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Das várias entrevistas orais e escritas que concedi à comunicação social brasileira,
além das entrevistas directas às Rádios Eldorado e CBN de São Paulo, com
cobertura nacional, e de uma anterior à Rádio Oásis de Sobral de Monte Agraço,
em Portugal, também pertinente ao tema Brasilidade onde a radialista eera
brasileira, destaco e transcrevo a seguir os textos integrais de duas reportagens
cedidas a dois jornais importantes do Brasil, acreditando que o seu conteúdo acaso
possa transmitir ao leitor o senso de Espírito Único subjacente a duas modalidades
distintas na aparência mas interligadas na essência de Portugalidade e Brasilidade.
JORNAL DE TOCANTINS
Aurélio Prado Peixoto entrevista V.M.A. em 20.1.2005
R. – As mais variadas e creio que as mais agradáveis, mesmo que acaso sejam de
espanto geral pelas conclusões a que cheguei, baseado não em ficções delirantes
mas em dados sólidos, verificados e comprovados no terreno e em gabinete, numa
pesquisa laboriosa que me consumiu vários anos na qual abrangi um campo vasto
de gente, locais e imóveis patrimoniais, desde o bibliográfico ao monumental
natural ou artificial, em que entrou a mão do homem. Da Pré-História à Proto-
História brasileiras e daí à sua Actualidade, são vários os cenários abrangidos, por
exemplo, o mito da Atlântida reachada no Brasil, as navegações transoceânicas dos
povos mediterrânicos a estas partes, o projecto marítimo da antiga Ordem dos
Templários e o mito do “Ocidente Eterno”, a geografia sagrada brasileira e as
cidades do Futuro, como, por exemplo, Brasília, etc.
R. – Como disse, abrangi um vasto campo de pesquisa. Para chegar à validade das
conclusões que apresento consultei os mais renomeados autores, desde as Crónicas
das Capuchinhos e dos Jesuítas, os Relatos das Bandeiras ou dos seus capitães,
passando Gustavo Barroso e Ludwig Schwennhagen até ao “Champollion” brasileiro
que foi Bernardo Ramos, não descurando outros e brilhantes autores da
historiografia, arqueologia, espeleologia, etnologia, etc., da Academia Brasileira
mas também da Portuguesa, como Jaime Cortesão e Joaquim Ribeiro. Todos, desde
os mais aos menos conhecidos, a maioria com obras de vulto onde avulta o saber e
demonstra o amor à sua Pátria brasílica. Além disso, para dar interpretação
plausível a muitos aspectos da História do Brasil, até agora “hiatos” inexplicáveis,
recorri à Tradição Iniciática da Teosofia “Brasileira”, isto é, a da Sociedade
Teosófica Brasileira, socorrendo-me pelos inúmeros escritos do seu fundador,
Professor Henrique José de Souza (1883-1963), baiano de alma portuguesa,
provavelmente o maior Mestre de Pensamento Espiritual que o Brasil e o Mundo
conheceram no século XX. Nisto, fiz igualmente recurso de alguns decanos da
Teosofia Brasileira coevos e discípulos do mesmo Professor, como, por exemplo,
António Castaño Ferreira, Paulo Albernaz e Roberto Lucíola. Aproveito ainda esta
oportunidade para agradecer aos inúmeros colaboradores na feitura deste meu
livro agora dado à estampa, pois sem eles tal não seria possível: Wagner Veneziani,
David Caparelli, Oriental Luiz Noronha, Arthur Henrique de Souza e a todos os mais
para não esquecer nenhum.
R. – O mais difícil foi contrariar a História corrente do Brasil ensinada nas carteiras
escolares que um certo sindicalismo marxista impôs após o usurpo nos anos 20, 30
e sobretudo 40 do século XX do senso nascente de brasilidade como afirmação
política de independência, esquerdismo esse que “trocou as voltas” aos mais
elementares factos históricos de maneira a justificar um certo caos psicossocial
como culpa original dos “bandidos portugueses” que invadiram o Brasil após o
«achamento» que realmente não houve e sim Descobrimento, logo, os males
próprios de um país novo só podiam encontrar “a culpa no Cabral”. Essa tornou-se
uma História «vermelha» forjada quase inteiramente (hoje já é questionada e até
posta de lado por excessiva viciação dos dados factuais), pois a frota do almirante
Pedro Álvares Cabral que ia a caminho da Índia, aproveitando as correntes do Golfo
da Guiné para a partir de Cabo Verde deslocar-se propositadamente para ocidente
chegando a Vera Cruz, dizia, a sua tripulação além dos marujos era exclusivamente
composta por militares da Ordem de Cristo e por religiosos franciscanos de
Coimbra, que absolutamente nada tinha de “celerados incultos”. E mesmo as
feitorias que os portugueses fundaram depois ao longo do litoral de Vera Cruz,
eram sobretudo povoadas por militares da mesma Ordem de Cristo, alguns da de
Avis, e religiosos letrados franciscanos juntos com carmelitas (os jesuítas vieram
muito depois), além de comerciantes mandatados pela coroa, que os proibia sob
severos castigos de dedicarem-se ao desregro de exploração e usurpo do autóctone
e suas riquezas. Só na segunda metade do século XVII e ao longo do século XVIII,
com a chegada de aventureiros portugueses mas sobretudo franceses e holandeses,
que foram estes quem deram “caça ao índio” quase o exterminando, é que
aconteceram as iniquidades desumanas que a História relata. Mas convém não
confundir “a árvore com a floresta”… Ora toda essa historiografia de dados viciados
propositadamente, sempre deixou um sabor amargo de inconsistência e divagação
na própria intelectualidade brasileira. Por minha parte, deixo o meu contributo a
comatar tal, e fazendo ante o que antes era “secreto e misterioso”, fiz a História
não-contada ou a Intra-História que assim só poderá legitimamente ter o título
de História Secreta do Brasil feita num ramalhete literário de flores brasílicas,
ou seja, Flos Sanctorum Brasiliae.
P. – O senhor concorda com tudo aquilo que está no seu livro ou apenas relatou
nas páginas como sendo parte da pesquisa?
R. – Quando o autor não concorda consigo e as suas conclusões, mal vai ele e mais
parece que escreve ao gosto do cifrão a quem se vende como triste “sabe-tudo”.
Se eu não acreditasse no que escrevo e transmito, há muito que me teria dedicado
a outras artes porventura mais lucrativas. Como já disse, assinalei e desenvolvi
factos que considero como principais da História Secreta do Brasil, assim mesmo
nunca tendo aparecido quem a sistematizasse com fiz. Nisto é completa e inédita,
e mesmo Gustavo Barroso nos seis volumes da sua “História Secreta do Brasil” foi
tão quanto eu, talvez por estar possuído daquilo que despossuo: certa tendência
político-religiosa inserta num vasto movimento «anti-portugalidade» em prol do
fincar da nascente brasilidade ou identidade exclusivamente brasílica, que depois
o marxismo usurpou e adulterou e se conservou durante o «nacionalismo» da
ditadura militar, como deixei subentendido em resposta anterior. De maneira
diferente mas com fim igual, fez o ditador Oliveira Salazar com a História
Portuguesa. Posso, pois, afirmar que esta minha é a primeira História Mítica do
Brasil isenta de quaisquer partidarismos aparecida na terra de Vera Cruz desde a
fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no Rio de Janeiro, em 21 de
Outubro de 1848.
R. – O que não me intrigou mas mais fascinou foi a controvérsia acerca dos
bandeirantes. Tudo quanto há de mau, cruel e selvático é-lhes atribuído, é claro
que eram portugueses. Contudo, abundam as crónicas jesuítas sobre os
bandeirantes e rareiam os documentos das próprias Bandeiras. Isto é muito
sintomático, pois jesuíta e bandeirante eram como “cão e gato”, aquele querendo
um império para a sua Companhia, e este um País livre para o seu povo; aquele
não se misturando a raças estranhas, este fundindo-se no autóctone e dando o
mameluco, o genuíno luso-brasileiro. Repara-se nos sintomáticos episódios
sangrentos que no século XVII deram-se em São Paulo em volta do mosteiro de São
Bento de Piratininga, envolvendo bandeirantes e jesuítas. Creio ser mais que tempo
de começar a ver o bandeirante com outros olhos que não os jesuiticamente
preconceituosos.
P. – Apresente um breve currículo do senhor.
JORNAL “O TEMPO”
(MINAS GERAIS)
R. – O empório fenício do Brasil, sito entre 1050 e 1000 a. C., terá sido uma imensa
colónia de exilados de Tiro, capital política da Fenícia, hoje Síria, cuja odisseia
conto no meu livro com pormenores e bibliografia vasta. Essa colónia teve papel
marcante, durante muito tempo, entre os povos mediterrânicos, a ponto de estar
assinalada na própria Bíblia como Ophir, a terra a ocidente de onde vinham
papagaios, ave que, afinal de contas, não existe em nenhuma ilha do Atlântico,
mas em contrapartida até hoje o Brasil é conhecido como a ocidental “Terra dos
Papagaios”. As evidências arqueológicas e etnológicas da presença fenícia no Brasil
são vastíssimas e espalham-se desde o Rio Amazonas até ao Rio da Prata. Falta só
a constituição de um roteiro, devidamente identificado e catalogado, do Brasil Pré
e Proto-Histórico, dando continuidade ao trabalho colossal de Bernardo Ramos por
parte da especialidade na Academia Brasileira. Para isso, creio, é necessário antes
perderem-se definitivamente os envergonhados complexos intelectuais que minam
e limitam o panorama científico até hoje. Só assim a Ciência poderá unir-se à sua
Mãe incoercível: a Tradição das Idades, e de Idades se faz a História.
P. – O senhor poderia explicar melhor sobre a Pedra da Gávea ser uma esfinge?
Ela guarda algum segredo?
R. – Se entende por Ordem Templária os altos graus maçónicos, dir-lhe-ei que ela
aparece como tal em solo brasileiro só no quartel final do século XX, apesar de
haverem algumas semelhanças à mesma no último quartel do século XIX na
Maçonaria Adonhiramita, que é a original brasileira importada de Portugal. Por
outro lado, vários apontamentos documentais de cronologia histórica, com
destaque para os escritos do jesuíta eborense Manuel Fialho (1616 – 21.12.1718),
apontam Sancho Brandão, pertencente à Marinha de Guerra da Ordem dos
Cavaleiros Pobres de Cristo e do Templo de Salomão, vulgo Ordem dos Templários,
como capitaneando uma expedição de reconhecimento à “Ilha Perdida do Mar do
Ocidente”, apontada como o Brasil, notícia comunicada pelo rei de Portugal ao
papa Clemente VI em 12 de Fevereiro de 1343. Mas já antes haviam saído de Lisboa
outras expedições à “Ilha Venturosa”, em plenos séculos XII e XIII, facto que depois
entrou nas falas lisboetas para designar os carvoeiros da cidade como os “brasis”,
alcunha evocativa do estado sujo e miserável em que regressavam à terra esses
marinheiros esquecidos de uma época sem comparação alguma aos confortos
modernos da navegação actual, na altura inimagináveis.
P. – Brasil é um nome cabalístico?
R. – O Brasil não tem Futuro… porque é o próprio Futuro! Agora, isto sim, deve
libertar-se de vez do “banditismo politiqueiro vendido” e do esclavagismo
socioeconómico que outras e menos apetecíveis potências lhe impõem. O Brasil já
de si é ele mesmo uma potência socioeconómica, e poderá figurar como a maior
do mundo se o quiser e os seus políticos tiverem coragem para tanto, dando provas
práticas – que palavras bonitas e ocas leva-as o vento dos floreados retóricos… – de
serem verdadeiramente amigos dedicados da sua pátria e do povo que os elegeu
para que os defenda. Em seu seio vibra intensamente o espírito de Concórdia e
Fraternidade, senão, de Ordem e Progresso, e é esse espírito desta Terra virgem
que alastra já a todos os continentes por via da actual diáspora brasileira, levando
consigo a Paz e o Futuro que afinal caracteriza cada brasileiro. Terra venturosa
onde se diz que “Deus é Baiano, Deus é Mineiro, Deus é Brasileiro”, e sendo assim
só me resta terminar com o encómio tupi:Oromoetê Tupan Thoru – Iá Cunca Idathâ
Oca Juco Nipireaí, que é dizer, “Glória a Deus nas Alturas e Paz na Terra aos
homens de boa vontade”!
P. – Dr. Vitor Manuel Adrião, para si que relação pode haver entre o português,
o brasileiro e a música?
P. – O sr. dr. viveu entre os índios da Amazónia. Para fechar esta entrevista,
gostaria de falar um pouco na língua indígena para os nossos ouvintes?