própria da escola publicística vienense, deu um passo à frente e a prolação de uma sentença diferente, sem infirmar diretamen-
localizou ao coisa julgada como_prob1ema_da duração de ƒvalidadçe te a validade da primeira sentença, faria, contudo, surgir pro-
priamente aquele conflito que a. coisa julgada está destinada a
H Nizan., Die Lehre von der Rechtskmƒt, 1923. p. 166 e segs. A coisa julgada excluir, -conflito que de qualquer modo o direito positivo italia-
‹Rechts¡:raIt) nto 6, portanto, um instituto peculiar ao processo. mas "a qualidade no resolve a favor da segunda sentença (arg. ex. arts. 494, n. 5,
de todas as normas juridica.: de que valham imutavelmente. fora a possibilidade
de _rnuduuça.s estabelecidas pelo direito positivo" ip. 241). Ver-se-ao rnais adiante
e 517, n. 8, do Cód. -de Proc. Civil italiano). H
os desenvolvimentos desta doutrina. '
Muito aproximada e, neste ponto. a tese recentemente sustentada por Esrosrro, Ainda_m_ais_rBǧ_11te_ê A tentativa de Bacr-iMAi¶çN, de conside-
Vaiiditd delle icggi, cit., p. 16. e segundo o qual "a lei posterior revoga a anterior... l;a_r;a .c_Qisaujulgfif1í1zeC0.mo. norma jurídica concreta queçisubs-
porque cadalei contem iniplíeitaue uma condição resolutiva com efeito ez num:
da sua eficácia e validade". Has ninguém poderá admitir jamais que. por exemplo. tituipig, aí abst_ra_tainoçre_gular”a_ re_la.çã.o controvertida; com refe-
uma iei, pelo só fato de que se autoproclame imutável. não possa ser. depois. rência ao caso concreto decidido, pois, já nao seria possivel mvo
revogada; e isto. ainda que náo existisse o art. 5° das disposições preliminares do
Cód. Civil italiano. f
" Conforme Crnovtrtna, Principii, p. 900.
I Art. 2.0 da Lei de Introduçâoao Cód. Civil brasileiro.

1
1 '45 Emuco T1n.Lio Lil-:Bizmiv . Erxczicm E .fliuroarmna na Sznrsnçn 47

car a norma abstrata aplicada, que teria, para o -caso particular, 1 julgada “a afirmação indiscutível e obrigatória para os juizes
cassado de vigorar. ii de todos os processos f_ut_urgs_, de iima *vontade conciíta dazlëš
Todavia, qualquer que seja a analogia entre essa -concep- a,qual reconhece ou nega um bem da vida a uma das partes": 1°
ção"e`o resultado prático, a'tese não resiste juridicamente à cri- dai vêm aÍ_orm_ar o conceito da Eoisafjlulgaíaloçonteudo da sen-
l
i tica, porque o -caso decidido não cessa de ter como fonte formal, _t_erica_(gz`r1nação de uma vontade da lei)_, o seu efeito__(ob1;_igg_À
-que o regula, a norma abstrata aplicada pelo juiz, mesmo por- I
.F
tg;'i¿zgg¿iTe) e_-p_Qr_f_iri_i__u1na qualidade_deste_Q,zz¿1¿sgyti@¿dade)_
que, de-qualquer modo, a ab-rogação da norma seria inconcilia- 'Dão lugar a observações análogas as definições de Awneoo
vel com o fato de que a sentença vale como aplicação da própria Rocco, de Rsnrm-1 e de Barrr: íala_o primeiro da “eficácia obri-
norma.
'.‹- _- _ '
~_ . . `,.. . ,..-....z. . . ; .,,
gatória da-sentença em relação a outro processo"; 1° o segundo,
de um vinculo dos órgaos jurisdicionais, que devem ter por ver
12. A doutrina italianapzpnservanag-se,_ afastada_d0_s-,er dadeira` a maneira como -foi regulada a relação pelo julgado 2° _
cessos lógic9S _Ç1&je_rmânica, ressentefse, todavia, tambem ela. concedendo talvez valor excessivo ao caráter de presunção que
do deíeitgfundflmfifltfll f1€ä_C°n$Íde1`9~r 9:_F*lÍ3aÍ“1gadaz°°m° efeito 1 a coisa julgada recebeu do Código; o terceiro, finalmente, de
da sentença; propriamente corno a certezapue -ela produz. “força vinculante" e de “valor normativo" do provimento para
Assim, por exemplo, para CHI0V§1°š_1!& 3 CQÍÊEF Íulãada °°n§Í§" o juiz de um -futuro processo sobre o mesmo objeto. 21
te “na indiscutibilidade da existência da vontade concreta da Denunciam todas essas definições, na mesma -falta de pers-
lei afirmada na sentença”. 1° Ora, esta d0fiIli¢ã0 0011Í'›ëm IIIPÍÊQ picácia, a j_u_nçao de dois _e_le_mentos_l3eterQgen_eo_s confusos e am
de verdade, mas_é enfraquecidapela explicação que dela se dá mgios num_únic_o_conceitn;_de_tal ,modo_qne_a__intu_içãp_da_v_g-
pouco Ídepois,:‹u1,and_o eserev_e_e1¢;9\1°_9 ÚGGUISO GOS DTHZOSJLE dade não se entremostra¬por causa_da tradiçãofm a,ppe
crscursccicrnaiiââinítiva Heflfiflflçfl E im I-l€9!Êm que "a declaffi' não_p;e_r_r_nite distinguir duas_;coi_sas_bem__divers;a§,¿zomQ são__a'
ção da vontade da lei,gueiela contérn, vem* a serjndiscutivel e êficáçia ea .a,u§9ríd=gdce.da§§nten9fl‹
obrigatória para ojuiz em qualquerjrocesso Íuturo_".ç_1T'[ E8132;
×ú1täma_fórmula:limita .c.om_efeito a coisa jplçgëldë Ê- fíefiíflffi-ÇÊQ i 13. e Da falta, na -sentença moderna, da força criadora do
c0ntida_çna_sentença e a identifica, não só co_m 3 ífldíficflfibílí' direito, própria do iudicatum do processo romano clássico, deri-
dade, mas tambem-comi; obriga?-013¢f!flde_¢_Í?« dB01ê1`3$flQzP0 Pa55°_ va a'insu_ficiència da definição da coisa julgada como "causa de
que o ›q_ue_já.§e disse mostra s__egura_m;enteçcomo a obrigatprie- I extinção do direito de ação de conhecimento” 12 A autoridade da
,dade, nãó_da_ç_declaração somente_L mas tambem de toda a cie- ‹;_oisa-juJ_g_a_‹.1a não impede somente a reprodução da_ ação, rn_as
c_isã_o_,_é pi-opriamente o efeito da sentônça. 6 C01110 95116 Se PW'
duz, independentemente, da indiscutibilidade e da_~coisa julgada® -1 Ixliluzinni, I, p. JH.
1' Aurneoo Rocco, Scntenza Ciuiie. ps. 36 e 155-167.
eíníio vincula aos_juizes mais do que a qualquer OUÉFO S'-lj_l'=,ͬ¡30- *' Rznrznri, Gíudieio -Ciuíiz, cit., p. 36.
Substancialmente análoga à explanada anteriormente é a ' =I Burn, Coso gíudicalcrc rayione /alto valer: in gíudizío, em Riu. di Dir. Com-
rnins_recgn1BJll9_fing;ão_d§_Ca10vENDA;_S§gLlndo esta,_ seria,çQ90153 _mcrciu!e, l929, I. p. 5-15.Heza assim a definição: a coisa julgada é a “torço vinculam:
que' 0 provimento Jurisdicional produz, quando decide irrevogavelmente acerca da
subsistência da pretensão feita valer em juizo. Consiste ela no valor normativo true
1' Bacrnurm, Da: rechukrácƒtige Zivüufteil ai.: konkrete Rooms-norm mit be; assume tal decisão, como regra indiscutível para as' partes nas relações entre' si _e
|
schracnkter Bechngellung, Manuheim, 1931, pauim- mino critério obrigatório para o juiz em qualquer processo futuro sobre 0 mesmo
H Frincipií, p. 906. -Que ela é um efeito da sentença, toi afirmado expressamente l objeto”.
az pe. rm e sui. ` É '-" Uso Rocco, L'uui'on'tà della cosa oíudicafa c i .suoi limit! aoggciiui, p. 359.
` " Op. cit., p. iui. - Cir. acima, ; !~.'. _
48 Emuco 'I'tn.1.1o Lzrsmim Ericácui E Avroninnnz os SENTENÇA 49

-ain,da_çqualquer_juizo diferente sopre a mesma,_relação,_emboiia


cáciazna-tural e constante, independente da sua deƒinitividade
s¿mplesmente'_de_d¿1;ida _em_proc‹_=;sso, ,noy_o_gor ovia_me_r,a¡mente
e própria da decisão judicial, na sua qualidade de ato ditado pela
prejudicial.
autoridade do Estado, se bem que sujeito a ser reformado, mu-
dado e contraditado por outro ato da mesma autoridade. Tanto
14. Observações semelhantes às já. feitas à formulação
é verdade que, se a -sentença é certamente imperativa, ainda
comum devem ser feitas também à de CAnNELu'_¿r_¿ Prescindin-
quando está sujeita a reforma, isso não impede, porém, que em
do naturalmente aqui da função que ele dá. ao processo de inte- tal hipótese outra sentença possa, de lato _- malgrado o obstá-
grar a norma. da lei, por isso que a transforma em comando con-
culo da litispendência --, decidir de modo diferente, sem incorrer
cr_eto,_e da aproximação que faz da sentença a uma lex specia- por isso na violação da-coisa julgada; e, de fato a lei considera
Iis, convém, antes de tudo, lembrar cornojesolye oçproblema da vioiagfão dacoisa julgada, e_ por_‹;onseqí_ien_ci_a motivo de revo-
coisa_j_u1gada em d9is_pr_o_b1emas dist,in,'¿os,,o___de¿ eficacia e o da
gaçao ou de_,cassaçao,__s9ri;e_n,te a contraried,ad_e_da sentença a,
imutabilid_ade da sent_‹¿1f_iê2.: a prim_eira,3ue consiste na sua im- umacutra sentenca__precede_nte:pa.ssada_,e¬m_Jjtilga5iof' (arts. 494,
'peratividade,ñéèpgipriamente a autoridade daícoisa julgada* (ou, n. 5, e 517, n. 8, do Cód. de Proc. Civil italiano). A autoridade
/como ainda sede,seeds,1ú1ggga_subswnciaiz a szgundaígiia da coisa jul_ga_da;,_porém, nã_o_consis_te_ Qrnpouco na, imiitabili-
que comumente se chama, coisaéjplgada,_fo1;rnal¿z;consige_¿3a¿)re-
dade da sen_tenç_a_,__a,qi¿al¿i_gnificasomenteqâreclusão `dos_r_ecur-
c1usão*fdos__r=e¿:;i_irsos. 23 §g§, 25 isto é, "proibiç_ão a qualquer juiz de instância superior de
zIemyémznessacteorialflflrfirficfl a soâtumade.ideat§i‹;aç,ã,° decidir a lide já decidida”; 27 e protege, conseqüentemente, a
jr¶gada e eficácia da sentença, e isso_é_ no_seu,§:istem_a sentença na sua existência meramente formal de ato, que ela
ain‹La_iifaeais§tifi¢fi‹1Q..p¢_1Q__tatQ_i_§¿=mbf&d°¬de fl9§_Ç^BNfl- torna não mais recorrivel no decurso do mesmo processo, dian-
corri sustenta_Le_ç_om razão)_que_a_sentenç_a é ef_i_ça5¿‹1inda antes te de um juiz de instância superior, e por isso não mais exposto
deserdmnisve1_se¬§inhoraêi1.¬L‹âi£a.a.1ssfl¿S°-“' E de fato. levado ao perigo de ser anulado ou reformado.
pela lógica de suas premissas, concluique "julgado material e Ambas essas noções, suscetíveis, de rest-o,_ de se encontrar
iulgado formal nãoisão duas faces, mas du§s_fases do julgado, em maior ou menor medida em todos os atos do Estado, escapam
F de_modo que a ímpera_ti3idade_se_pode ter,sem_a_bill ' 'dade ao verdadeiro problema da coisa julgada, característico e único
_e antes desta”, 2° o que quer dizer, em outras palavras, que a au- da atividade jurisdicional: o de que possa um outro ato da mes-
toLidade_da_coisg_dlgaçla,subsistiria sem zr passagen1_gm ju_1gado ma autoridade reexaminar o caso já decidido e julgar de modo
da.sedtenç.a;1°.eSultado_parao@x_fidšqiie_se_ re§9l_\¿ç_e|:n_c9Iitrfl§i§ã0 diferente, sem infirmar assim a validade do ato precedente, mas
nos; termos. . criando um conflito entre as duas decisoes, -com todos os bem
` A verdade é que ness¿_teoriJ. se dilui e desaparece simples- conhecidos inconvenientes que dai promanam.
mente a nocäo da antoridade da coisa julgada; ela não pode con- me-4-As
Osescritores considerados nos númerosprecedentesdefinem
sistir realmente na imperatividade da sentença, que é a sua efi- a autoridade da coisa julgada como a eficácia da sentença; de-
-_. -_. -1-¶._ _
_fine,__rpr,_sua,vez, C,am~mr.u~rr1,;_a _e_ficácia da sentença c_o_r_no__a au-
=_-Lezlonl, clt.. IV, ns, 381 e 393; Funzíone de! processo dci lavoro ‹Riu. di Dir.

Proc. Ciuile, 1930. I, p. 109), ri. 12 e segs.v ` toridade da coisa, julgada; apesar da inversão do_carninho
I' Op. clv... n. Sil. Cir., acima, n. 8.
I gico e d9;s__i¿ç;r¿nos,u_s§dos,_o e_rr_o_é_sernpr,e_o._1_nesmo.
=f- Funeíonz, n. 15.
1* ' Lezioní, IV. n. 393.
v Sistema, I, p. 270 e seg.
='=. Funzfonc, ri. H.
1

50 Eumcx) TULLI0.Ln›:suz\N Errczicrr. 'E AUTORIDAUE DA Semcflçn 51

Sustenta__CAruvEL_Ur'r1 que, quando se tenha alcançado a `¿§_¿f¿ic_áci_a ciaçsentenca clevc,_ lóçgica_;-_pr_a_t;i_c¿u1ie_1),t._›:z_di_s_tlu-


iíni-itapiliçiade da senterga, no sentido em que ele_aente_i1gi5;,_est_á _guir¿seda_;su§,_Ê11L1Lël_bÂidade. Aquela pode definir-se generica-
o¿prob1en_¿a cornp1el¿amen_l:¿e,,resolvic_iÍo, e não dá._a~t§_rLQä!J 2.1._;(l!_1.$;- mente como um comando, quer tenha o fim de declarar, .quer
fllsmzda possivel alaffliíäëífie fls_.referrerss-1iQ:‹z_u¿sp_âo.ne@r11_‹z tenha .o de constituir ou modificar -ou determinar uma relação
P'°¢<=~'fS°z 2. ¢1L1@J>_Õ£...f1m41. cha11ad9_.i.L1laar1o.forrca1_._‹.preclusão juridica. Nem se quer com isso resolver aqui o problema geral
dos 1"90111'S05 s,§=l1.jgB_¬a_P_0.§¿íY¿1__p¿111;1§_íd0¿de. c_1e_ pr:oces<'os:sc›_b_rf_e;o
-1-_*
i
l
da natureza volitiva ou intelectiva da atividade do juiz, ou da
mesmo OÕí.%#2r..<ia9¬¢â1£.‹.t<=a2ê0u,‹is,leva1;§in.cpnta. ` qualidade mais ou menos autônoma do comando. A sentença
Deve a autoridade da coisa julgada consistir numa pro- -vale como comando, pelomenos no sentido de que contém a for-
teção da sentença em sua eficácia juridica, ainda contra estou- mulação autoritativa duma vontade de conteúdo imperativo; e
tro e mais grave perigo. -basta isso para que se possa falar, ao menos do ,ponto de vista
formal, do comando que nasce da sentença.
15. O exame critico das várias definições, dadas pelos es- admitir possa negar a coisa julgada seja um efeito da sentença, quem
CÚÊDFES. da autoridade da coisa julgada, facilita agora a tarefa precisamentr. na imutabilidade da decisão define a coisa julgada?"
de concluir. ^ ` Mas a suposta contradição é inexistente, já que a "imutabilidade"
não indica nem, pode significar senão ,puma qualidade. Ser uma___coisa
_*'_ O conceito da coisa julgada. que neste capitulo alcança sua ex- imu_tá.ve_l;ê justamente uma qualidade dessa co.IS.a,_c9mo_ s§_r__l_›_rança,
posiçao principal, foi claramente resumido por GUn.m:mue Esrmrrà, Da ou boa, ou durável. Por isso, se o fim do processo é, segundo as próprias
coisa julgada, Rio de Janeiro, 1936. p. 95 e segs., e foi acolhido por Mr- 1 palavras de Esrerrrâ, focar uma relação juridica, é a coisa julgada uma
cusz. Se/mas Fàcunmzs, O Controle dos Atos Administrativos pelo Poder I qualidade sua, porque consiste no caráter imutável ou indiscutível dessa
Judiciario, Rio de Janeiro, 1941. ps. 68-69. por Penso Bnrrsrfl l\'li\u'rms fixação. Em, outros termos, a_c_oi_sa julgada não exprime__1_1_m_e.f_elt.o_a.u;
nos_C'omcnt‹irz'os, cit., vol. III, p. 301 e segs., c por Luis Mac:-mao Gm- tónomo e sim somenteagua]idaded_e__perrnanecere,rn_os_gf1gtQs¿i¿ sen-
iuanãi-:s, Comentários ao Código de Processo Civil, ed. Revista Forense, tenç*a*in1utá.veis_no> temÍ)¬É_Í_l)e igual modo, se a fšnalidade da construção
vol. IV, p. 21. _ z de-um arranha-céu ou de uma casa de cimento armado é levantar respec-
tivamente um edificio muito alto ou muito sólido, não são, em rigor, a
Em Portugal. foi em grandefparte também aceito pelo Prof. Piloto
altura ou a solidez o efeito, mas somente uma qualidade do resultado
Guam, em seu curso de lições ao 3.° e 4.° anos jurídicos - 1935-1936 e
lS_J36-1.937 Ícomo deduzo do artigo que cito a seguir) _ e amplamente dessa atividade. « «
discutido por Antônio Josi: Biumnño, Caso julgado e preciusâo, em Ora, é de mister considerar que .o efeito que a sentença se pro-
põe a produzir, tem uma força vinculante cuja intensidade não se pode
O Direito, ano 69. 11,290. e ano 70. p. 98 e segs.. 1931-1938, Lisboa.
em abstrato determinar: ë a lei que lha atribui na medida corresponden-
__As objeções que me opuseram, quando este livro foi publicado li935|, te as finalidades que ela pretende alcançar. Veremos logo que isso =se da
respondi no artigo reproduzido neste volume. adiante, às p. 159 e segs. de modo diverso conforme os momentos do processo em que a consi-
-Gvmmzmvie Es-reLrr.‹, embora achando "curiosa" a distinção entre derarmos. Dei o nome de eficácia naturaljg, da§_entg_n,ç_¿,_ai_ri‹da_n_ã_o_p_as-
-efeitos e qualidades da sentença e “sedutora na sua simplicidade" a -sada em jplgado (e teremos Íiagui a pouco ocasiao de_e¿aminar-lhe os
sua aplicação ao problema dos terceiros, nega, na essência. que possa caracteres). Orataƒseintença simplesmente ¿:_f_1c§z, a j§_pa§sada em jul-
assim ser formulada. “Ao que tende o processo" - escreve ele -f “é ell- gado (não recorrívei_)_ ¿e;a_n_em_ mais_sujei_ta:a_a¿ç§1o___rescisoqia_(art;'i98
minar a incerteza sobre uma relação juridica. Mas dizer isso, importa d o.C od . ,de,B11Qc . Civil brasileirmfapfresentam g;a_1_i_s___çii.v_er_s_qs_e_cl;€_ sc .BD-:_
afirmar que o. imutabilidade da sentença é precisamente o fim último vl- tes de força vi_n__ç_u_lap_lte. Todavia, o caráter excepcional daação rescisó-
sado pelo processo. pois só através dela é que se ellminará aquela mesma ria justifica a sua natureza de ação autônoma e permite qualificar-se
incerteza. Se, portanto. a sentença não serve em última análise a outro 1 -como passada em julgado (imutável) a sentença já não sujeita aos re-
objetivo senão ao de fixar a relação juridica, ao determinar essa fixação. cursos. Eis_ por que a coisa julgada se apresenta como qualidade. que a
estará ao mesmo tempo produzindo o seu supremo efeito. Assim. como lei confere à sentença e à sua eficácia, a fim de conseguir mais -ple-

867-5
l
l
52 Emnoo Touro Lxesmm
Erzcilcu z Aoroamsns os S1-:r‹n:r‹ç.i _ 53
I.

,_ .
Esse comando, na verdade,' ainda quando seja eficaz, nao
só é suscetível de reforma por causa da pluralidade das i_r_`is_tân- Assim, açeficáçia de uma sentença não__pode por si:s_Ó_im_p§-
dir o juiz posterior, investido tambérnele da_plenitpde_d_os_pp_de-
 ciase do sistema dos recursos sobre que está o processo construif flfin-ea

r_es exercidos peloJuiz que p_rolat_ou_a sentençg,_d_e__r_e_ex_amina_r


do, mas ainda está exposto ao risco de ser contraditado por outro
\.
l
comando, pronunciado também por um órgão do Estado. Verifi-
ca-se=o mesmo igualmente para todas as formas da atividade do
czzšíieziaiúg_e;u1gâ-10,ge mççip diferente. Somente uma ra-
ãúidšffitiiídàce Iiúiitieàfiéñisccçiái -__ p_que -jà foi 1§mu;a‹ip_¬
Estado, ressalvando-se, bem entendido, a possivel variedadef do _ntg¿vëm para evitar esta possibüidade,;t_ornando o; comando
:QO
1»-vz
J'\-`__-.¬ . _ ,_
ordenamento positivo que pode reconhecer, por exemplo, au fa- (imutável quando o prooçsso. ten11a_‹:hegadona_§1;oioncinsšo.
r'u-r-f^;-E“
culdade de contradizer ao comando -(e por isso de ab‹rogá`ƒlo), qüentemente, qualquer juiz podera recusar-se a reconhecer a eficacia
somente ao mesmo poder que o proiatou. ` -riu;
da sentença cuja injustiça .tenha apurado, e por isso decidir o caso con-
ereto diversamen-te. Mas, se tal é a eficácia natural da sentença, seria o
namente o resultado em vista. Eis por que, também, na definição de
escopo da jurisdição tão-só imperfeitamente alcançado. Por isso, o le-
Gurnnsium Esrz-:ui-A, da finalidade do processo, se pode e se deve dis-
gislador dá mais um_passo e veda toda a apreciação e todo 0 reexame.
tinguiro efeito da sentença (fixação da relação juridica litigiosa) da mi. g. .,-.A
quando se torna a sentença definitiva: com a' preclusão dos recursos..
imutabilidade que, em determinado momento, a lei lhe confere (coisa
não sú_a__seniença já não é recorrivel:(,aAcl1amada:co,isa_j¿ilgada_fpi-Lmal),
julgada). s ' . '
Em parte, analogas e, em parte, diversas, são as objeções 'de Amó-
mas os seu-s..e.íe_l§os jáz.oâo_Sã0_e°¿1.to§t§xel§...n¢m_1›or_on1ro..1siz..sm
qua_i_quer__pr;oces§o ia chamadaicoisafjuigada, imaterial).
mo Josi: B_xumn¡o. Seu artigo, tão rico de observações persplcazes e su-
gestivas, demonstra, todavia, mais uma vez, como, no modo de pensar tra- Por isso, a coisa juigadanada mais é que essa indiscutipiiidge op
dicional, se toma dificil a compreensão da idéia, na verdade; tão simples. ®6imuta1:›iiidadeÍda se7ntenç_a_e closíseus efeitos, aquele atributo qg quali-
da eficácia natural da sentença. Com efeito, diz ele que 0 conceito de fica c potencializa a eficácia¿“q|¿_e_Va sentença naturalmenizëproduz, se-
imutabilidade não é diverso do de incontestabilidade, contido na defi- gpndoa sua própria essência de ato estatal. Note-se o seguinte: a eficácia
nição de Cmovamm; e sustenta, acercando-se nisto de Crumsrurrr, que natural, cujos* caracteres, há poiico, indicamos, não é só uma noção .con-
a impei-atividade da sentença ia qual para ele equivale à coisa julgadal cebível abstratamente; existe também no mundo real, precisamente na
é independente da sua irrecorribilidade e surge imediatamente, logo sentença ainda sujeita a recurso extraordinário ou revista, que a lei
que se prolata. a sentença. considera executoria (art. 808, parág. único, do Cód. de Proc. Civil bra-
sileiro, e art. 882!; pode esta disposição estender-se, por analogia, a -to-
Esta' afirmação, porém, é desmentida pelo direito positivo, que faq
dos os efeitos da sentença. Veremos mais adiante as aplicações desse
decorrer ia autoridade da coisa jui§ada_da prejclusão dos recursos. Qual
conceito ao problema dos terceiros.
sera, então, a eficácia da sentença ainda não passada em julgado? E.
mais geralmente, qual seria a eficácia da sentença, se exigências poli- Reconstruído assim o meu pensamento, as objeções de Auromo
tico-sociais não constrangessem o legislador a impor, com a autoridade Jose Biumnño se revelam sem fundamento. Mas, continuando em seu
da coisa julgada, a ƒinem controversiarum? A esta perguntaiprocurei -estudo, esse escritor, depois de have; rejeitado todas as concepções pre-
responder no § 'l.° deste livro, sobre que o meu contraditor parece não cedentes da coisa' julgada, sustenta que deve ela defin"r-se como "a su-
pressãodefinitiva das situações contenciosas" e que ê ela propriamente
ter ponderado. O caminho mais simples para entender o que vem a ser =z o efeito da sentença de mérito. _
coisa julgada, consiste, afinal, em considerar como seriam as coisas. l
se eia não existisse. Procuramos, então, entender que espécie de efica- 'š Como definição da coisa julgada. a fórmula referida tem, porém,
cia é- necessária ao próprio conceito da sentença, supondo que a coisa › caráter sociológico e não juridico; tanto é verdade que se concilla com
julgada não existe. Ora, a função que o juiz exerce exige logicamente todas os definições da coisa julgada já propostas na doutrina. De fato,
” Mútua,í.--_.
que a sentença tenha eficácia vinculante. ' indica com certa aproximação a finalidade e o resultado pratico do
Essa eficácia, porém, da sentença -- assim como a de qualquer ato i processo, considerados exteriormente, mas não explica, de nenhum
do Estado _ está subordinada à. sua conformidade com o direito, que š modo, como tecnicamente o direito atinge este resultado. O problema
qualquer juiz tem em qualquer momento o poder de -apreciar: conse- juridico é de fato este c da sua solução dependem importantes conse-
qüências praticas, que Anrómo .lost Bnlmnão olvidou completamente.
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5-! Emuco Tuu.1o Lrzswm E-rrcácu. E-'Auroiunms ml ~Szn'rsr‹ç.à 55

'S-corniaipreclusãofidos, recursos contra a -senten_ç_aTneli:A-prgn_i1¿1-


._ -q.›-.»
ças, cujo conzandogierdendoc.Qsa1=ribi1,to.da_i1nutabi1idacle.s;a1¬
« ciada. - _ _ . ria_ç_m -face dasnovas regras ;iispostas_,pela_leipara_as_relações
, .Nisso consiste, pois, a autoridade_d¿1__c_ojsa,j.ulgadai,'que se-¿, jà oezzmlaaâ. . a - _ V
\ pode definir, com precisão, como 1¿dg _ -Por isso, o instituto daçcoisa julgadzupertencse;ao,di;reito_.p£1=
:iemergentze de uma sentença; Não 'se identificaçela simplesmente l;_l__ico e maisíprecisamen-te ao direíiiflfcollfiiiiiãllciorial.
;f__com a deƒ¿`niti_vidacl_a_e, intangibilidade__do_a,i¿o q1¿e=p_ronunçia_o
\ çf0zzmndo;,_e'_, pelo contrario, uma_qualidade,,,n3ajs_in13!3M3~z8zmBJS 16. f Todavia, razões de oportunidade, assim. como determi-
jfpr;5fi1nda,__qiii'e, reveste oúato também ern:se_u:c9.nLt_gúdo_ej_t9rna naram Ía adoção do instituto, também traçam à sua aplicação
t limites precisos (art. 1.351 do Cód. Civil italiano): limites obje-
ifieêäíme imfltávflez. a1s1§e.aa.flP°¬¢m. sua .e=¿iê§êr§ie.i9.rm.a1..Çoš..erei- j.ivo_._s_que a def_in_ição dada. há-pouco da¿au_t9_ridade`d_a,goisa,ju¿l,-
\t9§. çgujáisqyernue sei§9i.sdQ.pr_óari0.a.to. a- ' šídaçajuda a entenderfvisto cornoñé só o comando, pronunciado
A eficácia natural da sentença, 'com a aquisição dessa ulte- pelo juiz que se ›to_rna irnutáyg, não as atividade lógica_,exer_cida
rior qualidade, acha-se, então, intensificada. e potencializada, pelo 'juiz para prepara_r e justificar a decisão; 29 -f _lçinfzi_tes_,sub-
porque se afirma como única e imutável formulação da__vonta-
de do Estado de regular concretamente o caso decidido. E ema =' Concorde: Mnurs-mma, La pfegiudiciale, clt., p.'27 e segs., e passim; Cmo-
iemfiehilifiefle ¢affl°tflríS§i¢.a:daí,99mande,nos;1imitss...em,que É vizuun, Jstituzioni, I, §§ 16 e 17; G.um:i.'o'n'r, Lezioni, IV, n. 283.
,disciplinada pe1a_l_ei,,ppera,,nãg_ja em face de determi_nadas__p_e§- í A questão dos limites objetivos da coisa julgada é uma das mais
§°Ê\§_-_ {11aS em _ffl0E (l_8_,§0d0$.Fl$_ 'lide R0..âmbLto_d_o_oLde_name_nto \ controvertídas no direito brasileiro. Resolveu-a, na verdade, há. muito
i1fl'idí¢0..iëm-ioäiu19i°¿1fllmeatraemiS.ter_deses;ab§_u:§er,.‹ie.in- tempo, e de modo insuperável, Pwmi Bnrsm (Compêndio de Teoria e
Prática do Processo Civil, 8.2 ed., São Paulo, 1935, § 185, nota I), quan-
Lavffliflfaflu .deaplicar se vanladêzdflzêssala. snãQ¬sê._e›â¢luindo do afirmou qve “a¿1_utoridade da coisa julgada é restrita a_par_t_e_dlsp_q;
-<LP!ÓP1'í° legislador._qu¢caíQaPQs1§rá,ps›f iSS.°.¿n_.e§¿19-.rn.u_dar..a sitiva do julgamento c aos pontos ai decididos e fielmente¿c_o_mpr_een_d_i-
norrnação concreta da relaçz_ã_o,_a_q1_1a_l vem a_ser e§_ta_b_ele_cidg dos em relaçao aos seus inativos o_l:çjetivos". Significa isso que os moti-
para sempre pela autoridade da coisa. julgada. vos daisentenç ruin são objeto ida coisa julgada, mas devem ser co_n¿si_-
a ' ' ' ' r _

Não se quer dizer com isso, naturalmente, que a lei não deiados para entender o _verdade_iro__e cabal alcance da _decisã.o. Em
essência, é análogo 0 pensamento de João Mr-:mms (Direito Judiciário Bra-
possa de modo expresso modificar o direito também para. as re- sileiro. 311' ed., Rio de Janeiro, 1940, ps. 485-486), que estende a coisa
-lações já decididas com sentença passada em julgado; pode a julgada aos motivos objetivos, entendidos, porem, estes como “elementos
lei certamente fazer também isso, mas uma disposição sua em ou partes constitutivas da relação de direito", “conteúdo da relação li-
tal sentido teria a significação de uma ab-rogação implícita - tigiosa". Critério mais amplo, parece, ao revés, o de J oão Monrsmo (Teo-
na medida correspondente - da norma que sancionou o prin- ria do Processo Civil e Comercial, 5.9- ed., São Paulo, 1936, § 246), para
quem' “fazem coisa julgada as relações jurídicas que realmente foram
cipio da autoridade da coisa julgada. Isto é, uma lei nova pode
controvertidas e julgadas". Um pouco oscilante entre estas duas ten-
çircepcionalmente e com norma expressa 2° ter, não só eficácia ciências, mas exato na conclusão, é Auiuainémo GUSMÃO rf Coisa Julgado,
retroativa, mas também aplicação às relações já,__de_c__i_didas_c_om 2.“ ed., São Paulo, 1922, p. 68 e segs.].
Sentegças passadas em julgado; isso,_porém, não significariamm Tanibàm na interpretação do art. 287, parág. único, do Cód. de
grau nrgiorsde retroagyid_a§:e,_‹~Lsim,_antes_u1na_aoo1içäo.par- Proc. Civil brasileiro, nem sempre é seguro o critério dos comentadores,
Çífllda auto_ri_dade, da coisa julgada acerca cla§,wrn_esrna_s_s`enten~ I
1 deixando margem a muitas incertezas na prática: cfr. Hsnormss nn
Srum Lima, Código de Processo Civil Comentado, vol. I, São Paulo, 1940,
p. 545; Centauro Salmos, Código de Processo Civil interpretado, vol. IV,
°' Co\.'u:u.o, Mannafe dl Dir. Ciufle, 5 35; Fmsuul, Traltato, p. 213.
l
c
l Ro de'Janeiro, 1940, p. 142 e segs; Jones Anrraicmo, Comentários ao

I
-56 Emuoo '1'm.uo Lnaemim
i Enciicia lz Aumarnàns na Sentença _

excepcionais que abram caminho à. revogação da sentença (art.


jgivosi porque a imutabjiidade vale somente entre aswpartesg'
isto ê, só quando o caso decidido ponha de novo frente a frente
. Ic›-_.
494 do Cód. de Proc. Civil italiano).f
as mesmas pessoas que participaram do processo; só -elas, .com
17. A natureza publicística da autoridade da coisa julgada
i efeito,_puderamZ fazer_ou_vi1f e valer as suas razões no processo
justifica -que o juiz' deva levar em conta, também ea: oƒƒicio, a
-qi1§_,se ultimou com o' julgado, .te é essa possibilidade,_que tive-
lona rg.m,ëque4justificagpraticamente a neçessidadeem que sepusg- |
existência de uma sentença precedente passadaem julgado, co-
mo se deduz ainda do art. 494, n. 5, do -Cód. de Proc. Civil ita-
1I.¡.iIIl_3š1B_,c9_n_fp¿mar-se com o resultado alcançado e de ja não liano. Portanto, a exceção de coisa julgada não é exceção em
pp,d_e}fgmY-esperar modifica-lo - ressalvando-se é claro os casos
______ _* Ê Í I I
sentido -próprio, o que comumente se admite hoje. 3°-1” _
\

1' V. para este assunto, amplamente, adiante, § 5.°. ' Ainda resta, -porém, que dizer sobre essa exceção, que coe-
rentemente se costuma ‹definir_pela opinião dominante como
'Código de Processo Civil, vol. I, São Paulo, 1941, ps. 608 e'6~1l; Pao BA-
'rrsrs Msnrnõs. Comentários, cit., vol. III, p. 343 e segs. - Ci-uovauos, Principii, p. 914; Istituzíoni, I, p. 348 (ed. port., p. 528). '
Na jurisprudência, v. Trib. Ap. de São Paulo, 21 de,-janeiro de 1941, 4

em Rev. dos Tribunais, vol. 134, p. 201; Sup. Trib. Federal, 18 de setem- 'I -Ação -rescisória de sentença, art. 798 do Cód. de Proc. Civil bra-
bro de 1942, em Rev. Forense, vol. 93, p. 295; Trib. Ap. de São Paulo, sileiro.
16 de janeiro de 1942, em Rev. dos Tribunais, vol. 144, p. 267. , r m Isto é, de que pode a exceção de__coisa julgada ser argiíida_d_e
Importa realçar que a_a¿fi1;n¿aç§.p: Qjeqiiente, se_g'undo;a:qg_al¿e_es,- oficio pelo juiz: PAULA Bârrsrâ, op. cit., § 121, nota 2; Auarmrimo na Gus-
t€LlL1eria.a..no§a.i.u1sada_a_todas:a_s_duestfies¿deb_atlçlas_e_decidida§,,g mão, op. cit., p. 11 e segs.; Primo Bnrsrâ M.m'r_1;Ns, op. cit., vol. II, p. 247;

É
- 1
duplamente inexata.
Em primeiro lugar, porque se estende também_Ía,_q1¿e_stões não de-
- vol. III, p. 305; e a minha nota em Crnovrmzoa, op cit., vol. I, p. 529. Sup.
Trib. Federal, 18 de setembro de 1942, em Rev. Forense, vol. 93, p. 295.
batidas nemqdecididas: se uma questão pudesse¿se_x;i_iscutida no -proces-
.S.0.._mas _de fato_ nã.0_o -foi,_t_ambém a. ela_¿Íse_,estende, não, obstante, a do art. 287, parág. único, dexa aplicar-se com muita cautela (cfr. a mi-
coisa julgada, no sentidowge que aquela _questão n_ão,_poderia ser_u_ti_li- nha nota em Cnrovsmm, Instituições, vol. I, cit., p. 542).
z_a,d_a_p_ara_._ne_gar_ou_contestar ogesultado a que se chegou naquele pro- Por essa razão, ao invés de estabelecer os limites da coisa julgada
cesso. Por exemplo, 0 réu não opôs uma série de deduções defensivas com fundamento nas questões discutidas, convém lembrar que o que a
que teria podido opor, e foi condenado. Não poderá ele valer-se daquelas coisa julgada deve assegurar, é o ifsultado prático e concreto do pro-
deduções para contestar a coisa julgada. A_finalida_d‹¿prá_Qga do insti- cesso (ou, em outraslpalavras, o seu efeito), e nada mais que isso; e
tuto ez-:igg__q\ie a._ coisa julgad_a_p,e1-maneça firme, _‹_-:r_ripora_a_‹_ii_§ci.iss:Íi._o das é, pelo contrário, irrelevante a amplitude da matéria lógica discutida
questÕes__re_levantes_tenha sido eventualrnepte inco_mpleta;_ absorve ela, ~e examinada. Pode esta ter ultrapassado os limites da questão que foi
Õ£í'5.Ê_El0Qí¿--E.e.°.§§$ë.flëflL%nÊÊ- Jënlifizfls ClL1f0.S..Í›<'íë§ .FI E159...-.ÍQIÂ-lT.1_<1í_S$1_ULi§1§LS deduzida no processo como seu objeto, ou pode também ter-se restringi-
como as¶¿;ue__o:Íp_oderiarn_s_e,r. Neste sentido dispõe exatamente of parág. do mais do que ela poderia ter comportado, sem que por isso se altere
único do art. 287 do Cód. de Proc. Civil. o ambito em que opera a coisa julgada. E para identificar o objeto (sen-
Em segundolugarL_p:1o_cc¿ntrario, nã9__se abrangem ;¬p_=___›ç9`i55,V_j¿¡1- I tido técnico) do processo e, em conseqüência, da coisa julgada. é neces-
sflfifiiâiszdefque .di-°›‹=.1¿ii<1fls.e decididzspzs qi1_=.-=n‹'›âs-.‹is_.‹=¿,.z°›.‹=â111..‹=i›.11s1>i.fi=.i.r sario considerar que _a sentença representa a resposta* fdojuia aos pe-
Qllleto cloprocesso em sentido estrito, o juiz deverá examinar, como pre- didos da_s_1:¿a¿rtes e que:-pvorfissqiprescindindo da l¿lp§_te§.e__exc_epcional
H1iSS¿2}_,5l_a¬ques_tã.to_pri1icipal '(gLgestões_prejudlciais em sentido est1ji_t;o)Í: de degisâo extra petitaltem ela os mesmoslimites desse__s_,_p_fed1dos,_qi1e
foram elas co,n;_h_eci‹_1a§, mas não decididas, porque sobre elasqo juíz não 1ÍiÍn`Ls¿t.Q,n¿,:a§_sii_n,_o;u1ë.i-S-segufolnitegiojara estabelecer os limitega
sentenciou, e por isso_podem ser;j_ulg_adas livgremente em outÍo¿:u;Qc,esso, coisa j__iiml_g_z,1¿l__=;,. Em conclusão, é exato dizer queda coisa julgada se res-
mas para fim_div__e_rso do objetivado no processo anterior; e *_
o resultado i tringe a parte dispositiva da sentença; a essa expressão, todavia, deve
' Í 'fz' fif-z -ff-z Í. 1 A
d_e_§.Se_p¿'ocesso deve permanecer intangível, masrparaq qualquer .outro dar-se um sentido substancial e não ƒormalístico, de modoque abranja
etgtgsubsistem as questilegrejudiciais. ._. Assim, a disposição Í não só a -fase final da sentença, mas também qualquer outro ponto em
i
53 Euarco TULLIO Lrseiuliu ~ Errczicm zz. .Auronrnâns na Sonrsuçs 59

_owT.-.-»444-4 efeito da sentença. 3' A .tese sustentada neste trabalho demonstra . A -«opinião--contrária teve recentemente vigorosos defenso-
que tal 'não ré admissível. Projetaa_sentença a sua -eficácia jp- res, que sustentam que a coisa julgada não só obriga o juiz a
ridica independentemente da passagemem_ julgado, e -confere, julgar conformemente, como exclui qualquer novo exame e de-
poi--c'onseguinte,_as ,partes opoder de invocar asua existência, cisão sobre o caso já decidido .(ne bis in idem), e o vinculo do
para que lhe dê o juiz o_devido valor, - o que não impede, como juiz de não pronunciar em modo contrario seria tão-só a_ natural
se notou,de julgar de modo dife-rente. §ó_quando tiver a sen- conseqüência da impossibilidade em que se encontra de prolatar
tença logrado__a_antD_I1dad§_d.fl C0ÍS&,Í111Ead?Lé41~Uezfl;€šSíëfiÇ.ãQ¬.flL1.Ç uma -decisão qualquer sobre o objeto da precedente sentença. 15
e_1_fg,_gj¿j;p¿zgaJ1s_p_@,z_t_‹;s_\¿i'rá._a_s_er_re_f_org.ad.a_de_ÍQ1tmfã_fLs€XÇ1JJÃr -Assim, adiscussão acerca deste 'ponto se .reduz somente a
_para semp_1're¬,tod_o_ju_íi9___.ç__c›ntrgírioç. _' - -estabelecer a prioridade lógica de uma ou de .outra função - 0
f
Deve-se, por outra parte, negar absolutamente avexistência 'que não surpreende, se se lembrar que também os defensores da
da chamada actio iudicatí; a ação executória é um efeito da con- função negativa são -convictos sequazes da teoria “.processualís-
- 1

denação, isto é, manifestação do efeito sancionatório produzido ~t.ica" da .coisa julgada -, com a única conseqüência prática de
pela condenação, e a ela se tem de referir a conhecida questão verificar se a coisa ju1gada,_exclu-indo todo reexame do caso jul-
do prazo da prescrição. 32 -H Vc -gado, possa conceituar-se como pressuposto processual negativo.
A segunda das opiniões ora lembradas é, sem dúvida, de re-
18. Desde,a,céleb1'e 1rionograf_ia,_de_KeLLEi‹,_33 é __co_rre_nte pelir, segundo o direito positivo italiano, que outorga recurso
a atirmaçio de__q11e_a_autoridade¬‹ia_çpisa¬Lulg,a§l.a_iá_uã'ro_tem extraordinário (revogação ou recurso de -cassação, conforme o
só ,uma função ,negativa (consumfgâo da _acão):, mas ctambéin '1' caso) para a proteção da autoridade da coisa julgada somente
quando “a sentença for contrária à outra sentença precedente l
ea-sobretud.o_uma positiva, “er_1g.u.anto obri_ga_.0 _iu_iz.a..r‹=s:0n11_e¢@r
a__ei‹is_t.e;1_c,ia_do4_julgado¿m_tp@§_as_s1J_as_deeisões sobre_d_eman: passada em julgado" (arts. 494, n. 5, e 517, n. 8, do Cód. de Proc.
Civil italiano), e não, ao invés, quando a sentença, embora tor-
das‹i1ir=r›:ssâur1°1n1.aflL0_i.u1.ses10fi;.?.LmDd° de ¶¢1'›_fl1i᧻.fi0firse- nando a julgar sobre o mesmo objeto, tiver julgado de modo
te com toda¿.i¬doutr_i_na d_a.___çpisafjulgada. iconforme.(por exemplo, ignorando a existência do precedente
=' Culovnflun, Príncipií, p. 179. que diz que para este efeito também e. sentença
julgado, ou considerando erroneamente que não se verificaram
de rejeição é constitutiva. os extremos da coisa julgada). ' _
E Para 0 colfccito (ic condenação, v. o que escrevi em Opposizioni, p. 108 e segs., Mas, em outro sentido, dgve;se dizer queçteni a autoridade
e Tiioio executivo riguordo ai Ierzi, em Riu. di Dir. Proc. Civilc, 1934. I, p. 134 e segs.
Para R inexistência du actio íudicatt, sobrevivência terminoiógica do direito romano,
da gaisa julgada f,u_nAção merame1'_i_t‹_e negativa._§e;se adinitir,
Opposlzioni, p. 102. ' çgomzef-e_ito ÍÍ:*;1mo_ procurei derrio_ristrar)_, que os e;e_;i;_Qs_qp_e_a
=-'* Ueber Lida-Contestatlon :md Urteil, Zurique, 1927, p. 222 e segs. esç_ntença produé; -são de todo em* todo indepgridentesda c0i_$_a
*\ C1uovr:NuA, Principií, p. 914. Oonlormes, entre outros muitos, Savrrmf, Sistema,
VI. ¡ 281 e sega; Wmnscflmo, Pancl.; 9! ed., 5 130. p. 661 e sega; Stem-Jonas, em ‹ ju_lgada,_‹;qu_e_ .eš§a_serve tão-só_para torna-_los__in-lut¿§.veis, claro
Komm., II. n. 2 ao § 322; Hr:u.wrc, System, I, p. 168 e segs.: Gornscnunrr, Zívíi- Q; que a sua iunção ê unicam§lr¿t_.e,a_deó_impedir_tÍqt:Ío juízo* difez
v
prozessrccht, p. 206. _
is_ =:rj:ge__q,L_ig?c__o,rrtra_c1iga-o¿i contraste os efeitos prodpaidps_pela gre-
H V. o meu artigo em Rev. Forense. vol. 94, p. 214 e segs. cmj-.:n,t_e sentença_. `
que tenha o juiz eventualmente provido sobre os pedidos das partes. fl Scuwarrz, Absolute Rcchlskralt, em Bari-Festgabe Dcmburg, 1900. p. 309 e
I
Excluem-se,_por isso, da coisa julgada os motivos, mas sãoeies mesmos segs; Bàrtrcrin, op. cit., p. 128 o segs; Roeucnrrsc, Lehrbuch, p. 520; Bnuuucrr,
u`rn`elempi1to indispensáveipara determinar__com exatidäqa ,significação '¿PO, 10* ed.. i935, n. 2 o § 322. Qulçà ainda Sn-ra, Premesre generoii, cit., p.
351. nota. _ '
ep aIca.n_c12._dg disp_o§it_i¿/,‹›_._ ~
wflunfiln É .J-Í'1ul(IÚI\UE url fiãflinflçn 61
QR ENRIOO TULLIO IJEBMAN

no no processo no qual foi prolatada, e perdera toda a impor-


:1{a1 rmçâçumiuva, .assim chamada, da coisajulgada; -6921 'tància com o término -do mesmo processo; no segundo, porém,
esta na_da_,tem que ver,_e .é_si1np_les_mente,_§_-eficacia .natura1___da a sentença, decidindo sobre a relação deduzida em juízo, des-
sentença. @ tina-se a projetar a- sua eficácia também e sobretudo fora do
i›
.processo e a sobreviver a este. Mas a diferença está toda no
“Â.§\"\ Í9. Não há., pode-se dizer, discordância entre os escritores comando contido na sentença e» nos seus efeitos, não na coisa
Q' Ç,
sobre Q ponte da ,¢1is_t.ir¬rç§,g=_en_tr_‹_a coisa jqulgadaemsentido ior- julgada, que permanece sempre a mesma. P _
,mal e em sentido substancial (ou,mat'eri_a1). _É j&PTÍffi¢¡fÊ__.1š_f¿La
§LU9~1¡<.ͧz£1§_€13-.5ÊI115BnQ§,.-quando já nã_Q_e recorrível,,p_p__r -£orçaÍ_‹___i_;¶ 20. As considerações até aqui explanadas apresentam des-
4i
p__r_‹:.,ç1;i.i§:,ä_,ç_;,‹ii:_›.s_i~.i=;.‹_:;1i.1-_s›.‹r_›s;_Sê1:ie..nQr.sus.Jg.-fl.f@s.uI.Ld.a..flãl4fi ei-*- de iogo outro e mais graveproblema.
\
cácia especifica:e,_pro|giam¢§§€._9-. .fl11t0fÍ.<lê~<lë_ÊÍa 091€?-_ÍQEada› Oüpreçgnceito-comum ,dg sustentar que a c_oisa_j.ulgad_a._p.o.de
z. .estana_eonsis9nêeéu=i..iemesã°.aaPfim°*fa- ' ter_ppr_opjgto_unicamente_uma_de.claraç_âo_im.1iede_que-se..possa
Dessa distinção derivam, aliás, importantes conseqüências. perguntar se a coisa julgada se dev-e,e_.s_tender tam-_b_érn_ a9_s__p¿~o-
especialmente porque, enquanto t9daS_flS_Sefl.ÊÊBÇflSzSã\'-LEÊEY1 .dl-1' yimentos dazd:osfinp;processo de e_:Ée"cuç_ãp7;_§f9rna¿sg,_pe1o_contrá¿
vida, suscetíveis da prirneira, cons¿_eguiria,_i;rg_11e19,‹;o_fi§!ɬ¡í0..._$- ficgplaiísivel a1`perg¿untaÍ e aWrešpgiggdeveria__ser_afirmatiya,
,segunda somente as sentençasƒque _açgll¿6m 0¿!:IͧÍÊ.Í.Í›1?~9É1-3-..d.Ê:
mandazno mérito. '
P Esse afastamento da distinção sustentada pela doutrina, ou -
i
J Se é, porém, exato o ponto de vista sustentado neste. traba- se se quiser _ esse seu superamento, não influi nas conseqüências prá.-
lho, tem em realidade a própria distinção importância bem me- ticas -que ela permitiu põr em evidência. Permanece certo, ainda que
! nor dc que a que comumente se lhe atribui. Realmente, também sob uma explicação diferente. que nemçtodas as decisõ_es_i'inais adqiiireng,
i a coisa julgada substancial não é um efeito da sentença, mas rio verdadeiro sentido da palavra, 'o que se costuma chamar de autori-
somente aspecto particular daquela qualidade que ela iogra. dade, da cpisajulgada. Esta decorre somente das,senten,ças_que__r.esQi-
1
` › quando se opera a preclusão dos recursos; i vem o mérito 'da causa, gg,_enÍ outras palavras, decidem a lide deduzida
jp:l__ga5i;a_§o`§mal awimutabilidade da sentença como atoëproces- no processo: assim expressamente o art. 28'? do Óddfde Proc. Õivil bra-
sileiro. As decisões que. embora pondo fim ao processo, não lhe resolvem
isu`àJ,.;e,:§qç9isa,jnleed2.Subsienci_aLin;iic.ada,a..m¢§m§...iH}\1i_al.É- o mérito, tornam-se sem dúvida imutáveis -depois de decorridos os prazos
,1idz¿gg,_,e.n_1 re1açaQ.ao_seu Çoeieúdo e.rn9.r.me.n.teap_s S.enS.e_ie.i.t9S- ° para interposição dos recursos; não produzem. porém, a autoridade da
Esfumam-se assim, quanto à. formulação, embora perma- co”sa julgada (assim Curovrzumi, Instituições, vol. I, -ps. 517 e 521; ze, com
-neçam de fato, também as conseqüências da distinção. A uni- referência às decisões sobre competência, Penso Bârrsm Murrms, Co-
dadedo conceito impede, sem mais, que os seus dois aspectos mentários, cit., vol. II, zp. 72, e Jones Amiiucimo, Comentários, cit., vol.
l se possam cindir e manter-se separados conforme o objeto da I. ps. 287 e 616; cfr. -também Lxznman, em Rev. dos Tribunais, vol. 144,
› sentença. Assim, uma sentença que julgar os pressupostos pro- p. 113); se isso porque, tendo encerradob processo por motivo de sua
|

cessuais (por exemplo, competência) ou a admissibilidade de irregularidade ou da invalidade de seus atos, exaurem a sua importan-
um meio de prova, ou despache -em geral sobre o processo, não cia no àmbito do próprio processo em que foram proferidas. A ele per-
-tencem as questões assim decididas e fora dele nem se podem reprodu-
se pode dizer que logre .urna coisa julgada diversa da que aco- zir. A imutabilldade de «tals decisões impede a continuação ou a reaber-
lha ou rejeita a demanda como fundada ou infundada. Verdade tura, sob qualquer forma. do processo ao qual puseram fim, mas'--' pela
é que no primeiro caso tem a sentença efeito meramente inter- z própria natureza de seu conteúdo - não pode vincular o juiz. em novo
processo.
‹› v. n. 15. `
'z.-¿c..-¿A . ¿~.-ro...o.x-. L.. S›....n¬..ç^~ oii
52 Emuco Tuuno Lresmm -

nulidade proponível contra a. sentença de venda, à qual não dá


quando_se tenha _por íungamenP@<_iê_a.-fl9§§°-dÍ~'-¬£°l5a-Íggada a lei apoio algum. 3° As nulidades do procedimento de licitação
exposta nas pâginas precedentes. 3° -' ' devem propor-se antes da venda (art. 695 do Cód. de Proc. Civil
L'gémio *pacífica a- natureza jurisdicional do. processo de italiano); aquelas que podem ocorrer nas operações próprias da
execução, não se pode deixar de Pfesumif que tambem os co-_ venda não têm sanção, salvo se forem de tal gravidade que
1nandos_pronunci_adosJ;›e1a autoridade judiciária no¿;;ro_¢.e5so¿dB, acarreiem nulidade absoluta da sentença.
gxggíš ' ñagéuizgm 3, Ílllutabflidflçe 03¡'§‹gberíst;1ç_a: ga-agëgrldègjw
'í""'_na4m. i.- ._._,ǧ_9. ¬ * ff " 'i Estão, assim, eliminados todos os- motivos que obstam à ex-
. da .coisa julgada. _i ' ' .
tensão. da autoridade da coisa julgada a tais sentenças; é bem
A respeito deles, não se POÕB. t0d9‹VÍa› difitingum i°°m° Para verdade que não há nelas nenhuma “decisão” e que “falta por
o processo de conhecimento, entre provimentos sobre 0 lprocfi-S§0s isso uma_ coisa julgada que positive a validade das operações da
l e sobre o mérito: todos eles provêem sobre a ação executor-ia, nao
1 venda". “P Mas, como se viu amplamente, isso não é necessário
para declara-la fundada ou iníundada (tema este estranho e em absoluto para a produção da autoridade da coisa julgada,
logicamente antecedente- à. execução), mas porque tendem ea sa- que significaria também neste caso irnutabilidade do efeito, pro-
tisfazê-la progressivamente. Uma distinção que corresponde, -1_J01' duzido pela sentença, isto é, da transferência do bem dodevedor
ll 1
sua vez plenamente à. feita no número P1`e°ÊÕem°_.n°5 mama ao adjudicatário ou ao assinatário. “
alguns Provimentos que não exauremos próprios efeitos no cur-
so do processo; antes, influem de vários modos sobre os direi-
tos das partes, modificando-os ou transferindo-os de uma pessoa
a outra. A esses se pode, portanto, atribuir a autoridade, da col-
sa julgada, equivalente em tudo à das sentenças que no pr0oe§S0
de conhecimento acolhem ou rejeitam a demanda no mento.
Tais, como exemplos, as sentenças de venda de bens do devedor
I
ou as de “assinação de um crédito ao credor exeqüente”. Q =' Lioruns, op. clt., n. 276.;
`l , “ Cmo-.::vn¿, Isiituzioní, cit., I. p. 216 (ed. port.. I, p. 421;.
1 Naturalmente, essa conclusão só se 'podeacolher p0I fluem H A idêntico resultado prático Já, chegam eu por motivos de oportunidade, em
rejeita 9, opinião de que o ato de transferência dos bens do de- Opposisionl di meríto, ps. 221, 223 o 249.
vedor tem natureza contratual, *W e SuSí€I1Í€› P310 C°nt¡`a1`1°›_q_“° Ciuile, 193:, II. p. 192. e Rivendita jorzata, Milão, 1931. p`. 52 e segs. ie minha. re-
há neste o exercicio do poder autoritativo do órgã0 l111`Í5f11°1°' senha em Rui. dl Dir. Commerciale, 1934, I, p. 159); Puatufli, Teoria dei trasla-
nal 38 com o que se exclui também a existência de uma açao de rimcnli coogliifi, Messina. 1931, p. 132 e- sagas Gonu, Aaseønozaane giudiciale dei
vrcditi, Pádua, 1933, n. 108; Lmmr, 1fre question! di díritto processuais uzcutino,
‹:ri1.'7Â'i`rçplb Ginrídico, IEÍ34. p._6 da 3epara.t.a.r. Cir. ainda 0 que escreve Mzunsrnrus,
zu N50 me afim naturalmente às sentenças pronunciadas nos juízos de coube: L'ace¢zs‹lom.- nell'esecu:ione. p. 183 e segs. _
¢¡m¿m_0 |¡¡¢;¢¢n|,g1¡; do processo executivo, pois que não há dúvida de que a eles se
l
estende em todos os seus aspectos a teoria sem! de Swleflçfl- _ f Acrescente-se Puotmrrr, Esecuzione ƒorzata e diritto sostdnzíale.
,, como auuenmram (ma, com d¡v¢¡-“_ egngzfuçfio) especialmente Clrrovzuoà,
Milão, 1935. p._30l. e, no Brasil, Pmm BA-rrs'rA, op. cit., § 204, nota; MÃ-
Saggi, II. p. 459 e sega., e Istituztoni, I. p. 261 e segs. (ed. port., p. 407 e segs): mo Gulnràniss-'ns Sousa, Teoria Gera! da Arremntaçáo, Recife, 1940. e
CuNn.u¬rn, Processo di esecuzíone, II, n.' 219; G/xunnuzr, Río. di Dir. Proc. Civita,
um, 1, p. al. I em Rev Forense, vol. 86, p. 31 e segs.
c Respectivamente arremataçâo e sub-rogã-ÇÊO C10 Heflíleme U0 - Suzxenta. pelo contrário, como admisível a ação de nulidade
direito do executado_(art. 938 do Cod. de Proc. Civil brasileiro). Pucnwrfr. op. cit., p. 342. Para o direito brasileiro. v. Asur.c.u1 m: Css-mo,
Comentários ao Código de Processo Civil, vol. X, Rio de Janeiro, 1942,
, NOMA”, c°,,.¡m¿¡¡¡af¡°' V_ ng, 190 z 215; B|:11x_ Osseruazloni su! prügftffl.
' - ' ' c. p. 308. . ` -
ecc. eli.. (Ann. di Dir. CD?flP‹. Hz 1925). D- 37» da 5°9*“`“m' S^"^- Rm' 41 mr' pm
l J

Errciicm 1-: Auroamsns os Su-rursuçâ 66

, .Í e não de qualidade, abandonando a redação do Anteprojeto Bu-


,i
f zaid. 2 - -
,i
i Seja como for, existe no Brasil um consenso generalizado
j Í a respeito da distinção Liebmanianaentre .eficácia da sentença
-e autoridade da Ícoisa julgadafl havendo opiniões valiosas que
NOTAS AO § 3.°
-levam mais adiante à. -ldistinçãof
Í ‹Ada Pellegrini Grinover) Í _ 3 .- Ao -fazer a resenha da doutrina existente à época, nos
ll
ns. 9/14, Lnmivrslr analisa as teorias processual e material da
ii 1 __.Pa1-a aemonsirargfle _=1_lQ.99flf°f° .¢f°il°Sjä Sâfltffläë
ain_da_antes;q.ue_passe_em=iiL1lãêfi0.›_L1EB1!!ê“ 1915*-Ê£*{-affeficggla
-coisa julgada, sua -função negativa e as concepções unitária e
dualista do ordenamento juridico.
egecuzgria däsenwocaƒzuiflifis B fefiuz'-"§9 f¢z°_¢!>1$1°¿9-P9 °ÍÊÊ'“?- HQ 1312-Sil, E con,cegçã,_o_processu_a1,da coisa julgada.é*ni-ti-
dog*gzptiyo, mencionando, para o direito brasileiro, o recurso cx- damep_te prevalente, ‹como,reflexo da teoria_du_a'lis1¿_a doíic¿x;d_e1'iaâ
lz traordinário e a revista (aditamento sub 8)- H°Í°› ,ab°11d° P°1° 1__r1_ep}o j_1_1_rídiço,¿gualrrientç;lomLn_g._r¿_te. 5 A coisa julgada, afir-
i ma-se, não modifícaso direito preexistente _ como ocorreria se
estatuto de 1973 o recurso de revista, o art. 58'! estabelece ser
-extinguisse, por exemplo, a obrigação, injustamente desconhe-
provisória a execução quando a sentença tor impugnadamedi-
cida pela sentença -, mas exaure a sua eficácia na formação
ante recurso, recebido só no efeito devolutivo. E é. a lei, caso de um preceito processual, «o qual se sobrepõe ao de direito mate-
por caso, que atribui suspensividade aos recursos: via de regra» rial (inalterado) e sobre este prevalece. 6
o agravo de instrumento só tem efeito devolutivo, ressalvadas
. _ _-i,._.
as hipóteses do_art. 558, e a apelação tem efeito suspensivo, sal- '-' Sobre a redação do Anteprojeto e a do Código, ver retro, notas
vo nos casos do art. 520. Para o recurso extraordinário, o cod1E° ao fi l.°, n. 1.
tomou posição clara sobre a não-suspensividade (art 543. §_4-° H Retro, Notas ao § 1.°, n. 1.
c/c art. 587), de modo que a regra geral, 11053. É de fl'-1e.1`°°“f5° 4 Bânsosii Monsrrunln Coisa J1_1lgdda_eDecI_qr_¢_1ç_ão -cit., vê, na cons-
extraordinário e agravo de instrumento não suspendem a trução dc Lineu/u‹, “ainda a coisa julgada conceptualmentepresa à _r_e,de
doíeíeitos da sentenç_a_, como algo Cll1£_a_ele,s_adei:e_11at¡=L_.ía.z§;1o,s_imu-
execução. V .
t__á51cis2._E._c9¿rLSl_¢lcrando tal "compr_oLn_i_sSo" insatisf_sior_ip -_por¿1\_1e os,
e_f.eitos-da _senten_ça_nãg_§_e_tq1_1i§riam ,1mutá.v.e_is _com_oJ;¿âi¿1sit9#_ernLjul-
2 -_ A partir das premissas enunciadas no texto, e acolhida gad_‹¿,_,o__q|._1_e se tpmaria 1mptá.vel,__ou indiscutivel,__s_eria o próprio con-
3, distinção _de Canusturrr entre imperatividade e irnutabilidadie te:_i_d_o
_-¬= da -sentença
...___ _ afirrnaflter
- ;_-___ » _`Lz -7, _ _ faltado
a _a Lrzannm
__ _ dar
_ -o_'_,asso,_declsivo
p __

1 da sentença, no n. 9 o Autor estabelece que ' ;¿9 sentido de libertar da_p¿‹¿`p_l_ema_ti_ga_rel_ativa_à.eficáfii`a_‹_jfz_r__se_p_t¿-:pça


i
i mlugada nã_o_é e§¿¡_t_0 d¿_-Sgntençakmas sim .alg0__que a__esses a teoria da coisa julgada (p..89). _

úm fimaufli£i.¢s;19ês¢.fef0L§.....á-1°S- ' ' 5 Ver retro, Notas ao § 2.°, onde também se apontam expressivas
i d1vergênc*as (nota 12).
Nesse ponto, é de lamentar que o código, que -fez quest-ao 0 Ver, por todos, Nr-zvss. Contribuição, cit., p. 441 c segs. e p. 505, e
'de definir a coisa julgada, 1 o tenha feito--em termos de eficacia Gnmovzn, Direito Processual, cit., p. 84.
/ ` - .
código enfrenta freqüentemente o risco de incluir definições no texto le-
O I Apesar de referir-se. na EXDOSÍÇÊO de Motivos In. 81. ao adàglo gal. Quanto à coisa julgada, a simples idéia de defini-la tem sido obje-
juridico omínis deƒinitío in íure civile periculosa est. (D. 50.17, 2021. 0 to de criticas (Dimi.m¬‹co, Direito Processual cit., p. 16). '
i

i
Erlcílcul z Autonrnana na S1:N'rsx‹ç,\ 67
68 ADA Pxu..=:onrNr"G_amovEn "

- Foi também apontado, entrenós, que as divergências assi- 1 nha julgado de modo conforme. Mas ng Brasil .este último caso
naladasJ›ela__conce1:¿çã_o materi_a_l_e processual da coisa _julgad¿r também dá margem à ação rescisória, nos termos do ¿1_'_i¿=4Bi5_._
só.,0C01'rQ111_$lL1?¬nd9*se_adote: p_0§Eã0, .q11_e¿vê_n_o ._institut0-suma 11, CPC,_sobre o «qual a doutrina assim se manifesta: “Haverá
.fun ão ositiva, como vínculo dos juízes, que -em qualquer pro- o_f_ensa àcoisa; julgada, quer na hipótese de 'o novofpronupçia-
cesso- futuro estariam adstritos a_ julgar de igual modozi lliís z¿i¿nw,s_e¿_co1iƒgr1ee a.‹rp£im°ir0,¿uer na_ae,ser_.d;z§.ç.0r1ƒ.Qr_f_n.¿â:
a,d_ou*trin'a' brasileira afirma predominantemente a função ne- ‹
qçvinctulo nãosignifica que o juiz esteja obrigado azrejrdgar a 'i'
¿natéria_em igual seiitidg, mas sim querela.estã__iInpeÊi¿io;ÕÉ.§Íe- . 4
identificável como o ne bis in idem. B I

Aliás, é o próprio direito positivo pátrio que identifica o julgado


civil com o ne bis in idem, impedindo a decisão das questões Assim sendo, não na por que falar~se, entre nós, em função '
ai.
Ú-_.-zrH%..~ «já decididas, relativas à mesma lide, pelo juiz, no caput 'do art. positiva da coisa julgada ou da .eficácia natural da sentença.
471 I CPC. ” E o art. 511 do Anteprojeto Buzaid era ainda mais Dai por que não terem sentido, aqui, as interminaveiscontrovér-
1
mcisivo, ao dispor, no caput, que "nenhum juiz decidirá no- sias entre a .concepção material .e processual da coisa julgada. ---f
-_'f- 1-wo-.
vamente as questões já decididas em sentença deƒinitiz>a,1rela- E até os autores que limitam a autoridade da coisa julgada à.
tivas à. mesma lide, salvo'.\.~. "J 1° i ' declaração afirmam a natureza processual do instituto. 12
9 «Mais uma vez, assim, o._or_denamen_t_o brasileiro adota a__p_ç-
4 -¿ -No n. 15, Ln-:BMAN lança os conceitos nucleares -da -_‹-_.¶_i_-
$ÉÃO jde Lrsnmau quanto_à - função negati__v;a_da. cqisa_j_ulgada, cácia da sentença -_ como comandoleplenamente eficaz enryir- -›._. _._,
podendo conseqüentemente conclui;-se, com¿_o_Auto_r,lque Ya
tude da idoneidade natural dos”, atos esta¿tais _- e da autoridade , “-‹. ._._._.-«›-'
.CÓiS8«¬ii1_1gflda...p.o.r_si só, "não,ê_nem¬processual nem-materia1i'. çl_¿_ç秿_j¿1lg_a_d¿ - como ,imutabilidade do_c‹¿m_a_nÇlo__e_m‹=ggente_, _.-
A denominada função positiva da coisa julgada com `esta'nada
;u seja, como qualidade quereyeste o -a_to_ta_n1b_‹ë_g,1Í f' l
tem a ver, podendo ligar-se, quando muito, à eficácianatural I
em seu conteúdo, tornando imutáveis, alem, do ato, osüšeus'
da sentença em ordenamentos como o italiano. Ali, com efeito,
efeitos. 9
como lembra LIEBMAN (n. 18), só se admite recurso extraordi-
nário para aproteção da coisa julgada quando “a sentença for Já. vimos ser hoje essa distinção geralmente aceita, havendo
.contrária a outra sentença precedente passada em julgado" -(art. até quem tenha levado a distinção- mais adiante de quanto o
.l- 494,.n. 5, e 517, n. 8, cód. proc. civ. italiano), e não quando a_ tenha feito -seu próprio Autor. 11* 1
Ê
É
sentença, embora tornando a julgar sobre o mesmo objeto, te- E por se1;só_9_comando que se torna imu_tavel,_ ,aponclusão -
É z quanto aos limites objetivos do julgadojrá. -coe¿_‹antern_‹:1_itp_:_dú¿Es_‹,e,r
T Neves, Contribuição, cit., p. 489 e segs.; Gruuovaa, Eficácia e Au-_ uma só:_e3‹cl|_1i-_se_da coisa___julgada a atividade lógica exercida
toifidade, cit., p. 15 e segs. . ®pelo jura para pr_eparar._e4ust1f.1car a_decisao. É o que ja afirma
H- Mâaouss, Instituições de Direito Processual Civil, Rio de Janeiro. -va a melhor doutrina brasileira, interpretando o art. 287, CPC -1'-1z;-v,-. ¬=.,._.-
1967, vol._V, p. 61; C.u.moi~| na Passos, Comentários ao Código de Pro- de 1939, e agora expressamente o direito positivo. 1*
cesso Civil, Rio, 1974. vo1.'III, p. 258; AMARAL Smros, Comentários ao ...“-.,.

Codigo de Processo Cívil, Rio, 1976, vol. IV, p. 489. '


U Bsnsos/l Monuaâ, Comeutáfios ao .Código de Processo Civil, Rio
=' Art. 289. caput, do CPC de 1939. Já. se notou que c dispositivo diz de Janeiro, l9'i8,_vol. V, n'. 78. ç
respeito à coisa julgada material e não à formal: Bzuzsosa Monenu\,_ *;. -.»_.‹._ :_'°-._ 12 Neves, Contribuição, cit., p. 433 e segs., especialmente, p. 442.
Questões Prejudiciais, cit., p. 65. _
1 '3 Retro, Notas da rodapé 3 e"4.
1° - Quanto ao ne bis in idem no ordenamento processual pena-I bra-
slleiro, ver nossa Eficácia e Autoridade, cit., p. 14 e segs. H Ver, retro, Notas ao š l.°. inclusive nota de rodapé n. 10..
1
:crie '

I i VW dt N\P.6o\v\3rc›.
\

31 .Á‹.___ i .L ,RL Ji. là .-11 .~r. j


53 Ana Psfltrcmur Gnmovsn
` *:Afirma' ' se, ainda, que só a senten acde
. mérito
_ ._.,__.é apta
. a 1;_§-
K Se na vigência do código de 1939, como se afirma no I ,'`v.es_tir-se de imutabilidade
Í dentro e fora do processojcoisa jul»
11- 17. la era comumente aceito que a existência da coisa julga- \ gado. formal e coisa julgada material); as=,demais__decís_ões egíp-
da Pudesse Ser levada em consideração ex oƒƒicio pelo juiz tra"- ; rem sua imutabilidade no âmbito interno _d9_pro¶esso,_1'evestin-
taníio-fe. Portanto, deobjeção e não de e:1:ceção,' malgrado a fm-_
\ .‹-l9z.S¢._aP§;1.aê.._v.flla:v1'¢°1vSã°Lr1a ¢9iSa-iu1sa‹1_a_.i9rm.a1- 1” Elufií-
u_u* aça° d° _°Qd1g°› 15 h°le o assunto é incontroverso: o código Zdativo, nesse ponto, o art. 474 do código processual vigente que,
“gente fiXP1l¢1tfi-mente admite a possibilidade do conhecimen- ao tratar do julgamento implícito das questões não discutidas
to da rnatena, 8:5: oƒƒicio, em qualquer tempo e grau de ju,.¡sd¡_ -- tradicionalmente reservado ao campo da coisa julgada mate-
Ça0. no § 3.° do art. 267. Ademais, a coisa julgada, mesmo a, ser rial --, reporta.-se expressamente à sentença de mérito.
:à°ãaÍa3P@13 Parte. não vem mais rotulada entre as exceções
r .- 04 e segs., CPC, mas sim incluída entre as alegações 7 Encerra LIEBMAN o capitulo com considerações sobre
H1 kpreliminares à contestação (art. 310, VI, CPC), a -coisa julgada no processo de execução (n. 20).
A natureza jurisdicional da execução civil é pacífica, tam-
bem, entre nós, 2° em que pesem terminologias diversas e cri-
estrlistuzadt
eficácia Êlãilliízgšziríicoka
da sentença julgadavistas
e au.too_â1.d19dcom FormalaosE matar-iai'
conceitosdere-
térios distintos de classificação, que no entanto não importam
unanimemente na doutrinafg 8 É O a coisa Julgada, e acolhida em atribuir à execução natureza administrativa. 21
É igualmente assente que a arrematação não tem natureza
tuma equiparar a coisa ` ras mm conbempommía' que cos-
" _ ' _ Julgado. formal à. preclusao, falando contratual, vendo-se no ato de transferência coativa dos bens
em .pre°lu5a° me-mma" quando se tram de sentença definitiva do devedor o poder autoritativo do Estado a que alude Lins-
l:lí fugiƒms autiufes Êêm até, P£QP11El1ad0 2- Supressão do termo “coii rviàu. '-'f 1 A

-E
f°f=fe1;z. szz›sz1zz.zízzzz-.‹zz1.‹=; .fíééfíâ11éié.i›i%ê1zns0: -z If' Ver, por todos, Axvmau. Smros, Primeiras Linhas (1979) cit.,
vol. 3.°, `p. -18 e segs.
clusão ë supjetivamenlte :ec :gia (É-1a demsao urecornvel- I}'!Ê_ 20' Cniumio Dmsmónco (Execução Civil, São Paulo, 1973) dedicou
;T'-"¿à3.;.à;;.;...z.
_ .zz:z*~
um st, .m.P3d1t1!Q,,
“E “T . ° .“*“ee. fe?°1=%e›‹le:ef@@@sza
'_"_ 8 00188. jiúgadaformal.
ao tema excelente monografia: ver principalmente ns. 6 e 7.
21 Aludlmos à. construção de Cr-:Lso Naves, já referida, que reserva
Êffg-9=9~ai3dade__Fl3fz ÚGCÍSÊQ. 011 Sejêflêua imutabilidade, dentro do a denominação "jurisdicional" à atividade cognitiva, falando em “juris-.
›Er00€'sso,_ Trata-se, assim, de institutos diversos, ãmšoraiñligados -satisfação" para o processo de execução: apesar disto, reconhece o
v1.n-mf
-Êntfe SÍ POI' uma relação lógica de antecedente-conseqüente. 18 Autor tratar-se, em ambos os casos, de atividade processual tipica.
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo, Forense, vol. VII,
'5 _0 HU . 182 . - ' a de- coisa julgada
- _ e só p. 96). " _

i
_II. mcluia entre as exceçoes;
'-'= Nr-zvss, Da. Arrematação de Real a Real, São Paulo, 1958, p. 93
Í.::;t:,aH m°ÊIÍ"p°ff“°¡a abS°1“**1 2 que 0 Cõdiso permitia expressamente e segs. c, mais recentemente, Comentários cit., p. 86 e segs., principal-
arguldfl em qualquer tempo ou instã.ncia."' (art. 182, § 1_‹›)_
1° Assim ' P0? GXEIIIDIO I Bans:› Da Preclusão no Processo
` mente ps. 94/95; Turonono Júxuoa, Processo de Execução, São Paulo,
Civil, 1
.-_-“_ Rev. Forense, vol. 158, p. 63. n 1978, Cap. XXI, ri. 2; Aummn SANTOS, Primeiras Linhas cit. (1978). vol.
'7 V 91' `
CINTRA. - Geral cit.,
GHINOVI-11 & Dxmivumco. Teoria _ n. 189_ 3.°, p. 303 e segs. Aliás, o Código Processual vigente não mais se refere
. IB _ - ‹
'C0¡s;Jlfig::1":"Ê::ltfg¡r:c^:\;Í; fl; tpláimoroso estudo sobre Preclusão, da decisao._E;nt£:_p¿e_çl1£'._§.p,_o_i5_ rãnsito__e_m julgado, e coisa_ju_lga‹.laTh_ã›.
em coisa juigâda formal como sing “_ 05, Oiii-. P. 9 e segs._l, quem fala 9 PQ-S uma relação lóg_lca de_antece‹17e;rrt_¿_e;a-conseqüente :fe não c_l=e_ 5_:a_usa
-e-efeito): p. 14Í"
clusão dos recursos' e esta nada niai?? processual cfmsequeme à pre-
' 3 5° QUE 0 “transito em Julgado"
o P1 E. .N 3. :C .r
_:=--zu

E mais: a doutrina brasileirachega a perfilhar o entendi-


mento de Zrmzuccur, no sentido de a arrernatação assinalar
Íi .uma demanda incidental no processo de -execução. 23
Assentadas essas premissas, poder-se-ia concluir,_com Lima-
Mw., pela atribuição da autoridade da coisa -julgada à. sentença
de arrematação, com o que se excluiria a ação' de nulidade pro-
ponivel contra a sentença de transferência -coa-tiva? . § 4.". OS' EFEITOS SECUNDÁRIOS DAS SENTENÇAS
Não é esse o entendimento da doutrina -brasileira. O desfa-
zimento da arrematação, afora «os casos expressos do art. 694 do .-su›.l.4moz"z1. com jzúgaas e zfelwz secundários n. vomaae ao luiz z efeitos
código-em vigor _ e que se processa nos próprios autos -, pode da sentença. 23. Noção dos efeitos secundtrlos.

-numa-r‹.-
ser pleileado em ação própria. 24 Enão se trata, no caso, de ação
rescisória, pela qual se desconstitui a coisa julga-da (art. 485, -CPC 21. O tema deste parágrafo ministra desde logo um exem-
vigente). _ - -plo para aquilata-r da importância dos resultados alcançados
Nesse çponto,__o direito «brasileiro afasta-se_do_-t_eg1_;o_;_a_cgisë,: nas paginas que pr-ecedem.
.Íl!_l8ad_a mfififirífll é íenômeno__esjg:ci-fico da sentença -de mérito; Nas pegadas de algumas 'breves proposições de Wâcn, 1 a
e_o processode e1_;ecução_não -tem sentenças dg mérito çsalvg, doutrina germânica unânime completa o quadro dos efeitos pos-
Sw de ¢onh_e_cinrl_e_nf_c› 1ncide1_1`te_is;no _ siveis da sentenca colocando, ao lado dos principais (que ela,
processo de execuçãomcnmo¬os_,__en'1baizgos,_oL1de_11á_$§¿ltfinça e
como sabemos, identifica, na -coisa julgada, na eficácia executó-
l); os comandos pronunciadas pela autoridade ju- ria e na constitutiva), outro grupo de efeitos que se manifes-
diciária no processo de execução não adquirem a imutabilidade
-caracteristica da autoridade da coisa julgada. -No caso de execu- tatiam sobre as relações substanciais privadas das partes ou de
ção não embargada, equipara-se o resultado do processo ao adim- terceiros e que seriam causados pela sentença, não em sua fun-
.plementoz tratando-se de pagamento forçado, ai execução não ção de ato jurisdicional, mas em sua simples qualidade de fato
embargada sujeitar-se-ia às regras comuns da validade do pa- juridicamente relevante; e os indica, por isso, com o termo de,
gamento. 25 efeitos de fato, de efeitos privatisticos secundários- ou colaterais'
i da sentença (Totbestandswirkungen, privatrechtlichen Neben-
¿¡~¿¡
_.._ ._; ¬.:_'; _" _ j "_j':4¡
wirIcungen),‹de efeitos reflexos quando se produzem .em relação.
a terceiros (Reƒlerwirkungen), relembrando explicitamente para
23 Neves, Comentários, cit., ibíd. No entanto. vê o Autor -na preten- estes últimos a conhecida-doiutrina de_Ju§1uNG sobre os efeitos
sao do licitante uma pretensão à tutela que denomina jurls-integrativa, reiflexos dos fatos jurídicos em -relação a terceiros. '~' Convém' a
011 5615 - na denommaçao classica -. de jurisdição voluntária (ps. Íesserespeitoñ observar' que por alguns são relacionados com essa
95/96).
2* Cf. THEOIJORO JR.,-z Processo, cit., p. 323; AMARAL SANTOS, Primeiras categoria ainda os efeitos que uma sentença produz em refe-
Linhas (1979), 3.° vol., n. 931 (p. 321). _
2° Tmsonono Júnior: assim conclui, no -Cap. XXVIII (Execução For-
' Ihzridbuch, p. 626. ' Y
çada e Coisa Julgado) 'de seu Processo de Execução, cit., ps. 491/2).
1 Kiscn, Bailraege zur -Urteílslchre, `p. 31 e segs.: H.n.l.wlo, Rechtskraƒt, cit., p. 21
à. "venda", como o fazia o revogado (art. 964), falando em' "transferên- e :‹-gs.; System. I, ps. 780 e 802: KU'r"rND=, Prívalftqhtlichen Nebznwirlsungcn dm'
Zirilurteile. Mónaco. 1908. p. 2 e `segs.; Gowscuuurr, Zivilprozcssrecht, p. 212;
cia" (art. 688). .
Roeniênâutc. Lehrbuch. p. SH. _ _ I A
.Li En arco Turno Llaaaizzfl Erzcilcm E Auronmaoa 'mi siamsuçs i-‹›

rência a uma eventual ação de regresso existente contra um - 22. As referidas considerações de Cammauoaai tem omé-
terceiro.” ' rito, com referência à. doutrina alemã, de dar mais clara justi-
Cammlmnaar, * que foi o primeiro a chamar a atenção para ficação da terminologia de eƒeitos de ƒato, usada também por
o problema na Itália, sem perder de vista substancialmente esses ela para esses efeitos secundários, visto como apresentam a dis-
conceitos, deu-lhes, todavia, formulação um tanto diversa. Re- tinção entre estes últimos e os efeitos principais, distinguindo
lacionados todos os efeitos normais da sentença, que ele deno- a sentençacomo ato juridico, isto é, como declaração de von-
-mina eƒeitos do julgado, com a vontade auioritativa. expressa na tade que produz determinados efeitos, porque são queridos por
sentença, visto que aparecem queridos pelo Estado e determi- quem a pronuncia, da sentença não mais nesta sua qualidade,
nados na essência c nos limites pelo comando formulado pelo mas como fato material a que liga a lei certas conseqüências
juiz, prossegue assim: "li_Ias¿1cm to_dos_os efeitpijurídicos que -jurídicas, cuja verificação não depende da vontade do declarante.
a lei atribui à. sentença podem relacionar-se com a vontade nela Mas, justamente por isso, ressalta maiormente evidenciado
formulada e colocagsc sob 0 instituto do julgado Àsri¿e_ze.s ro o que parece o ponto fraco da definição dos efeitos secundários,
(luz a sentenca certos efeitos, nãofporque ojuiz tenha tqugido tal como é comumente formulada. '
que se produzissem ou porque ap sua produçãoƒtçnlia §_QI}S¿i¿i_tuido
A sentença pode efetivamente considerar-se um ato de von-
o_l3jeto, declarado ou implícito,_da ,de_cisão,. mas porque, fora do
c_ampo no qual se pode confinar_o poder de decñisãoñdoñjuiz, é _a_ tade só no sentido juridico; e não no sentido psicológico, isto é,
enquanto atribui um comando jurídico a um sujeito, e não, ao
sentença considerada pela lei como fato produtor de efeitos ju-
contrário, enquanto os seus efeitos são mais ou menos livremen-
rigl_iç_c¿s,_preestabelecidos pela própria lei e não dependentes do
i cpmando _contido, na sentença._.Podcr_em_Qs__f_a1_ar_nestcs_c_aso§_da te determinados pelas suas forças volitivas auiôI10rI1&S- Para
v
justificar a sua doutrina, deveria CALAMANDRE1 sustentar e de-
sçqt_e¿1ç_a_ç_‹¿mo_fgto jurídico em sentido restrito.”
i monstrar que a sentença, quando produz os seus efeitos prin-
_ Os resultados das pesquisas f eitas nos parágrafos preceden-
1 cipais, e, não só ato, mas propriamente negócio jurídico; só
_tes demonstram desde logo que os efeitos secundários da sen-
então seria exato referir-se à vontade do juiz. -
tença nãofseçppdçgg contrapgr _a_c9§a julgada,_que não é efeito
dos os efeitos dansentenca se produzem apenas p_orque_ são dis-
-da sentença e tampouco à soma dos seus efeitos principais, mas
postos pela,_le_i,_tanto os secundários quanto os principe-is. Neste
tão-só umarsua Lpossivel) ~quaiida;Je. Dever-se-á, pois, começar
retíficando a distinção, pelo' confronto dos efeitos secundários sentido, é exato dizer que são queridos pelo Estado, mas, justa-
com os efeitos principais da sentença que são, conforme o caso, mente por isso, se destrói a distinção -que se está procurando.
declarativos, constitutivos ou execulórios (sancionatórios). E, vice-versa, são eles produzidos pelo fato da prolação da sen-
tença, e de modo completamente, independente da efetiva von-
Mesmo depois dessa retificação, todavia, o fundamento em
si de-Sta doutrina não persuade. tade do juiz,° e também issoivale igualmente tanto para uns
como para os outros. °
1 Wu:n:.'op. cit., p. 629; H:u.wxc. System, I, p. 803. Contra. Ktrrrm-.a', op, cit., ff Escreve muito bem Bm-ri, Com gíudicata e ragione, etc.. em Riu. di Dir. Com-
.-=. . p. 53. Estes caws. porém, nada têm de ver com o problema aqui diaoorrido. o m¢f¢{zlz_ 1929, I, p. 547: "A decisao 6 vinculante, não porque queira o órgão vincular
deles se falará amplamente maia adiante. _
as partes. mas porque as partes estao objetivamente sujeitas a competencia norma-
I Appunfi sulla untenza come farto. gíurídico, em Riu. di Dir. Proc. Civüe, i9§2.
tiva ao órgão."
I. P. 15. e em Studi sul processo civiie, Ill. p. 132. Cfr.. além dlwø, Lu natura gíu-
_ 0 Slntcmátlca, a esse respeito. a referencia de Cauumuoairr como a um conceito
ridica deile'dcci.1ío11i della Magistratura dei Lavoro é Retroaflivild della sentenza e
analogo a teoria arquitctada por Moanu da sentença internacional como fato juri-
ipotcca gíudiziale, em Studi, cit., ps. 141 e l93. V., porém. indicação precisa já antes
dico (Sentcnza intcrnazionale, Padua. 1931, p. 15 e sega), teoria que é conforme B5
em Saem, Interuenfo adesivo, p. ll! a segs.
idéias desenvolvidas no texto. Jú que para Means.: a sentença internacional nao
74 Euaico TU1.i.1o Lisimm , _
Ericson. E Airroiumns na S1-':N're›tç¡. 75

Const era, por exemplo, CALAMANDREI efeito secundario da Semço Sagan, em sua emma mmucwsa e, sem duvida' agu_
°°ndenaça° a hipoteca judicial que ela produz: °ra'Ê bem c.er.t° L da, que levaria muito longe 0 ProPósito deste trabalho, ocorre.
' ' 1 _ . _
que as mms das vezes O autor' ao pad" a c°nd_enaça°' Ç 0 lu Z' -no entanto, salientar que exorbitou talvez no excluir de todo
" '" amn acon- . .. z
ac decldm Vlsarao em pnmmra plana' llespectw E te' › _ em ‹todo a existencia. de efeitos secundarios da -sentença, acerca
seguir e pronunciar a aplicaçao da sançao, e pensarao na h1po~ dos quais as definições que lhe foram dadas até agora, embora
i
teca judicial so' como num efeito accessorio.
'
Num caso 1 detei. ` ¿, inexatas, contêm qualquer coisa .de verdadeiro.
minado, todavia, pode muito bem acontecer que à. parte inte
1-esse muito mais aiiipoteca ]udic1al do quela condenaçao, por- 23. Broduz a sentençëg=à§11¿_eš§§¡_ë9:¡§:gQ:ge_5m§:e,¡_emos
que, por exemplo, já está. ela mumda de titulo executorio ex- principais, eÍ"e"¡t9iS't_secundár¡Qs Ene se diêlgiguem d0_S_pL¡_mÊ¡m_$,
trajudicial, ef pode ainda ocorrer que o juiz esteja plenamente não ,p0"¡Íse,¿*Catátm-_e¡¿Q1¿i§jv_amente_priiiatíst@_nem_poi;sua
consciente dessa situaçao de fato, no momento em que pronuncia ¡mp0,Lâi,lc¡a menorkporquei não* ,_Â,,oJ_s'äoqp_rat_¡Qamente Os m¿_,¿s
3 sentença' 7 Mas nem p°r isso 3 hipoteca' judicial passará 3' ser relevantes, rnasñpor sua ifalta absoluta de autonomia; são sini-
efeito principal e as condenação efeito secundárioda sentença. Éesmente iajèësêórios se Êbnšçšüentes aosfiefeiwisç prrínclpêiá' E
Indubitavelmente, a noção dos efeitos secundários, se admis- 050”-em êutomáticamentéz por força de_,lei,_qu_ando se produzem
siveis. deve procurar-Se em algum Caráter Obíflfivfl Sw- os principais. Não têm por isso os efeitos secundários condições
Ijlá bemñpoucoptempo, Serra, em aguda critica dir-igida_,_à_ próprias de admissibilidade, que o juiz deva reconhecer e de-
doutrina dos_e._f_eitos secundários, F*,_em___parte coincidente com as clarar existentes, independentemente das condições dos efeitos
considerações ora desenvolvidas, chegou, ao igesliltadosmcompleta- i principais.
mentzé zn€%aÍ>ÍV°5- QGEBQUSÊY-Ullzque n0$ 03505 9~dUZÍÊ9$ 139105 6-5- Quando o exame da causa autoriza a prolação da sentença
critores alemães ,(gu_naque1es análogos quase poderiam aduzir com determinados efeitos (principais), dever-se-ão; só por isso,
em direito_i_taliano)_,__qs_ cnamados efeitos s_ecund_á.__rigs_d_a sen- -produzir, e logo se produzir-ão, também os secundários, os quais,
tença são ante; 5im_plesmente_a.s conseqüêncie.s_produzidas_pelos portanto, não deverão ser pedidos pelas partes na demanda ju-
,,_e1.dgd§¿šä_ef¿j¿Q$Àd_a;S¿m¿nça`ii d_e_mQç1Q¬flue¿p_0;1¿¡~-5e-i?__¿;i¡- dicial, nem estar- contidos e indicados na decisão (e por Lsso é
28,.) ma¡s›gueie¡Ae¿¿QS $§qc_,¿¡¿,¡¿;,__¡;¿2§J.YS¡Ê-,QTeçgçitgsçiindpiretgs,_media- exato dizerque não fazem parte do objeto da sentença);“ e
tos da sentença; e examinou depois, e negou, os vários exemplos asim °°m° não P°de1`Í3-U1-55-1`43-T-°1ÍJ3Z¡5Í~05 5°Pa1`adame¡lt5 d°§
'de efenos Secundáflos ¡nd¡cadoS_ por CAMMANDRR io ç principais, não p_o_de_rn_, tampo¿¿'çg,_§,_er denegados quando se
_________ ' pronunciam agueles.
1 Lembro A questão que se agitou no passado, na jurisprudência, acerca da Tem, POÍS, I`aZãO CAL-É-NÍANDREI em c0n$ÍdeÍ`3.Í` COITIÚ efeito
lidrnissibilldade da ação de -condenação por parte do credor camblúrlo, e resolvida ' secundário a hipoteca 12-. e do mesmo ponto de vista
ern sentido afirmativo. precisamente em razão do interesse que tem ele de conseguir ,
o título para ii hipoteca judicial. 5' ›---.`-__
^ Gti c/ƒettf secondari dello sentenza, em Riu. di Dir. Proc. Cíuilc, 1934, I, p. 251, H Nam gemido é exato G que disse Ku-num' °p` cn" p' 5'
Dublicados quando já estava esta monografia em grande parte escrita. H ¿p¡"“M¡ '"'"“ “"¡°"¡°- cu' Um SÍWÍÍ. IU. P- 133. e Retroativiiá. tir. all.
ci ' p. 193. Contra, tcdnvia. Safra, Elle!!! sccondari, p. 262 e segs.. porque sustenta que
" 0 . t,, . 257. _
P p todos os efeitos são entre si independente: c derivam imediatamente da sentença.
" Op. cit., p. 259 e øegs.

Y f zfz z az f W _ fz z , ADITAMENTO A0 § 4.°


pode considerar-se ato Juridico, visto como falta no ordenamento iurldico interna-
cional um sujeito li. quem atribui-lo; disso provém que deve a sentença valer como ,. E¡¡e¡-nplos de efeitos secundários no direito brasileiro: direito de
"“°' °"°“ 5°” °f°“°*' °"“°"““°~ '*“ “°°*“° ““ °°'“'°"°'“'“¬ inscrever hipoteca iudicial (art. 284 do Cód de Proc Civili- dissolução
. ' ' ' I
76 Emuco Tuuzro Lrnamm

é correta a construção que dá. dos efeitos da sentença 'coletiva


da Justiça do Trabalho, a respeito dos membros das categorias.”
E, finalmente, se se admitir que a sentença declaratória de fa-
lência é Q titulo executório para a execução coletiva, serão seus
efeitos secundários a penhora do patrimônio do devedor. e os
outros que a 1ei_ liga a esta. 1* -
Norris Ao § 4.0
(Ada Pellegrini Grinover)

V 1 - Assen-tado que a coisa julgada não é efeito da senten-


ça, sendo seus efeitos, ao contrário, o deciaratório, o .constitu-
tivo e o sancionatório, Lrnmvmn afasta a possibilidade de a estes
r se contraporem efeitos secundários, como a hipoteca judicial.
E, desacolhendo a teoria de Szrrra, tendente a excluir a existên-
cia de efeitos secundários da sentença, o Mest.r_e_assenta,_nesse_
Ca.pi.tJ.il9_..qUei os efeitos secundários existem, mas são secundá-
rios -exatamente porsua falta de autonomia,sendo consecfientes
-efácessóriosnaos efeitos_pr1ncipais.__P_or issg nao devem eies_se1',
-pieiteados pelas partes, nem estar contidos e indicados Jia deci-
1-1 nppunii, cit., p. 137. e La natura oiuridicafdeile decisíoui della .llagiairatura $iQ.:_d_e_c_o1-renclo automaticm:dQs._&f.eitos_12.r.incip_ais..Cíêãta.
dci Lavoro, em Srudt, 111, p. iii e segs.. Impóe. todavia, cane arB“m°“°° B B0¡uÇã0 A doutrina brasileira acolhe pacificamente a -tese de Lian-
da questoes gerais que se ndo podem' aqui tratar de Plëflflfim- D0 *GUBÍQUBY 111060.
tem Cazauaunnn razao em negar (idem, p. iu; concorde Rovtau, La sefltenza della MAN, 1 hoje recebida pelo código vigente: o art. 466, parágrafo
.uayístratura dei Lauo-ro. em Studi Urbíneti, VI. 1932, p. 16 da separate. não concor- -único, expressamente indica que “a sentença condenatória pro-
dando no restante com C.u.a.huNnllI) que os efeitos "normat1voa" da sentença se
podem considerar como extensão da coisa julgada, visto como o demonstração acima duz a hipoteca judiciária.. .", numa demonstração patente que
expiannda no tuto, de que a coisa julgada não é um efeito da sentença. poe de nao se trata de poder discricionário do -juiz, mas de efeito aces¢
indo o problema, a priori. -
sorio e conseqüente aos efeitos sancionatórios da -sentença.
H Por isso mesmo "a penhora do patrimonio do'faiido nao é o objeto da seu-
rcnça declaratória, mas tão-só um efeito seu" (como escrevi em Titulo executivo
riguardo aí tefzi, em Riu. di Dir._ Proc. Cíuile, 1934, I, p. 140). Para il 0DlDifi0 QUE -2 -_ Os_ exemplos fornecidos .por Lnasivnuv no Aditamento
mo parece mais exata sobre sentença declaratória da falência, v. Auomou, I-'cre ao § 4.0, como de efeitos secundários, no direito brasileiro, per-
italiano, i934. IV, p. 248.
manecem intactos. 2 A eles, a. doutrina acrescentaoutros. Assim
da comunhão de bens, decorrente da sentença que anula o casamento
_(art. 267. II, do Cód. Civil) ou declara o desquite '(art. 267. III, do Cód. ¡ Ver, por todos, MARQUES, Manual, cit., 3.° vol., n. 673; Aigmmr. SAN-
Civil); perda do direito a. usar o nome do marido, por parte de mulher ros, Primeiras Linhas (1978) ` cit., 3.° vol., n. 722. A
condenada na ação de desquite (art. 324 do Cód. Civil); Derempção do 2 Ao art. 284 do código revogado corresponde o art. 466 do código
direito de demandar de quem der causa a très absolviçoes da instancia' vigente, cujo parágrafo único, acima transcrito, demonstra claramente
(art. 204 do Cód. de Proc. civil); haver-se por enunciado a declaração decorrer automaticamente az -hipoteca judiciária do efeito condenatória
de vontade de quem foi condenado a emiti-ia (art. 1.008 do Cód. dc da sentença; a perempção, regulada na vigência do código anterior pelo
Proc. Civil). ' '_ - art. 204, vem hoje -prevista no art. 267, V. clc 268, parágrafo único; do
qg Ann Psttroarur Gnmovrn

afirma Josi: Frmoeníco MluiQUEs:_"Eíeito ainda do julgamento,


como fato juridico, é az sua invocação para provocar-se o inci-
dente de uniformização da jurisprudência, oulpara interpor-se
recurso extraordinário com base na letra “d” do art. 119, n. 1.11,
da Constituição da República. Efeito dessa natureza é também
O que decorre da -declaração de inconstitucionalidade da lei,
quando o Senado suspende a execução da lei declarada incons- § 5.°. LIMITES SUBJETIVOS -DA COISA JULGADA
titucional, por força do disposto 110 art--42, 111 VH. da COUSÍÍ'
tuição em vigor." *i Mascara AMARAL SANTOS dá. outros exemplos, SUMAIÍIO: 24. Extensão subjetiva de sentença. 25. Parte: e terceiros em tece da
de efeitos secundários da sentença, no direito brasileiro* coisa Julgado. 26. Teoria dos efeitos reflexos da coisa julgada. 27. Obser-
- vaçóes preliminares. 28. Samu. 29. Btrrr. 30. Continuação: exame 'de
teoria de Berrr. 31. C1uu~u:r.rrrrr contra Brrrrr. 32. Exame da teoria de
C.‹umn.u1-rr.
1

24. A distinção entre eficacia da sentençame autoridade


da-coisa -julgada pode .ter,__por fim,_grande importancia para
qa doutrina s_0_b_r_e___f_enômeno_m¿rito complexo, oida
influência que uma sentença pode_e›¿erce1; 'relativamente a
terceirg. V -
Estudou-se esse fenômeno até agora unicamente sob,o as-
pecto da maior ou menor possibilidade de ampliar também aos
terceiros a autoridade da -coisa julgada, dando lugar à. teoria
dos limites subjetivos da coisa julgada. Não é de estranhar que
assim seja. Identificada a coisa julgada com' a eficácia da sen-
tença ou, ao menos, com aquela parte dos seus efeitos que pode
ter importância maior para os terceiros, cujas relações podem
mais ou menos depender da relação controvertida' que a senten-
ça declarou, constituiu ou modificou (é bom ter presente que
é recentissima a diferença entre sentença declaratória e consti-
tutiva), é em si plenamente conseqüente a__doutr:ina_,com.um
qu-ando, na séculos, vem sustentando .quase sem egrceção que
=' Mandu:-:s, Manual, cit., p. 222. fi_§ë.t.€_ns_ão_=_12s ter_c_e_iros dos efeítosda sentença .deveria s_i_gnif_i-
4 Amour. S.f.iv'ros, Comentários, cit., p. 338. car, e não_poderia djeixarlde significarkaç extensão a terceiros da
ggiga julgada. " . _ _
CPÇ; e o art. I.-006.60 estatuto de 1939., atinente a ficção de declaração de
vontade de quem foi condenado a emiti-18. GOIYBSDOHÚC 11018 9-0 flffi- 641, Claro :e,_pelo c'ontrá.rio,¬qu_e, segu_ndo_o ponto de vista de-
onde mais claramente se vislumbra o efeito da sentençfli “0°I1dfiflad° i`_endido .neste trabalho, se cinde o problem_a_e.m_.duas ques_tfre.$_
o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença-._11fl1a_V_fi2 *T3-1151: d-iversas e__dis'tintas;._a_da eficácia da sentença ,em -relação a_
tada em julgado, produzirá todos- os efeitos da declaraçao nao emitida. Ler.ceiLQs_e_a_ da coisa julgada em relação a_- terceiros. '
\

ri.|.
!l
Encficui 1-: Auroiuizmns os $,‹r:N'rr:i‹ç›. 81
80 Erunco Turuo Lraeaum
ii: alenUl_e qual_quer_recusa ou prgibiçao, ainda a._mais_rigL0_r_o_sa.
Haveria a logica de querer que se discutisse ant.es a primei- if.
,-
Eor_m,r_tro .ladograzões já .nomeadas difícilmententetiam- permi-
ra e depois a segunda dessas duas questões. Mas, para -comodi- Ú! tido__alcançar_s_olução _div_ersa_da extensão _a__terc.eir_os_da_cois_a
dade de exposição, tratarno-'las aqui na ordem inversa, a fim julgada, resultado g-rage e in_íqu_o em numerosos casoshporqge
de integrar a teoria da coisa julgada com a determinação dos sujeita irremediavqlrnente _os_terceirc¿s ao -êxito de um processo

seus limites subjetivos. Terá isso também a vantagem .de per- de que não participaram e que provavelmente igrlo_r_avam, fa-
mitir logo o exame do estado da doutrina e de preparar o ter- -Fi zendo depender_r;-sorte. dos_seus di_r.e_i.t.Qs_da atividade desenvol-
|I
reno -para os desenvolvimentos ulteriores e maiores que se yida, em juizo pelasmp_a__r1:es.
seguirão. ' A-doutrina do direito comum, sensibilíssima, também nessa
'_ - G-o\¬i~v‹i-ih- i1 ocasiao, às várias e eontrastan-tes exigências práticas, socorreu-
- 25. O principio tradici_0nal,_ segundo 0 qual se produz po -se de certos expedientes para integrar o rigoroso princípio afir-
coisa julgada entre as partes e só entre gsgâartes, não_ pode mado nas fontes res inter alias iudicata aliis non praeiudicare
bastara exaurir o tema da exten5ã9_ subjetiva da_senten@_. Ele (D. 42.1.63; 44.2. 1); e _ preseindindo, então, da corrente que
permanece muito exato, e está ainda hoje sancionado textual- Â reconhecia na sentença uma eficácia probatório. em relação a
mente pelo direito italiano vigente (art. 1.351 do Cód. Civil),= terceiros --, esforçou-se em estender a coisa julgada a algumas
mas é necessario completa-lo, decerto modo,__pa.ra dar-se conta categorias de terceiros, arquitetando uma hierarquiafentre os
de um dado de fato quegão adianta negar e muito__menos se vários interessados na relação jurídica e admitindo que _a sen-
pode supr-imir,_i.s@É,,Q_da_coexistência,,andado da_relação¿`u_ri- tença pronunciada entre os interessados principais obrigasse
‹LiclLque_i_oi_obieto de decisão esolore a qual incide a coisa_julgg~ ,_i também, e igualmente, os que tinham um interesse secundário:
da, de inúmeras outras relações a elçaíiigadas de .modo variado. Sententia lata contra unum, quem negotium principaiite-r tan-
Aifirrnar,_qu_e__e1as sãcginsensiveisíà decisão- pijolaia_d§,_p_‹›de git, praeiudicat in quandam consequentiam necessariam ei,
se_r_ uma solução_teoricamente_!nuito simples,_m_as_p_1jaticament.e quem negotium tangit accessorie etiam non citato nec requisito
i ci_:le.ia_d_e inço_nvenien.t.e_sFcom_o_ _deieito de_deixer ad processam* (l$_§cnt.e1n.ç,a41gLo.frer1_da_ contra alguém, a quem
de lado a realidadgzque faz seritirias suas exigências acima c toca o negÓciqprincip_almentg,__prejudica em eer_ta_con_$.e_q_iiên‹1a
flgcessaria àfulgle a.quem=toca_o_nggó_cio acessoriamente embo-
z
ADITAMENTOS AO š 5.° _ ra não citado nem..§1Ílamado_,par_a _o_ proe_es.so).
~i Análogo e praticamente equivalente, devia muito mais tar-
- Embora não sancionado pela lei vigente (era-o, ao raves, pelas de lograr inúmeras adesões, mercê ainda da autoridade de SA-
Ordcriaçöes, L_ III, 31 pr_), 0 principio que limita a autoridade da coisa
julgada às partes é pacificamente admitido pela doutrina c pela juris- v1cNY,. que dele se fez defensor, o conceito-de uma espécie de
prudência como “um dos mais sábios principios da politica judiciziria" representaçao dos interesses do terceiro por obra da parte, como
i.lo¡.o l\-ionremoi. Tratadistas e comentadores seguem geralmente os É fundamento, em determinados casos, da extensão da coisa jul-
pontos de vista tradicionais. Um exame mais minucioso de alguns casos gada ao terceiro; conceito que foi mais tarde especificado por
particulares em Gusmão, Coisa Julgado, 9. 56 e segs. Um estudo das
principais correntes da doutrina europeia em Esreurii, op. cit., p. 153
outrospna figura da representação in utilibus, pela qual poderia
c segs., e em Atssivro nos Reis, Eficácia do caso julgado em relação a o terceiro utilizar-se da sentença de outrem, mas não ser por
terceiros, Coimbra, 19-il, sep. do Boletim da Faculdade de Direito, vol. 17.
i Ds: Mansiuis, Tract. de ƒideiurs.. n. 349. 0 mais célebre tretadisia da me-teria
*_ 0 ponto de vista do texto foi acolhido e desenvolvido por Paixao -u-h- foi Mamas: Tnrrriicuo em seu comentário à Lei Saepe (42, i, 63). V... para uma
Bu-rsrs Mmrms, Comentários, vol. III, p. 310 e segs. ç síntese satisfatória, Mtnnnssonu-Baerirotnv, Grezen der Rechtakraƒt, p. 3 e segs.-
Some iodo o lema, v. também adiante, neste. volume, p. l`86 e segs.
32 Esiuco TULr..¡o Lreennn Enclcn 1: Auronmiine na Scsxreug 33

ela prejudicado. Hoje, contudo, concorda-se em considerar infe- afirmação de Wacu conseguiu na Itália eco muito mais extenso,
liz e insustentável o recurso à representação, e em afirmar que, influindo largamente sobre as principais correntes doutrinárias.
em todo o caso, a coisa julgada, nos limites em que se -produz, Já. Ascom e Ciuvnvmo, anotando a Cao1vué:,° observavam su-
vale Wo et contra e não secundum eventum litis. 2 cintamente que “a sentença pode ter em relação a terceiros
“efeitos reflexos”. Mas foi, sobretudo, Curovsmtm quem recolheu
26. Dedicaram-se os escritores modernos, com renovado e desenvolveu e. afirmação de Wrzcn, não a adotando, fporém,
interesse, ao estudo desse tema atraente, sempre por se' resol- sem ponderável limitação, que lhe tira, não só todo exagero,
ver e talvez refratário a uma solução teórica geral que nos li- mas também grande parte de sua significação. “Como todo ato
berte da casuística minuciosa na qual permanece duvidoso e jilridico" -f_dl:_¿_8le -- “tQca.nte J¿a;r_t,e3_ent_r__etê3:(¿ug_j5_¡n_¡Ê¿-_
passível de discussão todo resultado particular. E é notável que vém,_existe a sentença e v,_ale_.em relação a to_dos_, (301-QQ, O cgn-
algumas das tendências recentessignifiquem em parte uma voi- trato entre A e_B, assim a sente_nça_e_;_1_i¿e_¿l_e_B¿¿z,1,-Uzm_¡e1¿_
ta às diretrizes que tinham seu primado quando florescia a me- GQ! 8-..f«0l'i0S. enquanto for sentença entre_A.e ,B._N_ão convém,
-lhor doutrina do direito comum. PQÍSJISÍ'-8›bB1B¢Br CQII10 iJ1'in§ípio_geral o de_que a sentença pre-
Houve, na verdade, na fiodierna literatura germânica, a valece só entreas partesjantes éfmister dizenque a _senten@
.tentativa de resolver todas as dificuldades com um principio 95° P°d¢,_PfeÍu¿¡°_01` HOS que foifaxn estranhos, à,l_ide." ° E resu-
unitário que tem todo o aspecto de um ovo de Colombo: “quan- me o seu pensamento, com toda a clareza desejável, quando
do tenha sido uma sentença prolatada entre os legítimos con- äšä afirma: “Todos somos ‹o brigados a rec9nhecer_o_julgado
_ _ Z
entre
traditores” _- sustentou Wàcna -- “a coisa julgada entre as fl» ®°5 2°fÍe3_;__.1.1ã0 iJ0dfiII1os,___por§m, seipor ele prgj¿1dicados." Não
partes opera, enquanto tai, em relação a todos”. Mas essa opi- se pode, contudo, dizer que exista esse prejuizo quando é de
nião logrou pouca repercussão e foi depois decididamente repe- mero fato; por exemplo, o credor não se pode dizer prejudicado
lida de modo quase sumário por toda a doutrina tedesca pos- pelas sentenças pronunciadas a favor de outros credores, por-
terior, como contrária à tradição e ao direito positivo. * que os diversos créditos' contra um único devedor são em di-
Por isso, sem se 'deter no que já não se pode chamar na reito plenarnente compativeis entre si. Haveria, pelo contrário,
própria Alemanha uma controvérsia, ë de observar tão-só_ que a prejuizo juridico quando a sentença pudesse negar o direito
-dosterceiros estranhos, o que se verificará em todos os casos
=' Contra a teoria da rcp`resentuçño'.-vfespecialmente _HEu.wrc, Reciiisi.-`raIt, sit.. einque a declaração da existência ou inexistência da relação
p. 52; Cuxouzuoa, Principii, p. 922; Birrn, Trattato dei limit! soçpetliví deita cosa
giudicala in dírítto romano, Macerota. 1922, p. 192 e segs. E também unânime a entre as par-tes-seja com ele incompatível: em tal caso não pode
doutrina moderna em rejeitar e. ooisa julgada :ecundum evefltum iitís. afirmando a coisa julgada opor-se a terceiros. 1
decididamente que os limites .de extensão da coisa julgada são independentes da
êxito da lide; WACH, Zur Lehre von der Rechtskraƒt, p. 75: MENnm5soHr‹-Bzin- T0505 05 ESCFÍÍFOTBS, que vieram depois, acompanharam a
1-1-¡o1.o'r, op. cit., p. 332 e sega.: Curovcrmó, Princípii, p. 915; Rsneufl, Giudizio ci-uiie, Cm°VEW^
,
Pelo mesmo caminho; nem todos, porém I como ve-
cit., ps. 14 e 173 e segs.
reinos, se mostraram igualmente prudentes. Expressando com
= Rcchtaicra/Y, cit., especialmente as ps. 20. B5 e U6: a ele aderiram Meunttssolirc-
-Biinrriotnf. op. cit., passim, c em síntese a p. 509, e Wnsuimfl, Ziviiprozessrechi,
I. p. 245. Com particular rigor sustentou Mzuoenssonu-Burruotnr e desenvolveu o ' .Parte penemie del diritto private íranceae (ti-ad. ital_), 9 432
conceito do identidade de valor da coisa julgada entre as portes para todos os ' Príncipii, p. 921; e do mesmo modo Istituzioni, I. p. 31'! e segs. (tmn. pm-:__
terceiros. qualquer que seia e. posição Juridica em referência à relação decidida. D. 571).
' Fissmtn, Jhering: Jahrbucher, 40, 1899, p. 151, e outros autores citados em ' 09- CIL. p. 922. A prescindir dos autores citados em seguida, podem |¢mbm¡-_”
em sentido concorde: R.n.sn.r.r, Concerto dt .status ecc., em Studi Senesi 1922-1925
KU'rrNm, Nebenwírkungen, p. 171; ajuntem-se ainda Rosrtuflmfl, Lehrbucit, p. 532. e
Gotoscnuurr, Ziuiiprozessrecht. p. 210. - i D. 251 da separate: Corra, l'/íntervenfo coatto u Lrtcmza di parte, em Studi $¡|;;gy,‹;_;{
1933. p. 9 da separate. I
i
857-7

i
34 Ensrco TULI-!0 LI-“IHU” ' E Er1cÁcm 2 Arrronrnsni: na smrmuço 35
- . z - ue a Í
outra formulaçao conceitos analogüsz 5-lUntf°P R$931? q fle_ 3' ; No entanto, permitam-se, a modo de premissa, algumas
autoridade da coisa julgada tem Para °5 t°r°°"°5 car 8.1- fe considerações gerais. Não pode, em primeiro lflãa-1'› ÚEÍXH-1' de Pa.- ';4..,^¿ :-_*2-1=z'.;¬^

xo ' '* Estendeu S1-:cm notavelmente a -categoria desses ' ^ Êfelfflât 1'B'
en en- 1;ecer,§_intomatic_a, a_,sirn,plicidade_d_a demonstração com___que se
floxos, abrangendo neles tanto os efeitos secundarios sa: a eles costuma afirrnar preliminñairmente a veriíicação,_para os tercei-
ça, quando dizem respeito a terceiros, quanto .a exten a _ ros. de taisiçfeitos reflexos, que ar1ei¿nãodsó_nä,o_ dispde nem
_ - den-
da autoridade do ]ulgado, e afirmando decididamente 8_1 Pfërê. J¿1ê§.r§flfi°Sc1Jë!¢=@,z2X§liiír nitidamente, « quando limita
. ' ua ertinencia co-
tidadede natureza de uns e de outrosge a s Lâeu J NG O rigorosamente as_,pg.rtes a autorid_a.d_e_ da coisa julgada. O fato
mum àqueles fenómenos de repercussao a que Em I . a¬._-‹.-_Ú*". ,.-. -_. e que se supõe estar em face de um. postulado de simples evi-
nome de efeitos reflexos. ” PiI1fz0l1› PUT sua Vez» BETH um amp O dência, que basta enunciar para ver acolhido e recebido sem 1
1i
quadro de todos os possiveis terceiros com relação à. sentença -discussã.o.^ . ii
,I
o indicou quatro categorias de terceiros acerca dos quais se pro- -Na verdade, _a_ teoria geral dos efeitos reflexos dos fatos_,j_u-H .i
4.
ou a coisa . _]u1gada,
_ ora por via - de extensao, " ora P or via de
I'-1di_CQs_teve _to_do__o encanto de_ve__r_dadeira descoberta, _q,u_a-1_¿¿l_o
repercussão. 1° , '-¡-_-..-.¬a.z foi pela priIn_6ir_8_vez_fonni1la_d§¿por JHsR1_1io_‹;,_antes_ de demons-
por fim, Caem'-:i.U'1'n admitiu rigorosamente que a 'efícádola trada, imposta coin_l¿o_da a_f_or_ça_de uma eficac_íssimaÍc_o_rn,p_ara-
-¬ - i " 1 os terceiros in is-
reflexada coisa 1ulgada_se comun ca_a_to_dos _ v d ‹:1ã_0: também no mundo jurídico, assim como no biológico, se
tfintamente
_ _ ___, negando
_, '__' ao fenômeno
_ --' toda
7 ' diferença- de -qualldâ
. 1 ~ 6. deveria ter como natural e necessário que, quando se produz
goziquerique se;_a_a . relagëü~ _€flPf¢;° t¢F°e1¡`°_e
' 5 relaz íz ao 1 uriduëfl
~
v
-determinado efeito, se verifiquem ihvoluntaria-mente fenômenos
,gas partes. “ ' _ I de repercussão sobre outros pontos da realidade, diversos da-
queles sobre os quais agiu diretamente'a causa do efeito.
27. Dessas poucas indicações transPa1`e°° .clara “_ tendên' Ora, esse raciocinio, só o tem por legitimoquern alimente 11
cia da hodiema doutrina I
_ ‹ italiana de
- estender
° ~ a tercelrfls
s écie 011 de3 concepção naturalística e toda mecânica do mundo jurídico, con-
certos terceiros a autoridade da coisa .]_u1gada sob a É 1; a am- -cepção que, de fato, dominou largo -tempo a mente dos juris-
iiil
uma eficacia reflexa, variando as oP1m°e5 5°m°ntÊ Ê° r tas. Corresponderá., todavia, ainda as idéias dos nossos dias?
LPlitu`de ein Que -o~ fenômeno- se deva ter“ P°1`-admlsswel'
_ _ pessoalmente ' ' As im'
critores E duvidosa a resposta e provavelmente deve ser negativa. O di-
siçoes assumidas pelos treí tiltlmgssíim or ci-
ue 1

reito tem uma realidade normativa na qual todo -efeito -se ve-
' _ É
Lad” devem conslderar se Separadaängn e- ' a do conceito rifica pela causa e do modo como o determina uma norma
fm ag,-_¡mo¡¡o, qooppozocurou darqustifoicaçao precis o_o Z
__.. imperativa, a qual, em seu arbítrio, pode muito bemestatuir, ._--. _eu-

ic” da terminologia dos ef€ít0S !'€fíeX95 `°_1a--°Ê”§3f-Julgada* a_ fe em razão dos seus fins práticos e de suas razões de oportuni-
Bsr:i._soL<ms éra mais fiefiff-fl“°1“idÂ~ m“1“°'°S“ ° °°~'*-Meg*-a dade, resultados não de todo conformes a ordem e à. lógica da I

do Q¿z¡gg;,¡|__-1.-1_L final1nente_p_oLque éra mais alldaz de, e \


z'.a\›‹-. _ natureza. ' ^ i
z
representa a linde mais flvflllçiàfiê HUB 3--d°“t1`¡na da °°'5aJ-1-11' ¡

gada já gzillgill.
As comparações trazidas pelas observações -das ciências na-
turais podem ter utilidade para descrever o fenômeno' cuja exis-
I flmunl, 01). CIE.. 113. IA2-143. tência se demonstre juridicamente; não a têm, todavia, para
~ smm, mrznwnro adesivo. Roma, 1919. D. 113 2 "BH- substituir a demonstração que falte. . _
n BI.-rn, Trarmto dei ltmltl soçgettivl, eli.. WSSÍM- s dl
-_... cu,,F_¡,,.,-¡, ¿-Hgooogo zmzmi z eƒƒieacia riƒlessa della -cosa pludlcøta, em lu Não se propõem absolutamente estas considerações excluir
ci mf. Proc., r, Pmus, ms. P- 431 H S28* -.W_ . -‹_fA4 sem mais e, a priori, a possibilidade dos efeitos reflexos dos fatos

‹ Q
86 - Eznnoo TULLIO LIEBMAN _ Errciicui z Avmamsns mi ssxnzuçx 87

, mas tão-só convencer da necessidade de que .se jus- 28. ` Dissemos que a doutrina germânica denomina efeitos
jurídicos
.. lhes afirme a
tifiquem e demonstrem todas as vezes que se reflexos, os efeitos secundários da sentença que se produzem
existência. ' _ . para os terceiros, 1* e já se lembrou também como, às vezes, ao
com efeito nâo é possivel dizer que se tenha fem ate ag°' fazer-lhe a enumeração, foi posta em relevo a importancia que
..J - roduzir
-
a coisa
°
teria para os terceiros a decisão dada entre as partes, 1” adver-
ra demonstraçao persuasiva de que o iai-0_C1€_ Se P t_
-ul ada entre as partes _ como foi disciplinada pelos ar,1g0S tíndo, todavia, que isto não quer dizer extensão da coisa jul-
ä.3Ê0 e 1.351 do Cod. Civil italiano - deva acarretar, I€}fl¬ gada aos terceirm. Mas esta última ressalva' parece, na verdade,
ção 9, terceiros J efeitos reflexos, em qualquer das S1gU1f1°a§°eS pouco justificada.
Se se afirma -de fato que, em caso de condenação do ven-
5 das extensões atnbmdas a' Êssa pãqavra' 'dera ão relimi-
De mais a mais - e esta e a segunda confi _ (ida šxistên dedor pelos vícios da coisa vendida, o terceiro vendedor origi-
nar que convem z ter presente -- uma . demons r a ç ao - nário -está sujeito por sua vez à declaração dos vícios e por eles
cia desses efeitos reflexos da coisa julgada, como ftoram tenšieen- responde para com o seu comprador, não se compreende a re-
. . - -
didos pela doutrina e referidos acima, se revela cer am en ie s- cusa de ver russo um caso de extensão da coisa julgada ao ter-
tinada ao insucesso “Como todo fato juridico produz, alem de ceiro, para preferir enxergar aí um efeito secundário reflexo, 1*
segs efeitos diretosleíeitos reflexos, que são a reperâussão 51;: visto que a obrigação do terceiro para com o vencido não surge
. . . - - ° ' ro uz a - do ƒato da sentença _ como deveria a teoria logicamente afir-
tural e inevitavel dos pr1mfl11'0S, assim tamb_em P
tença entre as mar e efetivamente afirma _, .mas surge dos vícios da coisa
. partes . a eficácia direta da'- eqlsa ' lulgada' 3' que
do necessa- vendida que a sentença somente declarou, com eficácia ou sem
se ligam efeitos reflexos Para °5_ ter°°“°'Ê' °l?ägÊd: entre as
riamente a reconhecer a formaçao da coisamia genm ue É a ela para o terceiro, conforme as várias opiniões. Na Itália, cer-
partes. E esta, em reS'~lII10z 3- Slntesp do Pe
!I 7 J m
q tamente, nunca. se fez essa distinção, que parece pouco com-
base de -toda essacerto
doutrina. preensível; poder-se-á discutir, à vontade, se o terceiro está su-
_ om parece que, não digo 0 fundamento, mas. a pro- ,
jeito àquela declaração e até que ponto. Em caso, porém, de res-
pi-ia, possibilidade dessa afirmação é decididamente contradita- posta afirmativa e de exclusão de qualquer faculdade, para o
- ' ' 1.0 e 3.° desta terceiro, de discutir, de novo, o ponto decidido, importará -em
da pela demonstmçaç exposta malãacl-mia (š§ não é efeito da considerar o terceiro sujeito à coisa julgada, qualquer que seja,
monografia), no sentido de que a coisa Ju ga a
sentença. _ 1 Ofre cntâo, a palavra que se prefira usar e o conceito que Sequeira
Toda a conceituação, dada B-15€ 380”. do Pfobeezlašëãten adotar para designar e definir tal fenomeno.
radicalmente desse erro fundamental. E claro Cllle, S _ Dadas essas premissas, curto o passo que devia levar a rom-
xo, não produz para as partes 0 efeito da coisa lU18ada› nao P0' per com essas conteinporizações e escrúpulos e a abranger fran-
camente a extensão do julgado ao terceiro na categoria dos efei-
âera tampouco estender aos terceiros os afirmados efeitos refle-
tos secundarios (reflexos) da sentença. Isso precisamente, fê-lo
xos da coisa lulgada. A eficacia da sentença _' lá se Viu _ °°n`
Sms propriamente na emanação de um comand0, que declara Ssoirr, 'cm algumas páginas densas e, sem dúvida, sugestivas.
Qu modifma . . as relaçoes - Juridicas
- ' - ou condena 0 deve.d 0 r; s e se De fato, distingue ele, -seguindo a Jrisiuuc, os efeitos dire-
produz essa eficacia também para os terceiros, é coisa que se tos e os efeitos reflexos dos fatos jurídicos; indica na coisa jul-
examinará. a seu teH1P0- A C0_ͧ?‹ Íulgadaizeçontudo' asslm co--mo* ” V. acima, n. 21.
não é para as partes um efeito da sentença, a ÍOTÍÍQÚ nã-OJ-mas 1' V. acuna. n. 21. em conexao com a nota 3.
-
58-10 "para "os terceiros,
7 - Í
nem Z ' direta
pormvia ' 1"1@m_ PUT- V ia reflexa. 'I Htuwic, Rechflkmlt, p. 3.2.
Er1cÁcui ii: Auronmaue mi Smmznçil 89
83 ENRIOO`TULL10 IJEBMAR ` _

essencial e conceitualmente limitados às partes, é o que se deve


gada para as partes os efeitm diretos' da sentença, e 'deleñ dis- demonstrar e não dar por demonstrado. Tampouco parece que
tingue os reflexos para os terceiros: “lfl fille _- GSÊÉVÊ “" Para essa demonstração seja possível; não__só_é verdade que as¿1ar_-
os terceiros não ha concessao de tutela jurídica, visto como. BU- tesuao pedir uma sen_tença,__p_odem ter em_mi§a”p_ro__priamente
quanto a absoluta irrevocabilidade da decisão em face das par- os efeitos _qii_e_e1artiv_er cpntra:u;_g_t_erceíro, 1Lo¬d_11;e_pp_d_erçiarfa-
tes tem o escopo de fazer atuar a garantia concedida pelo dl- Z_er_coi10.h1ir_qne¬0_€.Í_eitrLçonL;a ,o__terceiro_s_ej_a o_direto e_prin-
;-eito às partes acerca de um bem, não tem a irrevocabilidade
°ll1a1,__eon1Q...na.r_eali.‹i_ade,.o círculo d.e_r.eiaoões_e_de_p.essoas.ein
em face de terceiros esse escopo e é simplesmente um efeito Que 0JJ€I1J.Iá,,_o__çç0ma_ndo contido_ng1_na sentençawrião -pode ser
daquela entre as partes. Trata-se, pois, deefeito secundário, acti-
dental, não no sentido de que nao se rnamfeste necessariamende
°_J1ä0 é iirevenfivamente;det§rmin,a‹ii› em_ai›_straio,. mas depen-
de_itá._do_u§o_qge_em¿;oncreto fizerem aspartesçda sentença, e
enquanto se lhe verifiquem as condiçoes. 8 51111 U0 5e“t1d° ° da qualidade e do número_daszcont1_°_o_vérsias que poderão surgir
-_.z-zlfe-vz ap.-fr w-.«\=z¡.
que é precisamente acidental, hipotética (JHERING) a presença no futuro, e”terá._ por condição certo modo de ser das relações
dessas condições. Ao passo que é da natureza e da finalidade j_uridíca_s, o nexo e o_ grau d_e ligações entre elas existentçs. A
da sentença operar o julgado entre as pe-'~'›S0&5 fllše Paft1°_1Pafam sentença destina-se a operar, e operará, sobre todas as relações
do processo, é excepcional e acidental produzirem-se efeitos em e sobre todas as pessoas que se encontrem em sua esfera de
relação a terceiros, e isto se determina pela existência de certas -influência; Não-é, todavia, este o momento de determina-la, mas
condições como a identidade ou conexão da relação controver- só de afirmar que não é possível decompô-la em zonas distintas
Í tida com outras relações; .. .o extinguir-se a primeira hipoteca e diversarnente graduadas. Todos os efeitos que uma sentença
implica tornar-se necessariamente primeira a segunda hipote- produzir 'sobre partes ou (enquanto for possívellsobre tercgi-
ca. Mas esse efeito não é finalidade do ato de extinção da pri- ros,¿_produzem#se sempre e unicamente porque_quer a lei. que
1 meira hipoteca (Jnsnmc). Analogamenfe. Pfi1`?~_°°m f'°f°°“'°S› se verifiquem, e parece sem baseteórica e sem sign-ificação_prá-
trata-se sempre de efeitos que nao estao nos fins da senten- tica toda tentativa de instituir uma_gradacão,_em vistados des-
ça_ _ _; por isso, entre os efeitos reflexos está também a exten-
tinatários qu_e deles se ressintam, na série *de efeitos *abstrata-
são do julgado." '5 ' inente ilimitada que__pode a sentença terf Neles, para 'sermos
Relembrando o que se referiu acima acerca da doutrina dos mais precisos, todo efeito que a sentença produzir, tomado em
efeitos secundários, " é cla.ro_ que Saem a aplicou rigorosamen- si e separadamente, permanece o único e sempre o mesmo, qual-
te aos casos de extensão dacolsa julgada a terceiros e justificou quer que seja o número das pessoas 'que' lhes sofram as conse-
precisamente daquele modo a terminologia de efeitos reflexos. qüências. *8 ;*IãoVexis_1¿e, porçexemplo, uma_.declaraç_ão para as
-Com isto se mostra que não és POSSÍVCI 9-0°1h°1` 955? OPÍIÚÊO. p_ar_Le,s_e outra para os terceiros_(enquantq__ror adm_issível)_,__mas
porque encerra um circulo vicioso. A coisa jiilgadaeâtãl. na VEP- um sójato, que prodnz determinado efeito declaratório único
dade, limitada às partes por norma precisa de lei; 11125, P613-S em sua natureza e em sua essência;quer quando se_prod_uz_para
razões amplamente expostas, não é efeito, nem direto nem re-
as partes, ,quer qgando se produz para os terceiros.
flexo, da sentença, mas tão-só uma qualidade dos seus efeitos;
Isso é verdadeiro, tanto se se tiver em vista o conceito da
que estes efeitos, por sua vez, tal como são em concreto, segun-
sentença, como se se considerar praticamente o ato da sua pro-
do a natureza e o tipo de sentença que se considere, estejam
" Mznnnxssouu-Humour, op. cit., p. 410.
I Intervemo adesivo, Ds. 113-114.- " Cfr.,.aclma. n. 9. .
' Acima, f 0.
Errcácu 1: Aumnmsne na Szrersuçr 91
90 ~ Emuco 'I'Ur.L1o Lnrswm
flggigo, estabelece que
lação; no momento em que_a_sentença;éJJronunciada, nem as e¿n_causa_é_juridicame_mf_e_i1:1;ele18.n1z§:_e...resl'ëlÍz0;0L8;tercleirosses-
partes, nem o -ó_1gão_jurisdicional,_sabem (e não ifltfifeãsfl que 0 -t-ranhoâ *ao processos como -‹:o_isa_j_ulgada__que_se_p_ode a:eles
saibam) -em_quais e_ tem quantos processos_,_nem a respeito de referir."=*
que pessoas poderá ela ser_invoc_ada. Operará em_¿todos os casos
Assume esse princípio dois aspectos _di_ver_s9s, segundo a po-
_Íi
nos q_u_ais_u1¿l _magi_s_iz.r_ad_o (ou ainda outro órgão do_Estado) í0r
iii ¢1¡g,m_ggg_g._p_1~_Qnunciar_-se “s_o,bre 'o._qg_e_í.0_1:r_nou o objeto da sen- sição do terceiro em confronto com a relação decidida: g_l_g
, E
I terceiro,J_¶1e é sujeito de relação pratioamente compatível com
tença” (art. -1.351 do_Cód. _Çivi_1 italíano)_, guer constitua ainda
a,;lgi§ã_o pronunciada entre as partes, mas pode sofrer em vir-
-o_-objeto do__n_ovo juízo, quer se apreselnte comolq}_1€_$Í2ã0 Pfelll-
tude dela um prejuígo _de_-fato, acha-se na condiçãognaturaljle
~dicial,_quer as partes sejam as m6SII_1_3§_._<1l1€1f «(1125 limites em não poder -sofrerçpor causa da decisão um prejuízo jurídico,_e,
"'1“r¬se.~"'rf-za1-¿fvA" A'“.-A':-.uu*-3
siie.0¿QrcP_‹›.$íre1J_ssiaan§1iverSfl-S.. ' em conseqüençia, não pode desconhecer-lhe a eficácia como coi-
-O exame da doutrina de SscN1,_q\g__mais que todos se es-
forçou para_cexplicar;a;iis:tinçã,o entre _efeitos__diretos e reflexos SH 1111 sfldfl -c1¿f1re:e§mêdes,.=ainda:q.1ie;P_0&êflz1B-Sfllzflmzimflrfi-*Se
seu_n ão -elevadogrorgran_d_e_d.i_11d_izo_sub_ietivo_(§çrceirosÍjoridi-
da sentençgydemonstra que nadajustifica_essa distinção. Note- comente indiferentes)3-giz) o_t_e_1;ceiro,_que é sujei_to_ de ”relaç_ão
-se ; não é mera questão de palavras oque se quer fazer aqui.
_,. .¢ _. =.¡,=.¡_ P1”3Êiâëmentemincsomp_atív5L,corniaoecisão, não deve (precisa-
Sem dúvida, é possivel denominar de modo diverso os efeitos da
sentença, consoante se produzam para as partes (10 P1'0°9-55° °“ fliêssiszvforciercêzdo eaimclean;111diaøcinríszizeel:Søfreltzflm con-
seq._íiÊ.n;:ja,_da,se¿1te_z_¿ç_g,:aäc1_neITe:pr_eju`izo_quel lela,_por exclusão
para terceiros estranhos a este. Convém, todavia, evitar sobre-
ã tudo que uma diferença de terminologia faça crer em diversi-
impiicita,_tgnderia_aEprpporcionarzl11_g___a:di§§iJ59.§§u,_EssÇ_tQ°-
ceiro p0de,_p0,r c_on_s_e_qüência,_desco¿_1_l_1goer le_g_i_t_i.rna_rn_en_t_e a efi-
dade da substância das coisas, que realmente não existe e que, cácia da decisão ta_mbém__oo_r_n‹¿goisa julgada entre as_p¿a_rtes,
pelo contrário, poderia ser utilizada (a tentativa não faltou, na medida em que se1;i_aNp_or e_l§.op_reju_dic_ado (terceiros jyridi-
como se verá) para justificar conseqüências praticamente assaz camente interesscuios).2“
...._. ._-
relevantes.
Esse principio, de caráter negativo, é integrado por um ,se-
Quanto a ver se e em que medida se pode admitir a exten-
gundo, de carater positivo, por força do qual "g decisão pronun-
são a terceiros dos efeitos da sentença e da autoridade da coisa
ciada entre as_partes tem valor também em relação a detelimi-
julgada, é o que se reserva ao exame das páginas seguintes.
nados terceiros, como coisa julgada que se formou entre essas
Ono ,ilAF=. . partes”.'23 Também esse princípio assume duas formas diver-
29. '}§`m'rr Êesenvlšlveu sua doutrina comentando a famosa
Lea: Saepe (D. 42.1.63), 1° com ampla consideração, todavia, da @_s_,Fc_onforme_se refira; a_) a terceiroípízrticipantes da relação
doutrina, processualística moderna e na convicção de expor as ou estadodeduzido en_1_juíg.o,,_g neste caso significaouiefia coisa
linhas mostras de uma solução valida também para o direito ju_lgada,_que se formou_entre as__partes, se comunica àqoeles
z
I italiano positivo vigente, tanto que em sucessivos trabalhos a terceiros, cuja posição sgjakamrespeito daquelañrelaçgo, subor-
este dedicados retomou e adotou precisamente idêntica solução.” dinada là posição de urnazdas partes em causa; b) a terceiros
“Os LdLm`sa julgada são regidos” -- diz es_tr_anhos à. reiaçãooecídida, e neste caso a coisa julgada que
ele - “por dois_princípios fundamentais. O prime_i_ro, de caráter
H ¶'rnttat¡S,.Í;. az Cum giudicala e mglone, p. 555 o segs.
u ffflfigzo dz; nmm .soggetttvi della .cosa giudicata In. dirltto romano, clt. I fraterno, p. 23 Q segs.
1' Com oiudicata e ragione /arm vaierc ifl flífllfiãífl. em RW- líi Uíf- C0mm¢f€Ífll¢. I Trqttato, p. IM e segs.: Casa yiudicata c ragiont. P- 556 0 nega.
1929' L ¡,_ 544; ¡,¡p¡-¢¿gf,° '-.Coca gludlcata", em Enciclopedia Italiana, vol. XI. -
Errclcui 1: Auronmóna nú SENTENÇA -í93
-:un 92 Ennroo Totuot Luznuâu -

se, formou entre asJaartes 11ã_o_pode serzdes,conh«_e;cicin_por,aque- E mister; porém, distinguir nitidamente - eis a conclusão
les que ,são spj_eito_s de relação diversa, mas ¬pratiC_amente__com- -de Bsr'r12° -_ entre terceiros da categoria A. e os da catego-
pativel com a decidida. . ria C, isto é, entre a sujeição a coisa julgadados terceiros ju-
ridicamente indiíerentes e a comunicação da .coisa julgada a
A subordinação do terceiro a_‹parte,_para .legitimar a'eXte_n- determinados terceiros juridicamente interessados, cuja posição
são dalçoisa julgada a esse terceiro,jodemnascer dasççseguintëâ seja por um dos títulos previstos subordinada à_. posição da par-
-causas:_g) sucessãowdo tercoiro aparte na relação litiggisa, de- te. Seria a primeira -um ,efeito -reflexo .(no 'sentido de Jrrnnrrro)
pois que esta se deduziu em juízo;__b), substituição processual que deriva da própria indiferença ju-rzídica. daqueles terceiros
da_parte.ao terçeiro,_por ter deduzido_en:¿_juízo a_sua..relaçã.0 para a coisa julgada de. outrem, do seu completo alheamento
jurjdiczg c), incindivel copgxão entre a relação jurídica _do ter- a .relação decidida. Pelo contrário, os terceiros da çategoria C,
cetro
.Z e a relação investida
_ ~de -coisa_juL¿a_da- emdg _* dependência l mediata ou imediatamente participantes da relçação decidida
'¬`¿"'
E'fu'
“-¡"S'¡-il^'3T*ag
i¡_'°Z.-`"¡7'¬^
ngcessaria da relaçao juridica do te13:eiro da relaçao inyestida estão intergssados na _c.oisa_julgada_de outrem,___r_¿or,que_es_tã0
rga__c_ois§__Jcu,lgad_š,,_1\Íos*dois._pl'il'11e,iroszcasoS,ua extensão_d_a c0_í§2- abran_gidos',na%o_rbita da_s.ll8.-£f,Í_*1!_á_cla¿_e ,nela estão__d_iga§amen_te
j1.1lgada._a0 l§I'0_eiL0-e direta; nos ,.d0is__últiI11os,_pelo contLá.rí0. investidos. O prejuizo que dela recebem é prejuizo'1egítimo,,_e
reflexo. 2* ' ` a coisa julgada entre as partes se refere a eles como coisa .jul-
t Da combinação dos dois principios, positivo e negativo, deri- gada relativamente a eles. _ V
va, em resumo, a cl.as_s_f1_ficação._dors_terceiros em trêscategoriasr 2° Pressupoe isso, todaviaksubordinaçaqrdo terceiro à parte,
_A) terce¿'_ros juridicamente ipdiferpntes, -estranhos à. rela- subordinação que êdeterminada;-pelojzireitoçççsubstantivo.e. se
› ção e sujeitos de relação compatível com a decisão; para estes explica pela própria estrutura da relação juridiga ie pelas rela-
-logram aplicaçao combinada e atenuada. ambos os princípios, ções _do_s vários sujeitos acerca da mesma relação, pelas conexões
de tal modo que é a__sentença juridicamente irr_e1ey_ëlnte_p.ara s entre_maís_rel_ações_jurídicas,Z, em Z virtude das
eles, mas vale como coisa julgadapara outrem, e pode produzir qJ.1B.is_as_y.icissitudes de uma _inf1uem_sobre as da outra, isto é,
.f-..¬_. «.-`. H_-›v-.w-›._¬.|›¡._.
mero prejuizo de fato; _ quando, em referência a determinada relação, se encontre o
terceiro em situação subordinada relativamente à parte, _a esta
B) terceiros_1ur}drcan1e11te.;_
` ` ` 'n tçƒgssodos, não__suj__eitos d ezr- cabe a legitimação processual -exclusiva para aquela relação, e
ce,ção, d._e coisa 1`ul9_0»d__a. 'são Os commiw1 a decisão, intervindo nesta ú1tima,_ é também para o terceiro
com a sentença; para estes logra aplicação exclusiva o princi- plenamente vinculante. _ A
-pio negative 2. em conseqüência. g‹m_r_n_m:
jolgada que se formou entre as_partes; ' . . ' 30. As linhas um tanto complexas da .construçãode Bafr-rr,
_ C) terceiros juridicamente jziteressados, zsujeitos á exccçgo que procurei resumir com a maior brevidade possível; levam à
conseqüência de ser facilmente mal .apreendida _. não é um
decoisa julgada, são os que se encontram -subordlnaiosgapagte
perigo, mas uma verificação de fato -- no seu efetivo alcance
com referência à relação decidida; para esteszlogra aplicação
prático. Para entende-la`ná verdadeira significação, é necessá-
exclusiva o princípio positivo, e a coisa .jplgada que _se_formou
eritre as partes pode estender¬se-lhes como sui! Própria. rio considerar de perto os seus resultados, especialmente quan-
do diz respeito à última categoria de terceiros `(C, terceiros ju-
* Trattnto, p. 216 e segs.: com gmdícatc c rag{one,‹p. 559.
I' Trcltato, ps. 11, 147, 211 e ngm; Casa giudicøta c mgtonc. p; 559.
U Trcttuto, p..1'l'5.
94 Emuco Turno Lmawm El-¬rcÁcm 2 Awmunrns ml Saursuçzl 95

rldicamente interessados sujeitos à. exceção de coisa julgada), comunicação da -coisa julgada a terceiro, sem que se tivesse
que é a sua parte verdadeiramente característica. dado até agora explicação suficiente das que se inculcavam ex-
' Com efeito, __as duas_,px;ime_iras causas__de subordinacío do ceções isoladas dos principios legislativos sobre os limites subje.
tivos da coisa julgada.
terceiroigue o colocam emi_taLcategoria, (sucesgo e substitui-
çigi processual) não _dão___lugar a dúvidas, senzdpp comumente Mas, agora, é necessario perguntar se subsistem verdadei-
ramente esses pretensos efeitos reflexos e esses casos em que se
admitidasJƒep1_bora39131 divers'-_8_ _lU..S_tificação_te§ri_ca_No1as_são..
ao revés, as_outr_as_duas causas _de_s_ubordina@p_(conexão_inçin- comunicaria o julgado ao terceiro: casos e efeitos que se dedu-
zem todos logicamente da já referida. afirmação de Calovmmaz
dívfll ecQsP.eHd.ëuçia_neeeSsária). “Todos são obrigados a reconhecer o julgado entre as partes,
- Mas, examinando os casos que, segundo Bsrrr, fazem parte mas não .podem ser por ele prejudicados.”-'“ Adiantando ,sinte-
desta figura, vê-se que foi muito cauteloso em admiti-los e aca- ticamente os resultados desta análise, é mister dizer que me
.n-.-:_-1 ¬-.-ó,_.¡-»É.¡›;g_; - _¡v- _.-Ó ba por acolher ainda aqui resultados que já tinham sido sus- não parece' justificada a autorízadissima doutrina que admite
'nu tentados pela melhor doutrina. ` os efeitos reflexos.
Quanto à categoria A (terceiros juridicamente indiferen- Os dois principios, negativo e positivo, de Bsrrr parecem-
tes) e ao efeito reflexo da sujeição desses terceiros à coisa jul- -me arbitrarios e, embora pudessem -eficazmente contribuir para
gada de outrem, é este propriamente o ponto de partida de sistematizar os resultados da doutrina, precedente, se fossem'
toda a teoria da eficácia reflexa, que se vem examinando no exatos, nada ajuntariam para assegurar o seu fundamento ju-
texto, ponto por ponto, e da qual se pode dizer que hoje em ridico. Na realidade, a coisa julgada que se formou entre as par- L
dia não é mais contestada por ninguém na Itá.lia.*" didi.
Bette
P-swtLavvzm
de
tes não tem nunca e em nenhum sentido valor para os tercei-
zz
| Eis por que, no apreciar a doutrina de Barrr, é preciso ter ros. ao nienospara aqueles que verdadeiramente são tais se-
presente que, se pode ela em sua formulação abstrata parecer gundo a te_orí¿z_gf¿r21_1 das parti?-S em juizo.
perigosa a uma apreciação superficial, ou pelo menos tal que Quanto ao que diz respeite aos terceiros juridicamente mei-
revolucione a communis opinio, 1"* na realidade atinge em con- ferentes e 9. sua pretensa sujeição a coisa julgada, enquanto
creto resultados prudentes e razoáveis, querendo sobretudo - formada entre as partes (exemplo tipico, o dos credores que,
é mérito cuja importância não se procu-ra absolutamente des- .por uma condenação do devedor, sofrem prejuizo de fato), são
conhecer, e que aqui se salienta tão-só para facilitar a exata suficientes para excluir a opiniao comum as considerações pre-
apreciação da posição do autor -- enquadrar, em sistematiza- 1-uninares expostas a propósito do conceito dos efeitos reflexos.
ção unitária e sob critério logicamente construído e desenvol- Se aisentença temwou não efeitos para oswterceiros, pé coisa que
vido em suas deduções, todos aqueles casos em que se admite será -zexplanada na segunda parte deste trabalho'› contudor a coi-
5." 3*193".":S5= . z
*¶_ ¬I'_Íe.-se 11 Cir. acima, no texto. n. 26.
sa ju1gada,_que nao é efeitoda sf:_r}te¬I_1__ç_Iã._,_é_1imitaga_p_ela lei à.s_®
lt H Assim foi entendida por Coen. op. cit., p. 29. que e rejeita porque eustentarie pe¿1j;e¿, como foi afiseuñtempo explicaçi9__(acima, n. 16).
criterio muito veeto de extensao de coisa julgada aos terceiros. "A coisa julgada",
diz ele. “e um modo de sentir... e não ee pode desconhecer que oe limites dela ee
Nenhuma disposição do Código e nenhum princípio geral
“entendem em eentido antes restritivo"."-Ora. os resultados práticos de BL-rn' sao foi ou poderia ser legitimamente invocado para apoiar diversa
em oonjunto acolhido: por Coen, em complete conformidade. de resto. com a opiniao
dominante; e eua referida afirmação e dequelee que dificilmente se prestam à
conclusão: nem certamente os arts. 510 e 512 do Cód. de Proc.
demonstração.
.--.-_---í
Mae. como ee vera, não eo Coen caiu no que me parece um erro de interpretação
da doutrina de Btrn, que até aaora ninguem ainda tinha bem focelizado. '- I Prmcípii, p. 922: Istituzioni, I. p: 313 (trad. port., I, p. 571).

l Í
É ea Emuoo Ttmuo 1-.Issmm EncÁcn\.z Auwoaxnnnz na Seumuçn 97

É
Civil italiano, nem o instituto da oposição de terceiro,.os quais ção, tallcomo vem configurada pela sen_tença_qu_e_jn1,e¡_‹¿e1¡¡_z_n_t,g-
l
nada têm que ver com a coisa julgada, como se demonstrará - e. Basta evocar aqui as noções gerais sobre o conceito
a tempo. O que aquise diz virá, ide' resto, convalidado do modo de parte e sobre a identificação das ações e lembrar que “a mu-
mais seguro, em continuação deste trabalho. dança da pessoa física como sujeito de uma ação não acarreta
-_ E eis-nos-›dian_t_e dos casos de s_ui.ordina秋_›_ de_terceiro,iq1.1e a -conseqüência de que odireito trate a ação como diversa”. 5*
seria causa de corrmnicar-sea este a coisa julgada que seíor- l ` .Que de subordinação do terceiro à parte não se pode nesse
tre as artes: .
caso falarI prova ainda o fato de que a -formação da coisa jul-
-s¢~'Cue-;l_É`IJ¡¿'- ‹_1) Como figura primeira, indica-se a da “sucessão do -ter- g_a_dg_e a. sucessão do__terceiro na relaçao se verificam em mo-.
ç_ei1;o_à._parte _na relação Erídica já deduzida em juízo".*° E mentos diversos, e que,_por isso, nãose apresenta ,nunca a exis-
mister distinguir dois casosf tência_-çon-temporânea da_parte e do -terceiroçem relação_à sen-.
Se se dá. a sucessão enquanto pende a lide e é *sucessão tgçg, de maneira que não pode a relação de subordinação nas-
entre vivos, *" doutrina e jurisprudência' recentes- concordam, -cer, por falta de um dos sujeitos;`De fato, quandozse formaza
não só em admitir a extensão da coisa julgada ao sucessor que coisa julgada, o futuro sucessor é tal somente in mente Dei,
fica estranho ao processo, mas também em reconhecer neste pois, no momento, é um terceiro estranho como todos os outros
.___._ -_¿.,¡ _.`-¡ caso- uma substituição processual do transmitente ao adquiren- indivíduos. Dand0;se fa. sucessão_,_é,_pe1o contrá.rio,_o terceiro que
te. i*'* O caso, pois, faz parte da segunda figura de subordinação, se torna. titular da relaç§1o_e¬narte,¿¬.o_a11to_r_desaparece_o_u se
de‹que se tratará. logo. ' t_0r_na,_p9¿-:suaJLez, um terceiro estranho. V
^ Embora se dê a sucessão na relação litigiosa, depois que se Por todascstas razões, não é a sucessãouma causa inde-
acha formada a- coisa julgada, não há. dúvida de que é esta opo- pendente de subordinação do terceiro iupartegque _j,ustifi_que a
nivel. Mais simples que a de Bnrrr éi a-explicação que lhe dá. comunicação da coisa'_ju1gad_a..
É ägygm, para quem o,sucemor seria um terceirojuridica-
E b) A,.s_eg,_undaAf_igura_ de_subg¿dinaçao_. dázla-ia a substi-
f mente iridiferent_e,_porque ffnão pode dizer-se prejudicado pelas tuição prociê-$Sua1. Fora de discussão está, na verdade, o fato de
z
§ep_tenças_a11t_Qriores à. sucessão, £9_Ci111i€S'a I`€1flǧBS CÍÊHUB ele que sez forma a coisa__julgada também em r_el§:9ão ao substitui-
não era ainda sujg'íto”. 3* -
Qg, mas isso se explica, visto que não é ele verdadeiro terceiro,
Ambas as explicações, porém, parecem supérfluas. Q_s¿1¿:es;-
-porquantohpor -definição,_a_a§;_i_v_idade exercida i_Je19_subst_ituto
sor, nesse caso,_sofr_e_a coisa julgada sirnp1esmente_porque_nã._o
e um terceiro;sucedendo à pwarteem relação, jájdecidida, suce- processualrfitemmecessariamsnte-infménciaaedcaria amcsjlçi-
to dopsujeito do direito_pelo qual__e1e litiga”. 3°
`dezlhe_em_id_êntica posição juridicale torna-se titular da_rel_a¿
Até este ponto, os resultados práticos da opinião dominan-
"__"-."'.$?'='¬
FQVHJ
U' Birn, Com giudfcata e raglone, p. 559. , -te, abrangida aqui a de Brrrrr, mostrara-m-se exatos, mas é em
i i 1* Em caso de sucessão morria causa, flullcrquacstio, porque o herdeiro sucede parte-inaceitável a sua formulação teórica e, conseqüentemen-
it no processo e se torna parte. ' ' '
‹ .H _-Curomum, Principfl, pa. 599 o 874. o Isfltuzioni, II, ps. 216 e 4'H;`OuNn.1rrn,
te, os principios gerais que dela se quer extrair.zMais profunda
l
Lazionl, IV. n. 306; Bs-rn, Rio. di Dir. Proc. Ciuile, 1926. II, p. 320; Pavnuzu, Riu. se toma a discordância agora e toca ainda às aplicações con-
iu mr. Proc. cume, im. n. p. mz com, op. cu., p. as. com úc csss.. 22 as cretas daqueles princípios. Com* efeito:
mmm os nm. uzmmâfúc rom mauzno, 19:44. p. sszz 2;' oe julho de mz, row
italiano, 1933, I, p. 27; Ap. de Roma, 24 de abril de 1934, Foro italiano, 1934. I. 1894.
)
" Príncipli p. 922. Rmmn, op. cit., p. 143, aflrma. ao revés, que hd aqul..\'er-z
ll Cmovtxoa, Principu, p. 250.
cladeira extensao do julgado ao terceiro. - ,
N Cmovtma, Príncfpli, p. 591, cfr. p. 28l.

w
93 Emuco Tunuo Lmeunt Erfclicu E Auronfnanz na Smflsnçs 99

c) _A conexão incindível entre a re_lação,_juri_dica do ter- soluçao, porque o conluio com os administradores do sócio que
| 1
I
| ceiro ,_e a. relação atingida_pela coisa, julgada -(terceira figura agiu ou também a sua deficiente defesa bastariam. para privar
de subordinação, segundo Br-rrfrr) encontrar-se-ia “ent-re os di- todos os outros sócios de seu direito de impugnação, se se admi-
reitos potestativos pertencentes a pessoas diversas em face de tisse a extensão, em seu prejuízo, do julgado de rejeição.
situação juridica que se apresente de caráter indívisível, ou seja, Por outro lado, visto como é certo que a anulação não pode
não suscetível senão de ser única em relação a todos, seja no ser senão total, Crnoverma e outros que -seguem a primeira opi-
sentido de permanecer, seja no sentido de mu_dar”. Como -exem- nião preocupam-se justamente em evitar uma extensão da coisa
plo típico dessa figura, mostra~se o do art. 163, segimda parte, julgada secundum eventum litis, que nunca se pode aceitar,
do Cód. Comercial italiano, 3° que concede a todo sócio a` im- pelo que parece impossível que a sentença tenha em caso de
._._._.. pugnação contra as deliberações da sociedade anônima mani- rejeição da impugnação efeitos menos amplos que em caso 'de
festamente contrãrias ao ato constitutivo, ao estatuto, ã lei. procedência.
Tais deliberações não podem conservar ou perder o vigor senão Não convence, porém, a explicação que se da .desta exten-
perante todos os sócios, de sorte que, em -caso de acolhimento são excepcional dos limites subjetivos da coisa julgada; não se
da impugnação de um deles, se anula a deliberação para todos, pode dizer de fato que “a identidade da qualidade se substitui
ao passo que, em caso de rejeição, ficaria preclusa. a impugna- aqui ã identidade de pmsoe/',°” porquanto a qualidade de só-
ção de todos os outros sócios. 3' cio é o titulo que confere à pessoa a legitimação para agir pela
Mas esta última afirmaçao é fortemente contestada pela anulação, mas todos os que têm esta qualidade são pessoalmen-
doutrina comercialista, 3° sobretudo pelo perigo inerente a essa te titulares de uma ação própria de impugnação outorgada em
seu interesse individual. Por igual motivo, não se pode tampou-
^' Burn, Dlrlfto processuolc civil: (corso di iezlonl), Milão, 1933, p. 811. São ra- co dizer *° que aja um sócio como substituto processual de todos
riuimos esses casos, visto como (nota Br.-rn, idem. p. 814) o processo moderno re-
._-_. .-_»_. -~._› «`-_.5¡v‹¿;¡_,É-¡;:HF-¡,`¿í.¡,_ calcltra em admitir a extensão da coisa julgada ao co-interessado que não esteve
os outros; e, por fim, a incindivel conexão dos direitos dos vã-
em juizo e se inclina entes a fazer necessario o lltlaconsórclo. exigindo a presença em 1'i0S 560508” jamais poderá justificar exceção não prevista le-
Juizo de todos os co-interessados (Que 'normalmente não haja. extensao de jul- galmente na regra do art. 1.351 do Cód. Civil italiano. -
gado, em-ma-o também Rxnmrr, op. cit., ps. 88-59, em nota). Aliás. são assinalados
como casos semelhantes o direito de mais de um interessado do impugnar um ato Não obstante, resolve-se a questão facilmente, *= tendo-se
administrativo perante o Conselho de Estado com atribuições jurisdicionais (Caro- presente, mais uma vez, a distinção entre efeitos da sentença
vmm, Iltltuzioni, I, p. 321; trad. port., p. 493); 0 direito do impugnar um casa-
.ÊÉÉJJJ mento segundo o ara 104 do Cod. civil italiano (Coen, op. cit., p. 66); o direito de e coisa julgada. No caso de acolhimento da impugnação de um
1; impugnar um atestado de patente (cflrovumrl, Princfpii. p. 1.309). sócio, é a deliberação anulada para todos, não porque se tenha
is ff Também assim Cmovurna, Pflnclpll, pe. 2a1, 924 o 926; Caaunurn, Lezionl, uma extensão da coisa julgada além dos seus limites subjetivos,
IV, n. 384: Coen, op. cit., p. 10. Cfr. sobre o tema também Rmsun, op. cit., p. 68.
I o quai justamente remoto caso por caso À intenção da lei.
I.
No mesmo sentido também Navulmt, Societd c øswc. oommercíali, n. 423; S0- " Cmovzum, loc. c.it_
rluxo, Socíelâ comm., I, n. Gil, mas com motivação inaceitável, porque sustentam " Cuuczur-rr. loc. cit.
que os sócios que não agem año representados pelos administradores: mas não 6 " Brrrr, loc. clt. Y
ii verdade, A guisa de principio, que representem os administradores da sociedade ano- " V.. paro O que ce segue. 0 meu escrito Azioni concorrentí, em Studi iu me-
nimo oc sócios, o não e verdade, em particular, que os socios inativos queiram moria di U. Betti. p. 663 e segmt '
resistir Il oposição proposta. cuja existência talvez ignoram.
I Vrvarrrx, Trattcto, II. n. 52ll; Scr/u.c..m, Studi di diritta prlvoto, p. 351, e Foro
5 V. adiante, neste volume. p. 217 e seg.
italiano, 1911. I. p. 708; Aacnnmr, Áppunti dl diritto commerclale, I. p. 342. ' .do Cód. do Proc. Civil italiano, pressupõe a prova do dolo ou do coniulo; quanto a
Os remédios da intervenção na causa e da oposição de terceiro (cmovnrox,
oposição de terceiro. ct vi do art. 510. seria ele impossivel, porque 1Cmo\'›:No›\, Op.
Princlpll, p. 281, nota, p. 928, nota) são insuficientes, visto como é possivel a in-
clt.. p. 2.014) não compete n quem está sujeito A coisa julgada.
tervenção só no caso de ciencia de lide, e a opoaiçlo de terceiro. ez nl do srt. ›512,

36']-8
Encácu E Auronmsnr-: os Sentença 101
100 Emuoo TULLIO Lrsnarau

l tença contém a declaração positiva, ou negativa da relação con-


mas tão-só porque o efeito ext-intivo da sentença não pode ser
parcial, por causa- da natureza e estrutura incindível do ato im- dicionante: só na ,hiPÓtese_de declaração negativa, a coisaJfpl-
pugnado, que só pode permanecer ou cair por completo. Perma- gada se gomunicaria _ao terceiro,__porgue só_e1a,_irnp1ica neces-
nece, todavia, objeto do pronunciamento judicial, somente a sariamente a inexistência daprelaçãdo condi_cionada._
ação do sócio que propôs a impugnação, de modo que, no caso Assim, a declaração _posit.iva da obrigação principal_não
de rejeição,'não tem a sentença outro conteúdo que o de de- prevalece, em relação ao fiador que .permaneceu_6.S1'z12-nh_0_ao
clarar a inexistência da ação proposta, sem prejudicar nem im- processo, mas a declaração negativa dafiobrigpção principal tem
pedir as ações dos outros sócios que não foram deduzidas em também valimentg para ele,__porque exclui necessariamente_a -ka-¬-.1--v. , .z_.vfT,
juizo, 'Por isso, não se pode dizer que o julgadode rejeição é obrigação fidejussória. *ii ‹

A solução é ainda conforme a autorizadíssima doutrina; 4* É


contraditado pela anulação, necessariamente total, que outro
sócio venha a obter separadamente, porque a ação acolhida em todavia, ainda assim não parece aceitável, visto como envolve
tal- caso é outra, embora tendente ao mesmo resultado. Expõe petição de princípio. Realmente, pressuposto da comunicação
a lei a deliberação da assembléia _rI.b origina â. possibilidade de da coisa julgada ao terceiro seria o nexo da dependência ne-
ações de, impugnação isoladas de' todos os sócios. O exercicio cessária da sua relação à relação condicionante sobre que opera
vitorioso de uma delas atinge o escopo comum a todas as outras a coisa julgada, mas o nexo de dependência 'necessária tem re-
e, por isso, as absorve e consome; ao revés, a rejeição de uma levância para ele enquanto prevaleça a decisão sobre a relação
não prejudica as outras, que são todas entre si independentes condicionante. Como pode o fiador invocar para a sua própria
e devem poder todas tentar a sua sorte. ` liberação a sentença que absolve o devedor principal, senão
Fssa diversidade de conseqüências da sentença, segundo afirmando que ela declara também em relação a ele a inexis-
seja de acolhimentoou de rejeição, sobre a vida das outras tência da obrigação principal? Mas essa extensão da coisa jpl-
ações conexas, enquanto não toca à. teoria dos limites subje- gada ao terceiro, longegde ser ajconseqgiévwia da necessáriandfi-
tivos da coisa julgada, é característica e reveladora de uma pendência de uma relaçãojalheia é,_ao contrá.rio,_precis_amente
figura que também no direito moderno merece ser considerada a,ça_us¢_1 do fato deiião poders__upsist1r_-para 0 t§1;‹¿ei¿'o,_a;_1;¢lflç_92
mais do que sói acontecer: o concurso de ações. A pluridade de «condicio_n_ad_a,__por .ter_sido declarada a_ine_›_g_i_s_tí2nciz_a, dancondi-
ações dos sócios, tendentes à anulação da deliberação da as- cionante. ' ' ' ' W
sembleia, apresenta exatamente um caso de ações concorrentes. Disso se deu conta Cx-uovsum, que apóia seu raciocínio pre- Ó'Q!
'PQ

¬
cisamente na afirmação, consoante seu modo de entender, de
d) A quarta figura de subordinação é,,co_nsoan_te ,Br:~1;r1, que a. coisa julgada vale para todos como coisa julgada entre
5?4;
''-3'fš
A .}. .11
_dada_pela_dep_endência necessária entre duas ,relaçoes juridicas, as partes; afirmação que, todavia, não se demonstrou nem se
l `
ez1_tg_ndi_da,__m reg, rigodrosarnente,
` ' e,_por isso,
` ` _
de modo restrito poderá. demonstrar como verdadeira (cf. acima, n. 27).
l Observa ele que, normalmente (em direito moderno, porém, iso Entre a sentença que absolve o -devedor principal e a que
I
se é verdadeiro sem exceção), uma relação jurídica pode ser ne- condena o fiador, haverá contradição lógica, nãocontradição
cessária, mas não suficiente para a existência da relação con- prática, porque se trata de duas pessoas diversas, titulares de
\ dicionada. E, então, _para poder encontrar uma relaçãq de de-
'-' Tratloto, ps. 188 e segs. e 288 e segs; Com giudícata e raoicme, ps. 559-560.
pendencia nec,e_`ssária,_p0r_. força. da _qual a coisa julgada, que
Í se -formou sobre a_1;elacão deduzida em juízo, se estenda neces-
H Bosrrn, Foro italiano, 1892, I, p. 1.163; Cmov-runs, Pfíncípít, ps. 925-926.
lslttuzioni, I, p. 331 (-trad. port.. p. 571); Rznsufl, Fideíusaíofle, em Dizionario
sagiamente a relação__d_o terceiro.,,co¿_1Y!:im_dirg;inm1_ir se a sen- Prat. Dir. Pri., n. 64.

í.,UNiVERSIi`lADE DE S. PAULO
3 0 9 3 :J Fàcuwâoe mz amaro
J auauorzcà ciacuumre
102 .Emuco TULLIO Lrasmm q Encilcu B Atrronlmmz na Smrrl-:raça 103

diversas relações jurídicas; e é pacífico que a lei se não preo- cão do conhecidoiepgngeno, estucladoçpor J¡z1z¿-qgvñçi, dos efeitos
cupa com o simples conflito lógico ou teórico dos julgados e não reflex_os_de um fato juridico; essa manifestação nada teria a
0 impede. '5 Contradição lógica não menor haveria, aliás, entre ver com a teoria do processo e não seria, na verdade, uma for-
a sentença que .condenasse o devedor principal e a que absolves- ma de extensão do julgado, mas determinada pela coexistência
se o fiador por inexistência da obrigação principal, e, entretan- c conexão das relações jurídicas e regulada unicamente pelas
i to, tal possibilidade é expressamente admitida por esses escrito-
res. A verdade é que o problema de um caso é idêntico ao do
várias normas que governam cada uma das relaçoes e lhe esta-
belecem os vínculos recíprocos. Por isso, é -lícita a afirmação de
outro _ a. não ser que se queira admitir a coisa julgada secun- -que açlimitação subj;et_iv_a do julgado não dig_.respeit_o_senão a
dum eventum Zitis -, le consiste em saber se uma sentença. deve eficácia_dí1;e¿a. Quando se tratar, aojeves, de eficacia reflexa,
projetar, ainda em relação a um terceiro, as conseqüências -que não há nem limitação nem ext_e_ns_ã9;_vale a sentença a respeito
logicamente dela derivam sobre a relação do terceiro, na medi- de todosudeíiguañlí modo. Qqrg é possível,_porque “para a con-
da em que é este prejudicado pela relação decidida. A norma que sçcuçaoç-dos.,-escflpos do processo, isto é, da formação da senten-
limita às partes a autoridade da coisa julgada significa que a ça__justa, fia-se a lei_no contraditório.das_partes".
lei resolveu o problema negativamente. Qualquer outra solução Como se vê, essa teoria, malgrado sua aparente e seduto-
é contrária ao direito positivo. ra simplicidade, deve -considerar-se extremista nas conseqüên-
cias, com referência a toda a doutrina italiana precedente. Com
31. A teoria de Barrr recebeu de CARNELUTTI interpreta- efeito, embora. tome o fio do mesmo conceito da eficácia reflexa
ção muito diversa da que l.he foi dada nas páginas que prece- dos atos jurídicos, que foi largamente acolhido e utilizado pelos
deram. Encarou-a este último como concordante nos resultados outros escritores, vem a abolir o limite do prejuízo juridico, que
práticos com a sua, e fez somente certas críticas de importância Cmovsuos e outros opuseram, a guisa de princípio, à sujeição
V
simplesmente teórica sobre algumas das considerações de Bar-rf. dos terceiros à. coisa julgada, afirmando, pelo contrário, que 3,
L
Na verdade, o alcance prático da tese de CaaNELU'r¡,r1 é mui- coisa julgada reflete seus efeitos sobre todos os _t_erce_`n;os,_sem Ô0UlvuQMH¿
to diverso, afasta-se nitidamente das opiniões até aqui exami- excluir' -o_s_q.ue..são. -titulares de direi1osTin_co_mp¿a¿íj¿eis,_c_om1a
nadas e liga-se, pelo menos -em suas conseqüências, a de MEN- coisa_jp_lgada_,para_;çlçsregrapg, Vem assim a sustentar a in-
nenssomv-BanrnoLnY, já lembrada. fluência plena da coisa julgada sobre todas as relações logica-
Procuramos resumi-la em poucas palavras. 4" Consiste a efi- mente conexas ou dependentes da decidida, quaisquer que se-

i cacia direta da -coi._s_a_j1_1lgada no _0QUw-ndo concreto contido na


sentença _acerca_da_lide_de_cid_i_da e¿›_o_r isso somente em_r_e_1.a_çãp
as__partes da pr_ó,p_1ii_a lide.
jam os seus titulares. Os poucos exemplos que acompanham a
exposição do pensamento do autor confirmam tal interpretação
de modo indiscutível.
Bem diversae a eficáciamqueç exerce a sentença acerca_ de Mas, atribuindo à categoria dos terceiros subordinados na
outra lidehquando -tiver. d_e_c_i_d_ido_um_p11essup.Qst0 da Segunda teoria de BE'r'r1 uma compreensão bem maior de que aquela
lide, quer sejam aslgartes a._s_m_esmas, _quer,_diversas, Essa é a que, com toda a probabilidade, corresponde a intenção do pró-
eficácia reflexo da_ç_gis_a_julga§1a, que não é_ s_e_I_1_ã.o_manifesta- prio Br:'r'r1,"_ e. tal que leve a resultados praticamente iguais

¡¿ '= Cnrøvtflm, Princípli, p. 920, Isriluzioni, I, p. 376 (trnd. port.. p. 561); Btrn,
Trattalo, ps. 34, 133 o 269-170.
4' G,\uu:x.ur-rr, E1/lcacla direita e el/icucia ri/lcssa della cosa giudicutfl. em SÍ1-Hfi
di Diriízio Processuais, Padua, 1925. p. 429 e segs., Le.:ioni, IV, ns. 381, 38-l e 387.
" Velha um exemplo por todos. Escreve Cumturrrr (Studi, cit., p. 445): "Su-
ponhamos o_ caso da Influência do julgado que declara ou exclui a obrigação do
devedor principal em relação ao fiador. Este, se me nâo engano, serio um terceiro
Interessado da quarta categoria proposta por Barrn; ainda nesse caso, vale a coisa
5

104 Emuco Tutuo Lxsawm Eric/icrà s Av-ronnmna na `Sr:Nr¡-:Nç¿ 105

aos que se extraem da sua teoria, encontrou CARNELU-rrr natu- direito do terceiro credor depende, se -não para sua existência,
ralmente, nas formulações de B1-zrri, complicações e distinções ao menos para a sua exeqüibilidade, do fato de haver, no pa-
supérfluas. Vale a pena determo-nos um momento ainda neste trimônio do devedor, bens suficientes para satisfazê-lo. Por isso,
ponto, porque o fato de ambos os escritores terem razão, se- a sentença que reconhece um bem à parte -(entenda-se, contra o
gundo seu ponto de vista, confirma a distância real que separa devedor comum) repercute sobre a relação do terceiro credor”. 'if'
as posições respectivas de cada um deles. Ora, essas ,observaçoes só são possiveis para quem desconhe-
@5e1-va d e 'Ía_tg,'_C¡uu¶g:_;.U1'n que_ n_ão há entre
.. as duas . c_a-
ridi§flm§nte..ifldiƒflfeilffii É (105 WCEÍYOS
çfl t9daê-‹iif_erenças¢ntrfl nrsiyízo .fizƒgt-Q §-p1;‹ë-juízo de Éíreitv
que” umamsentença pgdejroduzir em relação ao terceiro; so-
juridic_am§_rJ;_in.t_eressados_aJ)rofunda diferença afirrnada_p§›_r_
mente para quem sustente que “não há. senão diferenças de
Bag; e que, quando é o;terceiro_na verdadewtai isto:e , sujeito
+1amar--:-Í'.=al?;?Í;--15-. ie-,¡ -1=:Ã;: f-; grau de uma situação fundamentalmente única" entre prejuízo
de uma relação diversa da atingida pelaocoisa julgada, ,f'¿-Então
a_e_fic_ãcia d_a_coisa julgadaem relacãorao terceirp não se pode meramente econômico que o terceiro recebe da sentença prola-
produzir senão__por via, de rep_ercussão,___quando a__r_elflçâ0,_jg_i'í- tada contra o próprio devedor, diminuindo-lhe a consistência
dic.a.d_e_o11U.‹:zn,adecla.rada_ou_negada_medianfzšë fl..C.0i-Sa l\11€?<3fl› patrimonial, e o prejuizo que sofreria o terceiro, se valesse tam-
regra _deJ_r1_‹_;_›:do._diverso:sobre a relaçã_o_jurídica do terceiro".*** bém contra ele a coisa julgada sobre uma relação que é pressu-
Q.
Í- ea-; .-¬_z-z-.if
Vale dizer que em todos os casos em que sofrem-os terceiros posto jurídico de seu direito. .
qualquer influência da coisa julgada de outrem, isso se dá por Essas observações, com ser plenamente lógicas do ponto de
um fenómeno de .f'repercussäo no sentido jheringuiano”; sçgi vista de Czmuewrrr, para quem todos os terceiros indistinta-
ra_zäo,_pois,_teria Bmrrrjlimitado o fenômeno aos terceiros juri- mente estão sujeitos à. coisa julgada reflexa, oriunda da sen-
dicamente indiferentf_:s, (e imaginado uma construção diversa tença de outrem, não infirmam, porém, a posição de lšíri, que
para os terceiros juridicamente interessados sujeitos à exceção
-¬_..
de coisa julgada), porquanto ormecanismo da repercussão é
acslhe. .ê¿n.°¢9sd¢sPf_1a¢iPi°.sê -serás tradicional G9 Prejuízo
jurídico, como limite a indefinida repercussão lógica da coisa
sempre o mesmo, e não é verdade que os terceiros juridicamen- julgada sobre terceiros, sujeitan_d_o a. ela tao-só os que, embora
te indiferentes estejam sujeitos à. coisa julgada de outrem por ,titulares de direito incompatível _ço;rn__a+çoisa_j_ulgada,,_fprmada
causa da sua estraneidade à relação decidida, porque “não é
en.t.r_esas_-partes, esteja¿n___sujeitos_jjurgiieamem;e_a uma delas.
um reconhecimento platônico por parte dos terceiros o que nos
interessa. Não se trata para eles de apresentar armas ao julga- De qualquer maneira, basta ter aqui acenado para essa dis-
do de outrem, mas sim de obedecer a ele”,*" por exemplo, “o cussão 5' que ilustra eficazmente os respectivos pontos de vista
dos dois mais recentes escritores que se ocuparam da matéria;
,.
H Loc. cit., cit.. ela não tem razão alguma de ser, 'se se sustentar que a coisa
“ Op. cn... p. 447.
julgada não tem, em nenhum caso e em nenhum sentido, in-
julgada comente como coisa julgada de outrem, formada entre o credor e o devedor: fluência ou repercussão sobre a 'posição dos terceiros.
-nr:':=
''u¬rn:n~_--a.Pgrn I-zv1u. ~-:1 .:"›u vale porque o débito principal constitui pressuposto da obrigação do fiador." O
exemplo repete-se em termos ainda mais claros nas Lezioní, W. xl. 3à'I. pr. Ao .iííía
contrario. como se viu. pen Btrrl. só há extensão do julgado de outrem quando
. a existencia (ou inexisteociai da relação decidida for o único pressuposto para
,¬ ~ op. ein.. p. us.
i a existencia (ou respectivamente a inexistência) da relaçao dependente. isto 6, quando
li “ 35'" YCBDODGBU tm poucas Palavras em Com qiudícata e raginne, cit., p. S60.
Wil, uma é condiçao não só necessária, mas também mƒicizníe de outra; em outras
sem por lsao entrar no mérito da teoria de Caaunonr. O mesmo intento tem as
palavras, na hipótese, so em caso de declaração negativa da obrigação principal.
considerações de D'0m:\|1u0, em Riu. di Dir. Proc. Civíie, 1926,
\

i 105 Emuco TULLIO LIEBMAN Eficácia E Auronrnane os SEN'rr:Nç¿ 107

32. Todavia, antes de poder enunciar uma decidida afir- tiçao de principio «toda a construçao desmorona. Nao pode cer-
mação, é mister examinar de perto a teoria de CAHN-i‹:r.U'rr1, tal taniente -umfenômeno reconhecido como_contrário a lei tornar-
qual foi há pouco resumida. -se__l_egítimo por selhe atribuir nome diverso, embora ccmduza
Ora, _não_padece dúvida que_,ela tem exatamente o resulta- aos mesmos _resl{1§8gCl_0§_RL_9Â-ÊÍLQQS. »
do de destruir toda a limitação subjetiva da coisa julgada, a Poder-se-á., no campo-da teoria, discutir quanto se quiser
qual, atribui a efic_ácia_,de pravelecer em relação a_todos,rv_indo, sobre o conceito de “lide” e da sua importância no sistema do
alem. do _mais,_di_retamente_c_ontra e;‹pressa_dis1J;JSiç_ä0_do_art. direito processual, mas deve excluir-se a priori a possibilidade
1.351_ do Çód. Civil _italia11o._ de acarretar uma conseqüência que a lei quis expressamente
z,I Procurou CAnNEr.U'rrr naturalmente evitar o obstáculo, acen-
ii evitar. i -
tuando a distinção entre eficácia direta e eficácia reƒlexa da
Câmvmu-rn irmana logicamente as partes aos terceiros, e
coisa julgada. Mas as palavras não podem encobrir a realidade
sujeita também as primeiras à. eficácia reflexa, quando deve a
e não podem deixar passar de contrabando resultado que, além
coisa julgada operar sobre uma “lide” diversa da decidida, mas
de não ser satisfatório, praticamente -_ as mais das vezes é pe-
_nua._v.l.:-_.-L=-A_-.-aÍz: justamente assim demonstra a contradição da sua tese com as
rigosoe iníquo _ tem o defeito de ser contraditado por um dos
disposições da lei, que sujeita à. coisa julgada as partes e não
mais claros, explícitos e menos discutiveis textos de lei, apoiado
os terceiros, ainda que se manifeste a respeito de uma “lide”
ele próprio por imponente, constante e muito firme tradição
histórica. .Oporemos a CAnNsr.u'r'r1 uma sua imagem brilhante, diversa da decidida. Porque o que a lei quis praticamente dis-
tinguir não é a eficácia reflexa da direta (conceitos e termino-
lembrada pouco mais acima, e diremos que não se trata de apre-
logia que a lei ignora), mas as partes dos terceiros, para su-
sentar armas ao princípio dos limites subjetivos, mas de obe-
jeitar uns e eximir outros da autoridade da coisa julgada.
decer ,a ele. É difícilcrer tenha a lei posto, tanto cuidado em
Â-z-~z.-lÍ-:~s;›~_¬¿-› z limitar a coisa julgada às partes,__para adnritir depois que ela Ad€mf=}§. 3- ÍLBSB, amDla_InQnte,ílustrada nos parágrafos :pre-
se imponha aos terceiros p-or_ outro modo e sob nome diverso. cedentesiggundo a qual a coisa,iul.gada_n.äo,ê_e_1:eito_da_s.en-
tençg, m_㧠Qllíllidade dela,_permit§_ç0nc_Lu_ir_n_e,gt,e__p_onto"que
De resto, a_p_ropria distinção entreas duas formas_de_,efi-
,. câ_c.i.a..da.co.isa_ju1gada,nos deixamuitorperplexos; é ela deduzi- a aí¿uuar1a_noçã0_ da eficáciaureflexa-.d.a_cois_a__1i11.ga‹.ia_,nâo._sÓ
Il
da da natureza diversa que teria a eficácia da sentença “dentro está por ser dem0ns_t;1ada,_mas_também_não._poderiardeaniodo
da lide” e “fora da lide (quer contra os terceiros quer contra algum justificar-se- A coisa julgada foi, de fato, definida (aci-
as partes)”. “Se não fosse assim” - observa Câsusrorrri* _, ma, n. 15) como a imutabilidade do comando «contido na sen-
“o fenômeno de repercussão por ele postulado levaria a destruir tença; ora, não existem formas diversas de imutabilidade. Esta,
o principio da limitação dos efeitos do julgado: 0 que valeria quando existe, é sempre a mesma coisa e vale de modo idên-
:z-.4_; .q-‹:wr.p;,¬~¡;.-v

cancelar o art. 1.351 do Cód. Civil. Se, na verdade, valesse a tico, tanto se se pretende no novo processo obter nova decisão
ii sentença em relação aos chamados terceiros juridicamente inte- sobre a mesma relação, como se, ao contrário, se discute sobre
ressados como em relação às partes, já não mais valeria em re- outra relação dela dependente. -"*' O que, ao revés, não é para
:-;:.¬-zur. lação às partes somente, ou. . . os terceiros seriam partes." a lei de nenhum modo indiferente é que as partes do novo pro-
Mas, se não nos enganamos, a admissibilidade da eficácia cesso sejam as mesmas ou sejam diversas. ' - ~
.-«¬Wn reflexa devia ser demonstrada pela sua natureza, diversa da da Em S@gUIN10 lugar, não parec_e,QsRN1-:_r.5:'r'rx,,muito convin-
i
eficácia direta, e não vice-versa; e_ sobre essa fundamental pe- c_er@ñtampouco,:g_uando afi_r_m,aÍ,que za limitgão _subjeti_va,diz
ii;r ” Lcsioni, IV. n. 387.
H Cir. ainda, aclma,.n. 28.
=i
108 l Emuoo Torno Lmswm Errclicm E -Auroaxosoe na Sr›:1‹'reNç^ 109

respeito só à ~eficácia,d_ireta, ao l¿asso_que _seria ilimita_da a re- geonseqüéncias lógicas seria supérflua a disp_o§ição__especiaL.d.e
I
flexa. Para fundamentar essa afirmação, nao basta, com efeito, lei para evita-las. -"°® .
invocaras relações _de conexão e de interferência existentes entre Tornar-se-á essa conclusão tanto mais convincente quando
as relações jurídicas substanciais, *H porque são elas uma con- se provar que apxtensão aos terceiros que o art. 1.351_iqiuis ex-
dição sine qua non do afirmado fenômeno de repercussão, mas cluir, é,_p_recisamente,ieinão pode ser outra,,a chamada eficacia
não são nem lhe podem ser a causa. ' . . reflexa. Se se acolher, de fato, por um momento o termo “efi-
Assim como o movimento reflexo de um ser vivente seria cácia direta da coisa julgada", na significação restrita que lhe
impossível sem uma ligação entre o Órgão que experimenta o atribui Cannsnvrrr, isto é, para designar somente a que se pro-
estímulo externo e o órgão que executa o movimento, mas con- duz “dentro da lide" e prevalece unicamente para a mesma
tinua a ter sua causa no estímulo externo; assim como (para "lide'_' decidida, não há dúvida de que uma extensão sua a ter-
referirmos a metáfora de CAnnr:1.u'1'r1°“) o eco não se produz ceiro não é nem mesmo concebível, porquanto o terceiro, en-
sem repercussão das ondas sonoras em determinadas condições quanto permaneça tal, não pode ser titular da mesma lide. Por
2::;-;;':'95:
.,|:l
.,`
.z¡ de ambiente, mas sempre tem sua causa no som emitido origi- isso, uma norma que ponha limites subjetivos a essa eficacia
l
il nariamente, assim também determinado modo de .ser de uma direta é absolutamente inútil, bastando a regra dos limites obje-
il
il
relaçao juridica pode repercutir e refletir-se sobre outra relaçao tivos para salvaguardar a posição do terceiro.
juridica, enquanto entre elas haja certa relação, mas a causa por A coisa julgada não pode, pois, influir de nenhum modo
que não se pode discutir quais são os verdadeiros termos da sobre o terceiro, senão enquanto “prejudique" um pressuposto
primeira relação é a coisa julgada que se formou a respeito. da relação de que o terceiro é titular, a saber, a modo de eficá-
Antes,__pois, de considerar “as normas queregem as várias cia reflexa. Oprincípio dos limites subjetivos da coisajulgada,
relações_e_lhes_estab_ele.cem o_s_vin.c11_1€¿S_r§=.C_í}1r0¢QSf.f,_ é _miste1i,_es~ s"all cionado pelo art _ 1 . 351 , não
__ pod5¡,_portanto,_t_er nçnhum sig-_
tudar a sentençg., a_ coisa julgada e a força de_ irradiação dos n_ifi_c_2_1do,além do de excluir a eficácia reflexa em relação_a_ ter-
seus efeitos, se se_quiser.sa_be_r at_é_que. limite_se_p_o_d_e_m_produzir. ceiros. Em suma, aceitando, à guisa de hipótese, a distinção de
Ora, seria perfeitamente._lÓgico_que_a_c_oga_jul¬g¿ç¿a,,que_se CAnNeLu°r'rr, a conclusão que ele tira deveria, de qualquer modo,
¿fo_:_1;rn_t›u_s9bre determinada relaç§._o__influisse também sop,r,e_a_ vir exatamente invertida: a,efic,áçia_cdi.r§_Ê›.e_da coisa julgada não
decisão de outra, relação de que a primeira é um_ pgessupostgz se sujeita anenhuma limitação subjetiva, e é só pela eficácia
mas, exatam_ente_para'_eyitar essipçqnsgqiiencia lógica, inte_r_v_ém refiexa Que a lei fixa ,Q limite ea iaeniiaaaerdasqzaires.
a 1ei_c_om_s_ua_proibiçãg,¿:juando fo; terceiroçcoo titular_da_ Para confirmar ulteriormente essas observações é mister
relaçäo §i,€FiÇ!}§ente._A_1z¿:g;-a dqslinfites subjetivos tem prççisa referir-se a dois institutos que tem estrita relação com o tema
e unicaxnente,o_escopo_de_impedgj_p3rante_tçr_c;ir_os?asxreper- examinado: aí int.erv_e_nçao na causa e ia oposgxzo de terceiro.
cugõesçlpçgicas da coisa j_ulgada,_p_o_I;que, se não smtratassexde Conhece a lei italiana várias figuras de intervenção força-
.-.-_-Fi-í_._ da, isto é, de chamamento à causa de um terceiro (art. 203 e,
H Mais fell: na explicação dos efeitos reflexos é Rmnrrz. Giudizio Civüfl. D- 37:
"uma presunção de verdade tem efeitos para todos aqueles para os quais teria N A quem pretendia tirar da coisa julgada formada entre os partes as deduções
efeitos a. reslidddp n que praticamente se substitui. Mas tals efeitos da realidade o lógicas em prejuízo dos terceiros. o velho I-ënscs-rear, Spasizíone Compendíosa, I..
que pntlcament.e`u substitui são determinados. por sua vez. pelas relaçoes materials jr. 268. replicnvaz "quem assim racioclna jamais compreendeu o significado de màxtmu.
sobre que vem n operar o provimento." Mas que é. senão preclsamente isso. a coisa yr; inrzr nlíoa... Que nccessIdade_h.averla da máxima res inter altos. senao para
julgado :rpa omnu? Serio simples e seria verdadeiro, se não houvesse o art. 1.35! «ur-erlir que não se _t_er¡e de deduzir, em prejuizo dos não chamados. n conseqüência
do Cód. Civil Iulllno. lógica do julgado que se deu entre ou.I.r0s?" De Indo a severidade do juizo expresso
N Studi, D. ifl. para com os conuudlxorea, não se pode duvidar de que ele linha razão.

.-z¬_.-z._, ._., ._;.‹ .

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110 Emuco Touro Lnznsum ~ l
EncÁcui E Auroaxnsne mi sem-znçs 111
I _

segundo alguns, também o art. 205 do Cód. de Proc. Civil ita- -trário, é dela excluído em todos aqueles casos em que, mais ou
liano; arts. 1.497 e 1.582 do Cód. Civil); têm todos estes, ao menos excepcionalmente, prevalece a. sentença também contra
lado de outros escopos possíveis, o fundamental e comum de ele. °° A coisa julgada é intangível, e, em conseqüência, exclui
estender ao terceiro a coisa julgada que se formará. no proces- também a oposlçao do terceiro.
so; “ e é natural que assim seja, porque o -
dido, como as partes, defender em juízo os prórgios interesses A conseqüência lógica da. teoria de CiAfinNn1.U'r-rr deveria
i
e contribuir para_a..inst1j1¿çã,o da causa,_j,á, não tem_razã9__p_ara SÇ1'z_P0iS. B- de n_ão haver. n.enl_ium_t_e_rc_eiro;legitimado_a;azer
d€SCon_liece.r:os_resu1i¿aLcl_o§ do processo. Mas é claro gue para 0 osi 'o_,__
esse, fim _não_,_haveria,_ propriamente necessidade de .__cl1a¿nar _ o Todavia, sente C¿uus1‹:r.UT'1TI,_por fim,__a necessidade de. so-
torçeiroía cau¿a,_se,foss_e verdade que a coisa j_u1gada_ gseesten- |
correr, de qualquer modo,,"o_,_terc,eiro, constrangido a sofrer ma-
desse também a ele, sob a forma de_efi_cácia reflexa.._Ass_im,_ a nietadosassco_nseqííên.cias.dospracessmdeique não pa.rticip0u._e
intervenç_ão_f-orcada do terceiro ja não teria__razâo de ser no sis- lhe outorga o remédio e;§tremo__¿da__opos_ição, ea: vi do art. 519,
gmafdofpgropessojtaliano. G Í precisamente como meio para eliminar a eficácia -reflexanda
Diversa, mas não menos grave,_é a alteração que deveria coisa julgada: °" “_o-terceiro-_que__de1e_nâo_se;s0L:or.LQ, ní0¬m›dB
sofrer a oposição do terceiro, segundo a teoria de Czuu~rsLU'r'r1. uiilmente protestar cont1ja_a_injustica da sentença”. °l Masísig-
O art. 510 do Cód. de Proc. Civil italiano permite ao terceiro nificaria isso desconhecer totalmente o__caráter facultativp_q_1_1§_
levantar oposição à. sentença “quando prejudique os seus direi- ajiistória e a lei concedem à. oposição de terceiro e, portanto,
tos". Não obstante certa incerteza sobre a significação dessa tornar necessário o remédio que se quis outorgar ao terceiro
fórmula, história e sistema da lei, prática e doutrina são unâ- -como simples faculdade ulterior, ao lado da que naturalmente
nimes em indicar tal remédio como ƒacultativo (diferentemen- lhe compete como pessoa que não participou do processo. Nem
te da oposição revogatória prevista pelo art. 512), no sentido de se diga que, estendendo ao terceiro a coisa julgada e, ao mes-
que pode o terceiro muito bem, ao invés de impugnar a sen- mo tempo, abrindo-lhe a via à oposição, se restabeleceu o equi-
tença, simplesmente desconhece-la como terceiro a ela. estra- líbrio, apesar da ofensa à letra e ao espírito da lei, porque _1¿n_¿._
nho: daí se deduz a regra fundamental de que “só se admite à coisa é,_para o-tercoirp,_poder_ ignorar; sentgiça, com a certeza
\V
i oposição 0 terceiro que pode defender o seu direito contra a
(16 P.0dB1`z5°mP1”¢› flU&U_fi9_$€_1hÊ_âP£9$_3flt@ _11Ê¢f_°$§ÍdaE1€~ ÇÍBÍÇI1'

sentença porque res inter alios iudicata", 1” e de que, ao con- der a_prÓpria_._p_os_iç§.o_jurídioa,_sem¿1_obstáculo_da coisa iulgada,
i

V. nomeadamente Cx-uovrzmaa, istituzioni_ Il. p. 208 (cmd. port., vol, 11, ¡,;_
2 0uira_bem-;ilversa,-tomar:a:iniciativ_a:de_imnog_n.ar_a.s.e.I11>f=I19.a
335-338). Pode aqui ainda lembrar-se a jurisprudência que nega exatamente que 0 pe.r_an_te_o_juiznq_1¿e_a,pronunciou,_q1.1g_á_s_e_m:aígarantia _do du-
conhecimento da lide estenda ao terceiro a coisa julgada [nisto diverge o direito
moderno do direito romano: D.42.1.63l: Corte do Cass., 23 de abril de 1931. Foro
,U C1-uovznm. op. cit., p. 1.012. Cir. Mnnnuâaoflu-Bnarflotnr. op. cit., p. 193.
uuluflw. R=i>-. 1931. v. Com øiudieom, n. 20; 1 do abril de isso, Foro italiano, 19:10,
I. D- 1-117 IDDE8 112 LINE). Ap. de Milão. 1 de maio de 1925, Tcmilomb., 1926.
°* Lezioni. W. n. 322.
p. 707. A, questáo nao teria razão de ser se ci terceiro. de qualquer modo, estivesse 'I Studi. cit., p. 434.
sujeira a coisa- julgada reiiexa.
‹= Não conhece o direito brasileiro a figura geral da intervenção opnosítion. p. 112; Gmsouurr-Cnàn Blu, Traité, 3! ed., VI. p. 894). é pacífica: na
forçada e somente algumas figurasparticulares (art. 95 e seg., do Cód. Itália pela influencia de Pnfscn-one, Sposizione Compendiosa, I. p. 275, e da Expo-
de Proc. Civil) que aqui não interessa referir. alçlo da motivou de Plflnunax ("A opoalçlo de que se fala aqui deve outorgar-se
como faculdade e não ser imposta como necessidade. Por Isso que 0 direito do
- H Cu¡o\1.mu, Principii, p. 1.011. Eua opiniao de lama. prevnleucia hola em
Mroelro. não sendo diminuído pela sentença proferida inter alioa, deve gozar de
França (Tlssru, Theofle 1:1 pratique de la ilerce oppasiflnn, n. 51; Ahuoota, Tiefcs
todos na garantias ordinárias. se ao terceiro apraz usar dela5").

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112 Ennrco TUu.1o Lmnnim

plo _grau~gç jurisdição, de_qu_alquer modo com_ôni¿§. __11isg0§.,.des- ‹

persas e i_n_c_ôrno_dos,_que essa atiyi,dade_necessaria,ngente, requer! É*


Pode-se, assim, à guisa de conclusão, e, ao mesmo tempo,
de preparação do tema que será ventilado no paragrafo seguin-
te, lembrar a já referida explicação prática que deu Câ.aNEr.ur'r1
da sua teoria: “para a consecucã_o_dgs escopos do_ processoua NOTAS AO § 5.°
saber, da sentença justa, fia-sea -lei do._co_nt_11adit_ório_das_par-® lAda Pellegrini Grinover)
._ _4`-¡.
Íëflz. 6 0bS¿^fVa1' que É Vfirdgdeira, mas até__cQr_to. ponto. A lei,
justamente,_não tev_e _e_s_sa_.ilirnitada fé nas partes, não quis con- i

fiar a sorte dos direitos dos_.te_rceiros à atividadfi -única desen- 1 _- Passando a examinar a problemática dos limites sub-
volvidarsem- controle pelasjpartes, e, conseqüenteme_n_tg_n,ão su- jetivos da coisa julgada, LIEBMAN reiere~se à doutrina .brasilei-
¬. ,
jeitouños terceiros à nnutabilidade dos efe_it_os'do processo,_ no T ra, que -já -se firmava a favor de sua limitação às partes (Adi-
que prop=_-iamentc__C_0_rrsi,ste _a aut_oridade_da_c_o_i_sa. Íi tamento sub a). O princípio, que não era sancionado pelo CÓ-
digo então vigente, vem hoje inscrito na primeira parte do
art. 472í “A sentença faz coisajulgada à,s_piartes entre as qi_1_a_i§
éuaea, nâo beneficiando, nem,p¿çjuà1cando ,te_r‹:.eir0s,'“ Assim,
aquilo que já. era pacificamente admitido como “um dos mais
¡MTL-
UJMflív bfQ.J
ulgua 4?
E.
fi'i0
Hâltartâ sábios principios da politica judiciária", é hoje solenemente pro-
fl l~¿ã.g=ljlLno_¿1ire,i_tp_br¿i§jgro_iL1Sl‹L§1.1t0_semeih§nte à; _o1Josic;`ioÍ_de
terceiro_d0 processo frances e ,italiano._0:recnrsoad9,,,terceiro_p_rej,udi@- clamado pelo direito objetivo.
dg (art. 815 do_Cpd. de Proc._CivilL é o que. a,pres,e_p,t,a_a_m§§ma.origem BAasosli._Moar:;_1m criticaa redacao do dispositivo,_g_ue ense-
nistórlca e o_que mais se lhe aproxima, conservando, no entanto,_.p_[o-
fundas diferenças. De fato, a oposição do terceiro, ainda que denomi- jaria equívocos,__pois os efeitos da sentença são reconhecida-
nada recurso, é, na realidade, uma ação autónoma tendente a impug- mente capazes de atingir a esfera jpridica de terceiros, como
nar a coisa julgada já formada (Cmovrnm, op. cit., n. 385), e não está revela o exame sistemático do código. 2 Quer-nos parecer muito
i
~› sujeita a prazo para a sua interposição; pelo contrario, o recurso do severo o eminente processualista, nesse passo: e que 0 art. 4'I2_
terceiro prejudicado é um verdadeiro recurso que deve ser proposto pode ser lido como afirmand_o_que a coisa jirlgada, restrita às
dentro de prazo breve e tende a impedir a formaçao da coisa julgada.
V. :1 nossa nota 1 em Gnrovsnmi, Instituições, vol. III, § 79.
partes,_e que não 'beneficia nemJrejudica terceiros: of que e
A ausência de remédio semelhante a oposiçao de terceiro e, para o
rigorosamente exato. **
;l_ireiÍ¿§_brasileiro, _ar_gjimen_to decisivo contra a a_‹;eitacã.o da teoria de _i..._íi-

‹1 |
Qiumflpuízl (e da ,semelhante a i=§¿¿,_de_ A›..i.oa1o,. cfr. p. 155 e segs.) da . 11 Sobre a segunda parte do artigo. que trata da extensão da coisa
eficacia reílíšra da coisa julgada, porque os terceiros deveriam suportar julgada a terceiros nas causas relativas ao estado das pessoas, ver
as conseqüências prejudiciais da sentença prolatada inter aliosj sem a adiante, neste volume, o artigo “Limites à coisa. julgada nas questões
possibilidade de defender os seus direitos. A faculdade de recorrer' da de estado". ' _
sentença que os prejudica, seria, para este fim, completamente insufi- '-' Bârusosii Monsrmi, Comentários, cit., n. 100, nota 254. _
ciente, dada a facllidade de que ignorem eles a existência do processo 1* ' Ao contrário, tem toda a razã.o'o Autor, quando critica, por mo-
inter alias. ` - i tivos análogos, o art. 42, 5 3.°, CPC (a sentença, proferida entre as par-
Bor mo, exige ai _m_ajs,eler3e_n_tar.eqiiidade,_para jojdireito brasileiro tes originárlas, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessioná-
=1_inda__mais¿1ue para o italiano,_que se_trg1ha por firme.o principiohsc- :az.v .
rio), porquanto aqui é lncontestavelmente a autoridade da coisa 'jul-
gundo o qual a autoridadp _da coisa julgada vale só para as partes. gada que os alcança: ver, adiante, n. 3.
114 Ana PsLLr-:cnmi Gamovrn E1-'rcácm E Auroslmnz os Sena-¡›:¡‹ç,, 115

2 - A partir do n. 25, o Autor faz a resenha das teorias seiorna -titular da relação juridica; T o segundo porque, por de-
mais expressivas sobre as categorias de terceiros que 'seriam -íinição, a atividade processual desenvolvida pelo substituto pro-
alcançados pela coisa julgada. A teoria da representação, inte- cessual tem necessariamente influência e eficácia sobre o subs-
gral ou apenas in utilibus, tem no Brasil relevância meramente tituido. f' A argumentação de Lxssmmx é totalmente aceita_pela
histórica. 4 Mas já. a teoria dos efeitos reflexos ~da coisa julgada doutrina brasileira. Z C
oferece aspectos que merecem ser aprofundados. _
-1 - A terceira fi`gu.ra d e subordinaçao
' é a conexao
' incin-
Com efeito, embora inaceitáveis quanto à sujeição de cer- divel entre a relação juridica do terceiro e a relação atingida-
tos terceiros à. autoridade da coisa julgada, as classificações de pela-coisa julgada, 'em virtude de situação juridica que se apre-
Cnrovsmm (n. 26)- e de Bm-'ri (ri. 29), com relação a esses ter- sente de -caráter indivisivel, e que deva ser única para todos.
ceiros, permanecem válidas, como aponta LIEBMÀN (§ 7.0, n. 40) , Como exemplo típico dessa figura aponta-se a impugnação de
e são até hoje acolhidas pela doutrina brasileira. ~ deliberação de sociedade anônima por parte de um sócio, e que
gm primeirg lugar, reconhecem-se_i1acifiç_ament_e_o_p1;ej_ifi- não poderia ser mantida ou anulada senão perante todos os
zo de di_reito_e o prejuízo_d_e_me_ro fato __co_mo_e,nt_i_‹íade;s___dls_,tii1- sócios. '
tas, de_conseqüênc,ias_di\¿ersas. A lição é, assim, recebida pela Para Lissivnm, nesse caso, não se deve falar em extensão
doutrina brasileira e até pelo código vigente (art. 487; II). 5 da coisa julgada securuium eventum litis, sendo que a explica-
' Em segundo lugar, acolhe o direito processual pátrip aclas- ção do fenômeno seria outra: rejeitada a ação que visa à. im-
sificação dos ,terceiros em terceiros jiigidicamcnte indiferentes, e pugnação, não tem a sentença outro conteúdo que não o de de-
terceiros juridicamente interessados;__divi‹.iin-do estes emjercei- clarar a improcedência da ação proposta, ficando livre aos de-
rosque devem reconhecer o julgado; terceiros que nao devem mais sócios a via processual para impugnar a mesma delibera-
reconhece-lo. °
1 Observa Bsnsosli Monnuui que aqui se trata da relação jurídica
'lltigiosa de direito material, acolrnando a Lnzannm de "arnbíguo" (Co-
3 _ Passemos às causas de subordinaçao de terceiros apon- mentários, cit., p. 199, nota 255). Mas, na verdade, é à relação de direito
tadas por Br-:frfrr e que seriam, em seu entender, idôneas para material que o texto se refere quando alude a “relação juridica já de-
legitimar aextensão da coisa, julgada a terceiros (n. 30)- ,LS duzida em juizo" (nota 30).
duas primeiras figuras -- a sucessão do terceiro à. parte, na _r_e- H Csiso Nsvrs já escrevia que o caso não passa de substituição
subjetiva no plano processual, negando que ai se pudesse falar em ex-
lação jurídica já deduzida em juizo, e a substituição processual tensão da coisa julgada uitra partes (Contribuição, cit., p. 495). Quanto
-,- nao _r_epre§entam_e;çtensao da coisa julgada 'ultra pajtes, a substituição processual e à coisa julgada, é da mesma opinião M/uuz
porquanto nenjilo sucessor nem__o__subs_t.ituido processual são nz Ouv=;uz.\ Ja., Substituição Processual, São Paulo, 1971, ps. 169/170. Bm-
propriamente terceiros. O primeiro, porque, sucedendo a parte, Boss Mossrna. Comentários, clt.. n. 100, acrescenta: "A ƒortíorí fica vin-
culado o substituído que é ao mesmo tempo sucessor, como o adquirente
da coisa ou cessionário do direito litigioso, a quem se estende -a aucto-
* AMARAL Smros, Primeiras Linhas (1919), vol. 3.°, n. 755. ritns rei iudícotae le não apenas “os efeitos", conforme se lê no texto
5 Ver, por todos, Bmsosâ. Momznm, Comentários, cit., p. 199. Por legal) da sentença proferida em face do alienante ou cedente, ainda
sua vez, o art. 487. Il, CPC, legitima à ação rescisória “o terceiro juri- que este permaneça no processo, como parte, após a alienação ou cessão
dicamente interessado". Sobre a questão, ver, adiante, n. 6. ‹art. 42 e seus paragrafosi". No mesmo sentido. ver também Aiuium
G Bueiro Vuimzu., Comentários ao CPC, Rev. Tribs., São Paulo, 1974, Aivnu, Código de Processo Civil Comentado, vol. I, São Paulo, 1975, ps.
vol. VI, ps. 178 e segs. e 183 Ç segs. o -HI/-1-12. Ver também, supra, nota 3.

367-L)
ng Aus P£:u.1:onn~r1 Gnmovim `ErrcÁcu 2 Auromuwr: os Smrrcuçs 117

ção. Já. o exercicio vitorioso de uma açãfl P01' Parte de “m $°°*° E ias. Nesses casos _- cujo exemplo típico é o do litisconsórcio fa-
atingiriz. 0 .escgpo comum a todas as outras, absorvendo-as e cultativo entre devedor principal e fiador, na ação de cobrança
consumindo-as, por falta de interesse de agir nas eventuais BÇOBS proposta pelo credor -- não há. litisconsórcio unitário e a deci-
sucessivas.” ' __ são não uniforme - embora injusta -- não encontra nenhum
Nesse segundo ponto, a doutrina brasileira nao acolhe a I
'óbice quanto à sua atuação. Aqui, a;doutrina "brasileira _acol_h_e
! pacificamente a posição de LIEBMAN: a_auto_r_ic_la_de da c_oi_sa,_jyl-
justificação do Mestre, porquanto, como observa argiitamente
Bamaoss Moanmâ, ao segundo sócio poderia exatamente interes- gada_-não se estende ultra partes,_porque a vinculaç,ã.o_en,tre as
sar o resultado oposto ao obtido no primeiro processo (P01`_eX°_m' gáriasflsituações jurídicašindividuais de sçimplesmenteç 1óEÃÇa,
plo,_a declaração da validade da deliberação, que a pruneira .nf
_mas não prática. “
sentença declarou nula).'° Convém lembrar. a11á5› fl'-1_°_m9-15 ul
z. 6 - épósmdiversas considerações tecidas af teoria carrielut-
recentemente o próprio Lrzeivnuv tende a rever sua P0G1Ç3° 11° tiana dos efeitos_reflex_os _da__coisa_julgada (ns.A31 e_3,2),,;L1r:aM.›uv
caso de concurso de ações, afirmando que "o estado da dou-
invoca, à. guisa de confirmaç_ão de sudposição, os institutos da
trina e da jurisprudência não permite indicações seguras 50- . 7.«‹-›_-4

bre a solução dos diversos p1'0bl6maS." “ Me-'i1'I10 POTQUÕ 1mP°1" “'ii›Len¿e.×1ção na calm"je,dai9l›ss.i.çao_d.e_t¢§‹a¢ifo" ‹i§›_s.íst_emfl
italiano šƒlditamentos ao § 5.0, notas sub c) e d). `
tantes inovações legislativas, na Italia, modificaram o panora-
ma. anterior. '2 _ Quanto à “intervenção na causa", é'bem de ver que, assim
. Para outras considerações, remetemos o leitor aos enSfl10S como ocorria perante o código revogado, o direito brasileiro não
especificos sobre a matéria, onde o Mestre trata do em PIi-a-". ¡.ui<
ampara o instituto em sua configuração geral. Os institutos
professa, bem como às respectivas Notas relativas ao direito particulares mencionados na nota' sub c) são, no direito vigen-
brasileiro. “ te, .a oposição, a nomeaçãotà. autoria, a denunciação da lide, o
chamamento ao processo e a assistência.” Para esses _ assim
5 _ A quarta figura de subordinação é dada, consoante como para a “intervenção na causa" genérica do direito italia-
Bem, pela dependência ,necessáriafientre duas rel8ÇÕeS_ ÍUFLÚ* no - afirma-se, com Lrsnmnn, que _se¿fosse_verdad§_Qu_e_a: coisa
iulgada pudesse es.t_ende.r_-se_ao_te_rne_ir.o._não..hav.e1ia_raaaoTpara
a ¿ mezistèncla do interesse, uma vez que 0 objetivo comum lã
.'- o ordenamento permitir o_ seu ingresso, na relaçâoíprocessual,
teria sido alcançado, refere-se Lisaum nos dois ensaios incluidos neste
volume- “Ações concorrentes" e “Pluralidade de 981185 leãlfimas à im' exatamente com o fitofldeser por elawalcançado. '°
pugnação de um único ato". ' _ _ _
ao. Bsnaoss Moxsm, Coisa Julgado: Extensão Subjetwa, ln Direito H Ver, por todos, Bmsoss Monsma, Litxsconsórcio cit., ps. 30 e 145.
Processual Civil, Rio de Janeiro, 1971, ps. 281 e segs. Sobre a lnaplicabi- 15 Art. 56 e segs. e art. 50 e segs. do CPC. A oposição é o ífltervento
lidade da assertiva de mzsmm ao DIOCGSSO Penal. 110 00l1¢l-IIS0 (16 88211- p_ri_ncipale do direito italiano; a assistência, o intervento adesivo; a de-
tes no mesmo crime ver, de nossa autoria. Eficácia 0 0UÊ01`íC¡¢1lí¢. 0"--. fií"
"_'_ 4_. _í
.nuriciação da lide (chamamento à. autoria, pelo código brasileiro de
p. 35. _ _ 11939) corresponde à¿chí‹unata in garaneia do sistema italiano; e a no-
n ]_,¡¡;zzm‹, Manuais di ciirítto processuais cwile, 3.* ed., voL III.
meação à.`_autoria e'o chamamento ao processo encontram equivalente
Milão, 1976, p. 179. _ H _ no intervento su ístanza di porte, sendo o último semelhante a chíamata
12 Ver, neste volume, as Notas de nossa autoria ao ensaio AÇOES nz causa.
Concorrentes" e "Pluralidade de partes legitimas a imD113I12Ç30 GC Um
único ato", n. 1. ' 1. “_ Ver, DOI' UJGOS, Amour. Sswros, Primeiras,Lin¡_1as cit., vol. 2.°,
na -«ações Concorrentes" e “Pluralidade de partes legltlmas à lm~ 1977. n. 312. Quanto à assistência, é digno de menção o art. 55 do CPC
pugnação de um único ato", neste volume. vigente, que possibilita ao assistente a argüição da ezrceptio mole gesti
v

\
113 Am PELLEGRINI Ganiovs-a Errcácm r: Auronrosne na S1-:nreuçs 119

A “oposição de terceiro" também não encontra correspon- Afora -esse meio, preordenado -para impedir a .formaçao da
i dente perfeito no sistema brasileiro. O recurso do terceiro pre- coisa julgada, hoje o sistema processual brasileiro se ~co_r_npleta
judicado do código processual de 1939, a que se refere a nota com a previsão expressa da açãorescisória pelo terceirojuridi-
sub d), está hoje encartado no art. 499, § 1.0, que confere legi- camente interessado (art. 487, II, do CPC). Mas, como notava
timidade para recorrer ao terceiro prejudicado que demonstre Lrrzmx-:AN com relação à legitimação do terceiro à. rescisória -
o nexo deinterdependência entre o seu interwse de intervir e que parte da doutrina brasileira já reconhecia na vigência do
a relação juridica submetida à apreciação judicial. Código de 1939 2° _, essa ação só pode ser proposta nos casos
importante queszâoesuscita-seeaqui-*O t¢1'‹;âir0.;_iwlidi¢a- taxativamente previstos, não ten‹:io_¿:›Íalcan_ce_ doqinstituto__i_ta-
mente prejudicado, temdegitimidadeipara r-eco_r-rer. SOIUÊUÊB liano. Observe-se, ainda, que, havendo hoje um prazo de deca-
BQr:gga_das~paI_tB5._(G_d__c_QQ¿ijuva_ndum)_, ou também dência de dois anos previsto para o exercício da rescisória, e
jzgggfesrç.1ui;;a¬pret_ens_ão de ambas (¢¿dZ_oQpo;zendum)? O Ante- sendo ele contado a partir do trânsito em julgado da decisão
(art. 495), não ficará -o terceiro posto completamente ao abrigo
projeto Buzaid, no art. 546, havia tomado partido: “O terceiro à dos efeitos da sentença, só por -esse meio.
poderá recorrer, quando estiverempenhado na vitória. de uma 1
das partes a que vem assistir no processo." Mas o art. 499, § 1-° ' Daíjpor que se afirmakem coro com Lrsnmzm, que a siste-
do CPC omitiu essa parte do dispositivo; e a expressão “nexo de niatiçaíbifgsileira impõe que não se aceite a tg:_QriÃ__.Êi,a:_‹;:xtens_ã_u›
-da coisa julgada a terceiros I -que
f 7 não podem
Í suportar Í as conse-
interdependência" entre o interesse de intervir e a relação ju- fñ
giiências prejudiciais da sentença prolatada inter aLios,_po1' não
ridica sub judice não oferece elementos seguros de interpreta-
f;carem_ suficientemente _garantí_dos contra -a§--r_r_1esmas __pe1os-
ção." Escrevendo sobre a matéria, Bsssosa Morusnm e SÉRGIO
Bem.-runas inclinam-se para o entendimento mais amplo. 1° E ÍÀXÊÍÊÍÊÊÊOS ÊÊLÍnt*?fVÊʧÊQ‹:ÊQEiʧ2£-ãoz de__t£i`°eÍ1`° P1`ei11dÍC*1d°.e
da agão rescisória. 1"
com' muita sagacidade observa Ssnoro Bsamuoes que hoje não
se poderia acompanhar o entendimento restritivo: “Dispondo o \1 \
parágij`afo;único.do.art.__5_0_gue_"a assistência tem lugarieim to- J
” dos os graus de jurisC_1§ãoj_não teria o legisia_dor_nece$idade de,
'E criar a possibilidade de_i_ntervenção_recursa1 para o assistente,
que pode intervir _em qualquer dos tipos ‹:i_e_proce_dimento e em
todos os graus de jurisdi_ç_ão.” “J -

11 Quanto à. critica à terminologia do código, nesse passo, ver Bm-


aoss Monsmn, Comentários, cit., ps. 331/332.
IB Bzmsoszi lvioasrlu, op. e loc. clts., p. 333; S. Bsnmunrs, Comentá-
rios ao CPC. vol. zVII, Rev. Tribs., 1975, p. 58. i
19 Id., ibid.
processus em' processo posterior, quanto a argumentos ou fatos que a
sentença anterior tiver adotado como fundamento. Sobre a eficácia da ‹ .

assistência, de conteúdo oivei-so do que a coisa ifllsfldfl. Ver 1-,°B° D-'-


Cosrà, Assistência, S. Paulo, p. 197 e Bzuuzr, Comentários ao CPC, Foren- i. l 2° Ver adiante, Aditamentos ao § 7.°, nota sub h).
se, vol. I, tomo I. p. 305 e segs. `1
'-'1 Assim nos expressávamos in Eƒicácia, cit., p. 59 e segs.
\
Mjr
\

SEGUNDA PARTE

A EFICÁCIA N›.'r.unsL na seirrençà como Aro


Ã
` no Esra-Do - ~ › -
\

§ 6.°. EXTENSÃO SUBJETIVA DOS EFEITOS


l DA SENTENÇA _ _
1.
1 I

iUHARIO: 33. Posição do problema. 34. Eficácia. geral da sentença. 35. -Confir-
maçües da teu precedente. `

33. ia 'demonstraçãoƒde que a autoridade da coisa julgada


não éÍ:feit.o_L}§m soma dos efeitos da senten§a,_mas uma qua-
lidadedela, um -modo de ser e de produrir-se, revelaflà indaga-
ção cientific_a_problema distinto e logicamente anterior_. ao dos
\ limites _subjetivos da coisa julgada: o problema da extensão
szrbjçrivg aos efeitoizyz seniençg,
O modo tradicional de entender a -coisa julgada devia ne-
-cessariamente identificar esses dois problemas..Visto que o efei-
. . .,.i
to principal e constante da sentença era a coisa julgada, tra-~
tava-se somente de fixar-lhe os limites subjetivos, e não era
.possivel surgir a pergunta sobre se, além desses limites, não
se produziriam eventualmente outros efeitos.
Mas, uma vez que -se tenha estabelecido o erro do ponto
de partida, torna-se _i'iatural_amppssibilidade de que a extensao
subjetiva da eficácia da sentença não.coinci_d_a, com a da auto-
ridade da coisa julgada: pode ocorrer -que tenham limites sub?
jetivos diversos. ‹ V
As considerações desenvolvidas no precedente § 5.0 demons-
1 traram que não -se podemaceitar as tentativas de estender aos
terceiros ou a algumas categgriasrle _t_cI'.ce_iLo.s _a autoridade -da
c_oisa julgada, ag qual é limitada por -norma de lei somente às
_ \. ,
122 Emuco Tui.Lro Lrasmau Ericson _i: Atnonmans na snzrruça 123

partes e aos seus sucessoresJosteriores. à._dernan_d_a zilldicial i tar da costumada. identificaçao em um único conceito da efica-
(inclusos aqui, naturalmente, aqueles cuja -relação juridica te- i cia e da autoridade da sentença.
l
nha sido legitimamente deduzida. em juizo por um substituto É mister, entretanto, distinguir muito bem entre as duas
1
processual). Com isto, todavia, nada se disse ainda acerca da noções, de todo em todo diversas, tanto do ponto de vista lógi-
outra pergunta, que consiste em verificar a respeito de que pes- l co, como do ponto de vista prático; e dessa distinção, ampla-
soas a sentença produz efeitos. _Á7,_pelo menos,__possível que os mentedemonstrada na primeira parte do presente trabalho,
efeitos_da sentença se produzam também em -relgao aos t_c_r- decorre, já se vê, naturalíssíma a afirmação de que a limitação
ceiros, embora sem aquela qualidade característica, masenao subjetiva da ‹¿c›isa_jiilgada apsolutamente não ,prejíudica o_¿›_r_o-
i certamente essencial nem lo,gicamen-:te.nec.ess,á,,ida,_da_aiLtQLii12l- b1ema_da. extensão _subjetii¿a,_da. eficáçgatdasentençg. Pode, por-
de da coisa julgada. i tanto, muito bem acontecer que os efeitos da sentença se pro-
Uma tentativa para formular a questão -desse'-modo já se duzam tambémvçfora do âmbito em que opera a coisa julgada,
encontra em Ram-:N'rr, quando escreve que da autoridade da a qual torna os próprios efeitos imutáveis.
coisa julgada não se pode “deduzir umcarater específico do
pr_ovimento jurisdicional para que possa este operar somente 34. Livre, assim, o caminho de todo obstáculo, apresenta-
entre as._duasJ:›artes. De,fatg,_,um_a presunção de verdade tem -se o problema de fácil solução. ,A sentença, como ato__auto1'z'ta-
efeitos iogra todos aqueles para os ,quais t_eriafiefeitos a reali- tipo ditado por um Órgão__do Estado, reivindica naturalmente,
dade a que praticamente se substituif'.1 Esta afirmação é de per_a__r_1_te_t_qdo_s,_seu_o_f_icio de formular qualsejq,g_,cpma1z_do con;
repelir, pelas razões amplamente deduzidas, se por efeito da ã ereto da lei om mais generiçamente, a vontade_‹'l_o_Esta_do,_p.ara_
sentença se entende a autoridade da coisa julgada (indicada no l um caso determinado. As partes, como,_suieitos_da_r;elaçao_a_que
Código e em Renaurr como presunção absoluta -de verdade), se refere a Hdecisão,são certamente as primeiras nue sofrem a
visto como o princípio dos limites subjetivos sancionado pelo sua eficacia, mas não ng lnotivíqque exima os terceiros de_so-
art. 1.351 do Cód. Civil italiano restringe essa autoridade à. hi- r
e. Uma vez que o juiz é o Órgão ao qual atribui
pótese de que surja a controvérsia em torno da relação decidi- o Estado o mister de fazer atuar a. vontade da lei no caso con-
da entre as mesmas partes do processo precedente.
1 É,_mQu,ito exata,_porém, a_ mesma afirmação, e fecunda em
ereto, apresenta-se a sua sentença como eficaz exercicio dessa
função- perante todo c ordenamento jurídico e todos os sujeitos
,largos desenvolvimentqs, se se refere_à,efiçaçi_a natural da sen- que nele operam. Certamente, muitos terceiros permanecerrr
tença, independentemente daautoridade da_coisa_julgada,t e é indiferentes em face da sentença que decidiu somente a relação
ela possível sempre que se sustente, em conformidade com opi- que ein concreto foi submetida ao exame do juiz; mas todos
nião de grande prevalência e quase pacífica, 2 que a autoridade sem distinção, se encontram potenci_alment_e em pé de_i_guaJ.da-
da coisaçjulgada não é um caráter essencial We necessário dos de de sujeição a respeito dos efeitos da_senten_ça, efeitos_que se
a.to;Ljurisdicionais, mas somente um instituto d_isp_ost_o_pela lei p_r_o_d_uz_irão efet-iva_me11t€__P.ara_tori9fi_a9,l1£les_cl¿j.a_p_0siç§i_0,_j.u1;í-
por _nL_otiv_os_‹Le oportunidade e de conveniência politica e social. d1.C_a__Lenha_0,lJ_fllg_uer c_onexão_com ogbjeto do processo,_porque
Se Raoenrr não tirou de sua aguda intuição todas as possíveis u para todos cp_ntem_ a decisão a atuação da ,vontade d,a_lei__n9
conseqüências, deve-se tão-só ao fato de que não se quis apar- caso concreto. t É “Í Í *tz
" Gludizlo civíle con plurulitú di parti, p. 36.
Ozjaiiz que, na plenitude de seus poderes e com todas as
'-' Cfr.. Selma, n. 8 e. ali. as notas 2 e 3. garantias outorgadas pela lei, cumpre sua função, declarando,
'Er-rcÁc1.4 E Anmninans na Sr-:nnmça 125
124 ENRI00 TULIJO LIEBIAN \_ .

resolvendo ou modificando uma relaçao juridica, exerce essa ' Assim, as,p_a1;tes,¿q¿iando defendemsegs direitos, colaboram
_ _.
atividade (e não é possivel pensar diversamente) para um esco- ` no funcionamento da justiçq, e a lei conf_i_a_-em que_o_j_qgo_¡_‹;Q5
‹Í
l interessesíolndividuais e opostos,_fiscalizadojiapreciadoiimpar-
Egue outra coisa não é senão a ,rigorosa e imparcialz aplica-
-ção e atuação da lei; e não se compreenderiañcomo esse resul- ~ cia.lmen_te pelo j_uiz,__prepare o terreno demodo todo espontâneo
tado todo objetivo e de interesse geral pudesse ser válido e ~pafa aerrianação de sentença ç.1ue'së._tisiaça_o_,__intere_sse e acaspi-
eficaz só para determinados destinatários e lirnitado a eles. Con- ração geral da justiça. Provendo a que não abusem aspartes
-cepção assim restrita dos efeitos da sentença podia ser lógica do poder que lhes reconhece a lei de limitar a liberdade de ação
quando -tinha 'o processo caráter de atividade privada, e o fun-_ e *do raciocínio do juiz, maximè nos casos em que o seu inte-
damento da eficácia da .sentença era -.u`n_1.contrato ou quase- l resse-não coincidir com-o descobrimento da verdade, está um
-contrato pelo qual se submetiam as' partes, mais ou menos vo- 1 órgao público que pode, às vezes, agir e sempre opinar nascau-
luntária e livremente, ao iudicíum e à. sentença que se devia -sas civis, o_l\/linistério Público, cuja -função no processo civil re-
prolatar. Mas, desde_que recebe a s_entença,_a__,sua eficacia do presenta uma atenuação e um corretivo do princípio dispositivo.
poder -soberano da autoridade em cujo nome é pronimciada, da L.
_qualid_¿a_de_pública e_esta_tal do Órgão_q¬¿e ,_a¬p1;olata_,(vist9__que O processo não e,__pois, negocio combinado 'em pfamíl_ia,_e
/5í' {Í'-°gl
a'Í
5-Árëea z éfia e-J» ja s_e_l_ogrou` ampgenaconsciência desta verdade)¿seria de todo i produtor -de efeitos somente para as pessoaçsfliniciaçlas nos mis-
térios de cada feito, atividadeoprocessual singular, mas ativida-
em todo inexplicgível que valessemela só_pai;a um e nÊo_para
9 todos como forrnulação da vontade do Estado no caso concre- de pública exercida para garantir a o_bservância__da_1ei; e já _q_u_e
t_Q. Por outro lado, não é o processo uma tutela do direito subje- , :resta estäo todos sujeitos,oindigintanlentg, devem t0f10S.,_I2.Q1”
tivo, concedida pessoalmente ao seu titular, mas tutela,,atuação igual, sujeitar-se ao ato que é pelo ordenamentq juridico_d_esti-

I
! e_garantia do direipzrobjetivo, exercidapara satisfazer um_inte- n ado a_valer_como sua aplicação imparcial . WE esse ato não É
rege publico e geral; e desenvolve-se nos modos e com as pro- l irigido a_ uma es oa antesvque _a_ outra,Z_mas ingide objetiva-
vidências que mais se afigurem oportunas para assegurar o .-V irrente sob,re_a;relação ue _foi_objeto de decisão. Se a vontade,
descobrimento da verdade e o triunfo da justiça. Nessa finali- que se faz atuar, em conteúdo imperativo, é em suma um
dade se inspira também o princípio dispositivo que, na medida comando que se dirige a determinados sujeitos, prescrevendo-
cm que limita os poderes do juiz, não se considera como reco- Í -lhes dado comportamento, a atuação dessa vontade, justificada
nhecimento de um direito, inexistente, das partes a dispor do , pela existência das condições legalmente requeridas, impõe-se à
resultado do processo, mas somente como o melhor meio que l generalidade das pessoas sujeitas ao poder do Órgão judicante
se lhe oferece para investigar e conhecer as circunstâncias de Í como valido exercício da sua função. Por isso, enquanto, abstra-
l fato de caso em caso, em consideração da “impossibilidade de tamento, estão todas aspessoas submetidas à etie§c_ia_da-sen-
serem as relações privadasperscrutadas policialmente pelo Es- , t_ença,_pra1:icamente lhe sofrem og eíeitos_=g1_ueles_em_cujaTe,síera
Y tado” e “das maiores garantias que apresenta a defesa dos di- * jurídica entra mais ouomenos díretarr1ente¿o` objeto da ,sentem-
reitos deixada aos cidadãos, em vista dos maiores meios de de- jaz assim,_ante_s_de,tud_o_e necessarig.rr;ent.e,,_z_3s_p_z¿i¿y_as=_,__t_ii;_i¿1aize_s
fesa que lhes da o conhecimento dos seus interesses"; mas 7d_a:_r_=e_lação _afir_m_ada e deduzida em_jupía_o_,_¿, depois g;a_dativa-
“aberta as exceções, desde que seja a presunção banida pelas l inerte,Jodos_0s_0i1is<1S_‹=si9ê..direit0s_eSIf=iam.<;1s=›....‹äl29,;m_.0.‹5L0
circunstâncias do fato concreto". 3 . com ele;-meffllflçãq de Consxãps dependência ou intêrurèncioa
juridica ou prática, quer quanto à sua existência,___quer quanto
' Cuiovmm, Príncípii, p. 728. Ctr. Ciiar‹B..u111, Lczionf. II,-n. 135-
i

126 Enmco Tu1.L1o Lrsamzm Er-“icácui E: Auromo.-ins na Se1~‹'rê:r:ç^ 12'?

a possibilidade dgsua efetiva r.ealizaç_â'_io. A,natureza dessa su- 35. Indireta mas precisa confirmação desses resultados,
-'._.
jeição é para todoshpartes ou terceiros, a mesma; a medida da dão-na dois importantes institutos do processo; a intervenção e
sujeição determina-se, ao revés,_ pela relação de cada um com a oposição de terceiro.
o__o_l:_›jet_oJda decisão. Entre _partes_e terceiros só há. esta .grande
1 A intervenção voluntária de terceiro no processo pendente
.»s. -_. -._

diferença: gye para_as partes, quando a sentença passa em entre outros, é, em suas várias formas, admitido pela lei 'italia-
j*ulgado,_o_s*seAus_eƒeitos_:seAtprnam imutáveis, ¢ro¿J_a_sso_‹;_¿ue_pa1;a na, quando tiver o terceiro interesse nisso (art. 201 do Cód. de
os terceiros isso não ac.rm.1eca_ Proc. Civil).° Esta norma outra coisa não é senão aplicação par-
-ticular do principio geral estabelecido pelo art..36 do Cód. de
I-Ião-cabe, contra a tese ora exposta, «observar que nenhu- Proc. Civil italiano. *' Mas que interesse pode_ter um terceiro
ma norma' de lei di..põe expressamente que também sofram os gp; intervir r1_o__processo formado entre outras__pessoa_s2_ Varia,
terceiros os efeitos da sentença, porque bastará responder que naturalmente, conforme se trate de intervenção principal ou
não há tampouco uma norma que os imponha às partes, e, no adesiva; = mas só_ se compreende genericamente quando a sen-
m.. ~›=‹-z--. ¬-n›z.1r-z. s¬‹›§_'z=.-Iäin-› « entanto, jamais se duvidou disso. ii eficácia geralída sentença l
tença a serppgonunciada no processo em curso possa__produzir
1
I
I
decorre tão singela e naturalmente do caráter p_úblico__univ_er- efeitos dançosos para o¬tercei_ro,,,e este tenha,¿)ortanto,_interesse
salmente reconhecido à administração da justiça; que não na
C
necessidade "ii que expressamente
de nenhumanorma especial " '" a çinevita-los, influindo, mais -ou menos profundamente, spbreo
ff r _ ff . “ . r . - " ." `.-it da lid e sobre o contefdo da decisão. É costum d' er
5311 cione. Em vez disso, seria necessaria uma disposiçao expli- e\ Opode~ esse
que e 1interesse
~~ fc ser de mero
J ~fato
f ~ ou ser juridico, quando
E 12
cita contrária para sermos obrigados a considerar diversamen- for o terceiro titular de relação conexa ou incompatível com a
te; mas não existe disposição restritiva nesse sentido, corno não deduzida em juizo; precisam melhor outros autores esse inte-
1* existe principio geral de que se possa deduzir intenção análoga resse, indicando-o no decorrente para o terceiro dos efeitos re-
da lei. Por certo, seria errôneo pretender inferir uma limitação flexos que poderá a sentença ter para ele, segundo uma ter-
6:.-CJ bjetiva dos efeitos da sentença da limitação subjetiva da auto- minologia lembrada amplamente a seu tempo. * E costuma-se
J
1, /ridade da coisa julgada, o que suporia demonstrada a identi- aludir assim, pelo menos na maioria dos casos, à possibilidade
. .-\`
.dade da eficacia e da autoridade da sentença, que são, pelo de que se produza a respeito do terceiro uma extensão da coisa
contrário, coisas absolutamente distintas. julgada ou um efeito reflexo dela.
J Ora, para o que se referiu acima (§ 5.0), claro é que jamais
Do art. 1.351 do Cód. Civil italiano se pode, antes, argu-
4 pode tal coisa acontecer, porque não está o terceiro, em caso
mentar exatamente em sentido oposto, e de modo o mais eficaz,
porque, não sendo aq autoridade da coisajulgada ur;;_ejfeit_o_a_u;tö; ' ‹ Para as principais opiniões. v. especialmente Crnov1:No.\, Islítuzíoni, Il, § 33.
1¿9¿T10 da-_-<;¢1,1,t_‹'-mcg, masísó uma qualidade des U |›. 203 e segs. itrad. port.. vol. II, p. 32'? e segs.3; Scam, Iutcrvenlo adesivo, p. 185
e secs.: C.um:|.urrr, Lezioni, II, n. 108.
\

š <í= °ee9E_*âiY;š1.êeiãa¢n reiÍà`šiÍé“ãqi;eié5;à5š"š¿á§..š=š éšfendeín
esses efeitos e por isso há. só necess_iç_lade de ser limitada a de-
'i
\

-«ä É-__Z}_ 7 V 7 7 ,
Í ADITAMENTOS AO § 6.°
terminadas pessoas, enquan to_sepstendanivaqueles_efeitos,.n1em
ç ç . . _ _I
0 V. os arts. 93 e 102 do Cod. de Proc. Cívil brasileiro.
E_l;:ciÍr;culc¬r_estrito, a todos `o`s_o"1ítro_s suj€í.§QS çinteressados. Se 1* Art. 2.° do Cód. de Proc. Civil brasileiro (necessidade de inte-
estive-ssem_os efeitos .da sentençajimit.adns_à5_P_ar.t_e.s._seria.d.ez resse legitimo para formular um pedido ao juiz).
tudo em todq superfluq disp_o_r que devam ser irnutáveis só para ‹= Na terminologia do Cód. de Proc. Civil brasileiro, respectiva-
Q? UI
iz-g Ó ¬ tes.
W mente o;;osir_-f~.z'› 1 nfâsistâiicia. -
^ i 'J
|

128 Emirco 'l“uu.1o -Lresmm Errcñcui E Atrroarmn: na szureuçii 129

algum, sujeito _à coisa julgada, nem a nenhum efeito reflexo são asiconseqüências da eficacia natural da sentença. que não
dela; e, então, quase todos, senão -todos, os casos normalmente conhece, -comomse disse, *lirn_i__t¿açãol šübjetiva; * iõfiosiçãíƒé, de
admitidos de intervenção voluntaria se tornariam inadmissíveis fato, concedida ao terceiro para eliminar o efeito danoso que
I por falta de interesse em intervir. A verdade, porém, é que tam- lhe pode causar uma sentença proiatada entre outras pessoas.
e
A 'colocação deste remédio no sistema e também os seus limites
É benizgggse devem distinguir os efeitos da sentença da cpisa
julgada: se estase limita à§._Dâl'Ê€S.._0_m§S_m_0 nãcLs.f;d.á._pâ.Ià serão, aliás, melhor esclarecidos logo adiante* u
i agiueles, qu‹_;_,ç_,ao.co1i_tra1'io, se podem produzir ef nat_ur_aln1ente
. i se produg-Em tambemçpara os tercegos,__e,,e por __ o,_precisa
mente em razão deles, que o terceiro pode, ter interesse em inf
teilvir no_processp;pend‹;nte,_para inlpedir que a -sentença con-
tenha urna decisão danosa para_ ele. Assim, a intervençiziolvo-
'É iontâria que, seguindo z tradição, também o direito italiano
i admite, é segura confirmação de que a sentença não limita os®
seusjfeitos_às_p.ai;tes,_rnas;osuistende
. . - emdms.
. _,
l Outro tanto se pode dizer para a oposiçao -de terceiro.
i
l " Pressupõe ela também evidentemente que a sentença possa
l causar dano ao terceiro, a quem concede a lei esse remédio -ex-
N
traordinário, quando a sentença prolatada entre outras pessoas i

prejudique os seus direitos (art. 510). É pacífico, porém, que


cabe tão¬só a quem é verdadeiro terceiro, e por isso não está
sujeito à coisa julgada. 5 Mas então para a doutrina comum se
torna esforço desesperado dar explicação plausível do prejuizo il
que pode a sentença ocasionar ao terceiro e o legitima a propor
*Il a oposição. ° ' -
Torna-se assi_rn;_a__oposicã.o a ma_i_s__Segu_r_a -contraprova da i
existência de efeitos da sentença também em relação aos _-ter-
i
eeirosueíeitos qu_e_,nada_tém¿1ue__ver com _a ¿c_ois_a Lu¿gada,,_a_n_'t_es
' Crr., acima, n. 32. especialmente na nota 51 e segs., onde se lembrou também
a opinião divergente de Canum..o“rr:,- e foram indicados os seus inconvenientes e os
›.
motivos oue a tornam improcedente. Alias, Lanto Csanurrnl como Lima: (sobre
,i n opiniao deste, v. adiante. n. 39, nota 29) se movem na mesmo ordem de idéias do
i texto e tentaram novas vias precisamente porque insatlsreitus com a opinião comum.
2 A mesma observação pode fazer-se para o direito brasileiro, com
° Crr., com efeito, Cmoveuns, op. cit. ult... n. 409. p. 560, .que contribuiu. como
sempre, mais que qualquer outro. para justificar 0 tradicional ponto de vista, mas
reíerêneia ao recurso do terceiro prejudicado. Em iace do principio de
que. todavia, deixa o leitor muito perplexo. Tem, pois. razão Rsoeurr ao escrever que a coisa julgada não se estende aos terceiros, esse instituto não tem
outra explicação a não ser a de que, pelo contrário, a eficácia natural

Í
(op. cit., p. 121] que "a teoria deste remédio deve ser refelta ab ínzis, porque, como
ri entendem hoje em dia e comumente. é um instituto absurdo e em cornpieta da sentença também a eles abrange e pode, portanto, causar'-lhes pre-
contradição com os principios consagrados pelo nosso próprio direito .poslt.ivo". juizo. 0 art. 815 do Cód. de Proc. Civil concede aos terceiros a facul-
I ff V. nota d ao § `ã.°, p. 112. dade de recorrer, exatamente para afastar esse prejuizo."

°Ú1LzD~ ô*"~ Q(A\‹' /


9

E1-*xciicm E Avmnmans-na' sl-:›rrzNç.‹i 131

" Ó mesmo vale quanto à. “oposição de terceiro”, a qual, .oomo


vimos, encontra certo correspondente no recurso do terceiro pre- li
judicado e na ação rescisória a que é legitimado o terceiro, no
direito' brasileiro* Aqui também, não fosse pela possibilidade
de a eficácia da sentença atingir a terceiros prejudicando-os, | .
l
e não se justificaria of instituto. .
NOTAS AO § 6." _A doutrina pátria mantém-se_ fiel. às observações de Liss- 5

(Ada Pellegrini Grinoverl ivmn, considerando os mencionados institutos como contrapro- l


va da exister_1_cia_gos_eieitos -da sentença também com relação a .Í
terceiros _ BARBOSA Monairoi e' .expresso ; “ Quanto aos efeitos da ;É
1 _ Iniciando a Segunda Parte de sua obra, LLEBMÀN ana- sentença -_ que não se confundem_c_orn__a_autoridade_da_eoisa_
lisa o problema dos _liçr_n_i-tes -subjetivos da eficácia natural da julgada _-i-,ç o Çód_igQ_reconhe_ce__cla11amente,_s§gL1ndo revela o
sentença, independentemente da autoridade da coisa julgada,
€X3mÊfSÍSfiEmático,_gue ele-S são capazes de atingir a esfera ju-
chegando à conclusão Lie que os seus efeitos se estendem a todos. ridic_a de terceiros,_seia_ernbora poi;via reflexa. É o que explica
Completa-se, assim, a distinção entre coisa julgada e eficácia a existência de _ institutos como a impropriamente chamada
natural da sentença;_ça_;_.primeira, rigorosamente limitada “assistência litisconsorcial", que pressupõe a idoneidade da sen-
partesç a segunda,_sujeltando aos terceiros,_em virtude da ido; tença para "influir na relação jurídica" entre o “assistente .li-
neidade natural dos atos estatais. Amm eficácia -_ tenca. Ii ú-I tisconsorcial" e o adversário da parte assistida (art. 54), e o do
comoof comando
__, - -zz autoritativo
- ---- estatal
Í i~é reconhec_1_da_
-z- z P-gl a__1nBSma
__" ' ` reguysg dg Íerggh-0 prejudiogdo 499 e § 1'_o_)_”c
doutrina
_-:_' ,
brasileira
' ' n " z
que V como
'1
se ff~f*-
viu acolhe
'
a dlstincao
nf f ›7 W
dc
LIEÉMAN. 1
m .
l'V\ H rmgë Ô~°~l&Ç(3r‹gs
'_1fÍ.=~2 ,-- Volta o Mestre à análise da "intervenção" e da “opo-
sição cle terceiro”, buscando a confirmação de sua teoria, agora
sob o ângulo da extensão da eficácia da sentença ultra partes.
Estudando as figuras do sistema italiano (com alusao à
assistência e ã oposição do código brasileiro então vigenteƒ-' no
Aditamento sub a), estabelece então que oo interesse do terceiro _..
._.- . ¬_.
4 Ver, retro, Notas ao š 5.°. n. 6.
ejrfir-__inte1-virhcomo especifico desdobramento do in_tel`la6€ de
il Bmisosa Moru-:ram Comentários cit., n. 100. O tópico transcrito ‹é
É ,agirfl consiste exatamente em evilar os efeitos prejudiciais que inserido nos comentários sobre a legitimação do terceiro juridicamente
l lhe advíriam da sentença. ' prejudicado para agir por vla de ação rescisória.

propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade.”


' `Rctro, Notas ao § 1.°. ' Ficaram assim superadas as criticas que se faziam à adjetlvaçãn do
2_ Ver Notas ao § 5.°, n. 6 e notas 23 e 24. interesse processual, que não pode ser de índole económica ou moral
1' 0 art. 2.0 do código processual brasileiro de 1939 ("para DTODOY -_ havendo, nessas qualificações, resquícios da teoria civilista da ação ._ i
I
ou contestar ação é necessário legítimo lnlzeresseeconõmlco ou moral") porquanto se trata do interesse secundário a prestação jurisdicional
foi convertido no atual art. 3.°, o -qual afirma simplesmente que "para wer, por todos, Baum, Comeu!-‹irios cit., n. 24). l

867 - IO '
\

Í
J

Errcácm E Auronroàna na Ssnmuçs 133

1
I
so que o`§__terceiros só os sofrem eventua.ln1ente,_i_s1_;_o_;';, na hipó-
-tese-de que ,ex_ista._p_ma relação qualquer entreços sçuçsfldireitos
‹__=:_¿que1a relação. f t
Que tal indagação ainda se não tenha feito não pode cau-
sar estranheza, quando se tiver presente que se torna possivel
e necessária somente com a distinção, estranha até hoje à. dou-
_§ '1.°. FUNDAMENTO E LIMITES na EFICÁCIA Nsrimàt trina, entre eficácia da sentença e autoridade da coisa julgada.
DA SENTENÇA Mas, ainda depois que se formulou e se justificou tal distinção
na primeira parte do presente trabalho, permanece sempre exa-
SUMÁRIO: 36. Premissas. 37. Teoria da coisa julgada dos atos administrativos. to (para explicação do retardamento com que aqui finalmente
Crluca. 38. A sentença como ato do Estado. Conseqüências para a sua
ellca‹:is._39. A injustiça como causa da inetloacle da sentença. 40. Quais se enfrenta esta indagação) que, a .respeito das partes, bem ra-

É
l
os terceiros que a podem fazer valer. 41. Relações com e oposição do
terceiro. 42. Conclusão.

36. Do que precede, decorrem duas conclusões: a) que ¿._


ramente tem a eficácia natural da' sentença ocasião de manifes-
tar-se na pratica, sem estar revestida daquela imutabilidade es-.
pecial que lhe confere a autoridade da coisa julgada e sem ser
por ela quase absorvida e coberta. Tanto é verdade que a auto-
M $ntença_produz efeitos também ,para;)§_t§L¢.ÇE.Q_S; b) queflesseë
ridade da coisa julgada tira na maioria dos casos todo interesse
fi efeitos,,_n§o_ logrando, t cqmo em r_e_l_a¢ão_ às,_p,ar_tas,_g.,,,auto_r_idad_§
da coisa iulgadg, não_sâç_irnut.á.1g=:§. Nada. ainda sabemos,,po- u
prático a qualquer pesquisa sobre 0 fundamento e sobre a signifi-
rém, acerca de seu fundamento, nem acerca de seu modo de cação da eficácia da sentença, que assim precisamente se expli-
produzir-se e da sua intensidade, porque a característica pura- ca como esse conceito elementar e fundamentalda teoria da
mente negativa há. pouco enunciada contribui muito pouco para sentença tem até agora escapado à. atenção dos escritores.
apresentar-nos sua clara e completa fisionomia. De fato, a coisa julgada opera através de processo muito
semelhante ao bem conhecido da abstração, no sentido de libe-
Por outro lado, _ri_,;1o_prod11z a sen1_:e_r_iça para os terceiros
rar e tomar autônomos os efeitos da sentença, que ela torna
efeitos especiais e exclusivamente particulares, mas efeitos de
imutáveis, dos pressupostos de validade e de eficácia da própria
n_atureza igual ao_s__que produz para as partes; em optros termos,
sentença. '
os_te;ceiros_simp1esme_nte participam,_assim como as partes, da
e_f_içé.ci_aJ1at_u_ral_‹1§.sentença, e a indagação que agoraquer ein; Onde, ao contrário, nãoíoperaraçoisa julgada, isto é,__ern
preender não considera de modo especiales relações dos tercei-/ relação aos terc_çi_ros,íaprgsqnta-se a eficácia da senterrçaçmegnç
ros para com a sentenç_a¿,_p,0rém, mais geralpgente, o ato juris- s_na§_T1iILh21$,_g_i;1_a¿s_e puras e exige e ao mesmo tempo permite
:a
dicional, em suas caracteristicas próprias e naturais, atinentes qfletêsia rflsqflisfldfl 2 dsiflrminadi5_0 Seucténdaiaeaw juridica
São, pois, razões de simples conveniência que levaram a pospor,
,aos pressupostos, a medida e aos_limites_da suayalidade.
neste trabalho, o exame da eficácia da sentença, logicamente
Por isso, pertence logicamente essa indagação à. teoria geral anterior, ao da autoridade da coisa julgada.
da sentença e não teria razão de ser, na ocasião em que se qui- O escopo desta nova pesquisa e,__portanto,_precisar em que
_.__.._:. ›\L4'-¡.ú'-4
serem precisares efeitos da sentença para os terceiros, pois o consiste a eíicácia da sentença independentementeida autori-
problema da eficácia da sentença diz respeito em primeiro lu- da_d_e_da_coisa julgada, e explícarzassirnktaçmbém e especiaímen-
gar às partes que sao titulares da relaçao que foiiobjeto da de- tg,-como e em que sentido produz a sentença efeitos fora_dos li-
cisão e, portanto, sofrem necessariamente os seus efeitos, ao pas- mites da,_coi_sa julgada e_precisam_ente em relaçäo aos terceiros,
l
134 Eznuoo To1.1.Io Lammm |0 EncÃcm E_Au'mnm.u›r: na snzrmça 135

l ƒofça juridica. O termo latino de autoridade da coisa julgada ex-


Ora, segundo a concepçao pacificamente aceita, P610 IHÔHOS ¿,

na Itália, e que, de resto, se justificará. melhor mais adiante, _:¿1__ prime xnuito melhor aquela significação técnica precisa que ela
capital c_ara cteristica da sentença, que é -z"apaz de 'í1113~11f1°9;1a
, iogra nateoria do processo e que se presta mal a uma exten-
como atojurisdicional, consistejustamente nofato de qpe ela são do conceito à teoria dos atos administrativos ou, em geral,
dos atos do Estado.
l à.dquire_a autoridade da coisa julgada. Espoliada dessa carag-
terística, apresentafse a sentença ao nosso exame como_ato ema- Isto nao nos exime, todavia, de dar aqui um breve apanha
I nado de um Órgão do Estado que, todavia, nenhuma nota pa_r_fii- do da questão, porque, se se devesse dar por aceitável o resulta-
cular e importante pode bem distinguir, quanto ao modo de seu do a que chega a lembrada tendência doutrinária, tornar-se-ia,
valimento; de .todos~os_atos do Elstado .de ,outro tipo ou de outra por_e_xclusão implicitaf impossível a pesquisa ulterior que pra
categoria' Uma consideração mais acurada da sentença do ponto se quer empreender. r i
de vista dessa qualidade de ato do Estado e uma comparação B1-:x=u‹›.rz1r<2 foi o primeiro a propor o problema sobre se

com as outras formas tipicas de atividade jurídica do Estado | V o instituto da coisa julgada, tal qual foi disposto pelas leis e ela-
1
i
permitem, pois, dar algum resultado útil para a solução da ques- borado por_ umatdoutrina de muitos séculos para a sentença,
tão proposta. A unificação em categoria superior das diversas pode adaptar-se aos atosadministrativos, para assinalar a sua
formas de atividade dos poderes públicos deveria permitir indi- definitividade, e conclui de modo afirmativo, para os atos que
viduar certa nota comum, certo carater constante, suscetível de têm conteúdo declaratório de direito -- conceito por ele enten-
encontrar-se, do mesmo modo, em todos eles, sem que venha dido de modo muito amplo -. abrangendo inúmeras atividades
faltarvnaturalmente a existência de outras características, parti- também administrativas. Seguiramaio muitos outros escritores,
culares próprias a cada uma delas e, por isso, aptas a justificar alargando cada vez os seus resultados,='› até que Mmurr
a costunzada ulterior subdistinção. ' aplicou a sua definiçao da coisa julgada a uma teoria geral, se-
__,_-_.__.-¡'__;.
-
gundo a qual toda a atividade jurídica do Estado consistiria na
37. A modo de premissa, é oportuno lembrar uma compa- criação de normas,'cada urna das quais está hierarquicamente
ração análoga, íeita pela doutrina tedesca recente, entre a sen- subordinada a outra, mais geral e de grau superior, de que re-
tença, o ato administrativo e a' lei, mas com intento oposto ao presenta a concretmação; conseqüentemente, estendeu a coisa
que aqui nos interessa. Foram especialmente os escritores aus- julgada a todos os atos do Estado, conforme o principio de que
tlriacos que procuraram estender a coisa julgada aos atos admi- toda a norma é ilimitadamente valida no tempo, salvo expressa
nistrativos. disposição contrária. *
Não pode causar estranheza que na Itália e na França, se
' ' Bcchtslprechung und maferielle Rcchtskraƒt, Viena, 1886, passlm, e especial-
se excetuar uma sumária indicação em sentido contrário de ~I
| mente p. 131 e segs. Contra 0 seu conceito muito unplo de '*‹;le‹.'.laraçl'w do di-
CAMMEO, 1 não tenha o tema sido levado seriamente em consi- re1l‹›". v. certa indicação em Poirrl, La rivocazione nei ncorsi amminialratíua, em
Giurls-p. Ital., 1908, IV. p. 260. Bmuatzxx acaba por nlo poder distinguir 0 ato
deração, porque razões também terminológicas contribuem para r Jurisdicional do adrhlnlstratlvo; Lrtrzzx, L'at!o gmruduwnaíc, Foro ammínistralivo,
exclui-lo quase a priori. De fato, a indicada extensão pareceu 1928. IV, p. 156.
:
possível porque a coisa julgada se expressa em lingua alemã ' TBZNR, Da: Bcchtskraƒtproblcm im V¢r1.øalIung:rzch¡e_ em Vcrwallungs-nrchiv,
XIX. 19!O, p. 128 e segs. c inúmeros outros escritos precedentes o posteriores; Semcu.,
com uma palavra (Rechtskraƒt) que, traduzida literalmente, Die Venoaltunçrrcchtswíssenschaƒt, Leipzig, 1909, p. 80 e nega; l-lnmuerrr, Grundlehrc-n
tem significação muito genérica, porquanto quer dizer somente das Verwøaltungnechts, Tubínger, 1921, p. 326 e segs.
* Dic Lebre von. der Bcchrskralt, cit., passlm, c Allgemeinc Vcrwalfungsrechr,
Viena-Berlim. l92'l_ p. 201 e segs. Cfr., acima, n. 11. Esta posiçao do problema. acolhe-BL
1 gommgnym-io dellz legpi sulla giusfizía amminístrativa, ps. 94 e 98.
135 Emuco Touro LIEBMAN Errcicm r: Aomamans na Sxurznça Q 137

` A doutrina germânica, em sua rn3i0l° Pfil'ÍgÇ› flmb°¡'9~ 515' que ísão mutaveis no tempo e também suscetíveis de apreciação
cutindo a questão animadamente,_t§¿mg1_p0_S_iç5~0 PYUÚBUÉÊÊÍÊÊ' diversa em momentos sucessivos ao da emanação do ato, e com
te negativa;_5_admite a H1.flÍ°1`Í3- 11116? H COÍS9- Ílllgada é aphcável estafs exigências deve conformar-se a sua atividade sem sofrer
as decisões deçcontrovérsiãš adIDíI_1ͧU`a,tÍ.V3-9_.L 3-.Êfda sefn ca_l..á,'te_r emliaraços provenientes de atos anteriores. Ainda menos se p_od_e
jurisdicional. wm fl1sflfi2fl.f1.iYef*‹ãëefi=*=>-. e°f=f=_fl f1P§_l_iB1li?S.z“Lä? falaij,_para os atoçs admir1istrativo§,_:d_e im1¿ta__l;i_1ida»de dosmeiei-
§qs__,_isto.e¿ na verdadeira autoridade da coisa julgada,*porque
categoria de provimentosf mas rejeita o conceito para tídos 05
outros atos administrativos. _- indubjtavelmente a._autoridade admix¿ístrativa,_quando pode_r.ez
De qualquer modo, deve a. tese `_rej_e_itar-se para 0 díffllfíf _vogar_um.ato,_pode_tampém_ex'pedir um segundo ato que ¿e¿n
positivo italiano, -'Antes de tudo,-afdeíinitividade .do ato em S1 ¿;evQÍ_`gar Bxpressamexgzepo__preceden_te,_1he _an111e.ou.rnçodifiqu_e_o_s
mesmo, em sua ¿existênc_ia exterior, ëLp&rBz OS. 9~Í‹05 flfÍm1m$t1`3-' efeitos' finalmente, porque, quando ezriste lesão do direito sub-
ovos, tem aivéz-sa dagge para as Sentenças se costume ifli1í°flf jetivo do cidadão, está 0 ato administrativo e_Ir_1_ todo ocaso su;
como-eoisà..jp;gada:ronna1:.o, ato adnmfifiiteiiíqz 991{1§_ífi.e.1'Ê!'°_..*% jeito a exame da autoridade judiciária que, embora não possa
lei italiana definitivo quando já não pode o interessado propor anulá-lo, conhece, não obstante, de sua legalidade e pode con-
contra ele recurso hierárquico perante a autoridade adminis- denar a administração a ressarcir oudano injustamente produÍ
trativa; mas é precisamente desse momento que o ato pode ,Ser -zidof ou constranggeš-lava sua decisão, anulando ou reformando o
.šmpugnad0.pe;ançe ,óslórgâoâ da jrisiiçaaanúniâtraziva (art. 'aio'fi'legíti_mo_ (arts. 2.¿ el 4.° da Lei de 20 de março de 1865, ane-
34 do texto único de 26 de junho de 1924, n. 1.054); e quando xo E; art. 27, n. 4, do texto único de 26 de junho de 1924, .n.
também já tenha passado o prazo_para 0 recurso jurisdicional. 1.054). *
ou tenha. sido este repelido, torna-se o _ato definitivo para _o ci- De resto, já se observou (a_c_ir_na n.___1_Q) que entre coisa
dadão interessado, porque não sujeito mais a. qualquer forma julgada formal de substancial nãíšubsiste a -profunda diÍe_ren-
de impugnação por parte dele, mas não é definitivo para a admi- ça a quecçirnumenteç se costuma_aludir especialmente peIa._CiQ.u;
nistração, çque pode sempreanular o ato, se o tiver por ilegi- ADITAMENTOS- AO § 'I.°
timo, e pode, em regra, revoga-lo, embora legítimo. ° Isso porque
1 No Brasil, a matéria é regulada de maneira parcialmente di-
a sua atividade é inspirada nas exigências do interesse público, versa, em virtude do principio da jurisdição única que atribui à com-
peiència da justiça ordinária também as controvérsias entre os cida-
'- 01-zo Mares, Arch. ocƒƒ. Rzcm, xxit, 1905. p. 1 e segs.: e Verwoltungafecljit, 3! dãos e a administração pública. V. Cmovizmm, Instituições, cit., vol.
od.. p. 162 e sega; Fuzuem, Droit administraiiƒ aliznumd (trad. trsnc. do B0 ed.
das lnstituiçóes). Paris, 1933, p. 124 e segs.: warn: Juuxsx, Verwoltungsrecht,
II. p. 183 e nota correspondente. '
p. 27: e segs; Koemunr, System der rechrsgeschaeƒtlichen Stnarsakte, Berlim, 1910. Não obstante essa diferença, as observações do texto valem plena-
p. 323 e segs.: Brun, Grenzen und Beziehunflm zwudw" J-1*-Wi! 1-lflfl Vfifl-DGÍÍWHV. mente também para o direito brasileiro: a autoridade administrativa
Tubinger, 1912, p. 98 o segs.: Comrm, Rechtskraƒt der Staotsokte, cit., p. 100 e segs.: pode anular ou revogar os atos administrativos; a autoridade judiciária
teses, Widerruƒ çueltiger Verwaitungaokte, Hamburgo, 1932. p. 22 e segs.
_ 'L
¬.'- .,~i-I.1É"Ê'LA-í^õ!l¿'-'1”¬' pode declara-los nulos. De nenhum modo se pode, pois, aplicar o con-
alultos. porém, admitem que a detinltivldade do um administrativo. quando
não sujeito a impugnação. corresponde A coisa julgada lormsl: 0551111 Fl-5-V-NIB. 100- CW;
-ceito da coisa julgada aos atos administrativos. V. neste sentido o ac.
Iesm, op. cit., 29. _ do Trlb. Ap. de Sao _Paulo de 4 de agosto de 1943, Rev. dos Tribunais,
7° Rzm:u.n-rr, Guorcntigic della giuatizia nella pubbiica ammini:traziou.e,_ clt.. -eh,_ 143-164.
ps. 35 a 136; Romano, Corso di diritto amministfotiuo, Pádua, 1930. p. 237; Racer, .nz_
Revocabllirú degli oiii amniínístratiui, em Riu. di Dir. Pubbl., 1911. p. 318; Bonsl. Giuatizia omministrotiva, :lu ed., n. 10. Todos esses escritores excluem, por esse motivo.
que ao 130355 Isla: de coisa julgada para os atos administrativos. _
naturalmente Kmssn, Ailøcmeine Stoatslehre, ps. 149 e 301, que remete. Wfëm- 5° Florim, naturalmente. Iara do discussão as decisões das ,Iurlsdições administrativas,
dlreloo positivo parava fixação dos limites do instituto. _ a respeito de cujo'caráter Jurisdicional ,|a=não há duvidas.
Enciicm 1: Aumxmans mi Si=::rr1-:Nç.à 139
133 Ennrco Touro LIEBMAN.

Í ato contrário à. lei, mas eficaz, enquanto não tenha sido decla-
trina tedesca_;_q_ue não se tratawde dois conceitos e institutos
rada a invalidade pelo órgão competente; 9 W. JELLINEK 1° e Kon-
‹;gv_eg§,qs,__e_s_im,_de_ d_o_i_s__a§pectosi-inseparáveis deum i'1n,1_<!0 1I1S'Çl¬ \
ivnxim H o têm, ao contrário, como plenamente válido, mas anu-
ty.tQ;;__e este,_pelas razões egçpostas, não_poderia_ de modo algprn
lável em conseqüência. da impugnaçäo.-A doutr,i_n_a_i_ta1i_ana, con-
aplicar-se aos atos administrativos ,_s_er_n se_desnat.L11iar_I;21di_C.fl_1-
fonnando-se com a tradição francesa e com a sua própria, segue
mente.
Y caminho mais simples e afirma decididamente a invalidade do
_Finalmente, guanto_aos atos 1egislativQs,_parece indiscuti- I
ato contrário à. lei; com_pleta,.porém, e corrige essa conclusão
il
vel a ognião comum de que Sãa um caráter Sell. 1”fl?‹Í-“Lque na' rçadical com o principio da presunção de -legitimidade dos atos
tural, essencia1Lo_ da inutabilidadehporque odireito deve poder, administrativos, *2 presunção iu:-is tqntum, por_ força _da _qu¿al
emq_ualquer_te;npg,_g1apt_ar¿se àsv_a.r_i:á5feis necessidades da vida Í_!
1 incumbe a quem 'afirma a ilegitimidade do ato insurgir-se cen-
social e a mutáml apreciaçãmdo Poder_Legislat.i1o (art. 5.° da I tra ele, mediante prova rigorosa, 13 desde que possa alegar um
Disposição Preliminar do Cód. Civil italiano). b correspondente .interesse,_j_u1;ídi_co. }* Conseqüência direta dessa
`¿
Nem mesmo se pode concordar com a afirmação recente, E presunção delegitimidade é af normal exeqüibilidade dos atos
segundo a qual “juridicamente não é a lei posterior que ab-ro-_ administrativos, não subordinada à declaração prévia da sua
ga a anterior, mas é a lei velha que, por uma condição resolu- conformidade com a lei, 15 e não sujeita à. suspensão, em conse-
tiva implícita em suas disposições, com 0 advento de disposi- güência_da interposição de recurso ou de proposição de ação ju-
ção legislativa diversa, cessa de ter valor no todo ou em parte". 7 diciária. E é só um aspecto particular dessa mesma presunção
Parece tal teoria contrária à realidade se conduziria a inaceitá- o 'fato de que a invalidade não produz normalmente nulidade,
veis conseqüências práticas. A ab-rogação da lei explica-se, pelo :nas simples anulabilidade do ato, 1° ou, como outras vezes se
contrário, pelo fato de que a lei tem vigor enquanto persiste, i

pelo menos tacitamente, a vontade do Estado nela contida, e * Verwaltunçarccht, I. p. 94.

cessa, em conseqüência, de ter validade, quando o Estado ma- “' DU IGMCFÍI-Bite Staalaakt, Tublnger. 1908, p. 44; Verwaitungnrccht, p. 251 2 segs.
H System, cit., 220 e segs. f
nifesta expressa ou implicitamente a vontade diversa. H Romano, Corso, cit.§ p. 215; Bonsx, Eaecuzorierd degli att! amminiuratiui, se-
Fica assim confirmado que a eficácia e a validade dos atos Ffimlfi do Siudi Senesí, 1901, p. B3; Passlnfl, Límiti del sindicato di Iegíttimizd,
HUÉO. 1911. P. 112; 'I`fl¡:u1'u‹, Arto ammiuístratívo, Roma, 1915, p. 1.38; D: V.u.u*.¬i,
administrativos e legislativos não têm nada de comum com a Vflííáiid dep!! alti ammínístralivi, Roma, 1917. ps. 349 e segs. e 430; Mn;|,_z_ Lg ma-
coisa julgada e são informadas por principios muito diversos. nilestøzlone di volofltd dei private nel dírítto ammínístrativo, Roma, 1931. p. 20;
Bucci. Sílllii per -Carnmeø, I. P- 155- Pain presunçño expressamente também W. Ju.-
Lnnrx, Zwcisciriger Vcrwaitungsakt, etc., em Festgabe des pfeuss. OVG.. Berlim, 1925,
38. Nao da lugar a incertezas o princípio de que a ati- p. X00. a -

Âz.
1;-›::~.m-. -«.; vidade administrativa esta subordinada às leis. 8 Nem todos o I-I Pusui'-n, op. cit., ps. il2 e 138; D: VALLE, loc. cit..

1
entendem do mesmo modo. Orro Mares considera inválido o ,z z
-_..í`.-_4‹,.___- _ _.í_ '_.
'" Cunino, Comm., p. 800; D: V.u.|..m, op. cit., p. 402.
" UMUIID. Comum.. DS 97 0 5038. 0 688 0 sega; H..n‹n.u¡.1'r:, Guarentiçie, p. Iii! e
segs.. o os autores citados em a nota 12.
'I Eseosrro, Vaitdiiú delle ieggi, cit., p. 71, onde também se flifimlliam B8 Vàrlflfi
" R-ANn.i.n-ri,-Guarentiaíc, p. 122 e 1.30. Neste sentido 6 também e doutrina
opinioes sobre o tema. Çtr., acima, n. ll e, especialmente ali, nota 13. v
francesa: Amxnnos, Théoríe de: nuilités en droit admiriisrrati/, Paris, 1912, ps. 18
* Cry. Cømum, Comm., p. 96; Riuu:.u.'rr:, Iatítuzioni di Dir. Pubbl., 3! ed., p. 104. `¡ e 50 e segs.. e Jtu. Princípe: çénéraux du droit a-drninistmtiƒ, 3! ed., Paris. 1925,
I. p. 19.
b _Art. 2.° da'Lel de Introdução ao Cód. Civil (Dec.-lei n. 4.657, de
4 de setembro de 1942). Acrescente-se que, no Brasil, a autoridade judi- i
‹= V. para esta presunção, MIGUEL Sssrmii FAGUNDES, O Controle dos
,:z
ciária pode negar aplicação as leis inconstitucionais: este é mais um Atos Administrativos, cit., p. 50; 'I`smisroc1..=:s Cavâtcmrr, Tratado de
'argumento que impede a extensão do conceito da coisa julgada aos atos Direito Administrativo, vol. II, l9-12, p. 285.
legislativos.

_4Z.z_-._-‹.c.z
l
140 Emuco Touro Lrrzsmm . Ei-'iciicm r. Auronrnànr: mi S1=:iv'rznç¿ \ 141
!
Í.
prefere expressar, eficácia juridica relativa" validade provi- ix antes com maior razão, deve encontrar-se na atividade daque-
sória ifi do mesmo ato, porque, com expressao ainda diversfi- 9 les órgãos cujo ofício específico consiste exatamente em aplicar
exata, e o ato executavel e, ass , eficaz, não obstante o vicio; 1° e fazer atuar a lei. `
termos todos que têm signific 34 ão particular, nem sempre exa- _ Por certo o juiz, ao decidir, pode cometer erros, e é esta uma
tamente conforme aos semelhantes usados no direito privado. hipotese que a lei prevê e considera, estabelecendo uma série de
visto como O ato administrativo não se deve aplicar pelo ]uiz .garantias e de remédios para evitar e reparar os erros; mas até
'i quando não for conforme à. lei (art. 5.° da lei de 20 de marÇ0 (le que não se lhe demonstre a contrariedade com o direito, deve
1865, anexo E), sem que, por outro lado, isso implique prévia a sentença reconhecer-se como aplicação valida do poder juris-
-
decisão de anulação, 2° o que eX0rbitaria, de . qualquer forma, dos dicional. -- .
poderes az. autoridade judiciária (art. 4.0 da iei citada). Dessa premissa fundamental deduz-se a conseqüência de
E lícito chegar a analogas conclusões, adaptando-as.n_atw que _g.__efiçacla da sentença,_quando forttconsulerada independen-
ralniente à. matéria diversa, em relaçao -aos atos legislativos, temente da autoridade da c_oisa julgada, está._subordinada__à sua
cuja possibilidade de serem nulos, /porque materialmente con- co,riformidade,,ç:onji__‹_)_ direito; mas esta se presume, e só uma efe-
trários ao ordenamento jurídico, foi. ainda recentemente de- tiva demonstração da sua falta impede a sentença de produzir
monstrada,21 mas que, em principio, são obrigatórios, depen- em concreto O seu efeito natural e normal. 23 E, invocando as
dando a sua inobservância da d emonstração da invalidade. conclusões amplamente explanadas nas páginas anteriores, isso
Parece, pois, exata e confo rme ao direito positivo a afirma- quer dizer que a sentença vale para tQ<?10§__CQI;rlo f9rm_ulação
d_a_vop_tade c_Qncreta_d_o_Est¿d9_p,ara¿ o_c_aso_deçid,1'¿_io.__Este_efeito
ção feita mais de uma vez de que os atos administrativos, pela
Q ualidade do ór g ão do qual emanam, que e uma autoridade do
.p.ar.a. a-a.pai'L›‹'=..<=_,s.e..t.orrriaL¿r11¿12_=‹í.i¿f:i1 .quando se_forma_a_autorldad,e
Estado, pelas garantias que prevêeme acompanham a sua emis- da_.coisa_j11lgad¿,,ao passo que para os Qarceiros se__produz com
a _ _ i_nterisi_dade_menor,_porquetpodelser em_cada_c_a,s_o:re_pelido ¬p_ela_
são, contêm em si mesmos um auto atestação da sua confor
midade com a lei, 22 e que a mesma afirmação pode e deve repe- dgrrionstraçãowde que_a v_qntad_e_do__Estado_é,;em;te.alidade,_di-
tir-se em termos idênticos para os atos legislativos. E se isso e versa da declarada. E
l
verdade, não se pode duvidar de que nele reside antes um cará- Conquanto possa a afirmação parecer audaz, _e, todavia,
A
ter geral de todos os atos do Estado, abrangidos tambem os ¡uns- justificada do modo mais simples e fácil pela posição e pelo ca-
dicionais, visto que, não tanto por identidade de razao. TRES ráter publico universalmente reconhecido ao processo no Estado
i
Sl moderno, e para realçar a evi'dênc_ia bastou dissociar a noção da'
H Rmmtm, lstítuzianí, p. 332. eficácia -da sentença da autoridade da coisa julgada, que, no
'J Fem, Diritto afnfnínlstrativo, 20 ed.. II. P- X95- pensamento comum, estiveram, desde tempos imemoriais, con-
" B..u‹r:|.:.i:i-ri. Guafenfiyie, p. l30: D 3 Vains, op. cit., p. 479; Esrøsrro, op. clt.,
p. 285.
fundidas e misturadas. - ^ '
ai Manga, Gomfll., I. n.`214; CAMM go, comm., p. 803; Rar‹i:i.u:fl1:, Guarentiglc,
p. 354. I 39. Releva explicar e esclarecer as conclusões há. pouco
'= Esrosrro, op. cit., p. 299.4 formuladas. ' .
= Mun, op. clt.,'p. 95: Konuans, op. clt., p. 217; Amiarisiu, Unçucltígc Ver-
Q.-.-.-.-.›-_--..-‹---_ '
ii
iøalzuiigsakte (trad. alemfi, 1921). D. ol e segs; A|.cmnoii, loc. clt.; Jtzs, loc. cn.: I
llsrosrro, op. clr... p. 285, em nota.
9 Esso modo do apresentar o problema, nega-o lmpllcltamente Esrosrro. o'p. clt..
p. 318; mas laso c natural. porque ele parte do modo comum de entender aa relaçoes
d V. nota b, à p. 138. entre eficacia da sentença e coisa Julgado. e não distingue as partes dos terceiros.
§_~Anu--za?-~=^,. Í.~z

1
I
ú
142 Emuco 'I“oLL1o LIEBMAN FG. Errcíicuà E Avronmàos DA Snurzrzça 143

li.,J confissão, juramento) e ainda que por ele sejam -responsáveis as


_ A sentença_@de ser contrár*
_ rã. à lei
_ por
__ mQÍ'‹íVQS
, _ m\11t°
._ dl'
, _
partes, por haver deixado que se operasse uma preclusão (por
®erentes; 21 Antes ae-tnd°..<›§l1&_al5ÍVÊdflde›
ções, no_cumprimçnto_d€ luiz lhe Pode0_QuÊ__$e
ter V1°1af1° fiS.d1SP°S1'
Vfifificëz .entre Li
exemplo, decadência da prova testemunhal pelo decurso do
Quiz;-ig ooisashguando a tenha. pronunciado, nao obstante a falta E prazo).
5.

dosççpressupostos _proce§SUa1s;_ ,alem d15$04._P9F_Í9 iffir _de1xÊd°zz de i - A rigor, não se trata, porém, -de simples problema de prova.
observar as prescrições de forma m1e1;l!.aS_.à.PsePn.a,se1nien§e. E
A fórmula correntemente usada pela doutrina publicistica da
(arts seo essi ao cóade Proc. Civil ita1,iano)l.Em, todos esses presunção iuris tantum de legitimidade do ato, que produzlria
casos ocorre nulidade da sençtença. a inversão do ônus da prova, para atribui-lo a quem o afirma
ll/las pode a sentença Sl=21'_Q0I1'fi1`á1'ia`à. 1ÊÍ_ quanm 3° i°°m1eL}' como ilegitimo,.não é, na verdade,_comp1etamente exata, porque
519; o que prodpc a sua irrjagiça. - já se viu há pouco - a não-conformidade com a lei pode
z;\._n.u11aeae ,i,nf¿rma,a ,5entença,,c9m9 flf0j}flfl1_ (10 Pf°°°S5° não depender somente da inexata apreciação dos fatos, mas
g,_em¿:onse_qü_ência _-_s9._1v0 0 0850 de Ser 0 “(210 tfl0_ãf3V° QUÊ também da violação ou falsa aplicação da norma da lei; em
produza uma nulidade ,radical e_absoluta_” -° -fuso se pode falei' suma e concreta.mente_,_a__questão que o tepceiro pode levantar
iaiez noniesmo processo com os recursps. estabelecidos pela lei, para fazer reconhecer a injustiçada sentença é_maEs ampla d_o
-~ Il i
que uma simples revisão da questão de fato, e pode tocar toda
:l l upicamente pelas piartes,_gue sao os suleltos da relaeaogroces-
a decisão sobre o mérito da causa. Mas, quando se tiver feito
sual, e,_portanto, a_s¿1inicas_p§soas le_sadas¬peia_nul1dad_e. e_lJ1f I
teressadias emiobterna reparaçšp. 2° essa advertência, aszešpressões presunção e inversão do ônus da
prova explicam o resultado prático a que conduzem esses vários
A injustiça, pelo contrário, diz respeito à. sentença. c0m0 principios, que se integram entre si, e descrevem eficazmente a
julgamento, e pode depender tanto do erro de direito como do situação do terceiro que, em face ria sentença pronunciada inter
'erro de fato. 2” Em todo caso, é anvontade concreta do,Estado di- alios deve reagir ativamente, tomar a iniciativa e arcar com o
z_¡_H,:¿i,m,_.,. _.;- versa. da declarada, e pode 2..SfiI1ÉeI1çë‹..PQI_iS50+-P123-udi0›aI-ílllllfi' ônus de demonstrar que ela é intrinsecamente injusta.
tamento a te1jceir_Q._C11l_0 ÕÍTCÍÊO Selazdff q_U31¿1U!"=1` m°d° °9›n-e›x°-
com a, relação decidida.: Quanto se verifica tal, f' Assim, a solução aqui apresentada é, nos efeitos, muito vi-
zinha-daquela, às vezes sustentada e até acolhida pela jurispr-u-
. ceiro a faculdad_e__de _faz_e_r vfleL£_de a
l .1
a decisão, a fim de repelir o efeitodanoso para ele. Pode fazê- dência, segundo a qual teria a sentença para os terceiros a efi-
Ílo quando subsiste o erro objetivamente, embora não seja _i1__n- cácia de presunção ou de simples prova. 2° Especialmente a se-
í§=
; lz putável ao juiz (por exemplo, ligado ao resultado de prova legal, gunda opinião teve certa fortuna e pode vangloriar-se de origem
-l
il i
ilustre, já que remonta a uma forte corrente da doutrina do di-
.,
U l ,_;íí_í_
z. v, omovzzm, rffmrlpu, p. aaa e zeze., mrxuzumf, 11. n. 490. win en-=1n8m¢M° reito comum; 2” isso não pode, entretanto, justificar sua acolhi-
venho seguindo.
=* 011-., sobre o problema. Cmovmm. Pfiflfivfl. Di 391 0 HSE» G HfiW*f°"*- U» "' -Fala. por .exemplo.,de presunção iuris tontum e Corte de Cass. de Florença. de 7
p. 493, e recentemente Est-osrro, op. cit., p'. 211. ' de abril de 1923, foro italiano. 1923, Rep. palavra Coisa ƒulgadu, n. 3; rala, pelo
n Também com a oposição do terceiro não so podem fazer valer os.vicioo def contrario. do prova a sentença da Ap. de Veneza, de 9 de tnaio de HJ22. Rlv. di Dlr.
nulidade da eantanoe; Ceuovz:m.\_ Pri1'l0iPfi› P› 1~°11‹ Mem” 5° m°5"“fi °°u'5m'°" Commercials, 1922, II. p. 413.
n. 41, a unporthncla deste paralelismo. ' I São notáveis nesse sentido ao afirmações de Sc.-.ccrn. Ausalmono Turrncuo.
1: cmgvmm, ,prfnc-lpfl, p. 96. A esse conceito corresponde o da i1e§lT-llllmll-3° .| Brrrnmruuo, etc. V. completas referências em Mmcnmssonn-Bnkrnotw, Grcnzon der
ao em administrativo por violação de lei: Romao. corro. p. 215; nmzurn, Rcchtskrult. ps. 38 e sega., e 43 e sega e ainda p. 93 e nega. (doutrina trancesai.
Guofcnflgío. p. l22. '
i D. 245 0 segs. (doutrina nnglwamerlcanal. p. 362 9 segs. (doutrina alemã). No Itália.
Gm.z.m=r1, Opposizione di terzo, p. 149; Lmuu, 'Caratferi e prcrupposfl dclfvppoaizionr
v V. a. nossa nota em Csrovsmm, Instituições, cit., vol. II, p. 435.

-»af¿Eâe~‹ur¬fL-â.a¡fi-_
n

Ericáciii E AUTORIDADE nn gzm-5;.-ç¿ M5


144 'Emuco 'I`uL1.ro Liesmm
1
liano, P ara `.
_ o vendedor_em facefdo comprador evicto, ex vi, do art,
da, porque o seu fundamento se revela muito débil ao simples
1l(;4!-17, disposiçao da qual, porem, não é lícito retirar argumen-
exame. Com efeito, não se compreende como e por que possa. a gum em favor da tese aqui sustentada ou contra ela 32 por.
uII19z_$€=21Í‹eriça_,p_i'_odugir os terceirosçefeitos de natureza -di-
que_a singularidade das suas razões históricas não permitiria
` versa dos_prod_uzidos_para as_partes;_e, alem do mais, que tais. apoiar nela uma interpretação extensiva 'ou uma argumentação
__efeitos _sej§¿1m_qualificad_os rcom_o;prova_e,__por_ isso, liinitados aos a cant "_”°_
a ' _ D°_f3-120, era o vendedor, em princípio,
. . considerado
__
f_ia.__i:os,_quaizid_;ç›_é,_a_o revé§,=_pTàcííico,_que' a verificação dos fatos
não sobrevive abso_lu_tamente e para ninguém, tampouco, para as 51119190 a Coisa julgada formada contra aquele de quem adqui
* partes, aoiseu oficio meramente_preparatório de_forrna_ção ló-
gica da sentença. 3° Contém_ar§e_nt¿eiiça, a forrnul`aç_ão_ da von-
tade do Estado no caso concreto, e, em comparação, a eficácia da
as às.: .âíâsi:rf -itens flemzzzaz z a
riu

va d_d
b di "

de :lua, também a P rerseiiu


_ _Ç8-que
-

na eqmvalesse àdenúncia
causa do vendedor
.

nãoB'teria
pm-
_ _ '

prova não é um minas, mas um aiíud. A tese da eficácia pro- | P0 1 0 evitar a sucumbencia,33 e, por fim se inverteu 0 6
dessa demonstração, pondo a cargo do vendedor a 1' d anus
*
batória 'da sentença para os terceiros carece totalmente _de jus-
tificação em direito; mas é preciosa como intuição obscura, que
se conservou tenazmente nos séculos, das necessidades práticas
i havia' m°tiV°S fuficientes Para fazer repelir a defnzriãaf (qrte
1i.497‹icód."-~
_ -- especialissimo e'°"
o _ Civil italiano). O cuidado privi-
Í e eqiiítativas de uma solução que salve para as partes,_tanfibém GEWÍO. dedicado pelos escritores de todos os tempos ao estudo
da garantia -pela evic ção,
" explica' a sobrevivencia
. . iris
1 em face dos terceiros, os resultados do processo ultimado, embo- norma. ' - - mada desta
ra. sem sujeitar irremediavelmente os próprios terceiros àqueles
resultados, quiçá injustos, privando-os de defesa normal e re- il
gular dos seus direitos. .
A faculdade concedida ao terceiro de demonstrar a injusti- sua injisstiça Tambémfesta co e el Oncom ao demon?-'raçao qšfi
ça da sentença prolatada-inter aiios e de repelir, por isso, os seus 1` parte noa~ aI9.eesso_(er_t,Í3_6Tqo_ç;óg._‹1e_i>ro‹z,_Qi1iLiia1iano)_,
' z › »zm°.Qualquer.Qldrâ-_atividade_‹i.a f só 2,3
1,,›¬..+ew»go..i¿Mz,i.z,z
}lo‹¡e'é'ø(gz
1
1 efeitos danosos, corresponde, por fim, exatamente à chamada
1 erceptio mali processos, que já. se encontra esboçada em alguns
i
:4
i
ezaadmissivel S*“‹_ël1°Í§§Ía POI' um iI1l¿er_eSse_juridico. Êor isso zne.
nhum dos terceiros que sofrem com a sentença um simples tre
T
,E
fragmentos das Fontes, aceita com amplitude nem sempre igual !
juízo de fato tem aquela faculdade; esta só pertencerá. aospue
" no direito comum, 31 e é ainda hoje conservada no Cód. Civil ita~ 'l
‹| são titulares de direito incompatível com a 'sentença e pg;-c.1z1
Il
E 'sao,
~ P°15›_l_Ufl_<í1cameiite
. . _ . _ _
prejudicados. Com esse fim, aqui se in-a
1 N Ciirovsisnà, istituzioni, I. ps. 339 e 352. - _ 1
' 11 Cir.. sobre o tema, Ko'rrz~iui, Ncbenwírkungen, cit., p. 185; Hs-su, op.-'cit., p. 205 voce e aplica a dhstlnçao formulada por Cmovannâ e por Bam;
e sega; Rosewsmo, Lehrbuch, p. 140. com referencia à singular. dlsposiçlio do § 68 (Cfr. acima, no texto, ns. 26 e 29).
il . ao zro (cód. az Pi-oc. civu memso).
di terzo. em Riu. di Dir. Proc. Giuiie, 1926, I, p. 53 e segs.. que arquiteta e oposição 1' Cm- °° °°11tfál'Í0. Cmovizmm Prínci 'i
de terceiro precisamente como remedio contra a eficácia de prova que teria. ez sentença um eacflw d° P¿°¡¡"5`“3"=R 11115 para um ¡‹:i.eop.d?:i'n:iÊ Zotíltionde se da também
U em seu prejuizo: construção que corresponde às origens do instituto, mas que, pelas
°=°f1fi" iwflsoei "maue:1z1iszi‹:e" - zi 3 ° “DGM dodun da sua
neste trabalho. a wi” ll-YIBT-lda resultado conforme ao defendido
' ` razões ditas, não vale para o direito vigente. az Scsccm. De sei-iteriric et re íudicata, gi. -1,4 qu jz n 40
.¡, Contra: Wacrr, Ifundbuch, p. 629; Mmonssonw-Bnnfliomr, op. cit., p. 362 o segs.:
ill Kofrum, Prloatfechtiiciien Nebenwirkungen, cit., p. 178. Não obstante, chegam alguns f Art. 2.0 do Cód. de Proc. Civil brasileiro. '
"“
|;, escritores a reconhecer que, na prática. tira o juiz. o mais das vezes. elementos
do convicção de uma sentença pmiatada inter altos; Ena, Fuuteiiuiipnnirkicnç. Cód. Civil. Cir. Cicu, Fo 1: 11 _
¡ p. 233 e sega.: Em-mm. Urtetinnifkungen ausserhalb dee ZPO., p. 7. Cir.. adiante. ae i-.›s4'ifom imiúzmz I 19;:› IHD-
a mw' Im' I' P' Mu' mm de Cass" 26 de' '°""`”'°
' 553. E DOU! dt X4. C0v¡|1.¡.0,
n. 48. nota 13. Dispõe a lei italiana expressamente. por exemplo, no art. i93 do
I1.
I
| \
. 146 Ennrco 'I'uLL1o LIEBMAN Erzcllcm E Auronrmine os sexrsuçs 147

Assim, para as duas categorias extremas de terceiros, as tulares do mesmo direito que foi objeto da decisão inte-r aiios
1
conseqüências que se deduzem desta teoria coincidem pratica- não podem ser por esta -em nada prejudicados, visto que a rela-
mente com as da opinião dominante. Por um lado, há. os cha- tividade necessariamente inerente a uma decisão entre duas pes-
F mados tçšceíros juridicamente indiierentes__(pgr _eX8_I11l'!19.._t9fizQ5 soas não pode de nenhum modo influir sobre a posição de tercei-
05. credores do:ven_cido)__que são prejudicados de fato pela §§m~ ro que, se for verdadeiramente o titular do direito controvertida,
tenca,,_e,_n_ê1o_p_ode1'_ã04_}10r i$§9i_l1Í1§J1IEí1';-'5fL°9HWa-6153-ÚÃÉÊÍS°z° exclui, por isso, ambos os litigantes do mesmo direito. 35 A sen-
mesmo Pêra, as sentenças em_ matéria_de_%tafl0hPLoÀ tença que numa causa entre A e B declara A proprietário de urn
.ešztrëišig ieguimos ccntradit0rs$.¿.eQrfi11@ H ifl<1.°1¢ 1l%i§°n§11SS}'- imóvel, não toca a posição de C, verdadeiro proprietário do imó-
I 9
nlagessas relações ‹_-:¿_a:;¿egessidade_de_q_uB;LBI1hãLI_i_ë-,ëššzãfiníg vel, porquanto, não obstante .o caráter real do direito contro-
guradasfuni_@_1;memeni«c¬para_to_dos,.ë_.não_c.Ql1S§n1=Bfl1¬il€€°1Í}119' vertido, a decisão se limitou a resolver a controvérsia entre A
,\
‹zez..zz...t».=zrc5â,i_r_‹›s um iotereSse.Lu§e1ad9_P@1° fl11'¢i!>0_fi9-91§evi1f É e B. 3°
Í falar'-s:ql5_jie_ aquelas rela'ç§es;_ nesses casos, a. eficácia natural da
il gë,-,E.¡,5§_P¡l¿0¬¡¿0_dendo ser icontraditada, equivale à. autoridade '-' Conforme Cmovzmm, Princípfl, p. 923, I.-tizuaíóni, I, p. 379 {trad., vol. Í,
p. 573).
i ®q.g ¢oj5a_j_¡¿1,gg,_r_ia. li Por outro lado, os terceiros que se dizem ti-
iii -2.--_.í.m
H Sobre 0 caráter pessoal da relação Juridica, quando é deduzida em juizo, ctr.
-Cx-uovncm., Istituzirmi, p. 15 (trad.. vol. I. p. 44).
=‹ m:mn"1, Gauaizm crvuø. D- 93~ -
juzgadc ƒraudulenta, em La Ley, t. 16, 1939, sec. doctr., p. 104, e Funda-
r Cfr., adiante, neste volume, ps. 74 e segs. e 204 e segs. mentos del derecho ¡proceso! civil, ps. 215 e 263.
h Tal é, em todos os paises, a regra, tanto para. os credores da No, Brasil, o terceiro, enquanto for tempo, pode interpor a apelação
parte, quanto para os terceiros em geral, em relação a urna sentença (art - 815) ; _¿nas,__u;n_a_v_ez_,dec_qz;ri_d o o brevez prazog ali estabelecido,
_,. a, Iei
e_m matéria de estado. Hg,_porém. alguns casos especiais que merecem naoprevê nenhum outro remédi9._,S,ustentam alguns escritores :mew
consideração mais demorada: sobretudo o dos terceirosdessas categg- ação rescisória pode ser proposta também pelos terceirosprejudicado _
r_ias._guan_do_se_acba_m em face de sentença iraudulenta, que foi efeito (Jonc.f:'Aunn1cÀNo, Ação Rescisória, 2.* ed., São Paulo, 1926, p. 108; Pou-
àoúoio se zgzbaâ as .partesfiisandv R nreiudlgá-1°. Nestes?-S°~ \'fif_2¬'~= 'rss ns Mmmns, Ação Rescisória das Sentenças, Rio de Janeiro, 1934, p.
leis,__por exe_mp_l_o,_,a francesa (art._ 474 çlo__QÓ5i- de Pl'0§_› CÍV1U› 9- .Í-_Í'3~Ê'F>' 142); excluem, porém, explicita ou implicitamente, dentre esses tercei-
na me 512 z10_anug_ú código de Pr‹›;¿c|¡¿i¿; art. 404. segunda r›arte._d° ros, os credores, sem fazer distinção, nem referência ao caso da fraude.
Cöd de P1-oe Civil de 1940, atualmente vlgentelge agora a_portu_gu_esa Além clisso,_g. acao rescisória só pode ser proposta em razão de vicios_da
¬.
‹ai~ú -na os oóó. de Pióz. cum, concederr1-.ao..ter¢e1rv um f@wE§° sentença tagrativamente -enumerados _(art. 739 do Cód. de Proc, Civil)
| emmo@n"š 0 d.e_teÍl_'c_‹ÍÍrÍ›,Vtieše-ogposition) parapleitear a e não se nos afigura: portanto: esse o remédio adequado para a hipótese
q .
anulágão da Senfieflgã- que aqui consideramos.
Onde eãsefremédio não existe, a qpiiziào_ço_rrentg__Q§¿1§ig¿5a _a_.co.LSa Todavia, acolhendo os conceitos expostos neste livro, não deveria
juigaúá. 1í1~H"`‹Tiâtà‹zu1o imzransponiyel. Mesa :solução nao. SflfiSfa2z_P9f- ser dificil outorgar ao terceiro, nesses casos excepcionais, tutela conve-
queørepueina admitir que o processo. 1I3§L1Í41¡Õ° Para gflfantif E Íusüça' nieme. O seu interesse, que, pelo caráter de subordinado ao das partes,
p0§¿a_5e¡._.¿¡r_d,-.¡;¡n5_¿¡_um_e,¡¡,0_¡_;¿;¿a perpetrar _a fraude. Por isso, uma não é normalmente suficiente a legitimar a insurreição contra a senten-
partç__.da dgutrina procurou por varios caminhos elaborarfiremedio cor- ça (cfr. também, adiante, neste volume, p. 189), adquire dignidade e força
¡~e§,i;_<¡_¡_z<1_zz¡¡t,¡z,_ã-;_ 0pg§iça_o_de terceiro: Pàuizo Cunm, Szmulaçao processual nova, quando dirigida contra a fraude urdida em seu prejuizo. Pode ser
que a coisa julgada constitua, ainda assim, um obstáculo invencível;
eÍ1nÍzla”cãoYdo_‹:dso julgado (Lisboa, 1935. anterior ao atual Codígfi D0?-
mas a situação já é outra, se o terceiro tem de enfrentar simplesmen-
tuguês); Romeno SÃNCI-mz. La Dflfllífina Contra las sentencms qu? son
te a eficácia natural da sentença. Como vimos há. pouco, pode reagir
efecto de .fraude de las 1>‹1fÍ€-'f› em Revififfl de la Escuela N. de Junspru-
contra a sua injustiça todo terceiro que seja titular de interesse juridico
dencia (México), t. 3.°, p. 377; Corrromz, La acción revocatoria de la cosa em conflito com ela. E essa a situação dos terceiros das categorias aqui

867-ll '
I

Ei'-rclicu I: Auroinmmr: rm S,mn:¡‹ç¿ 149


143 Enluco Tutuo LI!-:Bwin

Tornam-se os resultados, pelo contrário, muito diversos na 41' NÊQ €§§š'!._P°1.'Ê!T!z.9c_.Í×ÊEz'1_Êíf9 0.bI'Íãfl.d0 a esperar que a
vasta zona das relações conexas e complexas. Aqui, a sentença Sentença 1É1e_. Sela -0P°$ta em -Caçugiçpostcrior. Querendo, pode
tomar a. iniciativa de fazerileclarar a injustiça da sentença em
1
que decide da relação que é pressuposto da relação do terceiro, -4

embora seja res inter alios iudicata e, portanto, privada da au- relaçãqza 9Í¿;P¡'ÔÊri°›_'P°d6nd0 Pf0PQiíC9.r_I_1_e_S_13e_firn a oposição -r'

de..t:=r‹;eit9..¢om.funclamento,no,ar.t._5_1o,_do cód. de eme CM1 2"


toridade da coisa julgada com respeito a ele, projeta a sua efi- llëliãflfl. 8 q11fll_é._precisan_1ente, o remédio específic_o_ço_ncedido
i
cácia natural em relação a todos, e o terceiro não poderá evitar
z
PÊÍ3 161 80 liercelro para imppg-nar o efeito danoso que a senten-
o =“prejuizo" que ela produzir também para ele, senão demons- ça mie1'~Ql_i0S,é Capaz de lhe c_ausar;_é necessário, todavia, que orçado
trando sua intrínseca injustiça. A sentença contém, de fato, se'trate verdadeiramente de terceiro -e, portanto, -não sujeito à.
a formulação autoritativa da vontade do Estado, sobre a relação coisa julgada, -e que sofra com a sentença um prejuizo ju.¡~¡_
decidida, também para ele, que poderá repelir-lhe as conseqüên- d1co.3'f - H:VS
:Qd
cias desfavoráveis, tão-só demo-nstrando que aquela vontade é, na
realidade, diversa do modo como foideclarada pelo juiz. -
dz; Ora. como se acentuou, são esses também os requisitos QJÉ
Éi para que possa o terceiro demonstrar simplesmente a injustiça
consideradas? A solução do problema depende unicamente da resposta
. ._
da sentença produzida em causa contra ele. Assim, coincide essa
I que dermos a esta pergunta.
Ora, eles têm ordinariamente um interesse “econômico”, “de fato",
z çi_a_g_ulda-de çeiríatarrigrrte com a legitimação a oposiçãq;__gfg,1;¿.3¢ de

e_ por isso não se podem insurgir contra a sentença; seu interesse po- _" Concordo sobre estes dois requisitos, Ci-novkuno, Istituzíom' I p 384 (tr-ad
rem, torna-se "juridico", quando se volta contra a fraude, porque a V
oi. I. P _ 582)'~ °°m 5 du°"n9“ Qu' 5 Ú¿m°fl-“T0960 dada por nós,
' ' da" existencia"
do efeitos da sentença para os terceiros. explica em que consiste o prejuizo.
lei - e especialmente a lei processual vigente - considera a tutela
contra a fraude como fundamental exigência da ordem ética e jurídica. de_veÍre_conl1ecer e respeitar. Não asim, porém, no caso de fraude' se
2-.__-v
Neste caso, a proteção do interesse individual satisfaz também uma as- ele_consr:guir demonstrar_que a sentença_e_xibida pelo suppgíoifiíápfi,-,_
piração de caráter geral e__social. A intenção fraudulenta quebra o laço I -~fif10 Q Lfl1l1Sta_e;fraudulen_ta_, ps___enibai-gos deverão ser de_c_larados_ im-
de solidariedade de fato existente entre o interesse principal do devedor Í
i _‹$LlL›_¢_cl;i_ente_s _e a execução poderá. prosseguir. E ass?m por diante, em
e o interesse subordinado do credor, tornando independente este último. casos semelhantes. i' 0ç\mi
sd»
¬z›¬}m›\¬"fo5›\~m
Trata-se afinal do mesmo interesse que -constitui o fundamento da ação
lífesumindo: o principio geralÍ_e_o de que terceiros, alcançados pela
V1 pauliana de anulação dos atos fraudulentos, lesivos dos direitos dos cre-
H dores (art. 106 e segs. do Cód. Civil); e não há. razão nenhuma para 1 ‹-âiicacln da Sentença. pão. porém, pela autoridade diyzoisd joigzdz, P5-
`l Lfi°zm._d.ezf9z!3¬dBš;.5_€;d0-Prejyizo que_a_s_en¿t_ença_i11jn.st,a,_1_1¡e5_p¡-¢,duz Quan;
supor que a proteção da lei. seja em um caso menor do que em -outro. F <10_§ÀQ._ti.t_ula.r_es_çie_interesse juridico que se acha em conflito com o que
Assim, qualquer disposição .legalexpressa se torna desnecessãría,'por- nela foi declar;_|ç__lo._Tal_não,__é,_np_rmalmente awsituação dos terceiros' eím;
que a admissibilidade da reação do terceiro prejudicado pela fraude de- i
r
_ace da_sentença em rnater1a_de - - estado,' "" 'i ” “ ' em fa;:_e__da.
nem_d0.s_cr_edo.res
corre dos próprios principios.
§°m'9n9a P1'°ffi1`ld8 Oüfltra seu_‹:_l_evedo_r, porque são titulares de interes-
Por conseguinte, os terceiros das categorias aqui consideradas (qual-
5Êz..5Ub0f<1íflfl‹1L0_ao_das..partes ed de c,Qn_teÍiido meramente ecopômicodleles
quer terceiro em relação a uma sentença em matéria de estado, os cre-
d°z"zÊ!1lJCSD£,í.Í-211' €_§_catar_a_scntença,_tal comdfc-›i`_p_ronu_ncladda ge; me
dores em relação a~ umasentença em que o seu devedor foi vencido),
sempre que lhes for oposta uma sentença que prejudique. e que foi o re- Ê9-¿'ä!`-'l$!l“l1Ífz0.sÍ.U.!1Ê_flm€nto. O inter_çss.e_desses terceiros dtor-ri:-se _;p0_-
.1 *íém--Ízm'-ÍdÍ°Q›_Q?~Lë.USÍ9.É_Cši1'i§ido/contra a sentšça fraÍu‹šrlentaQ,'nešt¿z
sultado da fraude das partes, poderão repelir o prejuizo, demonstrando
"¿3§2-:V_QJ§ë__3:._PfeV3¡€¢fif fambéULP?31`3.-.§l¢5 0 principio geral e_p_odeÍn,
Í5,
li
:L
que a sentença é_ objetivamente injusta e foi obtida com -dolo, que visava
a lesar os seus interesses. Por eigemplo, na 'execução da sentença, um
ía P2f_Í›.&¡.l.Í.9.z..!£1.1.l?l1E9§!_1?~.5!?,9l›ê.9.§ë¬<1!1§..9§.3J.LÇí.Ur€11cB-..lZ1ocede_.essa_lmpug-
-HHÇÃQ Ba;-iJnpl_qs__for_n¿a de defesa ou de_r§pl_lc_a_à_excer;.ão_de._coisa_j_u1-
_t§_r_c,eir_q,prQP.i¢_emb_a¿gos,_alegandp._se_r_p_1;Qnn;;t,ário_dos -bpns_p_e.n.h0ra-
'gada em Ê.Qd.3_$ 35. QÉQU-.UI1¡d2§ij_S_e;Ii_que uma d,EtS,D.a.r.t_e_s pretgide utili-
dos e exibindo u¿n;a._§e_¿1tenç_a__fque declar_ana_s.u_a_p.r_opriedade, Normal-. zar a sentença contra eles. ' ' _
mente,_o¿:redor_e¿:ç__qiiente nâgiapode fazer c_o¿1tra,__tal_senten'ç'a_,3ue,gie

;: ¬:=.4-_ . ¡. _
.v

156 Emuco Touro Lnzsunfl Eficácia E Auroaimna na Sizrirauçp. 151

teizcepirosçjustifica-se por si so; aquelas e não`estes puderam de-

ii
doiszremédios paralelos, diversos somente nas copseqüenc as,
porque a oposição leva fã. ,declaração da ,injiistiça da 'sentença l -senvolver su_a_defesa pqr meio_s_legalme_nte_estabe1e,¢id05_
em açfZ_go__p,rin;;_ipal,_tirando¬lhe vigor em re1açâo_ao terceiro para ,I Por _certo, ainda assim poderão surgir 'resultados aparen-
todos os g£e so_que_a demon_§traç_â¿o_da_da incidente- l temente contraditórios; contudo, é preciso convencer-se da sua
mente da injustiça da sentençajrnpede sornentemque, no pró- inevitabilidade, dentro de certos limites, se não se quiser adm¡_
¬p_r;io_prp_cessQ,gs.e deduza da_mesma_s_entença_o efeito danoso t1_r a eficacia plena, absoluta e definitiva da_ sentença em rela-
que_dela_se quer_ia_tirar c9ntrLelâ; çao a -todos: o que seria entre todas a solução pior, e, de fato, ff-_

mesmo processo. V nao foi adotada por legislador nenhum. Portanto, o que se pode
vhkm lnflš \l§' (ul-"so V pese, *_
deve procurar é a teoria que, relativamente conduza a me- YV°*Í“
oil?
42. Consiste, pois, a conclusão deste trabalho na demons-
É ` -~ff-fz'--ez V _ .fi zzz _z_ __
L10I_€Sz1I1C0;1V€n1§in_tfiS re contradiçoes, ei; ziqm p_¡i9¡¡0Sta Firme
i
tração dc que a sentença produz normalmente efeito_s_também Q_0_1`1'€SP0Hdffr ac_€§Sa,_íinalidade; reúne - assim nos parece __- a
wi para os terceirpspmasgom _intensidade_me_nor _quepa;r_a_as_p_ar- i -mais rigorosa -correção lógica com razoável oportunidade e uma
te_s;_p_orque,_para estas,_os efeitos seítornam irnutavei,s_p_ela a_u- 1 intrínseca justiça nas conseqüências práticas. Para demonstl-lá-
tggidadge:d_a_coisa_;ingada,_aippasso queiparaios terceiros podem fla ÍU1 P1`€CÍS0z de qllflfldo .em quando, percorrer caminhos di-
ser combatidosncgina dem_Q¿3stração___d,a injgqstiçaz da sentença. versos dos até agora trilhados. Mas nenhuma audácia lógica
Usando, de passagem, da terminologia do Código, px*oderá dizer-se .pode ser condenada, quando sirva para justificar conclusão eqüi-
g_¿1_eJem a,_sente_nça p_ar_a_a,s_partes_eficácia de ,presunção ijigis
'e_t_¡¿de iure;_p_arg.__o_s, te_rc_eiro§,_pel_o contrariotzde pi-esungão
® tativa e praticamente satisfatória.

tentam." Sem voltar à demonstração do fundamento em


direito da tese exposta, é oportuno, todavia, ressaltar o -lado
prático e a eqüidade da solução a que ela conduz. Tem, em pri-
meiro lugar, a vantagem de utilizar, na maior medida possivel,
a atividade processual exercida, em cada processo, pelo Órgão
jurisdicional e pelas partes, em benefício da economia do pro-
cesso. Tende, além disso, a favorecer a harmonia dos resultados
dos processos sobre relações conexas ou dependentes, diminuin-
i
z
do a possibilidade de contradições dos julgados; mas atinge esses
fins sem sacrificar os direitos dos terceiros, aos quais outorga
ampla faculdade de defesa nos casos em que a sentença pronun-
ciada interalíos seja viciada por erro.
ii as te,çr,ias_mais importantes neste ,campo dã'o_lugar a in-
l|.Íg convenientes notáv_e_is,__porque__são obrigadas, ou a estender aos
tl; , terceii-ps a coisa jpl_ga_da_ ou, então, a recusar:qualquer eficácia
i _a sentença__e_p_i_rela§§_c› a eles:_ou tudofou nada, aplainain-se as
| 1
ninenldflflsê._aaminn_ddâe.lsplneãaintermedia..ae‹=.amdia5t.a.u1-
ceirm_,a_ejicácia,Ínão,_porém, a_ autoridade da sgnten-_
_ç_a_,,A_digersidade_de_co_ndiçä_o em que s_e acham as p_arte_s_e os
A éA;:›»vn›+-A

.- .-_ . _-.f
Errclicm E Auroiuminiz na SENTENÇA 153

E Recorde-se, ainda, que a Emenda Constitucional n.'7,_,de


I
1 1977, prevê a criação de um sistema, que denomina “contencio-
so administrativo”; mas a expressão é inadequada, porquanto
o art. 203 afirma que os tribunais do “contencioso” não possuem
função jurisdicional, sujeitando-se ao controle do Poder Judiciá-
NOTAS AO § 7.0 i rio (arts. 122, II e 204 CP). Perante a Constituição vigente, por-
(Ada Pellegrini Grinover) tanto, a jurisdição brasileira continua una, não podendo a lei
criar tribunais administrativos que exerçam função jurisdicio-
nal. *-
1 _ Procurando individuar a nota comum que há. de en- v
- Nesse sistema, nega-se expressamente que o ato administra-
contrar-se nas diversas formas de atividade do Poder Público I tivo possa revestir-se da autoridade da coisa julgada; e embora
_ sem embargo da existência de caracteristicas próprias a cada
I na linguagem tradicional dos administrativistas ainda se use -da
uma delas --, Lirsnmn examina, de início, a tese que estende a l
expressão “coisa julgada administrativa", admite-se que o ter-
coisa julgada aos atos administrativos (n. 37). Excluem-se -do mo indica 'apenas a preclusão de efeitos internos, como irretra-
exame as decisões da jurisdição administrativa, de natureza in- -tabilidade de certos atos perante a própria administração, in-
questionavelmente jurisdicional. 1 A confundível com a coisa julgada.l5 - -
Para o Brasil, permanecem válidas as observações tecidas
ú
por LIEBMAN quanto .ao poder da autoridade administrativa Í 2 _ Prosseguindo na busca. da nota comum identificável
para anular ou revogar seus próprios atos. Vale lembrar a Sú- z
em todos os atos do Poder Público, Liaaiviaiv a individua na pre-
mula ri. 473 do Supremo Tribunal Federal, que estabeleceu a sunção de legitimidade, da qual promanam a imperatividade e
nítida distinção entre as duas situações: “A Administração pode a normal exeqüibilidade dos atos públicos _ de modo que sua
anular seus próprios atos, quando -eivados de vícios q-ue os tor- invalidade não produz normalmente nulidade, mas simples anu-
nem ilegais, porque deles nâo se originam direitos; ou revoga- labilidade do ato. `
-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os . Quanto à presunção de legitimidade e à. imperatividade do
u
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a aprecia- ato administrativo, a doutrina brasileira é pacífica. 6 E com re-
ção judicial." A idéia e cediça em doutrinafi Do mesmo modo,
ÉI não se discute quanto à competência da autoridade judiciária -1 Também nesse ponto não há divergência em doutrina: ver, sobre
lz-1 para declarar nulos os atos administrativosf* o assunto, de nossa autoria, O Contencioso Administrativo na Emenda
l~,I*
7/197'I,'in Rev. Proc. Ger. Est., São Paulo, n.° 10, p. 24'? e, em colabora-
ção com ARAÚJO Cnmizi e Dimwiaco, Teoria Geral, cit., n. 71.
1 Nesse sentido, entre nós, ver, por todos, BRANDÃO CAv.u.cA1~i'ri, Tra-
5 Loves Mr:mm.r.i:s, Direito Administrativo, cit., p. 622. e segs.
Y ›I tado de Direito Administrativo, 1956, vol. 4, p. 317.
ii. 0 Por todos, Id., ibid., p. 123 e segs., onde se colocam como atributos
2 Entre tantos, ver Loriis Meracttss, Direito Adiiiifiistrativo Brasi-
do ato administrativo, exatamente, a presunção_ de legitimidade, a im-
leiro, São Paulo, 1975, p. 161 e segs; Saiaaú Fàcumirs, Revogação e
peratividade e a auto-executoriedade. c
Anulamento do Ato Adminisfirativo, in RDA, 2/487; Giunovea, Revogação l
I
e Anulação de Atos Administrativos, in RDP, 21/123. pelo Poder Judiciário, Rio de Janeiro, 5.8 ed., 1979. Observe-se a tendên-
3 Além da mencionada Súmula n. -173, veja-se, por todos, Smsmi cia lnciplente da doutrina no sentido de sujeitar o ato administrativo a
Facunnizs, na esplêndida monografia O Controle dos Atos Administrativos certo controle jurisdicional, mesmo no mérito: Anaúso Cxnriui, Motivo e
Motivação do Ato Administrativo, São Paulo, 1978.
Ericácm z AU-ronrmxoe os Sr:N'n~:x‹ç.à l55
\
154 , Am P1›:r.Laca1N1 Gnmovzn
4 -.Irnportante posiçao toma Lmmvmn para o direito bra-
lação ao ato legislativo, sem embargo da posição clássica no sen- sileiro quanto aos terceiros titulares de mero interesse econô-
_tido da nulidade ipso iure da lei inconstitucional, hoje os cons- ,.¬.-an'
mico, de -fato (e quanto aos terceiros, perante as sentenças em
titucionalistas colocam-se preferenternente na linha da mera matéria de estado "-') que se deparem com sentença fraudulen-
anulabilidade, até mesmo quanto à. lei eivada de inconstitucio- ta, efeito do dolo de ambas as partes, com o fito de prejudica-los
nalidade, exatamente porque “milita presunção de validade (Aditamento sub "h"). Por desconhecer o sistema brasileiro um
constitucional em favor de leis e atos normativos do poder pu- remédio como a oposição de terceiro, LIEBMAN considera, nesses
blico que só se desfaz quando incide o mecanismo de controle casos, o terceiro legitimado a repelir o prejuizo, pela demonstra-
jurisdicional estatuido na Constituição.” 7 ção de que a sentença injusta visava a lesar os seus interesses,
Quanto à._presun‹;ão de eficácia da senteflçë B à Silo ÍÕO' f.
. _ .- .- .¬.¬. . v~_.
inuitowembora se trate de mero credor, cujo interesse não é ju-
neidade para produzir errrçoncreto seus iBÊÍt°5.113Í'›111`aÍS^°_Í}9r' ridico.
mais, a doutrina brasileira_é_igualmente pacífica, 3 sendo certo f
A validade da observação permanece intacta perante o di-
_gue_.n_o tocante_a__ac§o resqiçsória 9 código vigente não mais uti- Í reito positivo atual, que só confere legitimação para recorrer
1_iza.aee:Eiii¬e_:ss.ão "s.e_r_aJmla_a senl4:zn_ca" .ífirt_._fL98_. CEC de 1939). -e para ajuizar rescisória ao terceiro juridicamente prejudicado
m_as_s_i_m"'a_sen1;£11ça_pp_de ser rescinc_ii_da'{ (art. 485,.CPC)_, cla- (arts. 499, §.1.°, e 487, II, CPC H). E a solução do Mestre é aco-
1`fi!`!1Ê9Íf¢zPz19§.Ê.1l§-.11Ê9_f2.!1l¿3-êz_Ê*lHÊf¡}lL.ÍÉ\_ÊP°ntaV9-Í 3- Sentença É lhida pela doutrina brasileira que reconhece que, nesses casos,
¿›¿ã.lida,_a_té,s_er_dasc_o11stituí_da (anulabilidade). ° o interesse de fato do terceiro se transforma em interesse juri-
dico, porquanto se insurge ele contra a fraude. 14 -
3 -- Passando a analisar a sentença injusta - que contra-
Observe-se, ainda, que o art. 129, CPC vigente (repetindo o
Í* ria a lei quanto ao conteúdo, por`ser a vontade concreta do d-i-
comando do art. 115 do Código revogado), impõe ao juiz que
reito diversa. da declarada -- LIEBMAN examina as categorias
impeça que autor e réu se sirvam do processo para praticar ato
de terceiros prejudicados pela sentença que têm a faculdade de
simulado ou conseguir fim proibido por lei, devendo proferir
repeli-la, pela demonstração de sua injustiça (n. 40). A classi-
sentença que obste a tais objetivos. E que, atualmente, o art.
ficação _ que toma como ponto de partida as formuladas por
Carovanna e B1-:'r-ri 1° _- em terceiros juridicamente indiferentes 487, inciso III, letra -b), legitima o Ministério Público _ que não
e terceiros juridicamente interessados, dividindo-se estes em ter- i
seja parte -_ a propor ação rescisória para desconstituir senten-
ceiros titulares do mesmo direito (e que não podem ser prejudi- ça passada. em julgado, proferida em processo fraudulento.
vi Assim, em caso de processo fraudulento, a doutrina consi-
-cados) e terceiros que se situam na zona das relações conexas
e complexas (e que podem sofrer o prejuízo), é aceita pela -dou- dera hoje legitimados a rescisória o Ministério Público, a parte
trina brasileira. 11 e o terceiro juridicamente interessado. 15 Quanto ao credor, pre-
-em

1 Aronso na Sirva, Curso de Direi/o Constitucional Positivo, vol. I. 12 O próprio Lisnmim remete o leitor ao ensaio estampado neste
São Paulo, 1976, p. 22. Importantes considerações tece o Autor sobre volume, à p. 194 e segs.
l a anulabllldade ez tunc. _ l
9 Ver, por todos, Bueno Vmrcsr., Comentários, cit., p. 175/176.
U Ver retro, Notas ao š 5.°. n. 6.
H Ver, por todos, Fnensnrco Mzmouss, Manual cit., vol. 3.°, n. 697.

l
9 Id., ibid., ps. 23 e segs. e 39/40. '5 Bnasoss Monizmr., Comentários, cit., p. 202. Mais restrita é a posi-
1° Retro, Notas ao § 5.°, n. 2. ção de Bueno Vnnciu. (Comentários, cit., p. 188) que -considera exclusiva,
11 Ver, por todos, Bueno Vroiciu., Comentários, cit., ps. 178 e segs. Á nesse caso, a legitimação do Ministério Público.
e 183 e segs.
sl
l

É 155 Ana Patbsoairu GRINOVEB


l:

jüdicado de fato, e portanto não 1egitimado«a resc1sona,.'ptä¡i1:ÊL.


nece a solução de Lisamâu como a unicacorreta e .aqui .
'5 -- Quando e de que modo pode 0 ÍêÇ_1`0e}É9z1uT1d,1Êamen-te
.pr‹zi.ua,i¢za@_i›@1a-sentença proferida ƒefifif fili°§_°P°I'Se a.°1af~z@ ‹
v
A
on__que se
_ examina
7 W no n
_'. 41 ' E a d_outrina_bras1l,e¿ra_endgs§a_a,.P_9:
_. ' f ` ' ` ` . .
1
Ai sição do Mestre: podem os terce1f_QS lmpflãflêf 3~zSBnl>@nÇš1__Í1Ue~
55 prgífidigë nzksiçmples forma de defesa ou_r¿ë_plic.a_à,,BX08£_;ã0zzC1€
¿¿igà julgêozqçm tooasas oportunidadesççem ~Cl1_l9 uma *ias PÊY'
É § a.°. APLICAÇÕES

5J lies pretenda utilizar asentenca contra eles. 1°, Podem fazeâlo SUMÁRIO: 43. Objeto -do presente parágrafo. 4-1. Nulidade, revogação. reslllçáo do
p_o;Iaçao..pLrÓriíia..iLe,.aindfl pødemutilizflr -0 rfififlfsefifë ieffiel- negocio juridico. 45. Açao de regresso. 46.' Ação de indeiiizaçáb: seguro.
~ 41. Obrigações solidários. 48. Fiança.
1i
i
}`° .I??$°:ÍL1dÍ°ad°,_9U__a a§ã° ÊÊÊ°i,5ÓÚa' ®
l1
lÍ I 43. 'Sem reexaminar o fundamento jurídico das várias
i teorias sobre extensão subjetiva da sentença, pode ser interes-
l
1 sante ver as suas aplicações em alguns casos mais controver-
tidos, porque dai virá a confirmação da superioridade pratica da
solução aqui proposta sobre todas as outras. _
_-.ú
Interessam aqui, sobretudo, os casos de conexão ou de de-
pendência entre dua§_relações jurídicas, ou de relações com-
íz plexas com múltiplossujeitos. Para aquilatar das variadas so-
luções propostas, convém, em primeiro lugar, ter presente a de-
f; l
.`-

`\. monstração, dada a seu tempo, da inadmissibilidade. das princi-


pais teorias que se digladiam sobre este tema. Limite. a mais ri-
gorosa, em todo caso, a coisa julgada as partes, e até aqui está
com a razão, mas cre ter assim exaurido o seu mister, no que
;'. .z não está certa (v. acima, no texto, ns. 24 e segs. e 33 e segs). A
fr que está dominando' hoje indica, como critério principal para
i
I
solução destes vários casos, a remissão às normas do direi-to subs-
-.,. . tantivo, as quais, sos, deveriam determinar se há relações que
não podem subsistir ou não subsistir respectivamente também
para os terceiros; e apóia nesse fundamento os casos de exten-
são da coisa julgada aos terceiros, aplicando o critério com ca-
suística variada- e pouco coerente. Contudo, já se mostrou como
essaformulação do problema peca por petição de principio e
is Fggngmgo MARQUES, il-lununl, cit., p. 248. carece de fundamento (acima, ns. 27 e-30). Por fim, a da eficá-
. 17 But-:No Vieram., Comentcirios, cit., ps. l'I9_, 180, 132/153-
i cia reflexa da coisa julgadaperante todos já se repeliu como
I 1

i 158

contrária
Emuco Touro Lrsauzm

às disposições do direito vigente italiano (acima, no


1
E
1
I
»Enc.icr.â 1: Auroamimr mi SENTENÇA

Mas prevalece também a coisa julgada, .formada sobre sen-


159

texto, ns. 31 e 32). - tenças desse conteúdo, em relação a terceiros que permanece-
'Sem voltar a esse aspecto da questão, far-se-ão patentes ram estranhos ao processo?= Responde a doutrina dominante
agora os inconvenientes práticos dessas várias teorias. - que não, com aplicação estrita da regra sobre limites subjeti-
vos; 3 distinguem outros, remetendo 0 caso concreto as normas
44. A declaração de nulidade ou a anulação do ato jurid-ico do direito substantivo;* aplica Cziauerurrr, ao contrário, sem
agem retroativamente e, em conseqüência, podem opor-se aos -exceção, seu conceito da eficácia reflexa em relação aos tercei-
terceiros que tenham auferido direitos à.- coisa alienada, ainda ros. 5 - ff
anteriormente à. -sentença que pronuncia a nulidade ou a. anuz São pouco satisfatórias 'todas essas soluções: a primeira
lação, com estrita aplicação da regra resoluto iure dantis, resol- obriga o primeiro alienante, vencedor na causa de nulidade, re-
vitur ius accipientis; diga-se a mesma coisa para a revogação, solução, etc., a demonstrar novamente o vício ou o motivo de
rescisão ou resilição (arts. 1.706, 1.090 e 1.520 do Cód. Civil ita- resilição em relação ao subadquirente, se não teve o cuidado
liano) 1-* - ressalvados, todavia, os direitos adquiridos' pelos
(muitas vezes impossível, porque pode ele estar ignorante das
terceiros sobre bens imóveis, anteriormente à transcrição da de-
vicissitudes que tiveram os bens controvertidos) de citá.-lo para
manda judicial, ex vi dos arts. 1.080, -1.088, 1.235, 1.308, 1.511,
1.553 e 1.787 do Cód. Civil italiano, cfr. art. 1.933, n. 3. -e
_o primeiro processo; -se se considerar que as provas necessarias
ressalvada a aplicação eventual do art. 707 do .Cód. Civil italia-
no para os bens móveis; diga-se o mesmo, finalmente, para a ' É: esta doutrina tradicional na França. de Porurta em diante (zncxaauu:-Caourz,
simulação, nos limites em que se reputa oponível aos tercei- llauuaie dí diritto civüe frances: (txad. ital., Milão, 1901), I. p. #13; P|.a.mo|.-Rn=¡:R'r,
Trailé pratique, VU, n. 1.551; Bauoav Lacan-rmmrr:-B¿nu¡:_ 0brig_, IV, n. 2.590;
ros. 2 - 1° Couu-Carrróur, Cours elém., II, p. 256), e na Itália iP¡:sc1cronr;, Sposizíone compen-
diosu, I. p. 263; Mnflmouo, Tratlato, V. n. 101; GALLUPPI, Opposízione di lerzo, p. 247:
z
I Vafe 0 mesmo também para a rescisão devida à condição -resolutiva. tácita, eo se Cov¡¡:..r.o, Manuela, p. 572; Corte de Cass. de 'l de abril de 1930, Foro italiano,
considerar que age ret.roarivamente_ como parece, argumentando-se com 0 art. 1.976 1930. I. p. 1.117, e de 11 de dezembro de 1931, Foro italiano, 1932, I, p. 348.
e a contrario tom o an.. 1.511 do Cod. Civil italiano. V., porém. em sentido contrario. I Cmovmma, Príncipíi, p. 924, o qual, porém. não se prbnuucia sobre os casos
flromvr, Riu. dl Dir. Commercials. 1931. I, 1.). 695. aqui examinados.
I Em sentido afirmativo. quando (or a simulação provada por instrumento pú- i -Cauunofll, E/ƒioacia direita ed eƒlicacia riƒlesso, em Studi, cit., I, p. 429;
blico lart. 1.3191: N. Covu:u.o, Trascrizione. I. n. 290: L. Covm..i.o, Giur. it., 1904, Lezíoni, IV, n. 387.
1. 1., p. 485; Sronrr, Apporenza del diritto, Modena. 1934, p. 22. Contra, porém,
para os tercenos de boa. té, Fcaaalm, Simulazione, n. Q o segs.: D: Roocrmo. ¡sli- = Como resulta do -texto, duas são, nesses casos, as questões e de-
..,_,-_ _.,-.,P4
rueyloni, 5! ed.. I, p. 213; Cmovexoà, lsfítuziofli, I. p. 156 (Y-!'ld›. VOL I. D- 247). vem considerar-se distintamente: a primeira, de direito substancial,
consiste em saber se a invalldade do ato de alienação entre A (primeiro
ADITAMENTOS AO §_ 8.° _ ,
alienante! e B (primeiroadquirentel acarreta também a lnvalidade do
4 V. o art. 158 do Cód. Civil brasileiro. Admito-se pacificamente ato conseqüente de transmissão entre B e C isubadquirente). Se a res-
que a nulidade, a anulação, a rescisão. etc. atingem também a. tercei- posta é afirmativa, surge a segunda questão, que é de direito processual,
ros que adquiriram os bens transmitidos com o ato julgado nulo, ou e consiste em estabelecer até que ponto a sentença .proferida entre A e
anulado, e assim por diante: cfr. Ctóvrs Bevruoua e Czinviuúio Smros, B prevalace como solução justa do caso controverso também em relação
._,._ _ .à_‹._-
nos respectivos comentários ao art. 158, e Trib. Ap. de São Paulo, ac. a C, ou se pode ser -por ele discutida e impugnada.
de 3 de fevereiro de 1943, Rev. dos Tribunais, 145-196. Confunde as -duas questões Aunrzrumo os Gusmão, op. cit., p. 61 e
b Para o-caso da simulação, v. Eomnmo Esrhrom, Código Civil bra- 1
segs.
|
sileiro (Manual Paulo de Lacerda), vol. III, parte I, 2.* ed., R'o de Ja- d Em sentido conforme, João Moursmo, Processo Civil, ä 245, nota
neiro. 1929, p. 498 e segs. 5.
Errclicxii c Auronrmns mi -SEN-rençii 181
160 Emneo 'I-'ouro Lnsimruv
U .cl_1amar'a juizo o vendedor, se provar este que havia motivos su-
podem não ser preconstituídas e exigir a audiência-de testemu- fiçientes parairejeitarza* demanda")__, solução idêntica deve ado-
nhas, realização de perícia, etc-, vê-se a que ônus e a que perigo tar-se_tarr_1bÊrn_gI!l 110_d_QS_oS_.o11tro_sAcasos,§e -se_quis_e_r_eyitar os
se sujeita o vencedor do primeiro processo. inconvenientes costumeiros. °
A solução oposta levanta objeções ainda mais graves, visto
como - posta de ladoa sua contradição como direito positivo 46. Não muda o problema, quando couber ao vencido sim-
- é iniquo onerar o terceiro com asconseqüencias da defesa ples ação de indenização. Assim, se o segurado pela responsa-
:.- _-: _
.quiçá insuficiente, talvez até dolosa, do primeiro adquirente. bilidade civil for condenado a ressarcir os danos por ele causa-
Quem distingue cada caso de per si, cai ora. em uns, ora em outros dos a terceiro, surgirá para o segurador a obrigação de indenizar
inconvenientes. z o sinistro. Mas, então, não encontrará. juiz disposto a exigir do
Considera, entretanto, as razões contrastantes das partes segurado a prova do acidente por ele causado ao terceiro e por
1.
r
quem admite que a sentença tenha seu efeito normal de de- culpa própria, que no juizo precedente ele naturalmente negou
i!
claração ou de mudança de situação jurídica, também em rela- com toda a energia possível.
ção ao terceiro, mas que-possa este contestar-lhe a procedência” Entretanto, tampouco é possivel (e seria iníquo) sujeitar
e, além do mais, repelir os meios de prova que, válidos entre as
o segurador à. coisa julgada. Torna-se mais grave o caso; por
partes, não têm valor contra ele (arts. 1.327 e 1.319 do Cód.
isso que as apólices de seguro sobre responsabilidade civil con-
Civil italiano), sem o que se daria às partes meio muito simples
para elidir as disposições da lei de tutela dos terceiros. têm normalmente a proibição da citação do segurador para a
1
causa intentada pelo terceiro acidentado. 'f A~ eqüidade da solu-
45. I-Ia um grupo de casos em que se apresenta a questão çao aqui apresentada (vale a sentença também contra o segura-
em termos semelhantes: tais são aqueles em que cabe ao ven- dor, se não provar este que é injusta) impõe-se tão manifesta-
cido no processo a ação deflregresso contra terceiro. mente que ainda recentemente foi invocada para a hipótese a
Ainda. aqui há uma relação de dependência entre duas obri- aplicação analógica do art. 1.497 do Cód. Civil ita1iano,fi tese
gações, mediante a qual da existência ou inexistência de uma que, porém, seria nesses termos insustentável, se se devesse con-
delas depende o nascimento da outra. Como é do conhecimento siderar, segundo a lição comum, que a norma tenha caráter
de todos, o titular da aç_ão__de regresso (fiador-ijéu para o paga- excepcional. g
A.-r¬v‹:ra.¬
ment_q,_g¿q_qirente_ameaçado de evicção) pode chamar em_ ga-
rantia ou,_pclo_menos_,_chamar_a causa,_o_gar_ante__(deycdor_prin-
i ' Tem a Jurisprudência como válida tal cláusula: Corte de Cass. de 23 de maio
de 1934, Fofo italiano, 1934. I. p. 981. Contra: Lrnnx, Circolo çzuridico, 1934. fase. III.
ç¿pa1,_aliena_nte)_, obtendogfiassim a extensão da coisa julgada e, " Lower, Riu. di Dir. Commercials, 1934. II. p. 594.
o,_a_de.cla_ração
indiscutível. também__em,relaQã0 2-ele.
H O -direito brasileiro dá solução diferenie ao caso da evicção, por-
‹10.r¿¢§SuP_9S,i_‹rda.a‹êâs.Q¢ rssrsfiêe--S°zJ°fëm, flãe 0-ffi2...‹11¿@ que, segundo o art. 1.116 do Cód. Civil, para poder exercitar o direito
e_feito terá. a_sentença em relação ao garante?l?_osfito de lado o que da evicção lhe resulta, o adquirente deve notificar do litígio o alie-
;;a¿Q_ezg¡¿ressa¿1iente resolvido pelo art. 1.497 _do Cód. Civil ita- nante, quando e como lho determinaram as leis do processo (arts. 95 e
liano (“cessa a garantia por causa da evicção quando o compra- segs. do Cód. de Proc. Civil). Portanto, a autoridade da coisa julgada se
"4T:¬‹L-¬4- ,_, ._- ¬i. -., . 4,.
d_Qr_se deixazcogidenair por sentença passa_d_a_em 'Lul_g_adQ, sem estende ao alienante notificado.
Nos Outros casos, em que 'falta uma disposição equivalente, a ação
' E a tese acolhida por algumas sentenças, embora com _a lnexata motivação du de regresso pode ser exercitada ainda que o garante não seja notifica-
I eficácia de presunção ou de prova da sentença contra terceiro. V. acima. no texto, do do processo, e nesta hipótese valem as observações do texto.
§ 70. nota 28.
v I

182 Emuco Tunuo Lreemnu , Eric.-Ácm E AUTORIDADE DA sem-guçfl 163

47. N-ao muda o problema nos casos de -coobrigação. Em E, -então, ou se obriga o credor a recomeçar novamente a
-primeiro lugar, nas obrigações solidárias, que estão entre as demonstração da existência da obrigação principal, também na
mais tormentosas para a questão que aqui nos interessa. 9 -Que causa promovida contra o fiador, ou, vice-versa, se fazem recair
valor terá a sentença que -condena ou absolve um devedor em sobre este último as conseqüências da atividade processual, tal-
relac,§:o1com_os_co;devedores solidários? Ou_.ze_m_,,re1ação com os vez insuficiente, do .devedor principal. Nem uma nem outra so-

Í l cg-cre_dores_,¡s_e_se_trata de_s_olidagedade_ativa?_Susi?§_nLëm alguns


a,e:r_tensã.o da_coi_sa_julgada; ' outros a negam, e distinguem ou-
tr_ds_entre_j¿1lgado favo;av§1__ou, desfavorável. 1 u
¡lução,'satisfazem a prática, que segue, de ordinário, mais ou me-
nos conscientemente, 13 a tese aqui sustentada: não caberá ao
credor demonstrar a existência da obrigação principal, mas even-
As_c_o_mp_1icações ecos inconvenientes detodas essas solu- tualmen-te ao fiador a sua inexistência. “
çõesflsãotantos quewnão se pode amainar a polêmica. E parece
1 que aconclusão rnaisgjusta será a de amplia-r-se ao terceiro a
i i-›----'16;..
eficacia da sentença, -mas sem a autoridade da ,coisa julgada,
deixando¿l_l'ie,_pois, integra a faculdade de contestar a eficacia ›

da sentença. -
` 3

É
_ -18. Obtida pelo credor sentença contra o devedor princi-
1
š pal ou contra_ a sociedade em nome coletivo, -estender-se-a a
coisa julgada sobre a existência ou inexistência da obrigação
principal ao fiador e respectivamente ao sócio responsavel ilimi-
tadamente?
`!
5 A pergunta é tipica e já. foi lembrada, mais acima, no tex-
to: todas as respostas tiveram defensores, tanto a afirmativa”
como a negativa, 11 bem como a que distingue entre julgado ía-
vorável e desfavorável. 12 - h

› -:-,-vp.-_ ' O caso, estudou-0 acuradarnenw \Cos1-A, Intcrvento contra, cit., ns. 18 e 19.
p. 51 o segs.
I
1" Peralta, Oblíg., IV, c. 3. n. 908; Tnonouc, Cauliofmemcnt, n. Si-1; Mcnuu,
Questions de droit. Chose Jugée, 18, n. 5; C›..nNu.u'rrr, Lczioní, loc. cit.
:,.,_- Para o caso da sociedade, Nsvannnu, Socƒe assoc. comm., n. 195 bis; Corte da
Gus. de 3 de maio da 1928, Gíur. it., 1928, 1, 1, pl 717.
1!, montar, Príncipcs, XX, § 118; Ricci, Diríttø -civíle, JLX, n_ 324., cgnfm-me '* Notàvel sobretudo o`test.e11iunho de BACHMANN, Das rechtskraejtigc Ziuiiurteii,
cit., p. 55, que é essencialmente um pratico, e escreve: "o luiz do segundo proeesw
para a. sociedade: Ap. de Milão de 20 de outubro de 193l, Foro Lombardia, 1932.
adoro; 0 mais das vezes. aos motivo: convincente: 'aa sentença precedente. Por isso,
p. 383. - '
a sentença. proíatada. contra 0 devedor cria de /ato a situação do credor vitorioso.
1-' Mafllnom, Trattcto, V, n. 123; Glonol, Obbliyazioní, I, lp. 191. e os citados como se 0 ânus da prova viesse a inverter-sc. Mas este efeito de fato muitissimo
acima no 5 5°, nome 13 e 44, embora com motivação diversa. V importante no processo não se deve confundir com uma eficácia probatório".
H De eiicácia probatório em reiaçfio ao fiador fala, do fato, a Corte de Cau. do
1 Assim, João Mouramo, loc. cit., nota 8. 15 do janeiro de 1934. Massimarlo Foro -italiano. N34, p. 12.
: Nesse sentido, PAULA BATISTA, op. cit., 5 188. *0°flf°fm¢. H fwnflllø do sócio. Ap. de Mimo ae 1 de am-|1 de usar, Mmzfzorz
i ^ Nesse sentido, PAULA Bzrr1s'r.\, loc. cit. Tribunaii, 1931, p. 856.

867 - l2
.

É Encicni ia Auronrmnc mi ssumnçr . 165

brasileiro), devendo notar-se que, apesar da redação defeituosa


do dispositivo, se entende que tanto .o autor .como o réu podem
denunciar. '
Quanto ao chamamento ao processo, o código brasileiro

l
vigente inspirou-se no dineito português, embora a -figura tenha
NOTAS A0 § 8.° correspondentes no direito alemãoe no italiano: -é que a enu-
(Ada Pellegrini Grinover) '
meração do art. 77, CPC, nos vem' toda do direito português. Des-
tina-se o instituto à. -reunião dos -coobrig-ados, por iniciativa
-daquele -que foi chamado a juizo pelo autor (arts. 77/80). 2 Aqui r

1 _» No último capítulo da obra, a teoria -é submetida ao também, a nota fundamental está em possibilitar que to fiador,
i

banco de prova das aplicações concretas. E as soluções dadas ou devedor solidário, tomando a iniciativa de chamar ao proces-
para os casos apontados adaptam-se perfeitamente ao direito so aquele perante quem tem direito regressivo em caso de su-
brasileiro, que as acolhe. cumbência, consiga sua lcondenação conjuntamente com ele,
Nada de novo releva acrescer às observações de Lmamniv tornando -desnecessária a ação de regresso (art. 80).
quanto à nulidade ou anulação do ato juridico, com relação a Não há dúvida de que o chamamento ao processo é facul-
terceiros (Aditamentos sub a), b), c) e d)). tativo: e'o que resulta da dicção do art- 77, caput ("é admissível
Vejamos, pois, as demais figuras. o chamamento do processo"). Não efetuado o chamamento, _por-
-tanto, aplica-se a solução indicada por L.1aB1\/LAN no texto, quan-
2 _ No n. 45 , cuida-se da ação de regresso do sucumben- to à situação do terceiro (ver Aditamento sub “e”). Mas, quanto
te contra o terceiro, nos casos em que não se fez a denunciação a denunciação da lide, é diversa a redação do art. 70 caput, que
da lide (chiamata in garanzia) ou o chamamento ao processo diz: “A d_en.unciacã.o da lide é obr-igatÓría;'í__Que. significa essa
(cfuamata in causa, mais ampla porém no direito italiano). "obrigatoriedade", e qual a,_sa,nção_pelo glescumprimento da de- ®
O Código de 1973 inovou profundamente a matéria. nunciação? W"
O “chamamento à autoria" do estatuto de 1939 (arts. 95/ Relativamente a evicção, não se -discute que, para poder I
E
98) transformou-se na dcnunciação da lide dos atuais arts. 70/ exercer o direito que desta lhe resulta, o adquirente deve denun-
76-; e o instituto, que se limitava aos riscos da evicçâo, foi am- ciar a lide ao alienante, porquanto há dispositivo expresso nesse
pliado para abranger, além daqueles (art. 70, I), casos diversos sentido, na lei material (art. 1.116, Código Civil). Nos outros
(inciso II; denunciação ao proprietário ou ao possuidor dire- casos, porém, em que faltadisposição equivalente, ainda é váli-
io; inciso III: conservação de qualquer direito de garantia, des- \ .da a lição de LIEBMAN: a ação de regresso pode ser exercida, ain-
vinculado da evicção e das ações reais). 1 A nota fundamental da que não tenha havido denunciação, e nesta hipótese aplicam-
do novo instituto reside na cumulação da ação regressiva contra -se as observações do texto. 1*
o denunciado, adotado assim o sistema italiano (art. 76, CPC
2 Dmuiuuico. op. cit., n. 106 e segs.
1 Sobre a evolução do instituto, ver Dxmiunnco, Direito Processual, =' Apesar da autorizada opinião de Bsruu, no sentido de o ónus da
cit., n. 97 e segs. Quanto Li figura, no código revogado, consulte-se a im- dcnunciaçãm se descumprido. acarretar a perda do direito de garantia
ou de regresso em todos os casos (Comentários, cit., tomo II, n. 4081,
portante monograilu de Amiuro CIN1-nâ, Do cliamrzmento à autoria, cit.
doutrina c jurisprudência colocam-se em sentido oposto: ver Dnviniiaco,
155 Aus PsL›i.i::r.:i~.'1 Gsinovsn EFICÁCIA E_Au'ron1n.ànz mi Sr.N'rzNç¿ 167

A 3 _ No n. 46, Liemvum resolve da mesma forma a hipótese em que _o' direito provém de outra pessoa; no caso do seguro _
de ação de indenização contra o segurador, cabente ao segurado 'argumenta-se _, a seguradora não cedeu ou transferiu qualquer
sucumbente na ação de responsabilidade civil. direito ao denunciante, apenas obrigando-se a indenizá-lo. Não
O_q_ue . 'vale_lenibiar,_aq,u_i_,__e
i V .Í W W
agdi_v_e1_g§ncia i .
tra `_a .pelo ins-
. existiria, assim, o direito de garantia que normalmente justifica

i tituto da denunciacão, da lide,_que_p_ara_,_uns se aplicariabpara


êëoutros nfao , ao _ca_so' degeguro . É bem de ver, antes de mais nada.
que se-acionado for o segurador _ como, ug., nos casos de aci-
azdenunciação da lide. ° i
' Mas a jurisprudência, embora ainda contraditória, já pre-
valece no sentido da aplicabilidade do instituto a casos que tais. 'f
dentes do trabalho -, não podera ele denunciar a lide ao segu- Seja como for, aplique-se ou não ao segurado o instituto da
rado (no caso, v.g., de infração contratual), pois nessa hipótese -denunciação _ e dentro da linha que a entende -facultativa em
não se cuida de obrigação de indenizar, por força de cont-rato ou casos diversos do da evicção ° _, desde que não efetuada, a so-
de lei. Diversa é a hipótese da ação movida contra «o segurado, lução da -hipótese não difere das demais, ajustando-se-lhe in to-
que poderia chamar a juizo o segurador, estendendo-se-lhe então tum a argumentação de LLEBMAN.
a coisa julgada e formando-se o titulo executivo, em caso de
condenação, também contra o litisdenunciado. 4 _ Quanto às obrigações solidárias e à fiança, nada de
Para o deslinde da questão, é importante atentar para a novo cabe acrescentar às observações do texto, cuja aplicabili-
evolução doutrinária e jurisprudencial que levou. à reestrutura- dade ao direito brasileiro é pacífica, consoante já se viu retro,
ção do antigo instituto do _cha.mamento à autoria. A dou- principalmente nas Notas ao § 5.°, n. 5. .
trina entendia ser a figura cabível só nas ações reais, mas não
-raro .L jurisprudência admitia o chamamento do-segurador, nas
ações de indenização por responsabilidade civil (especialmente
as relativas a acidentes automobilísticos). Como notou Cânnmo
Drmimsncofi “esse alargamento do instituto do chamamento à.
autoria, ainda que contrário -à. letra, ao espirito fe' à. própria tra-
dição da lei brasileira, estava a demonstrar que ele estava tra-
çado entre nós em limites muito estreitos". Foi por essa razão
que o código de 1973 operou a ampliação, e parece certo que é
il š_-:_afu-ax_r;¬a-_.- exatamente nas ações pessoais para ressarcimento de dano que
ÍÍ V
li Í ~ surge, agora, a grande utilidade do instituto, em sua novel rees- 6 B.u‹sr,.Comentários, cit., n. 406.
truturação. 5 ` T Cfr. Anaum Anvrm, Foamcmu e Zxrscu, Jurisprudência do CPC.
,; sz_.; . Não obstante, vale recordar a opinião oposta de Bauer, para São Paulo, -1978, n.° 105 (Acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo).
quem na “ação regressiva" só se devem compreender os casos O mesmo Tribunal, porém, ainda não se pacificou, como se vê do Acór-
dão sub n. 106 (ibidem).
4 Drunsniflco, Direito processual cit., n. 103. B Supra, nestas Notas, n. 2. `
' 5 Id., op. e loc. cits.
47/13. A jurlsprudencia é remansosa: entre tantos, ver Acórdão do Tri-
op. cit., n. 105, para quem o ónus, afora os casos de evicção, significa bunal de Alçada do Rio Grande do Sul, in Gusmão Cum:-zrao, O Novo
apenas a perda do beneficio do art. 76. Cfr. S. SANCHES, Conseqüências da CPC nos Tribunais do R. G. S. e Santa Catarina, vol. I, Porto Alegre,
nrio-dcm;nc¡nc_río da lide, in Julgados do TASP, 46/82, e Rev. Jur. TJSP, 1916, n. mia. ' `
1
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I

._.,-H_... _. - .í_ ._

OUTROS ENSAIOS SOBRE A COISA JULGADA

Constantes da Primeira Edição Brasileira'

QI
I

1
1 Er-¬rcÁc¡.=. E Auronmsnz DA .SENTENÇA 171
I
1
I . I
. [_ _' . ' ` _ I _ _ ^ - . -
' _l§Iao ha nenhuma* razao logica que obrigue a_colocar a coisa
julegadaíegg,
em zz...correlação
z__ particular com *a função declaratória
_ _ da
1 , ~ z
sentença.. . -Êy - - -. Í _ Í _i
AINDA SOBRE A SENTENÇA E -SOBRE
Sesc distinguir-enji os efeitos desta, segundo* a lição comum,
A COISA JULGADA* _ d
em eclaratórios, constitutivos e executonos, . . p concebe-se cada
um delesçtargbém aqi¿çia_idefu1itivid_8¿de"fespecial ouzindis-
. Para dar um pouco de 'ordem ao que desejo expianar, começo
cutibilidade emíque gimsiste a autoridade 'da_co_is,a:_j._u1gada;_e,
por sintetizar em proposições, breves e poucas, as 'conclusões
vice-versa, surgçeipara todos,_igualrnent.ç,_em_¢ert.0 momenmba
principais a que cheguei.
ggigeíicia prática_:e_políti¿:a da isufaififuíiutalgilidade, da sua dura-
I. A, deç;lar_a_cão oriunda da sentença,___ass_i_1}i"con1o seus
ção o¿permanência no tempo. '
outros efeitos¿)ossiveis,_pode conceber-se e produz-se indepen-
genterrggnte da coisa julgada; na aptidão da sentença em p¿o- ' Não se pode, por exemplo, duvidar,`qua-nto ao efeito execu-
d_uzir os seus efe_itos e 'na efetivaproducãodelt-§Água.isquer que tório, de que ele é admissível independentemente da autoridade
sejam, segun.do_o._.seu c0flt8ú.ClQ)_fiQfl.S.iS.tfl_&lSAfl..§ƒ.?l§¿i£;_G›.£_§§1¿fi da coisa julgada, pois o atribui a lei também à senten'ça._não
se acha, subordinada à val-idade da _senztença_,_ isto é, à sua con- passadaem julgado e até a atos administrativos ou privados,
formidade com a lei ._ . por .certo não suscetíveis de adquirir essa. autoridade; e o mesmo
a=«;_;-LA;-
I
\`. II. A eficácia da sentença, nos limites de seu_opjeto, não se pode dize_r,` quanto ao efeito constitutivo, por sua natureza,
sofre nenliumailiinitacâo subjetivaivale em face de todos. W idêntico aos efeitos de um negócio jurídico. 1 _ ' .
III. A, autoridade da c_cus.a_1;u.1ga.damâo,é_efeit_o_uLterio1;.e - Ora, out-ro -tanto se deve dizer para o efeito declaratórioz
-1
l ,il
diverso da sentença, mas mnamguê-1ídade..d0S SEUS 6f8if›9§___§í3; .também a_ eficácia da declaraçao se concebe independentemente
todosos seus efeito_s__referente, isto é,_p_re_cisa.mente a. sua imu- _da-coisa julgada. Quando, esta concorre para relforcá.-la, ela,_se
wi
,
tabílidade. Ela_e_stá _1í.mitada_sul_›j_etivamente sd_ás pa1:t.e.s_do piodug de modognais pleno, mais,seguro,,mais_ estável, o que,
processo. todavia, nãdimpede que tenha sua importancia tarnbémçsozi;
~ ,_«_,. -:.f: IV, Conseqüentemente, todos os tercegos est_:_`ío sujeitos à nha, 3 bem que esteja em tai hipótese sujeita acegleif nos casos
|-~_. eficácia;da sentença, não,_porém, à autorid_ad_e.da__coisa_,julgada; e nos mod_0§_q.ue_.v_e_remos.
a sentençg,_n9s limites do seu obieto,_é sempre_op_0_ní_vel__a_eles_,
gue71hes__p_od_em_ rep_eli¿r_os efeitos,_dem_onst_rando al suajnjustiçã, ,E natural que essa afirmação, contraditando a opinião co~
lgna vez_que tenham_,inte1¬esse juijdico nessa, demonstração. mum, que identifica a eficácia da declaração com a coisa jul-
gada, tenha suscitado as maiores críticas. 2
Õcupar-me-eiiseparadaniente de cada um"-desses pontos, com
a esperança de demonstrar que as objeções que se me opuseram
Para a oplnláo comum sobre .este ponto' e para ssfeonseqiiéucias excessivas que
não têm fundamento. dels: tiraram inúmeros escmureaz cn-_ as citações nsmmm .s¡rfç‹zzm ea. mzzpzjzú
íz-.-;..í
dam zenrznzz, cm, p. 1: é segs. mem volume. p. 2o)1; ar. também Bem. .zm-mzz
' Artigo publicado em Riu. dl Dir. Proc. Cíuíle, 1936, I, p. 237. Omlte-se aqui Pgçezzzualz cwuz_,_R.‹›mu, was. p. 455. t ` -
uma bravo parte Introdutlva. sem Interesse. Replicnu a este artigo Cmunoflx, en-
Burn, .3_1u. di Dir. Commer¢iale,.i935_ `I,.p. aos e segs.: Amome, La. cosa gm-
cerrando a polémica, em Rioista, cit., 1931. I, p. 78.
dšcafa _ri..|peuo nl terzi, M1160. 1935. P. 39: Cus¬rorou.N¡.f-Riu.. di Dir. Proc, _Ciuílç,
1935. I. p. 299: e substancialmente também Gosuscnmror nafiresenhn cortes da Revue
l| Ex-'rcÁcr.‹. 1: Auroamsns na Sentença 173
112 Eumco Turno Lumwm
v_e1fsa~e_;cl_istinta da autoridade da ,coisa julgada, isto é,_que a
Conhecem-se, aliás, as razões tradicionais, de um lado, as sentençaípode e deve ser tida;c_o_m_o eficaz, mdependentemente
psicológicas e práticas, de outro, que explicam a resistência data-i1t9ri_da.d;eÍ.d¿=1¬c9ísa -i11l.sí=1dâ¬,‹1m:1_1aafÍ=:\1I11 famautmpossivd.
tenaz encontrada na tentativa de cindir os dois conceitos e dois 1_j_§:i=_o,Ípg_›_r°_§r¿1,;necessário.
institutos distintos. Além das razões referidasfi outra se deve .O que se disse vale não só para a coisa julgada formal, mas
lembrar que e, talvez, a mais insidiosa: nem sempre se tem tambem, e -sobretudo, para a substancial; isto é, em outros -ter-
presente o fato de que a atividade do juiz, ainda na declaração, mos, é a sentença eficagienilgora possa ainda mudar-se por um
não se resolveipura e simplesmente num julgamento ou numa juiz supeiíiordieiñqpossaem determi.nad_os* ser contradiitada
operação lógica. Se assim fosse, certamente não poderia .esse _por outra sente_r1_ç¿,_em processgwnovo. Essas possibilidades mais I
julgamento ter efeito algum senão enquanto a lei lh`e estabele- ou menos longínquas *não da impedem. de lograr, no entanto, a
cesse a incontestabilidade e impedisse assim de qualquer modo sua própria eficácia. Só,a coisa julgada, se inte1¬iv_ie,r_e.m_aj¿1_d.ane
um julgamento contrario. Mas se se sustentar (COUI0 h0Í€ É reforço dessa efigácia,__a;p_õe_,aç sa'lvo¿.desse perigo. '
ensinamento comum)* que todas as decisões do juiz, ainda as Em segundo lugar, se se quiser classificar os efeitos das
que constituem mera declaração, contêm um ato de vontade, isto
sentenças segundo o modo como agem sobre as relações jurídicas
é, têm' natureza de comando, já não há. dificuldade alguma em das partes, quer dizer, consoante a sua natureza, é necessário
admitir que valham e logremf eficácia,-embora -sujeitas a ser-, de colocar, ao lado dos possíveis efeitos, constitutivo ou executório,
qualquer modo, mudadas ou contraditadas.° Esclarecidas as
também o declaratória, presente em todas as sentenças, mas que,
obscuridades e os equívocos que decorrem de concepções supe-
às vezes, está sozinho, como na sentença meramente declaratória,
radas, deveria. então, ser possível enfrentar corajosamente o
e considera-lo, por exigência de homogeneidade, em sua figura
problema proposto, para ver que coisa se esconde realmente sob pura ea natural, isto é, independentemente da sua definitividade
a fórmula solene da autoridade da coisa julgada. ou incontestabilidade, que ré seu atributo possível, útil,,impor-
Primeiramente, §e_se¿'econhecer, como quase todos fazem. ° I

tante, mas -que nada tem a ver com esta classificação, e, em todo
que acoisa julgada não representa um caráter log_icamente_es- caso, não tem motivo para referir-se ao efeito declaratória mais
sencial da`função jurisdicional, não se pode deixar de concluir que ao executório ou constitutivo. Dois são, neste ponto, os lu-
gue o_conçeito_lógico da sentença requer forma de eficácifiañdi- gares comuns que não têrnjundamentoz a) não é veljdademtíue
l 1 Cir. Eƒƒicaciu, clt.. pa. 2 e segs.. e 11 e segs. (neste volume. ps. 2 e 18). o efeito declaratór-io se possa produzir sem a a'utorida›de'da coisa
^ V., entre todos, Cnrovzxm, Sagçi. I, p. 7!, Priucipii, ps. 109. em non. e julgada; b) nem que a elewsó se refira a_c_oisa juigad_a.' '
157. e com referência pa.rticu.lar i coisa julgada. SMIÍ. nz P- 407- '
= Por isso. nlo prevalece e objeção de que “uma eficácia da sentença como Razão sistemática apóia essas razões lógicas. Se perguntar-
declnnçeo. sem u coisa julgada, eerl ellctclo lógica. :tio eflctcto JI-l1'Ífl1G" (AU-DI-IO. mos qual é a categoria mais ampla na qual é possível e útil
op. eli., p. 39): um comendo tem valor. embora. pmn ser muddo. substituido. ou
coutrnaltodo por um comando contrtrlo. '
abranger a sentença, devemos responder que é a dos atos do
~ 'az mamçozz um na smmfzm, p. 25, (neste volume. p. Im. ncrewenw-se Estado. Não é este 0 caminho trilhado de ordinário, porque se
uunbe`.m Run, op. cit., p. U2, o qual adverte_qi.|e também no direito muçulmano
parece desconhecida e cole: Julslán- prefere, ao contrário, por uma concepção anacrõnica, comparar
a sentença aocontratofi Mas é tempo de libertar-se desta tra-
-numzàuavwlz az m rrzém-tz au oz-on, issu. n- 155. Mais çxpedlw é CHNH-"HL
Rdv. dl Dir. Proc. CIu.."1B2I$. I. p. 205 e_ cego.
pavmfivzig paguem, pelo ocnu-fu-lo, 1-tmn, Revoca degli atti mum¡ni.s:ra¡iví_ Mill-o. < Neste sentido ainda Canumuflr, op. cit., p. 206 e segs., 0 que é surpreendente.
1935,91. 71-T1; Lions, Riu. lt. dl Dir. Peuole, 193€. p. 29. note: D'0i‹o1-uo. Bill- "- poi-quo_fol ele precisamente quem advertiu da necessidade de distinguir nos atos
di Science Gíuridiche. 1935. 9. 400; O lllflbfm B1'-'fl`¡. OP- 4319-- P- sui ¢mb°" '°“1“ jurídicos o grupo dos prouímentos, contrapondo-os aos negócio: (Lezioflí, V-II. n. 881).
:\ aceder 'e opiniao comum. '
174 Euluco Touro mesma . Errcácm 2 Auronmâos mi Sflflrsuçs 115

dição cujas causas não é difícil reconhecer e decidir-se atirar pennagieçe, ao 1-eviés,*incompreensive1 ap ‹identifi_caçã_q,_51J¿sten-taaa
todas asconseqüências também sistemáticas oriundas do ponto por Csnunnurrr, dessa eficácia com a autoridadçpda coisañjugl-
firm_e.i-comtunente admitido, de que o processo é uma atividade gada, o que é evidentemente coisa bem diversa.
pública, que o Estado exerce em função da Soberania, e de que Mas outro e mais importante caráter' da eficácia deve real-
a sentença contém a manifestaçao da vontade do Estado, pro- çar-se: 8 ainda independentemente da possib_i1id_ade de que seja
ferida .por autoridade instituída precisamente com tal mister, e a sentença reformada, sua eficácia não é incondicional, visto que
não _(como acontecia em outros tempos) por força de contrato está sempre subordinada à legitirnidade da Serltšnga, tal como se
estipulado entre aspartes. Limitando, para símplifi_caç_ão, o da para os outros atos do Estado; Em outros termos, também Tíí

cotejo ao ato adn,1inistrativo,Zporque também ele, como a .sen- para a sentença se estabelece, em princípig,__o problema da sua
tença, tem conteúdo concreto (nem o resultado mudaria. se se validade, sem a qual de.§apa.rece_toda a §_ua_ef_icãcia.
tomasse em conta também o ato legislativo), verifica-se que a Éduvidoso, ou pelo menos muito raro, o caso de que possa
sentença se diferencia quanto à eficácia, por isso que_ a coisa surgir para uma lei .o problema da -sua conformidade com o
julgada, exclusivamente .própria da função jurisdicional, lhe direito, mas é certo que, se se apresentar o caso de uma lei vi-
confere uma eficácia reforçada e mais intensa do que_ a do ato ciada, podem os Órgãos instituídos para a aplicação das leis
administrativo. _ recusar-se a. reconhecer-lhe eficácia, independentemente da sua
Parece, pois, lícito propor o problema da decomposição, em ab-rogação. Muito mais evidente e mais freqüente é o problema
seus elementos constitutivos, desse conceito complexo a_ que _a lei quanto aos atos administrativos, para os quais expressamente
e a tradição chamam autoridade da coisa julgada, econsiderar, dispôs a lei que não devem ser aplicados quando forem ilegiti-
l
de conseguinte, na sentença, em primeiro lugar, a eficacia, em I
mos (art. 5.° da lei de 20 de março de 1865, anexo E), indepen-
sua figura natural, semelhante à. do ato administrativo, a res-^ dentemente da sua anulação. Deverá o mesmo principio valer
peito da qual a. coisa julgada própria e verdadeira não é senão para a sentença: também esta só é eficaz quando se conformar
um particular e possível, mas não necessário, modo de ser. Este I
com as leis - esta condição é para a sentença muito mais im-
atributo qualifica a eficácia de modo tão característico que pa- periosa do que para os outros atos do Estado, quando o juiz está,
rece quase prevalecer sobre elare absorve-la. Seria erro lógico muito mais do que quaisquer outros órgãos públicos, vinculado
evidente, porém,*tro'car o sujeito com seu predicado e ver a es- em sua atividade a. determinados pressupostos estabelecidos pela
sência do institutonaquilo que é somente uma qualidade sua. lei, visto como, a bem dizer, é menor o seu poder discricionário.
Insulado assim oconceito da eficácia natural da sentença, Entreps viciosgde ilegitimidade da sentença, olnais impor-
dai decorre, em primeiro lugar, confirmado o acerto da distinção, tant_e,_pelo menos para oque aqui nos intere_ssa, é a sua possivel
defendida' por Csnuarurrr, entre imperatividade e imutabilidade injus_tiça,_que diz respeito à sentença em seu,,conteúd_o_ _çle_j1._rlgaz
da sentença; assim cómo pode ser eficaz um ato administrativo, J r_I_1_‹¿nto Ye pode resultarççtanto de_e;ro de direito como de er_r_o_d_e
embora não seja nem definitivo nem irrevogavel, também pg jato do juiz. A injustiça,da;se_nteuçg._oonsiste,_ern geral, na falta
asentença ser eficaz, ainda queinão se tenlia tornado, imutágv_el,_ d¿:_eorrespondencia da decisãoicom a efeti_va_vontade concreta
com 'appaissagem emJulgado, embora esteja ainda sujeita a ser clo__E_stado para o caso decidido. Qualquer juiz, perante o qual se
substituída por outra sentença_,__por parte defum juiz superior. quer valer um efeito da decisão, poderá apreciar a justiça da
1|
-...lšntendefse que permanece não prejudicada a questão ulterlor da possibilidade
' Olr.. para 0 que segue. E/llcacta cd flutoritd, cit., p. 3 e segs. e E 11' (neste
_s da oportunidade de construir a categoria unitária. do ato juridico, a qual pressupõe
volume, ps. 5 e 132 e segs), com coplosas indicações bibliográficas.

Í
evidentemente clareza e ordem de conceitos nas clasaificaçóes lntermédias.
l'z'6 Exsrco Tutuo Lrrnsrm EFICÁCIA 1: Avroarruna na sem-r:uç,‹_ 177

sentença e recusar-se a reconhecer-lhe a eficácia, se o resultado Assim se dá, porém, por demonstrado o que estava por demons-
do reexame vem a ser negativo. Todavia, quem pretender valer-se trar e que, entretanto, as precedentes considerações demonstram
da eficácia da sentença em favor próprio, não tem necessidade ser errado, porque exatamente verdadeiro é o contrário: não é
de demonstrar, de cada vez, a justiça da sentença, visto que mi- absolutamente impossivel que uma sentença produza eficácia de
lita em seu favor -- por igual, imanente em todos os outros atos decl_aração_, juridicamente obrigatória, embora possa, em deter-
do Estado -_ o principio da conformidade normal com o direito minados casos e em determinadas condições, ser reformada ou
(a chamada presunção de legitimidade dos atos do Estado); e contraditada por outra sentença.
vice-versa, quem for por ela prejudicado pode demonstrar a in- Nada há nisto de singular, visto que -no direito é antes fre-
justiça da sentença e assim repelir o prejuizo que para ele de- qüente a figura de um ato eficaz, eventualmente sujeito a ceder
correria. Observou-se ” que as sentenças deveriam ter (diferen- ou a pôr-se em conflito com um ato contrário. i _
temente dos atos administrativos) mais de uma presunção sim- Assim, a legitimidade da distinção entre .eficacia da sentença
ples de legitimidade, porque contêm uma declaração, e não só e auto_r_idade_da çoisaq'ulgada_rn_e¿›_arece_d§monstrada indiscu-
nos motivos, mas também na destinação precipua do ato; mas, 'tiv_elmente._Resta,__p_orém, a considerar a sua_oportm_iidade¬e uti-
expressando-se desse modo, não se considerou que é o funda- lidade¿_pode-sepperguntar: «há,pna verdpazdekcasos em que _8Xi§te
mento dessa mesma declaração que pode ser contestado e dai a eficácia, mas não autoridade? Afirmativa devegser a resposta,
conformidade" com a situação jurídica concreta efetivamente porque a_eficacia da scntença não sofre os limites deistempo e_de
existente. . eštensão subjetivahpróprios da autoridaldeda coi_@_julggia.
A combinaçag, desses varios principios ter_n_ como conse- Comecemos pela primeira questão: Ê a sentença eficazpainda
qüência apossibilidade da prolagão de sentermas contraditórias. antes de adquirir a autoridade dafcoisa julgada. Surge aqui
A evita-la, provê o instituto da coisa julgada, que torna a sen- espontânea a observação de que é estranha a oposição de- CARNE-
tençap(se__§or lícita a pa¿áfrase) legibys solyta, no_s_e_nl;ido_de,_q_ue Lurrr a tesesustentada acima, porquanto sempre afirmou ele
coloca sua eficácia
: além fe a seguro_ de f¬t_
toda apreciação
7 de seu que a eficácia da sentença é anterior à. passagem em julgado.
í_undë.II.l.entq, tan.t_0_p1gr_part_e do;juiz de recurso (coisaëjulgada Ora, isto é`possive1 sob condição de que essa eficacia, essencial-
formal)Lç_omo gr parte de outro juiz em .e1l:I_1s*»1lal_e .n.o.v0_pro- mente provisória e revogável, não seja a autoridade da coisa
cess_o¬_(coisai_j ulgada_substancial)_;¿mas a exist§n_cia._ desse insti- julgada, que, como as próprias palavras estão dizendo, não pode
tuto no_,di_x;eito p_gs_itivo é j_u_sta_1_nente, a prova mais segura da formar-se de outro modo senão com a passagem em julgado da
poèsgbilidadeulgggaz daf_co_ntradicão__das sentençase da sua pos- sentença. Deixemos, porém, 0 argumento ad hominem e enfren-
sibilidade pratica nos casos - se os há;- em_quç_a coisa julgada temos a questão. É ela de estrito direito positivo “ e não se re-
não tem aplicação. solve em abstrato, mas com a aplicação das normas que disci-
Depois desses esclarecimentos, não é dificil provar que as plinam os vários recursos.
objeções opostas a esta concepção da eficácia da sentença se re- O fato de ter colocado a .declaração no mesmo plano dos
solvem num circulo vicioso: negam elas essencialmente que a outros efeitos da sentença permite, a este-propósito, tomar em
sentença possa ter eficácia de declaração sem a coisa julgada. '° conta um argumento que não foi até agora considerado e que,
,mí
a meu ver, pode ser decisivo. A -lei italiana, quando dispõe sobre
' Au.os¡o, op. cit., ps. 39 e 313, em nota.
" Assim, com fórmulas diversas, mas equivalentes, Sana, op. cit., p. 365; " Concordo. neste ponto (Elƒíazcta ed autorítd, cit., p. 26, nota 6) (neste volume,
Attonxo, op. cit., p. 39; Ca1s1oro:.r:‹r, 'op. cit., D. 299. p. 39). com Cnrsrorotmr, op. cit., p. 302. -
'I
il Errciicu E Arrronrmiorz na Ssnri-:uçn 179
178 Emuco Tuuno Lrssmm
só quando já se nãoçpode propor tampouco o recurso de cassação
a eficácia das sentenças, fala sempre da executória (por exem- i| g_§..aç§o_Íde I'eVQgaçã0 -IIS. _4 3 5 ('10 3.I`l'.._4942 13. SOUIBIÊÊÇ CJÂILÃD
plo, arts. 24, parte segunda, 379 e 941 do Cód. de Proc. Civil se torna a sentençadefinitiva e asimples eficácia se .transforma
italiano, art. 6z°,'decreto de 24 de j-uihode 1922, sobre o proce- .em -a_uLo_rid_ade da coisa julgada; só quand9_ela_ passar em jgl-
dimento monit‹Í›rio),~e, todavia, não se duvida de que tenha gado,_segun_do dispoe explicitamente ,_a___leL_U..n_1_a sentença que a
querido assim- referir-se de modo cabal' a toda forma de eficácia cozmjaçqíga _c_ornepe_u_r;_1 “excesspçde poder”, e e_s_t_a_p9r isso su-
das sentenças. Entre os efeitos que a sentença produz, o execu- jeita a recurso`_extraor_dinár_io (arts. 494, n. 5, e 517, n. 8, do Cód.
-tório é, sem dúvida, o mais importante, pelo menos do ponto de -de Proc. Civil italiano). .
vista .prático e consideradas as conseqüências; e não se~=deve Assim, entre a opiniao mais severa dos que negam todo o
duvidar de que a.aná;l-ise e a distinção dos vários efeitos das efeito de declaração à sentença, até que -tenha passado em jul-
sentenças são obra da doutrina mais recente, sendo, pelo con- gado, e a outra, excessivamente ampla, que admite a coisa jul-
trário, desconhecida ao tempo da .redação do Código italiano. gada também-na sentença ainda recorrivel, o direito positivo dá.
Parece, pois, lícito sustentar que apaiavra do Código deve ser sólida base à -opinião intermediária, que reconhece à. sentença
interpretada com certa latitude e de qualquer modo permite a
não mais sujeita aos recursos ordinários sua normal eficácia na-
,. analogia aplicar a todos os efeitos das sentenças as normas que
;I
iili tural,_" que vincula também o juiz de novo processo, mas pode
jà aparentemente dispõem unicamente o efeito executório. Se
ll ser eventualmente -combatida com a demonstração da injustiça
ll isso e exato, os arts. 475, 482, 503, 514 e 520 do Cód. de Proc. Civil
italiano resolvem diretamente ou por analogia a tormentosa da sentença (excluída sempre a hipótese .da litispendência). Os
inconvenientes práticos da solução aqui apontada são, incompa-
‹ questão da-eficácia da sentença sujeita a recurso. Produz-scessa
eficácia para todos os efeitos (e não só para o ëxecutório) , quan- ravelmente, menos graves que os das outras alternativas pos-
do se precludem os recursos ordinários, embora possam__ainda síveis. _
interpor-se os extraordinários.” Segura confirmação desse re- II
sultado se tira do art. 561 do Cód_.¿1e Proc. Civi_l__i_¿taliano, por
força fdo qual não é ea sentença emtpçdos os casos exeqüivel por gsegimda das questões propostas resolve-se -com a af_irma-
terceiro ou contra ele enquant_o_não estejañmipreclusos os. re- ção de que a efiçáçia da sentença :vale perante todos, lirr¿it§,_Li_ë?-,
cursos-ordinários, para certos efeitos que, nos exemplos dados ao .objetosobre que mtewgio a dç_c;i_sa_?__o- Entende-se que a pro-
pela disposição citada, nada têm a ver com a. execução forçada posição se refere ao conceito de eficácia, há. pouco determinado,
(revogação deseqüestro, cancelamento de inscrição hipotecária). que faz dela Lun instituto bem diverso da coisa julgada. Não há
Por que então, afinal, uma sentença adequada à execução não o necessidade de repetir a demonstração, porque -a que foi dada, *5
11'!:~A__A___4
__
- 4.;-¬f_~;.¡;
deveria ser para. declarar ou modificar uma relação juridica? com fundamento na natureza publicística do processo, com in-
1
Mas, trata-se sempre da_¿_e_fiçáçia__n_atural da sentença, não da vocação das razões substanciais e das normas de lei que justifi-
coisa julgada que s_e_form_a Lc_on_soan‹te o_ensin_a.~_me_nto comum) cam o resultado alcançado, nao- encontrou graves oposiçoes. Nao
I
-se podem, de fato, considerar tais as observações vivas e algum
í.í_..__ '
1* Ver-me-in, assim. ainda concorde com Cmsronoum. ioc. cit., se nao idenrliicassc
ele. Bo que parece. a eflcàcla. da sentença .com n coisa.Julgada. Seu pensamento _." U..-entre outros, Cruovnnm, Principii, p. 348. ~
permanece neste lanço muito obscuro. Tiro dai (p. 304, nom 4) n indicação do caso I- Entende-se que n lei pode subordinar determinados efeitos is passagem em
do decreto de injunção não oposto no prazo. ao qual compete a eficácia do declaração. julgado.
mas não coisa julgada, dada a possibilidade da opoaiçlo tardia- (art. il do decreto '= Eflicacía cd ouro:-irá, cit., p. 95 c segs. (neste volume, p. l2l 2 N85-L
real de 24 de julho de 1922).
861' - 13

Í_ 1
180 Emuco Tamo Lrsawm Er¡cÁcm L Aurosrunna DA SENTENÇA 131
l
tanto paradoxais de Ca1u‹r¿L_y;;r_I _(op. cit., p. 208 e segs.), que |›t iai os estabeleceu e contanto que subsistam os fatos previstos hi-
não se deu conta da diferença que para mim existe entre eficácia tt poteticamente pela lei, e ninguém é obrigado, a suportá,¿0;, se
da sentençae autoridade da coisa julgada. Além, disso,_parece QÃO S6' jufitifífiâfem eëtfitanlente em seu.fundam_e_n_to. Por isso,
confundir o problema dos limites objetivos com o dos limites não podem eles viver separados da sentença que os produziu e
`l
I subjetivos. Segundo meu modo de entender, são os dois pnoble- que deve poder justifica-los em qualquer circunstância. Pela
mas de todo em todo distintos, e r'econlige¿1;à.,sentei1ça eficácia mesma razão, ,€_e,ilusória a opinião, largamente difundida,pq1¿e
_subjetivarnente
_ _ _ ilimitada
z f-fnão implica.
z _ de nenhum
-_j modo que não
fz, ~~ 1 -r_elaqi_cgia_a repercussão dosefeitos_,da__se_ntença corn a conexão
este;g__,ela limitada somente_§.o__o,b1eto do iuigo. Tambem um das relacões_ju1'idicas. A conexão_das_relag';'›_es_é_pma. ¢g_zg¿í,iç_ãp
comando particular e concreto pode ser declarado validamente para .que se verifiquem, não a cansa de se verificaram efeitos ,/
para todosf En-tende-se que se trata de uma eficácia geral sim- parajlqueles que não foram ,partes no juizo, porquanto a .causa
L

plesmente potencial que, de fato, se produz somente para os que .é_e¿Jerrnane_c;e a_senten¿@Te só_a_sentença,_que os produzirá
lhe podem ser os destinatários efetivos, isto é, além das partes, §QI_1_1§:‹n_-te se e en_quar_1_t¿o_a_9rdern_jurídica os tiver disposto. "
ossujeitos de relações conexas com o objeto da decisão, porque
todos os outros sao e permanecem estranhos, indiferentes. III
Sem gravidade, parece-me poder considerar também a ob-
servação de Surra, 1° para quem desse modo se inverteria a rea- Fixado o conceito da eficácia da sentença, é .fácil de-terminar
li_dade,.porque se chegaria a dizer “que a sentença age perante o da coisa julgada. Motivos conhecidos de p0lit_i5;a_l_egisla-
ãs_.'partes.porque ageperante todos, quando é outra a verdade: tivawquerem que, em certo mornento, se ponha.,_fi_m à controvér-
a sentença age perante todos porque agiu entre as partes" Com sia;.,_Atingç;s,e este_resu1tado quando se precludem os meios qe
efeito, se acerca do resultado estamos de acordo, o modo de for- recurso. Não pode, então, ser a sentença mudada._e_se ultimou 9
mula-lo tem pouca importância. Cneio, em todo o caso, que a processo: forn¿a¿se a coisa julgada formal. *§_1_VIas_ a segurança
-função do processo deve considerar-se objetivamente e não sub- do direito e,a pacificação social querem algo Jnais. _Pode a con-
jetivameríte, porquanto o processo tutela e faz atuar a vontade
do Estado e não os direitos de cada um. Por isso, se deve dizer 1* Cfr. Eƒƒlcacia ed aulorità, clt.. ps. 61 e sega. e 88 e segs. 'inerte volume, ps. 85
e 107).
que age a sentença sobre a relação, e só em função dela se to- U Uma sentença só pode ser reformada nas instâncias superiores ao Juizo em
4. ¬,_
mam em consideraçao os sujeitos. Mais precisamente, a sentenga que se prolatou. o não. ao revés. por outro qualquer juiz. o lato por força de
regula amposição das partes a respeito de determinada relação principio fundamental atinente ao ordenamento Judiciário e independente da coisa
julgada; «tanto é verdade que vale law ainda antes da formnçlo do julgado. Por leao.
juridica, emesse modo de regula-1a_va.le para todos os que .nelau nlio_ tem a coisa jul,g_ada foi-'mal necessidade de agir senao no lmblto do_r¿e.u'no
são mais ou menos diretamente, int_e_1-essados. processo. Talvez que não mudem as conseqüências, se se tranpmudarem os termo;
do problema e se conferir aos recursos a significação de urna exceção à regra do
Torna-se aidiveggênciaqrnals grave_quando acre§cen_ta_SA'r-ra imutabilidade da sentença. como faz Cum-n.o-rn (op. cit., p. 2l:l, e Leztonl, IV,
gueiperjante os terceiros age, não a sentenç_a,_mas a nlodifica- n. 394). Todavia. não tem ele razão em denunciar a esse respeito a- minha “ter-
_ção¿'__urídicaJ›roduzida pela sentenç_a,_que vive vida própria, se; ceira inverossimll fantasia" e em perguntar “quem me ensinou que 5 nocao do'
1u1gau¿›'ro'fma1 uma nmm‹1a.âomen‹.e ao interior ao processo" uoc. clt»l‹ Eis I
parada de sua fonte imediata". Não participo desse modo de resposta: ninguém iamsls ensinou coisa diversa (para não alongar a lista excessivamente,
pensar,_pois queos efeitos que uma sentença produz_n_ao sao indico unicamente as obras mala recentes: Roflmsmc, Lehrbuch, 3! ed., 1931, p. 512:
autôpornos nem_livremente__querldoS: só podemflser conforme a Gocnecnuinr, Zivilprozessfecht, 21 ed.. 1932,- p. 164; Brun-Jonas, Kommentar, lã' EG..
1933. §__3I2, p. 1; Cmovmnn, lstltuziofll, 2! ed., N35, I, p. 311 Und., p. 616);
.-__.-im
Bnn, op. cit., p. 579). Pode CA|m:r.vjrn ser de opinião diferente. mou. como se ve.
” Op. cit., p. 367. _ estou em boa companhia.

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182 Emuco Touâo Lxtsmlu Errcicm 1: Aurosumms nn sem-m‹ç¿ 133

'trovérsia -renascernpor_qoaS_iã0_d§_n9X0mr_09§SS9.sobre_.n.me9mo tratado; contudo, íazelo, tampouco, seria útil ao escopo presente
objeto ou sobre um_objeto_conexo,_e¿)oderia o juiz_co_nv,enc_er-se.. porque a definição, há pouco exposta da coisa julgada, demons-
de que foi__i.njusta_a precedente_de_c§_ä_o. Embora se tenha tor- tra a. sua absoluta independência do problema das finalidades
nado imutável a sentença, sabemos que a sua eficácia, apesar de e da função do processo. De fato, quaisquerjque sejam e de
ser vinculante, não poderia impedir que se julgasse de modo gualquerjnodo que se definam os efeitos da sentença, limita-se
I,
contrário, caso fosse ministrada a demonstração de que a pre- a autoridade da coisa julga_._d,a_¿ tomá-105 i¡¡¿q¿;¿¡'9¿¢iS_
cedente sentença julgou injustamente. Para evitar uma decisão Observou-se, contudo, 1° que a essa definição contradiria a

contrária, deve a coisa jigada assegurar não mais e não so- circunstância inegável de que uma relação juridica que foi ob-
mente pra sentença, mas ainda o_efeito que ela pro_duziu,_is_to_é_, jeto da sentença pode ser sucessivamente modificada pelas par-
a declaração_on a _m_ud_a-nça da_r_elacg,o jurídica deduzida gem tes. A objeção, porém, não me parece fundada, porquanto con-
m; com esta sua função, a coisa julgada torna impossível ou funde o objeto como resultado do processo: 0 que a coisa julgada
inoperante a demonstração da injustiça dasentença, a saber, torna imutável _e o efeito da sentença, isto_é, a deçlargrção o_u_a
torna incondicionada a sua eficácia, e garante assim a seguran- mudança, nãogagfelacão j1¿ri_dica_ern que incide oefeit-J, relação
ça, a permanência e a imutabilída-de dos efeitos produzidos. Eštg. sobre a qual conservam aspartes plena e íntegraa sua liberdade
é a coisajulgada substancial ou autoridade da coisa julgada que €i§._d;§,m?›_SÀg_ã_9. Se uma sentença declara Ticio devedor de Caio,
não é,_corno se_v_ê, um efeito autônomo da senÍz_Bnça,_por1:Êm_\m1a pode este, todavia, fazer a remissão do débito; qual é aqui o
qualidade,_u¿n atributo da eficáciazquea sentença naturalweíne- papel da coisa julgada? A declaração do débito permanece in-
cessariame-nte produz; o meio por que a ordem juridica tende, variável e não poderá Ticio negar ter sido devedor antes que o
não tanto a resolver, como a superar e eliminar o problema da liberasse a. generosidade de Caio. Tampouco e_ relevante a. dis-
validade da sentença, tornando a -sual eficácia indiferente a tinçao feita com esse fim entre a possibilidade de mudança por
qualquer indagação sobre a sua conformidade com o direito. obra das partes e do juiz. Também este poderá declarar diversa-
Único é,,_pois, o conceito dañcoisa julgada, embora'__se`Ei mente a relação, se tiver esta sofrido modificações posteriores à
dúplice a sua função: de uni lado, torna imutável' 9 ato da precedente sentença; as duas decisões não se confundiriam, re-
sentença, posta ao abrigo dos recursos ,então definitivamente ferindo-se a momentos diversos da vida da mesma relação. Q
preclusos ;_por outro, torna irnutáveis os efeitonproduzidos pela que a coisa julgada torna imutável é 0 efeito produzido pela
sentença,__por_que os consolida e' os assegura do perigo de uma sentença, no sentido ¿:le__que já não poderá ser substituido por
_,A._?.':$er:l$,.- decisão contraditória. É verdade que razões históricas e psicoló- um Efeito diverso, comjnndamento em pova e divergente apre-
gicas, já muitas vezes explanadas, identificaram a coisa julgada Í
ciaçao do caso co_ncreto.
I
com a eficácia definitiva da declaração da sentença, mas as pa- ' Respeito elementar para com os direitos dos terceirosjimita,
lavras e a terminologia não podem representar um obstáculo à não ob§§8_n.te_. a ,coisa julgada somen1:_e_àS partes do pro_c_es_so.
clarificação dos conceitos, nem impedir o reconhecer que a_ coisa Sobre o tema, nada teria que acrescentar ao que já disse, 2° se
julgada não é um efeito em si mesmo, mas uma qualidade dos o princípio dos limites subjetivos não tivesse sofrido, entremen-
efeitos, de todos os efeitos da sentença, quer declaratórios, cons-
titutivos ou executórios. _ Q 1' 811114, op, clt..”p. 364; Auoiuo. op. cit., p. 40.
5' Cir. .Elƒicacia ed autorità, cit., p. 55 e segs. (neste volume. p. B0 c segs). Neste
Em que consistem esses efeitos, é tema que não se poderia ponto parecem concorde: Bnfm, op. clt.. p. 365: D'Ononuo, Ioc. cit.: Ammrou, em
estudar neste momento, sem transformar este artigo em. um sn-.` 1:. ai seienzz Gfurunzhz, 1935. p. 291, nom.

5
_ Eficácia E Awmainsne os Srznrrnçi 135
184 Ermrco 'Pm.Lro Lrrzswui
coisa julgada da soluçao de um problema incomparavelmente
tes, enérgica critica por parte de Ar.1.oiuo, *1 que retomou e desen-i mais controvertida, como é o da definição da finalidade do pro-
volveu com todas as suas conseqüências a teoria de Cfirmsnuvrr,
cesso; e não parece, na verdade, que tenha A.LLonro trazido con-
a qual ecoava, por sua vez, como a sustentada -para_o direito tribuição efetiva para. a solução no sentido por ele desejado. 2*
germânico por Msnosrssonfl-Banrnomt. A novidade da contri-
Na realidade, deve~se porém, negar justamente que -haja o nexo
=buição de ALLoruo reside, sobretudo,.na tentativa de dar-lhe de- entre os dois problemas, como se demonstra de modo sintomá-
- . _ d . . tes b.
rnonstraçao. Afigmarele que a determinaçaoç os iimi su ;|e‹ i
tico 'pelo fato de que nem Cflrovnnrm, que considera o processo
tivos da coisa julgada depende da definiçãio da,natu1Leza_da_coisa
como uma atuação do direito, é partidário da teoria processual
julgada,_Lesta,__por.. sua_v_ez,_da definição” da -finalidade do_pr9- da' coisa julgada, nem, ao contrário, CARNELUTTI, que define o
cesso; da consideração do processo como 1_neio,para_a atuaçãp processo como' composição da lide, é partidário da teoria subs-
r_ip_,çiir_ei_to_.proviria a_,i:eoria}'processual" da' coisa_julgada; ao Liancial da coisa julgada. 25 Aliás, a divergepcia entre os dois
çpntráriokda ,visão_do4›_rp_cesSo ç9i1_19_!nl?_íQ para 8-.<1ÍiIIÍIÍ<!,Fiǧ0 modos deçdefinifo proçessoé menos profunda do que crê, Ar.Lo_1uo,
da-sJ_i_de_snde_o_orreria a teoria "substa¿n_ciai,"_da coisa julgada.” e não pode in_flui_r;_sobre o problema da coisa julgada,_porqpe
I
Açdere ãrsequnda concepçãoñe explica assim azçeficácija Zda._c0iSa -todos estão de acordo em ver ,na_,sentenç.a_a_gplica_çá_o da iei ao
julgada corno aquela .que acrescenta _à;pretensão acoliiida como caso_concreio,_emb_m:a_alguns._ao_i.nv_és_de_oJ.1tros,;v§J§.~In,nesta
fundada uma nova causa justificadora (ou a tira segunda vez apii_c_ação_somente:.o_.meioäpara__a_consecução_do_escgpp_u1te.1:ior
se for a pretensão ZrepÍeiidai_‹:omo* infundada), permanecendo, jp. da “comgição da 1idc'.'.
se vê, a decisão causa única do tratamento que_repebe a relação, e
Verdade é que, como já tive ocasião -de advertir, a doutrina
|
no caso de ser a sentença injusta. 2” ç italiana foi substancialmente sempre concorde em sustentar que
I
Com efeito, é esse resultado utilizado para resolver o pro- o direito é qual o declara a sentença, por isso que é o juiz .pre-
blema dos limites subjetivos, negando-o, como veremos. cisamente o órgão instituído para declarar de modo juridica-
Mas é oportuno determo-nos um momento nesta primeira mente eficaz quai ê o direito no caso concreto. '-`“ Explica-se,
parte da demonstração. Parece, antes de tudo, assaz duvidosa a assim, como a polêmica mal afortunada sobre a coisa julgada,
vantagem deste método de logicisrno dedutivista pelo qual se faz H É antes vcrdmdo 0 contrário, porquo ele admito quo o escopo da composição
-Q
depender a soluçao do problema controvertido da natureza da da lide oonvèm só L fuso do conhecimento (p. 19) o rompe assim a unidade do
pmcos-to. ovimlado-Q verdadeira diliciiidado do problema, que 6 s de uma definição
unitária. e porque reconhece (p. 17) que a concepção do processo. como compoaiçào
H La cosa qiudicata rispctio ci lçfzi, cit., passim. da lide. pertence ao passado o que, em seu lugar, progride a concepçiio oposta
I” Op. cit., p. 9 e segs.. e .Natura deiia'‹.-osi: giudícaia, em Rio. di Dir. Proc. "c_om passo lento mn aeifuro". .
Ciifíie, 1935. I, p. 215 e segs. =* Repele Ci-rrovzmui nitidamente a teoria processual. o corrige n inexata formu-
' H Op. cit., p. 23. Esso ,_oonc_e1'¿ç¡o - iontasin_¿_que retorn_o_d_a¬sTsomb_l{i\s dt \-\I!1§_ lação da substancial. aceitando-lhe somente os resultados prático: iFfífl€lPÍí. D. 910:
Sqgpi, I, p. 90). Quanto ii Cuzfl:i.o'rri,,i'ala ele efetivamente da eficácia material
época em flue em obscuro a;llnd_e_eni.re_o direiig _e__o_,pmçeaso f- v_gzn_de_e¿;_‹£r5r¬o
'd`&_¡enI.ença, mas em sentido bem diverso, como comando compiemntur que inte-
d_ nossa invencível repugnãncis em_ ver_rio processo uma musa de nascimento e
gra _a norma (Lezioni, IV, n. 3811; afirma, porém, resoiutnrnente que a sentença
,ex,tin_çÍã.o__dos_direito5Haiz;§Í‹1u§ unicamente fo infsioviiefisušy 'reriiizaçlio coaiirn./iú
não 'constitui o obrigação. a quai preexisie, mas lhe verifica tao-só a existencia
se vê. para o caso comum de sentença declaratória. Sonieítezdorum ponto de visto
(Lc:i01iI.- I, B. 17).
extrajuridico se pode falar da efidclu criadora. ou modiiicadon do sentença. Vale
_ Sobra este ponto, 6 3 doutrina italiana, em sua.: linhas mestres, concordo.
isto especialmente também para a sentença injusta. que. como se sabe, foi motivo Cir. minhas obaervaoüeo em Ellícacia ed ouioritd, p. 28 e segs. (neste volume. p. 4li‹
dominante de todo a discussão: mos. ou .è possivel o reexame do seu fundamento I Cmovtflm. Principii, p. 19; Cuanmn, Lezíoni, V. n. 417; Rmmrr, Gíudizio
para com isso extinguir a sua eficácia (e então a coisa julgado não existei. ou civiic can piuroiitd dl parti, p. 36 o segs., em nota. o eu mesmo, em Riu. di Dir.
então o reexame já náo é poaivei e de sentença injusto um se pode toiai' do ponto `›=f‹›¢_ crime. reza. r. pu. 212-ms. ~
de vista Juridico. i
I
136 Emuco Tuu.ro Lrflsuzm
5 š Errcãcm E Auronminc na SENTENÇA 131
que impregnou por 40 anosfsern utilidade, toda a doutrina ale-
mã, dividindo-a em dois campos inconciliáveis, tenha alcançado 1.351 do Ci1¿il_iL.aJ.ia.no. Infundada é a afirmação 2° de que
-escassa repercussão na Itália, e creio que não seria .pouco 0 me- as partes são nesse artigo indicadas 'como simples «elemento de
rito de minha monografia, se viesse ajudar a preservar-nos de identificação do objeto, pois que dispõe a lei que a autoridade
semelhante contágio com a decidida superação da antítese subs- cedo-Pfi.° da coisa julgada não se realiza, se a demanda não for entre as
tancial-processual e com a demonstração de que a coisa julgada mesmas partes, e os arts. 494, n. 5, e 517, n. 8, do Códgde Proc.
g1ãg_é um efeito,_portanto, nem substanciaipem processual, da Civil italiano repetem que ocorre violação da coisa julgada sd
sentença. '-'i ¬ e mente quando a sentença é contrária a outra precedente sen-
1 tença, pronunciada entre as mesmas partes. Se têm as palavras
Como quer que seja, que contribuição pode trazer essa- dis-
cussäo à determinação da extensão subjetiva da .coisa julgada? significação, quer isso dizer que as partes do processo em que
Nenhuma, a quem não falte a admoestação de PAULO de que se levanta a exceção de coisa julgada devem ser as mesmas do
non ez regula ius sumatur, sed ea: iure quod est regula fiat processoem que se formou a coisajuigada.
(D., 50, 17,1) _ Não é único, porém, o decisivo argumento tirado do texto
® Evidente é o erro de método de Ai.'Lo1uo, quando quer resol- da norma supracitada. Outro existe, igualmente grave: a exis-
ver o problema do_s_limites subjetivos com fundamento_no_con- tência da oposição de terceiro, desconhecida, aliás, no direito
«--».1-_v.u.-_$«.__- -›.»-›. _. _. ,
ceito da coisa julga_da,_en1 vez _de:o_fazer_com_a_a_plicação_do_art, germânica. Um dos resultados mais seguros da monografia
i Quando muito, seria legítimo o pro- fundamental de MENDELSSOHN-BARTHOLDY, tão rica de pesquisas
históricas e dogmáticas, reside na confirmação da correlação,
I cedimento lógico inverso; e do princípio dos limites subjetivos,
l tradicional na doutrina italiana, entre limites subjetivos da coisa
sancionado positivamente pela lei, se poderia, pelo contrário,
chegar à definição da coisa julgada. Em suma, ou nexo entre a julgada e .oposição de terceiro, pelo menos no sentido de que onde
É 11211-ureza,_desta ecos seus limites sub o seoutorga esta última, ai não se estende a autoridade da coisa
¬ i
_ sc existe _ se volta contra. fitifgse de A1.Loiuo. julgada.
No terreno do direito positivo, a tese de que a coisa julgada | Acrescenta_aLLon¡o que_a_sentença reggg diretamente am-
i--f-.-L-z--ié
F
vale erg_a_om1zes 2°' encontra obstáçulojntransponível no artigo
1 nas a relação decidida, corn eficácia somente ,par.a_as pa_r_te_s;
:ii ma¿s__qu_e_pod_e_, ter para os terceiros uma efiç_á_.ç_ia__refiexa._Sus-
i
I ®Obscrvo Auoaxo, todavia ip. 38). que o problema dos efeitos da sentença mio tenta ainda que, relativamente à eficácia direta, ¿ë___s_up_érfl11a:a
e por essa razão eiiminndo. E: verdade, mas já é alguma coisa, reconhecer-lhe a Inara (105 Iirrlílxë-s.,.subjejzi\tQS; com_reiaçã,onànef_i,c,aci.a re_f_ie.x;¿,__é
essência e treze-io para seu terreno verdadeiro. que é o da eficácia da sentença,
e não 0 da coisa julgada, liberando assim a discussão de elementos que lhe não f211Sa.°° A primeira degsas afirmações pode considerar-se exata,
pertencem. como, por exemplo, os limites subjetivos. E fosse este o lugar para mas_¿a__única conclusão que dela se pode tirar 3* é que aregra__dos
mais nos nprofundarmos. bem que poderiamos ter a surpresa de verificar que, com
esta simples deslocação. se dissolve a teoria. substancial como a neve ao sol. Como
limites subjetivos existe precisame_11§:__j19¿a:‹2¿íia1- a e,§i_cj§u:ia ge-
-.›:_zí:_. -
falar, de fato. a respeito da eficácia rmturfll da' sentença, de novo fundamento fiexa em rgiaçãoaos 'terceiros_e_que_esta_e¿1§_n1mm_z,__¿L3_1¿a
i subs1.iinciai'da relação declarada, quando é ainda possivel a comparação com a
situação juridica extraprocessuai, e, portanto. uma decisão contrário? E como crer,
š por outro lado. que o coisa julgada, conferindo à declaração a iinutabilidade, possa 5° ¡u.r.oiuo, op. cit., p. 52. Também C.‹nmn.orrr, no artigo bastos vezes citado
transformar-lhe e. natureza? ' p. 208. .
W Op. cit., ps. 64-65.
É I Sustentou-a na Alemanha Mcnnnâsoan-Bmruoror, Grenzen der Rcchtskrnír,
É passím. Embora o texto do lei alema seja menos explicito do que o ut. i.35i do " Cir. H minhh Eƒlícucw. eli.. p. eo (neste volume. p. ins).
Cód. Civil italiano (o § 325 do Cód. de Proc. Civil alemao se limita a dispor que
'11 sentença passada em julgado vale a favor das parte: e contre. elas". pelo que Bflrmüu Mmnfl-SSDHN-Bssrnonnv que era uma adição arbitrária dizer que "vale so
fiflfiffl 35 Pfifíffifl". OD- Gil. D. 305). 'ml opinião não teve partidários, porque contrária
B0 direito positivo.

-waupa.-«.z- u

-vn-na -.»__- . _.
Er-rcácm E Auronmans na ssn'rz1~zç,\ 139
` 133 Ermlco TULLIO LIEBMAN

temente, lcontestoufçessgpdistinção, fz? sustentando que também r\,


é asignificação da .disposiçao do art.q1,351 do Cód.* Civil i-ta-liano. os..c_r_edores sofrem um prejuízo j_u_rid¿ico, porque se veriarn 6?
Afirmar, pois, de Iege lata, que seja falsa.a regra ê dizer coisa ,dkninuídostem seus_idiƒre_itos_gue_ eles adquiririam por força *Ê
sem sentido. Mas, ainda de iufe condendo, -não se poderia apro- da -peiiliqi-_=a.__s¿obre os bens sujeitos a execução. Mas é essa tese
var tal modo de pensar, porque a regra dos Limites subjetivos
igualmente infundada pelo que tem de audaz, visto como (se- o
consagra urna experiência e uma tradição secular, que nos en- gundo uma opinião comum hoje pacífica e acolhida pelo mes- 671
sinam que sem ela sobreviria a desordem mais grave na vida e mo A1.-Lonio) em direito italiano vigente, a penhora não a.trib_ui
.w no comércio juridico, alterar-se-ia de modo perigoso a garantia ao credor nenhum direito subjetivo sobre os bens penhoradosL L-‹9
e a segurança dos direitos individuais, encorajar-se-iam por fim mas impõe a estes um vinculo meramente proçe_ssgal_que os
e se sancionar-iam os atentados mais insidiosos, porquanto obti-
sujeita' à execução. A sentença que reconhece a -terceiro a pro-
dos com o concurso inconsciente do juiz, à posição juridica dos
priedade do bem penhorado obrigará por certo o credor exeqüente
terceiros. _ .
IV* a renunciar a agir a respeito daquele bem e voltar-se a outros
bens, se houver; mas isto, conquanto possa representar para ele
A simples ,aplicação dos principios azcirna expostos leva au- um dano econômico, não significará, todavia, uma diminuição
A*^-. 1_¬. -. .zn-w.- z-_ _-m_' _ .-f
itornaticamentes ao segiinte re_s_ultado_: QUE, enquanw \{a1€_ 12-1 dos seus direitos, porque a ação executória permanece intacta,
I
I eficácia natura1_d_a sentença para tod0§. R autoridade ”da_c_0iSB. não sendo por natureza dirigida a determinados bens particula-
aiu1gada_é_1i_mitada_somente_às partes ;gue,_em_co,11s¿>qüência4pão rizadcs ,do devedor, mas ao patrimônio, considerado genérica e
f

podem as partes contestaizajustica da sentença, cuja eficacia qe C0fll\1f1t3m°flte~ f¡›(1i¿¿u‹l1i.;.i..l\.›ziâ }¿›oLmu.‹.u-\¬›s_


para elas inc9_ndicionada,, imutáveis o§_efeitos; os terceiros,_pelo I
z_QreLdade_í_-1;o_-caiaififl de flp1i¢aÇfi0 (105 I->l1íi_119íPi05 acima GK:
conyqariokdevem, simbsofrer os efeitos da sentençq, nqã.o,;por,exn,_ postosé_,__¿por isso, ~o das relaçoes conexas ou depende_n_te§i_em:
_incondicionalmente,_p9rque pod‹=:¿°ão_repeli-los,_q§iaqndo pfldeššm que_é_fre_qjien_te oççaso de que, tendo-se já dado uma sentença
,demonstrar a injytiça «dg s_enter¿ç_a_. 'Sefor bem sucedida essa sobre a relaç_ão_prejudicial,` _surj_a¿d§pqis controvieirsia sobre a sua
demonstração, deixará a sentença de ter efeitos em relação a existência, ou sobre qualquer modalidade su_a,_Wna apreciação
eles, visto que considerará o juiz a relação precedentemente jul- judicigiia relação dependente_,,ent13>_uma da§_partes do primeiro
gr
gada, não como foi declarada pela sentença, mas qual lhe parece. pro__cesso_e_u-m terceiro. Que efic_ácia_ ad_q_ui_r_i_rá,__e_n_tâo, a primeiga
._. .-,
Essa posição diferente está suficientemente justificada pelo fato sentença no_s_egundo_processo? Estendem uns a autoridade da
de que as partes, diversamente dos terceiros, tiveram a possibi- coisa .julgada também ao §‹_2rçeiro,_mas,_ass_im,_v_ão de_e_n_contro
› lidade de participar da formação da sentença e de fazer valer no .a.0s..iricony.‹';1iiente.s_j¿ã:vis_toS._p0rq11a1j1to_- qualquer que seja o
processo todas as suas razões. nome que se dê a extensão -_ sacrificam a posição do terc_eiro,_
Entende-se gu_e_nem_a _todos__os terceiros se dá. a efacpldade a¿q_u,en1;n_ã_o_se.conc,ede remédio algum contra a defesaqinsufi-
.de impugnar a senten_c_a:,”mas somente_àqueles cujo _in1e_r_esse ciente,_event¿ia1mente_feita
_ .. H .. pela Íparte no_ rocesso precedente,
__p_____ _ _
sgia_;u_ridic__am,ente_ reconhecido e tutelado, 0 que_se verifica para .¢=._isSQ_e1I1__detrimento de urnaexplicita piloibiçãon da lei. Negam
os_t_e_¡g_eiro_S_que vierem a ser prejydicados pela sentença em_s_eus
_c1ireitos,_não,_p§¿1o_c_ontrário,_para aqueles que dela recebem sim- . U Op. cit., p. 91 e segs. -

nm.-¬_. plesprejuizo de fato,_po¿_e_xernplo,fos__credores. 3'-' A,tL_o_1uo, recen- Por irao. ao seu final: “espero ter compreendido mal", posso responder. tranqüilh
ilf; mudo-o. porque. na verdade. -compreendeu mel. São coisas que podem suceder a
*I Gir. Elƒicacia, cit., p. 119 e segs. (neste volume, p. 145). Deve esse ponto ter todos. quando não se lè realmente um livro.
escapndo s Cmu~u:.1.rrft, 0 que explica o que escreveu A p. 214 de seu trabalho citado.

_z.-_-za. -
190 _ Emuco Touro Lnrsmm Ericáciii E Auroriioiins mi Saureuçi, -191

outros essa extensão, fazendo, portanto, necessária uma nova Coincidem esses resultados, em suas linhas mostras, com
controvérsia, nova instrução, nova decisão sobre a. relação já uma opinião difundida na prática le, muitas vezes, consagrada
decidida e ¬- com toda a probabilidade -- bem decidida; finai- pela jurisprudência, embora mal formulada, sob o nome de efi-
mente, a maior parte costuma fazer aqui uma casuística vária e cácia probatoria ou presuntiva da sentença em relação aos ter-
incoerente, ora admitindo, ora negando a extensão, e in-correndo, ceiros. Esta coincidência foi-me censurada, 3” quiçá não sem
assim, conforme o caso, nos mesmos inconvenientes de uma ou Í sombra de snobismo; mas sem razão, porque não tive, por certo,
de outra tese extremada. Superam-se, ao contrário, as angulo- I
necessidade da ajuda dos meus contraditores para salientar o
__. i sidades dessa rígida alternativa e se resolve o problema de modo equívoco que se esconde sob aquela opinião e a incorreção teórica
| unitário, conforme tanto aos principios como à eqüidade, se se da sua formulação. “T A tentativa, ao contrário, de dar explicação
sustentar que tem .a._se_ntfll1Ç'¿ efícácífitêmbëm Pam 0 Íefceílšt. mais clara e mais sólido fundamento a uma solução que a prá-
admit-in
' ` do -se,_poré_ijn,
_, que _e_ste i'iltimo,_n¿ã_o, estando
. . sujeito à au-
. tica mostra preferir com seu senso instintivo da justiça de- cada
torida‹ie_da_coisa_julgadahpoissa, em cada vez eççquando tiver caso, é mister que, se a alguém poderá. parecer modesto, aroim,
interesse, demonstrar a irijustiça daseritença e repelir,_de 00.1158- ao revés, me parece um dos mais altos que‹a ciência pode .cum-
g que ela 1.he.zza¢er1¢1›fifífl- “* A S°1fl9ã°' prir na vida do direito. O que tem importância são propria-
atende às razões dos vários interessados e reconhece a posição mente os resultados práticos, e constituem eles a prova suprema
preeininente que, acerca de cada uma relação juridica compete de uma doutrina. A virtude dos por mim propugnados aquime
aos seus titulares, faze-ndo derivar da sentença proferida em foi confirmada precisamente nas polêmicas recentes; porquanto
relacao a eles uma eficácia também a respeito dos terceiros a. vi reconhecida não só por aqueles que os admitem, 35 .mas
mediatamente interessados; e aproveitaaipda para as re1a_ções I também por aqueles queos repelem; 3° e os próprios contradi-
I
de-pençlentesç 0 resultado do processo que antes se desenvolveu, ‹
i tores mais decididos chegaram a incidir em graves e patentes
cgrn economia deatividade_e de tempo e 00111 IT1€I10LP0ã$Íbí1iC13«dfi inconveniências, para acolher uma parte delas.
de_jn,1_gaçigs,_co.ntra¿i.it_órios;..m.as_não_sa<=rifiCe._P01' ÍSSO. ë¬D0Sí¢ä0 Aconteceu assim que Bsrrr 4° foi induzido a afirmar a pos-
do§_per_çeiros,__ aos quais reconhece remédio adequadoípaia ps sibilidade da extensão analógica da disposição do art. 1.497 do
iJpém
06
\/fo;
mzäørçgqi/
(-,__¿_¿:9
casos em gue se pretenderiam ilegitimamente pre Cód. Civil italiano, o que é, por certo, insustentável, se não se

K. L
direitos por meio ,deuma sentença prolatada sem o seuicontra¡
ditg'rio. E este, finalmente, o único modo de explicar de maneira
convincente o interesse que pode ter o terceiro à. intervenção e o
considerar a norma citada como caso de aplicação legislativa
de um princípio geral como o que eu defendo, e admitir no
terceiro, sujeito à coisa julgada, uma faculdade de crítica que
prejuizo que o legitima à oposição de terceiro. 35 é. por definição, inadmissível contra a coisa julgada.

A evideuic necessidade de que o terceiro tenha interesso em impugnar a sen- N Safra, op. cit., p. 368; Bzrrr, op. cit., p. 623. em nota.
tença, do maneiro que não surja 0 problema quando a sentença for Iavordvel no “F Cfr. Eƒƒícacia ed auiorird, cit., p. 117 e seg. (oeste volume, p. 143).
i terceiro, mostra. 0 equívoco em que caiu Sana, op. cit., p. 367. quando me atribui 'I N. Lzvr, La parte ciuile nel processo pen-ale. 2! ed., Pádua, 1936, p. 590;
n tese de que o sentença que absolve o devedor principal não libera necersoi-im Vrrcnso, L'as:ícurazi`one della responsabilitá civile, Milão, 1936, p. 184.
mente também o fiador. O que escrevia eu à p. 80 da E/ƒicnciu ed nutoriui, ‹:ir_ H Antonio, op. cit., p. 38.
(acima, p. 101), tinha 0 escopo único de demonstrar a coiilradiçdo da doutrina do- 4° Op. Ioc., último cit.
minante trealçada também por A.i.l.oflxo, op. cit., p. 72), não superada, por certo,
pelas observações de Brrn, Diritto Processual Civita, p. 613, nota, sendo que o uíiimo, porém, ser um argumento contra a teoria aqui proposta (v. Au..onio, p. 316, nota)
também nas observações A p. 619. nota, mostra não me haver compreendido. o haver oluntado a ele um grupo inteiro de casos, muito mais convlncentes," por
H A oposiçlo de terceiro titular de direito absoluto ICPYCSGDÍÂVB 0 "CSSO BIRD* sinal, do terceiros legittniados à oposição, sem por isso alterar em' nada es; linhas
digmático", da doutrina comum, porque ela nao podia imaginar outros. Não pode, tradicionais do instituto.
192 Emuco Tmimo Lmamàn `NUrAS

_ ., . _ . 1
'E nÊ*° mmt° dlfersamenm ›°31t'°1fga' ÊÊRNELUTTI a° tercelmíi i .AINDA soam: A 'SENTENÇA E A corsa JULGADA
apposlçao (de terceiro) .czçntrana coisajiilgada 1feƒle:na._ Todavia, *Ada Beuegrim pcfimvm
não me parece tecnicamente corretg admitir umaificácia ate-
,nucdoie prog›i§ó1~ia da coisa julgada qpuerëz-Y quando existe -- O ensaio cuida de responder a críticas levantadas por Cm-
z¡,eg_e_ssa_1;'_iamen.te4)lena e definitiva; é, além disso,_contrá.rio à N-su-rr'r1, Sévr-rA, ~ALLomo e Cflrsrorormr à. doutrina sobre a coisa
essência ,ep__¿ã¿_zhi_s_tlc'›ria da opos-iç_ã;c¿de terceiro_faaêfla__um;r_eIIlédío julgada lançada por LJEBMAN. E por tratar-se de síntese das
necessário e_não faculgfltiyo; e _é4ienfun,_p_raL1ç_an1enteJns11ficien- principais conclusões do autor, fundamentadas em argumentos
rea-tute1a.oç9nçâ‹iis1a w 1>er‹=¢i59._99enfi°l91=°11Si1wgein à única .j_á analisados nas notas anteriores, quanto à. sua correspondência
,viajgprigatórlagda oposiç§o,_em forrna de ação independente. ao direito brasileino tomamos a liberdade de .remeter o leitor
` coerente é ALLoruo que, tendo s1.1_steritad_o_a_eíicá.cia àquelas notas; ubicadas após .cada capítulo da monografia pro-
,reflexa da coisa julgada para os pterceirqs, repele toda atenuação -priamente dita. p
_e reconhece que _9sW§e_rgeiros titulares de relações «dependentes
| 4 -E. -».›i-.r:_ ¡.¬-“gi4_~¡,¬;_ não podem, ta.mp01lÇQ,_pI'opor a oposieãoido art. -510. *2 Assim,
Il
il enquanto mais uma vez viola a leinque confere a oposição aos
terceiros “prejudicados em seus direitos", chega. por fim a re-
w›
sultados de tal modo iníquos que ele mesmo não hesita em qua-
lifica-Ios de repugnantes. 43 O jurista deveria curvar-se, se a ini-
qüidade fosse estabelecida pela lei; não, porém, quando: como
neste caso, ela é sustentada. em homenagem a uma suposta
lógica, que é tão-somente o fruto .da interpretação errônea da lei.

--J.

-w-n-

\
i
E

*I Op. clt.. p. 213. e Leeioní, IV. n. 322.


H Au.ouo, op. cit.. p. 81, nota 37. o p. 318.
I* Op. cit., ps. 80 e 23;.-

z
Ê.
Erlciicrzi E Auronloânr n.\ SENTENÇA 195

-têm força de fonte supletória no sistema de direito argentino e


nos trabalhos preparatórios do Cód. Civil vigente. *
Não parece `-que possa existir qualquer dúvida sobre a exa-
1 tidão de sua demonstração. _
É

1 ¡

'r
i
A COISA JULGÀDA NAS QUESTÕES DE ESTADO'
2. Por outro lado, penso que essa doutrina ganharia em
precisão e segurança se se enquadrasse nos principios gerais que
regem os linlitesg subjetivos da coisa julgada, edesta coordenação

f l." A ausência, nos Códigos argentinos, de disposições or-


gánicas sobre a autoridade da coisa julgada, não impediu que
a. doutrma e a jurisprudência acolhessern o princípio que a tra-
resu-ltaria_e_Sc_larecido seu verdadeiro significado,e__ilustrado_o
seu alcance cabal.
Pode apresentar-se a eficácia erga omnes das sentenças nas
diçào histórica, o direito comparado, a razão e a própria gqüi- questões de estado como conseqüência de sua “natureza espe-
dade Ímpõem como fundamental; o princípio de que a coisa jul- cialíssima", que justificaria nesse caso o desvio da regra geral
gada vale entre as partes e somente entre as par-tes, de ago,-do da eficácia inter partes da coisa julgada. Em suma, tratar-se-ia
com a energica afirmação do jurisconsulto romano: “res inter de uma exceção a essa regra geral: este é o resultado, mais- ou
¡.
| alzos zudzcatas alzzs non prcejudicare” (D_, 42,1, 63; 44, 2, 1)_ menos confessado, a que chegam a doutrina francesa? a alemã. i*
Í';

&Dl ¢.uJb_a.rgg_, como se_`sab_e,__es.se. princípio não.. es_go_ta Q 1 Jonit, Manual de procedimientos, 2! ed., t. 30. ps. 325 e 321; Diiizixns GU!-MURO.
nota em J. A., t. 45, p. 535; L¿ró\r¡.|.|:, Derecho de família, p. 339; Màcxmno, Comen-
_prob_lema da situação dm; terceiros em face da_._§en_t_en_ça;e de seus tário al 'Código Ciuilnrgefltino, t. I. p. 253. _ _
efeitos. Existem vários casos particulares, nos quais sua apli- V., ainda, a notável observação de Humour ao art. 45 do anteprojeto ao Cód. Civil
caçao rigida leva a resultados inaceitáveis, seja por causa da (ed. Anzurno, t. 50. p. 51 e sega).
No mesmo sentido: 2' Cám. Civil da. Capital, 31 de maio de 1933: J. A.. t. 42,
natureza especial da relação juridica objeto do litígio, seja por p. 214; 21 Cám. Civil, 'I' de Julho de 1937, na revista. La Ley, t. Gv, p. 515; l'.- Cam.
causa das interferencias existentes entre essas e outras relações Civil. 23 de março de 1920. J. A., t. dv, p. 120. Contra: lv Cam. Civil. 20 de
março de 1929. J. A., t. 29. p. I31; 11 Cam. Civil, 20 de outubro de 1926. J. A., t. 22,
iuridicas. Uni desses casos é o das sentenças .relativas ao estado p. 881; 2! Càm. -Civil, G. de F., t. 128, p. 73.
-;Í,¡, °."Z'.'.“L
das pessoas. ' 1 Alguns autores franceses fazem distinção entre sentenças declarativas e cons-
ill titutivos, e acham que só estas últimas tem eficácia erga omnes: assim, por exem-
âi Ainda para esta hipótese, a opinião dominante da doutrina plo, Mnum ¡Rép., Questions d'etctl: Auenv-Ràurr-Ban-nu, Se ed., t. 9°. § 544 bis:
Jossurumn, Cours, 21 ed.. t. 1, |.'i':*..l;ÍIl5; Mózmvn, Rev. Trimesgrielfe de Droit Civil,
e da iurisprudencia argenti_nas__é__a consagrada nos principais 1929, p. 45; Pumxoi.-Rrrrs-r, Traitt élémentaire, t. I, n. 490 c segs. Outros não
;. _P€*Lͧ€5 €U1`0.P€U.$I__.flQ1lma que a sentença que decideiguestäo de
fazem distinção, e admitem que todas as sentenças nas questões de estado tem
eficácia a respeito de todos: assim, Goi.m-Gsrmmr, Cours élémentaire, t. I.
l.. cstado vale erga omnes. Seria redundante repetir aqui os argu- ii. 342; Szwnirrn, nota em D. P.. 1925, n. 1.201; PL^NioL-Rivnm-Smm-rrari, Traité pratique,
lili 1.. I, n. 40 e segs.
mentos decisivos que JOFRÉ e, ultimamente, Diaz na Guraâruio Hd- uma resenha completa da doutrina e da Jurisprudência francesas sobre o
1
expuseram com muita clareza em favor desta conclusão: 'são nssunto. em Dumrmrsco, L'auton't¿ de la chose juøéc ct ses aplicafions en mutière
d'c`mI des persounes, Paris. l935-
if argumentos obtidos nas fontes do antigo direito espanhol, que
= No direito alemão. a eficácia dos sentenças em matéria de matrimônio, Iiliação.
pƒitrlo poder, etc., o respeito de todos está expressamente estabelecida por dispo-
Í›
,›
.à sições especfals da ZPO (§§ 629, 643 e 97G\. A doutrina enumerou flirflplfi'-S-mfillf-B
' ñflíäo publicado na revista La Ley, t.. 16. Buenos Aires, 1939, secção doutriliària. esses casos viii-e as exceções À regra da não oponibilidade da coisa julgada aos
¡'- '¡9- ° '13 RW- F°"~'f|-if. VOL 32. ll- 272. na tradução do Dr. LUI: Antônio oz Annmior, terceiros: cfr. Rostnsaac, Lenrbuch das Deutschcn Zíviiprozessrechfs. 3* Bd-. D» 533;
que aqui se reproduz. z Gotuscnuwr, Ziuilproecssrecht, 21 ed., p. 211. -

857 - 1-1
198 Ennrco TUx.r.ro Llmwm Encácui E Arrronrnsni: no Smrrsuçs' 19'?

e o próprio Diaz nr: Guumno em a nota referida. A Eição da e a extinção de uma relação jurídica se produzam ipso iure, pela
djoutrina dorninante,_pa.re_ce_-_me__ pogco satisfatória e constitui verificação de determinadas circunstâncias de fato, e outras
guiçá o _yerdadeiro_,motiIo da in_qerteza_que .aínda_s_ubs_is_te na vezes quer que oq efeito só se produza. se o interessado o reclama
rnat,éria,_p_orcuie as exceçõesaaçoapaincipios_semprefestão_s11igtas c o juiz, se concorrem os extremos, o dispõe. Por isso, a escolha
à discussão e deixam aperta aberta à dúv,ida,¿r,iasmo quando entre um e outro regime da relação juridica depende em última
sejam justas e opprttuias como solução_¿z1;á.tíc.a_do4›roblema análise da importância que o legislador atribui aos fatos parti-
concreto. l culares: alguns agem diretamente ipso iure; outros, indireta-
1 Além disso, considera-se que o desvio indicado vale somente mente ope iudicis. Para compreende-lo, basta pensar nas causas
para' as sentenças constitutivas, ao passo que parece muito mais de nulidade do casamento: as absolutas serão simplesmente
ii,. duvidosa para as sentenças simplesmente declaratórias. * Porém declaradas pelo juiz (sentença declarativa), ao passo que as re-
'T¶
r109€*
-v\ r'\‹ _-I‹€- n_-¢ - .-“¬-

i* esta distinção é inaceitável. A autoridade da coisa julgada rege lativas lhe permitirão anular o casamento (sentença constituti- ‹

e protege todas as sentenças igualmente, sejam elas declarató- va) . Como se poderia -explicar que as duas sentenças tivessem
rias ou constitutivas. 5 Não se pode admitirque uma pessoa, a diversos limites subjetivos de eficácia?
respeito da qual se produz o efeito constitutivo da sentença, não Em conseqüência, o problema se amplia e sua solução re-
deva reconhecer também como eficaz a declaração de direito que sultará muito mais satisfatória se se puder demonstrar que con-

na 'mesma sentença justifica e legitima a mudança que o juiz siste, não já em desvio dos principios gerais, mas sim, pelo con-
._ ¬._ .:`'-Â;-._. ú-Ê.

introduz na relação juridica controvertida. O pronunciamento trário, em aplicação deles, entendidos com exatidão.
çdec,la.ra_tiv_o_ e o conseqüente pronunciame-nt_q_ççonstituiivo de uma
3, zf‹,__doutrina__francesa pão §al›_e__explicar os casos nos quais
sentença estã_‹›_est1'itamen.te.ugadosentre si,_porque o primeiro
justifica o segundo e este não pode subsistir sem o apoio daquele: uma senteçnçça também vale para os ter¿çe_i_1;J_s ou p_ara_algun_§_
ambos têm eflcácia_nos__nl_e_s;_n_o_s limites e em.rel s terceiros, senao recorrando _a ficçao, de uma _rep1'esentaç_ão,_qne_
Ertes. Porém, se as__sim.é,_ tampouco -se pode pensar que a sen- naíreaiidade não existe, adrniitindo além disso uma série de ex-
-=1»-
-v.wi-gfI.,-na.: «A-.» u-v.
tença tenha força diversa qaando seu conteúdo ez efeito sãoane- ceções à ,regra da relatividade__d_a coisa julgada, estabelecidas
ramente declarativos. A verdade _é que a diferença entre as sen- caso a ca§o_,_quan_do,n_ã.o era possivel solução diferente. Este é
um procedimento eminentemente empírico, desprovido de pre-
_ _,__ tenças declarativas e constitutivas não é tão profunda comoz
'*EIII
cisão cientifica, e apresenta, entre outros, o inconveniente de
consid_eÍa;por exemplo, quem afirma que eata última .contém 'G_\-'5 -Â

deixar a determinação destas exceções ao arbítrio individual


ume-ID.fldmifliStrflfiv0.; ° amiâeãiêmfëar.á:tês-iuri-adicional efió se dos autores. Cada caso particular se presta para ser mais ou
distingparfaliorque uma se limita a declarar_u_ma_ situação jp-
menos discutido.
rídica preexistentejeaoaara a declara e,_além disso, a iaqdifica, A doutrina alemã não tem procedido de maneira muito
A diferença entre os dois casos depende de uma apreciação do diversa.
L
legislador, que às vezes dispõe que o nascimento, a modificação A doutrina italiana, ao contrário, se tem esforçado em de-
senvolver os princípios gerais da matéria para compreender todos
' V., por exemplo, nota 2.
4
" Cfr. Luzasum, E/Iicacia cd auioritd della seurenza, Milão, 1935. p. 13 (neste
os casos possíveis em uma explicação harmônica.
V0l\1!1'N!. p. 20). No mesmo sentido também a citada nota de Blnuom, com argu- O ponto de partida desta construção foi uma aguda obser-
mentação muito convincente.
vaçao do eminente processualista alemao Wscn, que escreveu
' Esta afirmação é corrente na doutrina francesa citada na nota 2. V. também
Csuusuonrr, Studi .sul processo clvile, t. I, p. 250. que f'q_uando uma *sentença tiver sido pronunciada entreos
ü .

198 A Eumco Turno Liss:-um Eficácia E AUTORIDADE na Smrsnçt 199

contra-ditores legítimos, a coisafljulgada se produz entre a_s_partes, .exista incompatibilidade jurídica entre a.sua,posição e a decla-
enquanto ta1La. respeito de todosi. T . rada-pela sentença, não é verdadeiro prej,uí,zg,_e o terceiro deve
É singular a sorte que devia.corresponder a essa frase de s '- lo. Assim, .por exemplo, a sentença que declara, entre A
-ofre
Wacn, porque, depois de haver sido acol-hidano primeiro mo- e B, que uma coisa é propriedade. de A não pode impedir' ~a C,--
mento por alguns poucos au~tores,'=* logo foi unanimemente re- terceiro, de sustentar, ao contrário, que a coisa é sua; porém D,
pudiada por toda a doutrina. e jurisprudência germânicas, por- outro -terceiro, -credor de B,.se bem que prejudicado pela sentença,
quanto çoptradiziaiclaramente; regra doselimites_su,bj_e_t,iy_os_da que diminui o patrimônio de seu- devedor, devereconhecê-la e
coisa julgggi, consagrada no § 325 da- Ordenação Processual não pode evitar esse dano, porque a propriedade de A e _o crédito
Civil." -E, de fato, .ton1a_‹_:la_assim isoladamen-te,_a opinião de de 41) são plenamente compatíveis- entre si. 1' f. -
Wâcu era, dúvida errônea. Todos os autores posteriores seguiram Cmovsunà neste ca- OiUv-›a-n'-cnv*
l

u ziiofriëin Cfliovsuim a retomou e f-i__‹iese_nvolveu, eiçpondo um


1
minho, limitando-se a esclarecer alguns pontos ou aestudar suas
#1'”'“ ._í`°.:€:f§;_ ponto cl;e____yista_novo e fecundo. A regra, dos limites subje_t_iy.o_s,_ diversas aplicações. Assim, Scam se esforçou em definir melhor
diz,_não significa que a sentença -“só tenha eficácia entre as o caráter dos efeitos que pode ter a coise. julgada para com os
Vlfa
partes”:_pe1oigontrário, todosiestão obrigados a reconhec_ei_ia terceiros: tratar-se-ia de um fenômeno típico de N repercussao “' H
,
7f3:'"f 5ú«t/ztl a- coisa jpigada estabelecida entre as partes, enquanto taisimas os que entra na .categoria dos efeitos “reflexos” assinalados por
._1',eLc_BjLQS_n_ão ppdem ser "preju_iiÇados”.*° Para compreender Jmznmc,-'quando observou que os fatos jurídicos, como os fatos
este modo de colocar o problema, é_nÇ.<E¿$afio¬ter_um4¿1ai_p_çon- naturais, produzem, não só os efeitosdiretos, queridos pelo su-
-ceito de "prejuízo", Com ele não se alude a qualquer dano que jeito agente e conformes ao fin perseguido, mas também efeitos
l
a sentença possa causar ao terceiro; prejuízo, pelo contrário, é reflexos, secundários, acidentais.” Por outro lado, Bar-rr procu-
rou sistematizar e classificar todos os terceiros que suportam
só o “iuríoico", quer dizer o_ dano 'que sofreria o terceiro que se
afirmassel-ti_t11lar_de_um. direito iricompativel corri of declarado estes efeitos reflexos. 'i' De qualquer maneira, as linhas gerais -da
pela_sentença,_se estives_se_o_b_rigado a reconhecê-ia a seu respeitq; teoria são as fixadas por Cnrovamm e os resultados práticos
é evidente que nesse caso a coisa julgada desconheceriafseu di- subsisteín os mesmos. 1*
¡-
reito. Esse é prejuízo em sentido estrito e essa é a classe de pre-
=* Resta o perigo -do dolo das partes em prejuizo do terceiro: a lei italiana con-
juízo que a regra dos limites subjetivos da coisa julgada faz cede ncste cas-o a oposição do terceiro, do art. 512 do Cód. de Proc. Clvll. que no
=*rvø&
I*
impossível. ` fundo è uma -especie de ação paullana em forma de recurso. A mesmo função In-ln»isa
( deveria ter a ação prevista pelo art. 302 do Projeto de Cod. Civil argentino.
' Pelo contrário, o simplesidaino “de fato",__prático, econômi- H Op. e loc. cits. O famoso estudo, de Jummc, sobre os "efeitos reflexos dos

i
copque o tereeirg,_possa_sof_1'er p_o_r_e_feito da sentença, sem z que fetos jurídicos em face de tercciros", encontra-se em Gesammeite Au/satze, 1882.

......__._í_í
p. U5 B segs.
z H Op. e loc. clts.
| 1' Wncu, Zur Lchre von der Rechtskraƒt, 1899, p. 78.
H' Deve-se fazer menção à parte de CAmu:Lu-rn: aceitou a. teoria dos efeitos re-
' Especialmente. Mmnussouu-Baarxotov, Grenzen -der flechtskraƒí. 1900.11!!-Ssím.
li }I o p. 509. , _ . _
flexos _ da coisa zjnišsda Ém sua expressão mais ampla*. sem asíl_lrr1i_‹açõcs estabe'cci-
.
.das pelos autores ucfrña '‹'r'eÍeriÉ'oí*é”fch'€áõír*Á tíflrmar, em suma, a opouffiffiíiaãe
Ii " Hz:u.w¡c, System des d. Zivilprozessrechts, IBI2, t. I, p. 802: Roszussec, op. cit., oiço omnes da sentença em todosíñšíííašos"'{§Í¶'ãí7!í"2|írítíúlíñaãššuíile, IÍÍÉÉÉÍ'
D- 532. e antes de todos. Plscxitn. Jherínga Jahrbucher, t.. 40, 1899, p. 151. p. 431 e šzšf*í¢z¡‹›]í"Í:TãRÉÍifieeâzzzúrz, Iv, n. sm; sízwrzzz az: .oirmo rm-
.
l *-

Príucípii di dirilto processuaíe eiutle, 31* ed., p. 921; Isiítuzioni, If p. 377.
Cir. Rsuiturl. Giudízío ciulle con. pluralitd di parti, 1911, p. 142, e Proƒili pratici
eessimle Civile, I, 1936, p. 291. De acordo; Aruonlo, La cosa giudícata rtrpctto aí
terzi, 1935, p. 43). Contra: Lnzaxum. op. clt., p. 86 e segs. (neste volume, p. 106).

del dírílfo proccssuale cívile, 2» ed.. 1939. p. 118; Szcru, hitcrvenlo m:lesíuo,_ 1919,
p. 113; Bin-n, Trattato dei iímiti sogocttíví della cosa. giudícata, lQ2l,`passim, e em Studi Senesi, 1922-1925, p. 251 dl Sepflffllfl. Corte da Cass. de 12 de maI'Ç° de 1937.
Dirítlo processuule ciulle ílattono, 1936, p. 603; RASELLI, ll conceito di situa, etc.. Massimcrío Foro Italiano, 1937, p. 161.
200 Ezuuco Turno mesma Errcilcul E Auronmms na siznnzuçzl 201

A aplicação desses conceitos às questões de estado- é muito "n_atura1", obrigatória¿e_ imperativa,íque deriva sirnplesmente-de
simples e plenamente satisfatória: 'jA sentença que se pronun- sua natureza de flw de flU°°!í<1§<1¢z..9€.§§9.£10 Eëfiadflz .fnëëâqflze
ito§_do estado_j_u_rídico questionado, quer dizer, está,_destinada ga desaparecenqugandoçse_demç¿nstra que asen-
eptre os 'legítiznosg contradítores (por exemplo, entre pai e filho, tença é injusta: a coisa julgada reforça essa eficácia porque
a_§enten‹,-La de qualidade de filho; entre cônjuge_s,_ a sentença toma impossível ou inoperante a demonstração da injustiça da
“sobre a existência do casamento)_, faz com que todos devam re- ‹
sentença; ¿f\ eficácia natural da sentençgam_atua_ com relação ea
ponhecer eo estado. de filho, o matrimônio,_ etc.,_declarados'_gg,_ t0d0S;_P9Iz9141>P°_1ad°z_?~_¢°Í$a iulãfida SÓ V3‹1Ê,.ÊPUÍ¢-,3S Par-tes»
,sentençai.*ÍssoinãÍo*ZêÍÍnais do que a aplicação da regra geral, e
não um caso excepcional de coisa julgada erga omnes. Porém a i pelo_que estagsgsuportam a sentença sem remedio, ao gpassogque
sentença não afetará a qualquer outrojegitimus contradictor:
não impgdira_que terçeirq afirme,_por -exemplo, cônjuge de
uma das partesƒf H
1 Qs_.ftp¿ç_e_i_1_'ç¿s podem destrui-La,"demonstrando sua injustiça.
Porém, nem todos os terceiros estão habilitados a fazê-lo e sim
somente aqueles que têm interesse jurídico legítimo em tal sen-
enZi
:vt« |.›n-me -QI

I
tido: não, por exemplo, os credores do condenado, que têm sim-
ples interesse de fato, nem os sucessores a título universal-olu
4. Não posso calar a minha dissidência com' essa doutrina, particular. Tampouco os terceiros, em face de sentença que
não obstante a sua autoridade. As razões já foram expostas em decide questão de estado entre os contraditores legítimos, porque
outra oportunidade. 1° ` a natureza personaiíssima e indivisível dessas relações näoper-
Do ponto de vista prático, não satisfazem suas aplicações mitfíe reconhecer aos terceiros um interesse protegido pelo direito
nos -casos de relações jurídicas conexas ou dependentes, nos quais paradiscutir e 'intervir em um debate sobre elas. 1” Assim se
parecem inexatas, tanto a solução de 'submeter o terceiro à. coisa chega por outro caminho à mesma conclusão em matéria de
julgada criada sem sua presença, como a de lhe permitir ignorar ‹ questões de estado. Em outros casos, pelo contrário, os resulta-
totalmente a sentença proferida. O que realmente sucede nestes dos são muito diferentes.
casos é que a sentepça sobre o vinculo conexo tem eficácia tam- Não é sem interesse assinalar que uma solução geral prati-
bém em relação ao terceiro, m_as uma _eficácia_at_e_n_uad_a, 'que camente idêntica foi defendida recentemente no direito francês,
'-l_~'-. _.--¬- --.-_-._'._
pode_ser de_sAt._r11í;l_a:p¿e_l;a_d‹-;rri__c›;1)stração de que a sentençagestá se bem que com método e demonstração absolutamente diversos:
agrada e que, em realidade, a__relação julgada era ~dive_r_s.a`_da segundo essa opinião, a sentença deveria ter o valor de presun-
.-.ii -
-ção: absoluta entre as partes e de presunção relativa para os silnha

Chega-se a esse resultado partindo de um conceito de coisa terceiros. 1°, í


julgada diferente do dominante; “ a coisa julgada nã_o_§,o_efeito Seria inútil repetir agora os argumentos expostos anterior-
ou um dos efeitos da s§ntçn;¿a:,Íe__sim _urna_ qualidade, urrgi qga- \ mente contra esta proposição: caráter fictício da presunção da
yficação particular ‹Le_tais?gf_q_ito_s_,..isto é, sua irnutabilidade. In- verdade, sua insuficiência para explicar a. autoridade da coisa
dflrefldâfltâmenfe da coisa.i¿11sê.<1a._a§@.11tsn¢fltem sua eficácia j_ulga¿la, erro de querer reduzir a manifestação máxima da efi-
cácia da sentença ao campo restrito e limitado das provas dos
U Culovlzum, Principií, p. 922!, e Istítuzioní, I, n. 379; R:.s=I.u, op. clt.; B_›r.1-ri,
Dirilto processuais, clt. p. 624 em nom; Corte de Cass. de 10 de maio de 1923. fatos, fetc. Acrescendo somente que a insuficiência do conceito
.-_.-. ._- . . R em Repertorío Foro Italiano, 1933, vol. Casa gíudleqzq, no 16, de presunção se faz mais que evidente com referência às senten-
" Op. clt.. p. 60 o sega. (neste volume, p. 34). I

" Essa tese foi exposta no livro citado, Eƒltcacia ed autorlta della sentanza, e ll Op. clt.. p. 120 (neste volume. p. X46).
depois na Riu. di Dir. Proc. Ciuile, l936, I, p. 231 (nente volume, p. 170 Q sega).
1' Dunurarsco, op. clt., p. 353 _e segs.
\

' z
. E1-'xciicux E Aurolunanr os Snunuçz 203
202 Emuco Turno -Lu-:Bwin '
principal _.e com eficácia plena, devem «estar em juízo aqueles
ças constitutivas, cujo efeito consiste em modificar a relaçao que têm título -legítimo para discutir em juízo .esse determinado
jurídica~controvertidà›.:` evidentemente, a indiscutibilidade e imu- vínculo. A soluçao só é diferente quando é ele -discutido, nao
tabilidade desse efeito\não podem ser explicadas 'recorrendo-se como objeto principal do. juizo, mas sim como antecedente ló-
à -figura da presunção. Porem, tudo isso ultrapassa o tem_a do -gico-de outro víncuio; não resta dúvida, porém, de que neste Í
Í estudo. Basta haver assinalado outra tentativa, embora debil- caso a decisão sobre_e1e não adquire autoridade de coisa jul-
É
i mente realizada, de chegar a resultados análogos aos expostos: gada.” A ` _ _ f
+ sinal evidente de que correspondem a reais exigências práticas
É c de eqüidade. V
t .
'
-.-. _.-
5. Poucas observaçoes maisgpara terminar. Como vimos, _ê¿
guase unanimidade 'dos-autores-ue da jurisprudência -considera r
l
que as sentenças nas questões de estad_otê_rn_eficácia ergazonmes. 1

Motivos práticos mais sérios fazem necessária essa regra, porque 1

a razão de ser do conceito de status' tem sua raiz precisamente


jl
na necessidade de que certas situações fundamentais das pessoas,
importantes para uma série indefinida derelações jurídicas, apa-
ll
reçam de rnodo fixo e uniforme para todos. Por outro lado, __£¿
importante ‹recor‹_:lar que_os processos nessa matéria são regidos
por noiƒrnasieszpeciais, que Qrnitam o ppincípio dispositivo e atri-
buei_n__ao,_juizñmaior7 autoridade inquisitória na averiguação da
verdade. '-"'
A rapidíssima resenha feita assinalou que as correntes mais
avançadas da doutrina outorgam a essa regra uma sol.idez par-
ticular, porque lhe indicam o seu posto natural em uma visão de
conjunto, lógica e coerente, do difícil problema dos limites sub-
jetivos da coisa julgada. _
Qi5
¬-`ez:;'H_¬5;-a',};p"`.¡'âi.z-›.z `¬A-»._~ Enfim, também nada há de_ excepcional -na exigência de
.
¡ que a sentença se pronuncie entre os “legítimos contraditores".
-: Foi enunciada pelo grande BAR'roLo, quando afirmou decidida~
mente pela primeira vez que' “sententia lata in causa ƒiliatimzis
wmmew inter patrem et ƒilium ƒidem ƒacit quoad omnes”,=l que logo foi
amplamente desenvolvida pela doutrina francesa. Porém, é' sim-
plesmente normal que, para Qualquer pronunciamento por via

*' Cmovsnna, Prlncipil, p. 735; .C.u.¡iuA:~:nazz, Lince /ofldamentali de! processo ' *_ Cluovnuns, op. cit., p. 917.
'~n1-?:-.- círile íuquisitofio, em Studi in onorc di G. Chíovcnda, 1921. .
=1 Glosa la D. K25, 3, 1, 9 is. ' ' ` 1

IL
Lv

f r
Eficácia 1: Auroaxmnz na SENTENÇA ` 205

obstáculo a- malograda tentativa levada a 'efeito anteriormente


por terceiros. De outro modo, seria fácil tomar impossivel-, de i
antemão, todo pedido-de -nulidade de um reconhecimento z-falso,
com o simples fato`de qualquer terceiro ajuizar uma açãode 1 1
_.- i. '=.|1mw| 1'ân:m.
I

P nuilldade, não produzir provase obter assim uma sentença que


.nnvrrrss À corsa' .mnczum nas Qunsfrons julgarla improcedente a ação, consolidaria e faria indestrutivel
É DE ESTADO * o falso reconhecimento. , , - .
i
.

Não obstante, um exame cuidadoso demonstra que nãohá I

5
contradição alguma entre a citada regra e a opinião negativa
r Por ocasião do artigo sobre Á coisa julgadanas questões de no caso especial considerado. - _ -. «.
estado, que publiquei na -revista La Ley, vol. 16, secção doutri- Com efeito, essa -regra -não é tão simples como se costuma ‹
9
nária, p. 49, recebi algumas consultas, entre as quais uma, de formulargeralmente, e está sujeita a algumas distinções e limi-
.interesse pouco comum, formula um caso que me oferece a opor- tl tações que vale a pena ter em conta. Como procurei demonstrar
tunidade de ampliar e completar as conclusões daquele artigo. l no citado artigo, a validade erga.o1nnes.da coisa julgada, nas ;.l _z -¿.,z«\.
questões de estado, não é uma exceção à relatividade da coisa

. Um caso interessante julgada, mas sim uma aplicação, a natureza especial dessas . li
i
questões, dos princípios gerais 'que regem toda a matéria. Tra- i

1i O caso -é o seguinte: duas pessoas foram reconhecidas, em ta-se, pois, em primeiro lugar, de estabelecer com todo o cuidado
l

l escritura pública, como filhas naturais, porurna pessoa que de- os princípios gerais; deles surgirão, juntamente com a regra
pois morreu. Os irmãos do falecido propõem contra ambas, con- mencionada, também suas limitações. ' -
juntamente, ação de nulidade do reconhecimento, aduzindo ser
falsa a paternidade, mas os autores nada provam e a demanda Princípio geral
dêscnçoš
Caso é repelida. Uma das irmãs descobre, posteriormente, que az outra,
realmente, não é filha de seu pai e propõe contra ela ação de ' Para encarar bem o problema dos limites subjetivos da coisa
,nulidade do reconhecimento. Aquela alega então a existência julgada, devem ser distinguidas diferentes categorias de tercei-
da coisa julgada. É fundada esta exceção? ros, segundo o seu maior ou menor interesse em face da sentença.
. _ Assim formulado o problema, parece submeter muito dura- Figuremos, para começar, dois exemplos: a sentença que decide
mente a prova a regra geralmente aceita, segundo-a qual a coisa uma questão de propriedade entre fulano -e beltrano não pode
julgada, nas questões de estado, vale erga omnes. ' Com efeito, impedir a terceiro de afirmar-se, por seu turno, proprietário do
Íízií.-,s.-›-. T-nz7
v;
l:
é indubitável que, à primeira vista, o bom senso sugere, no caso 'r mesmo bem, pois, de -outro modo; ver-se-ia despojado de seu di-
jl
i exposto, a resposta negativa, -pois entre as duas irmãs nunca reito por uma sentença pronunciada entre outros; ao contrário,
foi discutida essa filiação e a isso não pode representar um 0 terceiro, credor de quem foi vencidonessa demanda, fica pre-
judicado pela sentença que diminui o patrimônio do seu devedor,

il
V' Artigo publicado na revista La 'Lcy. t. l9. secção doutrinária. 11., 1, Buenos
Aires; 1910. _ _ .
porém a sentença lhe é oponível e não pode ele evitar esse pre-
* Podem ver-se amplas referencias da doutrina e jurisprudência argentina e eu- juízo, pois seu direi-to dc crédito não é afetado, em sua existência,
ropéia. no artigo citado, na revista Lo Ley, t. 15, secção doutrinária, p. 49 e segs. .pela coisa julgada, embora os bens, que formam- sua garantia ---._-.,._»-»._-~.i-_‹_. 4.,¬-_
É (-neste volume, p. 194).
tivessem ficado reduzidos. -

206 Emuco Touro Llzauuv Eficácia E AUTORIDADE DA S£z‹TENç,\ 20?

Como se explica a diferença de posição do terceiro em face do terceiro o prejuízo prático e não o jurídico? Ademais, .a .men-
da sentença, nesses dois casos? Uma parte da doutrina respon- cionada distinção não exaure todos os casos que se apresentam
de que, no segundo caso, o. terceiro está submetido à coisa jul- na realidade: o caso formulado no começo deste artigo, por
gada, porque os-credores estão representados «no processo, por exemplo, fica sem solução.
seu devedor. Entretanto, a explicação, que em tempos passados Devemos, pois, tratar de aprofundar um pouco a análise dos
foi amplamente aceita, nao resiste à crítica. Com efeito, tal re-' fatos e, para isso, comparar o interesse que defenderam as partes
presentaçao, na verdade, nao existe: nao é convencional, porque no p1'o_cesso com o interesse do terceiro em face do objeto do
_»¬¡,m.|-. não há. mandato; nem legal, por falta de texto de lei correspon- mesmo processo. Apenas é necessário esclarecer que nos referi-
dente. Se existisse efetivamente, significaria que todos os cre- mos aqui, não ao interesse concreto, individual, que cada pessoa
4›-‹w.¡›,n_v›o‹n›-4,A..w
dores, conhecidose desconhecidos, obram como partes no pro- pode apreciar subjetivamente de maneira distinta, mas ao in-
z
cesso de seu devedor: artifício absurdo, que a realidade desmente teresse abstrato, objetivamente considerado, conforme resulta
de maneira peremptória. O erro em que incorre a teoria surge da natureza das relações jurídicas existentes entre as várias
com toda a clareza,
_ se se adverte que nã0 é a re P resenta Ç_a_q_o pessoas.
que torna_a coisa 'Jangada oponivel a terceiro, senão que, ag, Ora bem: no primeiro exemplo, partes e terceiro represen-
pontrário, se invoca uma igpresentação puramente fictícia nqs tam interesses de qualidade idêntica, porque todos pretendem
casos em que o senso comum e a eqüidade exigem que o terceiro defender a existência de seu direito próprio. Cada um deles se
nao possadesconhecer a coisa_julgada. e _ afirma titular do direito de propriedade sobre a coisa, negando,
-~e_;.e:¬*;_ 1;'-zrâflz O erro lógico dessa teoria repercute, como é natural, na de conseguinte, o dos outros. A igualdade osinteresses dos
aplicação prática, onde resulta evidente a sua ineficácia, pois, outros exige, pois, que se confira igual oportunidade de defesa
em face de um caso duvidoso, .não nos proporciona nenhum cri- a cada um dos seus titulares; essa igual oportunidade seria,
tério para estabelecer se a coisa julgada é oponivel a terceiros. porém, evidentemente afastada, se se obrigasse o terceiro a re-
Ao contrário, é exata a observação de que o prejuízo que sofreria -conhecer a coisa julgada, que, em sua ausência, proclamou- pro-
`i
z
o terceiro, se tivesse que reconhecer a coisa julgada, é nos dois prietária uma das partes. Fica, assim, explicado porque uma
casos de natureza distinta; no primeiro caso, o terceiro sofreria sentença que resolve controvérsia de propriedade entre fulano e
umprejuízo juridico, enquanto que, no segundo caso, o prejuizo belt-nano não pode impedir ao terceiro de afirmar-se proprietário
é simplesmente econômico; pois, no primeiro, a coisa julgada do mesmo bem.
significaria para ele a negação de seu direito de propriedade, Muito diversa é a situação no segundo exemplo. O terceiro,
4-.._SL
rn-ÇÍ.
enquanto que, no segundo, a existência de seu direito não fica @credor de um dos litigantes, é seguramente interessado no resul-
afetada, apesar do dano conseqüente à. diminuição do patrimô- tado do processo, do -qual pode derivar o aumento ou diminuição
nio de seu devedorfi Lobrigamos aqui, sem dúvida alguma, a do patrimônio do seu devedor, que é a garantia da satisfação
verdadeira substância do fenômeno que estamos considerando. { do seu credito. Esse interesse, porém, é simplesmente indireto
Não obstante, tampouco esta observação nos satisfaz totalmente, e carece em absoluto de autonomia, pois só como conseqüência
porque deixa, todavia, por explicar a justificação das conseqüên- inediata, de "fato", da sorte que vai ter o interesse defendido
4 cias que dela se querem derivar. Por que se deve admitir a cargo pela parte no processo, pode vir a ser atingido; sendo de qual-
1
1 quer modo um interesse de puro conteúdo econômico, porque a
' Cmornzm, l'sti:u::'o::i di Dirizto Processual: Civflc; t. I, p. 319 (trad. port.,
vol. I, p. 512).
propria derrota de seu devedor não afetaria a existência de seu

b 0«.ss\s\Í"›z*‹~‹.l\<,.\¡s <>\s '-`°-°~'~H›'~›› ° “`\U"


208 E-Narco Tu1.i.ro Lrssmúu Errcácm 1-: Aurosrmme os SENTENÇA 209

direito de crédito, senão, no máximo, a possibilidade de sua sa- com interesse de igual hierarquia ams das partes podem defen-
tisfação efetiva. Não se deve crer que a ordem juridica negue ,E0 rn ple_na autonopiíg
_ r r sen¿_e;_1_cont¿a¿'_o@tãgulo_
_ H . na coisa,
toda forma de proteção a esse interesse do credor, pelo menos j_ulga›da._ Ag cpntrá.rio,¿:s_qge têm interesse de grau inferior fi_-
em casos especiais, como podem ser o de inatividade (ação sub- cam sujgit_o_§__jà.__s_entença e_ devem suportar o¬prejuiz9 que esta
-rogatória) ou de fraude (ação pauliana e ação revogatória da _lhes_a_car1'eta.
coisa julgada).f*-" Todavia, é compreensível que seja desde logo
uma proteção menos intensa e completa, que fica normalmente Aplicação às questões de estado
paralisada, por exemplo, em face da coisa julgada. _
Apliquemos agora estes conceitos às questões de estado.. Elas
Ocorre, com efeito, considerar queias relações jurídicas exis- se caracterizam pelo fato de serem únicas .e indivisiveis e por
tentes entre as várias pessoas não vivem isoladas na sociedade; àäbãíh

pelo contrário “subordinam-se" em grau diferente, com um vín-


exercerem sua influência sobre uma série de relações jurídicas s
culo mais ou menos estreito, umas as outras, e a sorte que é
dependentes e sobre um número indeterminado de pessoas. To-
davia, é claro que toda demanda interessa e toca em primeiro
i
reservada a cada uma delas alcança, em suas iniludíveis conse- lugar aos sujeitos da relação ou do status controvertido; serão
qüências, os interesses de muitas pessoas, além de seus titulares. eles os legítimos contendores primários. Tais são, em uma ques-
Não obstante, uma necessidade de ordem e segurança na vida tão de filiação, o pai e o filho. A primazia de seu interesse é tão
social, que ficaria seriamente perturbado. pelo jogo desordenado evidente que não se admitem disputas de terceiro sobre o estado
e anárquico desses inúmeros interesses, exige alguma forma de de filho, depois 'que for proferida a sentença em uma ação entre
disciplina na distribuição dos meios de defesa outorgados pelo pai e filho. Nesse caso se diz, e com razão, que a coisa julgada
direito. Pelo que concerne ao nosso tema, essa disciplina se con- vale erga omnes; pois ficaria excetuado somente aquele terceiro
cretiza na organização de certa hierarquia dos interesses distin- que -defendesse interesse equivalente ao da p11-te, caso que é, sem
tos que podem ser atingidos, reconhecendo aos principais inte- dúvida, possível, porém assaz difícil de verificar; por exemplo: .__. w. ._. . -

ressados a faculdade de agir em -juizo, em defesa dos interesses uma sentença declaratória de filiação entre o fiiho e o suposto ll

| concretos em litígio, como os que podem fazê-lo melhor que qual- É


Í pai não poderia impedir terceiro de afirmar, por sua vez, ser pai :1
queiáoutno; essa faculdade é o que a doutrina processual deno- do mesmo filho.- V A i.
mina-“legitimação"; os outros sujeitos, interessados em grau
Mas se o pai morreu, haverá, entre os terceiros, alguns cujo J

i
inferior, não podem mais do que aceitar a sentença pronunciada
interessena mesma questão será, todavia, maior que o de todos
entre os principais interessados.
os outros: tal será o caso dos parentes próximos, os membros I

nt._. _- .- Não é este o lugar para fazer o exame detido de todas as do núcleo familia-r. Serão eles, pois, legítimos contendores se-
posições que a realidade apresenta; mas, do que ante-cede, cundários; em face dos contendores primários, atrás menciona-
Ê pode-se, desde já, deduzirlos seguintes princípios: os terceiros dos, seu interesse e, em conseqüência, sua posição ficam neces-
;|
`í sariamente pospostos; em face de qualquer outro terceiro, porém, ¬.›-v.z-.H¬-
= Para n sua admissibilidade, ainda na mim de texto expresso de lei, V. Corrrunz,
na 'revista Lo Ley. rt. 16. secção doutrinária, p. 104. são eles que levam vantagem, excluindo-os de toda ingerência 1

r
indiscreta. Se considerarmos agora a relação que se forma entre 1
. ADITAMENTO osmesmos .legítimos contendores secundários, evidencia-seque
e `Cfr. acima, neste voiumaé. 146, nota hi) sobre a admissibilidade
ela se caracteriza por uma legitimação do mesmo grau. Cada
de remédio semelhante no direito rasileiro. um deles tem igualmente o direito de disputar sobre a questão;
3.10 Eusico TUu.1o Lissmlm
Errcácul E Aoronrmns na Srumuçn 211
de conseguinte, aplicando~se o princípio estabelecido anteriräz
mente, vemos que nenhum deles P0de Pf`e]ud1°af› °°m_ S_ua_a l' que uma das duas irmãs pode inipugnag o rec_Qnhe_cim_ento____d_ai
vidade a posição dos outros, nem impedir-lhes o exercicio livre,
I
É Ora bem. Poderia admitir-se que o direito, que lhe per-
sem-obstáculos, de seu direito. _ tence e' do qual pode fazer uso quando e como lhe convier, fique
No caso_p_articu_l_a_r da filiacã0.z_Í`›9dQ$ 05 Pafeíltzfis lntemssadoí prejudicado porque outro parente legitimado em grau igual a
l precedeu na mesma tentativa e não obteve êxito? Poderia dei-
a;como._nula,._cDQjUflÍ3 011 Sêpaffidaflëilltfb 9 .cabe
reconhecer _aÍ_cada_um deles uma ação de nulidade lguahnente xar-se um problema tão delicado como o do estado de filiação
l
_-1 egi tinjra _c_,nenhum _p;‹)_g1_ç>,,_,1;ÇL9__exerc,íQi0_ d_e$flf9.1LtU11íd_°z°11~ta13'-E-Z exposto a semelhantes azares? A
nzudulenw âesua própria acao, desppiflr OS QHHOS Cla que llleë
corresponde. _ ' Conclusão

Daí resulta, pois, que a sentença pronunciada entre o_s le- As investigações precedentes permitem afirmar que a coisa
l gítimos
. . contendoreS P1`Ímá1`Í°5
~ 4 - 9 OPOUWÊÍ' “ga Omnesi' 'Porqãea julgada, em questões de estado,_va1e ergggmneí, com a única
ninguem tem na questao direito compfifavel ÊO dos SHJÊÚUS exceção da_quele§,;terce_i;¬os_que_tenham interesse. e4__p_o__r conse-
relaçäo controvertida. Se a sentença, porém. f01 Pfonunclafla em guinte, iegitiznação darnesma naturezaeproximidade que a das
face de legítimo contendor secundário. 2- COÍSQ Íulgada 9 OPU- Qgrtes. _
nivel, a todos os terceiros, exceto aos outros legítimos contendores A possibilidade de existir um terceiro em tal posição de-
secundários, porque estes têm, em compal'flÇã0 00m quem fm pende, pois, do interesse que tinhamias partes na questão que foi
parte no processo, interesse e direito i8'Ua15- objeto do processo; se a sentença foi pronunciada entre os prin-
cipais interessados, que são os titulares da relação jurídica ou
Cagos de legitimação concorrente

do status controvertida (6 que denominamos legítimos conten-
dores primários), a coisa julgada valerá praticamente erga
s.‹âner›_‹›_@stz‹1‹› de fimo único eq ânçivisiyelrse um dos legíti- omnes, ficando excetuado somente o terceiro que se afirmar ti-
mos contendores secundári0S_19ã1`5‹ ÍmPUE"á'1° VÍt_QÊ`¡°Sa¡Ê9nÊe=
tular da mesma relação ou status, em lugar daquele que foi
alc,an,ça__uh1_reSH1.l>fld0 Que Será» _<_1f=!Í__P°f d¡a`“t°› "á'1id° para mgozs' parte -(o que é, como observamos, possibilidade de todo excepcio-
mas, se sua ação é repglida, não poderá ser obstáculqao livre
nal) _ Entretanto, se a sentença foi pronunciada em face de um
exercicio da demarL<1LdQS__0l~1Ê£0$- É› POÍS- um Caso de “ça” 00"' interessado menos próximo, aumenta evidentemente 0 número
correntes, ações pertencentes a sujeitos distintos, tendentes todas
.a um mesmo fim, cuja conexão recíproca se manifesta no fato as obrigações solidárias e corrcsis, o objetivo ipluralidsde de açoas pertencentes Ã
mesmo pessoa, tendentes todos a um único tim), em bem conhecida no direito
de que a vitória de uma delas extingue as outras, por ficarem romano. Seu efeito característico era' que não podiam obter satis!sç5o` cumulativa,
sem Objeto, ao passo que a rejeição de uma deixa subsistir m- pois que, satisfeita uma delas. se extlng\.|inm_ as outras. Na época clássica. 0 efeito
consumnlivo da luís conteatatío manifestava-se com uma intensidade. que só o
mctás as fiemaigfi 0 caso pratico que ocasionou este ,estudo exercicio de uma acao em suficiente para extinguir as outras. qualquer que fosse
apresenta uma situação semelhante. Nenhuma dúvida exlste de seu êxito (Quotas conéurrunt piure: actíones, eiusdem rei nominc, una qui; zzpg-
riri debet, Uu-uno, 43. ã lv: Dig., 50. 17). Jvsnruaxo susvizou esse rigor excessivo.
ÇÍ.;
SI.
.' ._Í'_§..1.ÍÉ.; .Êi: .T.
admitindo que tal :mim devia produzir-se tão-somente no caso de exercicio vito-
' V. Cmorsuos. OP- clt.. D- 334 (T-ÍBIL. V0|- 1. P- 505)- 9 d° aum' dest” lxíhãf rioso cie uma das ações, e é nesta forma .que sobrevive no direito moderno. Para
um estudo Azloni concorrcfm.. publicado em Milão em 1934. B 8 D0?-5 _P'4f° I 1
n doutrina mruanfstica, podem ver-so as fundamentais investigações de Ausmmni,
i‹-.gitlímoii nIi'impugna:.ione di un unico atto. em Riu. di Dir. Proc. Cimie. 1937. 11- Concorra delle oziofli, em Opera Giurídíche, Roma, IBQB; Ascou, em Studi e do-
31 (neste volume ps 217 e 229 respectivamente). A fl8\l1'“ 5° °°“c“¡`5° d° 89°" cumcnti di :torta c díritto, lB90. p. 12i; Eisnt, em Archin für Civ:`Iist¡:he_Praz|':,
' ' . ' _ › - ai
em sun dupla forma de concurso sul?.|EUV0. QUE 9 0 Illldldo no texto (e comprcen E la. 17 e 79; LD/Y. Konfcurs der Jlctíonen und Penonen. Por último, eeumo em
WINGII, luiiuziom' di proccdura civil: romana (Lrad. ltsl.], p. 180.
Ê
i
1
Errcácm E Auroiumms na S1:N'1'z:Nç¿ 213
2l2- Emuco Tutuo Lutsiuzm U
zten@__proferida lhe é_oponíve1; ao pontrário, quandqduas pes-
dos terceiros possiveis titulares de interesse equivalente re, por- soas se -colocam como res, com pedidos similargskpqorém distin-
tanto, não submetidos à. coisa julgada: tais serão todos .os que lssgemessøaisdsubsiâtç dentrondarunidade pummente_fo1m~a1+go
puderem afirmar-se, em comparação com quem foi parte no p_1;gc_e_s_sp_a_aut_o_no1nia daëíações respectivas, as res _fi_cam reci-
processo, legítimos-contendores, em -grau de hierarquia, iguais. procamente tercejraseiestranhas à. ação_e_ à. decisão relativa ao
No caso prático, mencionado' no início deste artigo, a sentença, seu litisconsorte. - l ` l Z z
pronunciada em face 'de um irmão do suposto pai; rcpelindo o No caso -que estamos considerando, as duas irmãs foram
pedido de nulidade do reconhecimento da paternidade, -não pode chamadas a defender-se, cada uma por sua conta, da impugna-
,impedir que uma irmã da suposta filha impugne, .por sua vez, ção dirigida contra -sua própria posição de filha; nenhuma das
o mesmo reconhecimento. e ' i duas 'estava' interessada 'nó que podia acontecer relativamente ›‹~--..øI_.-øI .Aáf‹¢\›

à outra; os próprios autores nunca 'pensaram em torná.-las re-


Sobre coisa iulgada eriire litisconsortes p ciprocamen-tc partícipes das decisões a serem pronunciadas, as
quais poderiam ter sido diferentes para cada uma de1as.'A ver-
c Esta conclusao*parece complicar-se levemente, no caso men- ._-›._4-L dade é que lá a defesadas duas irmãs foi de fato solidária; agora,
cionado, por haver a. autora estado presente no processo anterior. em novo processo, são elas que se enfrentam e combatem. Esta
Todavia, é decisivo a respeito o fato de que, naquela oportuni- é uma.situaçã.o inteiramente nova, que deve ser examinada com
dade. ela nã¿o contestou a demanda senão que defendeu, tal absoluta liberdade de juízo e sem obstáculos prévios.
como nesta, sua própria qualidade de filha, em oposição à de-
manda de desconhecimento proposta pelos irmãos do pai. Na-
quele processo, -cada uma. das duas irmãs defendeu sua posição
pessoal; as atuações respectivas foram paralelas e não contra-
ditórias e, de conseguinte, não houve, na realidade, nem processo
nem decisão entre elas. E uma situação que a doutrina mais
autorizada-estudou det-idarnente, afirmando que, entre litiscon-
sortes, não há. coisajulgada sobre _,as_questões decididas entre
-cadaum, deles e o adversário. ° Diz-se, no entanto, que na prá-
tica se procura limitar a relatividade das sentenças declaratórias
de estado por meio da citaçao, no processo, de todos aqueles a
quem podem prejudicar; e se acrescenta que a presença da au-
tora, no processo anterior equivale, quando menos, a aludida
cit-açao. Mas essa afirmaçao nao se pode aceitar. A presença
da autora naquele processo, na qualidade de ré, 11% é, nem o
mesmo, nem algo mais que sua presença como citada: é sim-
plesrnente algo distinto, que tem conseqüências diferentes.
-_ O_ terceiro, citado no processo,pssisteao debate entre as
parteskformula - se assinifideseja -- suas observaçoes e ao sen-
íííí;

ë Cmovnuu, Priflcipli dl dirítto processual: ciuile, 34 e 4» cds., p. 1.093.


.Errcicm E Atrmalmus os S1=:N-rrzuçs ' 215

l
que escreveu monografia sobre o assunto,-afirmava que para que
-coisa julgada e eficácia da sentença se equivalessem, seria ne-
NOTAS cessário que o ordenamento determinasse a presença no feito
não apenas dos interessados diretos, como também dos interes- *-_.
A coisa JULGADÁ NA-s Qussrons os Esfrsno. sados secundários. 3
uivrrres A corsa JULGADA NAS QUESTÕES DE ESTADO -E foi isso mesmo que o novo código processual estabeleceu,
(Ada Pellegrini 'Grinoverl
-no art. 472, cuja segunda parte prescreve: "Nas causas relativas
ao estado de pessoa, .houverem sidQ_cí_ta¿i9s_no p¿'oce_ss_Q, em_
1 è Afastando a idéia de que a coisa julgada. I1‹'f_1S Qi-lestões
de estado, configuraria exceção à regra geral dalimitaçao sub- litisconsórcio rfecessário,j-todos os interessados. Ã-Ãfllltença prodig
poisa jíulgadaverrirelañçao a terceiros." *
jetiva às partes, Llssiy/:AN afirma a idéia simples e natural'de 75'
-' ¿r`~Täfll'

que nessa matéria o que ocorre e a mera aplicaçao dos prin- Entende-se, no cas_g,_por "interessado" o legítimo contradi- ,
cipios gerais, entendidos com exatidão. Abandonada a ficçao da tor, inclusive o secundário. E, exatamente na esteira de Lmsmim,
representação, assim c0m0 aS idéia-'i de CHÍOVENÊA sobre ° assmf flfímlfi-ser "CQndi¢ã°›_t5°LfiëBEi..Pafa qse e§t§§.r(lericsi.rQS) Seiflm

1
to, reafirma o Mestre que a sentença tem eficácia, obrigatona atingidos pela coisa julgada, jé_ que sejfm citados p_ara_a ação, i
e imperativa, erga omnes, podendo, porém, os terceiros juridi- e;n__l_iti_sconsórcio necessário, todos os interessadgs,§_ejam inte-.
ressados diretos ou juridicamente*interessados.c Aliás, ádvistçz
camente prejudicados demonstrar a injustiça da decisão, porque -ú .- f ' 77'*

para eles não há. coisa julgada.. E, por não haver Em fl'-1eSt°f§ dessa c‹md¿`çg*Q,j Yhriítercefiros que possam se considerar pre; I
de estado outros terceiros juridicamente prejudicados que nao i s-"“ ' i
sejam os legítimos cont-raditores, simplesmente inexistfim. 119- E a consagração da teoria de Llasrvrrm- I
espécie, outros terceiros, que possam insurgir-se contra a sen- - 3 -- Uma última observaçao, quanto ao direito Pflsitivo 1
tença. brasileiro, no tocante à coisa julgada nas questões de estado. i
I

Em conclusão: a sentença que Clefiíde Qu°Stã° dez _°5tad° Trata-se de interessante inovação legislativa, introduzida pela
entre contraditores legitimos não Bode sofrer irI1p11gEa§fl_CL_P01' Lei 6.515, de 26 de dezembro de 1977, a denominada “Lei do
faltar a categoria. do “terceiro juridicamente P59.lÍUldÍ°ëÇ1°7'- P0! E
isso, a coisa ,julgada vale ergfl; 0mT¿6S,__p9I5l\¿aI1t0 €§ll1ÍV?~1efl!?e Ê-
E Divórcio", que cuidou, no art. 51, de alterar disposições sobre o 1
_¢fi¢á¿zia. natural da sentenççgƒ com a única exceção daqueles
reconhecimento de filhos ilegitimos (Lei n. 883, de 21 de outubro 5
de 1949). O art. 4.° desta última lei pennitia que, mesmo na vi-
terceiros, que _também_ sejam legitirnos contraditores. gência do casamento, o filho ilegítimo acionasse o-pai em se-
gredo de justiça, para efeito -de prestação de alimentos. Agora,
2 - A doutrina brasileira já vinha acolhendo a lição .ide l
Lrssmm, ainda na vigência do código de 1939. 2 Jonas SA1.oM.ào,
fl Sà1.ou¡o, Da 'Coisa Julgado nas Ações de Estado, Rio-São Paulo,
1966. p. 115. - j
1 Assim, in oerbís, o Mestre, no n. 40 da Eficácia e Autoridade. 4 O Anteprojeto Buzaid exigia, não só a citação dos jlnteressados,
z ver, por todos; MARQUES, Instituições, cit., vol. V, n. 1.102.
mas também a oposição ao reconfiecimentoz "Art. 512: Nas' causas rela-
tivas ao estado das pessoas, a sentença é eficaz em relação a terceiros,
quando, proposta a. ação contra todos os interessados, tenha havido opo-
sição ao reconheci.mento."
-" Amour. Simas, Primeiros Linhas, cit., 3.° vol., 1979, n. 759.

i 851' - 15
L
216 Ana Piê:Lu:cnm1 G1m‹ovr:a

a introdução de um parágrafo único .acrescentou ao artigo a


seguinte disposição: “Dissolvida a sociedade conjugal do que foi
condenado a prestar alimentos, quem os obteve não precisa. pro-
por ação de investigação para ser reconhecido, cabendo, porem,
aos interessados o direito de impugnar a filiação." o
Como já..observamos,“ o dispositivo representa, em primeiro
AÇÕES CONCORRENTES *
-lugar, ex-ten-são da coisa julgada à questão prejudicial atinente
ao estado de filiação: procedente a ação de alimentos, a relação
prejudicial.dezparentesco também fica. acobertada pela auto- 'Um autorizado escritor afirmou recenteplente que “em di-
ridade da coisa julgada, de modo que o .dispositivo configura Lreito moderno se deve tratar, não de concurso de ações, mas de
expressiva exceção à regra geral do art. 469, III, CPC. 1 Em se- concurso_-de¡_direit›os".1 Desejaria examinar brevemente, sem pen-
gundo lugar, em obediência à limitação da -coisa julgada às .par- Sfl1'..e1p_e§apnr oçassunto amplo e á¿rduo,se aproposição é exa-
tes, o ordenamento permite, também nesses casos, que os inte- LÊ; -creio, com efeito, que o seja só em parte, porque, se é ver-
ressados se insurjam contra a injustiça da sentença, impugnan- dade que hoje a ação se desanexou do direito e, por outro lado,
do a filiação. Que interessados? A lei não o diz, mas é claro que que, na hipótese de coexistência de uma pluralidade de preten-
l só poderão ser os juridicamente interessados que, nas ações de sões, tendentes -todas ao mesmo fim, a causa da extinção simul-
estado, são exclusivamente os legítimos contraditores, primários tãnea delas se deslocou, relativamente ao que era o puro prin-
ou secundários. De modo que, embora excepcionando à. regra da cipio romanistico, doprocesso ao direito substancial, é, contudo,
--confinação objetiva da coisa julgada ao dispositivo da sentença, também verdade que, de um concurso de ações, se pode e se deve
o novo .parágrafo único do art. 4.° da Lei n. 883 respeita os li- ainda falar, e que ele apresenta, também nos nossos dias,
›.- .-_.-_._‹,._i-í_., i-í_.-.« mites subjetivos do julgado, autorizando os legítimos contradi- algum aspecto de notável interesse para a teoria. do processo;
tores à. impugnação da sentença proferida inter alios, e para
1
¡` eles eficaz mas não imutável. Nesse aspecto, a inovação legis- § 1.°. Direito romano clássico
lativa se coaduna com o art. 472, CPC, segunda parte, e com
a doutrina de LIEBMAN, comprovadamente acolhida em via le- Segundo ULP., 43, § 1.0, Dig., 50, 17, Quotiens ccmcurrunt I

gislativa. ' phires cwtiones eiusdem rei nomine, una quis experiri debet. O u

principio, assim enunciado genericamente, da eficácia extintiva


. _._- . _. -do exercício de uma ação sobre as ações. concorrentes e, em
z geral, toda a elegantissima doutrina do concurso das ações,
I
z receberam dos romanistas modernos contribuições notáveis que
iluminaram de viva luz muitos aspectos da emaranhada ma-
‹1 Retro, Notas ao § 1.0 da Eficácia e Autoridade, n. 2. i teria, embora outros ainda permaneçam obscuros e talvez im-
I
_ T Diante dos termos do dispositivo, a -extensão da coisa julgada ii l penetraveis. __ '
questão prejudicial parece dar-se secundum euentum iitis; de modo que, Em primeiro lugar fica esclarecida a condição prática da
julgada improcedente a ação de alimentos, ainda incide, na hipótese, a regra: -
._ ‹-. ¬-_.~il»._ -›_. ›_
regra geral do art. 472, III, CPC, podendo a relação de filiação voltar a
J
ser objeto de outro processoƒsalvo na hipótese de ação declaratória
‹ ' Artigo publicado no volume em memória de U. Rim-1, M¡1â0_ 1934,
incidental. i CAiu‹u.u1~n, Teoria piuridlca della cirçolaziøne, p, 253,


.' I- P

Errcácm 1: Auroaiozine na Sami-:Nçii 219


218 Euaicu 'I'ui.L1o Lissmm
iionis todas as ações concorrentes, isto é, todas as que se refe-
Il
PAUL., 34, Dig., 44, 7. Qui servum alienum iniurio- riam à eadem res, quer entre as mesmas: pessoas, quer entre
se verberat, ea: uno ƒacto incidit et in Aquiliam et in pessoas diversas, e independentemente do êxito do julgamento
actionem iniuriarum. . _ sed quidam altera electa alte- e da satisfação efetiva. Salientando, assim, a amplitude com
mm consumi. .. ' ` que se manifestava o efeito consumptivo da contestação da
§ 1.°. Si is cui rem commodavero, cam subripue- lide, ficam em grande parte resolvidas as gravíssimas contro-
1 vérsias que foram por longo tempo agitadas, assim sobre con-
rit, tenebitur quidem et commodati actione et ctmdic-
tione; sed altera actio alteram peremit aut ipso iure aut l curso das ações em senso estrito, como sobre obrigações correais
‹›-øú¬.- ~
per ezrceptionem. . . _ e solidárias. =
ULP., 14, §~13, Dig., 4, 2. Eum qui' metum ƒecit et Muito mais obscuros permanecem os resultados da pesqui-
de dolo -teneri certum est, et ita Pmnponius; et. consu- sa ulterior dos requisitos da eadem res. Esses 'são indicados ge-
mi alteram áctionem per alteram exceptione in facto ralmente na identidade do fim e da causa, mas sobretudo este .._.-_uq.í¡¬_›-z. -.,_f-._" ._

opposita. ~ Í
último ponto é entendido de modo muito diverso por vários
autores, sendo requerida a identidade do fato constitutivo em
Gsm., 18, § 1.°, Dig., 13, 6... si qua eamm actum sentido ora mais, ora menos rigoroso. Especialmente Law, que gn-Q-.i_n- .h_ l-0
ƒueritz aliae tolluntur. - dedicou ao argumento a mais ampla e completa monografia,
ULP., 5, Dig., 46, 1... cum altera earum in iudicio se manifesta muito exigente sobre este ponto, “ enquanto Ssoní:
-deduceretur, altera consumeretur. observa que se deve entender a identidade da causa de maneira
« 1 não técnica e considerar antes o 'nexo que liga as várias açõmf
Portanto,_pelo di1_'e_i_to clássico, quer entre duas pessgas con- Ersau: tinha, por sua parte, individuado este nexo na identi-
.corressern duas ou mais ações, quer est_a_s_ concorressem entre dade da pretensão em sentido econômico 5 e Birrri toma o mes-
Z.-.Tí_fzn

mais pessoas, ativa ou_p_a¿ssivamente, o_si_mples exercício de uma mo rumo, quando fala de identidade de função das ações con-
~›.z-._›-_ .-‹_-Í
I 11
É
dessas açõescxtinguia também todas as ações concorrentes. A
correntes, porque tendentes. a satisfazer o mesmo interesse. ff
opiniao geralmente acolhida -explica esse resultado como con-
seqüência da eficácia consumptiva da litis contestatío, que se = Essa doutrina foi exposta, com base em pesquisas independentes. por Auniuuuz,
' ; -.brT
produzia ipso iure ou por força da exceptio rei iudicatae oelin Del concorso delle azicmi (1870), republicada nas Opera Gíuricliche e Slorlche. Roma,
iudicium deductae, segundo a qualidade da ação proposta. Essa 1698. p. XO e segs., e por Efsuz, Archiv für Oiuílfstiche Praxis, _t. 79, 1392. p. 391.
para o concurso das ações em senso estrito; por Ascom, Studi c documcntí di :Im-fa
eficácia consumptiva se manifestava bem- além dos limites da e dirtzto, lB90. p. 121. e por E1su.I:, Archiv, cit., t. 'l"¡', 1891, p. 314. para as obrigações
r
l

ação -individual exercida, porque obedecia ao princípio bis de solidárias; o e hoje em linhas gerais. comumente aceita: Boununz, Istituzioni,
Lf. _._-1.\_- 1.°-t.1 I%;.
ps. 134 e 318; Pnozzr, Istítuzionf, H, p. 109; Ainncxo Rou, Istltuzioni, p. 153 e segs.:
eadem re ne sit actío, e para ter a eadem res não se precisava Br.-rn, tstlluziom, 2. p. 897; Louco, Conoofso delle uioni, no Diz. Dir. Fria.:
nemeadem actio nem eadem personae: Plicci-nom. no apêndice a Savrcuv, Obbllp. (trad. ital.), I., p. 665 e sega; Swat.
Corso di cllrilfo romano zlconceito o génese dos obrigações; as obrigações soltdarlosl.
_ ULP., 5, Dig., 44, 2. De eadem re agere vicletur et Turim. 1929. p. 166 e segs; Ltvv, Kankurrem: der actionen und. Personcn. I. II, I;
W:›‹cnn, -Istizuzioncn des room. Ztoilprozessrcchts, p. 171 e sega.
qui non eadem actione agat, qua ab initio agebot, sed ~' Op. cit., I, p. 80 e segs.
etiom si alia ezrperiatúr, de eadem. tamen re. i
^ Op. cit., p. 175.
-" Archiu, t. 19. cit., p. 332.
Assim, a pura e simples contestação da lide, intervinda na 'i Op. cit., p. 900.
ação, extinguia contemporaneamente ipso iure ou ope excep-
---.›|~¬e-_‹'I:. -~'r:fí.-=x:~_°=:'i._

¡_. _. .
'1
J

220 Exmco Ttmtro Lrsamm


Errcâcm E Auroamane na SENTENÇA 221 _

5 2.”. Direito Justinianeu


l riva dessas premissas que o concursus actionum se apresenta
W m%€'^-“ä

No processo pós-clássico, perdeu-se o primitivo significado no direito moderno, ao menos no seu núcleo central, 'sub specie
da contestação da lide e também o seu característico efeito con- de um concurso de direitos. A sensibilidade própria dos nossos
sumptivo, pelo que toda a teoria das ações concorrentes ficou tempos para a precisão dos conceitos e da sua formulação tam- *.-
1 l bém verbal quer, pois, que se determine, com exatidao, se, ao
privada de sua base. Além disso, ._TÚs'rrNmN0, inspirando-se_,_‹;v_i-
dentemente emçmotivos de eqüidade, mitigou o rigor do prin- 1' lado dele, se pode também falar de concurso de ações.
|
cipio_do_antigo direito civil e recondugiu a extinção de todos as _A mim, _porém, me parece claro que a distinç§o_entre di- ~_--1_- -. Q.
ações_coIlÇ_orrenl;_es, que antes dependia do simples gercicioi de reito e acão pode ter como conse.qüêncie;máxim_a_a de_dup1i.car
__u_12n_a_delas, à. efetiva satisfacao do credor: 2! fizišllifi P1`ÍmiÊíV2¿,_p9_1;que,a cadaconcurso_de_dir_eims_co1i1f§-
I. Inst., 4,"9, Numquam actiones. de eadem -re concur- l pondera umçoncursp de ações. Else é verdade que, pelas razões
renfes alia aliam consumit. Just., 28, § 2.°, C. VIII, 40. Iclemque indicadas, as ações concorrentes sofrem a sorte dos direitos aos
in duobus reis promittendi constituimus ex unius rei electioiic Í
quais correspondem, 1 isso não impede que elas possam apresen- as
z

praeiudicium creditori adversas alium ƒieri non concedentes, tar, e efetivamente apresentam, alguns seus problemas parti- :7.'í- .lI DQ:'

sed 1-emanere et ipsi creditori actiones integras et hypotheca- culares, não destituidos de interesse. Por outra parte, os casos
,.
rias, doncc per onmia ei satisƒiat. de concurso de ações conslzit-uti1a,s_,ofereçem__g_exemplo de um 5!,

Nesse sentido, numerosos fragmentos dos jurisconsultos fo- puro concurso de ações,_pelo menos para os que (como CARNE-.
ram interpolados e várias e importantes conseqüências comple- â Lumi) negam a existência ,de_,up1_ç_‹;_›rre_s,,1_J__or1¿l;ente direito potes-
mentares foram extraídas da nova norma. Assim, a ação se ex- tativo. Quando. se poderá ,clizer,_p_qrtanto,__est__a_r_ e_m_p_1;_e_sença_de U
› .1:_~

_tingue já agora só com o adimplemento da obrigação, com a | um 0011Ç11.1'S0 de_a.Ç01¢S? P.‹1r_is.S.o¬q.1¿o_§.e_de.v,e.. t1:atêr:er.idrnte~
soluiio, deppqualquer modçojntervindír, seia por efeito de -paga- mente de ações diversas, mas c0l}_ex_aS_;.-fiXamine1nos_a§_várias
zmentogoluntário, seja por efeito de êxito do processo; e, então, mppteses que se apresentam variando, de caso _ern caso, um dos
i
extinta a ação proposta, extinguiam-se conjuntamente as ações elementos de identiticação das ações. ' :J
concorrentes. Mas o processo não é senão um dos modos que
§ 4.°. Diversidade do "petiium". Concurso
podiam procurara satisfação, a qual, só ela, passou a ser re-
impróprio
levante.
No .caso de inadimplemento de um contrato bilateral, cabe
§ 3.°. Direito hodiex-no._Concurso de direitos ..._. .- . . _.

e de ações `
à parte adimplente a escolha entre a demanda de execução do ›
l

contrato e a de resiliçäo (art. 1.165 do Cód. Civi1);1= no caso de v

Hoje distinguimos a açao do direito subjetivo. Por outro


1 Crirovmena, Prlnclpii, p. _2B'I; Louco, op. clt.: Covnztuo, Manuela, § l61; LÁ
lado, como jáao tempo de JUsrmnmo, o adimplemento, de qual- Luuu, Uobbligaelone cambiaria e il suo rappofto ƒondamemale, p. 24 e segs.a
quer modo conseguido, e não a simples proposição em juizo de
uma ação, constitui 0 fato que, extinguindo também as ações ADITAMENTOS
concorrentes, revela o nexo que ocorre entre elas; e assim a = Jo.'io.MoNrsnio, Processo Civil e Comercial, § 26; João Mannes,
natureza deste nexo e a particular disciplina dessa figura ju- I
l
Direito Judiciário Brasileiro, 3.1* ed., p. 145 e sega; Arm:-:i.rANo ni-: GUs~
ridica pertencem em primeira plana ao direito substancial. De- Milo, Processo Civil e Comercial, 3.* ed., vol. I, p. 329.
ll b Arts. 1.092, parág. único, c 1›.l63, do Cód. Civil brasileiro.
i

-A=._-z:-_.z¬.--_:-. rA¬a|.=-fz;_¶‹r4v:f.;-*í‹_?».-
Q

222 Ermrco Tuuao LIEBMAN


i
E1-¬1cÁcui E Aoronrmnr na sanrsuçx 223

vícios ocultos da coisa vendida, cabe ao comprador ,a escolha I


duas, fica também extinta. a. outra. O credor de uma coisa de-
entre a ação redibitória e a quanti minoris, art. 1.501 do Cód. terminada pode também ser seu proprietário: a hipótese é fre-
Civil). ° Aqui, porém, não estamos em face de casos de concurso qüente no caso de depósito, de comodato, de locação, de cons-
em sentido própriohpomue se tra-tfl.d_8 direitos que_sã0,_porisi tituição de penhor; ele pode pretender a restituição da coisa, t-~':_-nifivw.-r':~¢-".<r~
I l
mesmos, alterpativosz ga lei propiciga, com efeito, a escolha entre como credor ou como proprietário." mas restltuida a coisa
dois,resultad_os,,__cada dos quais exclui necessariamente o ambas as pretensões se extinguem. No caso de compra e venda
gptro, dada a impossipilidade de sua obtenção cumulativa. ~* de coisa determinada, verificada -a passagem da propriedade
Como quer que seja, enquanto as controvérsias, que se agitam com a conclusão do contrato, o comprador pode escolher, para ›

acerca do momento em que é preclusa à parte .a passagem de a entrega, entre a ação contratual ex emipto vendito e a reivin-
uma ação à. outra, atendem ao termo e à ordem de exercício dicação. W No caso de legado de .coisa pertencente ao testador
do direito de escolha e pertencem, portanto, à teoria dos con- ao tempo de sua morte, o legatário pode dirigir-se contra o ílfilflí ~únzum‹n.›_u o ‹

tratos, pelo que concerne ao processo, basta dizer que, normal- herdeiro com ação real ou com ação pessoal. 13
mente, a rejeição de uma ação não impede a sucessiva propgsi- Em que consiste e como se explica o nexo que liga neste e 0

-. _. _. - .af;-_~f~
tura de outraíique nada veda aprpppsitura de ambas em casos semelhantes os direitos e, respectivamente, as ações
único processg,_sob condição de que_uma_d§l concorrentes? Não nos podem dar grande ajuda as pesquisas
em forma eventual; que no processo em que Lol proposta uma dos romanistas, os quais não estão de acordo entre si e nos ofe-
delas e admitidaia passagem à. outra, nqsjlimites em que é admi- recem explicações que, pelo menos para o direito moderno, abso-
A
_ _t_id_a,__p_o_r via geral, a proposiçggpde nova demanc}_a__n_o__curso do lutamente não podem satisfazer. l*_¶_ã_o__é a identidade do fato,
processo. 'J constitul¡ÍV_0 9 do objeto que caracteriza os direitos concorren-
tçsj' em cada um_dos_exempIosjá-referidosHenquanto_enqo,n,t,ra-
` § 5.°. Piversidade da "causa pefendi". Concurso mos identidade, de_petitum e de pessoa, cotejamos cer_t_aII_1finte
objetivo ` diveisidade defato _cons_tit”u_tivpWe de causa petendi. Se assim
i Esta éalgiliótese tipicafido concurso de ações. Por exemplo:
não fosse, teriamos identidade de direitos e, respectivamente,
de ações, não pluralidade de direitos e de ações concorrentes.
o tomador' de uma cambial é credor do emitente, seja da obri-
gação abstrata que surge do negócio cambial, seja da obrigação'
Uma única nota característica, sobre a qual todos concordam, !
I
mesmo quando a formulam diversamente, vai evocada como
3 causal que surge da relação fundamental; 1° satisfeita uma das exata e é a unidade do escopo .das várias ações concorrentes.
' H .Também LÁ Luau, op. cit., exclui esses casos do concurso. ` Algumas vezes, a lesão do direito que determina o surgi-
` - crf. cmovnmi, Principe, p. avi. mento de uma açao se concretiza. em caso mais complexo que
N Qua a emissão da cambial não importa novação (como é já estatuido expres-
samente palo art. 66 das novas normas sobre cambial pelo decreto de 14 do dezembro o normal, surgindo composto de uma pluralidade de elementos,
de 1933) o que produz, portanto, e. duplicação das relaçoes obrigatórias, e admitido cada um dos quais seria suficiente a determinar uma lesão, mas
pela opinião prevalente: Vrvsurn, Tmtiato, III, n. 1.119; Bom:u.r, Cambiule, n. 20;
LÁ Lumi, op. cit., p. 14 e segs.: Mnesmeo. Tfloif di vfedllo. I. D. 173: Aflmflfl-u.
Riu. dl Dir. Commercials, 1932, I, p. 245. e ,jurisprudência citada por este auminzl H Cir. Corte de Cass. de 9 de julho de 1928, em Riu. dl Dir. Commercials. 1928. 1.I,
p. S56: CàsA.\:ov:i, Disciplina gíuridica delle obblígazioni dt reatifuzione nc! lallimcnto,
- Arts. 1.101 é `1.wõ ao cód. civil brasileiro. II. p. B9 e segs.
fl Para uma comparação entre o direito italiano e o brasileiro, no 11 Corto de Cass. de 9 de Julho de 1932, Foro Italiano, I, p. 1.299 o. al. note
assunto, ver Ascnarur, Teoria Geral dos Titulos de Crédito, São Paulo, do G. Sronn.
1943, ps. 66 e segs., 119 e 120 e os ali citados. ‹‹' Guam, I tegati_ 11, p. 239.
!
4

!
i

Eercáczâ E Au-ronfnimc os SaN'rzr:‹_:..\ 225


224 Exnrco 'I`u1.1.¡o Ursmu
¡
I. A satisfação de um direito concorrente importa, assim, o
.'
convergentes e superpostos, de modo que no caso específico to- simultâneo dos outros e por is§o,_por,via reflexa,_a extinção das
dos em conjunto dão lugar a uma só e única lesão. Então, a _açí'¿e§ correspondentes. Mas a este ponto cumpre aditar alguma
cada um desses elementos corresponde um direito lesado (e, coisa que dá relevância autônoma à figura do concurso das
portanto, uma ação), mas os vários direitos coexistem de tal acoes.
i
modo que, com a satisfaçao de um deles, resultam satisfeitos Se é vei-dade,_com__efeito,_ que _o_sir¿1p1es exerci_c_i_o de-_uma_

.li
i também os outros, porque a lesao, permanecendo objetivamen-
te uma e única, fica. integralmente reparada.
Para compreender como isso pode acontecer, ref-lita-se em
ação não influi sobre as outras,,e_. também verdadepno_entant_o,
que, uma vez conseguida a sententg con_denatória,_§_Qm .base em
u__n_¿a_d_ela§, _as_out_ras não mais podem serJiropostas, mesmo
que a ordem juridica cumpre a suaƒfunção de reguladora da gates que tenha ocorrido a satisfação. Por quê? Não vale dizer
vida associada, reconhecendo um direito àquele cujo interesse que desaparece o petitum,1° pois que não é de todo impossivel,
-seja julgado digno de tutela. Ora, esse sistema de direitos, que nem -logica nem juridicamente que, por exemplo, o emitente de mi-ÍÔ-P
ÊÍu-IUG-~u-nlMoe‹-¬‹~
-.aøfl›m.ø-u|an~vou1.føwflp .

ê a forma pela qual a ordem jurídica opera sobre a substância /››..ç., __í<=luma
é. cambial seja constrangido a pagar duas vezes a mesma
das relações sociais, é necessariamente um esquema abstrato e soma e o -devedor de uma coisa determinada obrigado a resti-
rigido, que não pode sempre seguir e quadrar-se à realidade tui-la e também a ressarcir o valor. Ainda menos se pode invo»
concreta, na sua infinita variedade de manifestaçoes e na sua car a exceção de coisa julgada, ou o princípio bis de eadem nz
imprevisível riqueza de combinações. Pode suceder, assim, que ne sit actio, porque falta a eadem res, sendo a diversidade de
os meios tecnicos de tutela superabundem em algum ponto e causa petendz' suficiente para excluir a aplicação dos arts. 1.350
deixem a descoberto algum outro, provocando certa desigual- e 1.351 do Cód. Civil. Temos disso a confirmação no fato de que,
dade, isto é, ora um excesso, ora uma carência de tutela jurí- se a ação A é repeüda,/nada impede que seja proposta a ação
dica. A evitar esses inconvenientes, provêm algumas criações _conco_r-rente B.,E só no caso de acolhimento da ação Açque a
jurídicas elásticas e gerais, que têm justamente o escopo de açâo_B_pass.a__a_ ser improponível e isto ocori;e_por falta de inte-
permitir ultrapassar os esquemas formais preestabelecidos e resse de qgir (art. 36 d_0_Qód. de Proc. Civil).1°
conduzir a uma apreciação final mais conforme à substância Com efeito, a segunda condenação seria para o autor to-
do casonconcreto, reparando, assim, o funcionamento imperfei- talmente inútil. Munido de dois títulos executórios contra a
to dos mecanismos naturais da ordem jurídica: têm realizado mesma pessoa, poderia, no entanto, executar só um deles, por-
e realizam tal função a ezrceptio dali, a ação de enriquecimen- -que, quando, de uma feita, tivesse obtido a satisfação, estariam
to, a proibição dos atos emulativos, a proibição do abuso do di- extintos também os direitos concorrentes, e contra o uso do se-
.zm:~4-.z*4 ~s¶Il-'_

reito, a conditio sine.causa, etc. O concurso de direitos e de gundo titulo executório o devedor poderia utilmente oferecer
açoes, apresentando uma pluralidade de meios jurídicos, onde oposição.” Em parte, é diverso e mais simples o caso do con-
subsiste uma única lesão do direito a reparar, oferece o perigo ” Assim Cos-rn, Capa di sentenza (separate de Studi Sassaresi. 1931). p. 65, e
._i.._-._. _.

-de um desses inconvenientes agora indicados, mas, por isso que hitervento coatta ad istaflza di pane (separate do Studi Sassafesi, 19331, 68.
impede a sua satisfação cumulativa, contém em si mesmo o re- I' No mesmo sentido Dmuausa, Pandelezen, I, p. 319. `
" Corte de Cass. de 23 do maio de 1921, Fofo italiano. Rep. i921, s. v. “Pags-
médio que permite enumera-lo nesse grupo de institutos." mem.n“, n. 18, e 0 meu livro Opposizioní di muito nel processo di esecuzione, n. 129.

[assim chamada consumação judicial, em oposição G. clvlI: Law, op. cic.,'IT, ps. l
H Confirma-se essa aproximação pelo fato de que, em muitos casos. em que, pcio
e segs. B 88 e segs).
folia do algum requisito, o efeito consumativo da lili: contestotio não paralisaita
as ações concorrentes. conseguia esse resultado prático justamente A uccpzio doii
Errciicut E Auronronna mi seu-rr:nç¿ 227
226 Ermico Touro LIE-s1vr.m

a. deliberação subsista ou fique sem efeito para todos, a deman-


curso de várias ações constitutivas, por exemplo, se um ato
da de cada um tende à anulação total do ato e , portanto, -as
pode ser impugnado por motivos distintos. As várias ações de
impugnação tendem todas ao mesmo resultado, que consiste ações dos vários sócios se encontram em relação de concurso:
em mudança -juridica a operar-se .pela sentença. Por isso, jul- 2¿colhida_ a demanda de um deles, o resultado se estende para
gada procedente um`a ação, as outras ficam extintas diretamen- todos, .e_;a_§_Úa_ções dos outros são absprvidas ,ef extintas justamen- ~es:_v-mn

te porgue concorrentes. f
te, porque o seu escopo é atingido; se, vice-versa, é rejeitada,
subsistem proponiveis as demais. Esta observaçao permite talvez solucionar a conhecida con
troversia -.sobre os efeitos da sentença que repete a ação de 'im-
.. . . iz › '_ . .
§ 6.°. Diversidade de pessoas. Concurso pugnaçao de um dos socios: segundo alguns, ela nao.pre]ud1ca
subjetivo a ação sucessiva dos outros sócios relativamente aos mesmos
motivos; segundo outros, ao invés, aexclui porque estende seus
er também ocasg de pluralidagie de con- efeitos a todos.
ccrrents:s..d.iêii;itas.pelacdirflrfiidêd8 dos ssleifvs ativos ou PHS- A primeira opinião, 1° que prevalece em jurisprudência, é
i ¶_vo_§. Além do caso classico das obrigaçoes solidárias, cuja dis- também praticamente a mais conveniente, porque elimina dos
êl ciplina pertence hoje, pelas razões já indicadas, à. teoria das
obrigações, e não da lugar a particular destaque do ponto de
perigos da colisão entre o sócio e os administradores. Resta, po-
rem, por explicar a diversa extensão de efeitos da sentença, se-
vista processual, vai aqui recordado o caso das açõesrlieimflpug- gundo acolha ou rejeite a ação.
nação ,pertencentes a uma pluralidade de sujeitos contra um
mesmo ato: tipica é a açao dos sócios para impugnar as deli- 11 Vivsu-rs, Trattato. II, n. 528: A. Scnu..oJA, Studi di diritto prívfltO. D‹ 357. B
._.-_‹.-
berações da assembléia de uma sociedade anônima, segundo o Foro italiano, 1911, I, p. 709; AscAa|:i.1..x, Appuntí di Diritto Oommerciale, I. p. 342.
Em sentido contrário, Nnvnnsnu, Socfetd e assocíazíoni commercioli, n. 423, e Soriuiuo,
|
preceito do art.. 163 do Cód. Comercial. i'-' A ação pertence a Socíetd commercioli, I, n. 611._ porém com argumentos que não convenoem.
cada socio individualmente, mas, dada a necessidade de que f Naturalmente o problema estudado no texto só se pode apresen-
i
tz:-_;_17_:;uando for caso de ato re_al_rnente único e_indivis1ível.__,S__o_entÊo pé
1* Coen, lntcruento, cit., p. 61, lembra tambem no açoes para impugrmr 0 casa- _gue há." concurso supjetivo de açoes, .p_g_rque__\¿i_sam todas necessario;
memo. segundo o art. 108 do Cód. Civil italiano. Nestes cmos, a diversidade das
ngente à. anulação total_do ato. A solução é diferente, se o ato é divi-
pessoas pode também combinar-se com a diversidade da causa., quando o ato pode
ser impugnado por vários motivos distintos.
sivel (isto é, se pode praticamente subslstir para alguns dos sujeitos e
j Questão idêntica surge no direito brasileiro no caso da ação .para ser anulado para outros), ou se o ato, só aparentemente único, é na
änularas deliberações de assembléia pelos vícios indicados no art. ,156 realidade composto de uma pluralidade de atos substancialmente dis-
da 'lei sobre as sociedades anônimas '(Dec.-Lei n. 2.627, de 26 de setem- tintos (v. adiante, neste volume, p. 237): (tal é o caso examinado por n'm-.iu:n-z-¬-^fi*n--' :z;.._:'¬_.;:a!~|”r;\_-f:1FÍ.c4;ru-'v:ounfl-^ru.w'_.-5Aliä£,_--I-f_f _4-~

bro dc 19401 _' Luís Eumiuo Vmrcu., -em Rev. Forense. vol. 95, p. 554, com cujas con-
clusões naturaimente não concordo); em ambos esses casos, as ações
No caso de concurso de ação pessoal com real poderia eubsistir o interesse
dos vários interessados são perfeitamente independentes; a sentença,
para uma segunda condenação, com Iundamento neste última. se fosse verdade que quer de procedência. quer de improcedência, tem efeito unicamente para .-»-._ -.-_

., . -_ . o titulo executório conseguido nos' dois processou tem efeitos diferentes quanto à os litigantes que participaram do processo e deixa íntegra a posição
legitlmoçiio executiva passiva, como sustentou Clu1ru:|.u'rr1i, Lezioni, VL n. 603; dos outros. Pode dai decorrer, evidentemente, uma contradição lógica
v.. porem, em. sentido contrário, as minhas observaçoes em Títoio esecutioo riguardo dos julgados, por terem decidido questões iguais de modo diferente.
ai-terei, n. 9, em Rio: di Dir. Proc. Ciuile, i934, li, p. i2'¡. z zÉ_..4 . ;
Mas a doutrina certa é que o simples conflito teórico dos julgados não Í
Igualmente em peso de falência, a posição do credor de coisa determinada e do
proprietário ‹`: a mesma, porque também o primeiro pode exercitar e. chamada rel-
pode obstar à. rigorosa aplicação dos principios da coisa julgada e de
vindicacáo do art. 801 do Cod. Comercial italiano: cfr. Zlmzuccm, Demand: in seus limites subjetivos (Caravanas, Instituições, vol. I, p. 567 e segs.).
scpura:io::c, p. 298, e Gnsnflovs, Op. cit., p. 235 e segs.
85'?-25
¡.

228 Euarco Touro Lmsmu

Cmovsnm, que sustenta a opinião contrária, reporta-se a


E ÍJ
um princípio indiscutível, quando afirma que a coisa julgada « .øw =.-_nia-Tzu
i
não pode ter efeito secundum eventum litis, e *deve obrigar ou | I`

não obrigar os co-interessados, qualquer que seja o êxito do jul- |


gamento.,”“ A esta argumentação não foi dada ainda uma res- -_¬uz¬m |l

posta satisfatória. u
Por outro lado, não se pode dizer que “a identidade da qua- PLURALIDADE DE PARTES LEGÍTIMAS À IMPUGNAÇÃO
lidade tem lugar aqui pela identidade de pessoa”, sem afirmar DE UM ÚNICO ATO * '
um desvio dos principios, que não aparece totalmente justificado.
i Mas aqui não é tanto dos limites subjetivos do julgado que 1. O caso é singular e -põe em relevo questões interessan-
i se trata, mas dos limites do próprio objeto do proceso e_da de- tes por mais de um titulo. Dois cônjuges, constituindo em dote
cisão: -objeto que é só a ação do sócio que propôs a demanda. um imóvel a, favor de sua filha, estabeleceram que não poderia
A sentença de rejeição não pode influir de nenhum modo sobre
ser ele alienado sem a sua anuência. Sobrevindo, entretanto,
1
a posição dos sócios que permaneceram estranhos à lide. Se a J Ii

um ato de alienação do qual não tiveram ciência, são eles-par-


sentença de acolhimento tem efeito, pelo contrário, para todos,
tes legítimas para impugná-lo? E, no caso de resposta afirma-
š
isso ocorre simplesmente porque, não podendo o ato anular-se
tiva, obsta à. ação de nulidade a sentença que -repeliu a deman-
só para alguns, a anulação é necessariamente total e socorre
da proposta precedentemente, pelo mesmo motivo, por sua
também eventualmente o sócio que tenha visto repelida a sua
filha?
precedente demanda; resultadoeste que, posto coincida com o «_-.§¡€1_«=f'.='«
` A Corte Suprema decidiu, em ambos oscasos, de modo afir-

I.
da ação rejeitada, não contradiz, todavia, o julgado de rejeição,
porque a ação ora acolhida é uma outra, embora concorrente;
o que acontece também, e é pacífico, se a nova impugnação é
mativo. Aceitando o estado da controvérsia nos mesmos termos
em -que foi posta pela sentença anotada, isto é, dando por admi-
tida a legitimação distinta dos pais para impugnar o ato de
ig
fundada em motivos diversos, pois que também-esta é uma ação
alienação, epprescindindo de qualquerioutra questão que se po-
distinta, se bem que concorrente.
deria salientar das circunstâncias próprias do caso concreto,
Aniversidade de efeitos, da_ sentença, relativamente as ações «exa-minarei, nos seus termos gerais, a segunda. das questões in-
0On‹r›;râniä.zSssundo-ssia.d_apr9e.‹a1eocif=mL1_cLe_i1rÍPr9.¢2.d_ên¢ia. dicadas, a saber, aquela sobre a qual a Corte de Cassação se
e normal na__figura_de concursode ações. A A firmou mais propriamente, e quase unicamente, para expressar
, r. o meu dissentimento e reafirmar uma opinião já de outra feita
manifestada.
_,.._.- . .¬.-;
° Comentário a uma sentença. da Corte de Cass. de 23 de junho de 1936.
publicado na Riv. dl Dir. Proc. Cfvlie, 1937, parte II, p. 87. É a seguinte a ementa.
da decisão: Estipulado no constituição de dois 0 pacto, mediante o qual a pro-
priedade dota! não pode uf_aiienada sem a anuência dos doadores, a hipoteca
-. _-. «_ .=. ._ .. - outorgada pelos donatários sem tal consentimento pode ser hnjmgnada tanto pelo:
donatáríos como pelos doadores. Todavia, tratando-se _de uma situação juridico não
=l Cinovuim, Princ¡pii_ ps. 281 e 924 e segs., e Cosfli. op. cit., p. '10-I suscetível senão de apresentar-se única em relação a todos, a sentença que repele
i a ação de nulidade du hipoteca, promovida pelos donatdrios, estende os efeitos da
1.' Cruovrflnn, Institiiições, vol. I, ps. 493 e 578. coisa julgada também às Outra: portes legitima: e obsta, portanto, à ação de nuli-
dade proposto suceuívumeritc pelos doadores. `

A :-_¬r u=:°._~"a-_:~.f-'"í¿1*°r:;z.4n_-w_.
Ç--'
'F ' _~."
Errcácrâ r1Au:on1e¿m: na Smrrauçn 231 - zw
230 Emuco Turno Lrssmzm
única decisao, conquanto as açoes sejam subjetivamente diver-
O caso aqui considerado não tem verdadeiramente, pelo que sas; a identidade de qualidade ocupa aqui o lugar da identida-
me parece, precedentes conhecidos. Mas é certo' que apresenta de de pessoa; _a coisa julgada, que se forma em relação a um,
situação essencialmente idêntica à que foi já outras vezes estu- -exclui a ação dos outros", * quando não se prefere lobrigar um
dada, com atenção ao disposto no art. 163 do Cód. Comercial
italiano (oposição dos sócios à deliberação da assembléia da so-
ien_õmeno_ de substituição .processual..= ~
Mas essas observações, em minha modesta opinião, são de-'
jl' ri
ciedade anônima, como contraria ao ato constitutivo, ao esta- i
vidas a uma diagnose incompleta fda situação; a_ comunhão dos I
tuto ou à lei), e que tem, além disso, possibilidade de apresen- ¿.
,Í-i;_1§_§_l_qs;f_ários;suj§ito§, a natureza do ato uno e in_divisivel,_gue `l
-tar-se' na justiça administrativa; a situação de um qto único
_uz'i_‹›_ppde_sen_ãp_,,subsistir,__ou_decaár,_na;sua_totagidg¿d¿e,, em re-
e inäivisivel exposto d impugnação de uma .pluralidade .de .su-
jeitos. Diferente, no caso aqui examinado, só há. um elemento:
porque aqui a pluralidade de partes legítimas à impugnação do
ato é uma criação contratual e não decorre da lei, comonos
1 lação---a --_--»
todos i-não excluem
_ -.7_-_a 5!- llfirsonalidade
__.._ __, 1 a individualidade
ga .legitimação de _gada u_m_a p_ropor_a,inip_ugnação. A idêntica
qualidade (do sócio, do interessado na anulação do ato, etc.)
ínflu-_4i"wiuÇ›|\fi'm~í_-"n_f._i-í

não é senão o pressuposto counun da legitimação autônoma e Zi,.


outros 'exemplos lembrados, em que ela é necessária se direta
pessoal reconhecida a todos os que se encontram naquela de-
conseqüência da natureza do ato e de seu alcance eventualmen-
-terminada situaçao. Massejêjälmite que a açao concerne_indi-
te lesivo aos interesses de numerosos sujeitos. Mas, se se pres-
vidualmente a cada um dos interessados, não se pogg, sem con:
cinde da diversidade de formação da relação, a questão que sur-
tradiçãofadmitir que o que delesjae, valha como realizado
ge é idêntica; na hipótese de que a cláusula contida no ato cons- por,ço,n_t_,a e çom efeitos paraçtodos osoutros. Não se pode, por-
titutivo do dote atribua efetivamente aos pais doadores 0 direi-
tanto, falar de recíproca substituição processual, porque cada
to de impugnar o ato de alienação do imóvel doado (como con-
um, quando age, exercita a .própria e somente a própria ação; rzíé-.iâf=#â;1_-:;'fiu=m-~;,¿:‹w4.-¡»_›@",-4_.~flHU'-i_.a,4
sidera a Corte), ela terá dado vida a uma pluralidade de pes-
nem dizer que a identidade da .qualidade elimina a diversidade
soas interessadas em impugnar- o ato estipulado em violação da
das' pessoas, porque, ao contrário, esta diversidade pressupõe
mesma cláusula, com identidade e autonomia de legitimação
aquela identidade e, antes, no seu terreno ,mergulha as próprias
de agir reconhecida a cada um dos interessados. Surge, portan-
raizes, mas -para sobreviver e se' afirmar sobre ela; pois que uma
-.àf¬w_»._‹¬
to, nesse caso, como nos outros recordados, o problema das re-
pessoa é individualmente legitimado a agir, justamente enquan-
lações e da interferência recíproca-entre as várias ações de im-
to sócio ou de qualquer modo participante de uma relação ju-
pugnação pertencentes a cada sujeito. '
rídica determinada. .
:

2. Como é sabido, duas opiniões porfiam sobre a questão. Por isso, pareceu-me que os casos aqui considerados deve-
« De um lado, há quem considere que a sentença pronunciada- riam configurar-se antes como exemplos de concurso de ações: 3
.___-.- _z\_.› @.-
na ação proposta por um dos interessados beneficia ou prejudi-
Í ca a todos os outros; de outro, afirma-se que a sentença favo- 1. Culovznm, Prlncipll, pa. 281 e 926; htituzio-nl, I. ns. 109 e 135. Em sentido
conforme. Gosu. Interventa coatto, Padua. 1035. p. 'l1.`Ass\m também a doutrina

N rável, por importar a anulaçao do ato impugnado, beneficia a


*.-_, .- . -.,
germtuica, baseada no § 213 do H. G. B.. que dlspoe expressamente a eficácia para
todos os sócios da sentença de anulação da deliberação; cfr. Rosuumc, Lehrbueh,

l f
v

'l
todos, ao paso que a que repele a ação proposta não prejudica
o direito de agir dos outros. `
Observa-se, em abono da primeira opiniao, que nesses ca-
sos, “devendo necessariamente o ato existir, ou não existir com
.
1
I
:
nú za., ps. sua-5:4.
1
-
Cuxnufn, Lczíonl, IV. n. 384. ` .
1 Azionl concorrcntí, em Studi in memoria dl U. Betti. p. 665. i 6'¡ ÉÍÍÍCÍICÍO
ed amorim della acnrenza, Milão. l93S. p. 11 e segs. tneste volume, respectivamente,
.i› pe. 211 e 91' e segs).
HE
`i
relação a todos que lhe são sujeitos, não pode haver senão uma
li
:AI-4'.7E-L'*B%T-_.Í:_T-všw}-'&_. -!_fl:.7_ _.
j
-
Er1cÃc1A E Auroaxoaus nn Sentença 233
ê
232 Enluoo Turno Lrsssum
ações conconcorrentes, favorável ou contrária, possa valer por
isto e, de uma pluralidade de ações, com um único fim, uma qualquer -efeito pró ou contra .todos os outros legitimados. *"
função prática e econômica comum, e, não obstante, distintas
eddiversas entre si. Um ato que se afirma ilegítimo é, com efei- As precedentes '-considerações deveriam convencer de que
essa conseqüência não é justificada pela premissa, a qualcon-
-to, um só e não pode senão subsistir ou decair na sua totalida- ._ ~.¬-‹_. -»

duz, ao contrario, diretamente à conclusão oposta. ` _ `


de; cada um dos interessados nao veria satisfeito o seu direito
de outro modo que com a sua destruiçao; esta ,é a finalidade Já à Primeira vista. é. contlƒaditóri0_r§Ç9nh§a2£ê. mL1if9Sí-“-
cornum a todos, o resultado único que, embora obtido pela ação j_e_ito_s_a_l_egitimac§1o autônoma para agir e admitir como opo- `
de um unico, satisfaz ao mesmo tempo o interesse de todos os nivel a todos a coisa ,j_u_l_gada que se formou sobre a ação pro-
outros..Todavia, as várias açõm permanecem diversas e distin- posta por um só deles. Isso -equivale _a negar na prática (logo
tas, cada qual integra e perfeita na sua autonomia e capaz, por após tê-la afirmado em abstrato) aquela pluralidade de ações Í
s

si só, de alcançar o seu objetivo, que é também o objetivo co- concorrentes q-ue significa, e não pode deixar de significar, pos- .e¢.-a
¬«.z -n. ¢n- n-«zw
v-na.-sâmu n
I
1 mum: por isso, elas não se interferem nem se hostllizam entre sibilidade para cada um de, separadamente, propor a sua im-
r
si, senão quando uma tenha atingido o fim comum, tirando pugnação, independentemente do que os outros co-interessados À
assim às outras toda a razão de ser. Neste nexo particular que e co-Iegitimados tenham podido fazer. E isso quer dizer, em_
une as várias ações, deixando-as, todavia, distintas e separadas, substância, condensar as muitas ações declaradas permissiveis
reside a nota caracteristica da figura. das ações concorrentes. a uma só efetivamente proponivel, na qual todas as outras se
E E a conseqüência natural e normal é que cada ação pode ser deveriam ter por necessariamente extintas e consumadas, o que
ll prop_Qs_ta_ind_ependentemente e que a procedênc_ia_”d_e uma de- reduz aquela legitimação, igual e autônoma dos muitos inte-
las extinguetodas _as outras, aoipasso que_a, sua rejeição não ressados, a uma simples faculdade de iniciativa. que se reco-
as' prejudica. Í - ' nheceria a cada um no exercicio de uma única e comum im-
Sao alcançados assim _os mesmos resultados da segunda pugnação cumulativa. Mas, se assim fosse, construção da re-
Elz lação deveria ser bem diversa daquela já acenada -- exatamen-
opinião recordada, que, por motivos de oportunidade, é susten-
tada em relação ao art. 163 do Cód. Comercial pela doutrina te, segundo meu modo de ver, pela Corte: náo concorrência de
comercialista prevalente. * ' | varias ações tendentes a um único escopo mas unidade de ação'

3. Surpreende, todavia, o fato de que a sentença da Corte


1. no interesse comum, -com atribuição a cada um da simples fa-
culdade de assumir a função de parte mais diligente, ao propor
Suprema, enquanto reconhece que a legitimação dos vários inte- esta ação única e coletiva. A configuração de uma relação, nes-
ressados tinha carater concorrente, crê poder sacar-lhe a con- ses termos, pelo que me parece, não tem similar no direito po- ¿
'fe-me seqüência da e:':tensibi1idade dos eƒeitos da coisa julgada, no sitivo (talvez a ação _de divisão?) _ e se houvesse. daria lugar `
._ -e,m‹._5-. _
sentido de que a rejeição da ação proposta por um dos legiti- muito provavelmente a. um"`caso de litisconsórcio necessário, §

Jil mados obste a possibilidade da ação por parte dos outros; isto
é, em outros termos, que a sentença prolatada em uma das
sendo inconcebível que um só sujeito proponha soainho e sem
ciência dos outros uma açao concernente a todos em comum;
de qualquer modo _ e isto me parece certo -- não correspon-
' VIVÂNTE. Tfflífllf-0. 11. D- 528; Â- 342141-011. StudiüzdšldíríÍ¡o__'príva¡o, p. 35'l, e em
Fofo Italiano, 1911, I, p. 709; Ascuinu, Appumi _d¢rit¢o comniereiale Soelcm
É = Assim também Br.-rn, Dírítto processuøle cirílc. p. 6l8. e ALi.omo. COM yflflfífllffl
ed assocíuzíoni ooflullercialí, Roma. 1936, p. 275; M6554; Dífltfà comrnerciale, Milão, rispetm al terei, Milão. 1935, p. 270.
1937, I, 1!. 210. 1

Ífi
?
'I
1
ll 234 E-Inmco Tutuo LIEBMAN 1 Â
.ll Erxclicm L Auroaxvànr: os Stumuça 235 I

l ¡` .
de, nem ao caso concreto tal qual foi delineado pela Corte, nem
à. significação bem clara do art. 1,63 do Cód. Comercial. ç Limitada a dissertaçao ao caso de muitas açoes concorreu
li Í Em suma, o conceito afirmado pela Corte' é__contraditado, tes de impugnação contra um mesmo ato, não há. dúvida de que,
il
tanto peloprincípio dos limites subjetivos da coisa julgada se a uma pessoa pertencem muitas ações, de nulidade de con-
l (art.-1.351 do Cod. Civil), como .pela teoria das ações concor- trato (por exemplo, por dolo e erro), acolhida umadelas, tam-
.___.
rentes. E parece-me pelo menos estra-nha essa tentativa de ne- bém a outra se extingue, tendo-se já alcançado o escopo comum
gar aplicação a umanorma de lei, a pretexto de um conceito . ._-4 a ambas; se, pelo contrário, a ação de dolo não é acolhida, po-'
que, todavia, se harmoniza com ela plenamente. ` derá ainda propor-se a ação por erro. Ninguém admitiria que l
a relação de concorrência deva importar extensão da autorida-
z-.a 4 f~-r
.1Lv@f‹1ede.‹1ue n9rsl.i.re.i.t0Ír0.man.o classico_as;dirs1:s.2ê.asãeS de da coisa julgada de uma à outra ação. A tanto se oporia o
li ni<¿-. f;_-,._ _ -A

çoncorrentes - quer çoncernentes a muitos;sujeitos,¿uer`.çon-_ Y


cerne !1f›@....,. art. 1.351`do 'Cód. Civil (que subordina a exceção da coisa jul-
.
_s a um_só___p__o__r _. _
ca_usas diversas , se consgrniam
. _'todas gada também à. identidade da causa), como o próprio conceito
t
55 Se @>flifle1¿ia1n-P.Qr.-efsi_0.‹1a.9<¿11tëtfls;.ão ‹ia_li.de_s9l›r.s=aama-.só.
Qelas,_çorp__a copseqüëncia de que todas as outras já nçãoflpp- do concurso de ações, que da lugar a uma pluralidade de meios
deriam ser pr9postas,_qÍ1_§lquer qu_efr¿sseÍ_o_.êxi_tp do-_ pr_o_Ê_es_s_o deataque independentes, dirigidosa um resultado idêntico. 0
ipstaurado a respeito; daquela que_se;_i_"ez valer; conseqiiencia mesmo que se verifica no concurso objetivo se da com o subje-
essa_d_evida ao rigor"-formal do efeito consumativo da litis opn- l tivo, isto é, 'se as ações de impugnação pertencem por igual
tgstatio e a signific.aç.ão_absorvente, que._sc_atrib_uir_á à eadem motivo a muitas pessoas diversas. A. diversidade das ações de- l

res." Mas,_jã,__no,_dlreito_justinianeu, abriu caminho_ _profunda pende, então, da diversidade dos sujeitos, não mais da causa, ¬

lIlJ¿danç=a,_‹-:_Ilã.o_mais a contestação daçlide, mas ,a,_efetiv_a__sa- mas é igualmente suficiente para excluir a extensão da autori-
tisfação conseguida por uma ação_ eirtinguia as ações cojncgr- dade da coisa julgada de uma a outra.
l
rentes. T Este resultado, que permaneceu no direito intermédio, Em sentido contrário, observaram-me que assim sepresta
¬lll
é o que vige ainda hoje; lógico, na verdade,iporque nós já nao homenagem ao preconceito da coisa julgada secundum eventum l

conhecemos a contestação da lide nem -o seu característico efei- litis; " não parece, todavia, que a observação fira o ponto certo,
to consumativo; além disso, mais eqüitativo e, por fim, con- pois que a opinião que eu sigo não implicg,_ta_l como pode p_a-
forme a regra dos limites objetivos- e subjetivos da coisa julga- recerÍwapprimeira_vistat;e_m alargamento da coisajulgada aos
da, tais quais. são entendidos no hodierno direito positivo, no tc.rc.ei_r.0-'ã...£1_Q..‹¿2.-'âordsfissnisëlsa- ffltfifávfll- O que_se_este_inde_a_os
La-_.za. .r qual não há a eadem res sem identidade da causa petendi e terceiros isto é, aos outros. leE itimados à impugnação
_._..._n-=_..z._¬.r.z.z__.________ . _ _ . é somen-
das pessoas. te o efeito da sentença; e precisamente a anulaçao do ato im
Assim, 'i1l_qdi_1;e.il;.0..m9derno, a única._nota_di§t.intiva dapfi- pugnado, porque o petitum de cada uma açao incluí necessa
gnLa.dB;s...ações concorr.entes_es.tá_13_0 fato de çquemseçextingueni riamente, em razão da unidade eçindivisibilidade-do ato que se
todas pela sent_enca__gue acolhe_i_1n_1a_delas,__por efeito da con- impugna, também o escopo de todas as outras concorrentes e
_n1.z4-_-_A,_VA,4!._;.i _. ., _-
secução do seu ,escopo comum. 5 assim c acolhimento de uma delas leva efetivamente ã conse-
qüência que também para todos os outros interessados o ato
' V. o meu artigo Azionl eoncorreflfl, eli... 5 1°. com amplas Indicações (neste
iu
W volume. p. 217). Ctr. Wxucim, Insfltutšonen, p. 174. e Burn, Diritto romano. I.
já. -não existe. Mas este resultado não implica, com efeito, ex-
,,,,
H p. 644 e segs. tensão da coisa julgada além dos seus costumados limites sub-
1 Op. cit., 5 2~.- (neste volume. p. 220). e Wwcm, op. cit., p. 116: Burn, op. clt..
D. 649.
jetivos; 'tal se produz legitimamente para todos porque a todos
'-_ .-i..
= ami'-:;L"¬=*.;-:'-Lzí_".e1 . -_:x¿m.:'_I퓶^:._
' Azfoni concorrenfl. cit., § 3°,_ e segs. (neste volume. p. 220).
° Bsrrr, Diritto processuale ciutle, p. 619. noto. V

l
|
- ~r_-~. ¬p Errczicra E Auroaimim: na 'Sex‹~rznç¿ .237
236 _ Emuco Touro Luzenim ~..
Ifl1:1flfl-nvifi

limites objetivos e subjetivos da coisa julgada, particularmente


se estende a *eficácia da sentença, na sua objetiva -consistência o requisito da identidade das pessoas."
determinada -pelo conteúdo da decisão, mercê de um princípio Admite-se, contudo, em geral, a abstrata possibilidade de
geral,-atribuido `à sua qualidade de ato do Estado. 'P atos administrativos únicos e indivisíveis, .cuja anulação por
- E,n1,end_e;se:<l9§,_ao_r_evê¿ taml;g':_r_nT_a sentença_.de_r_ejeiç;ã_o parte de algum dos -interessados necessariarrrente beneficiaria '¬`|E›.sl¿.up-

da_ação_prop_ost_a_(§,_por _isso, de dec1aração_da legitimidade do também aos outros. Convém saber: deve-se distinguir entre pro-
.ato__impugng.do_);v_ale_para todo_s_;_mas aqueles entre os legiti- vimentos -múltiplos, nos quais, -com ato formalmente único, se 1
medos na--im_nugnaç,ão_,_que_não participaram _d_o_p;ocesso,,e que, contêm, -em realidade, tantos provimentos distintos quantas são
-cg _conseguintg_,_nâo_estãoss11jgit,o_s_à..autoridade_da_coisa-ii1lgê- as pessoas e provimentos coletivos, “cujo conteúdo é tão 'incin-
l

‹1.a.ea1§1.ar§..° d¢mor1ê.trarz1.11e_:.áifli11etiça.;0J111e;i1flIL¢1°~S wiflci- F

dível que o provimento cessaria deter vigor em relação a to-


de c_Qm a justificaçãflg da__proc_edência__de_sua__p.róp1Íaaç§o_de dos, quando, por efeito do julgado, o próprio provimento dei-
impugnacão. Tanto a tese aqui sustentada, quanto a opinião xasse de valer em relação a alguns". 1'-' .
contrária, sustentada pela Corte, apresentam na prática, com É verdade que não se conhece caso no qual o Conselho de
referência ao art. 163 do Cód. Comercial, alguns inconvenien- Estado tenha positivamente proclamado a existência de ato É
tes, que já muitas vezes foram realçados e constituem provavel- dessa segunda especie; porém é lícito supor que' os casos em que
Ê mente a verdadeira razão da persistente disparidade de opiniões. isso se verifica refogem na pratica ao exame da jurisprudência,
1'i1;¬?'1F¡'N-iI?^“›-?.~T.¬_*

1 Acolhendo as conclusões que, consoante o que se diz, se afigu-


5 porquanto, faltando necessariamente os efeitos do ato em rela-
ram mais exatas, evita-se o perigo de conluio da sociedade com ‹| ção a todos, nãoocorre a ocasião de uma decisão que contemple
um sócio -condescendente, que, propiciando a rejeição de sua e certifique as conseqüências de tal situação. ~ E
própria ação, possa precludir toda e qualquer outra impugna- Em todo caso, se há provimentos coletivos no sentido ora
H
ção dos outros sócios; mas assim se expõe a sociedade a uma indicado, eles podem, seguramente, dar vida a umapluralidade
série interminável de impugnações sucessivas. . de interessados em sua integral anulação e, por isso, a uma plu-
Deve-se, porem, acrescentar que, na prática, o inconvenien- ralidade de açoes de impugnação concorrentes. Portanto, a elas z.:~.'¬._-“z.='_:i.-äe"¬_:-9.uv4rs¡¬
tese evita, estabelecendo entre as cláusulas estatutárias prazos se estenderâo as considerações'supra-expostas, e a rejeição da
curtos de decadência para a propositura das impugnações dos ação de um dos interessados não poderá obstar às impugnações
sócios, e se pode esperar, de iure condendo, que, neste mesmo dos outros.
sentido, intervenha o legislador, quando fizer a reforma do Cód. A observação merece ser feita ainda que a brevidade do pra- .,.€\"'I:;'.4¶¶."
Comercial. ` zo e a probabilidade de que todas as ações, contrao mesmo ato, ai!
t
4. Como já assinalei acima, a questão tem possibilidade sejam reunidas e decididas conjuntamente, reduzam a possibi-
ll
Í
de deparar-se em termos. idênticos na justiça administrativa. lidade de que se venham 'a apresentar na prática.
- .H1
É
.13¿¡ A doutrina e a jurisprudência sao hoje acordes em conside-
li II Cnnnzo, Commenturio. p. 294 e segs.: Bonsr, Giustizia ammíníslrutivu, 5» ed..
rar que, outrossim, às decisões das jurisdições administrativas p. 319 e segs; R.|luu.u.-rn, Guarentípie della glustizia, 5! ed.. p. 505 e segs.: Rliccl,
devem aplicar-se as regras do art. -11351 do Cód. Civil sobre os em Foro Italiano, 1934. III, p. 221; Cons. de Estado. V Secção, 30 de mniode l93l
(Foro Italiana, 1931. Ill, 11. 403) e 3 de março de 1533 (Foro italiano, l933. HI. p. 233l1
l

Corte de Cass.. Climhras Reunidas. 11 de março de l92l3 (Foro italiano. l933._ 1. p. l.l92l.
¡°` V. oe meus trabalhos ʃlleacia ed. outøritñ. della aentenzfl, p. 95 e segs.. e
Aflcofa sulla. aentenaa e sulla cosa giudleata, em Riu. dt Dir. Proc. Clulle, 1936. I. W Assim. a citada decisao da V Secção de 3 de março de 1933, relator Pnmnanoo.
p. 231 e segs. (neste volume. ps. 120 e 170). onde se encontra também amplamente A diversas o maiores conseqüências levaria a doutrina de RANu.u.1-rx, op. cit., p. 511.
justificada e arirmnçbo de que a coisa julgada não e um efeito da sentença. meu da ívndlulsíbilidade do vicio do ato.
uma qualidade dos seus efeitos. . _ '
l
:
ll
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l.
l
4
Eficácia E AUTORIDADE n.\ SEH'r£Nç¿ 239

dos os outros; b) a sentença favorável, que anule o ato impug-


TI:- _-n‹›-.a». -¬ ag; nado, beneficia a todos, enquanto a que repele a ação proposta
NOTAS
não prejudica o direito de agir dos demais. Afastando a primei-
ra, por significar extensão da coisa julgada a terceiros, -Lina-
MAN dá contornos novos à. segunda: embora acolhendo .a solu- \=ln=^~n=õ‹¬|1¡â*u-Apan¡uiac-¡.
4'
` AÇÕES CONCORRENTEB ' . ;â-: .ah '.:§, explica ele que, no caso, não se trata de extensão
I
*1
PLURALIDADE DE PARTES LEGÍTIMAS À IMPUGNAÇÃO da coisa julgada secundum eventum litis, mas sim de diversi-
Í DE UM ÚNICO ATO ` dade de efeitos da sentença; Sendoa. sentença improcedente,
(Ada Pellegrini Grinover) e sendo objeto dela apenas o pedido de um sócio, aos outros
'r fica aberta a via para outras ações, que visem à' «impugnação
lí. 1.- Voltando ao assuntojá. ventilado no n. 30, “c", da Efi- da mesma deliberação. Mas se a ação de um dentre eles for vi-
càcia -e Autoridade, Lmmvnuv debruça-se_aqui sobre o problema toriosa, terá. sido atingido o fim comum, tirando às outras ra-
do litisconsórcio unitário, em que a_situação juri_dic_a_material zão' de ser, por'falta -de interesse de agir. i
se apgesentayindivisível,_devendo a coisajulgada ser única para ' ›

todos, e cujo exemplo típico é a impugnação da deliberação de 2 _ Como vimos, a doutrina brasileira objetou à. posição
,_ ¿,_4\ _.
sociedade anônima por um dos sócios. - Í do Mestre, porquanto, urna vez conseguida a anulação, nem
l
l sempre se terá atingido o “objetivo comum". Basta pensar no
Hoje, na Itália, as normas que regem a matéria sao expres-
segundo socio a que interessasse exatamente a manutenção da
sas e eliminararn muitas das dúvidas existentes ao tempo_em i
deliberação social, que a primeira sentença anulou. 1 ›
i.,. que Lnimviàu escreveu. A legislação pertinente dispõe que só a
1: anulação das deliberações sociais, contrárias à. lei ou ao ato A_{é ,_lƒ5›j_ç, entre nos, os reflexos do litisconsórcio unitário
,i
,z.. íactiltativo '-' sobre a coisa julgada dão margem a sériosçdissensos.
wi. constitutivo, tem efeitos com relação a todos os sócios, mas isso
*L
não se dá quando a sentença desacolha a impugnação. Dai por Nesses casos, que são de situações jurídicas substanciais
~!š plurissubjetivas, o resultado do processo - afirma-se” - não .=v-z :_.-z .:; z=úz.
que, nesse caso, os co-legitirnados que não tenham participado
da açãopodem reapresentá-:la. A lei; ao- mesmo tempo, fixa pra-
zo bastante breve de decadência para a impugnação, visando a Bzuusosà Moaizimi, Coisa julgada: Extensão subjetiva, in Direito

V, Processual Cívil, Rio, 1971, ps. 281 e segs; Ver também, retro, Notas à
reduzir a possibilidade de decisões contraditórias (art. 2.377, Eficácia e Autoridade, § 5.°, n. 4. A
Cód. Civ. italiano). ' z H ' 2 Sobre litisconsórcio unitário _ distinto do necessário _ ver as
Mas no Brasil, onde não existe norma expressa a respeito, monografias de Aazxoao Cm-nu, Do Litisconsárcio Unitário no-Sistema
asconsiderações tecidas por 'LIEBMAN em 1934/37 ainda ofere- no Código de -Processo Civil, São Paulo. 1968, e de Biuuaosz Mon:-:m.à,
cem grande interesse. _ _ . 'l
Lítisconsórcio Unitário, Rio de Janeiro. 1972. A partir dessas.obras` é
\ que se firmou claramente, na processualistlca brasileira. a idéia de que
,..,.'..-.-.:;f.z-.*
.. , Resume o Mestre, inicialmente, as duas opiniões que ã épo- 0 1uiâennâómiú_mde_seLun1tarlo._semJsr___ne¢essári0 (como é ‹=×flt=1~
.
1"
ca dividiam a doutrina italiana: a) a sentença proferida -na ação mente o caso da anulação da deliberação da assembléia das sociedades
ll proposta por um dos interessados-beneficia ou prejudica-a -to- anônimas), e vice-versa (como, v.g.. no caso de usucapião): ver a ültl-
li
ll ma obra cit., ps. 132 e segs. Os problemas atinentes à pretensa extensão
da coisa julgada no litisconsórcio unitário surgem exatamente quando
este não é necessario. ' '
=' B.uu.=.os.i Monsmià, Lítisconsórcio cit., p. 143.

:^-:¬.<'¬v-Fn‹-v`›.¬_-‹:.~¬%_¢"zm”_:w›.x+-r_zx-.¬'-._¬ :
ir
240 Ann Pzttmnlnr Gamovm
Eficácia E Aoroaxmios na 322111-zuçà 241
pode as veza deixar de produzir-se a um só tempo e de modo
mam'
4i¬_
igual para todos os titulares. É que as posições jurídicas indi- das por como dividindo a doutrina": a Sentença PTO' i
viduais são_ iguais e interligadas, de modo que o comando con- nunciada na ação proposta por um dos interessados beneficia
creto as atinge a todas com idêntica eficácia. ou prejudica a todos os outros.
Parte da doutrina frisa que se trata da extensão da coisa
julgada: “se os co-interessadosgaliieios a9_proc_e_sso não ficassem l
i
4 ..._ De nossa parte, manifestamos opiniao diversa, reco-
jungidos aquela,_pogeria1;n_p¿ovocar a forng_L_ilacão,__para_sj,_d_e_ l nhecendo, embora, a exístência, em certos ordenamentos, da ex-
l regra juridica concreta de teor p_o_r¿/entj._1ra diverso, com_o_q_u_e
'25-fififlfl <1!!§ÊÉ_í=!¢l=*~.5 .hQ!11Qs'2fl@idfl.d.ee t0_1;na.daniny.i_áv_e.l_a_S11hSis-
tensão subjetiva da coisa julgada, nos casos de litisconsórcio
unitário, a quem não participou do processo. E já afirmamos:

E tência__daLsii;gção,__j.urídiÇa,ëumtancial global". * l "A extensão aos terceiros, virtuais litisconsortes unitários. da


coisa julgada proferida -inter alias justificar-se-ia, portanto, em ‹

, 3 -- Nao obstante reconheça que a extensão da coisa julga- virtude da perfeita unidade da res in iudícium deducta, que tor-
da pode ser preccituada secundum eventum litis _ e há. exem- naria impossivel a -formulação de regras jurídicas concretas di-
‹l
plos dessa extensão via legislativa no Brasil* _, preconiza l
versas com relação àqueles que deveriam ter participado do _.4 _H_

Bansosa Monsmà que não se adote a solução, para evitar julga- mesmo juizo, obtendo sentenças uniformes." Prosseguiarnos
oos contraditórios entre as mesmas partes e um resultado que observando que essa razão poderia autorizar, por via legislativa, .~vs¡r_fi.1-
já foi qualificado de “muito feio". “ E conclui: “quer seja o pe- a extensão subjetiva da autoridade da coisa julgada ao virtual
dido julgado procedente, quer improcedente, a regra jurídica litisconsorte unitário, que não participou da relação processual. ul
ll
concreta formulada na sentença terá de aplicar-se de modo uni- `l M¿5_ diziamogj no Brasil essa regra legislativa não existe; ao
F1*
i`orme a todos os interessados.” T Assim, o brilhante processua- contrário, entre nós, o art. 472 traça a regra da limitaçao sub-
lista prefere ficar com a primeira das duas alternativas aponta- jetiva da coisa julgada de maneira rígida. Concluiamos assim:
--ggm norma expr_e_ssa.-n.<¿.S§11túQ__ë2-filšfiëllëã-0-YÂE-CQÍSÉL-Í-'¿¿§l€'1-a
f Bâaaosi Moaflaa, op. cit., p. 144; nota 49. acrescentando: “Esse aos possiveislitisconsortes unitários; e hjavendobaräcoiitrario. zl
aspecto não parece ter merecido a atenção de Lrzsmzm, no armar a sua iggga limitadora explícita em_nosso_o1:denamenf_o._I1ëSL_hfi-E310- li

j.
,® famosa construção... e constitui, sem dúvida, uma das debiiidades da
teoria liebmanlana, que tanto êxito vem obtendo entre nós." êazzaagef nzlautoriaêaecda cr›iêa__.i_11lsada¿êrs¢iL<›S.».e}12¢M1110
i
› . -" É o caso da ação popular constitucional (art. 18. da Lei n. 4.717, fš.lL@.1lL1s1l=LS_LÍcl}i§.0_0;f1§_.0I.L.€zS.l111¿`i¿a;ios,,se,do,.ju.izo.não.pantic1.parana."='
de 29 de junho de 1965), na qual a sentença se reveste da autoridade da Com efeito, já sustentamos que os direitos coiistitucionajs
coisa julgada ergrr omnes, quer acolha, quer rejeite 0 pedido do autor de defesa, o principio do contraditório, a bilateralidade da açao
popular; mas, no caso de rejeição do pedido por insuficiência de pro- " _.¬T.: '2:¶\_

vas, a coisa julgada não sc forma: e, segundo já afirmamos, não se e da exceção fazem com que a imutabilidade da sentença so- V

forma nem mesmo para o autor (Gamovzn, A tutela jurisdicional dos mente possa valer inter-partes: eis o fundamento político da ›L`
jl
interesses difusos, in Rev. Procyradoria Geral do Estado, vol. 12, São limitação da autoridade da coisa julgada, entendido como ga-
Paulo. 1-978. p. 135. -Cfr. Bànaosâ Moncmzx, Litisconsórcío, cit., p. 148. nota rantia das partes e possibilidade concedida ao terceiro, juridica-
57; contra; Arouso na Srtwi, Ação Popular Constitucional, São Paulo, 4l
1968. p. 273, que entende ficar impedido à nova ação, pelo mesmo fun- mente prejudicado, de opor-se à sentença, para ele eficaz mas ii.
¿
damento. quem já foi parte). mutavel. '“
~= A expressão é do Scnxvân aein sehr unschönes Ergehnisi, apud
Bfmsoss Monrma, op. e loc. cit., nota 57. b De nossaautoria, "Eficácia e autoridade" cit.. P- .31-
T B,u:sos.i l\ioncis:à, op. e loc. ciis., p. 1-i8. " ld. ibid., p. 32. '

1" Assim escreviamos em "Eficácia e Autoridade" cit.. D- 51- _

^4~-fi-:n: Í.:- '.-:¬ .*' .-.Í


,_-.W- L
4

Eifrcicm r: Auronmiuaz na semi-:sos 243 Í


I
242 - ' Ana P|:u.rcaim Gniivovsa ' |

ato que .também se -estenderá _


na todos. As ações acolhida-S S50 ..
,I
1-
5 _ Aplicando tais conceitos aolitisconsórcio unitário ía- .diversas E a coisa ' julgada-nao Í>eII1_0 GSCOPQYÍ-10 EVÍtflI'_C1€ÇíS0B5 -'r

cuiiatlvo, chega-se então a ponto de vista mais próximoao de .entrçeç,‹;i__iiiconciliáveis,_;nas apenas o_ de ~evitar_a incompatibili- .
W
Liizsii-um: se aprimeira decisão rejeitou o pedidoi.-de anulação, .ggçggratica entre coma¿1,dos.” I ,
outro sócio não pode ficar impedido de pleitear, -em outra ação, i

a desconstituiçào da assembléia. A coisa julgada não se. lhe es- I

1 tendeu-. -E se o ordenamento faculta o exercício da' ação, é' evi- I

H
dente que, uma vez conseguida a anulação, esta segunda 'coisa
julgada, prevalecerá _ para todos _ sobre a primeira: nao só 4
em virtude do princípio pelo qual_a segunda coisa julgada, no
É conflito entre duas, há de prevaleceizl' mais ainda porque, a
nào ser assim, 'o exercícioda segunda ação teria sido inútil. Se
i
l
v*

o ari. 472 do CPC autoriza outro sócio a mover a ação, é evidente Y

que o faz para que seja beneficiado pelo resultado do processo.


Assim não fora, e teriamos o absurdo do inutiliter datur.
1
4 .i
Miuteatis _m¿u,t;a,ndis,_o_,racioeinigitambéni se aplica/ao caso
de ter _o prin_ieii;o__s_Ócio conseguido aganulação, _e_o_segundo__plei- i

teado a dec1araç_ao_da va1idade__c_la_ decisão da assembléia, con-


1 sfisuiiiflisizasz A. Sesi1_¿id_2«_co.iêa.ji›Àsadfl _s5er.a.ie.cerà_spi›r.e_a¬iê.s1-
meira. Mas o que não se pode é imp§di_r`- a_-pretexto de uma
r

J
julgada que opere uItra_p_ai:t_e,s -- o_exer e 4.

ação aos de.mflB;_sÓci0s¿em@rmnLe@ '.


E

ÃO, art. 47_2,_ ÇPC vigente. _ l


1°‹
.

6 _ Desacolhida, também, a segunda posição - a exten- ,.-.¿:c. i-.


são da coisa julgada a terceiros secundum eventum litis -, pa- L..
,4

rece que o art. f172 do CPC vem .confirmar a posição de Lmnivum' pi


.‹

-quanto ao litisconsórcio unitário facultativo: a anulação é ne- 4.'


,.
z

cessariamente total, e socorre também ao sócio que tenha visto É


\
repêlida a 'sua precedente demanda. apenas, se houver interes- ,à
-4e‹~ae- -~f‹.g;-r_-_-_,
'^i.'-z‹¬“_›f;.:_m‹-e1._ >*-;_“= ¬._zi~
se,de agi_r,_poderá pgsteçriormenteçser declarada a validade do_ 1

v
" Não é raro o conflito entre duas coisas julgadas, e a doutrina
brasileira resolve-o predominantemente em favor da segunda: GniNovsn,`
,__
Direito Processual Cívil cit., p. 85; Bnmiospi Moasnui, Comentários_cit.; FÉ 1
-a
ii. 134. No mesmo sentido a jurisprudência: Ap. Civ., n. 85.732, do Trib.
1;- Assími esa-zvizmos em Eficácia e -autoridade cit., p. 12.
Just. do aniigo Estado da Guniiabara, in DJ., de 22.8.1974, 310, do 1
`1
apenso. -
861'-17 1
I -_

1 “Eú4.ãt.-vl1-fä;._L..
`|| ¡ _5-1+
_|
`iii,M_I`|”i¡.H'‹_'_H“¡`|.u¶"_HiM`|"._I`4h¡'t|Uš"`\_J;“I`i"“r_¿, mpiI._'V
I _|¡|J¡ ` _W¡_mí
¿"______'___:M_`¿ç_¡_e',v.W¿I¬_;__,_uH¿“_3h__¿¡h
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_3 Pr _!

1
Í I

Ericiicili E Aumaiums os Si-:N'ri-:Nç.‹i 247-


I

permanecendo as diversas definições da coisa julgada trabalho- 1›


É
samente compostas por elementos heterogêneos que a tornam
um instituto um pouco misterioso, quase que levemente mons-
truoso, no sistema do Direito. A primeira exigência para a reno-
vação e a satisfatória sisternatização do conceito da coisa jul-

Í PREFÁCIO À REIMPRESSÃO ITALIANA DE 1962 *

Fico profundamente grato à. Fundação Calamandrei e aos


(
gada é, portanto, a de definir a sua essência mediante o uso de
instrumentos técnicos que lhe sejam adequados, mas que tam-
bém sejam claros, simples, nitidamente compreensiveis, logica-
mente exatos e ao mesmo tempo coerentes com o sistema. Tra-
valorosos estudiosos que a dirigem por ter incluído a reimpressão ta-se, em outras palavras, de libertar o instituto da névoa que
deste meu livro, esgotado há tempo, na coleção que se' intitula o envolve e de substituir o mito por uma visão científica. l
ao nome de um mestre inclito e caro a todos os juristas italianos. il
_n4._.n4 A segunda -exigência é a de dar-se conta de que a análise, Í
_ V O volume que se reimprirne foi publicado em 1935 e teve â
então uma acolhida bastante brusca, devidapcertamente a seus z
I feita pela doutrina moderna, do conteúdo da sentença e de seus
diversos efeitos possíveis, pôs definitivamente em crise todas as ill
defeitos, sobretudo de forma, que impediram fosse apreciada
velhas concepções que, lançando mão da presunção, da ficção
a tentativa de estruturar a teoria da coisa julgada fora dos
ou de outros expedientes análogos, visavam a aumentar a força
esquemas tradicionais. As críticas de entãojprocurei.responder
de verdade que promana do pronunciamento do juiz:,¿Ê9.§~_l2Ê'
com um artigo que está incluído na presente publicação, embo-
ra hoje ele pouco me satisfaça. . » .
\.
na‹s'a declaração, mas todos os possiveis efeitos _da sentença.
estão_,cobeijtos pelo ,j:u¿gad9. A estreíteza e a parcialidade da ¶.':!z-ílrhkrdn
Devia passar algum tempo para que surgissem mais clara-
concepção da coisa julgada até emescritores contemporâneos
mente, em primeiro lugar, a mim próprio, 0 sentido e os possi- A- ~_~. ;^~_:r

veis desdobramentos de uma tentativa tão pouco ortodoxa. E 1 é demonstrada pelo fato de que a doutrina germânica continua
realmente só em épocas bastante recentes os escritores das ge- identificando a Rechtskraƒt com a Feststellungswirkung, ou
rações mais jovens 'dela se aproximaram com mente aberta, de- seja, a autoridade da coisa julgada com a eficacia da declara-
monstrando compreender seus intuitos e acolhendo mais ou ção. O art. 2.909 do código civil vigente permaneceu prisioneiro
menos amplamente seus resultados. Agora, a decisão da Funda- do mesmo erro, na medida em que limita a coisa julgada à. de-
ção Calamandreí vem confirmar categorizadamente essa nova claração contida 'na sentença; e não é mais do que um medío-
atitude da doutrina e compensar a amargura experimentada cre expediente (de que não nego a utilidade a nível exegético,
pela incompreensão com que o livro foi acolhido quando apare- frente ao- texto da norma mencionada) sustentar que a incon-
3 testabilidade da declaração sirva de apoio para o efeito consti- _-TJ
BT
.'I
"tí. .m5'L"_._-_..
ceu pela primeira vez. I
1

fl A doutrina medieval atribuía à coisa julgada qualidades


quase taumatúrgicas. Hoje suas fórmulas mágicas são lembradas
Í tutivo ou condenatório, que eventualmente a acompanhe. .Por
que não nos decidimos a olhar a realidade em seu pleno signi-
l

pouco menos que com um sorriso, mas a verdade e que ainda te- ficado, acolhendo um conceito consentâneo com o fenômeno
mos dificuldades em nos livrar inteiramente de sua influência, real, considerado em todos os seus aspectos? A função jurisdi-
cional tem conteúdo mais complexo, mais rico ou mais variado
' Prefácio do Autor à Edicao italiana da Eƒƒicacia rd mitoriiá della K

sentenaa, reimpressa pela Fundação Piero Calamandrei c publicada ein do que o de simples solução de uma questão duvidosa. A cer-
Milão, por A. Giuffrè, em 1962. teza é, sim, componente essencial da justiça, mas não a exaure. ll
-.__i¡._i.m-;.-AM.
1!

zl ,_,
I .
Lai
i

1 248 Emuco Tuuilo LIEBMAH


Errczicm E Auronrnmz na SENTENÇA 249 56
a
Nessa direção eu fui encaminhado, em 1935, por duas orien- V
E a sen,te@aaem_@ °n” I

a_ c_e;1;e_z_a, mas freqüentemente (aliás, na maioria dos casos) tações doutrinárias diversas e muito distantes entre si, as quais
. _ -fi ._í_ colocaram a sentença em confronto, a primeira com a lei, a
também produz outros efeitos, de grande relevância Piá-Êíçëz 'I
‹ segunda com o ato administrativo., Parece-me, todavia, que des-
que eae i.›9s1em,_r5dos_e1@s,-êer. .rsreøvieeê suend°_.e..e“=ntsnÇa sas orientações foram tão fecundas as posturas, quão pouco
adquirea autoridade da coisa_julgada. Bor isso, eSSa_autorida.de
aceitáveis os resultados. - ' -
não pode ref_erir¿se a um apenas er¿tr_e,_os possiveis 6fBit0S da
sentença, mas sim a todos unitariamente, não D0§1.8IlÇ!0 ter 0UtlÍ.° Repleta de interesse era, com.efeito,'a aproximação da efi-
sentido senão o de indicar um modo de ser, uma qualidade da-
1../¬. -
cácia da sentença à. da lei; mas depois o discurso de Carnelutti 'l
queles efeitos. tomava outros caminhos, estendendo-se ao contrato e -compli-
cando-se~com o 'conceito do comando complementar, que me
Enfim, a terceira. exigência é a de colocar a teoria da coisa
parecia pouco convincente; sobretudo, chegava a identificar- a
julgada na posição que lhe é própria, em seu contexto natural.
imperatividade da sentença com a coisa julgada material e .Íi
Estudada por muito tempo como se fosse instituto do direito
a imutabilidade da sentença com a çoisa julgada formal. Eu 1
privado, considerou-se na res iudicata apenas 0 seu conteúdo, | "\
chegava a conclusões diferentes. Retornando sobre o tema com .
ou seja, a res, descurando totalmente seu elemento formal, que
0 distanciamento do tempo decorrido, que natura.lmente,_apa- 'l1
é o pronunciamento do juiz. É essa a verdadeira origem dos 1
Ê4
gou qualquer traço de ressentimento pessoal, parece-me que
erros e das esquisitices postas em relevo 110 iflíflífl ÔESSHS Páginaä nem a aspereza da polêmica inicial, nem a sucessiva redução da
i\
bem como da busca tão trabalhosa quanto vã de um conceito
divergência a uma questão meramente terminológica (assim o
É que exprimisse a sua essência. É necessário, portanto, ter em
mente que a sentença é um ato do poder público, ou seja, um
T
J
próprio CARNELUTTI, Bilancio di una polemica, Rir. Dir. Proc.
1937, I, 78) espelhavam exatamente as nossas respectivas
ato do Estado, o ato jurisdicional, convencendo-se de que esta posições.
é a única perspectiva aceitável. A afirmação foi julgada em
1935 um exagero da concepção publicista do processo. SuP0nh0 Não menos interessante era a via tomada por Merkl:
;'1
"-“:"_. _.¬

saindo de uma idéia não nova na doutrina de língua alemã
que 'hoje ela parecerá uma simples verdade, talvez até por de- I
ji
1
-e por certo particularmente congenial à escola juspublicista j.
1
mais evidente. Toda a recente doutrina italiana nos acostumou r:
de Viena, havia ele colocado no mesmo plano a sentença e o
a colocar no centro das investigações o ato juridico, em suas
ato administrativo, concluindo por estender a este último a
inúmeras configurações, estudando as caracteristicas desse ato iãä.
_-.'. -:
noção da coisa julgada. Também essa conclusão não pode ser
em uma consideração unitária que não exclui, naturalmente, acolhida e não vejo nada a acrescentar aos argumentos já ex-
distinções e diversidades. E não se vê outra classe de atos juri-
postos à época para afasta-la, sendo eles geralmente comparti-
dicos -em que possa ser incluida a sentença do juiz, a não ser a Í»-É_-4_.Í¿T.-`_.-T_Í.;
I lhados pela doutrina italiana.
dos atos estatais. Nem pode representar um obstáculo 0 fato de
_. _ . ¬._ - _-¬--.- que o objeto do processo civil é, na maioria das vezes, uma re- Retomando o confronto e ampliando-o a todos os atos do
lação de direito privado: porque a relação controvertida, qual- Estado, achava eu que eles têm em comum a idoneidade de
quer que seja sua natureza, é o objeto passivo do pronuncia- impor-se de modo vinculante, como atos da autoridade social,
1
mento do Órgão jurisdicional, e portanto da eficácia do próprio sem qualquer necessidade da verificação de sua validade, até
... . .¬. =.z-i .z,=._- =;-,¿._

pronunciamento, enquanto sujeito ativo é, em qualquer caso, que esta fosse contestada na esfera competente: e chamava. a. I

o órgão jurisdicional. essa idoneidade de eficácia natural dos atos estatais. O ato
s..|. _._ _. - il

I 1
1
250 Emnco Touro Lrssmm
Enczicul 'E Aoronrnàna na Smrsuçi 251
jurisdicional distingue-se, todavia, dos demais atos do 'Estado l
por 'uma sua caracteristica típica e exclusiva, devida à sua fun- Das diversas aplicações -particulares extraídas dos concei-
ção, cujo fim de justiça se combina com o da segurança dos tos ora resumidos, uma só gostaria de lembrar aqui: a que se
direitos e da pacificação social: quando a,sentença_pa.ssa,em da no caso de a sentença não apresentar-se revestida da auto-
julgado, seus efeitos, entre certos limites, não mais podem ser ridade dojulgado. Nesse caso _(por ex., com relação a um ter-

5 mudado_s._A coisa julgadaflvem assim logicamente a decomp_or_-


-_§e¬e_rndois:coneeitpielemgntareskde simples e clara evidencia:
a eficacia da,__s_çi¿tgn¢¿,_que ea aptidão_d_e irnpor QS_S§L§:¢.Í_e_i.t9§J
ceiro), -sustentava que a eficácia da sentença pudesse (sob de-
terminadas condições) ficar paralisada pela demonstração* de
sua inconformidade com a lei. _
1
1
V

É de1modo.aná1ogo_a todo_o_utro_a,t0_do_Fstado;. ,eia lmutabflidade A tese, quando foi enunciada, encontrou muitas resistên-
lr l' d‹.=aS.es.efeitꛧ,._sobrevind0 quando a Sfllliensarflsfia em iuleado- cias; mas essas poderiam parecer menos justificadas, agora que
Desse modo, ficavam satisfeitas as exigências supra-enlumeradas a doutrina trouxe à. luz o conceito da desaplicação de um ato
no sentido de uma definiçãomais racional da coisa julgada. que seja invalidado por ilegitimidade: na hipótese de o juiz não
Quer me parecer que essas conclusões se inserem com mui- ter o poder de anular o ato ilegitimo pode ao menos negar-lhe
ta facilidade nas pesquisas da nossa mais recente' doutrina de aplicação no caso concreto e para um determinado efeito. Tra-
._ ._ -¬z_. ¬-â›:e; z.-
1"”
ÊI'-A_

direito público, O confronto das várias espécies de atos ,estatais ta-se de uma eventualidade bem conhecida com relação aos atos
administrativos (ver CANNADA-Bamroni, L'i1u1pplicabilità degli ii .
foi feito de mais de um ponto de vista, levando a resultados em ;¡'¡
atti amministrativi, Milão, 1950)), que foi estendida à lei e é 1,'
grande parte convergentes: tanto 'para o ato legislativo (Cf. agora apresentada corno figura geral de nosso direito público ,ll
CRISAFULLI, Atto normativo, in Enciclopedia del diritto, IV,.Mi- (CAPr¡‹:1.Lr:r'r1,*'La pregiudizialità costituzionale nel processo civi- l
lão, 1959, p. 238 e segs., n. 2), quanto para o ato administrativo le, Milão, 1957, p. 77, com bibliografia citada), podendo perfei-
(Cf. GIANNIN1 M. S., Lezioni di diritto amministrativo, Milão, tamente ser admitida também com relação à. sentença, nos casos zl
*Li
‹¡¡
l
1950, n. 215 e segs. ; Atto amministrativo, in Enciclop. cit., vol. em que sua eficácia se apresente destituida do escudo da auto- *Ii

,i
li cit., p. 157 e segs. especialmente p. 187), foi inàivlauaaa na ridade da coisa julgada.
L
l
imperatividade a eficácia do ato do poder público para impor- Mas, à tese em questão, chegou uma inesperada adesão, em
l -se independentemente de qualquer verificação a respeito de sua campo inteiramente diverso. Numerosos textos das fontes ro-
validade; tornam-se, assim, supérfluas as discutiveis construções manas, a partir aproximadamente da metade do primeiro sé-
de uma presunção de conhecimento (para o ato legislativo) e de
uma presunção de legitimidade (para o ato administrativo), a
que se reportavam as doutrinas anteriores. r
culo a.C., consideravam, ainda na ausência de qualquer possi-
bilidade de impugnação do julgado, a hipótese de uma senten-
ça ser injusta, dai extraindo a conseqüência de que .ela se tor-
'
_ _-.Z.-_.~;`.:_,."'_"._

Ora., é claro que este conceito de imperatividade correspon- naria inoperante para determinados efeitos (Dauvirmrsn, La li
- -_. _-. -. _. _
de exatamente aquela que eu denominava, com expressão talvez théorie de l' “iniuria iu.dicis".dans la procedure ƒormulaire, fro-
-f='.Í;"-'A4:_¿¬.=E*L'EÍ*}Ã~;:.1n
um pouco genérica, eficácia natural dos atos estatais (confor- losa, 1937; Múnaons, Ueƒƒicacia pregiudiziale della sentenza nel -._¬.‹-. _» _. ."._.1.‹.

l me Gmnmui M. S., Accertamenti amministrativi e decisioni processo ciiríle romano, .in Annali Palermo, 24 (1955), p. 125 e if

amminístrative, in Foro it., 1952, IV, 169 e segs.). Não teria segs.: Pucui-:si-:, Note sulla mgiustizía della sentenza nel dfrifto ,I

í .

qualquer dificuldade em acolher essa diversa e mais significa- romano, in Riu. Dir. Proc., 1960, p. 182). Nesses casos, conquan-
1
tiva terminologia. to a res iudicata permanecesse intacta nos limites que lhe são
W proprios, admitia-se a possibilidade de submeter a controle os

},. s;. .-z1.:;
4
1

Erxcíicu. ia .Auronioâmz ml Semi-:uçs 253 il z


252 Ezmco Tmno Lxsmum l

As -soluções práticas representam, em última análise, 0 1?,.


-fundamentos da sentença; e se daí resultasse sua pronúncia _ . -.
mais seguro banco de prova para proferir um juízo em torno
iniuría iudí‹.°is'-ou per errorem íudicis (cum quis iníque vel ini-
da validade de uma teoria juridica. Acredito, sem falsa modes-
uste sententiam, dixit., ULP, D. 47, 10, 1- pr.), extraíam-se deter-
t-ia, -que aquela que sustentei não teme nesse terreno o confron-
minadas conseqüências, o mais das vezes no sentido de que -to com as outras, que --se disputam o .campo na -questão sempre
"+ nesse caso a sentença não podia produzir efeitos reflexos com i

i
-tão dificil dos limites subjetivos -da coisa julgada. ' ¡.-
relação aos terceiros. Douvrusen, que pela primeira vez coligiu .
.
esses textos, acreditou deles poder extrair as linhas de uma ver-
.`¡
I
.l, dadeirateoria. Mais prudente,.PUoussr: .prefere ,vjer neles uma Í
I.
i casuística, aconselhando cautela na construção de um princí- ii
HT pio geral, extraido dos casos singulares. Aqui, é suficiente obser-
,.
ll`\
var que aos jurisconsultos clássicos (assim como aqueles do di- HU
I
ii|
reito comum, que acolheram seu ensinamento) não pareceu
impossível nem absurdo, mas até conforme à›._eqiiidade, que o
terceiro, em determinados casos, sujeitasse a críticas a «senten-
ça, embora tivwe ela que permanecer firme entre_as partes, _ ._ ._ ~

conrí' a, finalidade de evitar o efeito reflexo que dela se quisesse


i extrair, prejudicando-o. Isso e não mais do que isso' se pretende
salientar aqui. Mas não é pouco. ~
¿\ doutr_ina dos últimos decênios mostra uma inegável ten:
Wzlšš
dè,n_cia a extensão da eficácia da sentença aos terceiros, ou a 'Wi

iägllmz.-QQÊI.€._0§l5ë`§Bí1ZQ§›..ll&!¢§§Ild9_*šëêã QLÊÊCXO 11° PÃOQÊSS9


ne;uma_concepç_â.oumenos_1n‹1lir1due1iste.de direito. que .vei se
afi_rrnand_o__e;n_todgs os campos. O homem não vive isolado na
sociedade, sendo sua posição condicionada em medida crescen- i

te pela atividade de seus semelhantes; aumentam a solidarie-


dade social e a responsabilidade de cada qual por seus próprios
atos, projetando sua influência em uma esfera cada vez mais
ampla. Trata-se de uma_'tendência que há de ser compartilha-
‹_-~. ». `-.ez:¡- . .
da, sob a condição de não se prejudicarem sem remédio as razões -.,_-vw.,_.z,_. .,_-._
“_-. ¬._i. _.¬- 1-1-«f-‹›-L
dequem não teve qualquer possibilidade de- defesa. i
i
› . Os conceitos expostos no volume que ora se republica con- Í,l
f ciliam a mais ampla extensão subjetiva da eficácia da senten- ll .ll
_ ,,iq,
ça com a necessária salvaguarda dos direitos individuais dos
iI..

ll
terceiros, quando correm o perigo de ser injustamente sa-
crificados. ` 1
¡z._.-.|. -,
1

Errcãcui a Awmamms na Smrrança 255 .m_.

_. -.._-. ¬ É .o¬que_gç_o_rre entre nós, onde o cQntrçgg¿ia_constituciio¿_ 'lã


nalidade tantoJagde ser 'íeito_por via _de_ação, como também
viazde ,eiceção (reç_tÍu§,_errrjia ,prejudieialb eineste caso
de maneira difusa,_ppr qualquer juiz integrante do Pod_e_r_Ju-
diciário. Aí. 0 mêgísmido - ainrifl que depriineifa iflsfiê-asia

:_ deigiga simplesrnentegde gpliear as lei ou __o__at9;g1_1ç,__1;5pute
NOTAS
ineonstitupional, embora_nã.o_,1he possa__1;etirar__validade;_} _e
assimzproeedem, também, _o_particular e o próprioadministra- i
PREFÁCIO A REIMPRESSAO ITALIANA DE 1962 I dor (este, através dos órgãos mais elevados na hierarquia admi-
(Ada Pellegrini Grinover) nist-7x';Ítiva)Iautorizadosiapegaííapficação a -lei ouao ato, nessas
condiçoes. 2 .
1 - Ao prefaciar a reimpressão italiana da Eƒƒicacia ed
autorità della scntenza, publicada em 1962, LIEBMAN reafirma 4f- Por último, realça o__ Mestre as inegável tendência dos
i e realça sua doutrina sobre a coisa julgada. E depois de algu- últirriosjnos no_senti'do dewestendgr a eficrz'a.cia_,da;,S›_ei1j;_en_cj‹J§ aos
mas considerações prévias em que analisa a .evolução da doutri- -te;.ce_iro;s,É_f_r_ente_a__11rna_conc_ep_ção_menQs individualista do pro- 3
QP.
'!_.";zLf2'.":!?,-;*'“..1'_" ¬J'.Lí-"
i na moderna e a acolhida de certos conceitos que haviam sido cesso. Mgs,,¿e§sa tendência há de ser equilibrada' com o reco- ill

considerados "exageradas" em 1935, detém-se em três pontos de 1_1_t¿eci111_ento_d_Qs_d1reitos de defesa, não_po_dend0;J_r_ejudicar quem tl
.U

grande interesse. não teve oportunidadewde fazer valer suas_raz€¿e_s, §_isS_o é 3102111- ‹;,.
l

çado pela distinção en_t;fe_eficácia natural,_que age erqla omnes, 4 1*


2_ - O primeiro deles é o de que a mais recente evolução e autoridade da coisa julgada, restrita inter partes. _
do direito público chegou a identificar a caracteristica dos atos Esse importante aspecto da questão, e suas implicações
il
estatais, tanto legislativos como administrativos, na imperati- constitucionais, também têm sido objeto da doutrina brasi-
vidade de sua eficácia, independentemente da verificaçao de sua leira. =' I ÍÊ
validade.
Também no Brasil, a imperatividade dos atos estatais, -inde-
pendentemente da verificação de sua validade, é ponto pacífico.
Sobre o assunto, discorreu-se nas Notas ao § 7.0 do Ensaio,
às quais remeternos o leitor, lembrando que a esse conceito de - im-~zg-:› r
1

imperatividade -corresponde a denominada eficácia natural da í...._...-._.-i - ¡m-'ur!_-.w1-L'v-+›v.- ›-0

Ç.Ç4Í-Í:-_4,A;ÍFÍ-«ÃÍí éé sentença como ato jurisdicional. - 1 Ver, Josi: Arouso DA SILVA, Curso de Direito Constitucional Po- . _. -_.._ . .-._._, «_. _. ._ _.
--._ .-_.¬__ --__.
sitivo, Rev. Tríbs., São Paulo, 1976, p. 20 e segs.; ANNA Câmaras na CUNHA
3 -- Q segundo ponto consiste em_uma_aplicaçäo particular Fmaâz, Poder Constituinte do Estado-membro, São Paulo, Rev. Tribs.,
da distinção entre autoridade da coisa julgada e eficácia natu-, 1979, p. 179 e segs. . wma-v. 4:._
Lêz1.d8.__Si'2nÍ_<~111_ç_a,_gonsistente_na desap1ic_aç,ão_de_unLat;o _g_u_e_s_e;_a 2 Fannenu Fn_.no, Lei Municipal n. 8.533. de 19/1/77. parecer in Rev. __. . .¬-vz.

invaIidado,_porquanto ilegijgmo. _£f,,_doutrina mo‹_ieri1a_r_econh_ece Proc. Ger. Est., São Paulo, vol. 12, p. 564/566, fazendo referência à dou-
.i

g_ue_'_o juiz, que 11ão_.pode anular o at_o_ilegal,_pode_ao menos trina e a jurisprudência.


5 Ver, por todos, de nossa autoria, Eficácia e autoridade cit., ps. -_.. .u.
,dgsaplicá-lo no caso_concreto, e _pa_ra_¿leterminadp_efei_to. 59/61.
i
l

\
ii

-1.
."i
l
5.
Errciicrh x-:_i¿\U'roan›/un: na Ssunznçs 257 ll

A esse estágio da evolução histórica 'pertencem as consti-


r.
E
tuições piemontesas de 1770, em vigor no Piemonte desde a me- \

fade do seculo passado, em que o direito "da parte prejudicada


ao ressarcimento das despesas, interesses e danos sofridos", em-
r bora já se distinguisse da pena, não podia ser exercido senão
l
A EFICÁCIA DA SENTENÇA PENAL
através da denúncia e da representação, que eram as formas
l
” 'NO PROCESSO CIVIL*
pelas quais se iniciava a ação penal: e sobre esse direito julgava
exclusivamente o magistrado penal, que devia atribuir ao ofen-
ll A idéia de que a infração penal ofende contemporanea- dido os danos _- interesses, ainda que não pedidos pela parte
ll mente normas e interesses diversos, isto é, públicos de um lado (L. IV, t. XXL" -
l e privados do outro, é uma idéia dos tempos modernos. No di- A autonomia da ação civil para a reparação do dano afir-
reito an,-tigo, por muito tempo, a pena e a reparação, quando mou-se nos códigos franceses pela, faculdade reconhecida ao
previstas para um só fato ilícito, eram confundidos e davam ofendido de propor a ação, à sua escolha, no juízo penal, ou
margem a urna única ação em favor do ofendido (dirigida con- então de forma separada no juízo cível. Mas do antigo liame i
juntamente ao ressarcimento e ã pena), que podia ser exercida c da tradicional dependência da ação civil da penal derivou dire-
unicamente sob forma de acusação perante o juiz penal. 1 Mes- tamente o dispositivo que prevê a suspensão do processo civil
1 mo quando no direito intermédio francês se afirmou a distinção à espera da conclusão do penal (art. 3.°, code d'i'nstr. crim.),
I entre a ação penal e a civil, reconhecendo-se o caráter público em que se traduzia o antigo princípio de que le criminal tient
.. da primeira e atribuindo seu exercício a um órgão estatal, a
.ll le civil en étatj e a conseqüência que daí se deduziu, ainda que
ll ação civil para a reparação dos danos sofridos conservou por através de polêmicas ardorosas _ em que se distinguiram par-
muito tempo um colorido penal e foi considerada -acessória, ticularmente, como campeões das duas opostas concepções, Mer-
í
subordinada à. ação penal, “enfeixada” na ação penal (para usar lin e Toullier _ da influência do julgado penal sobre o proces-
uma expressão de Jousse 2) e proponível só e exclusivamente no so civil, sendo que a suspensão e a influência não eram mais
proprio processo penal. Conseqüêncla natural dessa unidade do limitadas à action civile estritamente entendida, mas tendiam
processo foi a unidade do juizo em que se julgava simultanea- a ultrapassar os limites desse caso, para estender-se a toda e 'S._QL-._ . _. _-._-.¿_.: _. €"í':=_A_¡~.-L_"'.¡____._" A_U“ALA44
:Eai

mente em torno da pena e da reparação. qualquer hipotese em que o mesmo fato fosse relevante, tanto
2:; I
I
|

' Tese apresentada ao Convegno dell'Associazione tra gli studiosi


para um processo penal como para um processo civil. !
1-;. f
del processo cívíle, realizado em Veneza, Ilha de São Jorge, nos dias 6 A orientação francesa impôs-se ao legislador sardo e ao E- l
FB L
e 7 de outubro de 1956, e publicada in Riu. dir. proc., 1957,*e na reim- de 1865, não sem contrastes, nos quais “-se revela toda a con- Í,! l

pressão de 1962 da Eƒƒicacía ed autoritá della sentenza. cimção que nos homens antigos despertam os novos institutos, .il
l 1 Cmovzmn, Istituzioni di diritto processuale civlle, ll, Nápoles, e que pode parecer nobre quando não seja justa”. * Assim, p0St0 I
1936, p. 116.
2 Traiié de la iustice críminelle en France, 1771, t. III, p. 11. 'A que reconhecendo ao prejudicado uma ação separada ã repara- I,
respeito da evolução do direito francês anterior à Revolução, v. Fws-rm ção do dano, proponível, à escolha, por via da intervenção no
Hñmr, Traité zfinstraction criminelle, t. I, 2.5 ed., 1866,p.483; A. Esmzm,
Histoire de la procedure criminelle en France, 1882, ps. 43, 111, 139, etc.; z Cfr, p¡5;¡~zg¡,¡,r, Commentario del codice di proc.-:dura cívile surdo.
Valticos, Uautorité de la chose jugée au criminel sur le civil, Sirey, 1953. 1. Turim, 1355, p. 29. `
p. 74 e segs. 4 Prs›\Nzu_r, loc. cit.
s
1
š
258 ENRICO TULL10 LIEBMAN Errcicm s Auronmlwe na sair:-¿Nç.\ 259

processo penal, ou então separadamente no juízo cível -(com a sições. E foi ela prevista legalmente pelo código de processo
necesidade, neste caso, de suspender o seu exercício, para que penal de 1913, para cuja elaboração a autoridade de Moirram i
se,aguardasse o pronunciamento do juiz penal), reafirmou-se, foi notoriamente preponderante. Quanto ainda pesasse o an-

â todavia, seguindo a antiga ordem de pensamento, que a sen-


tença penal de condenação devia atribuir i_'¬_-:_'er'irfeçš.^ °-^ pr?-
judicado, ainda que se não tivesse constituido parte civil; e se
tigo preconceitotorua-se manifesto pelo fato de que o juiz penal,
na .sentença de condenação do autor do crime, também poderia
condenar à indenização dos danos e às restituições em favor do
determinou, finalmente, a preclusão da ação civil, no caso de prejudicado, ainda que este se não tivesse constituído parte civil,
absolvição do réu. - . porquanto era considerado litisconsorte necessário do Estado no
.Essa referência aos antecedentes históricos demonstra que processo penal. ° De outro lado, o novo significado da disciplina
no passado, e até na legislação de 1865, as relações entre juris- -das relações entre jurisdição civil e penal recebia seu pleno re- i
dição civil e penal eram consideradas prevalentemente com re- conhecimento: a subordinação do juízo sobre a indenização a *~:.`š*Í-à.-sE -šffl-T-‹`-Íviumf r
Í
lação a ação de indenização e que sua disciplina era altamen- que tivesse por objeto a pena trans-formou-se e se ampliou em \
I

1 te influenciada pela insuficiente distinção entre os efeitos pe- regra geral, a condicionar em todos o.s casos o conhecimento do
i nais e civis da infração penal: de modo que, mesmo quando a juiz civil ao do juiz penal, quando devessem conhecer do mes-
distinção abriu seu caminho com dificuldade, foi inevitável que mo fato. Falou-se a esse propósito de uma forma especial de
o juizo sobre o crime necessariamente implicasse a decisão so- litispendência, que se resolve necessariamente na espera de ver
bre o ressarcimento, ainda que esta fosse confiada ao conheci- definido o juizo penal e onde “a prevenção é dada à jurisdição
mento do juiz civil. . penal, não em razão do tempo mas em razão da matéria"; 1 litis- “F

As disposições fragmentárias de nossa primeira legislação pendéncia essa que não se limita à ação civil do prejudicado,
unitária, todavia, com o passar do tempo foram entendidas _e mas sim a qualquer “reparação de direitos subjetivos lesados
interpretadas com nova mentalidade, já colocadas em um qua- pela infração penal, ou seja, também relativamente às ações
dro de principios e problemas mais vastos. devolvidas a jurisdição civil e que não podem de forma alguma '_ .

Posto o problema geral entre ajurisdição civil e a penal, a ser _unidas ao processo penal mediante a constituição da parte 'i
i
afirmação, propugnada por Mouraria, da unidade e da identi- civil". -`* nl iii
i

I! dade da jurisdição, como função e manifestação da soberania O codigo de processo penal vigente só aparentemente ino- ii:
Í'
:-g
Í
`
,
do Estado, pareceu uma importante conquista; salientou¬se a vou com relação ao de 1913 e à aplicação prática que as dis- ' 1 i
i
t
1 necessidade de evitar interferências, duplicidades e contradições posições deste haviam recebido na doutrina e na jurisprudên- ~‹~fl

nas atividades dos juízes penais e civis; e na hipótese em que cia. Mas precisou seu -conteúdo, de forma mais analítica., em
uns e outros .fossem chamados para conhecer o mesmo fato, que as várias hipóteses receberam consideração distinta. Limi- 1.,
4 ‹

sustentou-se o conceito da prevalência da jurisdição penal, como tar-me-ei a lembrar brevemente as normas principais atual-
sendo aquela que se exerce no interesse da coletividade e que mente em vigor sobre o tema em debate, remetendo para seu
por isso também abarca o interesse do individuo lesado pelo exame mais minucioso a quanto será. dito pelo ilustre magis-
fato delituoso. ° trado e estudioso que reparte comigo a honra dessa relação.
A vinculação do juiz civil às declarações contidas na sen- - _ ~_ 4_ _z›-¡h-

tença penal era a lógica e natural conseqüência dessas propo- '* Monuuui, op. cit., n. 488.
' .
f Moariuâ, op. cit., n. 503 e 504. _!

¡ 5 lfosrâsâ, Commentario, I, 5.°* ed., título 3.°, cap. 2.°. H Monnum, op. cit., n. 502.

1587 - ll
\T|
|
1
I
I |

,j 252 g Emuco '1'Ur.Lro mesma Erxcílcul E Auronrnans ns sxunznça 263 l z

.l,
I

vilprozessordnung revogou expressamente as normas locais an- particularmente ilustrada. e desenvolvida por C.u‹NELu'r'r1, con-
teriores que, a exemplo-do sistema francês, reconneciam à. sen- forme a coisa julgada opere sobre a mesma lide ou sobre uma
tença penal eficacia vinculante para o juiz civil; normas essas lide diversa, e conforme sejam as partes desta as mesmas ou
que pareceram contrárias ao princípio do livre convencimento outras com relação à. primeira lide: de modo que a eficácia di-
do juiz. Admite-se pacificamente que a apreciação das provas reta é eficácia intra Iitemue conseqüentemente sempre entre as
mesmas partes, enquanto a eficácia reflexa é eficácia extra lítem, pm-“
“_ -1 4 4 4

i contidas na sentença penal deve ser levada em conta. pelo juiz


civil e avaliada livremente em conjunto com outras provas: even- quer com relação às partes quer aos terceiros. 1'~'
l
tualmente produzidas. 1' A distinção entre eficacia direta e reflexa da coisa julgada
São esses, em rápida síntese, os dados de direito positivo, corresponde, a meu ver, àquela que, a partir da conhecida nota .z

os precedentes históricos, as referências ao direito comparado monográfica de Fan-:nrucn Luovm V. KELLER, costuma~se fazer
3

que podem interessar ao nosso tema. entre eficacia negativa e positiva da coisa julgada, mas é sem
Passando agora a uma análise mais particularizada das dúvida mais clara e mais precisa, indicando de forma convin-
.l
cente a relação que corre entre um e outro aspecto da coisa
normas vigentes, vamo-nos deter, antes de mais nada, nos arts. =_z.|‹_-z:.sâfl¬ni.z-_ _z . . =.a
julgada-
25 e 27 do cód. proc. pen., para salientar, como já. lembrei, que il
concernem eles à. autoridade do julgado penal no sucessivo jui- A resposta que se deve dar ao quesito ora proposto não pa- ll
.[1

zo civil reparatório, distinguindo as duas hipóteses diversas da recc ser a mesma que lhe deu o próprio Caasapurrr. Exclui ele à ¬

negação ou da afirmação da responsabilidade do réu. Não se que se trate de eficacia reflexa, porque “embora a obrigação Í!
duvida que as normas citadas regulem, consoante as palavras penal e a civil sejam diversas, não ficam elas na dependência
usadas pela lei, uma verdadeira autoridade do julgado penal uma de outra, porquanto promanam, uma e outra, do mesmo
i1 no processo civil. Mencionarei, de passagem, a divergência exis- fato; a obrigação penal, em outros termos, não é absolutamen-
tente na doctrina sobre a identidade ou diversidade do fato te um pressuposto da obrigação civil“.“ Isso, que é evidente-
íE juridico, enquanto gerador de responsabilidade ao mesmo tem- mente exato, não é suficiente, salvo engano, para justificar a
L
po penal e civil, identidade ou diversidade que depende de as-` conclusão de CAnN:~:Lu'rr1 no sentido de tratar-se de eficácia di-
rcta,. porque a lide sobre a responsabilidade penal e a lide sobre
sumir ou descura., na identificação do fato jurídico, o elemento
a responsabilidade civil não são a mesma lide, mas sim lides
de sua qualificação juridica; diversidade de opiniões essa que
diversas quanto ao objeto e quanto às partes. Que concluir, :I-¿L-.L
_”

talvez implique alguma diferença no modo de entender as re-


lações entre julgado penal e ação civil, mas que aqui natural-
portanto? ã
I

Analisando com cuidado os arts. 25 e 27, preciso convir que


mente não pode ser aprofundada, bastando observar que as
eles prevêem uma eficácia que não se enquadra nem no con-
normas do código parecem inspiradas à concepção da unidade i
ceito da eficacia direta, nem naquele da eficácia reflexa do jul-
:-_.-~=ze.:'-^_-_¬:=-_*_ do fato, que é tomado como causa de conseqüências jurídicas gado. Realmente, .trata-se de uma eficácia, vinculante para o
4- . -__ diversas. Antes, convém que nos detenhamos a -perguntar se a juiz civil, da decisão proferida pelo juiz penal sobre algumas
eficácia da sentença, assim como é prevista pelas normas lem-
questões de ƒato e de direito que são comuns ao processo penal
bradas, se enquadra na eficácia direta ou naquela reflexa da
coisa julgada. A distinção ora mencionada, como é sabido, foi 11 CARNELUHI, Sistema del diritto processuole cívile, I, Pádua, 1936. 1
p. 299.
H Stem _- Joms _ Scnörme, Kommentar zur ZPO. 18.* ed, no IJ E/ƒicacía direita e riƒlessa del giudicato permle, in Riv. dir. proc., I
|

comentário à disposição citada e ao § 286, ZPO. 1948, I, p. l e segs., n. 10. '

Í
26-1 Emuco 'I“u1.uo Liesmm Ericzicm E Auronmsnrz na Ssnrzuçs 255

l e ao conexo processo civil de reparação, e é só isto. Mais preci-


I mente da eficacia direta da coisa julgada: “cuida-se -- escreve
samente, as questões comuns cuja decisão do juiz penal vin- CARNELUI-rr _ de uma eficácia direta ultra parte ou, antes,
cula o juiz civil são, conforme os casos, os da existência do fato, ultra rem: 0 julgado penal vale “erga omnes”, não só para esta-
de sua ilicitude, de o imputado tê-lo cometido, de sua respon- belecer a existência do crime, mas também a existência de fa-
sabilidade, de ele o ter praticado no cumprimento de um dever tos acertados pela declaração do crime.” 15 Aqui também, em-
ou no exercicio regular de um direito. Em outros termos, a au- bora concordando com essas afirmações, deveria repetir as
toridade do julgado penal prevista pelas normas' mencionadas reservas que acabo de fazer sobre a dificuldade de se incluir ;\›.‹~ \flQ$\1n

não respeita ao pronunciamento do juiz penal sobre a lide, ou essa particular figura na definição da eficácia direta. Seja como _-L. .

'T-zf¬z;.»';-: v`|h-Iun-vf= Ê'¡-


-¬ se assim se preferir _ sobre o objeto do processo, mas sim for, o que mais impor-ta é que nesse art. 28, ainda mais nitida-
a sua decisão sobre algumas das premissas lógicas do pronun- mente do que nos anteriormente considerados, encontramos 1.
ciamento. Por issohconcluindo com relação a esse ponto, tra- estabelecida a extensão dos limites objetivos do julgado, o qual I
ta-se de efícaciaibastante semelhante à. reflexa, porque se pro- teria como objeto a declaração dos diversos fatos que foram
duz em um processo que tem objeto diverso, operando para a objeto do conhecimento do juiz penal. Extensão essa tanto mais
composição de uma lide diversa, mas que se distingue daquela singular, enquanto é ela prevista para ter efeito nos processos
normalmente tomada em consideração pela lei e pela doutrina, civis ou administrativos; ao passo que não tem efeito em outro
porquanto não se refere à. decisão da lide, mas sim a algumas processo penal, como se deduz textualmente do art. 554, caput,
questões da mesma lide, ou seja, a algumas questões que cons- do cód. proc. pen., o qual admite a revisão da sentença conde- .ill
,l
tituíram os antecedentes lógicos do verdadeiro pronunciamento. natória quando os fatos estabelecidos como fundamento da
Passemos agora ao art. 28, tentando antes de mais nada mesma “não podem ser conciliados com os estabelecidos por
entender a sua dicção. Segundo a opinião corrente da doutrina outra sentença penal irrevogável”: donde se vê que não é a
e da jurisprudência, os fatos materiais a que o legislador se primeira sentença a invalidar a segunda por ter violado a auto-
refere são os fatos “em sua objetividade naturalística", ou seja, ridade da coisa julgada, mas sim, a segunda a invalidar a pri-
1 como acontecimentos do passado, como elementos da realidade mfiífaz Guías declarações de fato são contrariadas por aquelas
histórica tomados em si mesmos, independentemente de sua sucessivamente levadas a termo em outro processo penal. ‹

qualificação jurídica: controverte-se apenas sobre a questão De resto, a singularidade de um julgado sobre os fatos não
'de compreender-se, ou não, entre os fatos materiais, os seus deixou de levantar alguma perplexidade, estimulando a busca
aspectos psicológico-subjetivos, que também constituem parte de outras saidas. Assim, CALAMANDREI mencionou, sem compro-
não indiferente da natureza e da história. H Em outros termos, meter-se a fundo, duas outras possíveis maneiras de entender
trata-se dos fatos que formaram o objeto do processo penal, mas a eficacia conferida a sentença penal pelo art. 28; ou seja,-po-
tomados e entendidos em sua individualidade histórica, por assim deria tratar~se de uma preclusão destinada a operar fora do
dizer desintegrados da fatispécie penal de que eram elementos
processo em que se produziu, afastando-se nisso daquela que se
constitutivos.
reputa a normal função da preclusão (mas também deste seu -nu:mz-on;:z_e-.;4_=-i.r z_à-¬.
No art. 28, a lei também fala na autoridade da coisa julga-
carater anormal não faltariam outros exemplos); ou então _po-
da, sendo o conceito acolhido pela doutrina dominante, quer
penal, quer civil; esta última salientou que se trata propria- i
*5 Eƒƒicacia diretta etc., n. 14. No mesmo sentido, Rrnenrr, IZ gíu- 1
. -wi.
dicato sul punto di diritto, in Scritti gíuridici in onore di C.uu~zm.U'rr1
H Cfr. Mmzonl, in Riv. it. dir. pen., 1956, p. 266 e segs. vol. II. p. 693 e segs., in fine.
_EncÁcui E Auloarnme na sentença 261

255 Emuco Tutuo LIEBMAN causa, relativas seja aos fatos, seja à. sua avaliação e qualifica-
ção juridica. Somente a primeira é a verdadeira decisão, pro-
deriamos estar na presença de um fenômeno de prova, no sen- vida de autoridade vinculante; tudo o mais é apenas o resultado
tido de que a sentença penal funcionaria como meio de prova do conhecimento do juiz, da atividade lógica que foi necessária

i
legal dos diversos fatos materiais enunciados em sua motiva- para chegar ã decisão, mas que se destina a perder qualquer
ção. “i Por último, um jovem autor, DENT1, em escrito prestes relevância fora do processo em que foi exercida, não sendo sus-
a ser publicado e gentilmente submetido à. minha leitura, " vol- ceptível de abranger em suas malhas a liberdade de juízo do z
r
7

tou a configurar a eficãcia de que estamos falando como um magistrado chamado a pronunciar-se sobre uma demanda ou ii
r,I

.], julgado, ainda que de conteúdo mais restrito, a que deu a de- sobre uma lide diversa. l

nominação de “julgado sobre a fatispecie”. Se no código do processo penal não existissem os artigos
Nessa oportunidade, não penso seja tarefa minha a de to- varias vezes mencionados, a sentença penal valeria, também no
.-É mar posição com relação às opiniões da doutrina que acabo de processo civil, por aquilo que é sua função normal, ou seja, pela -.-3._. » É
Hi mencionar; mas sinto-me na obrigação de salientar um aspecto decisão sobre o crime nela contida, tendo eficácia de coisa jul-
.ij ^-::;;:n:-. ‹-
não menos, ou até mais, delicado que concerne ao art. 28. Re- gada entre esses limites, em todos os casos em que, para a re- .HI
firo-me ã eficácia erga omnes que essa norma atribui as decla- lação jurídica civil, pudesse ser relevante o fato de uma pessoa Li.
.,,¬
rações de fato realizadas pelo juiz penal. ter sido absolvida ou condenada da imputação penal. ii”

"|
Tentei traçar da forma mais clara e síntética possivel as Se assim é, o problema que se coloca de iure condendo é
linhas gerais do quadro da influência que o julgado penal pode apenas o de saber se há razões- que justifiquem uma eficácia
exercer no processo civil, e dos principais problemas teóricos e dc sentença penal que exorbite desses limites.
práticos que a disciplina positiva do tema em debate suscita. A mim me parece que essas razões não existem; estou con-
l:
l Não creio que teria cumprido o meu papel se não fechasse vencido que hoje aqueles que pensam o contrario ainda se su-
Ur
a minha relação com uma avaliação crítica das normas vigentes. jeitam, inconscientemente, ao antigo preconceito que por tanto
O que acabo de referir me leva a afirmar que os arts. 25, tempo turvou a distinção entre a responsabilidade penal do réu
27 e 28 do cód. proc. pen. prevêem uma eficácia anormal do e as razões civis de indenização ao prejudicado, influindo (como
julgado penal, a qual está. em nítido contraste com os princi- salientei no inicio) sobre a tradicional disciplina das relações
pios e as regras gerais que governam o instituto da coisa jul- entre jurisdição penal e civil. Z
gada. Hoje, ninguem duvida que o julgado, quer civil, quer pe- Esaminemos, de resto, essas possíveis razões.
- .-.-_ ›--.-_ ,A ‹4-: ;¡
nal, é limitado ao pronunciamento do juiz sobre o pedido, ou A unidade da jurisdição é estranha à questão, não excluin-
_- por outras palavras _- sobre a lide que foi objeto do proces- do a separação das competências e não exigindo que se reco-
so, não se estendendo aos motivos que a sustentam, ou seja, ao nheça à. sentença penal uma eficácia civil que não lhe cabe -no
convencimento que o juiz formou sobre questões duvídosas da âmbito da própria jurisdição penal.
--,1.-. -_;,-_T.,A
. A unidade da jurisdição, ao contrário, contradiz a afirma-
W Csuimimonsr, La Sentenza cioile come mezzo di prova, Riv. dir. da prevalência da jurisdição penal, porquanto pressupõe que
proc., 1938, I, p. 107 e segs., n.° 12. As duas teses foram desenvolvidas, cada ramo da jurisdição seja soberano no âmbito de sua com-
particularmente, por Guiumeni, Autorità della cosa giudicata penale
nel gindízió civile, Milão, 1942, p. 176, c por Valmor, La Sentenza gzcnaie petência. Deixemos de lado a ficção da representação da tota-
come mezzo di prova, in Riv. dir. proc., 1943, I, 260. lidade dos cidadãos na pessoa do Ministério Público, que po-
W O escrito está. em via de impressão no volume de Scritti in me-
moria di P. Calamundrei.
._.

268 Ermrco 'I`U1.L1o LIEBMAN -,-.w4


_ E1-¬xcÃc1à E Auronrmxnz ns SENI1-:Nçs 269
ii
dera sunsistir pelo que concerne ao interesse geral à repressão
Se essas sao as razoes que levam a estabelecer os limites
docrime, mas não quanto aos direitos subjetivos do indivíduo
que todos conhecemos à coisa julgada penal no processo penal
que se encontre na necessidade de litigar com relação a fatos 1¡¡¡
,_
e ã coisa julgada civil no processo civil, não se -percebe-qual
que foram objeto de um processo penal. Quanto ao argumento _ . _. _. _ .
i1
possa ser a justificativa para normas que põem por terra esses
-de que no processo penal, dominado pelo principio inquisitório,
mesmos limites com relação à. coisa julgada penal no processo
a declaração dos fatos se faz com todas aquelas garantias de
civil, conservando no nosso ordenamento jurídico os últimos
investigação aprofundada que faltam no processo de tipo dis-
vestígios da antiga superestimação do -elemento lógico no pro-
positivo, permitindo considerar os juízos históricos formulados
cesso; superestimação essa que o direito moderno afastou em
pelos juizes penais como mais acreditados e definitivos do que
os formulados na sentença civil, 1? a vontade que se tem é a de
perguntar por que o legislador não teria estendido também' ao
processo civil o princípio inquisitório, a ser verdade que ele
todos os .outros campos e 'que ré menos admissível ainda exata-
mente no que respeita -àieficá-cia da sentença penal no processo
-civil, porque há de se ter em mente que os mesmos fatos .e as
mesmas (ou análogas) noções jurídicas podem ter relevância e
l
assegura uma busca da verdade mais cuidadosa e aprofunda-
i,. sentido diversos para efeitos de processo penal e de processo
da. Por outro lado, ninguém pensa em impedir que o juiz civil civil.
se sirva das investigações conduzidas pelo juiz penal com seus
Para concluir a esse respeito, parece-me ainda válido, sem
maiores poderes; o que se quer, é permitir a livre avaliação para
qualquer exceção, o ensinamento de C1-novsunaz “objeto do jul- .V»_-.-_.-. .ami
seus próprios fins, utilizando, se for o caso, novos meios de con- gado é a conclusão última do raciocínio do juiz, e não as suas - ¬~›»-¬:ri;:ía-A

vencimento eventualmente disponíveis. . ` -premissas; o último e imediato resultado da decisão, e não a


ji Vamos finalmente ao argumento nodal, qual seja o da ne- serie de fatos, de relações ou de estados jurídicos que -na mente
cessidade de evitar julgados contraditórios. Não há dúvida que i
do juiz constituíram os pressupostos daquele resultado." 2°
deve ela ser respeitada, mas não além dos l_imites que nos de- Mas a anormalidade da indevida extensao do objeto, sobre
mais campos e nos outros casos a lei exige. O instituto da coisa o qual opera a eficácia da coisa julgada, agrava-se se lhe su-
julgada é dirigido a excluir o conflito prático dos julgados, ou jeitarmos não apenas os que participaram do processo penal,
-seja, decisões diversas com relação à mesma ação, e não o con- mas também os terceiros, como pretende o art. 28. É sabido que
flito simplesmente teórico ou lógico, como é aquele que pode o setor dos limites subjetivos do julgado penal não é nada pa-
ser a conseqüência de decisões independentes, em torno dos cífico em nosso direito (embora me atreva. a manifestar a im-
mesmos 'fatos ou das mesmas questões, mas para fins e efeitos pressão de que o contraste verse mais sobre a colocação do pro-
diversos. 1”. Claro que é preferível prevenir e evitar o simples blema, consoante a diversidade das 'orientações sistemáticas
1.. .4 4-w conflito lógico entre os julgados _ parece inútil insistir sobre caras aos autores que o estudaram, do que sobre os resultados . z
|
o ponto _, mas não à custa da multiplicação automática e sem 1 práticos a que afinal eles chegam). Mas, sem tomar posição
ii possibilidade de controle de conseqüências injustas que derivem
¡

aqui a respeito de um problema tão geral, gostaria de salientar í

de um erro eventual que até um juiz penal, como qualquer ho- que, ainda que se' acolhesse a opinião da eficácia erga omnes
mem, possa ter cometido. do julgado penal, isso não bastaria para explicar o dispositivo
em tela, que não diz respeito ao julgado penal enquanto tal,
"J Cz\uuvulNmu›:r, op. cit., p. 126. »
1
mas sim a algo bem diferente, ou seja, às declarações de fato
1" Cmovrnnâ, op. cit., I., n. 132.
'-'U Cnrovrivm, op. cit., I. n. 129, in fine.

i ‹~.:-4
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270 Eunrco 'I“ui.uo Lissmm

efetuadas pelo-juiz penal e à sua -eficácia fora do' processo pe- l


nal; e particularmente no âmbito dodireito privado, no qual Í
vige o .princípio consagrado no art. 2.909, do cód. -civ., .limitan-
do a autoridade da coisa julgada às partes e aos seus herdeiros
ou sucessores. O princípio dos limites subjetivos da coisa julga-

iF da talvez seja hoje mais do que um princípio geral, podendo


ser focado como a estreita aplicação lógica -da garantia cons-
titucional que proclama a inviolabilidade do direito à. defesa em
NOTAS
1I`_i~hiz;¬

A EFICÁCIA DA SENTENÇA PENAL NO PROCESSO CIVIL _


juizo (art. 24, item I, da Constituição), que seria conseqüente-
mente infringida pela norma que sujeitasse a1guém,'ainda que
i il
_ 5 ‹Ada Pellegrini Grinover) ‹
_.- ._ _.
mediatamente, a sofrer os resultados de uma investigação ins-
tru-tória feita em processo de que não foi parte e onde não teve 1 1 _ As importantes observações de Lremvmu sobre o tema
datam de 1956. A partir daí, e percorrendo -um---longo caminho
l ~-A .>-~:A:u-4u| ;-
a possibilidade de defender suas razões. ' I
I poutilhado dê avanços e recuos, a Corte Constitucional italia-
Por todas essas considerações, deve-se concluir com o augú- na veio finalmente -reconhecer a inconstitucionalidade dos arts. il

rio de que a mais ampla revisão da lei processual penal, pro- i Hi


¡‹Í
Z 25, 27 e 28 do CPP, na parte em que atrelavam o responsável civil,
¬
i
i
metida quando da recente reforma parcial do código, queira terceiro no processo penal, à coisa julgada, para efeito de 're- Lj
.i
1
l .examinar a disciplina das relações entre a jurisdição penal e a paração do dano ea: delicto. ' H
Í!
civil, para regulamenta,-la em harmonia com os princípios e com Í

as linhas gerais do sistema. 1" No Brasil, dispositivos semelhantes (arts. 74, I, -CP, 64, CPP, 1-.H
fl
e 1.525 CC) têm .ensejado interpretação parecida àquela contra
I1 a qual se insurgia Lrsemm, em 1956, e agora declarada incons- ii,
Ii
titupional na Itália. `
Dai por que a atualidade, entre nós, do estudo pioneiro de
-Lleinxmu. 1 1l

2 _ A .guisa de comentario _ no qual se dá. conta também


da evolução doutrinária e jurisprudencial italiana posterior .;-3'A
1
ao artigo de Lresivum _, permitirno-nos transcrever o capítulo 4

 que sobre a materia escrevemos em nossa “Eficácia e autorida-


21 Ao fechar o debate que se seguiu à relação minha e à. do pro- de da Sentença Penal". ' 5 `. -
fessor Gionramà (debate que foi integralmente publicado no 'volume
Í_AÍfÍ'_.”'_AÍ".;'_r_.'.f“A'. '

editado pela Associação), sugeri, de iure conclendo, uma solução do -pro- Contrariamente à nossa posição escreveu Tounmno Fn.no,2
blema diferente da vigente, ou seja: suprimida a eficácia da sentença defendendo a idéia de que 0 'respeito à sentença penal e à .coisa
penal -no processo civil, assim como vem atualmente prevista e que.-
tantas críticas tem suscitado, poderia ao invés disso estabelecer-se um .E l
1 Gnmovem- Eficácia e autoridade, cit., ps. 46/54. ` I
novo caso de revisão, junto cóm os previstos pelo art. 554, cód. proc.
2 Touniuuo Fxuio, Processo Penal, .2.° vol., 5.* ed.. Bauru, 1919, p. 35
pen., que seria dado pela contradição entre a sentença penal e uma
e segs., especialmente ps. 44/45. ' ‹
sucessiva sentença civil sobre os mesmos fatos.

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iÊ ¬.__. -._W-._g ,._ ._ .‹ _ .


N) ~ Tú' ADA PELLEGRINI Gnrnoven 1
I Ericéicm E Auroaroaos na Sentença 27-37
i
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julgada ultra partes, no -caso, se explicariam no quadro da li- sentença penal ultra partes. 5 É evidente que ~o direito -de defesa
mitação à prova e das presunções íuris et de mre. não pode ser anulado, como ocorreria quando o terceiro encon-
trasse os fatos já definitivamente determinados. Ocivilmente
A questão continua em aberto no direito brasileiro. responsavel nao pode ser atingido pela sentença condenatória
3 -- Passamos à transcrição de nosso pensamento: penal, em sua imutabilidade; será_ alcançado pela eficacia na-
“Mas isso não impede que em âmbito ainda amplo os ter- tural da sentença, como todos o são, mas, na qualidade de ter-
ceiros, no processo penal, possam ser alcançados pela eficácia ff.-_. - -‹-":
-ceiro juridicamente prejudicado, poderá impugnar aquela sen-
erga omnes da sentença penal, como terceiros juridicamente tença, que para ele não é imutável. - '
interessados. »
5 A Corte Constitucional manifestou-se inicialmente pela consti-
a) a reparação do dano ex delicto - _um-._›.«. tucionalidade do art. 28 do cpp italiano, mesmo na parte que dispunha
Basta pensar, no campo das relaçoes interjurisdicionais, na que noprocesso civil ou administrativo a declaração dos fatos materiais
1
reparação do dano ex delicto, por parte do responsável civil. vincularia até os que não tivessem participado do processo penal (sen-
li tença 5/65, in Foro it., 1965, I, 400). A decisão foi veementemente criti-
i Que nos de-*nominados efeitos civis da sentença penal a eficácia cada pe_la'doutrina; Cr-rminonr, “Davvero legittima Yefficacia della sen-
da coisa julgada penal seja "anormal", já foi notado por Lisa- tenza penale nei giudizi civili o amrninistrativi, ai sensi dell'art. 28 do
J
. MAN, no que respeita aos limites objetivos do julgado, visto cpp?", in Riu. it. dir. e proc. pen., 1965, ps. 519 e segs; Comoouo, “L'art.
r 28 cpp e i protili costituzionali dei limiti soggettivi del giudicato”, in
como a lei atribui uma eficácia vinculante às apreciações de
fato contidas na sentença penal, de modo que a coisa julgada Riv. dz'r.\ proc., 1966, p. 662, e La garanzia costituzíonale de1I'azíone ed il
processo civile, Padua, 1970, ps. 222esegs.; DE Luca-Monrrsauo, “Azione
abrange os motivos; 3 mas, com relação aos limites subjetivos, civile e giudicato penale", in Giur. it., 1969, vol. IV, p. 209; Vraoiu-ri,
a distinção entre eficácia natural da sentença e autoridade de l Garanzie costitueionali del processo civile, Milão, 1970, ps. 94 e segs. e
coisa* julgada oferece, nesse caso, a solução mais técnica e ao 144 e segs. Os argumentos usados pela Corte, que invocava o caráter
mesmo tempo mais justa: o terceiro, civilmente responsável, relativo do direito de defesa e a necessidade de coordenar as duas ju-
risdições, já haviam sido refutados pela doutrina anterior: Lnzsmmv,
que não teve oportunidade de participar do processo penal, po- l
"L'eff'icacia della sentenza penale" cit., ps. 181 e segs; Di: Locú, "Osser-
dera---impugnar' a justiça da sentença condenatória, imutável vazioni critiche intorno a1l'art. 28 cpp”, in Giur. it., 1962, I, 1, 623;
apenas com relação ao réu. Ao credor não caberá a demonstra- Cnnivfmio, *I rapporti tra. l'art. 28 cpp e diritto di difesa all'esame della
ção da existência da obrigação de reparar o dano; mas o deve-
dor,"civilmente responsável, terceiro no processo penal, embora do neste se controverte sobre umdireito cujo reconhecimento dependa
submetido à. eficácia natural da decisão, poderá insurgir-se con- da declaração dos fatos materiais que foram objeto do processo penal,
' _i_~.' .¡à*"í_' . ressalvadas as limitações à. prova do direito controvertida pela lei civil.
tra asua injustiça, voltando a discutir os fatos reconhecidos 'L
iv O art. 27 regula a autoridade do julgado penal no juizo cível para -res-
il pela sentença condenatória penal. - sarcimento do dano, determinando que a sentença penal tem autori- l
šl l

A questão, assim colocada, afasta as dúvidas de constitu-


i z cionalidade que se puseram na Itália com relação aos arts: 25,
l
l dade de coisa julgada quantoà existência do fato, a sua ilicitude e 51
responsabilidade do condenado. 0 último parágrafo do dispositivo reza: l
27 e 28 do cpp* e à. interpretação que estendia os efeitos da “quando o responsável civil não participou do juizo penal, permanece
discutivel a 'questão sobre a sua responsabilidade pelo dano". E o art;
3 Llzamm, Ijeƒƒicucia della sentenza penale nel processo civile i:i'1;,._; 25. cuidando das relações entre o julgado penal e a ação civil, veda a
p. 192. , _¡,`n._, propositura da ação cível, quando a sentença penal tenha declarado n
4 O art. 28 do cpp determina que a sentença criminal irrevogavel
tem autoridade de coisa julgada nd juízo civil ou administrativo, quan-
inexistência do fato ou da autoria, ou tenha reconhecido as justifica-
tivas penais, ou ainda a insuficiência de provas.
1
l
_~._-._z._ .- _. .
1. l,
.1 l
214 Aos PEu.i:‹;1uNr Gamoveu
EPICÃCIA E AUÍÚRIDADE DA SENTENÇA 275

No Brasil, o Código de Processo Civil vigente adotou -fran- dissü. é evidente que o terceiro, civilmente responsável pelo
camente a linha restrit_iva° na medida em que, reconhecendo dano, é parte ilegitima na execução civil da sentença penal. “1
a sentença penal condenatória como título executivo (art. 584,
II), atribui a legitimidade passiva, na execução, ao devedor,_re- O novo Código de Processo Penal -_ a ser promulgado o
Projeto 633/75, aprovado na Câmara dos -Deputados -- não
conhecido como tal no título executivo (art. 568, 1).* Diante
inovará nome campo: ,a_sentença penal condenatória transitada
U Linha restritiva, que a doutrina dominante adota, mesmo levan- em julgado-constitui título executivo judicial, e 0 -processo exe-
do em consideração apenas o estatuto processual penal: ver Tosmicnr, cutivo obedecerá ao disposto no Código de Processo Civil (art.
Compêndio cit., II, p. 557, afirmando que a execução só pode ser inten- 780 e parág. unico do Projeto). - .
tada contra 0 condenado, porque só ele foi parte no processg penal. 'Mesmo assim, também entre nós a distinção entre eficácia
No mesmosentido, Romeu Pmes na Campos Bnimos, Direito processual
penal brasileiro, S. Paulo, 1971, vol. II, p. 494. Muito a propósito vêm natural da sentença e autoridade da coisa julgada é de extrema
as palavras de Touanmo FILHO, Processo penal, vol. 1.°, Bauru, 1978, importância, quando se trata da ação -- e não da execução -- z
p. 549: “Transitada em julgado a sentença penal condenatória será ela necessaria para pleitear no juízo cível a reparação do dano cau- |
exeqüível no cível contra o patrão? Estamos que não. O patrão não foi sado pelo crime. A determinação do art. 74, I, do CP (“São efei-
parte no feito criminal e, por isso, os limites subjetivos da coisa. julga-
da não o alcançariam.'.'
ÍLOS da Condenação: I --'tornar certa a obrigação de indenizar
o dano resultante do crime") 9 e do art. 64 do CPP (“Sem pre-
T Os demais incisos do art. 568 nao tem aplicabilidade ã execução
civil da sentença penal condenatória. juizo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento
1. do dano poderá ser proposta no juizo cível, contra o autor do
Corte Costituzionale", in Riu. it. dir. e proc. pen., 1964, p. 310) . Posterior- crime, e, se for o-caso, contra o responsável civil”) hão de ser
mente, a Corte reviu sua posição e declarou inconstitucional o art. 28 interpretadas à. luz dos princípios constitucionais e processuais
do cpp, exatamente na parte que determinava que no processocivil ou
administrativo a declaração dos fatos materiais fosse vinculante tam-
que regem os limites subjetivos da coisa julgada.
bem para aqueles que não tivessem participado do processo penal (sen- É um principio constitucional, ligado ao direito de defesa
tença 55, de 22.3.1971, in Foro it., 1971, I, 824, com nota de Monrssàno, e as garantias do “devido processo legal", que o terceiro não
e in Riu. dir. proc., 1971, p. 716, com nota de Comocuo). A orientação
da Corte consolidou-se em seguida com a sentença 99, de 27.6.1973, que 5 Escrevendo antes do Código de Processo Civil de 1973, Moura na
declarou a inconstitucionalidade do art. 27 do cpp, e com a sentença Amcío, ao comentar os arts. 804 e 805 do Anteprojeto de Código de Pro-
165, de 26 .6. 1975, que declarou a inconstitucionalidade do art. 25 do cpp. cesso Penal, que regulavam a execução da sentença penal a fim de ser
já na parte em que tals dispositivos estendiam o vínculo da coisa julgada estimada e paga a indenização devida, assim se manifestava: “A liqui-
penal sobre a ação civil também a quem não tivesse participado do pro-
iz cesso penal. Na motivação da sentença 55/71, a Oorte observava: “uma
dação da sentença far-se-á em procedimento expedito, para o qual se-
rão citados a fim de apresentarem alegações (inclusive seus quesltosl
eficácia reflexa do julgado sobre terceiros poderia ser admitida somen- sobre o pedido do exeqüente, o réu condenado e o responsável civil,
z-.líA-.__.' te quando, como acontece no processo civil, estivesse previsto, além da permitida a este a apresentação de defesa que possa eximl-lo de res-
faculdade de intervenção por sua parte, o remédio do recurso do ter- ponder civilmente. Esta franquia é acertada, pois o clvilmente respon- *A\‹¡|m4_'&nA1-:~_4 ¬-za.-; ._
ceiro prejudicado, sem falar na eventualidade de seu chamamento ope sável nem sempre participa do processo criminal, o que não sucede, é
. a_.. _, _4
ãudicis." Mas, como observa L_u-zauan, a interpretação mais racional do óbvio, com o réu condenado" ("Da reparação do dano causado pelo
pensamento do Tribunal considera admissível a eficácia refiexa da sen-
crime", in Rev. Fac. Dir. Un. Fed. Paraná, 197i), n. 13, ps. 89 e segs).
tença (e não da coisa julgada) com relação aos terceiros, desde que
iiies fique assegurada "quer a via dos recursos, quer a demonstração °` O Código Penal de 1969 repete a prescrição, no art. 90, I, subs-
da injustiça da- sentença em todo e qualquer processo em que se pre- tituindo, mais tecnicamente, o termo "indenizar" por- reparar. Ver, a
respeito da diferença entre restituição, ressarcimento, indenização e
tende fazê-Ia valer" (Manuais, cit., p. 174). -
reparação, Toinuicm, Compêndio, cit., t. II, ps. 538 e segs.

867- IEI `
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215 Ana Peuecamr Gamovea Erxciicrii 2 Auroaimnn na S1~:N1'¡:Nç¡i 27'? 1


i

i
possa suportar as conseqüências nocivas de luna sentença pro- regra processual, posterior, aplicável ao juízo penal, no qual
ferida em processo do qual não participou. Eis 0 fundameflw mais rigorosamente ainda se adota o princípio da limitação sub-
politico pelo qual não se admite a extensão, ao terceiro, da imu- _ _._ :T:t_-¡_ ¬- L
jetiva da coisa julgada, frente à importância primordial dos
tabilidade dos efeitos de sentença proferida inter alias. Sobre direitos de defesa: trata-se do art. 472 do CPC, que textual-
esse fundamento politico-constitucional assenta a. doutrina da rnente prescreve que a sentença faz Coisa julgada às partes entre
coisa julgada, que distingue esta da eficácia natural da sen-
'il
as quais é dada, não beneficiando nem prejudicando terceiros.
tença: a primeira restrita às partes, a segunda atingindo o ter- Contra a aplicação integrativa do art. 472 do CPC às rela-
ceiro que, sempre que juridicamente prejudicado, poderá insur- ções interjurisdicionats poder-se-ia argumentar com a circuns-
gir-se contra a sentença que perante ele se queira fazer valer tância de o art. 1.525 do CC ser regra específica, aplicável ao

i
¬
I
voltando a discuti-la.
Ora, a interpretação a ser dada ao art. 74, I, do CP, com-
binado com art. 64 do CFP é exatamente essa: efeito secundá-
rio da condenação penal, diz a lei, é tomar certa a obrigação
de indenizar o dano resultante do crime. Mas, evidentemente, ›
julgado penal no juím cível, que não pode ser derrogada por
norma genérica; não se trata, porém, de derrogação do art. 1.525
do CC pelo art. 472 do CPC, mas sim de harmonização dos dois
dispositivos, de modo a dar ao primeiro interpretação restrita.
Interpretação, essa, que pode perfeitamente ser sustentada, por-
4.

fifm-4
,i,i
zi
li

a coisa julgada só pode atingir o réu do processo penal; não o quanto 0 texto não indica necessariamente a índíscutibilidade
I
responsável civil, alcançado apenas pela eficácia natural da do fato e da autoria quanto a terceiros. E essa indiscutibilidade,
_..c-m› ¬« sentença. Donde a conclusão inarredável de que, proposta a a ser tão amplamente entendida, ainda infringiria regras de
ação civil de reparação do dano contra o civilmente responsá- aplicação direta e imediata, que defluem da Lei Maior, consti-
vel (jamais a execução, como já se disse), pâderá ele discutir tuindo aquele conjunto de garantias que tutelam as partes em
não apenas a sua responsabilidade civil, como também voltar, juizo. “
l
se o quiser, a suscitar as questões atinentes ao fato e a autoria. 1 Diante disso, em observância a preceitos constitucionais e
Questões, estas, que se revestem da autoridade da coisa julgada, processuais, a exegese dos arts. 74, I, do CP, 64 do CPP e 1.525
por força do disposto no art. 74, I, do CP, mas só com relaÇã0 do CC só pode ser uma, em harmonia exatamente com a teoria
a quem foi parte no processo penal. de Lreaivrlm e mais uma vez demonstrando a aplicabilidade .I
, Contrariaria, essa interpretação, o disposto no art. 74, I, do desta ao julgado penal; a autoridade da coisa julgada, em sua -_y.___

l
CP? Não. A obrigação de indenizar torna-se certa com relação imutabilidade, só atinge as partes; o terceiro, civilmente res-
ao réu do processo penal. Não com relação a terceiros, para ponsavel e juridicamente prejudicado pela eficácia natural da
quem aquela sentença condenatória é res inter alias. 1
sentença, que como ato estatal se lhe impõe, podera em novo
O verdadeiro escolho legislativo parece, antes, ser. represen- processo discutir livremente a sentença condenatória proferida
tado pela dicção do art. 1.525 do CC: “A responsabilidade civil i em processo de que não participou, para afastar os efeitos no-
V é independente da criminal; não se poderá, porém, questionar civos da condenação. Não só no que tange à sua responsabilida-
mais sobre a existência do fato, ou quem seja o seu autor, quan- de civil -- que na ação penal não foi assentada _, mas tam-
do estas questões se acharem decididas no crime." A letra da
lei parece indicar a indiscutibilidade absoluta, por quem quer H Sobre “devido processo legal" e garantias constitucionais do in-
\
que seja, dessas questões. '° Mas a letra da lei colide com outra dividuo, ver, de nossa autoria, As garantias constitucionais do direito
.i de ação, S. Paulo, 1973, e Teoria geral do processo, cit., em colaboração
i
i 1
I" Assim, em termos expressos, Tounmno Fruto. OP- 01fi-._l>- 549- i com Arulmo 'Cnmui e Dmàmuzco (n. 24/26). l
i
li
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I.
i

Í.
i
278 ADA Pr:Lu:o1mvr Gamoven i
i

bémino que se refere ao reconhecimento do fato e da autoria, ii


que pode ter resultado de uma atitude processual ínsatisfatória
da parte. 12 ' z il
i
~ Da mesma forma, e_.em observância aos mesmos prinqipios, Í

i

ha de ser interpretado o art. '66 do CPP, o qual, a contrario seãwu,

irnpede a ação cível 'de reparação do dano quando asentefiça
penal absolutória- tiver categoricamente reconhecido a inexis- EFEITOS‹DA SENTENÇA E COISA JULGADA*
tência material do fato: 0 impedimento não pode dirigir-se se-
não ao ofendido”. que tiver participado 'dofiprocesso criminal, e De -há algum tempo a doutrina alema posicionou-se de for- i
que foi, conseqüentemente, como parte, atingido pela autorida- ma geralmente aceita e já consolidada sobre os possíveis e di-
de da coisa julgada. Mas o preceito -não~pode alcançar o ter- versos efeitos da sentença e sobre a coisa julgada. Não nos re-
ceiro, estranho ao processo penal: o dispositivo deve ser“har- ferimos, naturalmente, à. discussão ainda não adormecida- e
l
monizado com o art. 472 do CPC, com 'os 'princípios constitu- l que agora não interessa -_ entre os fautores da teoria material
cionais do devido processo legal -e com as conquistas da mo-_' ¡
e da teoria processual. ^ _ ~ ` ' `
derna ciência processual. 11* ' Uma pesquisa que empreendihá muitos anos, 1 ao contra- 1,
r
I'
rio., conduziu-me a resultados que voltariam a questionar, em al-
guns aspectos, aquele posicionamento; e considero oportuno le-
i
i
l
,vá-los ao conhecimento direto dos processualistas tedescos, pe-
dindo acolhida para tanto à sua revista cientifica, a fim de que 1 -e~-¬.'z:;_¡-A›~_-HAi. l.

possam examina-los, verificando se as soluções propostas tam-


bém sao validas para o direito alemao, assim como o sao, segun
do minha opinião, para o direito italiano. 2
¬_-;Ê,m. . -_ ¬

' Texto italiano de estudo editado em alemão no Zeitschriƒt ƒur


Zivilprozess, outubro de l918, vol. 91, ifasc, 4, p. 449, e publicado na Riu. l
1
1
dir. proc., 1979, vol XXXIV (Nova Série), n. 1. ' J i
1 Eƒƒicacia e autoritá della sentenza, Milão, 1935, reimpresso sem
alteração (com outros escritos sobre a coisa julgada) em volume per-
-6 -tencente à coleção -da Fundação Piero Calamandrei, Milão, 1962 e agora 1
i
i '-'í:
';¬ :;*I-Í
constantedeste volume. V. também o 'meu Manualedí diritto processuais
cívíle, III, Milão, -1976, em 'que desenvolvi as mesmas idéias no Cap. 'VII, -.=› u›«‹n-

intitulado Atto giurísdizionale.


12 Reconhecida, em juizo cível posterior, a inexistência do fato e “O estudo .citado foltraduzido para a língua .portuguesa sob o titulo
da autoria, caberá ao réu condenado criminalmente propor a revisão Eficácia e Autoridade da Sentença, ed. Revista Forense, Rio de Janeiro,
criminal, com base naquele material probatório. Eviden-te que o juiz 1945; e para a língua espanhola sob o titulo Eƒicacíu yr Autoridad de la
criminal, na revisão, não ficará. vinculado à decisão do juiz civil;-que Sefltencía, Ediar, Buenos Aires, 1946. -
no entanto se constituirá. ein robusto elemento a favor do réu¿__(_;zuant¿o 2 Os resultados dessa minha pesquisa foram, inicialmente, viva- i
i
__`a¿ _“pr_ova¿_ e_r_nprestada",_somente váli_c_l_a___i¿g§g1;_partes, ver nossa Tëõíiã mente discutidos e' comrariados pela doutrina italiana (especialmente
geral, cit., p. 96.' _. .por Cinusaurn, Ssour, Antonio, Sàrm), mas são agora acolhidos por
1-1 De nossa autoria, “Eficácia e autoridade", id., ps. 46/54. numerosos escritores mais recentes; z . i

i ,ri
E1-¬rcÁcni E Aumnfnsns ml Snrrsuçr 231
` zao Emuco Tvnuo Lrzaàulu

e que se a,sente¿i_ça_improceqg1te_é_sempre_declqaqratgma. 2 Mag


Para esse efeito resumi e simplifiquei, neste escrito, os re- acredito que não se mergulhou a fundo no caminho assim
sultados da minha investigação e algumas conseqüências pra- aberto.
ticas que deles se podem extrair, num campo dentre os mais
No quadro ora exposto, a declaração vem habitualmente
importantes e dificeis do direito processual.
identificada com a coisa. julgada (materielle Rechtskraƒt):
-p._.-W.-_
1 _- Segundo um ensinamento que se pode considerar pa- “Diese bedeutettdie Massgeblichkeít ihres (der Entscheidung)
¢if1<=0. (Pf¢S¢ifl<1ifld° Hesse °°“- Inhalts, d.h. def in ihr ausgesprochenen Feststellung -des Bes-
texto daqueles considerados secundários) ^ ' icados como tehens oder Nichtbestehens der von .einer Partei beanspruch-
Ãêgäš.-'al ten Rechtsƒolgein jedem Verƒaiu-en, in dem dieselbe Rechtsƒolge
in jedem Verjahren, in dem dieselbe Rechtsƒolge in` Frage steht,
1) decizu-ação (Feststel1ungswirkung);
-. .-<_.-.-,í.-«.Á-_
und wird deshalb auch Feststellunswírkung ge1u11mt.”4
2) šexecutoriedade (Vollstreckbarke1't); E esta afirmação sobre a qual qu-isera, antes de tudo, de-
3) efeito constitutivo (Gestaltungswirkung) t'er'me' _ /\›. exew °f êí (1-vw" l
Com efeito, creio que a sentença_ possui eficacia declarató-
A Essa tripartição é o resultado da cuidadosa análise das di- ria, mesmo antes dçççpassar em julgado,.is_t_0 é,¿nesmo_ant_e_s de
versas espécies de sentença e de seus possíveís conteúdos, aná- alcançar a coisa julgada formal. E é justamente a eficácia de
lise realizada pela doutrina a partir da segunda metade do sé-
declaração “ao estado natural", antes e independentemente de
culo XIX. Quebrou-se, assim, a indistinta imiformidade que se
seu trânsito em julgado, o efeito que pode ser classificado junto
atribuia às sentenças na doutrina do direito comum. Hoje, não
aos outros possíveis efeitos da sentença (a executoriedade e a
é mais verdade que a sentença consiste na condemnatio vel abso-
Iutio, porque a sentença procedente nem sempre é condenatória: eficácia constitutiva), porque somente assim se apresenta ela
descobriu-se que também pode ser declaratória ou constitutiva homogênea com relação aos demais efeitos da sentença. Uma
ic_o_is_a_é_a_eficácia declaratoriagigutracoisa;¬spa_i1m1tapilida¢e. A
Muito cortès, mas polêmica, a resenha de Jluars Gomscmrmr na "Massgeblich1<eit" de que falam Rosenberg e Schwab é uma no-
Revue international de la théorie du drofit, Genève, 1936, p. 155. ção composta que é preciso desintegrar em suas componentes,
Em França a minha contribuição foi, e ainda é, objeto de viva dis- quais sejam a declaração e sua imutabilidade.
cussão. sendo amplamente acolhida: J. Fovsn, De Pautorité de la chose
jugée, tese, Paris, 1954, p. 107 e seg. lconformelz Coxim-Fowza, Procedu- l*lâo,é_dificil__encontr.ar,_-a:iíazão doÍe1;r_o de perspectiva que
_. «-.. _.-.›.
re civile, Paris, 1958, p. 492; D. Tosmsm, Essai sur Pauthorífé de Ia chose Le10l.La_e_Q1_0c_ar_r¿g_m_espio plangçentidadess não homog§zi_1eas_: de
iuaée en znatière cívile, Paris, 1975, ps. 2 e seg., 102 e seg.; Htnmoo, no
prefácio a este volume, p. XIX (parcialmente oon.formes)'.
nmJado._a__antiga_gg.i_lg_ná4;i_a ..co_mg_ic_<;`Ão de_q_ue_a:g¿oisa:1ulgada
Concordam expressamente com a tese, também, M. A. Grmvlc, Eƒƒi-
.aesdestí_I1e.fiuafirmar_ahv_erd.a51§..Cl0_j3.l_ízg, a valer qomo equivalen-
cacia della decisíone giudiziaria e cosa gíudicata, separate de Lo Stato
sovietíco eo il diritto, "Accademla delle Scienze deli'UR.SS", Moscou, 1970. ” V-. Por todos, Rosmamc _- Scsrwas, Zivilprozessrecht, li ed., Mu-
p. 39 (titulos traduzidos do russo); Josá Fasnrzuoo Manoozs, Instituições nique, IB74, § 150: BLomsvza, Zivüprozessrecht, Berlln~Göttingen-
de Direito Processual Civil, Rio de Janeiro, vol. V, p.`34; Moacifa Asuazu. -Helldelberg, 1963,_§ 86 e seg.; Barnes, Zivilprozessrecht, Berlim-
Sumos, Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, S. Paulo, 1963, vol. -Frankfurt, 1968, p. 382 e seg.
III, p. 58: Idem, Comentários ao Código de Processo Civil, vol. IV, Fo- Roszuasnc-Scflwàa, op. e loc. clts.
-v-

rense, Rio _ São Paulo, 1976, ps. 459, 468 e seg.

4,. -› 4 .-
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1
282 Ermrco 'I`Uu.1o LIEBMAN

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i
Errcéicui E Arrroamanz mi Sfiwrauçâ

Wiederauƒnahme des Verƒahrens). isso não impede que se con-


283
5
1.
te substitutivo da verdadeires iudicata pro veritçote hapetƒuf)_, e sidere plenamente eficaz a`declaração, ainda que sujeita a tais
šdai çasuaídefinição comojicção (SAvreN_Y) ou_p_re_s¿unção,e,(P,o- remedios: mesmo porque, de outra forma, nunca se chegaria a T
guias) dawverdade. É ,rnister_l;i_bertar-se desse__preco_nceit_o_pa1;a, uma verdadeira declaração, ou a ela se chegaria quando já inútil.
der à..c9§s_i.ulgada decimais umflfller 1ósice._0.fl;PSi¢0iés1¢flz l «Entre a sentença que ainda não adquiriu a coisa julgada formal
ll
ou idwlesim._1nflê¬Sement§_u1n..talo.r.u1:átie‹›,z_,a_1atangimiiúads.. e a que dela se revestiu, assim, há apenas uma diferença de grau,
ii
3 iinutaçbilidadedos _efeito_s«¬da:_se_,11_tg_e,n_ça. _. uma diversa probabilidade de sobrevivência.. Daí por que se pode
És/Jon/7kÍao Por outro lado, para explicar o indigitado erro de perspec- concluir que-a sentença ainda sujeita a recurso, a reforma ou a
*-4»
tiva, também concorre a suposição de que a declaração necessite anulação é, certamente, dotada de menor estabilidade mas, nem
da ineontestabilidade própria da coisa julgada, muitomais do 5 por isso, destituída de eficácia.
sai que. os outros efeitos .da sentença, porque a declaraçãodesa- Por sua vez, o direito comparado oferece importantes exem-

I-§LÍ,LÊÊ-'m

§\ companhada da imutabilidade seria destituída de qualquer uti- plos de sentença eficaz desde o momento de sua prolação, qual-
lidade. E, com efeito, nessa linha que se levantam as objeções quer que seja_a quantidade ou a qualidade dos recursos admis-
de quem não aceita minhas idéias: ,uma sentença não poderia siveis: é o caso do-direito francês e do direito anglo-americano. 5
ter eficácia declaratória sem coisa julgada. 5 Mas esse é uni ver- Tais exemplos demonstram a erronia da suposição de que a efi-
dadeiro circulo vicioso porque da por demonstrado aquilo que se cácia da sentença, e em particular az declaração, seja inconce- ,i
zi
04 pretende demonstrar; -A verdade está exatamente no contrário;
Conmzé bível quando a sentença ainda estiver sujeita a recurso,

._4._,._ . H,. _-
\ a_,sentença é eficazgmesmo que possa se_r_cont1;a1;iada por._ou_tra_
sentença proferida em processo diverso, Também a declaração -é
um efeito suscetível de diversos graus de eficácia e pode mani- 1
. 2 - O resultado -do processo de conhecimento, a declara-
ção .da verdade e do direito, com todas as suas conseqüências,
ii festar-se emsentença sujeita a desaparecer por força de um I
são assim deslocados do momento da coisa julgada formal, que
i
dos fatos mencionados, até o momento em que ele não ocorrer. é o efeito mecânico da omissão de um ato da parte, de tempes-
Nem a_ coisaJulgado. formal, nem” ao material condicionam a tivo ataque à. sentença, ao ato do juiz que instruiu e julgou a
eficacia da sente_I;ç§_.,la_qua1,_- como_aTz0_d_¢_autQLidade ¬- é;BÍi- lide. O verdadeiro ato jurisdicional, em que a lei encontra sua
caz na medida _em,_qu_e é um ato _perfei_to. Isso significa que atuação, reside na sentença, obra do juiz, ato culminante do
quando__s_e forma acoisa julgada,_; própria eficácia adquire novo
vigor_que a_ntes_não possuía, tornando-se incontestável e irre-
processo, e não na omissão da impugnação e no decurso do
prazo.
i
‹i
.
vogãvel. ` e 1 §._eoisa julgada_¿›e1'manece,__p_ois, uma con_s_e¿1üênçia,_prati-
\'

De resto, nem a coisa julgada formal é suficiente para ga-


--u_.u-.Q.,

rantir a declaração de modo absoluto: com efeito, esta também i camente muitoçiirinpoi-tant_e,,_mas neutra e incolor em seu con-
teúdo; refqr__ça, estabi_1iza,_torna__imut.áye1 a_s§nLe_n.ç_a,_s_e,j_a._en-
pode ser eliminada por remédios extremos, admissíveis sem pra- quanto ,a_\_j:__o (coisaíjplgada_Qrmal)_,_seja_e_nqu_anto_ge1;ad0.i;a_de-
zo, ou com prazos bastante longos (no direito italiano, os deno- Qsäf¿i31.LU_ã.¢Q§_¢ieiL9§,(cDisa4.ulgada_matenalL_semJnda1iL2J-
minados recursos extraordinãrios: a rescisória em alguns dos mauemcdmeu®mdL l
casos previstos no art. 395,.n. 1, 2, 3, 6 e no art. 39'? do cpc, e a
oposição de terceiro; no direito alemão a Abanderungsklage ea 1 1
G V. referências em Gz Pucuese, Giudicato Civíle, in Enciclopedia i
F del dirítto, vol. XVIII, Milão, 1968, p. 785 e seg., especialmente ps. 793
i
,r 5 Por exemplo, ALr.onro, La cosa giudicata rispetto ai terei, Milão,
1
e 797 e seg.
'1
1937, p. 37.

i
| 1;-._4.=
Errcíicni lr: Auronrn/me os Sanrsnça 28::
234 'Emuco Torno Lmaum

sam,_pode-sepcertamente afirrpar ,queça _eficácia executiva__d_a Hza_. _-..z-uv


E ,Í\15Íií_mÊ_.11'f›€ P2.L..5§¡`_U'31}Ê£l?¬_e_.í11C0¡Q§..P¢âIš1.$9.3FíEPÊ3-zI1Í¡0 ~sente_n_ça condenatória é tota1_nji_en_-te independente. da coisa jul-
-sofa, deçlaração, mas_tam_b¿':m aos outros efeitos da sentençaizg a
egecuwriedade eo efeito constitutivo. £~'¿i1az€_Q1¿¢_.PBIIIlë‹.D¢9e Ê.1Ê_5U.5Pen5a S°U1ÊUÍëez5§. se VCIÂÍÍÊÊYÊÉÊL
Simples excogitação verbal é a de quem limita a coisa .jul-
M.¢ir¢m1§t;2199ieSze.fe.1.'@Ssateeat@ -vrafl;stflSz11fl.1s.i..-
gada ã declaração e sustenta que sua imutabilldade serve para
erseassea.psr.L›2;ii.°..=1rt._s_3r_‹1isi›s3s.siuaut>_àeefic.a_‹m..dec1a-
i1 1;a_g:'›_r_;ia ou con_stg¿uti_\;a_davsentenç_a,_e_s§a_beleqendofqm-`:_q1lÀ1'ido
garantir também os outros efeitos da sentença. A verdade é tal eficácia ¿é_,invocada_en'i__pro_çeͧs.o diverso, estepode fi_car_s__u_s- li
que. com .e .fl‹11fiSi‹;ã.‹>_<i.¢_°9äe. isisfldez.. °f@i°°5 da SEH- penso se a sentença for impugnada; com geo, reconhece-se_a tj -
i¿e_nç§._,_e_tqdgs_di'_retamente__e em igual medida, adquirem imu- eficácia -pmjudicial da sentença, em optr_o_procšsso.,_mesmo_q11e _.
tabilidade. Os efeitos principais da sentença,?cleclaratório, cons- ela _tenha__sido impugnada, o que simplesmente, autoriza Q juiz ti
-titutivo e executivo, colocam-se, portanto, no mesmo plano, ine- a_suspender o__p_r1ocedimen.to. `
rentes que são à sentença, consoante seu conteúdo, desde o mo- Além disso, foi corretamente afirmado que um caso de efi-
mento de sua prolação, e todos sujeitos a desaparecer, se a sen- cácia de -sentença independente da coisa julgada é o da senten-
tença for reformada ou' anulada. Ao contrário, tornam-se imu- .= ça da Corte de Cassaçäo que cassa a sentença recorrida e enun-
táveís quando a sentença passa em julgado. Demo modo, a coi- cia -o principio de direito que o juiz “a quo” deve acatar (art. il
E sa julgada não é mais efeito da sentepçg mas uma quali- 384 do cpc).. ”
.aaeenrnatnhuto s1e.s.e.nten‹êê.e 51€ 52115 ¢š¢1£eS›..Pfs.°iSflm@flfi¢ e Há ainda diversas normas legais esparsas dispondo de ma-
imutabilidade daquela e destes
¬›
neira expressa que a sentença, consoante as hipóteses consi-
3 -_ A essa altura é mister observar que, conquanto a deradas, tem eficácia imediatamen-te, ou só depois de seu trânsito
apontada sistematização dos conceitos relativos ã sentença e a em julgado. Por isso, tentou-se estabelecer onde estaria a regra e
coisa julgada se apresente, certamente, clara e coerente, ainda -onde a -exceção. Mas, -como sempre nesses casos, o resultado não
é preciso indagar se corresponde ela ao direito positivo. É exa- se apresenta seguro e se presta a intermináveis incertezas e dis-
tamente essa a pergunta há muitos anos levantada por Saem, e cussões. Muito mais fundada quer-me parecer a afirmação de
que a sentença, por sua natureza intrínseca, é dotada desde a z.- _- ~.
respondida negativamente quanto ao direito então vigente na
origem, ou seja, desde o momento de sua prolação, da plena apti-
Itália. T Nesse interim, o direito positivo mudou com a entrada em
dão para desempenhar os efeitos que lhe são próprios, em razão
vigor do Código de Processo Civil de 1940, e é só com referência de seu conteúdo, restando assente que o legisladoravalia livre- Hj
a este que agora o problema oferece interesse. Pareceu-me poder mente os interesses em conflito nas diversas situações, sendo 1
«I--.r-nv- ._ . responder de maneira afirmativa, invocando, sobretudo, o dis- por isso levado ora a admitir a imediata operatividade da sen-
posto no * Aqirimeira parte dessa norma esta- tença, ora a preferir que fique suspensa até o juízo de segundo
b,elece__que a apelação susp_endle a__eficác_ia eX.€§í.!.1lQV_ê_C1_íâ-,_S.€_l1t1`i_Q§.%. grau, ou até a formação da coisa julgada.
enquanto os outros;-ecurfsos não tem ipso-iure efe.i.to_SI1Sp.enailL0. E não é destituído de importância o fato de dois respeitá-
1
Êem entrar em maiores_particul_a.ridades,_que aqui não intenes- veis escritores, que se declararam contrários ãs idéias por mim
¡ _
sustentadas, falarem de uma “eficácia de mero fato", devida à.
T v. z resenha publicada in sizzaâ saâszzresi, isso, ps. 118' e seg., e -.~
i
reproduzida Ln Scritti giuridicí, Turim, 1965, vol. II, p. 597. 9 Mrc1›re1.r. Uenuviciazíone dei prícipío di diritto da parte della ` t
il Cir. o meu Manuale di diritto processuale ciuile, vol. III, p. 146 Corte di Cassazione, in Riu. dir. proc., 1-955, I, p. 26. '
e seg.
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gy.. . -.;¬. -.zé


l
l

286 Emuco Touro ›I..IEsM.uv Errcácra E fiiuronmani-: na SEN'1'ENç¿ 287


1

“intrínseca credibilidade da sentença," 1° ou de -uma “antecipa- próprias. Assim, em primeiro lugar, as partes podem, Zdepoisgda
da¡e provisória autoridade" 11 de que a sentença se reveste, mes- ' sentença exercer atos que modifiquem
_,_,_ _ suas relações:
_- o devedor
mo que ainda impugnável; tanto «é o apego à .tradição doutrina- _ pode pagar o seu débito, extinguindo a obrigação declarada na
ria, que obriga a recorrer a esses disfarces, para não reconhecer sentença e tornando impossivel a execução forçada fundada~na
i
a força das coisas! A sentença condenatória; as_guas_ p_a1§t¿e.s___pod,er_ifi_,__r_r_iesn1o,', depois
. Finalmente, para concluir esse ponto, ré importante.sa1ien~ , da sentença, entrar em acordo e acerta_l_r_¿uas_ relações de modo ,‹
¡Z! . .q Y' i gq _ ,.

tar que o legislador mostra a nítida. tendência para a maior va- E -dive-_r_s_o_ do declarado pelofiju _ e assim porfldiante Mas o que nao
lorização do processo e da sentença de primeiro grau: ¬seja.a ¿ poderiam fazer,_é_pre_tender_um_nono_,juizo_sobi;e._o_.qi1e_foL\âali‹
Lei n. 1.034, de 6 de dezembro de 1971, que regula o processo dos darnente_decidi‹io¿)9;j_,intermédio.de_uma_senten;;a:que_11epJnS§n: .

novos tribun_ais administrativos regionais, seja a Lei n. 533, de i ta a disciplina _çp;i_creta da relação _ji¡1ridica controvertida, tal z
11 de agosto de 1973, sobre o novo processo trabalhista, atribuem como resulta do efetivo funcionamento dos mecanismos previstos íi

plena eficácia a sentença de primeiro .grau ainda pendente de e regulados pelo ordenamento juridico. j i
1 7

3
recurso. . , _ . , šz
ISSO para 0 direito italiano. Nã0.me cabe empreender -pes- 5 -- A referida sistematização dos efeitos da sentença e da
quisa análoga para o direito positivo alemao. Quero somente coisa' julgada pode ter aplicações até mais importantes do que
acrescentar, com toda humildade, que não se pode dar preferen- os mencionados no n. 3. Quero referir-me ao tema dos limites
cia à sistematização tradicional somente porque "sempre se pen- subjetivos da coisa julgada. › _ q jf
sou assim”. Com efeito, parece-me existirem boas__ razões para _ Há 'muitos anos vêm sendo feitas diversas tentativas para
inverter a colocação tradicional das ideias e para_se empreender 1 superar o estreito limite da identidade das partes entre os pres-

uma cuidadosa leitura das normas de direito positivo. supostos da coisa julgada. z 4

4 -- Ainda._é_ne_c_BSSá.rio__e_sclarece_r_melhor_o__q11e_se_entende,_ I Nao se podem negar justificativas à mencionada tendência. -z-

$11.01' imutabilidade (nu incgntestabilidznlsl.-d0§¿=fs.it9s-.‹ia` sen- É ela o reflexo no processo de uma concepção menos individua- , ‹

tença. ' ' lista do direito, que se vem afirmando em todos os campos: 0 i

Nao significa, naturalmente, que fatos sucessivos não pos- homem não vive isolado na sociedade e sua posição juridica é
sam modificar a situação e as relações entre as partes. Ao con- condicionada cada vez mais pela atividade de seus semelhantes;
trario, §ignifica_que,_çpm referência à. situação existente aogtem- , daí por que aumenta a responsabilidade de cada qual por seus
IPI
_po em_que a sentçnçaqfpiipgolatadq os efeitos po; e1e_produzidos ' próprios atos, que projetam' sua influência sobre uma esfera i ,:

1 . são e permanecem tais como nela estabelecidos, sem que se possa


novarnente discuti-lo§,_em juízo ou fora dele, até que_fa_tQs_no_v_os
- cada vez mais ampla de pessoas, Tudo isso «é inegável e há de
ser levado em conta também no processo, mas sob uma condi- l
‹-.--‹- _-tz.-1UVI_
interlenham criando situação dive_r§a,_,que,1;9meolugqar ,daquela
q,Lie,f9i.ú1;jeto,da,se.ntença
çao indeclinável: que nao se prejudiquem sem remedio as"ra
zõcs de quem não teve qualquer possibilidade de defender-se.
Í'
Isso porque, nem mesmo a força do julgado pode obviamente . Fundamental, com efeito, é a diferença entre a_.p_c¿siç_ao das par 0
,.
im P edir Q ue fatos novos produzam conseqüências que lhes são tese a dos terceiros com relaçãqà senten_ç_a: as primeiras parti- z

1° Rrnrrurr, Diritto processuale civile, reimpressão da 2.fiied., Mi-


çiparam do pro_cesso_(ou uøflâtíam_£azè;m,is_eno_quisessem)_,_pude-
lão, 1957, vol. II, p. 260. ' ifamiexporsuasfrazões, contribuiram com sua ati_vidad_e__e com i z

11 PUGLIESE, op. cit., p. 806, 1 §u¿a§_p;rgva_s_à1_prepar,acão dasen_tençg,_à criação dos fundamgn-


_...,
5.

ii
1
» i
j
288 Euiuco Tu£.Lio LIEBMAN E;-;¢Á¢;_.r E Au-miuniunz na smrrauçix 239

tos;de,f_ato_e;de:c_u;'elto_qqe.çondigiram oju,iz,a_-pr_o;e_rir sua de_- 1 a situação -jjui-,id.ica_existente entre a_s_par_tes,:in jydicium de-
-1-._ _
cisão. agudo -isso permap_ec_erarn__aiheios os terceiros. duç_tg_,,,Assim_s_ei;d_Q,__ela vale para todos ernãoi-só p_ara_aS partes.
Eis a razão pela qual devem ser rechaçadas as tentativas u¡`na_vez,qu¿,;0dg5 devem reconhecer que o juiz,_ju_lgando entre
de quem quis estender a determinados terceiros a coisa julgada ú as p_a_.rte_s,_pro¿e_riu sua decisão.
formada entre as partes. São tentativas antes artificiosas, '2 às V ;.sen__ten¿¿zr.e,_po_rtanto, com_i;eferència ao objeto deduaido
quais se opõe o limite preciso e intransponivei posto pela lei-de
todos os paises conhecidos, excluindo os terceiros da coisa jul-
ç_1¿j¿iiz¿;_e às partes que dele piirjticiparasn, eficaz para todos. E›
i
1 _Que quer isso' dizer?? QueA'r_diie`r qíieƒdive?Ê'§!{íeñte_doÁflÉÉ2I€QÉ0l
i gada formada entre as partes. comi;-is pa.rte_s,__para quem a propria sentençaaciquire a_ coisa. `
| .
.

Uma solução diversa que, a meu ver, concília as diversas julgada e seus_e_feitos se tornam irnuta_v_eis,_para os terceiros
exigências, encontrando o seu ponto de equilibrio, é aquela que a sentença é eficaz, rnasí- não ficando cobertazpelo julgado - Hi
se inspira na distinção entre eficácia da sentença e coisa jul- É .dis_eptivel___a qualquer ternpo._O terceiro, ,des-._de_qqe tenha inte- ,i i
i j
1-_e¿.s§fl_pg,de,_e,m_quVa1;¿uer-circo-nstânQa_e_em queu1,uer_novon`ul- lj
gada'A sentençaC e. o a*toV da autoridade
Qd :“›\\\Ê*“€\“*'.? .c°*f~i›^`~¬e'
jurisdicional que exprime zp_,de§nonstr_a_r._que a sentença está errada e_n.ão lhe¬pod.e_s_ei^ ii '
oposta. iii
e_@i_ria.e-_e.e.ne.r.e.i2.e_‹.1iâf;iPline-qi1.e dele regular. eesilride á lei.
í--._._.í A sentença, quando não íortalecida pela coisa julgada, com-
*2 Não é este o lugar adequado para a reiutação detida dessas -ten- partilha com todos os outros atos do Estado da vulnerabilidade ›i
..
tativas: a francesa, mais antiga, fundada sobre a suposta. representa- própria dos atos promanados em um regime de Estado de di-
ção de alguns terceiros por parte de quem participou do processo; aque- v
reito, e por isso mesmo condicionados à sua confomiídade ao di-
iF la outra, que acreditou poder estender a_ terceiros a jheringiana “eficá-
cia reflexa” da coisa julgada; ou ainda, oiitra que assemelha a parte reito. Por isso os terceiros, embora sujeitos a eficácia da sentença,
os terceiros titulares de relações jurídicas logicamente dependentes da podem opor-lhe razões -de fato e de direito que demonstrem a
que foi objeto da sentença. Em todos esses casos, acaba-se vinculando sua contrariedade à. justiça. Nem por isso p0d€m OS ÊBFCGÍIOS, ,r .

a coisa julgada verdadeiros terceiros, que poderiam ter excelentes ra- é claro, modificar ou anular a. sentença, mas podem torna-la
zões a fazer valer contra a sentença; e se infringe patentemenie 0 prin- J inaplicãvel, paralisando a sua eficácia -no que lhes diz respeito.
cipio dos limites subjetivos da coisa julgada, principio que não pode
ter outro sentido senão exatamente o de impedir a repercussão do vin- É sabido que em alguns paises (França, Itália) existe a
culo com relação a terceiros titulares de .relações conexas. V. sobre a tierce oppo.s~i'timz,, desconhecida, ao contrário, em outros (por I
U
matéria o meu Manuais, vol. III, p. 169 e seg. ex. no direito alemão, austríaco). Segundo a praxe francesa, a
Recentemente, a Corte Constitucional interveio e_. acolhendo argu- tierce oppositicm também pode ser exercida por via incidental,
mento que eu havia levantado há alguns anos, declarou inconstitucio- no processo em que se queira fazer valer uma sentença com re- É
É
L
'i
nal o art. 28 do cpp, na parte que dispunha que no juizo civii ou admi-
nistrativo a declaração dos fatos contidos na sentença penal fosse vin-
lação a terceiro. '3 O remédio previsto em favor do terceiro, com
relação a .eficácia de uma sentença inter aiios, é precisamente
l
culante tambem com relação a quem havia permanecido estranho ao
processo penal (sentença n.° 25, de 22 de março de 1971). análogo a ticrce qpposítion proposta por via incidental e pode, z
T4f'ze-im.-fé‹i i!-444 .__. -_ _\

A orientação da Corte consolidou-se. depois, com as sentenças n. a meu ver, ser admitida mesmo sem previsão 1egislativfl,'C0m0 ›

99, de 27 de junho de 1973, e n. 165, de 26 de junho de 1975, que decla- simples aplicação dos principios gerais do ordenamento juridico. 5
i
zu...
raram, respectivamente, a inconstitucionalidade dos arts. 27 e 25 do i
cpp, na parte em que estendiam 0 vinculo da coisa julgada penal sobre 13 Rouun, Chose jugée et tierce oppositíon, Paris, 1958, ns. 368 me
a ação civil, também quanto aos sujeitos que haviam permanecido 374; v_ agora os arts. 585 c 588 do novo Code de procedure civile. que
.
i alheios ao processo penal. enirou em vigor a i.° de janeiro de 1976.
É
à 5il t¬`*Í"'.L1_.” LÍ`; ;:
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290 Emuco TULLIO Lissmlm -` i
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-Q _em que a soluçaoçaqui propostaçtem maior opor- . .Çi -1'


-tunidade de maniíestar¢se_é_o _das¿rel¿ições jurídicas -logicamen- I

te dependentes da relação sobre a qual a sentença incidiu. São


9_s_çasos_onde_._.S.e _a_d.rr_iite a intervenção voluntária quando o__tçr-
ceiro_;não__i¡_¡*_;,_eg_ei_9_izip processo e a sentença é utilizada contra
ele em ëg;ão_‹_ie__regresso ou de ressarcimento de danos: o fiador,
NOTAS
por eiemplo, diante da sentença que condena o devedor, ou 0 de-
vedor, diante da condenação do fiador, quando são chamados a
j-uízo, respectivamente, pelo credor e pelo -fiador para o cumpri- i EFEITOS DA SENTENÇA -E -COISA JULGADA
V
mento da_ga-rantia e do regresso. Nesses casos. e em Õuti~5s"se.¿ (Ada Pellegrini Grinover) _ ^-fi|.¡~firâ^\:_z'.r~=:_~\'.=^-
zi |.-=. . -'

meihantes, não se pode negar que a sentença é eficaz perante 0


terceiro pela declaração do pressuposto de sua obrigação, contida 'Publicado inicialmente em alemão, na Zeitschriƒt für Zivil-
na sentença. Mas não seria justo impedir_a demonstração de que prozess de outubro de 1978, o estudo destinou-se a divulgar en- 2

a parte se deixou condenar injustamente e de que havia moti- tre os -doutrinadores de lingua tedesca a teoria de Lrsflmzm sobre O

vos suficientes para rechaçar a ação em que foi ré. _ os efeitos --da sentença -e a coisa julgada. ` i
Pt
Mr Essa também é uma possivel aplicação, a meu ver satisfa- Trata-se de uma síntese bastante atual do pensamento do -.i i
.v

tÓria,"`da"pesquisa de muitos anos atrás, cujos resultados tomo a Mestre, por elemesmo- efetuada e provida, conseqüentemente, 4..
liberdade de submeter à. atenção dos colegas a1e_mã_es. de invulgar proeminência.
Quanto ao direito brasileiro e sua correspondência às idéias ml.

do Autor, remetemos-o leitor às Notas à Eficácia e Autoridade da


àz if INTQN J ~\-E¡z(_e|113g _» Qrmm iviuis f×Qs0'~<&i>> Sentença, no que -tange ao direito anterior; e, no que concerne às
1 alterações -legislativas introduzidas na Itáliaa partir de 1950,
_ s,‹,:. z.z.›.-'.i ‹.¢
.¿¬.
1
'S
* 1|
É com a nova redação dada ao art. 337 do cpc, fazemos remissão às Qi
5z.
ii
.notas ao mais recente ensaio .de Lrnaivrau, inserido neste volume: "'Y‹1r'-a".¬~*wífr5-|=,¶flf":;1._T 4
.i.
“Sentença e -coisa julgada: recentes polêmicas”.
É , i
xl.--A. .ai

-1;.W‹;131;-n 'F

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1. L.U¬-. .`. . .-_
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357-20 r
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Errcficm E'Ao'ronm.wE na SENTENÇA 293


i
i
Mas também não faltaram objeções, às quais devo uma resposta i

(e peço desculpas ao leitor se me sinto obrigado a falar disso


pessoalmente e a voltar sobre coisas já ditas), não somente por
um dever de cortesia para com os estudiosos que quiseram pres-
tar sua atenção e suas estimulantes observações críticas ao que .IL
foi por mim sustentado, mas também para que o meu silêncio i,
SENTENÇA E coisa IULGADA: RECENTES Ponsmrcas* não seja interpretado como anuência às suas argumentações.
Observou-se que minhas idéias mudaram desde a primitiva 1
SUMÁRIO: 1. Prcmissa. 2. Distinção entre eficácia da sentença e coisa iulgada. formulação. A observação é certa, mas somente com relação a i
3. Sentença de condenação e sua esecutorieclado. 4. Eficácia declamtürin
I
alguns aspectos parciais e marginais: as idéias fundamentais
a constitutiva das sentenças e 0 Em-. 337. inciso I. CN- DWG- CW-
5. Propostas para a reforma do processo de conhecimento. 6. A eficácia permaneceram inalteradas e resistiram a uma longa e assídua .F
da sentença com relação n terceiros. 7. A eficacia da declaraçño da
sentença. B. Casos interessantes: as obrigações solidárias. 9. Seguro da
meditação e à análise de alguns direitos estrangeiros, que delas
responsabilidade civil. Desdobramento na doutrina e na jurisprudência acolheram certos aspectos importantes. No que diz com os acon- -.z-z.,
francesas. 10. Conclusão. tecimentos sucedidos no nosso direito positivo, considero como
prova de vitalidade das idéias então expostas quer o fato de elas ‹

1. O tema da sentença e 'de sua eficácia continua sendo , 1


muito discutido e isso não pode surpreender se considerarmos cisivas e decididas as de V. Annsrotr, Diritto processuaie civile, Nápoles
que ocupa ele posição de destaque na teoria do processo, sendo 1979, p. 987 e de E. Fszziwmr, Istituzioni di diritto processuais, 2.* ed.,
Padua, 1979, p. 244.
susceptível de conseqüências práticas interessantes. - Também S. Sârrà, que inicialmente havia se declarado contrario
As idéias por mim expostas mais de quarenta anos atrás e iv. critica ao meu ensaio, in Riu. dir. comm. 1935, I, 363), ultimamente
i que permaneceram (seja-me consentida a imagem) em estado de adotou posição favorável (Commentario al cod. proc. civ., vol. II, 2, Milão.
letargia durante longo tempo, renasceram em conseqüência da
1 1

i I 1962, ps. 26/28 e 94/96 e Diritto processuais cívile, 8? ed., Pádua, 1973,
i
reedição - por obra da fundação Calamandrei _ do ensaio em p. 371), defendendo-a em polêmica com VELLANI. ` -
. if
1 iil.
que foram enunciadas pela primeira. vez, 1 e ainda por causa de Um apreciável esforço de aproximação e de compreensão fez F. CARPI
i
em Ueƒƒicacia "ultra partes" della senienza civiie, Milão, 1974, p. 19 e
algumas significativas adesões recebidas tanto na Itália quanto segs., ainda que depois tenha acabado refugiando-se nos amplos braços
i

no exterior, 2 quer na esfera cientifica, quer na esfera legislativa. da opinião tradicional.


1

Na~França, a distinção por mim proposta entre eficácia da senten- :-n ¬›¢\.›øn›¬-
* Ensaio publicado in Riu. dir. proc., 1980, n. 1. ça e autoridade da coisa julgada foi acolhida por J. Fovrn em sua these, i
1 Eƒƒicacia ed autorità della sentenza. Milão, 1935, relmpressa sob o Paris, 1954, De Pautoriâté de 1:1 chose íugée en matíère ciuile (que de-
mesmo titulo com outros escritos sobre a coisa julgada na coleção da fendeu o meu ensaio das criticas de Carneiutti) e "obtint un- grand
Fundação Calamandrei. Milão, 1962, e agora constante deste volume. retenti.ssement" segundo atestado de D. Tomiism, Essai sur Pautorité de
Sucessivamente,'o meu Manuais di diritto processuale civile, 3.“'ed., Ia chose ƒugée en matière civile, Paris, 1975, p. 103, o qual, embora com
vol. III. Milão, 1976, ps. 41, 142, 146 etc. e o artigo Urteilswirkungen outra formulação, retoma sua parte essencial; por último R. Psiuior, i
und Rechtskralt no Zeitschriƒt, vol. 91 (1978), p. 449. cujo texto italiano Encfyclofpedie Dalloz de procédure civile, 2!* ed., Paris, 1978, n. 140. J

i
foi publicado nesta Revisia, 1979, p. 1, com o titulo Eƒƒetti della sentenza No Brasil, J. F. MARQUES, Manual de direito processual civil, S. Paulo, 1

e cosa giudicata (também neste volume). 1975/76, vol. III, p. 231 e segs; J. C. Biuuiosà Monrrnu, Coisa íuigada e
2 Lembro aqui somente as mais recentes, não mencionadas em es- declaração, em Temas de direito processual, São Paulo, 1977, p. 81.
critos precedentes: mais vaga e problemática a de G. Venus, Proƒílí del Naturalmente, a adesão de principio não implica a aceitação de
processo civíle, Parte generate, Nápoles, 1978. p. 244 e segs; mais in- todos os possiveis desdobramentos da distinção enunciado. no texto. i F '
P
_.-

29-1 Emuco Tomo Lmsmmr Errcllcm E Aomoiumnr. na Szrrrreivçii 295


nll n._-1. W4_.__-,_
I .
terem superado o impacto do novo -código de processo civil _ faltar -esse atributo. É necessário insistir nesse ponto, se quiser-
onde, alias, encontraram apoio imprevisto _ quer a sua acolhida mos ter a idéia exata e válida do que a sentença representa no _ ‹

em algumas leis recentes. As idéias que pareceram heterodoxas, mundo do direito. l 0

em 1935, a juigar por autorizadas opiniões contemporâneas, agora Como todos os atos jurídicos, como todos os atos estatais l
V

já se firmam como vencedoras. em particular, ç:sentença é eficaz ,porque existe justamente 9 i


ëpfiflfiâ _l§gB_1nl1_1?£rduzir_de_terrrr_i_r1,ados_egç1§g,g,_,E essa -eficácia, como
O passar do tempo e os fatos acontecidos poderiam, de qual- aptidão para produzir efeitos, não é algo -de extrinseco que se
quer forma, justificar _ se de justificação precisassem _ as ref acresça à. sentença em determinado momento, mas uma pro-
- r-vz-14_

íf. visões parciais intervindas no meu pensamento que, por outro


lado, podem servir para demonstrar a abertura e a disponibili- de qzu.e.f=Ia-.e detacandesdeio memientb de í

,L dade às contribuições alheias, desde queiconvincentes e fu-ndadas. aP¢fâ_iQ9ee@§f_1i<.>_.fl¢..=@flf*er_f9anflfive;;=_w é, desde a mbfica-


E, ção por parte do esçrivão (art. 133, cód. proc. civ.).° Isso se
2. Vamos proceder com ordem, iniciando pelo ponto 'de deduz não tanto de seu conceito, mas -sim de sua função prática
partida e dando um passo de cada vez, na esperança de dissipar e, embora não venha. expressamente disposto, como regra geral,
fl alguns equívocos e, assim espero, de evitar a formação de novos. em nenhuma norma juridica (considerada. evidentemente su-
›.›-1¬_w-¡._: . `

li, 1
I

Qçp_o,zi;9¬d_g¿partida.e_a,;distincãn entrara eiicàcia da Sfiniellfië pérflua), tira-se do ordenamento no seu conjunto e das nume-
rosas disposições de lei (que veremos daqui a pouco) que regem
e_..____.,¬s.
a autoridade da coisaligada
__-_z_ _ _ considerando por ora a eficácia
|__-
este ou aquele efeito particular.
e_rri_,su::,â_,_co1¬;,si_s¿ê_n,¿:ia1_ genérica; diga-se imediata_roente_qiie,_pgr
Se a sentença não possuísse, em si e por si, a eficácia que
e_r_1_q_u_an_to,Tl_i;jnitar-me:ei__a dlslsingui-las sop um ponto/d_e vista
procurei elucidar, ela não seria, em substância, uma sentença
logico, independentemente do fato d_e__que, em concreto,__pp_d_e l
_ apesar de o legislador 'assim a qualificar --, mas sim aquela
e_tetiy;_amen1e verificar-se a_rnaní_fe_s,taçgQ da eficácia, antes _da
l “situação juridica", aquele “pro-jeto de sentença", que _. segun-
§p__r;pgç,äo__cia,__coi_sa:jmgada, ou fora,_dos seus limites. A.. ‹-.J
ll
i Elas são “coisas” diversas re, portanto, conceitos a serem
do a conhecida e coerente concepção chiovendiana _ represen- Í
taria unicamente um elemento que, graças ao concurso de outro
A E mantidos separados, porque coisas diversasmsão os efeitos da elemento (o termo), poderá tornar-se. a verdadeira sentença_‹
sentença e o rato de eles serem indiscotiveis ou imutáveis. Mes- Mas quem não aceitar tal concepção, quem vir na sentença 3'-ú

mo queño direito dispuscsse que a sentença só tem vaiidade quan- o ato jurisdicional, o ato para cuja prolação o Poder Judiciário
do passada em julgado (e veremos que nao é assim), ainda seria J
i

necessario ter clara a idéia do que sejam os efeitos da. sentença, 3 Cf- Â- CÉRTN0 CANOVA. Sulla esecutivitá di una sentenza rlƒormata
v|
-~‹'-s-.¢ú.«-u
ll'1 para -queifícasse esclarecido o significado de sua indiscutibi- in appello, in Giur. it., 1977, IV, 177 e seg., nota 63: “Cada sentença, en-
i, Íí lidade _ quanto ato estatal, deve produzir eficácia pelo próprio tato de existir
l I juridicamente."
I Ora, quanto ao conteúdo, quem quer que possua os conhe- 4 G. Cnrovaum, l°rincipii di diritto processuais ciu11z_ 3;» ed" N,-,_
J
cimentos necessários pode emitir um parecer sobre uma questão potes, 1923, p. 951; Istituzioni di diritto processuale civíle, 2.* ed., Nápo-
les, 1936, vol. II, p. 526.
juridica; mas este será, radicalmente, diverso da sentença sobre
Sobre as diversas teorias relativas à. sentença sujeita a recurso, v.
a mesma questão, no que concerne à. eficácia; o parecer valerá. amplamente P. C.u.à.wmnm›:z, Cassazione civile, Turln, 1920, vol. II, p. 193 e

pelo que tiver de convincente; a sentença, ao contrário, comanda, (agora in Opera qfuriaierze, dirigido por M. cn-i›ez.r.z-m, vei. vir, Né.-
vincula, possui uma “força” própria; numa palavra, é eficaz. O IJOÍÉS. 1976. D. 186 e segs); A. Csnmo Cimovii, Le impugnazioni cívili,
1
Pádua, 1973, p. 61, nota; e meu Manuais, vol. III, ps. 4l e 142/3. T
conceito de sentença será incompleto e, portanto, errôneo, se lhe }

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293 ^ 'Emuoo Touro LU-:nulm


EncÁcm E Aurorumuaz mi smrrzuç¿ 297
é instituído, não poderá deixar de reconhecer a sua eficácia ju-
474, cód. proc. civ.). Também essa norma não esclarece o mo-
ridica como atributo necessário, essencial ao ato que o juiz pro- mento em que a sentença está provida de eficacia executiva. .
nunciou, e não como efeito ulterior extrinseco, devido ao decurso
do tempo e à inércia do vencido que não interpôs recurso. u disso seencarrega o art. 337 do cód. proc. civ., em seu
Que a instituição dos recursos ];oSS_a_l_evar o legislador a °aFf“t'- E559- d1SP°S1Çã0. porém, está. sujeita a um estranho
destino: e geralmente lida como se dissesse coisa muito diferen-
mc.uns.t_ân¢in essa eficácia. ë as- te daquele que Ié o seu claro significado. De fato, costuma ser
sunto completamente di_fe_rent_e,_gue não interfe1ie_n3n1:coli_d_e_cpz;1_ Í °“ "«*eP”='~"‹4-f«se (aaa
__.__.._

lida como se dissesse: a sentença adquirirá, eficácia executiva


i§sQ_i.i.l.do. De fato, a suspensão não extingue, não suprime, não 0-íjkuijaos-L;
Ti
,› depois do vencimento (do termo) e do juízo de apelação. ° Mas,
elimina a. eficácia, impedindo-lhe apenas que opere, enquanto a i o texto epbem diferente: ele dispõe que a eficácia executiva, de
J

causa da suspensão perdurar; comprime-a temporariamente e que a sentença é evidentemente dotada, fica suspensa pela ape-
deixa-a permanecer latente, pronta para se tornar operante se laçao (e pelo termo respectivo), desde que não seja declarada
e quando vier a faltar o motivo pelo qual a suspensão foi dis- provisoriamente executiva; e prossegue dispondo que as outras
posta. Mas._qne;inaior_lp.r.oi¿a=p9.d_e_tiaú-',erzzd;zL_eâ~;iStênCidia efi-_ lmpflgnações não têm, ao contrário, efeitõ suspensivo, que o juiz
cácia, do que a norma_q_ue_¿_f_;,¿_~1_1_la_a sua suspensão? É possíyel, todavia podera atribuir, quando de sua execução possa advir
por acaso, suspender o que,não_e_›_ris_te? dano grave e nrreparavel (arts. 373, 401 e 407). _
É necessário, agora, examinar detidamente em que consis-
tem os efeitos da sentença. O caput df' art- 377 g0Z3~›r P0I`Êm, de má fama, e justamente,
porque, segimdo seu teor literal, somente a propositura da ape-
laçao teria efeito suspensivo, quando é pacífico, ao invés, que
. 3. Consideramos, antes de tudo, a sentença de condena-
ção. A individuacão exata dessa figura e sua distinção das de- para isso é suficiente a pendência do termo para a. apelação, 1 1

mais sentenças de mérito é, prevalentemente, obra da doutrina, no contrario, nenhuma dúvida pode ser levantada acerca da
que lhe reconhece, além do efeito declarat-ório conseqüente à exatidao tecnica da norma, na medida em que qualifica como
declaração do direito, também um efeito executivo, que é pro- swpenmva 3 TGPBPCUSSÊD da apelação sobre a eficácia da sen-
I
-|¬. priamente o que a caracteriza.” tença. Uma antiga tradição, ininterrupta e (pode-se dizer) uni-
I. versal _ ao menos no ambito continental europeu _, sustenta,
J
I
!
É A ela se referem expressamente alguns artigos, atribuindo-
-lhe os chamados efeitos secundários da hipoteca judicial (art. nesse ponto, o art. 337, caput. 8 |'

2.818, cód. civ.) e do prolongamento da prescrição (art. 2.953,


“ F- CARP1. Lã Pfovvisoria esecutorietá della sentenza Milão 197.9` ¬. _¢._n-.
cód. civ.) ;iesse último só cabe na sentença de condenação pas- Ds. 18. 20 e segs.. e passim. I ' '
sada em julgado, enquanto o outro também se aplica à sentença C°nt¡`fl› 0- FURN0, La sospensione del processo esecutivo, Milão. 1956,
1
sujeita a recurso, por não haver qualquer ressalva da lei. P- 63. S. Sun, Commentario, cit., vol. cit., p_ 93,
,_
*-E1hz_.3fl-=I;:.'_s:-"H*- Igualmente genérica é a atribuição da eficácia executiva. à ' V- Mfmlohr. Commento al cod. proc. civ., vol. II. Nápoles, 1956,
sentença que, por consenso comum, é a de condenação (artigo p. 418; Sn-rii, Comm., cit., p. 94. _
'I
I
5 0 CÍÊÍÍFO SUSPÊIISÍVO da apelação decorre do principio do direito
l.i comum que se resumia na formula appellatione pendente nihil innovan-
° Sobre a sentença de condenação, v., por todos, L. Monrrssno,
1 dum e depois, mais particularmente, das Ordonnances francesas. Vem
Ç;
|i
Condanna cívilc e tutela esecutiva, Nápoles, 1965. Não interessam, aqui,
ele disposto, em termos praticamente idênticos, pelos Códigos franceses
-ê as questões sobre a exata configuração do pronunciamento que produz
efeito executivo. oe 1806 (art. 457) e de 1975 (art. 539) ; pelo nosso código de 1865 (art.
483); pelo i 705 da ZPO alemã e do § 486 da ZPO austríaca (I-iemmung
i
, l
. i
4.
r

293 Ewsrco 'Pumro Lmszmm A Errcicurz Aoroamuaz ns Smrmiwçâ 299 1


i Isso permite afirmar: que B. .eXe.¢.11f0.Iífi.€1B¿1.e .ë.-ine.r.en1;§__a_ _ _-._ .í_. ção crescente da .sentença de 1;° grau, 1° à qual devemos reco- iv
eenten‹;a_de;eondenação,_‹1e1anotada de]->i.de_o_m0ment0_e.1i1.<lu°= nhecer posição e enfoque novos com relação aos recursos e ao
É ppgzgrjglg e pjglzligada; que a apelação (termo e juizo) suspen- iter procedimental.
de a mencionada eficácia; que o juiz, ao autorizar a denominada
execução provisória, restabelece, em substância, a capacidade 4- Maissemrlexe é.9.pr9b1_‹a1ia.-9ue_ r‹.2s1i‹â.ii_.=_z»..a_os-:ife_1i.t›__‹l..‹=_z..
executiva própria da sentença, tirando o efeito suspensivo da eLe.1'.e.tóri9..¿>i1,§sia..a..§ec.1aracão_‹_=.‹n1iida_eu1_e›dâs_as__s.entenc.as._.
apelação (e o juiz de segundo grau tanto pode eliminar, me- Quer aP.flf.«_f>gfl S__ö,_<1_He1'..<2§.1i.Êia.-?+S=9!13Pênlifl<i0,f1°.£i§it0.e2tecutn0.
diante a inibitória, o provimento do primeiro juiz, como tam- ou co;1s_titu_tivo.
¢
bém pode, se quiser, conceder a execução provisória, caso esta Quando pela primeira vez me -aproximei desse tema, ainda
não tenha sido autorizada pelo primeiro juiz: essas são as alter- vlgiam os códigos de 1865, que nada dispunham, em linhas gerais,
nativas levadas em conta pela lei ao considerar os interesses sobre o momento em que aisentença seria provida dessa eficácia
contrapostos); que não possuindo os- outros recursos efeito sus- e sobre a incidência determinada pela existência dos recursos.
pensivo, permitem à. executoriedade seu livre desenvolvimento Mas a lógica era suficiente para justificar adistinção entre 4
(salvo os casos de suspensão ope iudicis, nos casos dos arts. 373, eficácia da sentença e autoridade da coisa julgada. r

401 e 407). Além do mais, de tudo isso deriva que a executorie- Com o novo código ora em vigor, tomam relevância duas .‹O

dade não tem relação alguma nem com a definitividade da de- normas fundamentais inteiramente novas: os arts. *295 e 337, I

claraçäo, nem com a coisa julgada; que não se justifica consi- inciso I, cód. proc. civ., regulando as relações entre diversas
Í

derar como “provisória” a executoriedade do acórdão em grau de


controvérsias que se encontram, entre-si, -em relação de prejudi-
É apelação, ainda sujeito às outras impugnações,° porquanto se

trata da executoriedade própria da sentença, que nãofica. sus- cialidade, com o intuito de favorecer a eharmoniadas respecti- F
o

pensa por outros recursos que não a apelação (ressalvadas as



1 vas decisões. Oiinciso I do art. 337 fornece, assim, uma base ›
I

conhecidas exceções). w§ mmedmemm®.¿mam4 dm i

Quando, ao contrário, a sentença passa em julgado, a exe- seu;trânsito em julgado.T1;eI2Iie§en11and0s..ll01Ti&lnt.0,_;a_co.nIi1°ma-


cutoriedade se torna (como todos os efeitos da sentença), incon- sis. @§>¢.í_Si1'.==1._(ã=ls11ém. talvez. a ache iiuzresida.: outras talvez. -1.›. y. 4. .,

testável e imutável e pode ser anulada somente mediante a opo- _sup.érflua)_à.*p_1j9p9sta poilmirn apresentada alguns anos atrás.
J
sição à execução (ou depois do exercício vitorioso dos recursos
1° Com certeza tem razão G. Tmizul quando, com referência da
extraordinários) _ ' norma relativa à executoriedade da sentença em favor do trabalhador,
Se a isso acrescentarmos que numerosas leis recentes pre- reputa que' sua ratio deve ser procurada na qualidade dos créditos de
vêem a executoriedade imediata da sentença de 1.° grau, ne- que se trata (Uesecutorietà della sentenza nel processo del lavoro, em
I
gando à apelação qualquer .efeito suspensivo (no processo .do Riv. trim. dir. e proc. cio.-, 1974, p. 467); isso não exclui que objetiva-
né-«.;T:f4~-ef trabalho -e da previdência, em matéria de locações residenciais mente resulte dai a valorização do processo e da sentença de i1.° grau -.«_.- .›_t.‹

ll e outras) não se poderá. negar que disso decorre uma valoriza- (nesse sentido também CARH, op. cit., p. 19), mas não até o 'ponto de
negar utilidade à. apelação, que eu considero, entre outros fatos. acober- 1

,i
9 Assim, Cariri, Provvisoria esecutoríetà, cit., p. 44. ' -tada pela garantia constitucional, não obstante entendimento diverso
Ú da Corte Constitucional. 1

= suspensão; v. Con-rs, Dizionario giuridico ed economico tedesco-:`ta- Cfr., também, G. A. Mrcr-rrzu, Uesecuzione provvisoria .de!l'art.. 5 bis
liano, Milão - Muncben, 1964); pelo art. 520 do Cód. Proc. Civ. brasi- della Zegge 26 ƒebbraio 1977, p. 39 etc.. in Studi in onore di E. T. Liebman, |
N
leiro, etc. Milão, 1979, vol. III, p. 1.957.

«:__ ~.- .-
300 Emuoo Tuuâro LIIEBMJLN
Errcicnl E Auronrosne os smrn-:uçs 301

Levei em conta, naturalmente, a nova disposição e a ela o que era a exceçao _- ou seja, a operatividade da sentença como
l

i
adaptei o meu discurso sobre a. sentença, naquilo que incide declaração pelo próprio fato de ela ter sido proferida - tornou-se
sobre a sistematização dos conceitos precedentemente formula- regra. Antes, essa operatividade era negada em princípio, salvo
i
4
da; e ninguém deveria admirar-se. Mas ainda creio possível no que se referia a determinadas impugnações; agora, é afir-
acrescentar que, mesmo que futuramente a norma viesse a desa- mada em relação a todos os recursos." '= I
parecer, nem por isso a colocação dada a toda a prob1emá.tic° Naturalmente, a situação não é igual se, em concreto, a
referente à sentença sofreria-substancialmente. 'sentença transitou em julgado, ou não, na causa prejudicial;
Esse art. 337, I, perturbando muitas idéias recebidas pela no primeiro caso goza do máximo de estabilidade, sendo ex-
doutrina tradicional, deparou com aventuras desagradáveis: posta somente ao evento marginal e excepcional da interpo-
com efeito, tentou-se limitar e reduzir o seu alcance de várias sição de um recurso extraordinário (rescisória com base nos
z-_,

7;:':Íí:Íi_
-formas, emabsoluto contraste com o texto, que não faz distinções. n.°* 1, 2, 3, 6 do art. 395 e no art. 397, cód. proc. civ. e oposição
E muito mais interessante lembrar que estudiosos autoriza- de terceiro); no segundo caso, a sentença possui estabilidade
dos logo vislumbraram o importante significado da nova dispo- bem menor, decrescente 'se se passar de um acórdão para uma
sição, que preenche uma lacuna na tessitura do ordenamento. “ sentença, sujeitas como estão também aos recursos ordinários
Ao invés de fazer uso de palavras minhas, prefiro citar algumas (regulamento de competência, apelação, recurso à Cassação,
1
proposições que resumem muito claramente o lugar .que cabe à rescisóriabaseada nos n.°* 4 e 5 do art. 395) (arts. 32fi e 327 do l
novanorma na disciplina do processo. O caput da disposição cód. proc. civ.). .
em exame generalizou, -estendendo a todas as impugnações as De outro lado, já que é comum contrapor-se o art. 295 ao
normas que o antigo código ditava só para a rescisória (art. 504) I inciso I do art. 337, 15 e necessário refletir sobre essa questão i
I
e para a oposição de terceiro (art. 515); . para tentar esclarece-la uma vez por todas. Se há contradição
No plano sistemático, a extensão é muito importante, por- entre os dois dispositivos, deve ela ser resolvida no plano das
que dela se deduz _ como reflexo - que o legislador equiparou relações entre norma geral e norma especial.
a sentença apelável à. sentença oponível ou rescindivel. - Mas a contradição não existe, pois os dois dispositivos se
Realmente, enquanto a velha disciplina encontrava sua referem a hipóteses diversas. O art. 295 exige a suspensão do
processo, se o mesmo juiz, ou outro, deve resolver uma contro-
justificação no fato de que oposição e rescisória eram remédios
vérsia, de cuja definição depende adecisão da causa. Nesse
í
extraordinários e a sentença sujeita àqueles meios podia ser
considerada como passada em julgado, essa justificação não artigo, a lei supõe que a controvérsia prejudicial ainda não te-
mais subsiste na nova disciplma porque, sendo Qnto pacífico nha sido decidida e dispõe que, enquanto se aguarda, seja sus-
qu; a sentença apelávetnão se entende__transitada em julgado .r_-._. _- í_
penso -o processo atinente à controvérsia logicamente dependen-
(art. 324)_, deve _s_up_o_r;§e g,u¿e_e}l§_tenl1a_Íailór,determinante, ic, para que a sentença se atenha ao julgado que se formar sobre
ainda indepegndentgipgntg,5iesse_trâ,nsitg. “Em outras palavras, o prejudicial. a
/.

1'-' S. S.à'rr.«, Commentario, cit., p. 9-1.


11 V. Ammrou, Commento, cit., p. 419; C. Vocmo, Considerazíoni 13 M. Vr1.1..\m, Appunti sulla natura della cosa gíudicata, Milão,
sul gíudícato, in Rio. trim. dir. proc. civ., 1982, p. 1.485,e segs., especial- 1958, p. 53; G. Pueusse, Giudicato civlle, in Enciclopedia del dirítto,
i
I
mente 1.52'¡'; A. Pnoro Prsmr, Opposizione di tereo ordinaria, Nápoles, vol. XVIII, Milão, 1968, p. 727 c segs., especialmente p. 807; A. Arrnnor, É
-._. ;.
1965, p. 62; G. Fenanmr, Contributo alla dottrina delrintervento adesivo, ll gíudicato e un recente progetto di riƒorma, em Riu. dir. civ., 1979,
a
1
Milão, 1963, p. 89. _ , _ p. 257 e segs., especialmente p. 265.

. m=v-
J
i

302 ENR1oo'TuLuo rI..n-:num Erxotcn a Aoronzmns m smmsçi 303

O art. 337, I, prevê situação diferente, pois supõe que a. conformidade com a mesma, ou suspender o processo (art. 337,
controvérsia prejudicial já tenha sido decidida, mas por sentença I). Não se lhe permite, porém, uma terceira alternativa, ou
sujeita a recurso. “ A situação é bem diferente da anterior, por- seja, a de julgar a açao sem levar em conta a sentença proferida
que o fato de existir uma sentença que decidiu a. causa prejudi- no ou-tro processo; _
i.
I cial exige que ela seja levada em conta. Mas, como a sentença c) se a controvérsia prejudiciaid foi decidida mediante sen-
ii -foi .impugnada e por isso mesmo não transitou em julgado, não tença transitada em julgado, a declaração nela contida é plena-
vinculando -de forma inderrogável, criou-se uma situação de in- mente vinculante e o juiz deve juzgar em conformidade com a
certeza: a lci apresenta, portanto, uma soluçao que se ajusta , mesma, pois o julgado influi de rorma determinante na decisão
exatamente a essa incerteza. - W j do da controvérsia logicamente dependente (art. 2.909 do cód. civ.).
Daí por que as hipóteses cabíveis são três: a) a controvér- 4 \:$/lvlas e verdade que existe mais uma eventualidade inteiramente

sia prejudicial está. sub judice, não tendo sido ainda julgada; excepcionai: a de que a sentença prejudicial, embora transitada
b) a controvérsia foi julgada, mas a sentença foi objeto de re- em jtngauo, seja impugnada medzante um dos chamados recur-
curso; c) a controvérsia foi decidida -e a sentença transitou em Í sos extzaordmarlos (rescisória fundada nos n.°* 1, 2, 3, 6, do art.
julgadof 395 e no art. 3z›7 do cod. proc. civ. e oposiçao de terceiro), justa-
Para essas três hipóteses, a lei previu soluções diversas, em mente oponiveis também contra as sentenças passadas em jul-
progressao gradual, 'perfeitamente razoável: gado (como se deduz dos arls. 324 e 327 do cód. proc. civ.).
a) a controvérsia prejudicial ainda nao foi julgada: é pre- Essa hipótese mostra de perto até que ponto o vinculo do
š julgado e so rezauvarnenre absoluto, pois tamoem para ele existe
il
ciso esperar que ela o seja, ficando suspenso, nesse ínterim, o i
a possibilidade de ser impugnado e invertido, embora se trate,
processo (arts. 295-297);
li sem dúvida alguma, de possibilidade de todo extraordinária. De
b) a controvérsia prejudicial foi julgada, mas a sentença qualquer forma, parece certo que também nesse caso. 15 há de
está sujeita a reexame e julgamento pelo juiz do recurso: o juiz apricar-se o art. 337, I, oferecendo ao juiz a alternativa entre
do segundo processo não pode desconhecer a declaração nela ater-se ao julgamento ou suspender o processo, à espera da de-
contida, nem descurar de sua eficácia; mas, como a sentença é cisao do recurso. Mas a diferenca entre esse caso e o sub b)_ é
impugnável e foi impugnada, não fica eie vinculado de forma muito grande, tanto quanto o__é a diferença entre appssibili-
incontrastável e por isso a lei Lhe oferece uma alternativa, dei- dadewde que seja reformada umappsentençipassada em julgado
1._ _. .FL. ; _
xando-Lhe a escolha discricionária entre ater-se à sentença ou e._ dutra_q__ue_ain_da_estej a _suje_it,a_aos_re_cmsos_ordi11ári0§.;_t.á;_1.t_o_
suspender o processo, à espera do resultado do recurso. Isto é, quanto o té a diferença entre a força de persuasão de uma ou
permite-se uma delibação incidenter sobre a declaração contida outra das sentenças possiveis. i 2"
na sentença (e' as partes poderão naturalmente fazer valer as Nos exemplos acima examinados, presumi que nos dois
razões que hic inde levam a considerar como justa ou injusta a processos as partes sejam as mesmas, ou que, existindo terceiros,
decisão), com a faculdade - segundo o resultado desse exame se trate de herdeiros ou sucessores das partes, ou seja, de ter-
e a maior ou menor credibilidade que atribuir à. sentença r ceiros que também se sujeitam à autoridade da coisa julgada
- de tomar posição dentro da alternativa oferecida: decidir em (cfr. art. 2.909 cit.). Se não o forem, as questões complicam-se
. , _, 4 l_,Ê

H No mesmo sentido já. escrevia Armrdou, op. clt.. p. 420. 1° Cfr. Cass. 17 maio 1962, n. 1.123, ln Mass. giust. civ., 1962, 570.
íl

I
804 Eunice Touro Lislmulu Ericlcul R 'Aoroamms ml scnrruçi 305

pelo problema concernente a posição dos terceiros perante a sen- da sentença, deve ele descurar e nao levar em qualquer conta
tença alheia. Voltarei a ele mais adiante. a relevância dada ao poder do juiz de suspender o processo e
O que por enquanto é importante frisar é que o art. 337, I, de subtrair-se, com isso, ao vínculo decorrente da sentença.
coloca em plena luz a eficácia que a lei reconhece à. declaração ¡Í- A alternativa que a lei prevê, deixando ao juiz a escolha dis-
i cricionarla entre a aceitaçao do vinculo decorrente da declara-
contida na sentença, antes e independentemente do seu transito
em julgado, e demonstra a erronia do seguinte raciocinio (pró- 'I çao contida na sentença e a suspensao do processo, à espera da
prio de diversos autores): determinando o art. 209 do cód. civ. decisao do recurso, e o limite que a lei põe a eficacia da sentença
que “faz estado para todos os efeitos” a declaração coiliiúa na -nao transitada em julgado. nos meus escritos anteriores, por
sentença passada em julgado, ergo a sentença não é provida de Í outro lado, a interpretação do art. 377, 1, e idêntica _ emoora
eficácia alguma se não transitou em julgado. É evidente o erro menos articulada - a do presente escrito. " Se a lei consente
lógico insitc nesse raciocínio, pois a disposição do art. 2.909 não ao juiz, segundo a hipotese prevista na norma citada, a suspen-
exclui, absolutamente, que qualquer outra eficacia possa caber sao do processo, quer dizer que não considera rigorosamente
_:I L._ .

a. sentença.,independentemente do fato de ter passado em jul- vinculante a sentença proferida no outro processo, permitindo-
gado. E assim realmente ocorre, se e verdade o que sustentei -lhe preierir a espera da decisão do recurso.
acima, pois à sentença, como tal, cabe a sua própria, específica i› Meu contraditor parece não perceber e não avaliar, em seu
eficacia, qual pode ser, e é, a eficácia de um ato ainda impug- pleno significado, o poder atribuido ao juiz no sentido de sus-
nável e, se impugnado, a. claramente exposta no art. 337, I. pender o processo, nao sofrendo, nesse caso, o vinculo decorrente
O art. 2.909, longe de exclui-la, muito pelo contrario a re- da sentença proferida no processo prejudicial; e isso corta, cerce,
.H força, acrescentando a essa. eficácia algo novo e precisamente o quaiquer iorça a sua argumentação.
i atributo da imutabilidade (ou seja, pelo que se refere à decla- A'1'rAru>i deveria ter sido alertado por uma consideração, que
ração, a incontestabilidade), e excluindo (nos limites conhecidos) lhe permitiria não adentrar o caminho errado: a ser vel-dade o
toda possibilidade de remontar à. situação já julgada, para nela que ele afirma com relação à minha concepção sobre a eficácia
procurar indícios ou motivos que recoloquem em discussão o da sentença, nenhuma diferença subsistiria entre esta e a auto-
E. juizo contido na sentença. ridade da coisa julgada, desaparecendo, assim, a distinção que
ll
Zi A interpretação dada nas páginas anteriores ao art. 377, I ké o ponto de partida de toda minha argurnentaçao.

4.
(e não saberia que outra se poderia dar), demonstra quão pouco 5. Mas Armani, prosseguindo por seu caminho, deteve-se
fundadas são, apesar de sua forma peremptória, as objeções que a considerar o projeto de reforma do processo de conhecimento,
me move Armani. 1° Atribui-me ele a opinião de que “a declara- recentemente preparado por uma comissão ministerial. E se
ção da sentença desempenha entre as partes força vinculante convenceu de que “a disciplina em matéria de julgado, contida
plena desde a sua prolação”, “na concepção atual de LIEBMAN no projeto de reforma, pretende refletir patentemente a concep-
a autoridade da coisa julgada manifesta-se imediatamente, e ^:'.^
yu--¡ _¡- .'='«"1'. .fe .¬.'!1
--~l-uillliluuu, Â.-, 7-1- .=:.:~-U Ífil
ut, Â.¡.'l..l:.f:¿`un1\ . "'
não por meio do trânsito em ju1gado'.', o que, naturalmente, es-
taria em -contraste com o preceito do art. 2.909 do cód. civ. Mas, z› H Sulla sospensione propria ed impropria del processo civile, in
para reconstruir nesses termos meu modo de entender a eficácia Riv. Dir. proc.. less e ln Proizzzmi acl processo civiic, Nápoles, 1952,
11-' 291 6 Segs.: Mazluúlz eli., vol. 111, p. 147.
W Op. cit., p. 260 e seg. 1” 0:0 ' Cí! '- p - -°68.

...
_.~ l
305 Emuco 'I'u1.r._ro Llflflmm . Errciicm E Auroarnsne os SENTENÇA 307

Na. qualidade de membro, presidente e relator da referida vando que a expressão “fazer estado para todos os efeitos” é
comissão, creio poder tranqüilizá.-lo, desde ja, sobre o fato de que ‹ uma das mais infelizes da legislação vigente, destituida como é
o projeto não quis absolutamente refletir uma -concepção por de significado preciso, quer na linguagem técnica, quer na lin-
1
l ele considerada tão infundada. Certamente não seria impossi-
|
1 guagem comum. ”° Tinha sustentado também que não só a de-
vel ratificar textualmente aquela concepção, se essa fosse a in- claração mas todo o conteúdo da sentença se torna vinculante.
,. tenção da comissão. Mas, a verdade é que eu não desejava apro- Era, portanto, natural e, porque não, justificado que, ao propor
j
veitar-me da circunstância de estar participando da redação de a introdução no projeto do novo código de processo civil de uma
um projeto de reforma, para impor .concepção que era, e ainda norma que previsse a autoridade da coisa julgada, se propusesse,
hoje é, controvertida e objeto de polêmicas. - I1 perante a comissão, o uso de uma fórmula verbal diversa da
` As disposições do projeto que, segundo Armani, demonstra- contida -no art. 2.909, indicando, a meu ver, de forma mais com-
4

I riam a intenção que a comissão, ao contrário, não teve, são os pleta, mais clara e tecnicamente mais precisa, o modo de operar
JÍ arts. 242 e 258, I. Mas o art. 242 só reproduz o atual art. 377, I de uma sentença depois de seutrânsito em julgado; e não me
e deixa, portanto, a situação inalterada, tal qual se encontra no i surpreende que a comissão tenha aprovado a proposta. Enfim, I
direito positivo vigente. Se 'o projeto viesse um dia a entrar em como única novidade substancial em comparação com o art.
vigor, colocaria os intérpretes na mesma situação (caeteris pa- 2.909, o art. 258, I, dispõe expressamente que a coisa julgada
lí ribus) em que estão hoje, com relação ao art. 337, I. alcança os .terceiros somente nos casos previstos pela lei; teve-se


Quanto ao art. 258, I, prescreve ele, em. outras palavras, o
que hoje vem disposto no art. 2.909 do cód. civ. Também com
1 a intenção. com essas palavras, de eliminar tantos casos de in-
certeza e, ao mesmo tempo, de cortar pela raiz certas interpre-
relação a esse ponto, quero manifestar-me com a maior fran-
queza. .
l tações que, forçando o sentido literal do vigente art. 2.909, pre-
tendem submeter iambém os terceiros à autoridade da coisa
Que a disciplina da autoridade da coisa julgada deva ser julgada, menosprezando não somente o que a lei claramente
objeto do código de processo civil, juntamentecom a de sua dispõe, mas também a conhecida jurisprudência da Corte Cons-
formação (atual art. 324 do cód. proc. civ.) e a ela ficar unida em tltucional.
racional concórdia, é uma afirmação minha que remonta a quase Depois dessa premissa acerca da conduta da comissão que
trinta anos atrás, e que recebeu desde então o mais amplo con- preparou o projeto, creio poder concluir que seu texto não quis
senso. ” Assim, pareceu-me oportuno aproveitar a oportunidade forçar, de forma alguma, a interpretação numa determinada
da preparação de um projeto de reforma para reparar um erro direção.
de método do legislador do passado, que desrnembrou irracional-
Pode ser z(e os leitores me perdoem se não manifesto meu
mente em dois pedaços, localizados em códigos diversos, a regula-
pensamento sobre o assunto)~que eu Suponha que, na hipótese
_-.,_._A-_._:;í_:-_*T__;_; : mentação do ato com que se encerra o processo de conhecimento.
Na mesma owsião, tinha censurado o texto do art. 2.909, obser- de o projeto entrar em vigor, a exegese que os intérpretes
i darão ao dispositivo seja conforme à que sustentei para o direito
l vigente. Mas, seisso acontecer, não será por causa de algum
|z 1° Norma processual! nel codice ciuíle, in Riu. dir. proc., 1948, e ln
Problemi, cit., p. 155 e seg. ' artigo que eu tenha habilmente introduzido no projeto, mas sim
porque os referidos intérpretes a considerariam aceitável, assim
O projeto foi publicado na Rlv. du-_ proc., 1977, p. 461 e em separate _._i.._í.._
intitulada Proposta per una rijorma del processo civíle di cognizione,
Padua, Cedam, 1978. 2" Op, ult.1:lt., p. 167.

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308 Ennrco Tunuo Lrssiuim Errcácu. E Aumamsns na Srzurimçn 309

como a tantos estudiosos e comentadores autorizados de hoje .*i dente todas as exceções não opostas pelo devedor e, além dessas,
parece boa e fundada aquela que propus para o direito vigente. as que a este caberiam após a condenação" (art. 2.859); analo-
gamente, o terceiro hipotecado (art. 2.870). Não obstante ava-
6. Vamos_ag9_1;a_§__siti¿_a_ç§Lo dos terceiros perante uma riedade desses casos, trata-se sempre de terceiros contra quem
sentença proferida em processo de que não foram parte. Os ter- é oponível a sentença sobre relação prejudicial, mas que podem
ceiros, titulares de uma relaçao dependente daquela sobre a qual i opor-se à sua eficácia por instrumentos de ataque bem pareci-
a sentença foi proferida, estão suieitqs, segundo_qli.ani>_0_s1isi;entei, dos, embora nem sempre idênticos, dirigidos todos a demonstrar
a eficaçia_da sentença, mas não à cqi_sa:julgada_:_ eles podem, a injustiça da sentença e a obter sua desaplicação no que lhes
portanto, obter sua desaplicação, demonstrando que a sentença diz respeito. Entrevê-se, assim, a humilde plantinha da eficacia
é injusta. 2* ' da sentença abrindo seu caminho dentre os duros e frios artigos
53 4.-tif.
Dessa vez a atenção de Ar-ram): deteve-se sobre algumas do código civil.
disposições do código civil, por mim citadas para demonstrar Concedo sem discutir que o legislador não teve presentes os
que o legislador não ignora essa posição dos terceiros: os arts. rs. termos de minha concepção (era a época do estado de letargia :¬.J-if-gflmw-gzV-_.-». _:. ;:
1.485, 1.952, 2.859 e 2.870. Não será dificil para o meu contra- já mencionado), nem qualquer outra idéia geral que definisse
1
ditor relevar as diferenças que existem no texto dessas normas a posição do terceiro perante a sentença alheia dotada de efica- ‹

e observar que, conseqüentemente, a amplitude da defesa dos cia prejudicial sobre sua relação juridica. As normas citadas
terceiros não é idêntica nos diversos casos considerados pela lei. 1.._-H_ .-_ _v
foram evidentemente ditadas casuisticamente por razões de
O vendedor pode provar “que existiam razões suficientes para eqüidade, sem serem ligadas entre si por uma unidade de ins-
que o pedido fosse julgado improcedente” (art. 1.485); o devedor piração. Mas elas demonstram que o problema existe e que o
principal, acionado pelo fiador que pagou ao credor, sem avisá.-lo legislador nem sempre lhe foi insensive`; e seu caráter parti-
previamente, “pode opor-lhe as exceções que poderia ter oposto cular e fragmentario faz ressaltar, mais do que qualquer outra
ao credor (1.952, I) (esse artigo não menciona urna sentença, mas coisa, a oportunidade de encontrar um princípio que recolha e I

parece lógico pensar que a solução há. de ser igual, se o fiador unifique os casos espalhados no direito vigente e todos os outros
pagou porque condenado); o terceiro adquirente do bem hipo- que, por enquanto, carecem de disciplina positiva. Poderá ser o
- .-ef- .z~›.~;â
tecado, que transcreveu seu título, pode “opor ao credor prece- principio por mim sugerido ou poderá ser outro: eis uma questão
que pertence ao futuro; parece-me, de qualquer forma, que existe
4:~.Ten~m-:s
2' Neste sentido, no ensaio Eficácia, cit., p. 132, 142, e no Manuale, algum motivo para provocar o problema ou para fazê-lo assomar
vol. III, cit., p. 129 e segs., 154 e segs. perante a consciência da communis opinio dos juristas.
A esse desdobramento da distinção entre eficácia da sentença e coisa L
l
julgada, que é a que encontra maiores resistências, aderiram recente-
i Como o discurso versa sobre os terceiros, é chegado o mo-
mente G. Moiirsraons, I limita' soggettivi del giudicato civile, Pádua, I mento de levantar o quesito sobre o comportamento a ser ob-
1978; A. Psuscninr Gsmovaii, Eficácia e autoridade da sentença penal, servado pelo juiz, quando seja invocada uma sentença, proferida
São Paulo, 1978 e Eƒƒicacia e autorità della sentenza penale, ln Studi em outro processo, e que possa influir sobre a controvérsia sub-
in onore di E. T. Líebman, Milão, 1979, vol. III, p. 1.635 (0 t-ema é tra- metida ao seu julgamento, no caso em que a parte que a sen-
tado no primeiro escrito com referência ao direito brasileiro e, no se- «.. -_-‹.«.»
tença prejudique seja um terceiro e quando a sentença tenha
gundo, no direito italiano); E. F. Ricci, Formazione del passivo falli-
. ._. _-ane. -is
menlarc e decisione sul credito, Milão, 1979, p. B5. sido objeto de recurso. Parece lógico pensar que, ainda nesse
3
Para o direito francês, v., adiante, n. 9 e notas 34 e segs. caso, cabe aplicar o art. 377, I, mas que agora o juiz também D

i
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310 Emuco TULLIO I..-x.i:aM..u‹ Errclicm E Auronrnime na Sem-raça 311

tenha a faculdade de adotar uma terceira solução: não só pode na motivação da sentença, que não se reflita de modo direto e
conformar-se à sentença prejudicial ou suspender o processo determinante no dispositivo, é inócuo e irrelevante e pode ser
| (como a norma citada expressamente dispõe), mas também, se reparado mediante a correção da motivação. Mas chegou o mo-
estiver convencido de que a sentença invocada é injusta, poderá mento de frisar que a injustiça da sentença pode ser produto
decidir a causa sem levar em qualquer consideração a referida quer de um erro de direito, quer de um erro de fato. Tanto num Ilm-vz.- _ ._ ._
i
› sentença. como noutro caso, torna-se inaplicável ao terceiro a sentença
1 proferida sobre a relação prejudicial. Para os efeitos que aqui
7- Ç.hÇaam°S.-assim._àq.u§.1a-.‹ifl¢.¬nnm¬ef=tt9¬§§n1idQ....àr- interessam, é injusta unicamente-a sentença que declara exis- ‹
\

i
q¿~ll“-iS_L.ã0,..pIlncípal.;: o,que-.é,..e¢comozsezeompo1ia,-a_eí-ieá.eia-da tente um direito que não existe, ou vice-versa, e salientar o erro -I
dec1aração.da.semença_quando..se.apr.ese.nta.em.sua.iorma..fÂna- cometido pelo juiz é somente o meio para reconhecer o disposi-
I

tural”, ou sejg, não acobertada pela__autoi1clade'da coisa julgada, tivo errado.


quenporqne -;c.as.o_‹.1 _ ema ainda fl§9=a¢¬f9YIfi0U.£.Qfif Pflfflklfi Nao me parece possivel, ao contrario, acompanhar Arrmwr, fem:

-- _ca_sp_b -- a_efic_gcia, se manifesta fora dos limite§_em_que a quando afirma que também o error in procedendo há. de ter a
misadulsadaaorera- ' mesma conseqüência. 2* Uma sentença, inatacável pelo que con-
A hipótese a é regida pelo art. 37, I, e dele discorri am- cerne à observância das normas processuais que disciplinam sua _:-La_.

plamente (acima; n. 4); a hipótese b refere-se aos terceiros que, formação, pode ser injusta em seu conteúdo dispositivo; e vice-
não estando sujeitos à autoridade da coisa julgada, podem ser -versa, pode ser substancialmente justa a sentença viciada como
atingidos somente pela eficácia da sentença' em sua forma ato processual. Mas, os motivos de nulidade da sentença só po
natural. _
dem ser arguidos por intermédio dos recursos, no mesmo pro-
Como já disse várias vezes, creio que a declaraçao é vincu- cesso e a pedido das partes (cfr. art. 161, cód. proc. civ.), tor-
lante em ambas as hipóteses; mas creio também que essa efi- nando-se_ inoperantes depois do trânsito em julgado da sentença.
cácia é condicionada pela legalidade -da sentença que, nesse con- Para o terceiro, que pode ser prejudicado pelo conteúdo decisó-
z

texto, equivale à justiça de seu conteudo decisório. Sem me deter rio da sentença, só os vicios dela podem ser relevantes. É a 1
na hipótese a, já suficientemente considerada, é chegado o mo-
mesma razão pela qual não cabe a oposição de terceiro que se
mento de examinar com mais atenção a hipótese b.
funde na nulidade da sentença. 2*
Sobre esse assunto Arrzmm desenvolve numerosas argumen- Mas, chegando finalmente à questão principal, se bem en-
taçoes, parecendo-me algumas fundadas e aceitáveis e em har- tendi as sutis distinções e argumentações de Arfmnnr, parece-me I
-f
monia com os resultados que acabo de resumir.
‹-_A'‹»¬.›afA-_.¬:m . que, ao fim e ao cabo, considere ele incompatível a eficácia da
Assim, por exemplo, quando afirma que nem sempre o error declaração com um poder de controle de sua justiça; em outras
in indicando acarreta injustiça da decisão, 2* a qual pode estar palavras, ou a eficácia :da declaração é incontestável (identifi-
baseada em outros motivos, como, aliás, entendeu a juris- cando-se então com a autoridade da coisa julgada), ou não é
._-_m_1.s ›;z,. .
prudência da Cassação, ao declarar que o erro de direito, para nada. Escreve ele, de fato, que “a eficácia declaratória da sen-
ser admissível como fundamento' do recurso, há. de ser causal;
ou seja, deve ter provocado uma determinação errônea. O erro 2" Op. cit., p. 278.
ii
2* Cfr. G. Cmovrnm, Principi di diritto processuale civiie, 3.° ed.,
`-"~” Op. cit., p. 277. Nápoles, 1923, p. 1.011. 'I

i
I-
|
Errciicm E Aumamàns ne. Srzm-¡›:Nç¿ 313
312 Emuco Touro Lmamm Í s

Por outro lado, o próprio Armani se contradiz ao não ex-

I
i tença comporta necessariamente, para aqueles em relação aos
4
quais opera, um vínculo ao conteúdo da declaração, excluindo, cluir da sentença (se bem entendi seu penszuriento) “um valor
por si só, a possibilidade de controlar se o direito declarado como de prova - controvertivel -~ das resultâncias probatórias e em
existente realmente existe”. 2” geral dos acontecimentos ocorridos no processo". 2°
Salvo engano meu, essa afirmação e outras análogas, repe- Reservando-me o direito de voltar sobre essa “concessão” de
| .

tidas de diversas formas sem que seu conteúdo varie, exalam meu contraditor, é suficiente, por ora, observar que as resultan-
um leve odor de enxofre. Quero dizer que se resolvem em out-ras cias probatórias colocam as premissas de fato que, junto com as
tantas petições de princípio: uma eficácia declaratória que seja premissas de direito, constituem o fundamento da decisão. Sen- r .

contestável não existe porque... não pode existir. O autor dá do, então, controláveis e controvertíveis as premissas de fato em
como demonstrado o que devia demonstrar. Para comprovar oe que a sentença se baseia, é a própria declaração que se torna
i contrário, basta lembrar os arts. 337, I, cód. proc. civ., e 1.485, discutivel e controlável. De outro lado, se são controvertíveis
Ê 1.952, I; 2.859, 2.870 do cód. civ., já longamente examinados, que as resultancias probatórias, não se entende porque não o seriam

pressupõem, todos; uma sentença feita valer por sua eficacia também as avaliações jurídicas desenvolvidas em torno desses -.'::;¬-ra _:-m_:¿-3

prejudicial de declaração, sem que seja incontestável (não “faz fatos. Assim, todo o edifício, longa e pacientemente construido,
estado", segundo a feia expressão do art. 2.909), porquanto dá parece vacilar sob a admissão do próprio autor; e espero que,
ao juiz, perante o qual é invocada, a possibilidade de não levá-la afinal, a eficácia natural da sentença passe sã. e salva através
em consideração, se ele achar que a sentença nã0 ê C0nVi110€11$€ do fogo concentrado da artilharia attardiana. J

ou que está errada. Mas afinal, quase que resumindo todas as suas argumenta-
1 Mas, é oportuno considerar -nais um pouco essa objeção, ções, observa ele que se 0 juiz, perante quem a sentença é invo-
não nova, mas freqüentemente repetida, e cuja resposta, natu- cada, tem o poder de controlar sua justiça, “decidirá a causa
ralmente, náo pode diferir daquela já por outras vezes enuncia- com base na convicção que formar a respeito da existência que
i
cla: não e verdade que a declaração, para valer Como tal. deve o direito declarou e não pela força declaratória da própria sen-
i tença”. 21
ser incontestável para todos os efeitos e para sempre: também
pode ser vinculante, se o ato de que promana (nesse caso a sen- Nesse ponto, e com essas palavras, Arrnnnr tem a ventura
de encontrar-se com Vocnvo, o qual _- embora renovando sua
tença) estiver sujeito à possibilidade de ser revogado ou anula-
do; quer dizer que vale e vincula enquanto o ato permanecer adesão, já várias vezes manifestada, à distinção entre eficácia
válido e eficaz, embora perdendo sua obrigatoriedade se o ato da sentença e autoridade da coisa julgada - não considera _ ›
1
for, em certos casos e em determinadas condições, infirmado ou aceitável a eficácia da sentença para o terceiro e o conhecimento ti
anulado. 2° W incidental relativo à sua justiça por parte do juiz perante o qual
é ela invocada. Escreve Vocmo: "a ,desaplicação da decisão
_ _-4.A-m______
e
'-'~'~ Op. cit., p. 280. No mesmo sentido, substancialmente, D. Toma- alheia já aconteceu pela autorização da rejeição por parte do ter-
sm, am seu Essai, cit., p. 105.
w 251-H Nqmesmo sentido e com_ algum desenvolvimento ulterior, 2° Op. cit., ps. 280, 288.
Manuale, cit., vol. III, p. 150, e o artigo Efeitos da sentença e coisa '-'T op. cit., ps. 230, 285.
julgada, neste volume, p. 279 e segs., em particular ps. 281/283. Lem-
`i bém a sentença passada em julgado esta sujeita aos recursos extraor-
bre-se, antes de mais nada, que se a possibilidade de um controle dinários. r
tornasse impossivel a declaração, esta jamais se aicançaria, porque tam-

1.
7

314 Emuoo Touro Lnzsmm Errcílcm E Avmnrmms mi S1-:1~‹"rsNç.à 315

ceiro. A decisão do juiz será somente o resultado de um novo processual de vantagem, em que a defesa se mede pela contes-
conhecimento da relação já. anteriormente declarada.”“ tação do terceiro, caso por caso, em um quadro cujos termos já
Parece evidente que, na intençao dos -dois valorosos escritores, foram inúmeras vezes definidos: os da eficácia de uma declara-
as mencionadas argumentações constituem objeções contra meu ção condicionada pela justiça da sentença.
pensamento. Posso dizer que não as vejo assim? Com efeito, sim-
plificam eles, e bastante, as coisas que, na realidade, não são 8. Gostaria agora de testar a. solução indicada aplicando-a
como as imaginam. Não é suficiente que o terceiro venh_a:e_ con- a um caso entre os mais dificeis e tormentosos -- o das obriga- ___:-._í¬.-:_af-._,

teste a sentença como injusta,_para quezsua_efic_á_cia seja ataca- ções solidárias -- pedindo ajuda a quem por último o estudou . _.-_.

dai¿çqr¿testa¿çãp;deve,_ser_‹wgasenvqlvida e a injustiça da senten- mais atentamente: F. D. BUsNE1..L1.f*°


ça, der¿1_o_1_i_.§trada; e nesse terreno, os casos são muitos e diversos Entre as várias opiniões que se contendiam o campo na
e nao é possivel resumi-los em uma só hipótese, comum para doutrina e na jurisprudência, o legislador de 1940 escolheu, como
todos. Para começar, quem invocou a sentença não tem necessi- é sabido, a menos acreditada e a menos defensável; 3' mas os
dade de fazer nada, porque sua situação se bafseia na sentença problemas só foram parcialmente resolvidos, deixando ampla
ll margem a incertezas. Lamentavelme-nte, também a solução
pelo que concerne à relação prejudicial. E ao terceiro, ao con-
trário, que cabe o ônus de desfazer aquela declaração. Poderá proposta por BUSNELL1, muito articulada e rica em distinções,
faze-lo repondo em discussão os motivos de fato e de direito em não pode ser acolhida, por força de seu ecletismo excessivamen-
que se fundamenta, e o juiz terá de reexaminar unicamente os tc desenvolto, pelo qual escolhe ele, entre .as várias doutrinas
pontos colocados em discussão. Ou poderá o terceiro fazer valer sobre a coisa julgada, ora esse, ora aquele aspecto, para resolver
novas exceções ou novos motivos de direito, e ao jui: bastará as várias hipóteses possíveis, sem se preocupar com a sua com-
julga-los, sem voltar sobre os temas da decisão precedente: se patibilidade. 3”
entender infundados os novos motivos, poderá remeter-se à. sen- Certamente não é esta a ocasião oportuna para aprofundar l

tença, sem novas indagações; se, ao contrário, os achar fundados, um tema tão controvertido; limitar-me-ei, portanto, a observar
deverá ainda julgar se também são relevantes e decisivos a ponto que o caput do art. 1.306 _do cód. civ. negou
--7 7:. _..~-
efeito
._.-_.
à__ sentenca
__ _+_z |
í.--íià
de produzir a reviravolta do julgamento a que o primeiro juiz
¡l° F. D. Busnenu, La cosa giudicata nelle obbligazioni s-alidaii, in
tinha chegado. Para concluir, não é possível estabelecer em abs- Riv. trim. dir. e proc. civ.. 1974. p. 393 e segs. `

trato e a priori em que medida a decisão anterior pesará e in- 1" Cfr. Busivsru, op. cit., p. 400 e citações nas notas 14, 15, 16, 17,
i

fluira na nova. Seja como for, é ao terceiro que cabe o ônus da 18, 26.
contestação, ficando o seu adversário na cômoda posição de Art. 1.306 do cod. civ.; “A sentença proferida entre 0 credor e um I
quem só tem de defender-se. Para Vocmo, essa situação é “pu- dos devedores solidários, ou entre o devedor e um dos credores solidários,
ramente empirica" 2” mas ó a resposta certa para um problema não produz efeito contra os outros devedores ou contra os outros credores.
que é justamente empírico: o problema da defesa de quem está "Os outros devedores podem opõ-la ao credor, salvo quando fun- 5
dadas em razões pessoais ao co-devedor; os outros credores podem faze- E

- seja-me consentida a expressão _ na posse de uma situação -la valer contra o devedor, ressalvadas as exceções pessoais que este I
|
pode opor a cada qual deles." I.
22* C. Vocnio, "UItimissimc" dallu dotirina delropposízione di terzo, Com efeito, parte ele da distinção entre efeitos da sentença e
in Studi in onore di E. T. Liebman, vol. III, p. 1.995, em particular. co julgada, utilizando-a para interpretar restritivamente o caput do
p. 2.034. art. 1.306, que fala em efeito da sentença (mas então, se a norma não
r
i
2° Loc., ult. cit. se aplica à. coisa julgada, aplicar-se-ú ao menos à. eficácia declaratória i

5.
fl'_.¡_H.,‹

316 Emuco 'I“ur.uo Lutaivum Erxcílcm it Auronrnzmr: na Saurençf. 317

proferidafontra irrnndgs devedores oucontlza um dos credores, A hipótese deu margem aos mais interessantes desdobra-
‹¿om__relação aosioutros devedores ou credores solidários, inspi- mentos na jurisprudência e na doutrina francesas. A esse p1'0-
rando-se à estreita aplicação do principio dos limites subjetivos pósjto, é oportuno lembrar que, nos últimos decéníos, o tema' da E

da eficácia da sen_te_nça,_ Permanece suspenso noel", sem justi- coisa julgada foi amplamente reexaminado em França, parti- j
1
i
Jr
ficativa alguma,pineiso I do art.. 1.306, que torna extensíveis cularmente pelo que respeita à situação dos terceiros; e nao ser ij
`\
aos' .terceiros osñefeitos favoráveis emnão os_desfavoraveis. Por se esse novo interesse teria sido -provocado pelo meu ensaio de |,

firn,.não se contemplou o problema das relações internas entre 1935, 0 que é certo é que se buscaram vários caminhos para
os co-devedores e os co-credores. E aqui me parece perfeitamente estender aos -terceiros .(a determinados terceiros) os efeitos da ,_¬_. . .
, _
aplicável a figura da eficácia da sentença, como distinta da sentença; mas como, ao mesmo tempo, foi realçada a limitação
autoridade da coisa julgada. Assim, o devedor que foi condenado da autoridade da coisa julgada .só às partes (art. 1.351 do cód.
a pagar aquantiajinteira poderá_agir,_cp_ntra os ,çp¿d_e_v_e.clores civ.), quis-se assegurar aos terceiros atingidos pela eficácia da
para o regresso proporcional, galendo-se da sentença que _o,con- sentença, a legitimação para a oposição de terceiro (que na Fran-
É
z
denou; masaos outros, devedoregficapermitido_nãQ,_So._o;1o.L j
1
1 .ça é admitida não só como recurso autônomo, mas também como 1

Êvaniuãis exèieç§@S-Pâs§9a1§.Himiafeiifêmeas..raêêeêzdezfaiflzezde contestação incidental à sentença alheia, quando oposta ao tercei- 1


i .¬'
direito -_-__§_e:e›¿is_tge_m _-:Lque deveriam ter levado à rejeição_do ro no curso de um processo. =“ Para atingir tais objetivos, elabora- Í
.
pedido do credor. São possíveis julgados contraditórios, ,eçesse ram-se os conceitos de uma "eƒ_ƒz'ca.cité objetiva" e de uma “oppo- ]
l

-é,u.i11,er.a.v_eninc.‹›nr.e.nie1:1.te;.-mas.. me.s›ri9:§-ãsim._mefl_0.Sfe1flve .do sabilité” da sentença com relaçäo aos terceiros, como sendo dis- i

que _o de alargarncomoçmancha de Ó1eo,_os efeitos de uma sen- tintas da coisa julgada, de que os terceiros podem defender-se i

tençaçerrôneaàe de sujeitar'-lhe_até quem, se chamado a_._juiz_o, mediante a oposição de terceiros. 35


F
1 | teria- evitado o erro e_p_o_ci_e_agpra demo_ns_tra-lo. Esse amplo movimento de idéias deu seus frutos: a Ccmr
de Cassation, por intermédio de duas sentenças proferidas a 12
- -9. Outro caso que merece ser mencionado é o do seguro de junho de 1968, 3” aplicou os resultados a que chegara a dou-
de responsabilidade civil, que também «coloca frente a frente três trina ao caso do seguro por responsabilidade civil, recebendo o . l_.__

pessoas, cujas respectivas posições hão de ser harmonizadas.” aplauso de P. Hermann. “Y O autorizado comentador observa que - .â
33 Cfr. já em Eƒƒicacía ed autorità, ed. 1962, p. 124. se deve reconhecer “une eƒƒicacité objective de la decision judi- l
|
I

da sentença! ; dela se afasta logo após, para aderir a definição de F.-iLzi:.à 3* Ver, agora, expressamente os arts. 586 e 588 do novo cód. proc. civ. z
r
da coisa julgada como efeito preclusivo: mas essa definição abrange
35 D. Toivmsm, na sua monografia Essai sur Pautorité de la chose
apenas um aspecto da coisa julgada, justamente o preclusivo, desconhe-
jugée, cit., supra nota 2 (p. 49 e segs), expõe o desenvolvimento, na dou-
cendo ao contrario a eficacia declaratória e, portanto, a ƒortíori, a deno-
trina francesa, da busca de uma distinção entre eficácia (opposabflité)
i 1'

minada eficácia reflexa da coisa julgada, que Busuerrr quer, ao con-


trário, impor aos eo-devedores e aos co-credores que não participaram da sentença e autoridade da coisa julgada, lembrando- especialmente os 1
do juízo (e da eficacia reflexa tiveram de se afastar exatamente seus trabalhos de L. Bovmi, Les eiƒetsdes jugements à regard des tiers in.
`‹

principais fautores, Cânivi-:Lumi c Antonio); acolhe o conceito espúrio Rev. tr-im. dr. civ., 1951, p. 163 e segs; de H. Roumn, Chose Jugéc et
de “parte em sentido substancial", aplicando-o aos co-devedores e co- tierce opposition, Paris, 1958, e de outros, e dando enfim a sua própria
-credores solidários, que considera partes, para sujeita-los à coisa jul- contribuição. V.. no mesmo sentido, J. Vmcrnr, Précis de procedure
1
gada, mas depois terceiros, para legitima-los à. oposição de terceiro civile, 19.9 ed., Paris, 1978, n. 642, p. 836.
(cfr. Vocnvo, op. cit., p. 2.005). se 3¿m_ Jz¿r,,.1968, ps._ 15 e 584; Dâu.oz, 1969, p. 249; no mesmo
Também a coisa julgada, como qualquer outro instituto do direito, sentido a sentença 10 outubro 1972, J.c.p., 1973, II, p. 17.542.
tem a sua lógica, que e' preciso respeitar. HT Rev. trim. dr. civ., 1969, p. 165. Conforme Toiuasm, op. cit., p. 203. j
1
1i

-mz.,..z-A.,_J.-« 'T:Êñ;í›2¿. ig. 5.


L..
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l S.
¿r,
l zízm

318 Eunice Touro Lienmu Eficácia 5 Auroalmoe os SEu~n›:Nç_‹, ‹ 3-19


I

ciaire, distinguée de Pautorité de la chose jugée dont elle' peut aspectos, declaratorio, _c_onstitutivo e executivo, antes e indepeii;
être revêtue". E nessa base que a Cour de Cassation “-consacre -den-temente de Sfiuifânãiëfl em iU1aëd9._e_,=p9rtantQ,;fl <1i§§u1.<;.ã0i
Popposabilité ci. Vassureur de -Ia condamnotion prononcée contre .e_¡¿_1ç¡-_@¿¿§§;; efi‹¿ác_ia e a autoridade da coisa julgada; a extensão
son assuré responsable“. da ...eficacia
_____._z. _ da sentem ›.§ëç além, dos __.z_,.z_z..<.=z.z.z¬.,z,
__ ___ limites -dessa A¬._..z_ autoridadeaz»e
Por sua vez, R. Penaor, partindo do meu ensaio e recolhen- conseqüentemente a.te_qs_ terceiros; e, finalmente, a legitimação
do as -fileiras do movimento de idéias que acabei de relatar, es- @s,tei'§e_iros para demonstrar a injustiça da sentença _e portao;
creve: “Si Pon prend soin de ne pas conƒondre autorité et oppo- Qppai-a afastar a oponibil-idade da própI'ia_s,enten,ça no que lhes
sabilité du jugement, on peut dire que tousle jugements ont diz respeito. a ç l

une -opposabilite' absolue, Za seule diƒƒerence entreles parties et Esses vários nos do discurso colocam-se em uma escala de
les tiers étont que les parties ne sont plus admises ri contester dificuldade crescente, encontrando, correlativamente, uma re- _=1q.44,: Y:

ce qui a été juge' á leur égard, tandis que les tiers peuvent sistência crescente. Mas depois ocorre, inesperadamente,
échapper aux eƒƒets du jugement girou leur oppose en ƒormant reencontrar, aofinal do discurso, vozes que, percorrendo cami-
une tierce opposition." 35 PERROT continua citando jurisprudên- nhos diferentes, .chegam a resultados não muito diversos: fala¬se,
cia análoga da Cour de Cassation em diversos outros casos, de fato, de uma eficácia de prova da- sentença contra os tercei-
ros, ou de uma presunção iuris tantum, ambas_,abertas a con- Í-Í
lembrando ainda leis recentes que previram a eficácia perante |
..¬.

os terceiros das sentenças em matéria de estado, nacionalidade testação. ” Ainda que convencido de que a apreciação de um pai
4..

e filiação, ressalvada a oposição de terceiros. e para com sua criatura não merece muita credibilidade, ouso
' |
crer e afirmar que o caminho por mim percorrido é melhor do
' Conquanto a terminologia seia em parte diversa, nãoposso que os que acabo de lembrar. Desde 9_longínquo 1935 observei
deixar de salientar a analogia existente entre essa atitude da
que não se_compr_eende como “umaisentença possa_pro,d_uzirpa_ra -' v
i
doutrina e da jurisprudência francesas e as teses por mim sus-
osterceiros efeitos de natureza diversa dos produzidos para as
tentadas durante tantos anos e ora realçadas e defendidas no
partes" e que,_se esses efeitos são qualificados como_p1;0_va.Ae§-
›»-.›M-. ¬,_- .-›~. -t.
presente ensaio- Laríam limitados;à declaraçjao 'dço_s_fat_os,_que_ie__a,p§,nas_un1___d,o§
1

.1
Mas, como--lhes é peculiar, os juizes e os juristas franceses ele,n"ien_tos para a_f_o_rmação do juízo,_ju_ígo_ esse -que versa sem- I
estão, geralmente, mais interessados em encontrar uma solução prevvsobreço direito deduzido pe1as_par_te§,4° 1

prática razoável e satisfatória e menos preocupados com a coe- Por outro lado, por que razão somente as provas dos fatos 1
,¡.
rente e rigorosa sistematização de conceitos. teriam valor para os terceiros, e não também as razões de di- i
I
i
reito que, aplicadas aos mesmos fatos, levaram à declaração de
10. Procurei, ne_ss_as___¿1aginas, reafirmar - contra obser- .z

vações criticasreççntes _ o valor autônomo da senízençadenui- ga Goza de certa difusão a opinião que a sentença tenha uma efl-
1meiroç_çe,,depoi_s_de segundo,_g,rau,;ai_nda que sujeitasçagecurso, càci de prova para com os terceiros, susceptível de prova contraria
nolepfogtiejde urnçqorocessoç prolongado em sucessivosçigraus (menciona-a-também Armani, v. supra, nota 26). Remonta ela a certos
autores do direito comum e foi recentemente sustentada em França por
aa;iiuâriiçâo.;.a_eficâc1a_dêzzseateesaÁiecraéufeâmz seus vários alguns autores (v., supra, notas 35 e 37). ' a,
Outras indicações no meu ensaio Eficácia e Autoridade, neste vo- -i
' as R_ Pzmzor, Enoyclopedie Dalloz de procedure civile, 2.* ed., Paris, lume, ps. 1-13/1-14. 1
1978, n. 140. V., também, R. Pennor, Les aspects nouveau: de la tierce l
,_ Wrflƒicácia e Autoridade, p. 144. No mesmo-sentido Antonio.
-oppositíon en droit judiciaire français; em Studi ln onore di A. Segni, Ldcosavçiudicaía ríspetto qi terei, Milão, 1935, p.-313, e -P. -CAL.-mamona,
Milão. 1967, vol. III, p. 673.

in'i
-w¬.-.‹. i.Í€‹.L_-.` ia,¬T". .Y
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I ¬,›‹.,
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320 -Emnco TULLIO Lissuóu

direito e depois, conforme o caso, a uma condenação ou' ça um


efeito constitutivo? `
Se as correntes de opinião que acabamos de vefiricar po-
dem valer como expressão da necessidade, bastante sentida, de i

utilizar uma sentença por sua possibilidade de servir ao juiz


~
e às partes, na medida em que dela se possam extrair elementos l NOTAS
,I

de juizo que tornem supérflua nova decisão sobre os fatos e as


relações jurídicas já anteriormente 'avaliadas e julgadas, sem, "J
_SENTENÇA E 'COISA JULGADAZ RECENTES POLÉMICAS ›
todavia, suprimir o direito de defesa de quem não participou do
' (Ada Pellegrini Grtnoverl ' _ i
processo precedente, volto então a repetir que, a meu ver, muito -z

melhor se alcança esse objetivo seguindo o caminho por mim 1 - É esse o mais recente estudo de LIEBMAN sobre a sen-
__:

51
traçado há 45 anos, e aqui novamente reafirmado e defendido, tença-ea coisa julgada. e nele se enfoca a definitiva. sistemati- ¬¡
j¡ . Í.
zi
al baseado como é ria reconstrução orgânica das relações entre a zação de seu pensamento, a demonstrar que' as idéias funda- _' ,-f
il sentença, a sua eficacia e a autoridade da coisa. julgada. Í.^=
Íz

mentais permaneceram inalteradas, resistindo a quarenta e cinco -'fi
-;.",!
anos de elaboração doutrinária e legislativa. Confrontarernos, 1 "._!

aqui, a. última elaboração do Mestre com o direito brasileiro. _'.`:g


__;
ç.i
2 _ Partindo da distinção entre eficácia da sentença e au¬ .›

toridade da coisa julgada, reafirma Lmamsn a natureza de ato |¬

jurisdicional da sentença ainda não passada em julgado, donde . _-Ê,


' =.!
deriva, como atributo necessario, a sua eficácia jurídica.
-A doutri:¬.a processual brasileira prefere considerar a sen-
tença sujelta a recurso como ato submetido a condição suspen- i. .
,l
siva, chegando alguns a afirmar que a sentença sujeita a recurso, U

H
,14. TLÉAQ,E- UT4,. _
embora válida, só tem eficacia por exceção, nos casos em que a ii
=-;._ -".”¬'7.z-v.*,-f¬"~ .-*'.
lei lhe permita surtir efeitos desde logo. E, para tanto, se ar- ,.ii -r

gumenta com o art. 512 do CPC: "O julgamento proferido pelos


tribunais substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que
tiver sido objeto -de recurso." 1 l ú

Outros, contudo, acompanham a linha de Lisaivmu, reco-


nhecendo que a suspensão não apaga nem elimina a eficácia,
` .
O
impedindo apenas que -esta opere enquanto a causa da suspen-
j .
são perdura. Confirma essa colocação o art. 463 do CPC: “Ao pu- `_¬'

blicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício ju-


j.
zz
La sentanza c:'m`Ie come mezzo di prova, nesta Rlv., 1938, I. p. 108, e in ' Bimaosri Monsrna, Comentários, cit., ns. 137 a 238.
Studi sul processo civíle, vol. V, Pádua, 1947, p. 147, especialmente p. 152. _ 2

lF_`
Ed _..l :E
.A Va .

322 Ana Per-Li-:omni Gnmovm f - Eficácia E Autonrnam-:` na SENTENÇA 323


IAIlJZ
1.1
ll
risdiclonal." Da natureza inquestionaveimente jurisdicional da do estatuto processual italiano, posteriores-a seus primeiros es- 1.
sentença, frente ao direito positivo, exsurge, como atributo ne- critosros arts. 295 e 337, Acpc. 5 Trata-seda suspensão do pro~ l
1
cessário, sua eficácia juridica. =' E a hipoteca judiciária é prova cesso por força do nexo de prejudicialidade entre questões; ob-
disto. i' - jeto deprocessos diversos (prejudicialidade externa). e - il
_ Supondo que nos dois processos a.s partes sejam as mesmas, F
3 _- Analisando detidamente a sentença condenatória e,s_eus__, -sa-_i ._-‹ 4.-í». . - Lrr-semen, à luz do sistema italiano, configura três possíveis hi-
efeitos, Lisnmlm alude justamente-j aos efeitos secundários da póteses: a) a controvérsia prejudicial encontra-se sub judice,
hipotecajudiciai eda dilatação do prazo prescricional (art. 2.953, ainda não decidida. Nesse caso, há de -se suspender o segundo
cc italiano). * E passa a examinar a sua eficácia executiva, ana- processo, aguardando, a decisão prejudicial (art. 295 do cpc); `b)
lisando o art. 337, caput, cpc, por força doquai a referida eficá- a controvérsia prejudicial já foi decidida, mas a sentença foi
cia fica suspensa. pela apelação, desde que não haja execução ..,-._-_-._ . impugnada: o juiz pode conforma-r-se à sentença, ou suspender
provisória; sendo certo que os demais recursos não têm efeito o processo, aguardando o julgamento do recurso' (art. 337, I,
suspensivo, salvo se o juiz disponha diversamente, em caso de -cpc); c) a controvérsia prejudicial foidecidida por sentença
dano grave e irreparável (arts. 373, 401 e 407 do cpc, que tratam I
passada em julgado: a declara-çã-_o é plenamente vinculante e o
da suspensividadc ope iudicis). . B
juiz deve ater-se à .coisa julgada, que vai influir na decisão da
f Não se afasta da exposição do Mestre o direito larasileirc, questão logicamente dependente. `
ressalvada a diferença deeque o sistema pátrio não confere ao No Brasil, a suspensão prejudicial do processo está regulada
|
I

juiz poder discricionário quanto à suspensividade dos efeitos de nos arts. 265, IV, a) e c) . Temos sustentado que, em ambas as I

sentença, mesmo em caso de dano irreparável -»- infelizmente, I


S
hipóteses, se trata de prejudicial externa, pois do contrário não
aliás, pois é essa a principal razão da pr-oliferação de mandados haveria como suspender-se o processo. ° Seja como for, o sistema
l
`.1.“Za.`-L1~.4”," l de -segurança contra atos-jurisdicionais. Assim, entre nós a' efi-
cácia da sentença fica 'suspensa pelo recurso recebido com efeito
suspensivo, até o julgamento deste; e é imediata, através da
brasileiro só se preocupou com a questão prejudicial ainda não
decidida, determinando, nesse caso, a suspensão do processo.
Desconhece o estatuto processual brasileiro dispositivo como o

r

execução- provisória, quando- o recurso só .tem efeito devolutivo


, ___,_._.;_ I
li; (art, 587 do CPC). Tudo acorroborar que .a eficácia executiva da Y'Os dispositivos foram introduzidos, respectivamente, pelos arts.
il
ix

,L sentença _existe mesmo _antes de seu trânsito em' julgado, até 28 e 34 da Lei n. 581, de 14 de julho de 1950, e cuidam da suspensão,
xporque nao .se pode suspender o que não existe. necessária e facultativa, do processo, assim: “Art. 295: O juiz determina
Í.
fl; 1
que o processo seja suspenso no caso previsto pelo art. 3.° do código
1l
1
| z
de processo penal e sempre que ele ou outro juiz deva resolver contro-
4 -- Analisando 0 efeito declaratório da sentença -¬ quer-se
apresente ele isolado, quer se faça acompanhar do efeitoconsti- I
vérsia civil ou administrativa, de cuja definição dependa a decisão da E
causa." “Art. 337, inciso I: Quando a autoridade de uma sentençaé I
-tutivo ou executivo -- Lu-:BMAN examina duas novas disposições invocada em processo diverso, este pode ficar suspenso, sempre que for ,.
i
interposto recurso da' sentença." .
'-' Ver, retro, Notas ao § fI.° da Eficácia e autoridade. “ Ver, de noma. autoria, Direito Processual Civil cit., p. 63. No mes-
3' Ver, retro, Notas ao 5 4.°. " mo sentido, Fnnnr-:nióo Maaques, Manual cit., vol. III, n. 580. Contra:
4 Art. 2.953, cc italiano:"“0s direitos sujeitos pela lei à" prescrição Moniz nz Anàcão, Comentários ao CPC, Forense, Rio de Janeiro, 1976,
inferior a dez anos, quando sobrevenha sentença condenatória passada . .__›¬«.- vol. II. n. 481; Emei, Comentários cit., I, n. 81, nota 215, admitindo
em julgado, prescrevem em dez anos.” O direito brasileirodesconhece porém que, nessa segunda interpretação, a disposição da alinea c) colide-
disposição análoga, . com o sistema da declaratória incidental. - '
zzn.luans-CaL-.
o _ HG7 - 22

li'-. ._.¬,. _.-. - _.,í


jr

324 ADA Psusossm Ga-moveu . Errcílcui E Aumnmsm: os seus-snçs ' 325

H
ia art. 337, I, cpc italiano. E, findo 0 prazo máximo de suspensão, outro processo, na hipótese de a parte potencialmente prejudi-
H
que, no 0880. É de um ano (art. 265, § 5.° do CPC), o juiz manda-ra cada pela sentença ser um terceiro. E responde que, nesse caso,
prosseguir o processo e proferirá. o julgamento da causa condi- o juiz_tan-to pode ater-se à sentença prejudicial, como ainda :-

lj cionada, sem esperar pela solução da causa condicionante," suspender o processo; mas também pode adotar uma terceira
1
Assim, na Italia um dispositivo legal demonstra plenamente posição: simplesmente ignorar aquela sentença. e
a eficácia reconhecida à. declaração -contida na sentença, ainda ç~.- .- _. ‹-n._ . _ A falta de um dispositivo análogo entre nós, esta terceira
antes do seu trânsito em julgado; e,_ ao mesmo tempo, comprova solução é a que decorre diretamente do art. 472, CPC, porquanto
que tal eficácia não se confunde com a autoridade da coisa jul- a suspensão prejudicial do art. 265, IV (incisos a) e c)) só pode
gada, porque o juiz pode conformar-se à. decisãosubmetida a i dizer respeito a causas que corram entre as mesmas partes.”
recurso, como também pode suspender o processo, para aguardar i 1

a coisa julgada que será, então, plenamente vinculante. No 'T -- Chegamos à recente e importante sistematização do
4

í Brasil, não temos disposição semelhante. Mas. como ressalta I pensamento de Lmnmim quanto à eficacia da sentença com re-
i
j \
lação aos terceiros juridicamente prejudicados: estes podem in-
i .f Liaaivmn, mesmo antes da redação do art. 337, I, a posição por , 1 I
r
surgir-se contra a injustiça da sentença, quer se trate de erro
ele adotada era idêntica. É o que ocorre entre nós.
de direito, quer se trate de .erro de fato. Num e noutro caso, não -.W-¬

5 _ Mostra Lianmnn, a seguir, que os arts. 242 e 258 do se aplica ao terceiro a sentença prolatada sobre a relação pre- já
ji

Projeto de reforma a que alude no n. 5 correspondem, o pri- judicial. Mas - eis a observação mais relevante _ deve tratar- i

meiro, ao atual inciso Ido art. 337, cpc e, o segundo, ao art. Í -se de error in judicando. A sentença viciada como ato proces-
2.909, cc italiano, com a diferença de que não só a declaração sual, mas substancialmente justa, fica convalidada pela coisa 1

contida na sentença, mas sim todo seu conteúdo é considerado julgada. O terceiro só pode ser prejudicado pelo conteudo deci- I ._
›,"
vinculante. A esse propósito, remetemos -o leitor às considerações sório da sentença, pelo que somente os vícios deste decisório 4

já tecidas nas notas ao § 2.° da Eficácia e Autoridade da Sen- Í


teriam relevância.
O ».
_.
tença (n. 1). Quanto à novidade substancial do projeto, pre- :
Nesse ponto, parte da doutrina brasileira sustentou que,
I

vendo expressamente no art. 258, inciso III, que a coisa julgada mesmo em matéria de rescisória, só o erro in judicaiido podia
se impõe aos terceiros apenas nos casos previstos em lei, a orien- autorizar o exercicio daquela ação, quando fundada em violação
tação já. é acolhida no Brasil em via legislativa, consoante dis-
E posto no art. 472 do CPÇ: ver, retro, Notas ao § 5.°.
literal de disposição de lei (art. 485, V, CPC).” Mas a jurispru-
dência, seguindo a orientação extensiva, abriu caminho para o
6 _ Importante novidade, no pensamento Liebmaniano, entendimento oposto. '° A observação é feita, porquanto o es-
transparece da análise que o Mestre faz do art. 337, inciso I,_cpc Í
U Supra, n. 4.
italiano, acima enfocado quando a causa prejudicial e a causa
'J Bu!-:No Vrnrczu., Comentários .cit., p. 100 e segs.; para 0 direito
dependente corressem entre as mesmas partes, ou seus suces- anterior, Loves DA Cosrs, Direito Processual Civil Brasileiro, Rio de Ja-
sores (supra, n. 4), e agora analisado quando se trate de ter- neiro, 1959, vol. III, p. 453. Ver também, de nossa autoria, Direito Pro-
ceiros. Em outras palavras, pergunta o Mestre como deveipro- cessual Civil cit., p. 165 e segs. 3


ceder o juiz, perante quem seja invocada sentença proferida em l" Ver, por todos, BARBOSA Moaarnn, Comentários cit. n. 79. No dl- i

reito anterior. Ponrias na Mnizmnâ, Trdtado da ação rescisória, Rio de


1 Moniz nr: Aiuicão, op. cit., n. 488. Janeiro, 4.* cd., 1964, p. 190 e segs. ~‹

z.
326 ADA Pzttronrur Gnmovsa Errcácm E -AUTORIDADE -rm 'SEN'r:Ncz\ 327
il

iatuto -processual--vigente legitima .expressamente o «terceiro ju- 9 _ Como última aplicação concreta da teoria o Mestre ;-
'. I 1
ridicamente prejudicado à ação rescisória. 1* analisa o seguro por responsabilidade civil mostrando a evo l

luçao
"
da doutrina
'
e da 1ur1sprudencia
- ~ A .
francesas,
,
no gentidg da_
ÀMas afora a rescisória, sujeita a limites temporais e exer- tese por ele sustentada: que ré a mesma seguida no Brasil como
cível em hipóteses taxativas, o terceiro ainda pode insurgir-se
já -se viu nas Notas ao § 8.° da Eficácia e Autoridade (n Â)
contra a sentença transitada em julgado por outras formas: em
defesa ou réplica à. exceção de coisa julgada e em ação própria. 1*
l Íi
1
L Nesses casos, não há indicações seguras da doutrina brasileira 1; -1-
,_
i quanto ao tipo de erro da sentença (só in iudicando, ou também ll _, .
H: i, _,
in.¡;rocedendo) que autorizaria o seu ataque pelo tercei-ro, imu- |
ne à coisa julgada. Do mesmo modo, a doutrina não se debruçou
`,
1i sobre o problema do ônus, da impugnação e da prova, que para 5.
-1
Lu.-amam é do terceiro. Tudo depende, é claro, do grau de eficá- `_

cia que se der a sentença, ou do grau de imperatividade de que i -a


Í.-

ela se reveste, como ato estatal. 11* Eis um campo fértil em que fi
..Z
:i ciencia processual brasileira pode dar bons frutos.
Nr
8 _ Passando às aplicações práticas de sua doutrina, Liss- ;,~.-,,.¡‹‹
l _`-1
MAN estuda, no quadro das obrigações solidárias, o art. 1.306 do
Ii :'
_.
cc italiano, “ interpretando-o assim: o devedor condenado pode- i

rá acionar os co-devedores em via de regresso, utilizando a sen- 1 Í-"FÍ
~¬~
tença; mas estes poderão opor não apenas as eventuais exceções â I

pessoais, como também as razões de fato e de -direito que pode- '

2
|!`

riam ter 1evado_ à improcedência da ação do credor.


Sobre o direito brasileiro, nesse passo, já escrevemos nas
“Lr¿“'.!.¿,
Notas ao § 8.0 da Eƒicáciae .Autoridade `~(n. 2), as quais remete- _ ¬
mos o leitor. z
-.z¬

H Ver Notas ao § 5.° da Eficácia e Autoridade da Sentença, n. 6.


1'-' Ver, retro, Notas ao § 7.° da Eficácia e Autoridade, n. 4. gil

11* Ver, retro, Notas ao š 'I.°, ns. 1 e 2.


H Art. 1.306 do cc: “A sentença proferida entre o credor e um dos
Ui
ii
devedores solidários, ou entre o devedor e um dos -credores solidários.
¬f
i não produz efeito contra os demais devedores ou zcontra os demais
credores. Os outros devedores podem opô~la ao credor, salvo quando
fundada em razões pessoais do co-devedor; os outros credores podem
faze-la valer contra o devedor, ressalvadas as exceções pessoais que este D-

pode opor a cada qual deies."

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ÍNDICE DA MATÉRIA
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Prefácio do autor à segunda edição brasileira . . _ _ . . _ . . . . . . . _ . _ . ._ V
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1;:
Prefácio do autor à primeira edição brasileira . . . . _ . . . . . . . . . . . . _. -IX
i 1 --
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_ _ INTRODUÇÃO Êr
5 -1.° Apresentação do tema . . . _ . . . . . . . . . . . . . . . . . . _ . . _ . . . . _ . . . _ .. 1 ~ 'š
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Notas ao § 1.0 _ . . . . _ . . . . . . . . _ . . . _ _ . _ . . . _ . . . . _ . . . . . . . . . _ . . _. 'I a-
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PRIMEIRA PARTE `=z.
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A AUTORIDADE DA COISA JULGADA ‹ :-.-,
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-':«= Y.
3.
§ 2.0 A coisa íulgada ea a variedade de conteúdo
1-FI'
-*das sentenças r.-
| -_;`.-'

. _Coisa julgada e função declarativa _ . . . . . . . . . . . . _ . . . . . . . . _. 15 *lg

_ Análise dos efeitos das sentenças . . . _ . . . . . . . . . . . . . . . . _ . . . . ._ 16 F;..).


',E __*
. Crítica da 'limitação da coisa julgada à. declaração . . . . . _ . . ._ 18
_ Aplicações práticas _ . . . . . . _ . . _ . _ _ . . _ _ _ . _ . _ . . . . . _ _ . . . _ . . . . _ . _. 20
3,.
_ A -coisa julgada nas-sentenças dispositivas . . . . . _ _ . . . . . _ . _. 23 .É
Caráter jurisdicional das sentenças constitutivas e dispositivasz -26
› -`IfliI'J| h&~?N|F-4 Considerações finais _ . . . . . . . . . . . _ _ . _ . . . . . . . . . . . . . _ . _ . . _ . . _. 29
l
› Notas ao § 2_° . . . _ . . . . . . . . . . . . . . . _ . . . . _ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _ _. 31

§ 3.° Aaautoridade da coisa julgada como qualidade da


sentença e dos seus efeitos

8. Eficácia da sentença e «coisa julgada . _ . . . . . . _ . . _ . . . . . . . . . . . _. 37 I


f;‹

9. A coisa julgada não ‹é um efeito da sentença. Resenha da
doutrina. Teoria "processualistica“ . . . . . _ . . . . . . . . . . . . . . _ . _. 40
1

ll .z
I

4 -L - .L
330 Emuco Tu1..L1o Lu-:smm ' Ei-¬1c_âcra 1-:¿Au'roRrmini: na SENTENÇA 331

êlü. Teoria “materia-list-ica" . _ _ . . _ _ _ _ _ . . . . . _ . . _ _ _ _ . . _ . _ . _ _ _ _ . _ . . _. 42 35 -Confirmação da -t-ese precedente . . . _ . . _ . _ . _ . _ _ _ . _ _ . _ . _ . . _ _ . ._ _l12'l


11. Teoria "normativa" . . . . . . . _ _ _ . _ . . . . . . . . . . . . . . . _ . . . _ . . . _ . __ 44 Notas ao § 6.0 _ . _ _ _ _ . . . . . _ _ . _ . . . . . _ . _ _ _ . _ _ . . _ . . _ _ _ _ _ _ _ ._ .iso
12. Doutrina italiana . . _ . . . . . . . _ _ . . _ _ . _ . . . . . . . . . _ . . _ . . _ . _ _ . _ _ _ _ _. 46
13. -Hoco Rocco . . . _ _ . _ . . . . . . . . . . . . . . . . . . _ . . . . _ . . . . . . . . . . . . . . _ . _. 47 E; z_`
14. Czu1NeLur'rr . . . . . . . . . . . _ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _ _ _ . . . . . . . . . _ __ 48 -§_. _. _ . _,. _ . ._ 7.0 Fundamento e limites da -eficácia natural J.
É
li.r
15. Definição da coisa julgada . . . . . . . . _ . . . . _ _ _ _ _ _ . _ _ . . _ . . . . . . . ._ 50 ~ da sentença
il
16. Limites objetivos e subjetivos . . . . . . . . . . . . _ . _ _ _ _ . . _ . _ . . _ . . . _. 55
¬l 17. Exceção de coisa julgada e actio indicatf _ _ _. _ _ . . .. . .. . . . . . _. 57 35 Premissas _ . .. .. . ._ __ _ _ _ _ _ _ __ ... ._ . . . . ... _ _ __ _ _ _ _ _ _ . _ _ . . . _ _ _ _ 132
18. Função negativa da coisa julgada _ _ . _ . _ _ _ _. _ . . . .. . .. . . . . _ _. 58 37 Teoria da coisa julgada dos atos administrativos. Critica 134
19. Coisa julgada formal e substancial . . . . . . . . . .. _ _ . . ._ . .. _ . . . . _ 60 38 A sentença como ato do Estado. Conseqüências para a sua
20. Coisa julgada e processo de execução . . . . . . _. . _ _ . __ . .. _ . . . . _. 61 eficácia . . . . . . . _ _ . _ . _ `_ _ . . . _ . _ _ . . . _ _ . . . . _ _ . . . . _ _ . _ _ . . _ _ _ _ _ _ _ _ _ 138
._._ ._
Notas ao § 3.° _ . _ . _ _ . . . . _ _ . . . . . . . . . _ . _ . . . .. . . . . ._ . .. . . . . . ._ 64
.
39 A injustiça como causa da ineficácia da sentença . _ _ _ _ _ . . _ _ __ 141 ›

-ll) Quais os ›lercei1'os que a podem fazer valer . _ _ _ . _ _ . . _ . . _ _ . _ _ . . . 1-15
l.
§ 4.° Os efeitos secundários das sentenças
iii 1
ll Relações com a oposição do terceiro _ _ _ . . _ . . . . . . . _ . . . _ . _ _ . _ ._ 149
..-.¡
. _`_.|
21. Coisa julgada e efeitos secundários . . . _ . . _ _ . _ .___ . _ _ . _ _ . . . . _. 71 43 Conclusao _ _ _ . . _ . . _ _ . . _ _ . _ _ . _ . _ . _ _ . . . _ _ . _ _ . _ _ . _ _ . _ _ _ _ _ _ _ _ _ ._ 150
|
22. Vontade do juiz e efeitos da sentença . . . . . _ _ _ _ __ ,_ _ _ _ . _ . . _ . _ __ '73 Notas ao § 'l.° _ _ . _ _ . _ _ . . . _ . _ . . . . . , . . , _ . . . . _ . . . . . . _ _ . _ _ _ _ _ _ . _. 152 Í
23. Noção dos efeitos secundários . _ . . _ _ . _ _ . _ _ _ _ . __.. _ . . . . . . . . . .. 75 ' r
1 ii
` Notas ao § 4.0 _ _ . _ . . . . . . . . . . . _ . . _ . _ _ _ _ . _ _ _ . _ _.. _ _ . . _ . . . . . .. 77
_ §S.° Aplicações
ll
šíi \ \ |1
§ 5_° Limites subjetivos da coiso julgada .
43 Objeto do presente parágrafo _ . . . . . . . _ . . _ . . . . . _ _ . _ . . _ . . . _. -157 I \

|"Ç, -H Nulidade, revogação, resiliçâo -do negócio juridico . . _ . . _ . . . . _. 158


, 24. Extensão subjetiva da sentença _ _ . _...._ _ _ _ _ . _ . _ . . _ _ _ . _. 79
25. Partes e terceiros em face da coisa julgada _ _ _ _ _ . . _ , _ . . . __ 80 45 Ação de regresso _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ . _ _ _ . _ . . . _ _ _ _ _ _ _ . _ . _ _ . _ _ . _ . . _ _ _ l-60
li 26. Teoria dos efeitos reflexos da coisa julgada _ . _ _ _ . _ . . . . . _ _ . . _. 82 46 Ação de indenização: seguro _ _ _ _ _ _ _ . . . _ . . _ . . _ _ . _ . _ _ _ _ . _ . _ . _ _ _ _ 161 z
il
ij 27. 'Observações preliminares _ . _ . . . . _ _ _.._..______ _ _ . . . . . . . . _ _ . __ 84 -11 Qbrigaçõe-s solidárias . _ _ . _ _ . . . _ _ . _ _ . _ . _ _ . _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ . _ _ . _ . __ 162 T

i 28. SEGNI . . . . . _ _ . . . _ _ . . . . . . . . . . . . _ _ . _ . . . . . _ _ _ . _ . _ . _ . _ _ . _ _ _ _ _ . _. B7 48 Fiança _ _ _ . . . _ _ _ _ . _ _ _ _ _ _ _ . _ . _ _ _ _ _ . _ . . , . . . _ . . . . _ . . . . . . . , . _ . _ _ _ 162 i


29. Bi-:rn . _ . . . _ _ . _ . . . . _ _ _ _ . . . . _ . . . . _ _ _ . . . . . _ . . . . _ _ . _ . . . . . . _ . . . ._ 90
Notas ao s' 8.0 . _ . . . . . . _ . . _ . . . . . . _ _ . _ _ . _ _ . _ . _ . . . _ _ . _ _ . _ . . . . . .. l6l
30. Continuação: exame da teoria de Bsrrr _ . . . . . . . . . . . . . . « . - . ‹ .‹ 93
31. Csam-:1.U'rrr contra Bsrrr _ . . . . . . _ . . . . . . _ _ . . . . . _ . _ . _ _ . . . . _ . _ _. 102
32. Exame da teoria de Csnnnurrr . . _ . _ . . . . _ _ _ . _ . _ _ _ _ _ _ _ . . _ 106 OUTROS ENSAIOS SOBRE A COISA JULGADA CONSTANTES
Notas ao § 5.° . . . . . _ . _ . _ . _ _ _ . . . . . _ . . . . _ . _ _ _ _ _ _ _ . _ _ . . _ . _ _ _ _. 113 DA PRIMEIRA EDIÇÃO BRASILEIRA

l SEGUNDA PARTE

A EFICÁCIA NATURAL DA SENTENÇA COMO


i Ainda sobre a sentença e sobre a coisa julgada . . . _ . . _ _ . . . . . . . . ._
Notas _ _ _ . _ _ . _ _ . _ _ _ _ _ . . . . . . . . . _ _ . _ _ _ _ _ _ . . _ . _ . . _ . . _ _ . . . _ _ _ _ _ __
170
193
A coisa julgada nas questões de Estado . _ . . _ . _ . . _ _ _ _ . _ _ _ . . _ . _ . . __ l£!Íl
ATO DO ESTADO
Limítes.à coisa julgada nas questões de Estado . . . _ . _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ 204
Wu Notas ~. . _ _ _ . _ _ _' _ _ _ . . . _ _ _ Ç _ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _ . . _ . . . . . _ . . _ _ _ 214
W § 6.0 Extensão subjetiva dos efeitos da sentença
ei l /lções concorrentes _ _ _ _ _ _ . _ _ . . _ . . _ . _ _ . . _ . . . . . . . . . _ . . _ . . . _ _- . . . . _ _ . _ 217 1

33. Posiçao do problema . _ . _ . . . . _ _ _ _ . _ _ . . _ _ _ _ . . _ _ . _ . . _ _ _ . _ _ _ _. 121 Pluralidade de partes legítimas á ivnpugnação de um único ato _ . _ . 229
34. Eficácia geral da sentença . . _ . _ _ _ _ . . . . . . . _ . _ _ . _ . . _ . _ _ _ _ _ _ _ __ 123 Notas _ _ . . . . . . _ . _ _ . . _ _ . . _ . _ . . _ _ _ _ _ _ . _ _ _ _ . . . . . _ _ . . _ _ _ _ _ _ _ _ _ . _ , 238
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332 -Emuco 'I`U1.uo Lxsnúàu

` oU'rRos ENSAIOS SOBRE A corsa JULGADA Pos'rER1oREs Il


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À PRIMEIRA- ,EDIÇÃQ BRASILEIRA É

Prèƒácio dreírnpressão italiana de 1962 . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. .. 246


Notas .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . < . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _ . .. .. .. 254
A eficácia da sentença penal no' processo civil . . . . . . . _ . . . _ _ . .. .. .. 256
11 'Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _ . . . . .. .. _. 27;
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Eleitos da sentença e coisa julgada ............._...... .. .. _. 2-'l9_


x; Notas . . . . _ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . '291 ._. . _. . . . .J
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Sentença e coisa irrigado: r-ecentes fiolérníeas . . , . . . . . _ . . . . _ . . . . 292


Notas . . . . _ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _ . . . . . . . . . ._ 321
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