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Carlota Jaoquina, a rainha que

escandalizou a capital do Império


20 de agosto de 2013 Artigos 0 Visualizações

Nem mesmo a devassa Messalina a suplantou com suas depravadas orgias

Nenhuma mulher até começo do século XIX, nem mesmo uma prostituta estabelecida
em um bordel de alta classe, teve a ousadia de superar dona Carlota Joaquina na arte do
relacionamento sexual excessivo. Durante a sua permanência no Brasil ela escandalizou
o Rio de Janeiro de uma maneira pavorosa e exagerada para os pobres padrões da época.
Sexo era a sua primeira necessidade. E o que era pior, poderia ter sempre os homens que
desejasse. A sua compulsão tinha um exagero que ninguém na época podia explicar ou
mesmo compreender. Para ela sexo era de uma importância tão crucial que ficava
doente quando não tinha alguém para aplacar a fúria de seu apetite descomunal. Isso ela
transferiu sem dúvida para o seu primogênito, Dom Pedro I. Não se importava com a
quantidade de homens que poderia ter, mas a virilidade de alguém que pudesse
contentar a sua tenebrosa ânsia sexual.

Quando se via obrigada a manter relações com alguns homens que escolhida a dedo,
procurava sempre saber qual deles realmente tinha o poder de fazê-la chegar ao extremo
prazer. Ninfomaníaca, tinha orgasmos sucessivos e apavorantes, chegando mesmo a
morder violentamente seus parceiros, tirando sangue com suas dentadas bastante
doloridas. Certa vez, no Rio, mordeu tanto um escravo diferenciado que este morreu
dias depois de septicemia. Por causa disso procurou controlar os seus excessos
convulsivos, tornando-se menos agressiva, ganhando sobremaneira com isso. Quando
chegou ao Rio, em 1808, dona Carlota se surpreendeu enormemente com os homens
brasileiros, incluindo os escravos e libertos. Desesperada durante toda viagem
transatlântica, a rainha portuguesa, de origem espanhola, amaldiçoava Dom João VI por
ter aceitado a imposição da Inglaterra que queria a qualquer custo, que eles viessem
para o Brasil. Ela queria mesmo era ter ido para Londres onde poderia estabelecer suas
orgias com os anglos saxônicos. Não que Dom João VI não quisesse ir também para a
Inglaterra.

O quinto dos infernos, como é conhecido o Brasil em Portugal, “era uma terra selvagem
e sem a menor possibilidade que ali pudesse viver uma vida igual a das cortes
européias”. Carlota Joaquina estava tão revoltada que até pensou em suicídio. Durante
toda a viagem, ela teve que se submeter a contragosto a uma quarentena de abstinência
sexual, já que o espaço superlotado do navio não dava para dar as suas escapulidas
rotineiras. Havia muito tempo que ela não mantinha relações sexuais com Dom João,
que, bastante amargurado com a constante infidelidade da mulher, praticamente deixou
de procurá-la. Carlota sempre achou que seu marido não era homem para aplacar a sua
fúria sexual. E dom João não era mesmo. A verdade nisso tudo é que a maior parte dos
filhos oficiais de ambos não era de Dom João VI. Filho dos dois, e coisa comprovada,
era Dom Pedro I, que, moreno, era o único parecido com o rei. Após a longa e tenebrosa
travessia – com toda tipo de desagradáveis situações -, eis que a comitiva chega ao Rio
de Janeiro. Carlota e dom João se estabeleceram na quinta da Boa Vista indo os demais
acompanhantes se alojarem nos variados sobrados onde os antigos donos foram
obrigados a deixá-los por imposição real.

Dois dias após a chegada, Carlota quis conhecer as redondezas da cidade, indo também
conhecer as exuberantes matas tropicais. Conta que nesse mesmo dia, ela teria
começado no Brasil a sua carreira como devoradora de homens. Por onde passou
escolhia alguns homens que achava interessante, obrigando-os a acompanhar a comitiva
imperial. Num determinado local, à beira da hoje lagoa Rodrigo de Freitas, ela mandou
armar um alpendre. E sob o sigilo de morte para a sua guarda pessoal ela começou a
provar a sexualidade do homem brasileiro. Papou seis em menos de duas horas. O
último a ser devorado, um mulato de nome Luiz Ernesto Prazeres, era um garanhão
ainda donzelo, mas que fez dona Carlota gritar de prazer. Após, a primeira orgia sexual
no Brasil, ela proibiu seus parceiros de dizerem qualquer coisa em relação ao que tinha
acontecido. Dias depois, ela papou também dois robustos jardineiros do palácio real.

E todas às vezes que ia dar seus longos e, sigilosos passeios, ela papava grande
quantidade de homens que encontrava pelo caminho, e que achava interessante. Certa
vez, apaixonada por um rico comerciante, e impossibilitada e fazê-lo cair aos seus pés,
já que era casado, e amava a mulher, ela procurou resolver o problema dando ao casal
um título destinado à alta nobreza. A mulher agradecida começou a freqüentar o palácio
real, sendo envolvida por Carlota que conseguiu assim deitar com o marido de sua
convidada enquanto esta olhava a coleção de quadros que ela trouxera de Portugal.
Outra vez, ela se apaixonou por um homem mulato que se destacava na cidade por ter
uma grande fortuna e que era filho bastardo de um homem branco muito rico. Suas
primeiras investidas foram infrutíferas já que Fernando era casado, e muito bem casado.
Mas em se tratando de Carlota Joaquina isso não era coisa para que ela desistisse do seu
intento. Tanto fez que conseguiu levar Fernando Carneiro Leão para a cama, e assim,
sucessivamente. Apaixonada e admirada com habilidade sexual de Fernando, ela decidiu
ficar com definitivamente. Sabendo da nova aventura de Carlota, Dom João
prontamente nomeou Fernando para a presidência do Banco do Brasil, fazendo com que
ele, em reconhecimento, deixasse Carlota. Não sabendo o porquê da frieza de Fernando
para com ela, Carlota achou por bem mandar matar a mulher de seu amante.

O escândalo ganhou proporções alarmantes e fez com que o próprio monarca mandasse
queimar o inquérito que apontava Carlota como mandante do crime. Mas não ficou ai a
jornada sexual de Carlota. Comenta o anedotário popular da época, que sabendo que
algumas prostitutas passavam vários homens numa só noite, ela quis assim sentir essa
possibilidade de ultrapassá-las. Mandou alguém entrar em contato com o dono de um
cortiço elegante, freqüentado por gente rica, ordenando que ele preparasse um de seus
melhores quartos para uma estranha dama da noite. Uma pequena fortuna foi dada ao
senhor Ambrósio Carreteiro, que assim mandou preparar e ornamentar um quarto para a
desconhecida dama da noite. Em absoluto segredo, chegou dona Carlota totalmente
coberta e protegida, entrando no luxuoso quarto como uma ilustre desconhecida. Por se
tratar de uma grande novidade, ou melhor, de uma prostituta rica e desconhecida, o
senhor Ambrósio não fez por menos, mandou anunciar a novidade, cobrando uma
quantia razoável para quem se propusesse a visitar o quarto da dama da noite.

A concorrência foi grande. Em plena madrugada, a rainha deixou o prostíbulo como


entrou, mas contente por ter passado uma enfileirada homens. No dia seguinte, o
comentário foi geral, com os homens dizendo que nunca tinham ficado com mulher tão
formosa e cheirosa. Mas um problema ficou para o dono do cortiço que foi obrigado a
arranjar outra mulher para substituí-la, e assim fazer com que todos acreditassem que
fosse a dama da noite. Carlota já poderia se igualar a Messalina, a insaciável esposa de
Cláudio, o calmo e inofensivo imperador romano. Em outra ocasião, cinco holandeses
foram raptados de um bar litorâneo e levados para um determinado local, onde Dona
Carlota os esperava impacientemente. O certo era que ela queria outro grupo de
marinheiros, mas este já tinha embarcado. Seus ajudantes, impossibilitados de
localizarem os marinheiros ingleses, pegaram alguns holandeses que acharam no bar
seguinte. Para surpresa de Carlota, os batavos eram mestres no amor, e fizeram a rainha
reconhecer que a sorte tinha lhe ajudado. Outro caso interessante ocorreu quando
Carlota descobriu que havia na cidade do Rio de Janeiro um garanhão conhecido como
rei dos cortiços. Era na verdade, um jovem marinheiro ligado a um almirante português,
não muito seguro de si. Imediatamente mandou raptar o jovem, e o trancafiou num dos
quartos de sua chácara, em Botafogo. Impossibilitada de chegar ao jovem como queria,
três dias depois, mandou soltá-lo. Inconformado com o acontecido, o almirante
reclamou a dom João o ocorrido.

Carlota aborrecida conseguiu transferir o jovem para Salvador. Tempos depois, o


mesmo almirante conseguiu trazê-lo de volta. Para surpresa de todos, aconteceu que em
vez de ir trabalhar com o almirante, o jovem marinheiro foi nomeado para a guarda
pessoal de dona Carlota, que assim passou a viver seus momentos sonhados com o
homem que havia desejado há bastante tempo. Esse jovem, tempos depois, chegou ao
oficialato com recomendações às mais diversas. Naquela época, muita gente se
perguntava quantos amantes possuía a rainha. As mulheres tremiam na base quando ela
botava seus olhos em seus maridos. Nesse turbilhão de luxúria, houve o caso de
Esmeraldina Xavier, que obrigava o marido a desfilar sempre que dona Carlota passava.
Afinal, queria ela fazer com que seu esposo fosse notado e desejado pela rainha, pois
precisava urgentemente de títulos de nobreza para ostentar. Vendo que seu marido não
era notado pela insaciável monarca, ela providenciou para que uma carta anônima fosse
enviada a rainha. Na carta, dona Carlota era informada que havia na cidade um jovem
garanhão que papava várias mulheres numa só noite. Descoberta a remetente da carta,
Esmeraldina foi presa, enquanto seu marido foi obrigado a fazer um teste com dona
Carlota. Encantada com a proeza do marido de Esmeraldina, dona Carlota providenciou
para que a mulher de seu novo amante desaparecesse. E assim foi feito. Esmeraldina
perdeu o marido e os títulos que tanto desejava e, além, disso tudo, desapareceu sem
deixar vestígios. Indubitavelmente Carlota era quase perfeita na arte do crime.
Envolvendo algumas mulheres e um homem bastante disposto ela era capaz de tramar
qualquer assassinato.

Certa vez, dona Carlota ouviu de suas camareiras uma conversa sobre as delícias que
era um relacionamento sexual grupal, reuniu quatro belas mulheres de seu séquito, todas
jovens, e escolhidas a dedo, preparou um local secreto e impenetrável. Carlota e as belas
mulheres arrasaram, com o garanhão, deixando-o praticamente sem vontade de viver, tal
o desdobramento da orgia. Para Carlota Joaquina foi à coisa mais impressionante de sua
vida. As quatro jovens foram bem recompensadas, e a cada ano, o segredo mantido, elas
eram novamente premiadas. Carlota era muito generosa com aqueles que sabiam manter
segredo. Inúmeras vezes, ela repetiu essa experiência, pois além do contato pessoal
sentia também prazer no contato visual. Quando recebeu a notícia de que teria de voltar
a Portugal, ela lastimou raivosamente essa possibilidade. E sabendo que seu filho mais
velho, o príncipe Dom Pedro, iria ficar no Brasil, sugeriu com a possibilidade de
também ficar. Afinal, a mãe era a única pessoa para melhor proteger o primogênito. A
Inglaterra já planejava àquela altura desvincular o Brasil de Portugal. E iria usar Dom
Pedro para isso. Carlota teve de se contentar com sua infeliz volta a Portugal, deixando
no Brasil os prazeres que tanto lhe fizeram bem. À sua fiel Camareira Rosa Maria,
confidenciou que homens como os brasileiros eram na verdade as únicas coisas que nela
deixariam saudade.

“Aqui me tornei uma mulher por inteiro, e sem os vexames e temores que obrigam os
fracos a terem uma vida restrita e sem os prazeres que a vida oferece. A você, Rosa, eu
posso dizer secretamente, amei o Brasil, e queria viver o resto de minha vida neste belo
país”. E teria dito também, “obrigado Brasil por tudo que me ofereceu de bom”.
Comenta-se que Carlota Joaquina papou cerca de trezentos e oitenta homens durante sua
permanência no Brasil. Mas entre todos esses garanhões, apenas se apaixonou duas
vezes. Os dois adorados de Carlota foram Fernando Carneiro Leão, o importante mulato
presidente do Banco do Brasil, e o comendador Francisco de Aragão Damásio, a quem
Carlota se entregou de corpo e alma. Esse comendador, amigo de dom João VI tinha
como hábito viver com inúmeras mulheres, das quais três eram conhecidas oficialmente.
Baixo de corpo atlético, ele enfeitiçou dona Carlota simplesmente por possuir uma
mobilidade excêntrica: adorava agradar suas mulheres com as mais ousadas fantasias
sexuais. Na verdade era um homem que usava os corpos das mulheres como se fosse a
sua casa. Quando dona Carlota teve a primeira oportunidade de ir para cama com ele,
perdeu o horário de uma solenidade marcada, mas disse que tinha provado o néctar dos
deuses. Para ela “Francisco não era o que pudesse dizer de um homem igual aos outros,
mas sim o mensageiro direto dos deuses gregos”. Quando Francisco de Aragão foi
morto em uma emboscada perpetrado no caminho do Rio à Vila Rica, ela ficou
terrivelmente arrasada. “Logo ele, um excepcional homem que sabia satisfazer as
mulheres em sua essência e desejos”, disse.

Exigiu que polícia encontrasse de qualquer forma quem havia assassinado Francisco de
Aragão, não importando os custos da operação policial. Dias depois conseguiu mandar
para a prisão e enforcamento o mandante e os quatros executores do assassinato. O
serviço secreto real foi aconselhado a deixar dona Carlota em paz, uma vez que o rei
Dom João acreditava que ela fosse, infelizmente, portadora de uma doença incurável.
Seu apetite sexual avassalador fez com que o rei a deixasse entregue aos seus devaneios.

Era isso que Carlota mais precisava para promover as suas orgias sexuais. O doutor
Aparício Varela, médico especialista, e que trata de desvios sexuais, disse ter certeza
que dona Carlota era na verdade portadora da síndrome compulsiva de irregularidade
sexual, tendo, portanto, a necessidade psíquica de copular constantemente. Se não fosse
assassinada ainda na flor da idade ela sucumbiria ao excesso degenerativo orgânico, que
provoca a fragilidade e insuficiência dos tecidos nervosos, levando geralmente à morte
por esgotamento físico. Dom Pedro I herdou isso da mãe, e não conseguiu ultrapassar os
seus 36 anos de idade. Deixando no Brasil uma enormidade de filhos – e isso
acontecendo não devido à sua competência como conquistador romântico -, mas sim,
pela necessidade de copular seguidamente em virtude de sua compulsiva ânsia orgânica
que reclamava constante e assustadoramente por novas relações sexuais. Satisfeito e
aliviado após um relacionamento sexual, Dom Pedro, momentos depois tinha a
necessidade premente de manter outra relação. Acha o doutor Varela que Dom Pedro I
morreu sem compreender que era na realidade vítima de uma terrível doença orgânica
degenerativa.

Ambos, Carlota e Dom Pedro se deram bem porque eram da realeza e tinham títulos
principescos. Se fossem ao contrário, por certo seriam vitimados pela apoplexia, já não
teriam condições favoráveis para arranjar os inúmeros parceiros que eles arranjavam
devido as suas posições, quando necessitados de copular. A criatividade de dona Carlota
suplantou a de seu filho. Pedro era um compulsivo sem inspiração, enquanto sua mãe
era uma verdadeira maestrina na arte de fazer amor. Sendo também compulsiva, ela
ornamentava suas orgias com a mais extrema criatividade. O certo era que todos seus
parceiros se apaixonavam por ela. Não que fosse bonita a ponto de endoidecer os
homens, mas possuía o poder de elevar a masculinidade de todos àqueles, que com ela
iam para a cama. Em uma carta que recebeu de um oficial espanhol que vivera no Rio
no mesmo tempo de sua permanência, ele a considerou como a Vênus em sua mais
perfeita inspiração, tal a exuberante capacidade sexual de dona Carlota. Durante o
tempo em que esteve no Brasil ela promoveu as mais ousadas orgias sexuais. Reunindo,
quase sempre, um grupo de homens de sua inteira confiança e abnegados, ela, sozinha,
traçava todos com uma simplicidade que a deixava envolvida ardentemente por seus
parceiros. Tudo era permitido. Após derrubar o esgotado grupo de garanhões, ela
gostava de pisá-los, mostrando a grandiosidade de sua capacidade sexual. Na verdade,
mesmo em se tratando de uma doente ninfomaníaca, ela deixou no Brasil uma trajetória
sexual difícil de ser suplantada, isso devido a sua inspiração na arte de se controlar e
fazer valer a sua liderança na hora de seus relacionamentos mais que constantes. Uma
das filhas de dona Carlota Joaquina, dona Maria Tereza, em conversa com dona
Leopoldina, mulher infeliz de Dom Pedro I, revela a personalidade de sua mãe. A nossa
mãe é degenerada e cruel, e devemos respeitá-la, mas é preferível, sair do seu caminho.
Você vai ouvir seus gritos até nas ruas mais distantes, quando ela tem um ataque de
raiva, porque não lhe trazem jovens fortes que possam aplacar a sua ansiedade sexual.
Ela é uma Bourbon, e teve de casar com um membro da família Bragança, que não é
uma estirpe boa. Com os portugueses tudo é indefinido, pouca ambição, pouco espírito
de luta. Os nossos pais não nos amam, eles nos separaram.

Pedro teve de viver com o pai. Nós, as moças, eu e as minhas duas irmãs, e meu irmão
Miguel, tivemos que viver com ela. Meu pai mandou prendê-la num convento, porque
não podia mais confiar nela. “Ela se oferece até para os criados, que se deitam com ela
sem a menor consideração e respeito”. No convento da “Ajuda” tentaram conter seu
desejo sexual exacerbado com uma limitação especialmente leve, mas ela voltou ainda
mais briguenta, mas desajustada. No convento, dizia abertamente que as freiras
fornicavam com os padres e com os empregados temporários. E que todas tinham os
mesmos desejos que ela. Montevidéu ela quer só para si. Queria vender suas jóias para
poder pagar uma conspiração que derrubasse nosso pai, a quem odeia. Isso ela já havia
feito em Lisboa, queria conseguir afastar o marido do trono, declarando-o incapaz.
Nosso pai sabe de tudo, de suas loucuras sexuais, com uma enormidade de homens. Ela
não tem compostura nem respeito pelos filhos. Qualquer homem que arranja, tem
direitos inalcançáveis para nós. Os comerciantes na praça fofocam sobre a
ninfomaníaca. Ela encomenda manteiga irlandesa e trigo alemão, veludo e as cortinas de
tule da Itália, e manda os porteiros irem até a agência, para que lhe mande garotos
robustos. Ela mesma desce até o porto quando chegam navios da Europa.

Todo passageiro e marinheiro que lhe interessa ela manda levar para a chácara de
Botafogo. Suas orgias são monumentais. Todos lhe temem e se acovardam diante dela.
Não tem ninguém que possa gritar mais do que ela. Ela é minha mãe, mas não a
considero com o tal. Tenho também medo dela e me apavoro quando sou obrigada a
estar com ela. Em sua cabeça só há espaço para os homens que possam acalmar a sua
ânsia de desejos descomunais. Aqui no Brasil ela se tornou uma depravada constante.
Não tem medo da falação, e nem dar a menor importância aos comentários. Enquanto
não puder matar o senhor Francisco Gomes da Silva, ela não se contenta. Ela descobriu
que ele é o espião de nosso pai. Mas ele é igualzinho a nossa mãe, deita com todas as
criadas do palácio real. Não é exagero dizer que minha mãe já fez sexo com todos
homens do Rio de Janeiro”. O conhecido chalaça foi notório arranjador de mulheres
para o imperador Pedro I, e terminou com a viúva do monarca, a linda e formosa
princesa Amélia de Beauharnais, a duquesa de Leuchtenberg. Chalaça, com uma enorme
fortuna acumulada no Brasil, viveu seus dias no fausto e morando em castelos
imperiais, não deixando de ter suas amantes e entristecendo a belíssima duquesa que
morreu de desgosto, após muitos anos vividos com o crápula do Chalaça. Por não dar
assistência devida a linda esposa ele a incentiva que ela arranjasse de vez em quando
garanhões para manter relações sexuais devido a sua ausência no leito matrimonial. A
única filha que teve com Dom Pedro I, ela perdeu, após uma longa enfermidade.

Nilo Sérgio Pinheiro

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