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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS


Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Dissertação

Manifestações Patológicas em Fachadas de Empreendimentos do Programa de


Arrendamento Residencial na Cidade de Pelotas/RS: Residenciais Solar das
Palmeiras e Paraíso

Vívian Michele Bandeira da Silva

Pelotas, 2016
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Vívian Michele Bandeira da Silva

Manifestações Patológicas em Fachadas de Empreendimentos do Programa de


Arrendamento Residencial na Cidade de Pelotas/RS: Residenciais Solar das
Palmeiras e Paraíso

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Arquitetura e Urbanismo da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal de Pelotas, como
requisito parcial à obtenção do título de Mestre
em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profª. Ariela da Silva Torres, Drª.


Coorientador: Prof. Charlei Marcelo Paliga, Dr.

Pelotas, 2016
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Vívian Michele Bandeira da Silva

Manifestações Patológicas em Fachadas de Empreendimentos do Programa de


Arrendamento Residencial na Cidade de Pelotas/RS: Residenciais Solar das
Palmeiras e Paraíso

Dissertação aprovada, como requisito parcial, para obtenção do grau de Mestre em


Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo,
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas.

Data da defesa: 26 de setembro de 2016

Banca examinadora:

........................................................................................................................................
Prof. Drª. Ariela da Silva Torres (Orientadora)
Doutora em Engenharia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

........................................................................................................................................
Profª Drª Ângela Azevedo de Azevedo
Doutora em Engenharia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

........................................................................................................................................
Prof. Drª. Nirce Saffer Medvedovski
Doutora em Estruturas Ambientais Urbanas pela Universidade de São Paulo

........................................................................................................................................
Prof. Drª. Rosilena Martins Peres
Doutora em Engenharia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
4

Dedico este trabalho ao meu incomparável amigo e


salvador Jesus Cristo, ao meu marido, minha filha,
meus pais, meu irmão e minha avó.
5

Agradecimentos

Em primeiro lugar a Deus, o meu melhor amigo. Ele cuida de mim nos
mínimos detalhes e me concede saúde para honrar as oportunidades que me levam
a realização dos meus projetos e dos sonhos Dele pra mim.
Ao Espírito Santo, meu companheiro inseparável. Ele sempre me direciona
para o caminho da vitória.
À Jesus Cristo, o meu maior exemplo de superação. Ele sempre aposta no
meu potencial.
Aos queridos professores Ariela Torres e Charlei Paliga que, acreditaram no
meu potencial e com muita competência e dedicação, orientaram este trabalho e
tornaram esta trajetória produtiva, através de um convívio leve e alegre.
Aos professores das disciplinas do PROGRAU que me inseriram no universo
da arquitetura e da pesquisa.
Aos colegas mestrandos e bolsistas do grupo NEPAMAT, pelo apoio e
contribuições durante este período de desafios.
À Marques Imóveis, por viabilizar o acesso aos residenciais estudados.
Ao IFSUL, pelo incentivo através da licença capacitação.
Aos meus estimados colegas da Coordenadoria de Design do IFSUL, pelo
suporte e encorajamento.
Ao meu amado marido Cristiano, que abraçou este meu projeto e, ao longo da
caminhada, se esforçou para me ajudar em tudo. O meu psicólogo preferido
trabalhou muito em casa para manter esta mestranda no foco e ainda feliz.
À minha preciosa filha Lauren, que me acompanhou nos estudos dentro do
ventre e após o nascimento. Ela é a expressão do infinito amor de Deus por nós. A
sua existência tornou esta jornada ainda mais desafiadora, mas incrivelmente
maravilhosa.
À minha extraordinária mãe Sandra, certamente a maior incentivadora dos
meus estudos. Sempre incansável, me auxiliando em tudo, para que mais esta
vitória fosse alcançada.
Ao meu incomparável pai João Mozart, por todo cuidado que tem comigo.
Juntamente com minha mãe, ele sempre está disposto a me ajudar, abdicando das
suas rotinas para cuidarem, tão carinhosamente, da nossa Lauren.
6

À minha família, aos meus amigos e irmãos em Cristo, pelo incentivo e


orações.
À todos que me inspiram, impulsionando-me a querer ser melhor a cada dia.
Melhor profissionalmente e melhor para aqueles que amo, almejando sempre
influenciar positivamente aos que fazem parte da minha história.
7

Quem ouve esses meus ensinamentos e vive de acordo com


eles é como um homem sábio que construiu a sua casa na
rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, e o vento soprou
com força contra aquela casa. Porém ela não caiu porque
havia sido construída na rocha.
(JESUS CRISTO, Bíblia Sagrada – NTLH, Mateus 7:24-25)
8

Resumo

SILVA, Vívian Michele Bandeira da. Manifestações Patológicas em Fachadas de


Empreendimentos do Programa de Arrendamento Residencial na Cidade de
Pelotas/RS: Residenciais Solar das Palmeiras e Paraíso. 2016. 148f. Dissertação
(Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas, 2016.

No Brasil, existe um histórico de problemas relacionados às habitações de interesse


social. Roméro e Vianna (2002) apontam a necessidade de avaliar a situação atual
desses conjuntos habitacionais, bem como, a satisfação de seus usuários e as
eventuais demandas. Este trabalho tem como objetivo principal realizar um estudo
comparativo dos levantamentos de manifestações patológicas incidentes, em
períodos distintos, nas fachadas de dois conjuntos de Habitações de Interesse
Social construídas na cidade de Pelotas/RS através do Programa de Arrendamento
Residencial (PAR). Ademais, investigar a percepção dos usuários quanto às
anomalias, no intuito de elevar a qualidade e a durabilidade de futuros
empreendimentos, direcionar para ações adequadas na fase de utilização dos
existentes, bem como, contribuir com estudos relacionados ao tema. A metodologia
está baseada em vistorias técnicas por meio de observação direta nos dois
conjuntos que formam o objeto de estudo, com o propósito de realizar
levantamentos e registro de informações, através de fichas, fotografias e
representações gráficas dos elementos. O método de avaliação pós-ocupação do
tipo entrevista estruturada foi definido para a busca de resultados referentes à
percepção do usuário. A partir do levantamento técnico atual, realizado nos
residenciais Solar das Palmeiras e Paraíso, constatou-se que as principais
manifestações patológicas apresentadas foram fissuras e umidade, sendo os
problemas com descolamento de revestimento e sujidades menos representativos.
Foi realizado um estudo comparativo entre os dados coletados durante o Projeto
INQUALHIS (Geração de Indicadores de Qualidade dos Espaços Coletivos em
Empreendimentos de Habitação de Interesse Social) e os dados obtidos na atual
pesquisa. O Residencial Solar das Palmeiras apresentou, aproximadamente, 7,5
vezes mais incidências na pesquisa atual, realizada sete anos e oito meses depois.
O Residencial Paraíso apresentou 111 vezes mais incidências, oito anos e três
meses depois do primeiro levantamento. Continua evidente a predominância dos
problemas de fissuração e umidade. Nas duas pesquisas a fissuração apresenta-se
mais frequentemente nas fachadas oeste e norte. Concernente à umidade, a
fachada sul apresenta maior incidência de problemas do que todas as outras
fachadas. A ordem de relevância demonstrada pelos usuários no que diz respeito às
anomalias existentes coincide com o levantamento técnico no Residencial Solar das
Palmeiras, porém, no Residencial Paraíso não. Embora, a maioria dos entrevistados
considere que as fachadas estejam em condição razoável e boa, quase a totalidade
dos respondentes declararam serem necessárias as intervenções de manutenção.
Os métodos complementares de avaliação pós-ocupação utilizados mostraram-se
eficazes para obtenção dos resultados, correlacionando a observação realizada por
especialistas e a percepção do usuário em relação às manifestações patológicas
existentes nas fachadas dos conjuntos habitacionais estudados.

Palavras-chave: manifestações patológicas; avaliação pós-ocupação; habitações


de interesse social; Programa de Arrendamento Residencial.
9

Abstract

SILVA, Vívian Michele Bandeira da. Programa de Arrendamento Residencial


Pathological Manifestations Facades in Pelotas City / RS: Residential Solar das
Palmeiras and Paraíso. 2016. 148f. Dissertation (Master Degree em Arquitetura e
Urbanismo) - Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2016.

In Brazil, there are historic problems in social housing. Roméro and Vianna (2002)
point out the need to evaluate the current situation of housing, as well as the
satisfaction of its users and any demands. This paper aims to conduct a comparative
study of pathological manifestations incidents at various times surveys, on two sets
Social Interest Housing facades of built in Pelotas / RS through the Programa de
Arrendamento Residencial (PAR). Furthermore, investigate the user’s perception of
the deficiencies in order to improve the projects quality and durability, direct to
appropriate actions in the existing use phase. The methodology is based on technical
inspections through direct observation of the two sets that form the case of study, for
the purpose of surveying and registration information through records, photographs
and graphic representations. The post-occupation of the structured interview type
evaluation method was set to the search results for the user perception. From the
current technical survey carried out in residential Solar das Palmeiras and Paraíso it
was found that the main pathological manifestations presented were cracks and
moisture, and the problems with detachment coating and less representative dirt. A
comparative study was carried out between the data collected during the INQUALHIS
Project (Quality Indicators Generation of Collective Spaces in Social Housing
Enterprises) and the data obtained in the current study. The Residential Solar das
Palmeiras had approximately 7.5 times more impact on current research, conducted
seven years and eight months later. Residential Paraíso had 111 times more
incidences eight years and three months after the first survey, still evident
predominance of cracks and moisture problems. In two surveys cracking appears
more frequently in west and north facades. Concerning the humidity, the south
facade has a higher incidence of problems than all other fronts. The order of
relevance demonstrated by users with anomalies regard coincide with the technical
survey in Residential Solar das Palmeiras. However, not in Paraíso. Although the
majority of respondents consider that the facades are in reasonable condition and
good, almost all respondents reported being necessary maintenance work.
Complementary methods used post-occupancy evaluation were effective for results
obtaining, correlating the observation made by experts and user perception in
relation to existing pathological manifestations on the studied housing facades.

Keywords: pathological manifestations; post-occupancy evaluation; social housing;


Programa de Arrendamento Residencial
10

Lista de figuras

Figura 1 Delineamento da pesquisa ......................................................................... 24


Figura 2 Agentes atuantes nos elementos das fachadas. ........................................ 33
Figura 3 Eflorescência em revestimento argamassado com textura de acabamento
................................................................................................................... 35
Figura 4 Bolor em revestimento argamassado de fachada. ..................................... 37
Figura 5 Descolamento com empolamento em revestimento argamassado com
pintura. ....................................................................................................... 37
Figura 6 Vesícula em revestimento argamassado com textura de acabamento ...... 38
Figura 7 Limo na parte inferior da fachada ............................................................... 39
Figura 8 Musgos no peitoril da esquadria ................................................................ 39
Figura 9 Vegetações parasitárias ............................................................................. 39
Figura 10 Fissuração mapeada em revestimento de fachada. ................................. 41
Figura 11 Fissuras horizontais e verticais em revestimento de fachada .................. 41
Figura 12 Fissura inclinada em revestimento de fachada ........................................ 41
Figura 13 Descolamento em placas ......................................................................... 44
Figura 14 Descolamento com pulverulência............................................................. 45
Figura 15 Descascamento de pintura ....................................................................... 46
Figura 16 Sujidade avermelhada na parede, decorrente de uso inadequado (corte
de materiais cerâmicos perto das fachadas) ............................................ 46
Figura 17 Esquema da APO..................................................................................... 49
Figura 18 Fluxograma básico da APO. .................................................................... 50
Figura 19 Localização dos empreendimentos estudados durante o Projeto
INQUALHIS no mapa urbano da cidade................................................... 64
Figura 20 Ampliações realizadas por moradores no Residencial Querência ........... 65
Figura 21 Residencial Solar das Palmeiras .............................................................. 66
Figura 22 Residencial Paraíso ................................................................................. 66
Figura 23 Exemplo do mapeamento das incidências relacionadas à umidade, ao
descolamento de revestimento e à sujidade nas fachadas do Residencial
Paraíso ..................................................................................................... 68
Figura 24 Exemplo do mapeamento de fissuras nas fachadas do Residencial
Paraíso ..................................................................................................... 69
11

Figura 25 Ficha para análise de cada manifestação patológica do Residencial Solar


das Palmeiras ........................................................................................... 70
Figura 26 Exemplo de planilha utilizada para reestruturar os dados coletados nos
levantamentos técnicos ............................................................................ 71
Figura 27 Modelo de entrevista direcionada aos moradores do Residencial Paraíso
................................................................................................................. 72
Figura 28 Inserção do Residencial Solar das Palmeiras na malha urbana da cidade
................................................................................................................. 75
Figura 29 Implantação do Residencial Solar das Palmeiras .................................... 76
Figura 30 Área verde com equipamentos de uso coletivo ......................................... 77
Figura 31 Espaços para lazer e estacionamento de motos ...................................... 77
Figura 32 Via de acesso de veículos ........................................................................ 78
Figura 33 Via de acesso de pedestres ..................................................................... 78
Figura 34 Inserção do Residencial Paraíso na malha urbana da cidade ................. 79
Figura 35 Implantação do Residencial Paraíso ........................................................ 80
Figura 36 Vista geral dos blocos, área verde e estacionamento .............................. 80
Figura 37 Vista geral dos blocos, vias de acesso e estacionamento ....................... 80
Figura 38 Vista frontal de bloco com espaço para estacionamento ......................... 81
Figura 39 Espaços intercalados para carros e motos .............................................. 81
Figura 40 Entrada do Residencial Paraíso ............................................................... 81
Figura 41 Coletoras de resíduos e bicicletário ......................................................... 81
Figura 42 Salão de festas e área para convívio com churrasqueiras ....................... 82
Figura 43 Quadra esportiva e playground.. .............................................................. 82
Figura 44 Gráfico do percentual de incidência das manifestações patológicas
existentes nas fachadas do Residencial Solar das Palmeiras .................. 84
Figura 45 Gráfico do percentual dos diversos tipos de fissuras existentes nas
fachadas do Residencial Solar das Palmeiras ......................................... 84
Figura 46 Fissuras horizontais e verticais no revestimento ...................................... 85
Figura 47 Fissura horizontal próxima à laje .............................................................. 85
Figura 48 Fissuras verticais sobre a viga de fundação ............................................ 86
Figura 49 Fissuras inclinadas no canto superior da janela ....................................... 86
Figura 50 Trinca inclinada próxima a viga de fundação ........................................... 86
Figura 51 Fissuração do tipo mapeada no revestimento argamassado ................... 86
12

Figura 52 Gráfico do percentual de problemas relacionados à umidade nas


fachadas do Residencial Solar das Palmeiras ......................................... 87
Figura 53 Fungos no revestimento argamassado das paredes................................ 88
Figura 54 Acúmulo de fungos em áreas mais úmidas da fachada ........................... 88
Figura 55 Fungos nas superfícies do peitoril da janela ............................................ 89
Figura 56 Fungos na direção em que a água escorre .............................................. 89
Figura 57 Limos na parte superior da fachada ......................................................... 89
Figura 58 Vegetação parasitária junto ao peitoril ..................................................... 89
Figura 59 Musgos na viga de fundação ................................................................... 90
Figura 60 Musgos e fungos no peitoril ..................................................................... 90
Figura 61 Sombreamento da fachada fundos oeste do Bloco “C” ............................ 90
Figura 62 Sombreamento da fachada fundos oeste do Bloco “D” ............................ 90
Figura 63 Vegetação parasitária localizada entre a tubulação e o revestimento ..... 91
Figura 64 Manchas de umidade na parte inferior do revestimento........................... 91
Figura 65 Sujidades na viga de fundação e no revestimento ................................... 92
Figura 66 Ajardinamento inadequado ...................................................................... 92
Figura 67 Sujidades decorrentes do corte de materiais cerâmicos junto às fachadas
................................................................................................................. 93
Figura 68 Sujidades decorrentes do corte de materiais cerâmicos junto às fachadas
................................................................................................................. 93
Figura 69 Sujidades na parte inferior do peitoril da janela ....................................... 93
Figura 70 Sujidades no entorno da esquadria .......................................................... 93
Figura 71 Escorrimento de elementos orgânicos ..................................................... 94
Figura 72 Manchas de corrosão geradas a partir do suporte do condicionador de ar
................................................................................................................. 94
Figura 73 Descolamento em placa devido à instalação inadequada do condicionador
de ar ......................................................................................................... 95
Figura 74 Descolamento em placa resultante da instalação de grade na janela...... 95
Figura 75 Descolamento em placa ocorrido durante instalação de cabeamentos ... 95
Figura 76 Descolamentos de revestimento causados por choques/impactos .......... 95
Figura 77 Descascamento de pintura no revestimento ............................................ 96
Figura 78 Descolamento de revestimento com pulverulência .................................. 96
Figura 79 Gráfico com o número de manifestações patológicas por m² nas fachadas
do Residencial Solar das Palmeiras, de acordo com a orientação solar .. 97
13

Figura 80 Gráfico com incidência das manifestações patológicas nas fachadas do


Residencial Solar das Palmeiras, de acordo com a orientação solar ....... 98
Figura 81 Gráfico comparativo de incidências das manifestações patológicas
diagnosticadas durante o Projeto INQUALHIS e na pesquisa atual nas
fachadas do Residencial Solar das Palmeiras ....................................... 100
Figura 82 Gráfico comparativo dos diversos tipos de fissuras diagnosticadas durante
o Projeto INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do Residencial
Solar das Palmeiras ............................................................................... 101
Figura 83 Gráfico do percentual de incidência das manifestações patológicas
existentes nas fachadas do Residencial Paraíso ................................... 103
Figura 84 Gráfico do percentual dos diversos tipos de fissuras existentes nas
fachadas do Residencial Paraíso ........................................................... 104
Figura 85 Fissura horizontal e fissura vertical no revestimento .............................. 104
Figura 86 Fissura horizontal típica nos casos de expansão da argamassa de
assentamento ......................................................................................... 104
Figura 87 Fissuras horizontais próximas às aberturas ........................................... 105
Figura 88 Fissuração próxima ao contato da laje com a alvenaria......................... 105
Figura 89 Fissura no encontro da parede interna do dormitório e externa da fachada
............................................................................................................... 105
Figura 90 Fissura no encontro da parede interna do banheiro e externa da fachada
............................................................................................................... 105
Figura 91 Fissuras verticais sobre a viga de fundação .......................................... 106
Figura 92 Fissura inclinada no canto superior da janela ........................................ 106
Figura 93 Fissuras em forma de mapa abaixo da janela......................................... 106
Figura 94 Fissuração do tipo mapeada no revestimento argamassado ................. 106
Figura 95 Gráfico do percentual de problemas relacionados à umidade nas
fachadas do Residencial Paraíso ........................................................... 107
Figura 96 Apresentação de fungos na fachada dos fundos com orientação solar sul
............................................................................................................... 108
Figura 97 Fachada frontal sul com presença generalizada de fungos ................... 108
Figura 98 Aglomeração de fungos junto ao aparelho de ar condicionado.............. 108
Figura 99 Concentração de fungos na região abaixo da janela ............................. 108
Figura 100 Vegetações na aresta das paredes ....................................................... 109
14

Figura 101 Vegetações parasitárias no revestimento das paredes do reservatório de


água. ...................................................................................................... 109
Figura 102 Vegetações localizadas na calha do telhado ......................................... 109
Figura 103 Vegetações junto à viga de fundação. ................................................... 109
Figura 104 Limos no alinhamento de tubos de queda de água pluviais. ................. 110
Figura 105 Apresentação de limos nas fachadas .................................................... 110
Figura 106 Musgos revestindo a viga de fundação .................................................. 110
Figura 107 Presença de musgos e fungos na laje de entrada dos blocos ............... 110
Figura 108 Manchas de umidade abaixo da instalação de floreiras. ....................... 111
Figura 109 Descolamentos com empolamento e eflorescências na laje da entrada do
bloco ....................................................................................................... 111
Figura 110 Deslocamento da calha do telhado ........................................................ 112
Figura 111 Distanciamento do bocal de saída da calha em relação à entrada do tubo
de queda ................................................................................................ 112
Figura 112 Descascamento da pintura na viga de fundação ................................... 112
Figura 113 Descascamento da pintura no peitoril .................................................... 112
Figura 114 Descascamento de pintura em ponto isolado do revestimento .............. 113
Figura 115 Descascamento de pintura em fissuras existentes ................................ 113
Figura 116 Descolamentos em placas gerados durante a instalação do condicionador
de ar ....................................................................................................... 113
Figura 117 Descolamentos em placas decorrentes da instalação de grade de
proteção na janela .................................................................................. 113
Figura 118 Descolamento em placa resultante da instalação de cabos. ................. 113
Figura 119 Descolamento em placa na aresta da parede devido a impacto............ 113
Figura 120 Descolamento em placa na base do armário de energia ....................... 114
Figura 121 Descolamento com pulverulência na base do armário de energia......... 114
Figura 122 Resíduos na viga de fundação, decorrentes de procedimentos de
manutenção ............................................................................................ 115
Figura 123 Sujidades no entorno da abertura .......................................................... 115
Figura 124 Sujidades decorrentes de materiais cerâmicos na fachada dos fundos 116
Figura 125 Sujidades decorrentes de materiais cerâmicos na fachada frontal ........ 116
Figura 126 Sujidade gerada pelo escorrimento de elemento orgânico ..................... 116
Figura 127 Escrita executada na fachada do residencial ......................................... 116
Figura 128 Manchas de corrosão junto aos aparelhos de ar condicionado ............. 117
15

Figura 129 Mancha de corrosão devida à oxidação nos elementos de fixação do ar


condicionado .......................................................................................... 117
Figura 130 Manchas de corrosão decorrentes da oxidação da grade de proteção da
janela ...................................................................................................... 117
Figura 131 Mancha de corrosão causada pela oxidação do varal se secagem de
roupas .................................................................................................... 117
Figura 132 Gráfico com o número de manifestações patológicas por m² nas fachadas
do Residencial Paraíso, de acordo com a orientação solar.................... 118
Figura 133 Gráfico com incidência das manifestações patológicas nas fachadas do
Residencial Paraíso, de acordo com a orientação solar......................... 119
Figura 134 Gráfico comparativo de incidências das manifestações patológicas
diagnosticadas durante o Projeto INQUALHIS e na pesquisa atual nas
fachadas do Residencial Paraíso ........................................................... 121
Figura 135 Gráfico comparativo dos diversos tipos de fissuras diagnosticadas
durante o Projeto INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do
Residencial Paraíso................................................................................ 122
Figura 136 Porcentagem das manifestações patológicas, de acordo com a relevância
dada pelo usuário do Residencial Solar das Palmeiras.......................... 124
Figura 137 Percepção do usuário em relação à prioridade de manutenção das
fachadas no Residencial Solar das Palmeiras ....................................... 125
Figura 138 Porcentagem da percepção do usuário em relação à prioridade de
manutenção das fachadas no Residencial Solar das Palmeiras ............ 126
Figura 139 Intervenção de limpeza realizada por morador do bloco “D” em fachada
dos fundos do Residencial Solar das Palmeiras .................................... 127
Figura 140 Porcentagem da percepção do usuário em relação à situação das
fachadas no Residencial Solar das Palmeiras ....................................... 127
Figura 141 Porcentagem das manifestações patológicas, de acordo com a relevância
dada pelo usuário no Residencial Paraíso ............................................. 130
Figura 142 Percepção do usuário em relação à prioridade de manutenção das
fachadas do Residencial Paraíso ........................................................... 131
Figura 143 Porcentagem da percepção do usuário em relação à prioridade de
manutenção das fachadas do Residencial Paraíso ................................ 131
Figura 144 Parte da fachada dos fundos do bloco “A” do Residencial Paraíso lavada
por morador ............................................................................................ 132
16

Figura 145 Parte da fachada frontal do bloco “B” do Residencial Paraíso lavada por
moradores dos primeiros andares .......................................................... 132
Figura 146 Parte da fachada frontal do bloco “B” do Residencial Paraíso lavada por
morador .................................................................................................. 132
Figura 147 Parte da fachada frontal do bloco “C” do Residencial Paraíso lavada por
morador .................................................................................................. 132
Figura 148 Porcentagem da percepção do usuário em relação à situação das
fachadas do Residencial Paraíso ........................................................... 133
17

Lista de tabelas

Tabela 1 Número de incidências das manifestações patológicas diagnosticadas


durante a pesquisa INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do
Residencial Solar das Palmeiras.............................................................. 100
Tabela 2 Percentual de incidência das manifestações patológicas diagnosticadas
durante a pesquisa INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do
Residencial Solar das Palmeiras, de acordo com a orientação solar....... 102
Tabela 3 Número de incidências das manifestações patológicas diagnosticadas
durante a pesquisa INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do
Residencial Paraíso ................................................................................. 120
Tabela 4 Percentual de incidência das manifestações patológicas diagnosticadas
durante a pesquisa INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do
Residencial Paraíso, de acordo com a orientação solar .......................... 122
18

Sumário

1 Introdução .............................................................................................................. 21
1.1 Contexto da pesquisa .......................................................................................... 21
1.2 Objetivos da pesquisa ......................................................................................... 23
1.2.1 Objetivo principal .............................................................................................. 23
1.2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 23
1.3 Delineamento da pesquisa .................................................................................. 23
1.4 Estrutura da dissertação...................................................................................... 24
1.5 Delimitações da pesquisa.................................................................................... 25

2 Revisão bibliográfica .............................................................................................. 26


2.1 Habitações de interesse social ............................................................................ 26
2.1.1 Programa de Arrendamento Residencial.......................................................... 28
2.2 Manifestações patológicas .................................................................................. 31
2.2.1 Origens, causas e classificações das manifestações patológicas.................... 31
2.2.1.1 Umidade ........................................................................................................ 33
2.2.1.1.1 Eflorescência .............................................................................................. 35
2.2.1.1.2 Fungos ....................................................................................................... 35
2.2.1.1.3 Descolamento com empolamento .............................................................. 37
2.2.1.1.4 Musgos, limos e vegetação parasitária ...................................................... 38
2.2.1.2 Fissuras e trincas .......................................................................................... 40
2.2.1.3 Descolamento de revestimento ..................................................................... 43
2.2.1.4 Sujidade ........................................................................................................ 46
2.3 Avaliação pós-ocupação ..................................................................................... 47
2.3.1 Métodos e técnicas de avaliação pós-ocupação .............................................. 51
2.3.1.1 Walkthrough .................................................................................................. 52
2.3.1.2 Entrevista ...................................................................................................... 53
2.4 Habitações de interesse social x Manifestações patológicas x Avaliação pós-
ocupação ............................................................................................................ 55

3 Metodologia ............................................................................................................ 63
3.1 Estudo de caso.................................................................................................... 63
3.1.1 Levantamento das manifestações patológicas ................................................. 66
19

3.1.2 Obtenção de dados quanto à percepção do usuário ........................................ 71


3.2 Análise dos dados ............................................................................................... 73

4 Caracterização do objeto de estudo ....................................................................... 74


4.1 Residencial Solar das Palmeiras ......................................................................... 74
4.2 Residencial Paraíso ............................................................................................ 78

5 Resultados ............................................................................................................. 83
5.1 Levantamentos das manifestações patológicas nas fachadas do Residencial
Solar das Palmeiras ........................................................................................... 83
5.1.1 Fissuras/Trincas ............................................................................................... 84
5.1.2 Umidade ........................................................................................................... 86
5.1.3 Sujidades.......................................................................................................... 91
5.1.4 Descolamento de revestimento ........................................................................ 94
5.1.5 Localização, origens e causas das manifestações patológicas no Residencial
Solar das Palmeiras ......................................................................................... 96
5.1.6 Comparativo entre os dados do levantamento do Projeto INQUALHIS e os
obtidos na atual pesquisa no Residencial Solar das Palmeiras ....................... 99
5.2 Levantamentos das manifestações patológicas nas fachadas do Residencial
Paraíso ............................................................................................................ 102
5.2.1 Fissuras/Trincas ............................................................................................. 103
5.2.2 Umidade ......................................................................................................... 106
5.2.3 Descolamento de revestimento ...................................................................... 112
5.2.4 Sujidades........................................................................................................ 114
5.2.5 Localização, origens e causas das manifestações patológicas no Residencial
Paraíso........................................................................................................... 118
5.2.6 Comparativo entre os dados do levantamento do Projeto INQUALHIS e os
obtidos na atual pesquisa no Residencial Paraíso ......................................... 120
5.3 Entrevistas com os moradores do Residencial Solar das Palmeiras................. 123
5.4 Entrevistas com os moradores do Residencial Paraíso .................................... 128

6 Conclusões e considerações finais ...................................................................... 134


6.1 Sobre os resultados dos levantamentos............................................................ 134
6.2 Sobre o estudo comparativo com o INQUALHIS............................................... 136
20

6.3 Sobre a percepção dos usuários ....................................................................... 137


6.4 Conclusões e considerações gerais .................................................................. 138
6.5 Sugestões para estudos futuros ........................................................................ 139

Referências ............................................................................................................. 140


21

1 Introdução

Este capítulo apresenta o contexto no qual se insere o estudo, seus objetivos,


o delineamento da pesquisa e a estrutura da dissertação.

1.1 Contexto da pesquisa

Assim como na medicina, na área de engenharia, Patologia pode ser


entendida como o ramo que se dedica ao estudo das doenças, de suas causas,
seus sintomas e suas alterações, podendo ser considerada também como qualquer
desvio em relação a um estado considerado normal. Segundo Carmona Filho (2009)
a Patologia das Construções é uma ciência relativamente nova, que estuda os
diversos problemas a que as construções estão sujeitas, sejam eles decorrentes de
falhas no projeto ou na execução, mau uso ou o envelhecimento natural das
construções.
Numa estrutura, um sintoma, para ser considerado patológico, deve
comprometer algumas das exigências da construção, seja de capacidade mecânica,
funcional ou estética. Como a manifestação patológica pode ser influenciada pelo
comportamento da estrutura em uso, pelo tempo e pelas condições de exposição,
percebe-se, portanto, que há uma forte relação entre a manifestação patológica e
desempenho, vida útil e durabilidade da edificação (ANDRADE e SILVA, 2005).
A exposição aos agentes agressivos é evidente nas fachadas, favorecendo o
aparecimento de manifestações patológicas. Segundo Albernaz e Lima (2000),
fachada é cada uma das faces externas da construção, sendo que o caráter da
edificação é em grande parte devido às mesmas. Portanto, é importante a
prevenção das ocorrências de manifestações patológicas nos revestimentos de
fachada que são os elementos mais visados e designados a complementar as
vedações, proteger e propiciar o acabamento final. Barth (2007) afirma que as
fachadas têm poder de produzir a imagem do edifício e de criar a sua identidade
visual, além de, também, melhorar o desempenho ambiental, atuando como
elemento condicionador natural do edifício.
Consoli (2006) afirma que a durabilidade e o desempenho das fachadas
dependem das decisões tomadas nas diversas etapas do processo de produção dos
edifícios, ou seja, no planejamento, projeto, especificação, materiais, execução e
utilização (operação e manutenção). O bom andamento desse processo deve levar a
22

uma série de atividades programadas que prolongam sua vida útil a um custo
compensador.
No Brasil, houve um crescimento na área da habitação, mas infelizmente
existe um histórico de problemas relacionados às habitações de interesse social que
compõem este cenário. Cabe salientar que a situação econômica do país favorece a
alta procura dos brasileiros a aquisição de moradias de baixa renda, em função de
custo e auxílios financeiros cedidos pelo governo. Roméro e Vianna (2002) apontam
a necessidade de avaliar a situação desses conjuntos habitacionais na realidade
atual, seu impacto em termos de habitação social irradiando nas vizinhanças e na
cidade, a satisfação de seus usuários e as eventuais demandas latentes.
Os estudos nesta área, de ocorrência de manifestações patológicas em
habitações de baixa renda, permitem estabelecer medidas adequadas que
promovam maior qualidade e durabilidade das edificações e maximizem a satisfação
dos usuários. É fundamental obter dados que apontem melhorias nos procedimentos
das etapas de projeto, produção, operação e manutenção, e evitem anomalias em
futuros empreendimentos.
Considerando o exposto anteriormente, torna-se necessário estabelecer
mecanismos de retro-alimentação a partir da avaliação de desempenho técnico
focado na origem das manifestações patológicas, semelhantemente ao trabalho
realizado por Medvedovski (2010), bem como buscar dados quanto à percepção do
usuário em relação às anomalias verificadas, com o intuito de fornecer informações
que motivem ações que resultem em uma maior satisfação dos moradores.
A escolha do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) para realizar
este estudo, ocorreu em função de que este é um dos principais programas
habitacionais desenvolvidos no país. O fato de selecionar empreendimentos
localizados em Pelotas/RS é relevante porque a cidade possui um número
expressivo de conjuntos construídos dentro desta modalidade, sendo contemplada
com dezoito empreendimentos, além de existirem pesquisas anteriormente
realizadas (como por exemplo, a pesquisa INQUALHIS, desenvolvida pela
Universidade Federal de Pelotas) que possibilitam estudos comparativos das
manifestações patológicas incidentes em períodos distintos.
23

1.2 Objetivos da pesquisa

1.2.1 Objetivo principal

Este trabalho tem como objetivo principal realizar um estudo comparativo dos
levantamentos de manifestações patológicas incidentes, em períodos distintos, nas
fachadas de dois conjuntos de Habitações de Interesse Social construídas na cidade
de Pelotas/RS através do Programa de Arrendamento Residencial (PAR). Ademais,
investigar a percepção dos usuários quanto às anomalias, no intuito de elevar a
qualidade e a durabilidade de futuros empreendimentos, direcionar para ações
adequadas na fase de utilização dos existentes, bem como, contribuir com estudos
relacionados ao tema.

1.2.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos desta pesquisa são:


a) diagnosticar as manifestações patológicas das fachadas dos blocos dos
conjuntos habitacionais de baixa renda;
b) analisar as incidências e prováveis origens e causas das manifestações
patológicas detectadas;
c) comparar os dados atuais (coletados em 2015 e 2016) com os dados
coletados anteriormente (2008), durante o projeto INQUALHIS (Geração
de Indicadores de Qualidade dos Espaços Coletivos em Empreendimentos
de Habitação de Interesse Social), nos mesmos residenciais;
d) verificar a percepção do usuário quanto aos problemas apresentados e o
seu grau de satisfação perante o objeto de estudo.

1.3 Delineamento da pesquisa

O delineamento da pesquisa e as etapas que constituem este trabalho são


apresentados na figura 1.
24

Figura 1 - Delineamento da pesquisa.

1.4 Estrutura da dissertação

Este trabalho é constituído por seis capítulos, organizados da seguinte forma:


a) Capítulo 1 – Introdução: identifica o contexto em que o trabalho está
inserido, apresentando seus objetivos, o delineamento da pesquisa e a
estrutura da dissertação;
b) Capítulo 2 – Revisão bibliográfica: trata da revisão bibliográfica sobre as
questões que serão abordadas na dissertação, como habitações de
interesse social, manifestações patológicas em fachadas de edificações e
finalizando com conceitos e procedimentos de avaliação pós-ocupação;
c) Capítulo 3 – Metodologia: descreve a metodologia utilizada para o
desenvolvimento da pesquisa, detalhando os métodos e especificando as
etapas do processo;
25

d) Capítulo 4 – Caracterização do objeto de estudo: caracteriza os dois


empreendimentos analisados na presente pesquisa de mestrado;
e) Capítulo 5 – Resultados: apresenta os dados obtidos através dos
levantamentos e entrevistas realizados, além de um estudo comparativo;
f) Capítulo 6 – Conclusões e considerações finais: contém as conclusões
decorrentes dos resultados obtidos, considerações finais e sugestões para
estudos futuros.

1.5 Delimitações da pesquisa

A análise das manifestações patológicas está restrita às fachadas externas


dos blocos dos conjuntos habitacionais: Paraíso (5 pavimentos) e Solar das
Palmeiras (5 pavimentos), selecionados conforme os critérios apresentados no
capítulo da metodologia.
As manifestações patológicas abordadas no trabalho correspondem,
basicamente, das decorrentes de umidade, fissuras/trincas e descolamentos de
revestimentos, conforme a classificação de Ioshimoto (1994 apud PERES, 2001).
Acrescentando-se os danos de sujidades.
O estudo limita-se ao diagnóstico e quantificação das incidências, com
indicação das prováveis causas e origens, não registrando medidas para
recuperação ou manutenção dos elementos construtivos. No entanto, o
entendimento da relação causa e origem implicitamente sugere ações de prevenção
das manifestações patológicas abordadas.
26

2 Revisão bibliográfica

Este capítulo irá dissertar sobre os assuntos principais a serem abordados


neste estudo, como habitações de interesse social com seus conceitos e programas,
manifestações patológicas em edificações, finalizando com definições e
procedimentos de avaliação pós-ocupação.

2.1 Habitações de interesse social

A função principal de uma habitação é de proteger o ser humano das


intempéries e de intrusos. Com o desenvolvimento de suas habilidades, o homem
passou a utilizar materiais disponíveis em seu meio, tornando o abrigo cada vez
mais elaborado (ABIKO, 1995). Além de abrigar, Pedro (2002) afirma que a
habitação deve atender características espaço-funcionais, sócio-culturais e estéticas
próprias.
Quanto ao termo Habitação de Interesse Social (HIS), Abiko (1995) define
como uma série de soluções de moradia voltada à população de baixa renda. Este
autor afirma que o termo tem prevalecido nos estudos sobre gestão habitacional e
vem sendo utilizado por várias instituições e agências, ao lado de outros
equivalentes, como apresentado abaixo:
a) habitação de baixo custo: termo utilizado para designar habitação barata
sem que isto signifique necessariamente habitação para população de
baixa renda;
b) habitação para população de baixa renda: é um termo mais adequado que
o anterior, tendo a mesma conotação que HIS. Estes termos trazem, no
entanto, a necessidade de se definir a renda máxima das famílias e
indivíduos situados nesta faixa de atendimento;
c) habitação popular: termo genérico envolvendo todas as soluções
destinadas ao atendimento de necessidades habitacionais.
Estudos sobre a habitação no Brasil apareceram inicialmente nas décadas de
50 e 60, ganhando impulso nos anos 70 (CHIARELLI, 2014). Durante anos, a
maioria dos trabalhos, segundo Valladares (1983 apud CHIARELLI, 2014),
concentrava-se na análise da experiência a partir da criação do Banco Nacional de
Habitação (BNH). Na década de 80, Kalil (2001 apud CHIARELLI, 2014) diz que com
a derrocada do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e a extinção do BNH, o
27

volume de obras foi declinando até a inércia em muitos estados, fazendo com que
houvesse uma espécie de dormência do tema.
Abreu (2012) caracterizou a produção acadêmica brasileira sobre o tema HIS,
no período de 2006 a 2010. As análises quantitativas foram realizadas a partir da
catalogação de 251 trabalhos no Banco de Teses e Dissertações HIS desenvolvido
pela autora. No procedimento de análise qualitativa foram analisados quatro itens:
contextos, contribuições, desafios/oportunidades e dificuldades encontradas. A
autora afirma que a produção acadêmica tem resultados relevantes e possíveis de
serem inseridos na realidade da produção de habitação social do país.
Larcher (2005) apresentou contribuições às instituições e profissionais
envolvidos na concepção e produção de HIS. Foi elaborada uma lista de verificação
de diretrizes de expansão da HIS, que permitiu a avaliação do desempenho quanto
aos atributos de adaptação ao uso e a soluções construtivas adotadas, por meio de
observações e registros realizados em dois conjuntos habitacionais da cidade de
Pato Branco no estado do Paraná. As conclusões da pesquisa apontaram para o
fato de que na ação pela melhoria das suas condições de habitação, na maioria das
vezes os moradores deste tipo de habitação realizam intervenções sem critério
técnico, resultando em soluções de baixa qualidade construtiva e de conforto.
Uma avaliação de sistemas construtivos para HIS foi realizada por Mello
(2004) considerando o ponto de vista da industrialização na construção e da gestão
dos processos de produção. O autor detalhou sete sistemas construtivos da Caixa
Econômica Federal e um oitavo sistema, com possibilidades de recursos para
materiais. Mello (2004) conclui que as tecnologias analisadas possuem condições de
produzir HIS com eficiência diante dos requisitos de desempenho definidos nos
métodos de avaliação utilizados.
Gouveia (2013) diz que o déficit habitacional no país atinge aproximadamente
oito milhões de moradias, estimando-se que até 2023, se mantido o ritmo atual, esse
valor chegue a trinta e um milhões. Ele afirma ainda, que parte do estoque existente,
apresenta qualidade deficiente e que as construtoras apresentam dificuldades em se
adequar aos parâmetros de custo e qualidade exigidos pelo atual PMCMV.
De acordo com o Ministério das Cidades, no Brasil o Sistema Nacional de
Habitação de Interesse Social (SNHIS) foi instituído pela Lei Federal nº 11.124 de 16
de junho de 2005 e tem como objetivo principal implementar políticas e programas
que promovam o acesso à moradia digna para a população de baixa renda, que
28

compõe a quase totalidade do déficit habitacional do país. Além disso, esse sistema
centraliza todos os programas e projetos destinados às HIS, sendo integrado pelos
seguintes órgãos e entidades: Ministério das Cidades, Conselho Gestor do Fundo
Nacional de Habitação de Interesse Social, Caixa Econômica Federal, Conselho das
Cidades, Conselhos, Órgãos e Instituições da Administração Pública direta e indireta
dos Estados, Distrito Federal e Municípios, relacionados às questões urbanas e
habitacionais, entidades privadas que desempenham atividades na área habitacional
e agentes financeiros autorizados pelo Conselho Monetário Nacional (MINISTÉRIO
DAS CIDADES, 2015).

2.1.1 Programa de Arrendamento Residencial

Nas últimas décadas, o Brasil tem enfrentado o problema da falta de moradia


através de programas públicos para habitações de interesse social como o
Programa de Arrendamento Residencial (PAR), que é foco desta pesquisa.
O PAR foi criado através de Medida Provisória 1.823, de 29 de abril de 1999,
reeditada sob nº 1.864-5 em 25 de agosto de 1999. Esse documento instituiu o PAR
a propiciar moradia à população de baixa renda concentrada nos grandes centros
urbanos, sob a forma de arrendamento residencial. Posteriormente, a Medida
Provisória foi transformada na Lei Nº 10.188 em 14 de fevereiro de 2001
(CHIARELLI, 2006).
No ano de 2008 a Caixa Econômica Federal publicou a Cartilha do PAR, a
qual informa que o programa surgiu frente a uma realidade de déficit expressivo de
moradias para a população de baixa renda, na faixa de até 6 salários mínimos,
principalmente nos grandes centros urbanos, sendo que as estatísticas indicavam
que aproximadamente 98% dessa parcela da população não possuía moradia
considerada adequada e nem perspectiva de aquisição. Esta publicação ressalta
que as famílias de baixa renda pagavam pelo aluguel, em termos proporcionais,
mais do que as de classe média, e o valor do aluguel nos grandes centros
representava um percentual médio de 2% sobre o valor do imóvel para famílias com
ganhos de até 3 salários, enquanto que a classe média pagava apenas 0,6% sobre
o valor das unidades (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2008).
Quanto à origem dos recursos necessários para viabilizar o PAR, foi criado o
FAR - Fundo de Arrendamento Residencial, composto de recursos provenientes de
29

fundos e programas governamentais em extinção e de recursos obtidos por meio de


empréstimo junto ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS (CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL, 2008).
Os imóveis adquiridos pelo PAR, para posterior arrendamento, podem ser
empreendimentos na planta, em construção, concluídos ou para reforma,
prioritariamente localizados nos grandes centros urbanos, que abrange todas as
Capitais e Regiões Metropolitanas e os municípios com população urbana superior a
100 mil habitantes (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2008). A unidade padrão é
composta de 2 quartos, sala, cozinha e banheiro, com área útil mínima de 37m²,
exceto nos projetos de recuperação, que são analisados individualmente. A
configuração das unidades com especificação mínima varia em função da região do
empreendimento. O prazo de execução das obras é limitado a, no máximo, 18
meses, contados da data da assinatura do contrato.
Chiarelli (2014) informa que a primeira alternativa do PAR foi criada para
atender a faixa de renda de três a seis salários mínimos, denominada PAR
NORMAL. Posteriormente, visando alcançar a faixa onde o déficit habitacional
estava mais concentrado, foi criado o PAR ESPECIAL, direcionado às famílias com
renda de até quatro salários mínimos, sendo introduzidas adaptações, no sentido de
reduzir o custo das obras e facilitar a forma de pagamento para viabilizar o acesso
ao programa. Esta autora esclarece que a nova modalidade PAR ESPECIAL, entre
outras medidas, aceita o aumento do número de unidades, que passa da
recomendação inicial de até 160, para 500 unidades. Também é admitido o
acréscimo do número de pavimentos de 4 para até 5, admitindo a redução da área
dos apartamentos, de 37m² para 33m². Da mesma forma, as especificações do PAR
ESPECIAL foram flexibilizadas em relação ao acabamento dos apartamentos, sendo
entregues sem piso instalado (só com o cimento alisado), ficando o acabamento por
conta do arrendatário. Também não havia mais a obrigação de colocar portas nos
dois dormitórios, sendo um dos compartimentos entregue sem porta. Quanto à
cobertura, começou a ser admitido o uso de telhas de fibrocimento. Ocorreram
também alterações nas especificações dos revestimentos. Internamente passou a
ser permitido chapisco e massa única nos painéis das paredes do banheiro e
hidráulica da cozinha, com demais paredes sem revestimento. Externamente passou
a ser permitido o uso apenas de chapisco e massa única.
30

A Cartilha do PAR registra a proibição de qualquer alteração ou modificação


de aparência, estrutura ou projeto do imóvel, objeto do contrato de arrendamento,
inclusive nas áreas comuns, sem a prévia e expressa anuência da Caixa (CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL, 2008).
No Relatório de Gestão do Fundo de Arrendamento Residencial, a Caixa
Econômica Federal e o Ministério das Cidades informam que entre 1999 e 2009, foi
registrada a aquisição de 273.145 unidades habitacionais distribuídas em 1.735
empreendimentos localizados em 238 municípios brasileiros, beneficiando uma
população estimada em 1.109.000 pessoas. No Rio Grande do Sul foram
construídos 115 empreendimentos compostos por um total de 20.091 unidades
habitacionais (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010).
Segundo Chiarelli (2014), o PAR foi implantado em 35 municípios do Rio
Grande do Sul, e a cidade de Pelotas teve a maior produção deste tipo de
empreendimentos, superior até mesmo ao conjunto de obras que foi realizado na
capital do estado.
Em Pelotas, entre os anos de 2001 e 2008, foram licenciados quinze
conjuntos habitacionais em forma de blocos e três conjuntos com habitações de dois
andares. Os conjuntos habitacionais em forma de blocos são: Guerreiro, Solar do
Sul, Marcílio Dias, Alta Vista, Bairro Cidade, Laçador, Duque de Caxias, Cruzeiro,
Porto, Jardins da Baronesa, Regente, Solar das Palmeiras, Estrela Gaúcha, Paraíso
e Terra Sul. E os conjuntos compostos por dois andares são: Princesa do Sul,
Querência e Charqueadas (CHIARELLI, 2014).
O Ciclo do Programa de Arrendamento Residencial encerrou-se em Pelotas
em junho de 2010, com a entrega do Residencial Terra Sul. Totalizando 3.177
unidades construídas em 18 conjuntos habitacionais (SINDUSCON, 2010).
Assim como ocorreu nas mais diversas regiões do Brasil, após a vivência de
Pelotas com o PAR, a cidade começou uma experiência com a produção de HIS a
partir do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV-FASE1), tendo continuidade
em 2011 através da FASE 2 (CHIARELLI, 2014). No programa habitacional Minha
Casa, Minha Vida é oferecida a compra do imóvel ainda na planta e os moradores
se tornam proprietários no ato da compra. Nesta modalidade são estabelecidos
subsídios, taxas de juros e número de prestações de acordo com a faixa na qual se
enquadra a renda familiar, sendo possível parcelar o pagamento em até trinta anos.
31

2.2 Manifestações patológicas

No cenário nacional e internacional, a construção civil apresenta-se em


situação de crescimento, destacando-se a utilização de novos produtos e materiais,
o desenvolvimento de técnicas construtivas inovadoras, além do uso de tecnologias
avançadas no setor de projetos. Mesmo sendo evidente a evolução tecnológica na
área, a realidade mostra uma grande incidência de manifestações patológicas nas
construções, existindo uma constante preocupação com o desempenho das
edificações. Esta inquietação com os problemas recorrentes, bem como a
necessidade de soluções, incentivam a propagação de conhecimentos na área de
Patologia das Construções.
França et al. (2011) afirmam que apesar de o termo Patologia estar
consolidado na área de reabilitação e conservação de edificações, há um grande
equívoco no emprego da palavra Patologia, tanto entre leigos como no meio técnico.
Ouve-se repetidamente a palavra Patologia sendo empregada para definir o que na
verdade deve ser chamado de manifestação patológica. Estes autores informam que
em termos apropriados, uma manifestação patológica é a expressão resultante de
um mecanismo de degradação e a Patologia é uma ciência formada por um conjunto
de teorias que serve para explicar o mecanismo e a causa da ocorrência de
determinada manifestação patológica. Em função disso, fica claro que a Patologia é
um termo muito mais amplo do que manifestação patológica, uma vez que ela é a
ciência que estuda e tenta explicar a ocorrência de tudo o que se relaciona com a
degradação de uma edificação. Além do que já foi exposto, os autores citam outro
emprego do termo que se dá de forma errônea, no que diz respeito ao uso da
Patologia no plural, referindo-se a diversas manifestações patológicas. A ciência
Patologia é única e possui aplicação em diversas áreas do conhecimento, sendo
importante se conscientizar que não se vê a Patologia e sim se estuda Patologia,
pois ela é uma ciência. O que se enxerga em uma vistoria são as manifestações
patológicas, ou seja, os sintomas que a edificação apresenta.

2.2.1 Origens, causas e classificações das manifestações patológicas

De acordo com Azevedo e Guerra (2009), alguns conceitos, como origem e


causa das manifestações patológicas, frequentemente são empregados de maneira
pouco precisa na literatura. Portanto, é conveniente esclarecer estes conceitos.
32

Estes autores apresentam um exemplo, evidenciando a diferença entre origem e


causa das manifestações patológicas e estabelecendo o diagnóstico do quadro. Os
sintomas observados no objeto de estudo foram identificados como descolamento e
empolamento do revestimento (argamassa) atingindo somente a camada de reboco.
A causa foi definida como água de infiltração, gerando, consequentemente,
alteração química dos materiais. A partir do estabelecimento da causa da
manifestação patológica em questão, foi estabelecido o diagnóstico: a infiltração de
água, através das trincas da face externa da parede, sujeita a intempéries,
acentuada por ausência de beiral (platibanda), causou a hidratação dos óxidos
presentes na cal, a qual não foi devidamente extinta (hidratada). Portanto, a origem
desta manifestação patológica foi falha na etapa de execução.
Além do exemplo citado por Azevedo e Guerra (2009), Helene (1992) e
Granato (2002) esclarecem os conceitos de causa e origem, respectivamente. A
causa das manifestações patológicas, de acordo com Helene (1992), está
relacionada a vários fenômenos que influenciam no surgimento das anomalias.
Sendo destacadas pelo autor as cargas excessivas, variações de umidades,
variações térmicas, agentes biológicos, incompatibilidade de materiais, agentes
atmosféricos, entre outros.
Quanto à origem, Granato (2002) conceitua como sendo a etapa do processo
construtivo em que ocorreu o problema. O autor cita como exemplos as etapas de
planejamento/concepção, projeto e fabricação de materiais.
A incidência de anomalias nas edificações está relacionada ao nível do
controle da qualidade realizado em cada uma das etapas do desenvolvimento, bem
como, à compatibilidade entre as mesmas. Conforme Verçosa (1991 apud PERES,
2004), a ocorrência de manifestações patológicas em edificações pode ter origem no
projeto, execução, materiais, mau uso e mau planejamento.
As manifestações patológicas estão relacionadas também à exposição aos
agentes de degradação. Resende (2004) afirma que os revestimentos de fachadas
estão submetidos a uma maior quantidade e intensidade destes agentes. Dentre
estes agentes, Selmo (1989 apud RESENDE, 2004) lista as forças de impacto, o
vento, a chuva, a umidade, a poluição atmosférica, as plantas e micro-organismos, a
variação de temperatura, a radiação solar e as vibrações (Figura 2).
33

Figura 2 – Agentes atuantes nos elementos das fachadas.


Fonte: RESENDE, 2004 adaptado de SELMO, 1989.

Ioshimoto (1994 apud PERES, 2001) classifica as manifestações patológicas


em três grandes grupos: umidade, fissuras/trincas e descolamento de revestimento.
O desempenho e a durabilidade das fachadas das edificações frequentemente são
afetados por estas anomalias. Em função deste trabalho também ter abordado o
problema com sujidades, pois as fachadas observadas nesta pesquisa apresentam
alterações significativas relacionadas à sujidade, esta revisão também irá dissertar
sobre esse item.

2.2.1.1 Umidade

Conforme Perez (1988 apud PERES, 2004), a natureza/causa da umidade e a


forma como esta se manifesta, pode ser descrita em cinco tipos:
a) umidade de obra: originada nos trabalhos de construção das edificações,
que permanece nos elementos construtivos durante algum tempo após o
término da obra, diminuindo gradativamente até desaparecer. Um exemplo
é a umidade contida nas argamassas de reboco que, após sua aplicação,
transferem o excesso de água às alvenarias, necessitando de um prazo
superior do que o da cura do reboco para ausentar-se;
34

b) umidade de absorção e capilaridade: gerada da absorção da água


existente no solo pelas fundações das paredes e pavimentos, migrando
para as fachadas e pisos. Seele (2000) declara que, em paredes de
alvenaria de tijolo, a altura que a umidade ascensional pode alcançar,
chega, em média, a 80cm e alcança a altura máxima de 1,50m;
c) umidade de infiltração: proveniente da água da chuva que penetra nos
prédios através dos elementos constituintes de sua envoltória exterior.
Ioshimoto (1988 apud LANNES, 2011) diz que a umidade causada por
infiltração é geralmente a anomalia de maior incidência e Peres (2004)
salienta que manifestações patológicas de umidade nas fachadas de
edificações podem ser agravadas devido a agentes como as chuvas e os
ventos, sendo que alguns problemas podem ser evitados na etapa de
projeto, através da previsão de elementos como peitoris, saliências e
reentrâncias, que podem prevenir o acúmulo de águas nas superfícies
envoltórias da edificação;
d) umidade de condensação: procedente do vapor d’água que se condensa
nas superfícies frias dos elementos construtivos. Conforme Silva (2007),
as fachadas são as mais prejudicadas por este fenômeno, pois geralmente
possuem baixas temperaturas na manhã, podendo ocorrer condensação
da umidade do ar em sua superfície e em seus poros. Nas fachadas sul,
que geralmente não recebem sol, a umidade superficial gerada pela
condensação leva mais tempo para secar, expondo a superfície à ação
dos agentes biodeterioradores por mais tempo do que nas demais
fachadas;
e) umidade acidental: Righi (2009) atribui este tipo de umidade às falhas nos
sistemas de tubulações, como águas pluviais, esgoto e água potável, e
que geram infiltrações. A existência de umidade com esse tipo de origem
tem uma importância especial quando se trata de edificações que já
possuam um longo tempo de existência, pois pode haver presença de
materiais com tempo de vida já excedido, que não costumam ser
contempladas em planos de manutenção predial.
De acordo com Perez (1988 apud PERES, 2004) as principais manifestações
patológicas causadas por umidade são eflorescência, fungos e descolamento com
35

empolamento. Além destas três, a seguir também serão abordados os problemas


com musgos, limos e vegetação parasitária.

2.2.1.1.1 Eflorescência

Segundo Uemoto (1985 apud PERES, 2004), o termo eflorescência significa a


formação de depósito salino na superfície dos materiais. Normalmente, apenas as
características visuais ficam prejudicadas, mas em alguns casos, os sais
constituintes podem ser agressivos e causar uma degradação mais profunda. Os
aspectos observados com esta ocorrência são manchas de umidade e pó branco
acumulado sobre a superfície (Figura 3). As causas prováveis, que podem atuar
simultaneamente ou não, são: a umidade constante, sais solúveis presentes na
alvenaria, na água de amassamento ou na umidade infiltrada, além da cal não
carbonatada. Peres (2004) salienta que este fenômeno ocorre quando três fatores
se apresentam simultaneamente: o teor de sais solúveis presentes nos materiais ou
componentes, a presença de água e a pressão hidrostática para propiciar a
migração da solução para a superfície.

Figura 3 - Eflorescência em revestimento argamassado com textura de acabamento.

2.2.1.1.2 Fungos

De acordo com Tortora et al. (2005 apud Guerra, 2012), os fungos mais
típicos são popularmente conhecidos como bolores e formam uma massa visível
chamada de micélio, composta de longos filamentos, denominados hifas, que se
ramificam e se expandem. Os bolores obtêm seus alimentos absorvendo soluções
de matéria orgânica de seu ambiente.
36

O estudo de Guerra (2012) envolveu o tema das manifestações patológicas e


suas consequências, dando ênfase aos processos biodegenerativos,
especificamente relacionados aos fungos filamentosos, que são os responsáveis
pelo surgimento do problema popularmente conhecido como bolor. A autora relata
que, de todo o reino dos fungos, este tipo é responsável por causar alterações nas
superfícies dos materiais das edificações, resultando em danos de natureza física,
mecânica e química que interferem na qualidade estética, por meio de manchas nas
superfícies, bem como na conservação dos materiais e na saúde dos ocupantes das
edificações.
A umidade é fator fundamental para o aparecimento dos fungos, que tem seu
desenvolvimento bastante afetado pelas condições ambientais. Esses organismos
dependem de um teor de umidade elevado no material onde se desenvolvem ou
uma umidade relativa bastante elevada no ambiente, acima de 75%. Outro fator
fundamental para o crescimento de fungos é a temperatura. Tais organismos se
desenvolvem entre 10ºC e 35ºC, havendo uma grande variabilidade, mesmo fora
desses limites, dependendo da espécie considerada. Além disso, a composição
química do substrato sobre o qual o esporo se deposita é fundamental para o êxito
da germinação e infecção da superfície (PERES, 2004).
A rugosidade da superfície de materiais é apontada por Guerra (2012) como
influenciadora direta no metabolismo dos fungos filamentosos porque,
frequentemente, eles desenvolvem-se em áreas em que há depósitos de poeira, o
que se torna mais fácil em elementos com esta característica, embora, o
crescimento de fungos também possa ser observado em superfícies lisas. A autora
diz que a rugosidade e a porosidade de materiais de construção são, muitas vezes,
citadas como fator de influência, no entanto, possuem maior influência em relação à
possibilidade de armazenamento de umidade pelo material. Este trabalho também
relacionou a intensidade do crescimento dos fungos aos elementos com
reentrâncias, aos locais com ocorrência de trincas ou descolamento do
revestimento, além dos elementos compostos de matéria orgânica.
Segundo Nascimento e Cincotto (2003), os compostos orgânicos utilizados
como fonte de alimento pelos fungos filamentosos podem ser encontrados em vários
materiais utilizados na construção civil. Alguns sistemas de revestimento podem
servir como fonte direta de nutrientes para os fungos; outros servem apenas como
37

substrato, suportando seu desenvolvimento. A figura 4 mostra um exemplo de


apresentação do bolor em revestimento de fachada.

Figura 4 - Bolor em revestimento argamassado de fachada.

2.2.1.1.3 Descolamento com empolamento

O empolamento consiste na formação de bolhas derivadas da evaporação da


água infiltrada nas alvenarias, e que geralmente antecede o descolamento e a
desagregação do revestimento. Essa anomalia ocorre devido à presença de
umidade que pode levar ao esfarelamento da argamassa, à formação de zonas de
empolamento, e até a desagregação da superfície (PERES, 2004).
Para identificar o empolamento, observa-se que a superfície do reboco
descola do emboço, formando bolhas cujos diâmetros aumentam progressivamente.
Esse reboco apresenta som cavo sob percussão. A causa provável é a hidratação
retardada do óxido de magnésio da cal (CINCOTTO, 1976 apud PERES, 2004). Esta
manifestação patológica ocorre no exemplo da figura 5.

Figura 5 - Descolamento com empolamento em revestimento argamassado com pintura.


38

O descolamento da película de tinta pode ser ocasionado pelo empolamento.


A manifestação, denominada vesícula, possui aspectos de empolamento da pintura
apresentando as partes internas das empolas nas cores branca, preta e vermelho
acastanhado, além de bolhas contendo umidade no interior (Figura 6).
Apresentando-se como causas prováveis a hidratação retardada do óxido de cálcio
da cal, a presença de pirita, de matéria orgânica ou concreções ferruginosas na
areia, aplicação prematura de tinta impermeável e infiltração de umidade
(CINCOTTO, 1976 apud PERES, 2004).

Figura 6 - Vesícula em revestimento argamassado com textura de acabamento.

2.2.1.1.4 Musgos, limos e vegetação parasitária

Oliveira e Azevedo (1994) informam que os musgos são vegetais clorofilados


de pequeno porte que se desenvolvem em superfícies úmidas, assemelhando-se a
um tapete aveludado, absorvendo água através de formações análogas às raízes,
com as quais se fixam no substrato.
Quantos aos limos, os autores conceituam como sendo formações que
precedem os musgos. São algas que se desenvolvem na água doce ou ambientes
muito úmidos. As figuras 7 e 8 mostram respectivamente a ocorrência de limos e
musgos em fachadas.
39

Figura 7 – Limo na parte inferior da fachada.

Figura 8 – Musgos no peitoril da esquadria.

De acordo com Garcez (2009), a anomalia de desenvolvimento de vegetação


parasitária/colonização biológica está diretamente relacionada com a acumulação de
detritos e condições de umidade favoráveis ao desenvolvimento de micro-
organismos biológicos e de vegetação de maior porte (Figura 9).

Figura 9 – Vegetações parasitárias.


40

2.2.1.2 Fissuras e trincas

Segundo Peres (2004), fissuras e trincas são pequenas aberturas que podem
surgir tanto na estrutura como nos revestimentos de uma edificação. Em geral,
considera-se fissura a abertura até 0,5 mm de espessura e trincas aquelas que
variam de 0,5 a 1,5 mm de espessura.
Já Zanni (2008), define trinca como toda a fragmentação produzida em um
elemento com característica estrutural, que o divide em duas ou mais partes e
fissura como toda fragmentação produzida em um elemento não estrutural.
Entre as diversas manifestações patológicas apresentadas nas edificações,
Thomaz (1989 apud LANNES, 2011) destaca as fissuras como sendo a mais
importante devido a três aspectos: o aviso de algum problema sério na estrutura, o
comprometimento do desempenho da obra em serviço e o constrangimento
psicológico que a fissuração exerce sobre seus usuários.
Azevedo e Guerra (2009) informam que nos casos de ocorrência de fissuras,
trincas e rachaduras, é fundamental caracterizar sua natureza, ou seja, determinar
se elas são ativas (vivas), ou inativas (mortas), mais precisamente, se a abertura
delas varia ou permanece constante ao longo do tempo. Para estes autores as
causas possíveis envolvem algum tipo de movimentação, seja do edifício em geral,
entre elementos e/ou componentes construtivos que geram nos materiais tensões,
geralmente de tração e, em alguns casos, cisalhamento. As causas mais frequentes
citadas por eles são: movimentação das fundações; movimentação higrotérmica;
movimentação por sobrecarga; movimentação por deformação excessiva da
estrutura; movimentação por retração de produtos à base de cimento; movimentação
por reação química dos materiais; dentre outras (vibrações naturais ou artificiais,
impactos acidentais etc.).
Torres (2013) classifica as fissuras segundo a forma e direção:
a) segundo a forma: isoladas; disseminadas/mapeadas (em forma de rede de
fissuras) como mostrado na figura 10;
41

Figura 10 – Fissuração mapeada em revestimento de fachada.

b) segundo a direção: vertical (Figura 11); horizontal (Figura 11); diagonal


(inclinada) (Figura 12).

Figura 11 – Fissuras horizontais e verticais em revestimento de fachada.

Figura 12 – Fissura inclinada em revestimento de fachada.


42

De acordo com Caporrino (2015), a alvenaria estrutural é projetada para


resistir à atuação de cargas verticais provenientes de seu peso próprio e cargas dos
demais elementos estruturais nela apoiados. O surgimento de fissuras neste tipo de
alvenaria pode ser resultante de solicitações de cargas verticais uniformemente
distribuídas, de forma parecida com as que ocorrem em alvenarias não estruturais;
aparecendo na direção vertical em trechos contínuos de alvenaria e de forma
inclinada em trechos com aberturas, desenvolvendo-se a partir dos vértices das
mesmas, onde existem concentrações de tensões de tração. Em casos de atuação
de carga vertical concentrada, esta autora informa que surgem fissuras,
predominantemente desenvolvidas na diagonal, a partir da base da aplicação da
carga e dos vértices das aberturas. A principal causa possível para os casos
apresentados é aplicação de uma carga maior do que a alvenaria estrutural pode
suportar.
Fissuras horizontais em alvenaria estrutural podem ocorrer por esmagamento
da argamassa ou ruptura de blocos vazados. Este tipo de fissura pode surgir
também quando as alvenarias estão submetidas à flexo-compressão, como, por
exemplo, por solicitação de lajes (CAPORRINO, 2015).
Recalques diferenciados de fundações podem causar fissuras inclinadas,
conforme Caporrino (2015). Segundo a autora, estes recalques podem ser
provenientes de falhas de projeto, rebaixamento do lençol freático, camadas de solo
com resistências diferentes ao longo da edificação, consolidação diferenciada de
aterros, influência de edificações vizinhas, escavações, vibrações, entre outros
motivos.
Alvenarias estruturais apoiadas em elementos de fundação excessivamente
flexíveis, sapatas corridas, radiers ou vigas baldrames, podem apresentar fissuração
devido aos carregamentos desbalanceados. Caporrino (2015) cita como exemplo as
solicitações que se concentram nas vizinhanças de grandes aberturas na alvenaria.
O trecho de alvenaria sob o vão é solicitado à flexo-compressão e as fissuras
desenvolvem na vertical nas proximidades do peitoril. A principal causa apontada é o
dimensionamento inadequado de fundações.
Fissuras por movimentação higroscópica podem aparecer nas primeiras
fiadas da alvenaria acima do solo, pois estas estão sujeitas à umidade do solo por
capilaridade, respingos, etc. A absorção da água causa expansão nas alvenarias e a
perda da água, contração. Estas fissuras desenvolvem-se, predominantemente, na
43

horizontal e ocorrem principalmente nas regiões de encontro entre componentes


distintos, argamassa e bloco (CAPORRINO, 2015).
Segundo Caporrino (2015), a retração de secagem das lajes de concreto
armado, principalmente quando de grandes vãos e sujeitas à forte insolação, pode
causar fissuração nas alvenarias, devido ao encurtamento da laje que provoca a
rotação das fiadas próximas à mesma. Estas fissuras desenvolvem-se,
predominantemente, na horizontal e na região acima das aberturas. As principais
causas possíveis são: falta de proteção térmica durante a cura do concreto; falta de
proteção térmica da cobertura; excesso de aditivo no concreto e ligação inadequada
entre laje e alvenaria estrutural.
Fissuras horizontais nos revestimentos possuem como principais causas
prováveis, atuando com ou sem simultaneidade: a expansão da argamassa de
assentamento por hidratação retardada do óxido de magnésio da cal; a expansão da
argamassa de assentamento por reação cimento-sulfatos ou devido à presença de
argilo-minerais expansivos no agregado.
Quanto às fissuras mapeadas, Caporrino (2015) aponta como principal causa
possível a retração da argamassa base, decorrente do excesso de finos no traço, ou
seja, argamassa rica.

2.2.1.3 Descolamento de revestimento

A separação de uma ou mais camadas dos revestimentos de argamassa, com


extensão variável podendo abranger a totalidade da alvenaria, é o conceito dado por
Bauer (1997) para descolamento.
Ioshimoto (1994 apud PERES, 2001) indica que este tipo de manifestação
patológica pode ser consequência de:
a) movimentação da estrutura: movimento da estrutura de concreto armado,
metálica, de madeira e etc.;
b) deficiência do material empregado: o material apresenta desempenho em
desconformidade com a especificação técnica. Por exemplo, um
revestimento de madeira não totalmente seca;
c) falta de aderência: materiais que não promovem a aderência com a
superfície de contato ou foram aplicados de maneira errada. Por exemplo,
revestimento cerâmico com tardoz muito liso;
44

d) ação de intempéries e agentes agressivos: ações de águas de limpeza e


chuvas ácidas, por exemplo;
e) expansão do revestimento: devido ao empolamento da argamassa.
O descolamento de revestimento pode ocorrer em placas, com pulverulência
ou com descascamento da pintura.
Para Bauer (1997) o descolamento em placas é uma deficiência de aderência
entre camadas de argamassa ou das mesmas com a base (Figura 13). Cincotto
(1988) afirma que sob percussão o revestimento que sofre descolamento em placas
apresenta som cavo.

Figura 13 – Descolamento em placas.

Bauer (1997) e Cincotto (1988) apontam como causas prováveis para a


ocorrência do descolamento em placas: superfície apresenta placas frequentes de
mica; argamassa com excesso de cimento; argamassa magra; argamassa em
espessura excessiva; superfície da base muito lisa; superfície da base contaminada
com substâncias hidrófugas; ausência de camada de chapisco; molhagem deficiente
da base, comprometendo a hidratação do cimento da argamassa; chapisco
preparado com areia fina; acabamento superficial inadequado de camada
intermediária; aplicação de camadas de argamassas com resistência inadequadas
interpostas (segundo a NBR 7200 (ABNT, 1998) a resistência deve ser reduzida da
base para o material de acabamento).
De acordo com Bauer (1997), o descolamento com pulverulência é a
desagregação do revestimento, tendo como consequência o esfarelamento da
argamassa ao ser pressionada manualmente. Para Cincotto (1988), o problema
45

ocorre quando a película de tinta descola arrastando o reboco e desagregando-se


facilmente. A figura 14 exemplifica este tipo de descolamento.

Figura 14 – Descolamento com pulverulência.

Segundo Cincotto (1988), as causas mais prováveis para a ocorrência do


fenômeno são excesso de finos no agregado; traço pobre em aglomerantes; traço
excessivamente rico em cal; ausência de carbonatação da cal; reboco com
espessura excessiva.
Outras causas são apontadas por Bauer (1997), tais como emprego de
adições substitutas da cal hidratada, sem propriedades de aglomerante; hidratação
inadequada da fração cimento da argamassa, argamassa utilizada após prazo de
utilização; tempo de estocagem ou estocagem inadequada, comprometendo a
qualidade da argamassa; emprego de argamassa contendo cimento e adição de
gesso.
Segundo Cincotto (1983, apud PERES, 2001) o descascamento da pintura
pode manifestar-se de três formas: perda de aderência da película; pulverulência ou
descolamentos, com posterior perda de aderência; escamação da película.
O mesmo autor atribui várias causas ao problema de descascamento de
pintura, além do descolamento do revestimento: preparo inadequado do substrato ou
ausência de preparação; aplicação em substrato instável; aplicação em base úmida;
tinta com baixa resistência a álcalis aplicada sobre substrato úmido e alcalino
havendo perda de aderência, sinais de pulverulências e manchas de umidade;
aplicação de tinta que forme película impermeável, em base úmida. A figura 15
mostra um exemplo de descascamento de pintura.
46

Figura 15 – Descascamento de pintura.

2.2.1.4 Sujidade

Algumas alterações nos revestimentos de fachadas são proporcionadas pelos


agentes atmosféricos, pelo vandalismo e pelo uso inadequado das edificações
(Figura 16). Sendo a poluição atmosférica e as pichações agentes externos que
comumente promovem o aparecimento de sujidades, causando prejuízos na estética
de fachadas e/ou deterioração dos revestimentos.

Figura 16 – Sujidade avermelhada na parede, decorrente de uso inadequado (corte de materiais


cerâmicos perto das fachadas).

Segundo Resende (2004), a poluição atmosférica pode ser considerada como


uma das principais responsáveis pela causa das sujidades presentes nas fachadas
dos edifícios, principalmente nas grandes metrópoles e centros industriais.
De acordo com Bauer (1997), é muito comum nas médias e grandes cidades
o recobrimento dos revestimentos externos de edificações por pó, fuligem e
partículas contaminantes. Este autor informa que em alguns casos a partícula pode
ser facilmente varrida por um simples vento e em outros acontece uma verdadeira
47

aglutinação, cuja eliminação pode ocorrer exclusivamente por meios de limpeza


mecânica. Este autor cita alguns fatores que influenciam o manchamento das
fachadas das edificações: vento; chuva direta; chuva escorrida; temperatura;
porosidade do material de revestimento; textura superficial; formas da fachada e cor
dos materiais.
Carvalho (2014) menciona que os materiais particulados advindos da
contaminação atmosférica, por meio da ação do vento, são fixados sobre superfícies
úmidas, permanecendo nela após a evaporação da água, proporcionando o
surgimento de sujidades.
As sujidades também favorecem o aparecimento de outras manifestações
patológicas, como vegetação parasitária e fungos. Conforme Carvalho (2014), a
vegetação desenvolve-se em superfícies com acúmulo de sujidades ou material
orgânico. Guerra (2012) informa que a presença de impurezas no substrato
disponibiliza nutrientes que facilitam a ocorrência de processos de biodeterioração.
Allsopp et al. (2010 apud GUERRA, 2012) classificam a sujidade como um
processo de biodeterioração estética. Estes autores falam que os fungos podem ser
encontrados crescendo, devido à sujeira e detritos presentes nas superfícies,
resultando em uma aparência geralmente desagradável.
Guerra (2012) aponta para a necessidade de remoção de partículas de sujeira
que possam servir de meio nutricional para o crescimento dos fungos e outros micro-
organismos. A autora alerta também para a priorização da limpeza, evitando
acúmulo de sujeira, nas partes rugosas, irregulares, em elementos compondo
reentrâncias e em todos os pontos onde possa haver maior retenção de sujeira e
umidade.

2.3 Avaliação pós-ocupação

Roméro e Ornstein (2003) definem Avaliação Pós-Ocupação (APO) como


uma série de métodos e técnicas que diagnosticam fatores positivos e negativos do
ambiente no decorrer do uso, a partir da análise de fatores socioeconômicos, de
infraestrutura e superestrutura urbanas dos sistemas construtivos, conforto
ambiental, conservação de energia, fatores estéticos, funcionais e comportamentais,
levando em consideração o ponto de vista dos próprios avaliadores, projetistas e
clientes, e também dos usuários. Estes autores, também salientam a relevância de
48

APO no caso de programas de interesse social, tais como os conjuntos


habitacionais, nos quais, no caso brasileiro, nas últimas décadas, têm-se adotado
soluções urbanísticas, arquitetônicas e construtivas repetitivas em larga escala, para
atender uma população, via de regra, muito heterogênea, cujo repertório cultural,
hábitos, atitudes e crenças são bastante distintos. Lembrando, também, da distinção
ainda maior entre a realidade da vida dos projetistas e dos usuários.
Para Preiser, Rabinowitz e White (1998 apud VILLA, 2008), a APO define-se
como processo rigoroso e sistematizado de avaliação do ambiente construído após
certo tempo de uso. Tanto as avaliações de cunho técnico com as avaliações de
cunho comportamental seguem metodologia rigorosa para alcançar os objetivos
propostos envolvendo estudos de áreas não somente relacionadas à arquitetura e
engenharia como de ciências sociais reconhecidas, que dão validade e
confiabilidade às pesquisas de APO.
Concordando com os últimos autores, Rheingantz et al. (2009) destacam o
nível de rigor e sistematização da avaliação de desempenho do ambiente
construído, conceituando APO como um processo interativo que acontece passado
algum tempo de sua construção e ocupação. Focaliza os ocupantes e suas
necessidades para avaliar a influência e a consequência das decisões projetuais no
desempenho do ambiente considerado, especialmente aqueles relacionados com a
percepção e uso por partes dos diferentes grupos de atores ou agentes envolvidos.
A avaliação pós-ocupação pode ser considerada como realimentadora
das decisões tomadas durante todas as etapas do processo produtivo e de uso do
ambiente construído, através de recomendações que direcionem para a promoção
da qualidade e durabilidade das edificações e resultando em um maior nível de
satisfação dos usuários.
As etapas de planejamento, projeto, fabricação de materiais de componentes,
construção/execução e uso/operação/manutenção compreendem o processo que
resulta no ambiente construído. O esquema interativo, que envolve a APO e todas
as etapas citadas, é apresentado na figura 17.
49

Figura 17 – Esquema da APO


Fonte: ORNSTEIN e ROMÉRO, 2003.

A etapa de uso, operação e manutenção é a mais longa, e neste período de


interação do usuário com o ambiente ocorrem experiências que geram satisfação ou
insatisfação. Para Cintra (2001), a avaliação que observa a opinião dos usuários
disponibiliza maiores informações sobre o comportamento do edifício em uso, os
aspectos positivos e negativos e consequentemente o grau de satisfação dos
mesmos. Neste sentido, a avaliação de desempenho de um edifício que não
considera o parecer de seus ocupantes torna-se uma mera avaliação de
desempenho tradicional.
Com base no exposto acima, fica evidente que por intermédio das técnicas e
métodos de APO é possível verificar os níveis de satisfação dos usuários e de
desempenho do edifício e consequentemente a qualidade do mesmo. Utilizando-se
do levantamento físico do ambiente em uso, considerando a avaliação de
especialistas e a observação dos usuários envolvidos com a edificação, busca-se
correlacionar o levantamento técnico com a opinião dos usuários, no que passa a
ser um diagnóstico comum.
Portanto, independentemente do ambiente a ser analisado e do tipo de APO,
predomina a adoção do fluxograma básico (Figura 18) apresentado por Ornstein,
Gilda e Roméro (1995 apud PORTO, 2011), com a etapa de diagnóstico tendo como
base de dados a avaliação efetuada pela equipe técnica e a opinião expressa dos
usuários envolvidos com o estudo de caso.
50

Figura 18 – Fluxograma básico da APO


Fonte: ORNSTEIN, GILDA e ROMÉRO, 1995 apud PORTO, 2011.

Preiser, Rabinowitz e White (1998 apud VILLA, 2008) relacionam as


vantagens que a aplicação de APO aufere ao ambiente em curto, médio e longo
prazo:
a) vantagens a curto prazo: identificação da solução dos problemas nos
equipamentos; melhoria na utilização do espaço e consequentemente no
desempenho do edifício; entendimento das implicações dos cortes
orçamentários sobre o desempenho do edifício; melhoria no entendimento
sobre as consequências de projeto;
b) vantagens a médio prazo: a significativa economia de custos na
construção do edifício bem como através de seu ciclo de vida; facilidade
para adaptação de equipamentos visando mudanças organizacionais e
ampliação ao longo do tempo que incluem a reciclagem de equipamentos
para novos usos; responsabilidade sobre o desempenho do edifício pelos
profissionais de projetos e proprietários;
c) vantagens a longo prazo: melhorias de longo prazo no desempenho do
edifício; melhoria nos bancos de dados que alimentam os projetos;
critérios e literatura de referência; melhoria na mensuração de
desempenho dos edifícios através da quantificação.
Segundo Preise et al. (1988 apud SALVATI, 2011) três níveis de APO
podem ser estabelecidos em função dos objetivos da pesquisa e do tempo
necessário para as avaliações:
a) APO indicativa ou de curto prazo: indica os principais pontos positivos e
negativos do ambiente analisado, através de visitas exploratórias e
entrevistas com usuários-chaves;
51

b) APO investigativa ou de médio prazo: acresce-se ao nível anterior a


explicação de critérios referenciados de desempenho;
c) APO diagnóstica ou de longo prazo: define detalhadamente os critérios de
desempenho, utiliza técnicas sofisticadas de medidas, correlacionando
avaliações físicas com respostas dos usuários de determinados
ambientes.

2.3.1 Métodos e técnicas de avaliação pós-ocupação

Os métodos utilizados para levantamento de campo podem ser resumidos em


quatro principais: observações, entrevistas, questionários e levantamentos físicos
(medições). O que varia grandemente são as técnicas, isto é, as ferramentas
disponíveis para a aplicação dos métodos e registro das informações (LAY e REIS,
2005).
A maneira mais eficaz de uma APO corresponder à investigação de uma
problemática e alcançar os objetivos da pesquisa para o ambiente selecionado é
realizada por meio da utilização simultânea de vários métodos e técnicas que irão
proporcionar a confiabilidade, credibilidade e validade dos resultados e qualidade
das pesquisas. A importância da utilização de múltiplos métodos na avaliação
ambiente/comportamento advém da situação de que todos os métodos possuem
pontos fortes e fracos e sua aplicação depende essencialmente do tipo de pesquisa
aplicada, para contrabalancear os desvios e tendências de cada método sobre a
mesma (LAY e REIS, 2005).
Com esta mesma compreensão, Ornstein, Bruna e Roméro (1995 apud
PORTO, 2011) afirmam que os múltiplos métodos e técnicas disponíveis nas
pesquisas de avaliação da relação entre o ambiente e o comportamento humano
(RACs), podem ser aplicados conjuntamente e propiciam resultados mais realistas
do ambiente avaliado, pois o pesquisador dispõe de várias bases para análise,
interpretação e compreensão do espaço criado.
Os métodos utilizados na avaliação do ambiente-comportamento podem ser
classificados em quantitativos e qualitativos. Segundo Lay e Reis (2005 apud VILLA,
2008), os quantitativos investigam uma maior variedade de fenômenos e
determinam a confiabilidade das medidas adotadas, possibilitando a generalização
dos resultados. Já os qualitativos, focalizam a determinação de validade da
52

investigação através da possibilidade de confronto proporcionado entre a situação


real e em estudo e a descrição, compreensão e interpretação da situação específica
feita pelo pesquisador.
Ainda quanto à diferenciação entre os métodos quantitativos e qualitativos de
pesquisa, Wilson (2003) escreve que a profundidade das análises de situações e
suas percepções são mais apropriadamente empreendidas através de estudo de
caso do que em estudos de amostras.
Dentre os métodos aplicados para avaliar o desempenho do ambiente
construído e sua relação com o comportamento do usuário, de forma a propiciar um
ambiente que corresponda às suas expectativas, serão destacados dois métodos
que são de interesse desta pesquisa: walkthrough e entrevista.

2.3.1.1 Walkthrough

Walkthrough é uma palavra da língua inglesa que pode ser traduzida como
passeio, entrevista acompanhado. Rheingantz et al. (2009) define como um método
de análise que combina simultaneamente uma observação com uma entrevista,
sendo muito utilizado na avaliação de desempenho do ambiente construído e na
programação arquitetônica. De acordo com estes autores, este percurso dialogado
complementado por fotografias, croquis gerais e gravação de áudio e de vídeo,
dentre outras técnicas de registro, possibilita que os observadores se familiarizem
com a edificação, com sua construção, com seu estado de conservação e com seus
usos e façam uma identificação descritiva dos aspectos negativos e positivos dos
ambientes analisados.
De acordo com Brill et al. (1985 apud RHEINGANTZ et al., 2009), quando o
método é utilizado em sua forma mais estruturada, são utilizados dois tipos de
grupos:
a) grupos de tarefas: compostos pelos líderes de grupo que planejam,
conduzem e relatam o processo de walkthrough. Durante a walkthrough,
um membro conduz o trajeto e faz perguntas geradoras de comentários.
Um segundo membro registra os comentários e notas, bem como onde
cada problema se localiza. O terceiro fica responsável pelas fotografias e
pela ordenação e registro dos comentários;
53

b) grupos de participantes: cada um tem funções e interesses diversos com


relação ao edifício, à sua operação e uso. Os grupos de participantes mais
comuns são formados por gerentes, funcionários, visitantes, pessoal de
manutenção e de reparo, pessoal de segurança, projetistas, de
proprietários e administradores do edifício.

Em outra abordagem, Baird et al. (1985 apud RHEINGANTZ et al., 2009)


subdivide a tarefa em quatro procedimentos que, podem ser aplicados em conjunto
ou não:
a) walkthrough geral: utiliza o próprio ambiente físico como estímulo para
auxiliar os respondentes a articularem suas reações a este ambiente e
serve de base para construção de questionários ou outros tipos de
observações mais específicas;
b) walkthrough de auditoria de energia: tem como propósito específico
avaliar o desempenho energético e identificar oportunidades para o
gerenciamento e a conservação de energia;
c) walkthrough de especialistas: é composto por um grupo de especialistas
designados a examinar um conjunto determinado de aspectos de um
ambiente ou edifício. Geralmente são utilizados check-lists e entrevistas
com os usuários no próprio local;
d) passeio walkthrough: é a modalidade que se baseia no uso do ambiente
físico como elemento capaz de ajudar os pesquisadores e usuários na
articulação de suas reações e sensações em relação ao ambiente ou
edifício analisado.

2.3.1.2 Entrevista

A entrevista pode ser definida como relato verbal ou conversação com um


determinado objetivo (BINGHAM; MOORE e SOMMER, 1997 apud RHEINGANTZ et
al., 2009). Segundo Zeisel (1981 apud RHEINGANTZ et al., 2009) a entrevista gera
um conjunto de informações sobre o que as pessoas pensam, sentem, fazem,
conhecem, acreditam e esperam, especialmente quando devidamente encorajadas
pela manifestação de interesse do entrevistador.
Para Lakatos e Marconi (1991), em geral, os objetivos de uma entrevista são:
averiguar fatos; determinar opiniões sobre os fatos; determinar sentimentos;
54

descobrir planos de ação; conhecer conduta atual ou do passado; reconhecer


motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas ou condutas.
A entrevista aprofunda as informações levantadas em outros trabalhos de
campo no ambiente em análise, coletando dados que ficaram ocultos ou
simplesmente, preenchendo lacunas nas informações. Existem, basicamente, três
tipos de entrevista: estruturada, semi-estruturada ou não estruturada. Sem prejuízo
desta classificação, elas podem assumir a forma de painel (repetição periódica de
perguntas a um mesmo grupo de pessoas) ou ainda, serem aplicadas por telefone
(RHEINGANTZ et al., 2009). A seguir são apresentadas descrições destes três tipos
de entrevistas:
a) entrevista estruturada ou padronizada: é aquela onde o entrevistador
segue um roteiro previamente programado e impresso em um formulário.
Esta modalidade se assemelha a um questionário, do qual se diferencia,
basicamente, pelo procedimento de resposta. Enquanto o questionário é
distribuído para ser respondido sem a presença do entrevistador, na
entrevista o questionário serve de roteiro da conversação;
b) entrevista semi-estruturada: os entrevistadores podem preparar apenas
um roteiro ou esquema básico, ou ainda um mesmo conjunto de perguntas
que não são necessariamente aplicadas em uma mesma ordem
sequencial. Selltiz et al. (1987 apud RHEINGANTZ et al., 2009) dizem que
elas podem ser do tipo focalizada ou clínica:
- em uma entrevista focalizada a principal função do entrevistador é
focalizar a atenção em uma determinada experiência e seus efeitos,
quando os aspectos da questão a serem abordados são previamente
conhecidos ou definidos. A lista ou roteiro de tópicos e aspectos são
derivados da formulação do problema da pesquisa. A maneira da
abordagem e o tempo de duração das questões são deixados a critério
do entrevistador. E ele também tem liberdade de explorar as razões e
os motivos e conduzir para direções que não estavam programadas.
Esta modalidade de entrevista tem sido utilizada nos procedimentos
em campo onde seja necessário verificar uma hipótese de pesquisa
construída previamente, tendo como objetivo investigar quais os
aspectos que uma experiência específica traz para as mudanças nas
atitudes e valores daqueles que dela participaram;
55

- a entrevista clínica remete mais aos sentimentos ou motivações


subjacentes, ou às experiências no decorrer da vida de um
respondente ou aos efeitos de uma experiência específica. O
entrevistador é encarregado de aflorar a informação nos relatos do
entrevistado;
c) entrevistas não estruturadas ou não dirigidas: são indicadas para
pesquisas mais aprofundadas sobre percepção, atitudes e motivações. A
sua flexibilidade permite que o entrevistado se expresse em detalhes
quanto ao assunto da entrevista, bem como contextos sociais e pessoais
de crenças e sentimentos. A iniciativa está muito mais nas mãos do
entrevistado, que para eficácia da pesquisa precisa apresentar respostas
espontâneas e não forçadas, altamente específicas e concretas, sendo
pessoais e auto reveladoras.
Segundo Selltiz et al. (1987 apud RHEINGANTZ et al., 2009), a principal
vantagem da entrevista em relação ao questionário, é que quase sempre produz
uma amostra melhor da população envolvida. Enquanto em um questionário o
retorno é da ordem de 10 a 15%, em uma entrevista ele pode chegar a 70 ou 80%.
Os motivos apresentados para esta preferência é que as pessoas são mais
dispostas a cooperar num estudo onde tudo o que ela tem a fazer é falar com
pessoas amigáveis e que estejam interessadas naquilo que pensam. Lüdke e André
(1986 apud RHEINGANTZ et al., 2009) reconhecem a entrevista como uma das
principais ferramentas de trabalho nas pesquisas com abordagem qualitativa.
As entrevistas com usuários-chave são técnicas muito utilizadas nas
avaliações do ambiente construído, pois através delas são obtidas informações
relacionadas com os projetos, construções, uso, operação e manutenção do
ambiente em estudo (ORNSTEIN e ROMÉRO, 1992).
Os mais diversos métodos e técnicas de APO têm sido utilizados nas
pesquisas que visam diagnosticar e disponibilizar informações que evitem
manifestações patológicas, principalmente em HIS, que se sabe da dificuldade de
verbas para manutenções e/ou conservação.

2.4 Habitações de interesse social x Manifestações patológicas x


Avaliação pós-ocupação
56

Vários estudos sobre a incidência de manifestações patológicas em HIS têm


sido desenvolvidos nos programas de pós-graduação ligados à arquitetura e à
engenharia civil. O interesse na qualidade e durabilidade das construções, bem
como, na satisfação dos usuários, tem motivado o desenvolvimento de trabalhos que
avaliam o ambiente construído, verificando seu desempenho através das
ferramentas disponibilizadas pela APO.
No intuito de contribuir para o planejamento dos espaços abertos de
empreendimentos habitacionais de interesse social, Chiarelli (2006) formulou
recomendações dirigidas para a Caixa Econômica Federal e agentes construtores. A
pesquisa teve como objeto de estudo o PAR Laçador. A investigação foi conduzida
por um estudo de caso através de uma APO, sendo o trabalho de campo
desenvolvido através de um levantamento amostral em forma de questionário e de
uma avaliação técnica. A utilização de uma alternativa metodológica baseada na
análise de conflitos permitiu a identificação de conflitos reveladores de fenômenos
não satisfeitos e elementos arquitetônicos inexistentes ou inadequados, conduzindo
a recomendações de projeto no sentido de qualificar os espaços abertos.
Coswig (2011) abordou o tema da segurança, tendo como estudos de caso
quatro residenciais: Porto, Solar das Palmeiras, Querência e Charqueadas,
edificados pelo PAR entre 2004 e 2008, apresentando três tipologias distintas: 2, 4 e
5 pavimentos. Foram realizados levantamentos que utilizaram métodos e técnicas
da APO e buscou-se apontar o grau de satisfação com a segurança percebido pelos
moradores e as soluções de aparatos de segurança adotadas após a entrega do
conjunto.
Curcio (2011) avaliou o desempenho termoenergético de quatro conjuntos
tipo PAR executados com diferentes sistemas construtivos, são eles: Solar das
Palmeiras, Regente, Porto e Marcílio Dias. Foram realizadas medições de
temperatura do ar e umidade relativa em cinco apartamentos em períodos de verão
e inverno. A autora observou que na maioria dos apartamentos não foram utilizadas
estratégias de condicionamento térmico passivo, o que poderia elevar o
desempenho térmico das habitações sem aumentos significativos nos custos de
execução, se os projetos executados fossem mais qualificados.
Já Brito (2009) propôs uma estrutura de coleta, processamento e análise de
reclamações efetuadas na etapa de uso para auxiliar a tomada de decisão do
processo de desenvolvimento de produto. Foram analisados arquivos de
57

reclamações de usuários de 42 empreendimentos do tipo PAR no Rio Grande do


Sul, os quais foram executados por 21 construtoras.
Vários estudos realizados focam nas manifestações patológicas incidentes
em empreendimentos destinados para a população de baixa renda e executados
com a utilização de novos processos construtivos. Entre os objetivos gerais dos
trabalhos destaca-se a intenção de estabelecer critérios e diretrizes que possam
melhorar a qualidade das HIS.
Neto (2005) diz que ao buscar trabalhos sobre levantamento de
manifestações patológicas, verifica-se que há estudos dedicados a determinados
tipos de estruturas, como pontes e viadutos, a elementos específicos da construção,
como estrutura de concreto armado e revestimentos, aos efeitos da ação do
ambiente na construção e trabalhos dedicados ao levantamento de dados relativos à
edificação como um todo; sendo este último normalmente ligado a obras públicas
destinadas às populações de baixa renda ou a unidades escolares. A explicação que
o referido autor elege para isto é o fato de que são construções com características
que se prestam à análise, como: grande quantidade de unidades a serem avaliadas,
tendência a serem pioneiras no uso de novas tecnologias, maior facilidade de
acesso para execução dos estudos e, também por haver interesse do setor público
em analisar e buscar soluções para os problemas que surgem nestas obras. Isto
acontece porque, quando ocorrem problemas, seu número é diretamente
proporcional à quantidade de unidades construídas, podendo resultar na
necessidade de reparação de centenas de construções.
Segundo Dal Molim (1988 apud NETO, 2005), entre 1970 e 1974 o BRAS –
Building Research Advisory Service, do Reino Unido, analisou 500 edificações com
problemas. Depois, em 1976, o CSTC – Centre Scientifique et Technique de La
Construción, da Bélgica, realizou um estudo de 1200 edificações que apresentavam
anomalias. Em ambos, as manifestações mais frequentes estavam ligadas à
presença de umidade, trincas e fissuras e descolamentos de revestimentos. A
mesma autora informa que até 1988 só havia registro de um levantamento realizado
no Brasil, pelo Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo (IPT- SP),
em conjuntos habitacionais construídos no interior de São Paulo. De lá para cá
diversos pesquisadores realizaram trabalhos relevantes neste sentido.
Antunes (2011) realizou uma análise de manifestações patológicas em
edifícios de alvenaria estrutural com blocos cerâmicos em empreendimentos de
58

interesse social do estado de Santa Catarina. Os estudos de casos se


desenvolveram em sete conjuntos residenciais pertencentes ao PAR, localizados
nas cidades de Criciúma, Joinville e Jaraguá do Sul. De acordo com a pesquisa, os
problemas mais comuns a essas edificações são as fissuras e as manchas de
umidade e 83,3% das manifestações patológicas verificadas deve-se a erros ou
deficiências na fase de projeto. A autora conclui que para melhorar a qualidade das
futuras HIS a Caixa Econômica Federal deveria rever seu sistema de aprovação de
financiamentos e controle dos projetos e execução. Isso, porque os problemas mais
assíduos possuem métodos preventivos e soluções bem “conhecidas”, sendo
necessário ter quem exija e mantenha o controle de que essas ações realmente
sejam colocadas em prática.
Alexandre (2008) também focou nas manifestações patológicas de HIS
executados em alvenaria estrutural. O objetivo principal do autor foi analisar as
relações causa e efeito entre fissuras de empreendimentos do PAR e Imóvel em
Planta (IP). Através da pesquisa foi sistematizado um conjunto de recomendações
técnicas e de boas práticas que podem ser disseminadas.
Tendo também como objeto de estudo edificações do PAR, as anomalias
típicas que ocorrem na interface esquadria/alvenaria e seu entorno foram analisadas
por Moch (2009). De forma geral, verificou-se que a incidência de manifestações nas
faces externas foi aproximadamente 34,6% superior às faces internas. A região com
maior número de incidências, nesse sistema construtivo, foi a de entorno às
esquadrias, e a fissura foi o tipo de manifestação com maior incidência seguida pela
umidade generalizada.
Um estudo levantou dados sobre as manifestações patológicas apresentadas
nas fachadas externas de trezentos sobrados edificados de forma geminada em um
conjunto habitacional popular na cidade de Caxias do Sul (RS). Os resultados desta
pesquisa de Segat (2005), focada no revestimento de argamassa, revelaram que as
fissuras disseminadas apresentam maior frequência e quantidade de ocorrência.
Um trabalho de análise e mapeamento das manifestações patológicas
vistoriadas pela seguradora em imóveis financiados pela Caixa Econômica Federal
no Rio Grande do Sul em 1999 e 2000 foi realizado por Medeiros (2004). Os
resultados mostraram que destelhamento, fissuras/trincas/rachaduras, infiltrações e
umidade foram os principais problemas registrados. Os mesmos ocorreram em sua
maioria em casas e apartamentos de padrão construtivo normal e baixo, com idades
59

entre 0 e 24 anos. Verificou-se também que as regiões do estado mais atingidas são
a Metropolitana, Sul e Vale do Rio dos Sinos. O estudo contribuiu para que a Caixa
Econômica Federal estabeleça regras quanto à qualidade do material e técnicas
construtivas a serem empregadas na construção e aquisição de novos imóveis
através de financiamento, garantindo seu desempenho ao longo do tempo.
Resende (2004) destacou a importância da fachada para o edifício, uma vez
que ela constitui a fronteira entre o ambiente interno e externo e possuem funções
relacionadas à estética e à habitabilidade (proteção térmica, acústica,
estanqueidade, segurança estrutural, etc.).
Os revestimentos tradicionalmente utilizados nas fachadas de edificações são
os argamassados, cerâmicos e pétreos. Nas habitações direcionadas à população
de baixa renda os revestimentos externos são predominantemente executados em
argamassa.
Silva (2007) analisou as manifestações patológicas que interferem nos
revestimentos argamassados das fachadas de três edifícios residenciais com
múltiplos pavimentos, executados com sistemas construtivos convencionais em
Florianópolis/SC. O trabalho buscou demonstrar que as manifestações patológicas
encontradas não estão somente vinculadas à qualidade do reboco, mas, sobretudo,
às falhas de projeto e de execução, bem como à falta de manutenção nos sistemas
estruturais e em elementos construtivos, tais como calhas, lajes de cobertura,
pingadeiras, box de banheiros e paredes externas.
A degradação das fachadas de conjuntos habitacionais foi o tema do estudo
de Braga (2010). Os três conjuntos analisados em seus estudos são
empreendimentos da prefeitura da cidade do Recife/PE e possuem quatro
pavimentos. Foram observadas manifestações patológicas relativas ao uso da
pintura sobre revestimento de argamassa e realizado um estudo comparativo entre
os conjuntos. A metodologia utilizada, em primeiro lugar, foi uma adaptação de
Lichtenstein (1986), com a utilização secundária dos métodos da incidência e da
intensidade para auxiliar no registro e contabilização das ocorrências. Foram
registradas manifestações patológicas dos planos verticais de 172 fachadas, são
elas: fungos, fissuras, empolamentos da pintura, descoloração, manchas de
corrosão, eflorescências, manchas na pintura, descolamentos da pintura,
desagregamentos do tijolo e manchas de umidade no tijolo.
60

Gripp (2008) destacou a importância do projeto de revestimento da fachada


para a redução de manifestações patológicas. O autor buscou sistematizar o
conhecimento disponível sobre as principais anomalias em revestimentos de
fachadas de edifícios, tendo como objetivo principal mostrar a necessidade de se
trabalhar com um projeto executivo de fachada que proporcione uma construção
embasada em estudos técnicos, planejamento de execução, detalhes construtivos,
experiências de profissionais e garantia de melhor qualidade.
Similarmente à Gripp (2008), o assunto de projeto foi abordado por Silva
(2011). O autor enfatizou a questão dos detalhes construtivos para o projeto de
revestimentos de fachada em argamassa, defendendo a realização de um projeto de
fachada específico para cada obra e que contenha todas as especificações e
detalhes construtivos, tais como peitoris, pingadeiras, frisos, etc. Além da
identificação das melhores práticas de projeto e execução para que os detalhes
construtivos tenham um bom desempenho, foi realizada uma análise das
manifestações patológicas ocasionadas pelo funcionamento incorreto destes
elementos. Os levantamentos aconteceram em cinco edifícios residenciais na cidade
de Porto Alegre/RS.
O interesse na qualidade e durabilidade das construções revela-se no número
considerável de pesquisas que avaliam o ambiente construído, utilizando métodos e
técnicas de APO. Muitos destes estudos são focalizados nas manifestações
patológicas incidentes nas edificações.
Segundo Elali e Veloso (2004 apud PORTO, 2011), no Brasil as pesquisas
em APO iniciaram na década de 80 através das instituições de pesquisa, como o
Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo (IPT- SP), no campo de
habitações populares e Instituições de Ensino e Pesquisa. Os trabalhos, em geral,
examinavam os fatores físicos e funcionais para dar subsídios a programas de
manutenção e recomendações a projetos futuros. Gradativamente, as pesquisas
foram sendo direcionadas para as avaliações ambiente-comportamento humano, já
na década de 90.
Roméro e Ornstein (2003) desenvolveram uma pesquisa utilizando-se como
estudo de caso o Conjunto Habitacional Jardim São Luís, ocupado a partir de 1993,
localizado no município de São Paulo e executado pela Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), com
unidades habitacionais em edifícios iguais, modelo “H”, com quatro pavimentos com
61

oito apartamentos cada. Neste estudo foram considerados não somente as unidades
habitacionais e seus edifícios, mas também sua circunvizinhança, a infraestrutura,
os serviços, a escola e as áreas livres do conjunto, aplicando os conceitos e
procedimentos metodológicos de APO, com o objetivo de aperfeiçoar esses
procedimentos e de experimentar técnicas pouco empregadas nas já desenvolvidas.
Basicamente, utilizaram aplicação de questionários aos usuários dos edifícios,
entrevistas com os técnicos da companhia habitacional, mapas comportamentais (e
de atividades) aplicados às áreas livres, vistorias técnicas, medições in loco e
grupos focais para o caso das crianças da escola.
Dentre outros aspectos, a avaliação técnica vinculou-se às manifestações
patológicas dos aspectos construtivos existentes nos edifícios que compõem o
conjunto habitacional. Os resultados encontrados foram comparados com a opinião
dos usuários a respeito das questões, sendo elaborado um diagnóstico baseado na
avaliação dos técnicos e na avaliação dos usuários.
Do ponto de vista técnico, as fachadas de todos os blocos avaliados
apresentaram diversos problemas originários de deficiências de projeto, como é o
caso das pingadeiras e dos pinos de fixação das janelas nas fachadas; de
construção, como é o caso do traço da argamassa, que provavelmente sofreu sérias
alterações durante a etapa de obra; e, finalmente, do uso e da manutenção em
pingadeiras, pinos e fachadas. Sintetizando, as fachadas apresentam problemas
técnicos de projeto, de execução e de uso e operação.
Neste conjunto habitacional estudado por Roméro e Ornstein (2003) existem
duas populações com origens diferenciadas. Na percepção dos usuários oriundos
das inscrições regulares, foi verificado que para 55% a manutenção das fachadas é
ótima e boa, e para 43%, é ruim e péssima. Já para os usuários oriundos das
favelas, a situação é inversa, ou seja, para 64% a manutenção é ruim e péssima, e
para 44% é boa e ótima. Valendo ressaltar que as tendências nas opiniões da
população oriunda da favela são mais coincidentes com as opiniões dos técnicos.
Salvati (2011) realizou um trabalho de APO em três edifícios residenciais em
alvenaria estrutural na cidade de Santa Maria/RS, com a intenção de verificar o
desempenho dos mesmos e as reais necessidades dos ocupantes. Foi realizada
avaliação técnica e comportamental, compreendendo os aspectos funcionais,
construtivos, conforto ambiental e manifestações patológicas.
62

Quanto às manifestações patológicas, na avaliação técnica foi constatada


uma maior ocorrência de fissuras, seguidas por infiltrações nas paredes; também
sendo levantados problemas como bolor, bolhas e descascamento na pintura,
destacamento do reboco em vários pontos, dentre outros. Sob o ponto de vista dos
usuários, a ocorrência de fissuras e infiltrações foi destaque. Diante dos pontos
negativos, foi possível concluir que os residenciais avaliados não têm atendido de
maneira satisfatória as reais necessidades dos usuários.
Esta revisão bibliográfica confirmou a importância dos assuntos abordados no
presente estudo e explorou conceitos e trabalhos relevantes aos temas da
dissertação. Também forneceu subsídios para o desenvolvimento das outras etapas
da pesquisa, como a definição da metodologia empregada para os levantamentos e
análise de dados e resultados; além de respaldar as considerações e conclusões
finais a serem apresentadas no último capítulo.
63

3 Metodologia

O presente capítulo descreve a metodologia empregada para o


desenvolvimento deste trabalho.

3.1 Estudo de caso

Segundo Araújo et al. (2008), o estudo de caso trata-se de uma abordagem


metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos
compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos
quais estão simultaneamente envolvidos diversos fatores.
Para alcançar os propósitos para o qual está designado, este estudo de caso
contemplou as etapas de busca de documentação do projeto INQUALHIS, seleção
dos empreendimentos para formação do objeto de estudo, caracterização dos
conjuntos habitacionais, levantamento das manifestações patológicas e obtenção de
dados quanto à percepção dos usuários (moradores).
O projeto de pesquisa INQUALHIS (Geração de Indicadores de Qualidade
dos Espaços Coletivos em Empreendimentos de Habitação de Interesse Social) foi
desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (NAURB) da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAURB) da Universidade Federal de Pelotas
(UFPEL), e aconteceu no período compreendido entre janeiro de 2007 e dezembro
de 2009.
Conforme o relatório técnico do projeto INQUALHIS (MEDVEDOVSKI,
2010), sua proposta foi desenvolver procedimentos e indicadores para avaliação de
empreendimentos habitacionais de interesse social visando à retroalimentação do
processo de projeto, construção e gestão. Teve como foco os espaços coletivos e
buscava a melhoria da qualidade e a redução de custos através da introdução de
melhorias do processo de gestão condominial, da redução das manifestações
patológicas nas áreas condominiais e da indicação de variáveis a serem
consideradas na definição de indicadores de sustentabilidade para o planejamento
de espaços abertos de empreendimentos habitacionais. O estudo foi focado em
experiências dos programas habitacionais ora em desenvolvimento na cidade de
Pelotas e Região Sul.
Dentre as metas do projeto INQUALHIS constavam o estabelecimento de
mecanismos de retroalimentação para as etapas de projeto e gestão de áreas
64

coletivas de HIS a partir do desempenho técnico focado nas manifestações


patológicas originadas no projeto, produção, operação e manutenção do produto. Na
época foram realizados levantamentos das manifestações patológicas existentes nas
áreas condominiais de sete empreendimentos construídos em Pelotas pelo
Programa de Arrendamento Residencial, localizados na cidade de acordo com o
mapa da figura 19, sendo que, os que estão marcados em azul são os selecionados
para a atual pesquisa.

Figura 19 - Localização dos empreendimentos estudados durante o projeto INQUALHIS no mapa


urbano da cidade. Imagem fornecida pela Prefeitura de Pelotas/RS com apontamentos da autora.

A seleção dos residenciais para a pesquisa atual foi baseada nos seguintes
parâmetros:
a) tipologia construtiva;
b) zonas de localização;
c) quantitativo de incidência de manifestação patológica determinado na
pesquisa anterior;
d) acesso dos pesquisadores aos locais para realização dos levantamentos e
entrevistas.
65

Dentre os sete conjuntos existem duas tipologias construtivas, edificações


com quatro ou cinco pavimentos e casas com dois pavimentos. Para a análise atual
(ano 2015/2016) comparativa excluiu-se a tipologia com dois pavimentos
(Residenciais Charqueada e Querência), pois esta sofreu diversas alterações
construtivas por parte dos moradores, como pode ser observado no exemplo da
imagem da figura 20.

Figura 20 – Ampliações realizadas por moradores no Residencial Querência.

O outro critério de escolha foi a localização dos empreendimentos, cuja


seleção resultou em duas zonas distintas da cidade, Residencial Paraíso no bairro
Três Vendas (zona norte) e Solar das Palmeiras no bairro Fragata (zona oeste). Esta
escolha justifica-se com base em um projeto paralelo que está sendo desenvolvido
pelo grupo de pesquisa, no qual está sendo mapeado o processo de degradação
das edificações na cidade de Pelotas. Desta maneira, podendo utilizar resultados
para comparação.
Uma característica que influenciou na definição dos residenciais localizados
na zona oeste foi o maior índice de incidências de manifestações patológicas, que
considera o número total de anomalias e a área total de fachada observada. Este
número de anomalias é determinado apenas por existir ou não a incidência. Dos
residenciais localizados no bairro Fragata, optou-se pelo Solar das Palmeiras, no
qual, durante o Projeto INQUALHIS verificou-se 0,21 incidências/m² contra 0,12
incidências/m² do Estrela Gaúcha.
Destaca-se a impossibilidade de acesso aos empreendimentos da zona leste
da cidade (Residenciais Regente e Baronesa), pois as visitas técnicas não foram
66

autorizadas pela Caixa Econômica Federal e nem pelas administradoras dos


condomínios, sendo este o fator determinante para a exclusão dos conjuntos desta
seleção.
Os dois empreendimentos selecionados para formarem o objeto de estudo
da atual pesquisa (Residenciais Solar das Palmeiras e Paraíso) pertencem à
modalidade PAR ESPECIAL, possuem cinco pavimentos, são apresentados nas
fotos das figuras 21 e 22 e serão caracterizados no próximo capítulo deste trabalho.

Figura 21 – Residencial Solar das Palmeiras.

Figura 22 – Residencial Paraíso.

3.1.1 Levantamento das manifestações patológicas

Considerando os objetivos de comparação deste estudo de caso, para o


levantamento e para a determinação dos diagnósticos foram designados os mesmos
métodos utilizados e apresentados por Azevedo e Guerra (2008) e Medvedovski
67

(2010) na pesquisa do Núcleo de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo da UFPEL


durante o Projeto INQUALHIS, os quais adotaram como referência a metodologia de
Lichtenstein (1986). Valendo salientar que, além da consulta da metodologia
documentada em relatório técnico e artigos publicados, aconteceram diálogos com
colaboradores que realizaram os levantamentos durante o Projeto INQUALHIS, com
o objetivo de assegurar critérios de observação e análise compatíveis.
A metodologia está baseada em vistorias técnicas por meio de observação
direta nos dois conjuntos que formam o objeto de estudo, com o propósito de
realizar levantamentos e registro de informações, através de fichas, fotografias e
representações gráficas dos elementos. Sendo que as análises se restringem às
fachadas das edificações, que são foco desta dissertação devido à importância
destes elementos construtivos para as edificações, e considerando também, uma
maior facilidade de acesso na realização das visitas.
Azevedo e Guerra (2008) classificaram as manifestações patológicas em
quatro tipos. Além dos três, tradicionalmente estabelecidos na literatura: umidade,
descolamento de revestimento e fissuras/trincas, eles acrescentaram a
irregularidade do acabamento. Para a atual pesquisa adotou-se os três itens da
classificação tradicional, acrescentando-se sujidades, porque as fachadas
observadas apresentam alterações significativas relacionadas à sujidade.
O problema de irregularidade do acabamento, que contempla, basicamente,
imperfeições do reboco resultantes de execução inadequada, é uma anomalia que
se manifesta desde o momento da construção, portanto o tempo transcorrido entre o
término da obra e a realização do levantamento não tem influência no número de
ocorrências observadas. No estudo do projeto INQUALHIS este dado foi significativo
para apontar falhas no período de construção que afetam a qualidade geral do
acabamento das edificações. No entanto, um novo levantamento para quantificação
e comparação é irrelevante, já que o problema não se altera com o decorrer do
tempo.
Baseando-se nas observações das visitas prévias e também nos tipos de
manifestações patológicas diagnosticadas durante o projeto INQUALHIS, foi criada
uma lista de referência para auxiliar o levantamento de campo, ficando esta lista
aberta para inserção de novos problemas identificados no decorrer do levantamento.
Nesta lista de referência, cada problema foi identificado através de um
código formado por uma letra e um número. A letra inicial identifica o grupo ao qual
68

pertence a manifestação patológica: Umidade (U), Descolamento de revestimento


(D), Sujidade (S) e Fissuras (F). O número identifica a manifestação patológica.
As representações gráficas das fachadas foram empregadas durante os
levantamentos para indicar as localizações das anomalias, facilitando a análise e
quantificação das incidências. E para melhor visualização das manifestações
patológicas incidentes nos pavimentos superiores foi utilizado binóculo da marca
Sakura com zoom ajustável de 10x a 70x e lente de 70mm.
Os códigos criados foram utilizados na identificação de cada problema
relacionado à umidade, ou ao descolamento de revestimento, ou à sujidade para
localização da mesma no desenho da fachada, no exemplo da figura 23 aparecem
as manifestações patológicas observadas em uma fachada lateral.

Figura 23 – Exemplo do mapeamento das incidências relacionadas à umidade, ao descolamento de


revestimento e à sujidade nas fachadas do Residencial Paraíso.

No caso das fissuras, que na maioria das fachadas apresentaram-se em


grande quantidade e próximas umas das outras, optou-se por especificar também
69

uma simbologia para representá-las, visando facilitar a indicação da incidência no


desenho, bem como, a posterior quantificação das mesmas. Um exemplo deste tipo
de identificação aparece na figura 24.

Figura 24 – Exemplo do mapeamento de fissuras nas fachadas do Residencial Paraíso.

A ficha elaborada para as anotações de campo, e apresentada na figura 25,


identifica cada manifestação patológica observada no levantamento, indicando a(s)
provável (eis) causa(s) atuante(s) e as prováveis origens das mesmas. Esta ficha
contempla também quadros para indicação do número de incidências nas fachadas
de cada bloco, bem como número de identificação da foto que exemplifica o
problema.
70

Figura 25 - Ficha para análise de cada manifestação patológica do Residencial Solar das Palmeiras.

Os dados coletados nas vistorias foram reestruturados e formatados em


planilhas eletrônicas do Microsoft Office Excel 2007, onde estão indicadas a
localização e situação das fachadas, tipo de manifestação patológica com o
71

respectivo código e localização da mesma, número de incidência, origens e causas


prováveis (Figura 26).

Figura 26 – Exemplo de planilha utilizada para reestruturar os dados coletados nos levantamentos
técnicos.

3.1.2 Obtenção de dados quanto à percepção do usuário

Além do levantamento técnico das manifestações patológicas, foi definida


uma busca de dados referentes à percepção do usuário em relação às mesmas,
utilizando o método de Avaliação Pós-Ocupação do tipo entrevista estruturada com
os moradores dos conjuntos habitacionais.
Durante a realização das visitas nos residenciais, as entrevistas foram
aplicadas aos moradores que se encontravam na área externa de uso comum dos
edifícios. Um formulário elaborado para a entrevista é mostrado na figura 27 e
contempla questionamentos sobre as manifestações patológicas observadas no
levantamento técnico. Foram aplicadas 30 entrevistas em cada conjunto
habitacional. No Residencial Solar das Palmeiras o número de entrevistados
representou 10% do número de apartamentos e no Residencial Paraíso 12,5%.
Procurou-se distribuir o mesmo número de entrevistas entre os blocos e pavimentos
dos residenciais.
72

Figura 27 - Modelo de entrevista direcionada aos moradores do Residencial Paraíso.


73

3.2 Análise dos dados

Com a disponibilidade dos dados resultantes da presente pesquisa, do


diagnóstico e da análise de incidência das anomalias existentes nas fachadas dos
residenciais partiu-se, então, para o estudo comparativo com as manifestações
patológicas registradas a partir dos levantamentos realizados durante o projeto
INQUALHIS, há aproximadamente oito anos nos mesmos empreendimentos
(Paraíso - Mar/2008 e Solar das Palmeiras – Jun/2008).
Nesta etapa do estudo, os números de incidências das distintas pesquisas
foram contrastados para averiguar a permanência, aumento, diminuição,
aparecimento ou desaparecimento das manifestações patológicas nas fachadas no
decorrer dos anos de utilização.
Os dados obtidos nas entrevistas possibilitaram, nesta etapa, uma
comparação do desempenho físico atual das fachadas das edificações com a
percepção do usuário em relação a elas, além de avaliar o grau de satisfação dos
moradores perante o objeto de estudo.
Como já mencionado, o próximo capítulo irá descrever os residenciais que
foram objetos deste estudo.
74

4 Caracterização do objeto de estudo

Este capítulo é composto pela caracterização dos dois conjuntos


habitacionais edificados pelo Programa de Arrendamento Residencial na cidade de
Pelotas e analisados na presente pesquisa. São eles: Residencial Solar das
Palmeiras e Residencial Paraíso.

4.1 Residencial Solar das Palmeiras

O Residencial Solar das Palmeiras foi entregue aos arrendatários em


setembro de 2006, sendo o 14º empreendimento do PAR na cidade de Pelotas,
desde janeiro de 2003, quando foi inaugurado o primeiro empreendimento na
cidade.
Este conjunto habitacional foi o 2º da cidade concretizado na modalidade PAR
ESPECIAL, onde foram introduzidas adaptações, no sentido de reduzir o custo das
obras e facilitar a forma de pagamento, visando atender as famílias com renda
mensal mais baixa (até quatro salários mínimos).
O residencial está localizado na zona oeste da cidade, na Avenida Duque de
Caxias, número 267. Cabe salientar que esta avenida é a principal via do bairro
Fragata e o condomínio está distante, aproximadamente, 2,5 km da área central da
cidade. A figura 28 mostra a inserção do conjunto na malha urbana e o seu entorno.
75

Figura 28 - Inserção do Residencial Solar das Palmeiras na malha urbana da cidade.


Fonte: GOOGLE EARTH, 2015.

Este conjunto está implantado em um terreno de 17.682,50m², com uma área


construída de 12.966,65m². As trezentas unidades habitacionais estão distribuídas
em quatro blocos de cinco pavimentos, possuindo tipologia em fita. Cada unidade
habitacional possui uma área útil de 38,88m².
Os quatro blocos são identificados como “A”, “B”, “C” e “D”. Os blocos “A”, “B”
e “D” possuem quatro entradas cada, e o bloco “C” possui três entradas. Estas
entradas são identificadas com a letra do bloco e o número de 1 a 4. Cada entrada
permite acessar, através das escadas, vinte apartamentos (quatro por andar).
A figura 29 mostra a destinação dos espaços dentro da área do condomínio,
sendo esta imagem da implantação representada em duas partes, unidas pela linha
AA, para melhor visualização.
76

A A

BLOCO B
BLOCO D

BLOCO C
BLOCO A
Área verde
c/ bancos e
churrasqueiras

Reservatórios

Área verde c/
bancos e
churrasqueiras
Bicicletário

Caixas para Estacionamento


correspondências motos
A A

Figura 29 - Implantação do Residencial Solar das Palmeiras.


Fonte: adaptado de MEDVEDOVSKI, 2010.

Conforme a figura 29, o condomínio possui salão de festas, quadra esportiva


e duas áreas de lazer infantil. Os blocos são cercados por ajardinamento, possuindo
área verde e equipamentos de uso coletivo. O projeto paisagístico aproveitou a
77

vegetação existente, organizando espaços para convívio sob as árvores e


churrasqueiras protegidas pela vegetação (Figura 30).

Figura 30 – Área verde com equipamentos de uso coletivo.

Na figura 31 aparece o salão de festas, uma das áreas de lazer com


equipamentos para crianças e o espaço destinado ao estacionamento de motos.

Figura 31 – Espaços para lazer e estacionamento de motos.

O acesso de veículos e pedestres ao conjunto se dá junto à via pública,


existindo dois portões, guarita e cancela. O bicicletário não possui cobertura e
localiza-se próximo à guarita, juntamente com as caixas de correspondências e
coletoras de resíduos. O estacionamento está localizado no final do terreno,
possuindo vagas para 152 carros. O espaço destinado às motos é anexo ao de
veículos, porém, mais próximo dos blocos. As figuras 32 e 33 mostram vistas do
residencial a partir das vias de acesso de veículos e pedestres, respectivamente.
78

Figura 32 – Via de acesso de veículos. Figura 33 – Via de acesso de pedestres.

Este conjunto habitacional foi construído em alvenaria estrutural de blocos


cerâmicos com dimensões de 14x19x29 cm. A espessura da argamassa de
assentamento foi de 1 cm. As paredes externas possuem no seu exterior
revestimento em reboco com espessura de 2,5 cm e pintura de acabamento,
recebendo internamente apenas pintura, totalizando 16,5 cm de espessura. As
paredes internas não possuem revestimento, os blocos receberam apenas pintura
(textura). A cobertura é de telhas de fibrocimento com laje pré-fabricada de concreto
de 8 cm de espessura. As esquadrias externas são todas em alumínio com sistema
de abertura de correr nos dormitórios e sala, maxi-ar no banho e de abrir na área de
serviço (CURCIO, 2011). As portas internas são em madeira. Os apartamentos
foram entregues aos moradores apenas com a face superior da laje polida para
compor o acabamento dos pisos dos dormitórios e sala, sendo aplicadas placas
cerâmicas somente nas áreas molhadas do banheiro, cozinha e área de serviço.

4.2 Residencial Paraíso

O Residencial Paraíso foi entregue aos moradores em agosto de 2007, sendo


o 16º empreendimento do PAR na cidade de Pelotas e 4º conjunto habitacional da
cidade inserido na modalidade PAR ESPECIAL.
79

O residencial está localizado na Avenida Fernando Osório, número 4090, no


bairro Três Vendas, estando distante, aproximadamente, 6,5 km da área central de
Pelotas. Esta avenida é uma das entradas do município e a principal ligação da zona
norte com o restante da cidade. A figura 34 mostra a inserção do conjunto na malha
urbana e o seu entorno.

Figura 34 - Inserção do Residencial Paraíso na malha urbana da cidade.


Fonte: GOOGLE EARTH, 2015.

O conjunto está implantado em um terreno de 12.353,30m² e possui tipologia


em fita. Os duzentos e quarenta apartamentos estão distribuídos em três blocos de
cinco pavimentos. Cada bloco possui quatro entradas que permitem acessar,
através das escadas, vinte apartamentos (quatro por andar). As entradas são
identificadas com números do 01 ao 12. Cada unidade habitacional possui uma área
útil de 33,77m².
A destinação dos espaços do conjunto habitacional é apresentada na figura
35, sendo esta imagem da implantação representada em duas partes, unidas pela
linha AA, para melhor visualização.
80

A A

BLOCO B

Área verde
com bancos BLOCO C
Área verde
BLOCO A com bancos

Área verde com BLOCO B


bancos e
churrasqueiras

A A
Bicicletário

Figura 35 - Implantação do Residencial Paraíso.


Fonte: adaptado de MEDVEDOVSKI, 2010.

As figuras 36 e 37 contêm vistas gerais dos blocos, vias de acesso, área


verde e espaços para estacionamento de veículos.

Figura 36 – Vista geral dos blocos, área verde e Figura 37 – Vista geral dos blocos, vias de
estacionamento. acesso e estacionamento.
81

Os lugares destinados para estacionamento de carros e motos estão


localizados intercaladamente e próximos às fachadas frontais dos blocos (Figuras 38
e 39).

Figura 38 – Vista frontal de bloco com espaço Figura 39 – Espaços intercalados para carros e
para estacionamento. motos.

O acesso de veículos e pedestres ocorre pela Avenida Fernando Osório,


existindo dois portões, guarita e cancela, conforme figura 40. Logo após estes
elementos, existe um espaço coberto para bicicletas e coletoras de resíduos (Figura
41).

Figura 40 – Entrada do Residencial Paraíso. Figura 41 – Coletoras de resíduos e bicicletário.

O condomínio possui salão de festas, área para convívio com quatro


churrasqueiras, quadra para prática de esportes com piso cimentado e dois
playgrounds com base de areia (Figuras 42 e 43).
82

Figura 42 – Salão de festas e área para convívio Figura 43 – Quadra esportiva e playground.
com churrasqueiras.

De acordo com Azevedo e Guerra (2008), o sistema construtivo empregado


no conjunto é constituído de vedações verticais externas e internas de blocos
cerâmicos estruturais com dimensões de 14x19x29 cm, sendo o acabamento
externo composto por chapisco, emboço, selador e tinta acrílica. No acabamento
interno foi utilizado somente selador e textura pigmentada. As esquadrias externas
são em alumínio e as internas em madeira. Os entrepisos foram executados em
lajes pré-moldadas, sendo a face superior (piso) dos dormitórios simplesmente
polida, enquanto nas demais dependências foram aplicadas placas cerâmicas. A
face inferior das lajes (teto) não recebeu revestimento, ficando, portanto, em
concreto aparente. Quanto às fundações, foram adotadas estacas escavadas de
concreto. O telhado é composto por estrutura de madeira e telhas de fibrocimento.
O próximo capítulo irá apresentar os resultados obtidos neste estudo.
83

5 Resultados

Este capítulo apresenta os resultados atingidos através dos levantamentos e


entrevistas realizados nos dois conjuntos habitacionais já caracterizados neste
trabalho.

5.1 Levantamentos das manifestações patológicas nas fachadas do


Residencial Solar das Palmeiras

Os levantamentos das manifestações patológicas neste conjunto habitacional


ocorreram entre os dias 11/12/2015 e 02/02/2016. Neste período o residencial
estava sendo habitado há, aproximadamente, nove anos e três meses.
Os dados obtidos são referentes às dezesseis fachadas dos blocos “A”, “B”,
“C” e “D”. Os blocos “A” e “B” possuem fachada frontal com posição solar oeste e
fachada dos fundos em posição leste. Já, os blocos “C” e “D” apresentam fachada
frontal com posição solar leste e fachada dos fundos em posição oeste. Todos os
blocos apresentam uma fachada lateral sul e uma lateral norte.
As anomalias observadas foram divididas em quatro grandes grupos:
umidade, fissuras/trincas, descolamento de revestimento e sujidades. Destacando
que o desempenho e a durabilidade das fachadas das edificações frequentemente
são afetados por estes problemas.
Durante as análises visuais, a cada aparecimento de anomalia foi
contabilizado uma incidência e registrada a sua localização, conforme metodologia
descrita no capítulo 3. As principais manifestações patológicas diagnosticadas foram
fissuras e trincas (74%), na sequência a umidade (21%), posteriormente as
sujidades (3%), e por último, o descolamento de revestimento (2%). A figura 44
apresenta o percentual referente a estas ocorrências, evidenciando a predominância
do problema de fissuração.
84

INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS


80% 74%
70%
60%
50%
40%
30%
21%
20%
10% 3% 2%
0%
Fissuras/Trincas Umidade Sujidade Descolamento
revestimento
Figura 44 – Gráfico do percentual de incidência das manifestações patológicas existentes nas
fachadas do Residencial Solar das Palmeiras.

5.1.1 Fissuras/Trincas

Sendo a manifestação patológica de maior ocorrência e representando 74%


dos problemas nas fachadas, as fissuras foram classificadas segundo sua
orientação. As fissuras horizontais compõem 41% dos casos, seguidas pelas
verticais, inclinadas e mapeadas, conforme figura 45.

FISSURAS/TRINCAS
45% 41%
40%
34%
35%
30%
25% 22%
20%
15%
10%
5% 3%
0%
Horizontal Vertical Inclinada Mapeada

Figura 45 – Gráfico do percentual dos diversos tipos de fissuras existentes nas fachadas do
Residencial Solar das Palmeiras.

O estudo de Alexandre (2008) abordou as manifestações patológicas em


empreendimentos habitacionais de baixa renda executados em alvenaria estrutural
no estado do Rio Grande do Sul. Este autor afirmou que a fissuração se constitui na
principal forma de manifestação patológica nos empreendimentos diagnosticados,
acumulando uma frequência de 82%. No citado trabalho, a fissura horizontal
85

representa 56% das fissuras, enquanto que a fissura na direção vertical responde
por 14% das formas de fissuração, seguida de fissuras inclinadas com 12% das
ocorrências. Os resultados da presente pesquisa corroboram com os dados do autor
citado, pois ele também aponta a fissuração como principal problema e os tipos de
fissuras na mesma ordem decrescente de frequência: horizontal, vertical e inclinada.
No Residencial Solar das Palmeiras observou-se o aparecimento aleatório de
fissuras horizontais e verticais no revestimento (Figura 46).
Assinala-se, também, a presença de fissuras horizontais nos pontos de
contato de lajes e alvenarias que passam por ciclos de sol e chuva (Figura 47),
ocorrência que pode ser explicada pela diferença de coeficientes de dilatação
térmica dos materiais e pelas distintas dilatações provocadas pela maior ou menor
capacidade de absorver água.

Figura 46 – Fissuras horizontais e verticais no Figura 47 – Fissura horizontal próxima à laje.


revestimento.

Fissuras verticais quando localizadas sobre a viga de fundação (Figura 48)


podem estar relacionadas à deformação da estrutura. A sobrecarga foi considerada
a causadora das muitas fissuras inclinadas localizadas no revestimento próximo aos
cantos das janelas (Figura 49), local onde ocorrem concentrações de tensões e
podem apresentar vergas que não estão transmitindo as cargas verticais
adequadamente para os trechos adjacentes ao vão, ou, no caso das contravergas,
não estão absorvendo as tensões de tração, devido ao mau dimensionamento dos
elementos ou posicionamento assimétrico em relação aos vãos da abertura,
hipóteses que apontam a origem da manifestação patológica para as etapas de
projeto ou execução, respectivamente.
86

Figura 48 – Fissuras verticais sobre a viga de Figura 49 – Fissuras inclinadas no canto


fundação. superior da janela.

Um exemplo de trinca inclinada aparece na imagem da figura 50, tendo como


provável causa a movimentação de fundações oriunda de recalques diferenciais,
pois a resistência à flexão e ao cisalhamento da alvenaria é baixa, tornando as
paredes susceptíveis a fissuras, até mesmo, frente a pequenas deformações. Já a
figura 51 exemplifica uma fissuração do tipo mapeada que, possivelmente, seja
decorrente da retração da argamassa de revestimento, devido a falhas na
especificação do traço, fabricação ou aplicação da mesma.

Figura 50 – Trinca inclinada próxima a viga de Figura 51 – Fissuração do tipo mapeada no


fundação. revestimento argamassado.

5.1.2 Umidade

Os problemas relacionados à umidade identificados foram: fungos, limos,


musgos, vegetação parasitária, manchas de umidade e descolamento com
empolamento. Ressaltando-se os registros de fungos que atingiram 85,47%, de
limos (8,29%) e musgos (4,79%), conforme figura 52.
87

Figura 52 – Gráfico do percentual de problemas relacionados à umidade nas fachadas do Residencial


Solar das Palmeiras.

No grupo da umidade, o fungo destaca-se como a manifestação patológica


com maior número de incidências, sendo observado nos revestimentos
argamassados da alvenaria, nas vigas de fundação chapiscadas e nos peitoris das
janelas. A fachada sul apresenta 32% mais incidências de fungos por m² que a
fachada norte, 24% mais que a oeste e 11% superior, quando comparada com a
fachada leste.
De acordo com o estudo de Pereira et al. (2001), pode-se verificar que a
umidade relativa é bastante alta na cidade de Pelotas/RS em todos os meses do
ano, sendo superior a 75% e caracterizando a região como muita úmida. Esta
umidade relativa elevada, característica na cidade, justifica o aparecimento
considerável de fungos em diversos pontos das fachadas do empreendimento. Uma
apresentação de fungos no revestimento argamassado aparece na figura 53.
A imagem da figura 54 mostra a presença de fungos nas paredes externas e
vigas de fundação. Neste caso, além da fachada ser sombreada pela vegetação do
terreno vizinho, existe o agravante da umidade gerada pela água oriunda do
funcionamento dos aparelhos condicionadores de ar. As mangueiras conectadas nos
aparelhos desembocam próximo à parte inferior da edificação ou na própria parede,
tornando o ambiente ainda mais propício para o surgimento e proliferação dos
fungos. É relevante mencionar que foram registradas ocorrências de fungos no
88

entorno dos aparelhos de ar condicionado, sendo esta manifestação patológica,


provavelmente, provocada pelo processo de condensação do sistema.

Figura 53 – Fungos no revestimento Figura 54 – Acúmulo de fungos em áreas mais úmidas


argamassado das paredes. da fachada.

Os peitoris existentes nas janelas são fabricados em concreto pré-moldado, e


durante a inspeção, observaram-se muitas irregularidades, descontinuidades e em
alguns casos até mesmo a inexistência dos canais chamados de pingadeiras. Além
disso, as superfícies muito rugosas dos peitoris favorecem a permeabilidade e o
acúmulo de água, o que facilita a fixação de partículas indesejadas no componente
construtivo, podendo estas, desempenharem o papel de alimento para fungos
(Figura 55).
Além do problema de fungos no próprio peitoril, os defeitos construtivos
mencionados também contribuem para o aparecimento de fungos na direção em que
a água escorre (Figura 56). Constata-se a necessidade de melhoria no controle de
qualidade durante a fabricação do peitoril em concreto, ou especificação de outro
material mais liso e impermeável; certificando-se também da geometria adequada,
no que se refere à inclinação da face superior, trespasse lateral e regularidade no
sulco da pingadeira.
89

Figura 55 – Fungos nas superfícies do peitoril da Figura 56 – Fungos na direção em que a água
janela. escorre.

Os limos aparecem como segunda anomalia mais recorrente entre os


problemas de umidade (8,29%). A fachada sul é a mais prejudicada, apresenta
cerca de quatro vezes mais ocorrências/m² que as fachadas leste e oeste. Nas
fachadas com orientação solar norte foi registrada apenas uma ocorrência. Sendo
notória a relação entre a manifestação patológica com a baixa incidência solar, que
contribui para um maior tempo de permanência de umidades nas paredes.
A retenção de umidade nos elementos e componentes das fachadas reflete
na propagação de manifestações patológicas neste residencial. Abaixo são
apresentados exemplos de revestimento de alvenaria atingido por limos (Figura 57)
e peitoril de janela com a presença de vegetação parasitária (Figura 58).

Figura 57 – Limos na parte superior da Figura 58 – Vegetação parasitária junto ao


fachada. peitoril.

As figuras 59 e 60 mostram a presença de musgos na viga de fundação e no


peitoril de janela, respectivamente. O número de ocorrências desta anomalia
representa 4,79% dos problemas de umidade.
90

Figura 59 – Musgos na viga de fundação. Figura 60 – Musgos e fungos no peitoril.

A maior incidência de musgos foi observada nas fachadas oeste (56%),


sendo as fachadas dos fundos dos blocos “C” e “D” as maiores responsáveis por
esta porcentagem. Isto se justifica no sombreamento gerado pela abundante
vegetação alta dos terrenos vizinhos, dificultando a incidência solar direta, como
mostram as figuras 61 e 62.

Figura 61 – Sombreamento da fachada fundos Figura 62 – Sombreamento da fachada


oeste do Bloco “C”. fundos oeste do Bloco “D”.

Além do referido sombreamento que estimula a permanência da umidade,


existem mais dois agravantes: a existência de torneiras anexas às vigas de
fundação e o desembocar de mangueiras, que conduzem águas oriundas do
funcionamento dos condicionadores de ar, em pontos quaisquer próximos a parte
inferior do edifício, criando regiões mais úmidas e propícias para o desenvolvimento
destas plantas de pequeno porte que se fixam no substrato.
91

A umidade de infiltração é considerada causa destes tipos de manifestações


patológicas mencionadas acima. Em muitos casos estas umidades estão
relacionadas aos beirais curtos, a ausência de frisos que aceleram o afastamento da
água dos planos das fachadas e a especificação de acabamentos superficiais que
favorecem a retenção da água, configurando a origem do problema na fase de
projeto.
Para finalizar a abordagem sobre os danos de umidade, abaixo são
apresentados exemplos de aparecimento de vegetação parasitária (Figura 63) e
manchas de umidade (Figura 64).

Figura 63 – Vegetação parasitária localizada Figura 64 – Manchas de umidade na parte inferior do


entre a tubulação e o revestimento. revestimento.

O desenvolvimento de vegetação parasitária do exemplo acima e de outros


verificados estão relacionados com a acumulação de detritos, além das condições
de umidade favoráveis. Já, as manchas que possuem aspecto semelhante ao da
figura 64 têm como provável causa a umidade de infiltração ou de absorção e
capilaridade. Salienta-se aqui que estas últimas anomalias apresentaram poucas
ocorrências, a vegetação parasitária representando 0,91% e as manchas de
umidade 0,48%, dentre todos os problemas de umidade. Elas só superaram a
insignificante e única ocorrência de empolamento.

5.1.3 Sujidades

A ocorrência de sujidades, que atingiu 3% do total de anomalias


diagnosticadas, foi relacionada à fase de utilização (etapas de operação e
manutenção). A etapa de operação da edificação foi designada como provável
origem em 84% dos registros. Este percentual indica o mau uso como causa da
92

maioria dos problemas com sujidades. Ficando atribuído à falta de manutenção


apenas 16% dos danos.
Um exemplo de apresentação de sujidades localiza-se nas vigas de fundação,
que possuem superfície chapiscada muito rugosa e estão bastante expostas à
umidade devido à proximidade com o solo e também ao acúmulo de água da chuva
que escorre pelas fachadas. Nestas vigas aglutinam-se terra e partículas oriundas
do corte de grama, como pode ser visto na parte inferior da figura 65, prejudicando o
aspecto deste elemento que é notório nas fachadas. A superfície rugosa,
supostamente inconveniente, indica ausência de especificação ou equívoco nesta
determinação de chapisco, durante a concepção ou detalhamento do projeto.
Na figura 66, bem como na citada figura 65, observam-se locais com
ajardinamento em lugares inadequados (encostados ou muito próximos às fachadas
e nos peitoris das janelas), este é um procedimento que revela má operação e/ou
falta de orientação por parte da administradora, provocando o aparecimento de
sujidades e manchas de umidade nas paredes externas, devidas aos respingos
resultantes do regar das plantas ou da água da chuva quando cai na terra nas quais
estão plantadas, além de transformar-se em obstáculo para a incidência solar nas
paredes.

Figura 65 – Sujidades na viga de fundação e no Figura 66 – Ajardinamento inadequado.


revestimento.

É importante enfatizar aqui a necessidade de uma regulamentação, por parte


dos administradores do condomínio, para o procedimento de corte de revestimentos
cerâmicos, designando um local apropriado para trabalhos desta natureza. Uma vez
que, neste tipo de empreendimento (PAR ESPECIAL) é permitido fazer a entrega
das unidades habitacionais aos moradores, apenas com a face superior da laje
polida para compor o acabamento dos pisos dos dormitórios e sala. No caso do
93

Solar das Palmeiras, são 300 moradias que no decorrer dos anos vão sendo
reformadas, sendo a colocação de revestimentos cerâmicos uma alternativa
econômica para os usuários. Em consequência desta característica do
empreendimento e da falta de regulamentação, os problemas com sujidades nos
revestimentos são intensificados, porque o corte de pisos é executado próximo as
paredes externas dos blocos, gerando partículas avermelhadas, que quando
encontram superfícies úmidas nas fachadas, facilmente formam áreas de
aglutinação, conforme mostram as figuras 67 e 68. Inclusive, durante as visitas
técnicas presenciou-se a realização deste procedimento próximo às fachadas.

Figura 67 – Sujidades decorrentes do corte de Figura 68 – Sujidades decorrentes do corte


materiais cerâmicos junto às fachadas. de materiais cerâmicos junto às fachadas.

No entorno de algumas janelas foi observada a presença de sujidades que


poderiam ser facilmente removidas através de processos simples de limpeza, fato
que revela desinteresse pelas ações de manutenção, não só por parte da
administradora, mas dos próprios arrendatários/proprietários (Figuras 69 e 70).

Figura 69 – Sujidades na parte inferior do Figura 70 – Sujidades no entorno da esquadria.


peitoril da janela.
94

Próximo às janelas da cozinha e do banheiro de alguns apartamentos foi


observado paredes sujas devido aos escorrimentos de elementos orgânicos. A figura
71 exemplifica este problema.
Nas fachadas deste residencial são bastante visíveis as manchas resultantes
de processos corrosivos em elementos metálicos, que além de contribuírem para a
deterioração dos revestimentos, comprometem aspectos estéticos das fachadas.
Estas manchas aparecem, principalmente, junto aos suportes de aparelhos de ar
condicionado (Figura 72), grades de janelas, varais para secagem de roupas e
antenas. Isto ocorre porque estes elementos, normalmente, são confeccionados com
a utilização de aço carbono e recebem acabamento com tinta esmalte. Estes tipos
de aço e de tinta são pouco resistentes à corrosão. A indicação de acabamentos
com superfícies galvanizadas, utilização de suportes com material plástico ou em
aço inoxidável evitariam esta manifestação patológica, originada na etapa de
operação.

Figura 71 – Escorrimento de elementos Figura 72 – Manchas de corrosão geradas a partir


orgânicos. do suporte do condicionador de ar.

5.1.4 Descolamento de revestimento

Quanto ao descolamento de revestimento, as incidências apresentam-se 69%


em placas, 30% com descascamento de pintura e apenas 1% com pulverulência.
Na maioria das vezes, os descolamentos em placas são resultantes de
instalações inapropriadas de condicionadores de ar (Figura 73), botijões de gás,
grades (Figura 74), televisão por assinatura e internet (Figura 75), ou consequência
de choques e impactos nas arestas das paredes e aberturas (Figura 76).
95

Figura 73 – Descolamento em placa devido à Figura 74 – Descolamento em placa resultante da


instalação inadequada do condicionador de ar. instalação de grade na janela.

Figura 75 – Descolamento em placa ocorrido Figura 76 – Descolamentos de revestimento


durante instalação de cabeamentos. causados por choques/impactos.

No caso deste residencial, os problemas de descolamentos em placas


poderiam ser evitados se houvessem especificações bem definidas para os
procedimentos. Também, algum tipo de fiscalização durante as prestações de
serviços que envolvam intervenções nas fachadas dos blocos, além da prudência
dos moradores envolvidos na execução de tarefas.
Os descascamentos na pintura observados também estão relacionados a
choques e impactos. Localizam-se no contorno de telas de proteção (Figura 77),
portas, janelas e em alguns pontos isolados do revestimento.
Foram registradas somente três incidências de descolamento com
pulverulência (Figura 78), localizadas nas bases dos armários de energia, que são
incorporados nas fachadas dos fundos. Isto, provavelmente, deve-se a umidade
ascensional ou ao contato do reboco com a terra vegetal.
96

Figura 77 – Descascamento de pintura no Figura 78 – Descolamento de revestimento com


revestimento. pulverulência.

Todos os casos de descascamento da pintura foram originados na etapa de


operação, revelando certa falta de cautela dos usuários em relação à preservação
dos acabamentos dos edifícios. Em contrapartida, pode-se concluir que o substrato
estava estável, seco e foi preparado adequadamente antes da pintura, e também,
que a película de tinta aplicada tem boa aderência, impedindo escamações,
pulverulências ou descolamentos espontâneos.
Já, as pouquíssimas ocorrências de descolamento com pulverulência
apontam para a utilização de dosagens adequadas nos traços da argamassa do
revestimento, bem como, para um bom nível de qualidade na aplicação da mesma.

5.1.5 Localização, origens e causas das manifestações patológicas no


Residencial Solar das Palmeiras

Em relação à localização das anomalias nas fachadas, 86% manifestam-se


no revestimento, 11% no peitoril e entorno das janelas e 3% nas vigas de fundação.
Dado que a orientação solar é bastante relevante quando se estuda
manifestações patológicas nas construções, o gráfico da figura 79 mostra o número
de incidências por m², considerando a área total das fachadas em cada orientação
solar.
97

NÚMERO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS POR m²


1,20
1,01
1,00 0,93
0,80
0,80 0,72

0,60

0,40

0,20

0,00
Fachada Oeste Fachada Leste Fachada Sul Fachada Norte
Fachadas principais Fachadas laterais

Figura 79 – Gráfico com o número de manifestações patológicas por m² nas fachadas do Residencial
Solar das Palmeiras, de acordo com a orientação solar.

Neste estudo de caso, as fachadas principais (frontal e fundos) apresentam


maior número de incidências por m² que as fachadas laterais. A superioridade das
fachadas principais no que se refere à quantidade de detalhes construtivos, bem
como, a maior proximidade das mesmas com as vias de acesso aos blocos e ao
estacionamento podem ter relação com este maior número de ocorrências. Registra-
se que, entre as oito fachadas principais, apenas as fachadas dos fundos dos blocos
“C” e “D” não são localizadas junto às vias de acesso.
Quanto à diferença de ocorrências por m² entre as fachadas principais oeste e
leste, é possível deduzir que maior incidência de sol à tarde, quando a radiação é
mais intensa, reflete na preponderância da quantidade de fissuras das fachadas com
orientação oeste, e consequentemente, no número de manifestações patológicas
por m².
Já a fachada sul apresenta número superior de problemas por m², quando
comparada com a fachada norte, por ser mais prejudicada pela baixa incidência
solar, impulsionando o aparecimento de problemas com umidade.
A figura 80 mostra o percentual que representa cada grupo de manifestação
patológica de acordo com a orientação solar, concordando com as considerações
acima, quanto ao posicionamento solar das fachadas. Observa-se que os problemas
de fissuração correspondem a 77% dos danos encontrados nas fachadas oeste e
60% das fachadas sul. Quanto às anomalias relacionada à umidade, representam
33% dos problemas diagnosticados nas fachadas com orientação sul e 18% das
fachadas oeste. Portanto, pode-se deduzir que as fachadas com incidência solar
98

mais intensa tendem a apresentar um número maior de ocorrências de fissuração e,


o contrário acontece com o surgimento de problemas relacionados à umidade, que
tendem a ser mais frequentes em fachadas com baixa incidência solar.

INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS FACHADAS


90%
77%
80% 73%
71%
70%
60%
60%
50%
40% 33%
30% 23% 21% 18%
20%
10% 4% 3% 3% 3% 3% 4% 2% 2%
0%
Fissuras/Trincas Umidade Sujidade Descolamento
revestimento
F. Norte F. Sul F.Leste F. Oeste
Figura 80 – Gráfico com incidência das manifestações patológicas nas fachadas do Residencial Solar
das Palmeiras, de acordo com a orientação solar.

As possíveis origens das manifestações patológicas são consideradas nas


fases de produção e de utilização dos edifícios. A fase de produção envolve as
etapas de projeto, definição de materiais e execução, enquanto que a fase de
utilização é composta pelas etapas de operação e manutenção. Ressalta-se que a
origem de uma manifestação patológica pode estar relacionada a várias etapas.
Não existe relação entre os problemas de sujidade e descolamento de
revestimento com a posição solar. As origens destas manifestações diagnosticadas
estão apontadas para a fase de utilização e são causadas, basicamente, por
operação e manutenção inadequadas.
Para o tratamento e a prevenção de manifestações patológicas é
imprescindível a investigação das suas causas. Os exemplos anteriormente
referenciam agentes causadores das anomalias encontradas nas fachadas do
Residencial Solar das Palmeiras. Dentre as várias prováveis causas envolvidas nos
diagnósticos, sobressaem-se as relacionadas à movimentação térmica, deformação
da estrutura, sobrecarga, componentes inadequados, umidade de infiltração,
movimentação higrotérmica diferenciada dos materiais, movimentação higroscópica,
choques e impactos, falta de manutenção e ação do homem.
99

5.1.6 Comparativo entre os dados do levantamento do Projeto INQUALHIS e


os obtidos na atual pesquisa no Residencial Solar das Palmeiras

Na pesquisa INQUALHIS, os levantamentos das manifestações patológicas


no Residencial Solar das Palmeiras ocorreram entre os meses de abril e junho de
2008. Nesse período o residencial estava sendo habitado há, aproximadamente, um
ano e sete meses. Os levantamentos atuais neste conjunto habitacional ocorreram
entre os meses de dezembro de 2015 e fevereiro de 2016. Logo, o período existente
entre os dois levantamentos é cerca de sete anos e oito meses.
Este estudo comparativo, entre os dados coletados durante o Projeto
INQUALHIS e os obtidos na atual pesquisa, não contempla os problemas de
irregularidade de acabamento pelos motivos apresentados na metodologia do
capítulo 3. Portanto, as porcentagens de incidência do INQUALHIS foram
recalculadas, desconsiderando as incidências de irregularidade de acabamento. Os
problemas com sujidades também não aparecerão neste item porque no Projeto
INQUALHIS esta manifestação patológica não foi alvo do estudo, provavelmente,
por apresentar incidência irrelevante, o que realmente é esperado em construções
recentes.
Considerando a mesma área de observação de fachadas e somente os três
grupos de manifestações patológicas: fissuras/trincas, umidade e descolamento de
revestimento, no levantamento INQUALHIS obteve-se 1303 incidências e no
levantamento atual 9709 incidências, distribuídas conforme tabela 1. Ocorreu um
aumento de, aproximadamente, 745% no número de incidências em um período de
sete anos e oito meses.
100

Tabela 1 – Número de incidências das manifestações patológicas diagnosticadas durante a pesquisa


INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do Residencial Solar das Palmeiras
Incidências na Pesquisa
Manifestação patológica Incidências na pesquisa atual
INQUALHIS

Fissuras/Trincas 1157 7416

Umidade 145 2086

Descolamento de revestimento 1 207

Total de incidências 1303 9709

Para visualização das diferenças nas incidências de manifestações


patológicas diagnosticadas foi gerada a figura 81. Observa-se que a
representatividade de fissuras e trincas apresentou um decréscimo de 12,4% em
relação ao levantamento anterior. Já que, nos problemas de umidade houve um
acréscimo de 10,4% e o descolamento de revestimento, que anteriormente teve
apenas 1 registro, agora representa 2,1% das anomalias.

INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS FACHADAS


100,0%
88,8%
90,0%
80,0% 76,4%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0% 21,5%
20,0% 11,1%
10,0% 2,1% 0,1%
0,0%
Fissuras/Trincas Umidade Descolamento revestimento

Pesquisa Atual Pesquisa INQUALHIS


Figura 81 – Gráfico comparativo de incidências das manifestações patológicas diagnosticadas
durante o Projeto INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do Residencial Solar das Palmeiras.

Além do fato de ter aumentado em 10,4% a representatividade da umidade


em relação às outras manifestações patológicas, a pesquisa atual diagnosticou uma
variedade bem maior de problemas de umidade: limos, musgos, fungos, vegetação
parasitária, manchas de umidade e descolamento com empolamento. Na pesquisa
anterior a umidade revelou-se apenas com desbotamento e manchas no
revestimento.
101

Continua evidente a predominância do problema de fissuração. Esta


manifestação patológica representa 76,4% dos problemas no levantamento atual e
88,8% no anterior.
As fissuras foram classificadas segundo sua orientação nos dois
levantamentos e os tipos de fissuras apresentaram-se na mesma ordem
decrescente de frequência: horizontal, vertical, inclinada e mapeada.
De acordo com o gráfico comparativo da figura 82, na situação atual das
fachadas se verifica decréscimos de 6% na representatividade das fissuras
horizontais e de 5% nas verticais. Já a relevância das fissuras inclinadas aumentou
11% e a porcentagem nas fissuras do tipo mapeada permaneceu a mesma.

FISSURAS/TRINCAS
50% 47%
45% 41%
39%
40%
34%
35%
30%
25% 22%
20%
15% 11%
10%
5% 3% 3%
0%
Horizontal Vertical Inclinada Mapeada

Pesquisa Atual Pesquisa INQUALHIS


Figura 82 – Gráfico comparativo dos diversos tipos de fissuras diagnosticadas durante o Projeto
INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do Residencial Solar das Palmeiras.

A tabela 2 mostra o percentual que representa cada grupo de manifestação


patológica de acordo com a orientação solar nas duas pesquisas.
102

Tabela 2 – Percentual de incidência das manifestações patológicas diagnosticadas durante a


pesquisa INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do Residencial Solar das Palmeiras, de
acordo com a orientação solar

Fachada Norte Fachada Sul Fachada Leste Fachada Oeste


Manifestação
patológica INQUA INQUA INQUA INQUA
Atual Atual Atual Atual
LHIS LHIS LHIS LHIS

Fissuras/Trincas 100% 73,8% 80,6% 62,2% 87,6% 75,9% 89,8% 79,3%

Umidade - 23,6% 19,4% 34% 12,3% 21,9% 10,2% 18,9%

Descolamento
- 2,6% - 3,8% 0,1% 2,2% - 1,8%
de revestimento

TOTAL 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Neste estudo comparativo constata-se também que existe coerência nos


resultados das duas pesquisas em relação à orientação solar das fachadas. A
fissuração é uma manifestação patológica que se sobressai na fachada norte
quando comparada com a sul e na fachada oeste em relação a leste, nos dois
levantamentos. Resultados que podem justificar-se pela inferioridade da incidência
solar na fachada sul em relação às outras; e no caso da fachada oeste, devendo-se
a maior incidência de sol à tarde, quando a radiação é mais intensa. Concernente à
umidade, a fachada sul apresenta maior frequência de problemas do que todas as
outras fachadas em ambos os levantamentos, provavelmente, por ser a mais
prejudicada pela baixa incidência solar.

5.2 Levantamentos das manifestações patológicas nas fachadas do


Residencial Paraíso

Os levantamentos das manifestações patológicas neste conjunto habitacional


aconteceram entre os dias 27/06/2016 e 08/07/2016. Neste período o residencial
estava sendo habitado há, aproximadamente, oito anos e dez meses.
Os dados são referentes às doze fachadas dos blocos nomeados como A”,
“B” e “C”. O bloco “A” possui fachada frontal com posição solar norte e fachada dos
fundos com orientação sul. Já, os blocos “B” e “C” apresentam fachada frontal com
posição solar sul e fachada dos fundos em posição norte. Todos os blocos possuem
uma fachada lateral leste e uma lateral oeste.
103

As anomalias observadas pertencem aos mesmos quatro grandes grupos


utilizados no Residencial Solar das Palmeiras: umidade, fissuras/trincas,
descolamento de revestimento e sujidades.
As principais manifestações patológicas diagnosticadas foram fissuras e
trincas (63%); na sequência a umidade (23%); posteriormente, o descolamento de
revestimento (8%); e por último, as sujidades (6%). A figura 83 apresenta o
percentual referente a estas ocorrências, evidenciado a predominância do problema
de fissuração.

INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS


70% 63%
60%

50%

40%

30%
23%
20%
8%
10% 6%

0%
Fissuras/Trincas Umidade Descolamento Sujidade
revestimento
Figura 83 – Gráfico do percentual de incidência das manifestações patológicas existentes nas
fachadas do Residencial Paraíso.

5.2.1 Fissuras/Trincas

Sendo a manifestação patológica de maior ocorrência e representando 63%


dos problemas nas fachadas deste residencial, as fissuras foram classificadas
segundo sua orientação. As fissuras horizontais compõem 51% dos casos, seguidas
pelas verticais, inclinadas e mapeadas, conforme figura 84. Constatou-se que os
tipos de fissuras observadas no Residencial Paraíso estão na mesma ordem
decrescente de frequência do Residencial Solar das Palmeiras.
104

FISSURAS/TRINCAS
60%
51%
50%

40%
30%
30%

20% 16%

10%
2%
0%
Horizontal Vertical Inclinada Mapeada

Figura 84 – Gráfico do percentual dos diversos tipos de fissuras existentes nas fachadas do
Residencial Paraíso.

No Residencial Paraíso observou-se o aparecimento aleatório de fissuras


horizontais e verticais no revestimento (Figura 85), com causa provavelmente
relacionada às mudanças higroscópicas que provocam variações dimensionais nos
materiais, principalmente nos mais porosos, pois o aumento do teor de umidade
produz expansão do material, enquanto a diminuição provoca uma contração, e
quando o vínculo entre estes materiais restringe as movimentações deles, podem
ocorrer fissuras nos elementos construtivos. Salienta-se que a umidade pode ser
resultante da produção dos componentes, da execução da obra, do ar ou da chuva.
No revestimento da fachada da figura 86 podem ser visualizadas longas
fissuras na direção horizontal. Este tipo de manifestação é típico nos casos de
expansão da argamassa de assentamento.

Figura 85 – Fissura horizontal e fissura vertical no Figura 86 – Fissura horizontal típica nos casos
revestimento. de expansão da argamassa de assentamento.

Existem fissuras em alvenarias estruturais devidas à retração de secagem


das lajes de concreto armado, principalmente quando existe grandes vãos e forte
105

insolação. O encurtamento da laje provoca a rotação das fiadas próximas à mesma.


Neste caso é comum o desenvolvimento das mesmas na direção horizontal e
próximas às aberturas, como ilustra a figura 87.
Neste empreendimento, assinala-se, também, a presença de fissuras
horizontais próximas aos pontos de contato de lajes e alvenarias, principalmente nas
arestas das fachadas (Figura 88), ocorrência que pode ser explicada pela diferença
de coeficientes de dilatação térmica dos materiais e pelas distintas dilatações
provocadas pela maior ou menor capacidade de absorver água.

Figura 87 – Fissuras horizontais próximas às aberturas. Figura 88 – Fissuração próxima ao


contato da laje com a alvenaria.

Foram observadas fissuras verticais sequencialmente alinhadas nas fachadas


por vários pavimentos, nos pontos de encontro das paredes divisórias dos
dormitórios (Figura 89) e banheiros (Figura 90) com as paredes externas da
edificação. Neste caso, embora os materiais da alvenaria sejam os mesmos, eles
estão expostos a diferentes solicitações térmicas e higroscópicas, apresentando
movimentações diferenciadas, que são causadoras de fissuras.

Figura 89 – Fissura no encontro da parede interna do Figura 90 – Fissura no encontro da parede


dormitório e externa da fachada. interna do banheiro e externa da fachada.
106

A figura 91 mostra fissuras verticais localizadas sobre a viga de fundação. A


causa provavelmente está relacionada à deformação da estrutura, talvez não
dimensionada adequadamente na etapa de projeto.
As fissuras desenvolvidas predominantemente na diagonal a partir dos
vértices das aberturas, onde existem concentrações de tensões, são normalmente
devidas à atuação de carga vertical uniformemente distribuída (Figura 92).

Figura 91 – Fissuras verticais sobre a viga de Figura 92 – Fissura inclinada no canto


fundação. superior da janela.

As figuras 93 e 94 são exemplos de fissuração do tipo mapeada,


possivelmente, decorrentes da retração da argamassa de revestimento, devido a
falhas na especificação ou fabricação do traço.

Figura 93 – Fissuras em forma de mapa abaixo Figura 94 – Fissuração do tipo mapeada no


da janela. revestimento argamassado.

5.2.2 Umidade

Os problemas relacionados à umidade identificados no Residencial Paraíso


são: fungos, vegetação parasitária, limos, musgos, manchas de umidade,
descolamento com empolamento e eflorescência.
107

Assim como no Residencial Solar da Palmeiras, no Paraíso ressaltaram-se os


registros de fungos (77,9%), conforme mostra a figura 95.

Figura 95 – Gráfico do percentual de problemas relacionados à umidade nas fachadas do Residencial


Paraíso.

O fungo é uma manifestação patológica generalizada nas fachadas com


orientação solar sul (Figuras 96 e 97). Salienta-se que não existe sombreamento em
nenhuma destas fachadas, nem por vegetação, nem por edificações vizinhas. A
fachada sul apresenta 3,4 vezes mais incidências de fungos por m² que a fachada
oeste, 2,9 vezes mais que a leste e 1,8 vezes superior, quando comparada com a
fachada norte.
108

Figura 96 – Apresentação de fungos na Figura 97 – Fachada frontal sul com presença


fachada dos fundos com orientação solar sul. generalizada de fungos.

Vale mostrar a aglomeração de fungos junto aos aparelhos condicionadores


de ar, devido à condensação (Figura 98). Assinalando que no alinhamento das
mangueiras que são conectadas aos aparelhos e fixadas nas fachadas também há
presença de fungos, devido à umidade concentrada entre a mangueira e o reboco.
Ocorre concentração desta anomalia na região abaixo das janelas, onde a
água advinda dos peitoris escorre, também em locais afetados pela umidade
resultante de varais utilizados para secagem de roupas, conforme figura 99, em
pontos onde desembocam mangueiras de água e na parte inferior do revestimento,
que recebe respingos da água da chuva após entrar em contato com o piso de
concreto, o qual, muitas vezes apresenta superfícies com terra vegetal, pedaços de
gramas resultantes do corte, musgos e vegetações.

Figura 98 – Aglomeração de fungos junto ao Figura 99 – Concentração de fungos na região abaixo


aparelho de ar condicionado. da janela.
109

A vegetação parasitária aparece como segunda anomalia mais recorrente


entre os problemas de umidade (9,46%). Abaixo são apresentados exemplos da
presença de vegetação parasitária na aresta fissurada das paredes da fachada
(Figura 100), no revestimento das paredes do reservatório de água (Figura 101), na
calha de captação de água do telhado (Figura 102) e junto à viga de fundação
(Figura 103).

Figura 100 – Vegetações na aresta das Figura 101 – Vegetações parasitárias no


paredes. revestimento das paredes do reservatório de água.

Figura 102 – Vegetações localizadas na calha do Figura 103 – Vegetações junto à viga de
telhado. fundação.

Os limos representam 7,23% dos problemas de umidade. A fachada sul é a


mais prejudicada, sobressaindo-se em número de ocorrências/m² em relação às
outras fachadas: 32,8 vezes mais ocorrências que a fachada norte, 4,2 vezes mais
que a oeste e 2,1 vezes superior, quando comparada com a fachada leste.
Constatando-se a notoriedade da relação entre a manifestação patológica com a
baixa incidência solar da fachada sul, que contribui para um maior tempo de
permanência de umidades nas superfícies. As figuras 104 e 105 exemplificam
fachadas com limos.
110

Figura 104 – Limos no alinhamento de tubos de Figura 105 – Apresentação de limos nas
queda de água pluviais. fachadas.

O número de ocorrências de musgos representa 3,59% dos problemas de


umidade. A maior incidência desta anomalia foi observada nas fachadas sul, que
apresenta 11,8 vezes mais registros de musgos por m² que a fachada oeste, 8,9
vezes mais que a norte e 2 vezes superior, quando comparada com a fachada leste.
Neste residencial os musgos aparecem nas paredes dos reservatórios,
juntamente com fungos e vegetações parasitárias, como ilustra a figura 101
(anterior), também nas vigas de fundação e em alguns pontos do revestimento na
parte inferior da fachada (Figura 106) e nos beirais das lajes existentes nas entradas
dos blocos (Figura 107).

Figura 106 – Musgos revestindo a viga de Figura 107 – Presença de musgos e fungos na
fundação. laje de entrada dos blocos.

Para finalizar a abordagem sobre os danos de umidade, abaixo são


apresentados exemplos das manifestações patológicas menos representativas deste
111

grupo: as manchas de umidade, os descolamentos com empolamento e as


eflorescências. Salienta-se que as manchas de umidade registradas são em função
da instalação de varais para secagem de roupas ou de floreiras junto às fachadas
(Figura 108). O descolamento com empolamento foi visto em pontos isolados do
revestimento das fachadas e nas lajes de entrada dos blocos (Figura 109). As
eflorescências foram visualizadas exclusivamente nas lajes (Figura 109), causadas
pela diluição de sais em contato com a umidade presente, sendo estes sais
transportados para a superfície externa.

Figura 108 – Manchas de umidade abaixo Figura 109 – Descolamentos com empolamento e
da instalação de floreiras. eflorescências na laje da entrada do bloco.

Em uma das visitas técnicas foi registrado um caso de deslocamento da calha


que recebe a água do telhado (Figura 110). A movimentação deste componente do
sistema pluvial causou um distanciamento do seu bocal de saída em relação ao tubo
de queda que deveria estar recebendo a água (Figura 111). Esta ocorrência revela
falta de manutenção no condomínio e promove o aparecimento de várias
manifestações patológicas na fachada, devido ao volume de água despejado neste
trecho. Vale lembrar que o exemplo de vegetação parasitária da figura 106 (anterior)
também demonstra a ausência de manutenção nas calhas.
112

Figura 110 – Deslocamento da calha do Figura 111 – Distanciamento do bocal de saída da


telhado. calha em relação à entrada do tubo de queda.

5.2.3 Descolamento de revestimento

Quanto ao descolamento de revestimento, os problemas ocorrem 65% com


descascamento de pintura, 34% em placas e apenas 1% com pulverulência.
São comuns neste residencial os descascamentos na pintura ao longo das
vigas de fundação (Figura 112) e nos peitoris das janelas (Figura 113). Estes dois
elementos são fabricados em concreto e estão expostos à umidade. A causa
apontada para estes descascamentos é a aderência insuficiente entre a tinta e o
substrato. Provavelmente o produto aplicado não tenha as características
apropriadas para este fim, apontando falhas na especificação. Além de existir a
possibilidade de preparação inadequada do substrato.

Figura 112 – Descascamento da pintura na viga Figura 113 – Descascamento da pintura no peitoril.
de fundação.

Observaram-se descascamentos de pintura em alguns pontos isolados das


fachadas (Figura 114) e em algumas fissuras existentes (Figura 115); além de
ocorrências ligadas à fixação de elementos nas fachadas ou impactos nos
revestimentos.
113

Figura 114 – Descascamento de pintura em Figura 115 – Descascamento de pintura em


ponto isolado do revestimento. fissuras existentes.

Os descolamentos em placas são decorrentes de instalações inapropriadas


de condicionadores de ar (Figura 116), grades de proteção (Figura 117), televisão
por assinatura e internet (Figura 118), ou consequência de choques e impactos nas
arestas das paredes (Figura 119).

Figura 116 – Descolamentos em placas Figura 117 – Descolamentos em placas


gerados durante a instalação do condicionador decorrentes da instalação de grade de proteção na
de ar. janela.

Figura 118 – Descolamento em placa resultante Figura 119 – Descolamento em placa na aresta da
da instalação de cabos. parede devido a impacto.
114

Outro exemplo de descolamento em placa localiza-se na face de contato do


armário de energia, fabricado em madeira, e sua base com revestimento
argamassado (Figura 120).
Foram registradas apenas sete incidências de descolamento com
pulverulência (Figura 121), todas localizadas nas bases dos armários de energia
situados nas entradas dos blocos. Esta manifestação patológica, provavelmente,
deve-se a dosagem inadequada do traço ou excesso de finos no agregado, tornando
o reboco pulverulento.

Figura 120 – Descolamento em placa na Figura 121 – Descolamento com pulverulência na


base do armário de energia. base do armário de energia.

5.2.4 Sujidades

A ocorrência de sujidades atingiu 6% do total de anomalias diagnosticadas. A


etapa de operação da edificação foi designada como provável origem em 62% dos
registros, indicando a ação do homem como causa da maioria dos problemas com
sujidades. Ficando atribuído à manutenção insuficiente ou inadequada 38% dos
danos.
Um exemplo de apresentação de sujidades localiza-se nas vigas de fundação.
Em alguns trechos aglutinam-se partículas de terra vegetal e de grama (Figura 122).
Isto é resultado de procedimentos indevidos no corte de grama e em outros
cuidados com o ajardinamento do condomínio, constatando-se que os resíduos
muitas vezes não são destinados adequadamente e acabam fixando-se nas partes
inferiores das fachadas.
Na figura 123 é possível observar sujidades no entorno da janela e na parte
inferior do peitoril. Este tipo de sujidade poderia ser eliminado através de processos
simples de limpeza, fato que revela desinteresse pelas ações de manutenção, não
115

só por parte da administradora, mas dos próprios moradores. Durante os


levantamentos constatou-se que esta manifestação apresenta mais ocorrências nos
primeiros andares e em áreas mais protegidas do vento, provavelmente, porque a
ação vento é mais intensa nos andares superiores, varrendo a sujeira e não
permitindo acúmulos.

Figura 122 – Resíduos na viga de fundação, Figura 123 – Sujidades no entorno da


decorrentes de procedimentos de manutenção. abertura.

Os apartamentos do Residencial Paraíso foram entregues aos moradores,


apenas com a face superior da laje polida para compor o acabamento dos pisos dos
dormitórios. São 240 moradias que no decorrer dos anos vão sendo reformadas,
sendo a colocação de revestimentos cerâmicos uma alternativa econômica para os
usuários. A falta de regulamentação quanto ao corte de materiais nas áreas do
condomínio agrava os problemas com sujidades nos revestimentos externos. O
corte de materiais cerâmicos é executado próximo as paredes externas dos blocos,
principalmente perto das janelas das circulações (fachadas dos fundos), pois os fios
de energia dos equipamentos de corte passam pelas aberturas para serem
conectados em tomadas existentes nas áreas internas de uso comum. Quando as
partículas avermelhadas, geradas na execução dos cortes das cerâmicas,
encontram superfícies úmidas nas fachadas, formam-se áreas de aglutinação,
conforme mostram as figuras 124 e 125.
116

Figura 124 – Sujidades decorrentes de Figura 125 – Sujidades decorrentes de materiais


materiais cerâmicos na fachada dos fundos. cerâmicos na fachada frontal.

Em algumas áreas próximas às janelas da cozinha e do banheiro se observou


paredes sujas, devido aos escorrimentos de elementos orgânicos. A figura 126
exemplifica isto, deduzindo-se que o resíduo causador da sujidade tenha sido
lançado de algum apartamento acima desta abertura.
Nas fachadas deste empreendimento, dentre as alterações proporcionadas
pelo uso inadequado está a execução de riscos, desenhos e escritas (Figura 127).

Figura 126 – Sujidade gerada pelo escorrimento Figura 127 – Escrita executada na fachada do
de elemento orgânico. residencial.

As manchas resultantes de processos corrosivos são bastante visíveis nas


fachadas deste conjunto habitacional. Estas manchas aparecem, principalmente,
junto aos suportes de aparelhos de ar condicionado (Figura 128), grades de janelas
(Figura 130), varais para secagem de roupas (Figura 131) e antenas. Isto ocorre
porque estes elementos metálicos, normalmente, são confeccionados com a
utilização de aço carbono e recebem acabamento com tinta esmalte. Estes tipos de
aço e de tinta são pouco resistentes à corrosão. A indicação de acabamentos com
superfícies galvanizadas, utilização de suportes com material plástico ou em aço
inoxidável evitariam esta manifestação patológica, originada na etapa de operação.
117

Uma ocorrência de mancha de corrosão chamou atenção porque apareceu


junto a um aparelho de ar condicionado com suporte confeccionado em material
polimérico. Com uma observação mais próxima, constatou-se que a mancha era
derivada da oxidação dos parafusos e das arruelas de fixação, conforme mostra o
detalhamento da figura 129. Este caso alerta para a necessidade de exigência de
fixadores resistentes à corrosão, tais como, os confeccionados em aço inox, além
dos suportes com materiais apropriados.

Figura 128 – Manchas de corrosão junto aos Figura 129 – Mancha de corrosão devida à oxidação
aparelhos de ar condicionado. nos elementos de fixação do ar condicionado.

Figura 130 – Manchas de corrosão Figura 131 – Mancha de corrosão causada pela
decorrentes da oxidação da grade de oxidação do varal se secagem de roupas.
proteção da janela.

Além das manifestações patológicas exemplificadas acima, registra-se aqui o


surgimento de sujidades devido à colocação de vasos com plantas muito próximos
às fachadas ou sobre os peitoris das janelas. Os respingos resultantes do regar das
plantas ou da água da chuva quando cai na terra nas quais estão plantadas atingem
118

as fachadas causando sujidades. Registrou-se também um caso de sujidade


causada por gaiola com pássaro pendurada na fachada. Estes inconvenientes
poderiam ser evitados com a existência de regulamentações específicas, além de
orientações e efetiva fiscalização por parte da administradora.

5.2.5 Localização, origens e causas das manifestações patológicas no


Residencial Paraíso

Em relação à localização das anomalias nas fachadas, 89% manifestam-se


no revestimento, 7% no peitoril e entorno das janelas e 4% nas vigas de fundação.
O gráfico da figura 132 mostra o número de incidências por m², considerando
a área total das fachadas em cada orientação solar.

NÚMERO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS POR m²


1,20
1,05
1,00 0,96 0,93

0,80
0,61
0,60

0,40

0,20

0,00
Fachada Norte Fachada Sul Fachada Oeste Fachada Leste
Fachadas principais Fachadas laterais

Figura 132 – Gráfico com o número de manifestações patológicas por m² nas fachadas do
Residencial Paraíso, de acordo com a orientação solar.

No Residencial Paraíso, as fachadas principais (frontal e fundos) também


apresentam maior número de incidências por m² que as fachadas laterais. A
superioridade das fachadas principais no que se refere à quantidade de detalhes
construtivos, bem como, a maior proximidade das fachadas frontais com as vias de
acesso aos blocos e ao estacionamento podem ter relação com este maior número
de ocorrências. Registra-se que, entre as seis fachadas principais, as três fachadas
dos fundos não são localizadas junto às vias de acesso.
Quanto à diferença de ocorrências por m² entre as fachadas principais norte e
sul, é possível deduzir que maior incidência de sol reflete na preponderância da
quantidade de fissuras das fachadas com orientação norte, e consequentemente, no
119

número de manifestações patológicas por m². Lembrando que a fissuração é a


manifestação patológica que representa mais da metade dos problemas em todas as
orientações solares.
A fachada oeste apresenta maior número de ocorrências por m² em relação a
leste, porque sofre maior incidência de sol à tarde, quando a radiação é mais
intensa, refletindo numa significante presença de fissuras.
A figura 133 mostra o percentual que representa cada grupo de manifestação
patológica de acordo com a orientação solar, concordando com as considerações
acima, quanto ao posicionamento solar das fachadas. Observa-se que os problemas
de fissuração correspondem a 74% dos danos encontrados nas fachadas oeste e
53% das fachadas sul. Quanto às anomalias relacionada à umidade, representam
33% dos problemas diagnosticados nas fachadas com orientação sul e 11% das
fachadas oeste. Portanto, pode-se deduzir que as fachadas com incidência solar
mais intensa tendem a apresentar um número maior de ocorrências de fissuração e,
o contrário acontece com o surgimento de problemas relacionados à umidade, que
tendem a ser mais freqüentes em fachadas com baixa incidência solar.

INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS FACHADAS


80% 74%
72%
70% 62%
60% 53%
50%
40% 33%
30% 22%
20% 15%
11%
8% 9% 8% 9% 8% 6%
10% 5% 5%
0%
Fissuras/Trincas Umidade Sujidade Descolamento
revestimento
F. Norte F. Sul F.Leste F. Oeste
Figura 133 – Gráfico com incidência das manifestações patológicas nas fachadas do Residencial
Paraíso, de acordo com a orientação solar.

Não foi identificada relação direta entre os problemas de sujidade e


descolamento de revestimento com a posição solar. As origens destas
manifestações diagnosticadas estão apontadas para a fase de utilização e são
causadas, basicamente, por operação e manutenção inadequada.
As manifestações patológicas apresentadas na exemplificação de casos do
Residencial Paraíso referenciam seus agentes causadores. Dentre a variedade de
120

prováveis causas envolvidas nos diagnósticos, sobressaem-se as relacionadas à


movimentação térmica, deformação da estrutura, sobrecarga, componentes
inadequados, umidade de infiltração, movimentação higrotérmica diferenciada dos
materiais, movimentação higroscópica, choques e impactos, falta de manutenção e
ação do homem.

5.2.6 Comparativo entre os dados do levantamento do Projeto INQUALHIS e


os obtidos na atual pesquisa no Residencial Paraíso

Na pesquisa INQUALHIS, os levantamentos das manifestações patológicas


no Residencial Paraíso ocorreram entre os meses de janeiro e março de 2008.
Nesse período o residencial estava sendo habitado há, apenas, cinco meses. Os
levantamentos atuais neste conjunto habitacional ocorreram nos meses de junho e
julho de 2016. Logo, o período existente entre os dois levantamentos é cerca de oito
anos e três meses.
Este segundo estudo comparativo também não contempla os problemas de
irregularidade de acabamento e sujidades, pelos mesmos motivos já apresentados
no capítulo 3.
Considerando a mesma área de observação de fachadas e somente os três
principais grupos de manifestações patológicas: fissuras/trincas, umidade e
descolamento de revestimento, no levantamento INQUALHIS obteve-se apenas 82
incidências e no levantamento atual 9106 incidências, distribuídas conforme tabela
3. Ocorreu um impressionante aumento de, aproximadamente, 11105% no número
de incidências em um período de oito anos e três meses.

Tabela 3 – Número de incidências das manifestações patológicas diagnosticadas durante a pesquisa


INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do Residencial Paraíso
Incidências na Pesquisa
Manifestação patológica Incidências na pesquisa atual
INQUALHIS

Fissuras/Trincas 50 6113

Umidade 25 2199

Descolamento de revestimento 7 794

Total de incidências 82 9106

Para visualização das diferenças nas incidências de manifestações


patológicas diagnosticadas foi gerada a figura 134. Observa-se que a
121

representatividade de fissuras e trincas apresentou um acréscimo de 6% em relação


ao levantamento anterior. Já que, nos problemas de umidade houve decréscimo de
6% e o descolamento de revestimento, continua representando 9% das anomalias.

INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS FACHADAS


80%
67%
70%
61%
60%
50%
40%
30%
30% 24%
20%
9% 9%
10%
0%
Fissuras/Trincas Umidade Descolamento revestimento

Pesquisa Atual Pesquisa INQUALHIS


Figura 134 – Gráfico comparativo de incidências das manifestações patológicas diagnosticadas
durante o Projeto INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do Residencial Paraíso.

Continua evidente a predominância do problema de fissuração. Esta


manifestação patológica representa 67% dos problemas no levantamento atual e
61% no anterior.
As fissuras foram classificadas segundo sua orientação nos dois
levantamentos e os tipos de fissuras apresentaram-se na mesma ordem
decrescente de frequência: horizontal, vertical, inclinada e mapeada.
De acordo com o gráfico comparativo da figura 135, na situação atual das
fachadas se verifica decréscimos de 15% na representatividade das fissuras
horizontais e de 2% nas verticais. Já a relevância das fissuras inclinadas aumentou
14% e a porcentagem nas fissuras do tipo mapeada, que antes não existia,
representa 2% entre os tipos de fissuração.
122

FISSURAS/TRINCAS
70% 66%

60%
51%
50%

40%
30% 32%
30%

20% 16%

10%
2% 2%
0%
0%
Horizontal Vertical Inclinada Mapeada

Pesquisa Atual Pesquisa INQUALHIS


Figura 135 – Gráfico comparativo dos diversos tipos de fissuras diagnosticadas durante o Projeto
INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do Residencial Paraíso.

A tabela 4 mostra o percentual que representa cada grupo de manifestação


patológica de acordo com a orientação solar nas duas pesquisas.

Tabela 4 – Percentual de incidência das manifestações patológicas diagnosticadas durante a


pesquisa INQUALHIS e na pesquisa atual nas fachadas do Residencial Paraíso, de acordo com a
orientação solar

Fachada Norte Fachada Sul Fachada Leste Fachada Oeste


Manifestação
patológica INQUA INQUA INQUA INQUA
Atual Atual Atual Atual
LHIS LHIS LHIS LHIS

Fissuras/Trincas 69% 75% 43% 56% - 68% 79% 81%

Umidade 19% 16% 48% 35% 100% 24% 21% 12%

Descolamento
12% 9% 9% 9% - 8% - 7%
de revestimento

TOTAL 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Constata-se que existe coerência nos resultados das duas pesquisas em


relação à orientação solar das fachadas. A fissuração apresenta-se mais
frequentemente nas fachadas oeste e norte. Resultados que podem justificar-se pela
inferioridade da incidência solar na fachada sul e leste em relação às outras. A
fachada oeste aparece como a mais prejudicada pela fissuração nos dois
levantamentos, imputando-se isso à maior incidência de sol à tarde, quando a
radiação é mais intensa. Quanto à umidade, as fachadas sul e leste apresentam
maior frequência de problemas do que as outras fachadas em ambos os
levantamentos, provavelmente, pela baixa incidência solar destas orientações.
123

5.3 Entrevistas com os moradores do Residencial Solar das Palmeiras

Após a execução dos levantamentos das incidências de manifestações


patológicas, aconteceram trinta entrevistas estruturadas com os usuários. Estas
entrevistas foram realizadas aleatoriamente no dia 02/02/2016 com moradores que
se encontravam nas áreas externas de uso comum do condomínio. O questionário
contempla treze questões, sendo seis de caráter individual e pessoal.
Constatou-se que 67% dos entrevistados é proprietário e 33% arrendatário do
imóvel, portanto não ocorreram entrevistas com inquilinos. A maioria dos
entrevistados é do sexo feminino, compondo 73% dos participantes. A faixa etária de
47% dos participantes é de 40 a 59 anos de idade, 23% de 25 a 39 anos, 23% com
mais de 60 anos e 7% até 24 anos.
Foram entrevistados usuários de todos os blocos, obtendo-se quatro parcelas
distintas, 43% do bloco “A”, 30% do bloco “B”, 17% do bloco “C” e 10% do bloco “D”.
Questionou-se a respeito de qual pavimento o usuário morava. A maioria dos
participantes (37%) reside no térreo, ficando a porcentagem restante assim
distribuída: 23% no 4º pavimento, 20% no 3º, 13% no 5º e 7% no 2º.
Quanto à quantidade de moradores por unidade habitacional, verificou-se que
a maioria dos apartamentos dos entrevistados são habitados por três pessoas (47%)
ou duas pessoas (36%), 10% por uma pessoa e 7% por quatro ou mais pessoas.
No que se refere à percepção do usuário em relação às manifestações
patológicas, 90% dos entrevistados já reparou nos danos existentes nas fachadas
do residencial e 60% sentem-se incomodados com estes problemas. Entretanto,
apenas 30% dos usuários efetuaram alguma reclamação junto à imobiliária
administradora em relação a estes problemas nas fachadas.
Com estas informações, nota-se que existe uma distância considerável entre
o perceber um problema e o intervir de alguma maneira para alcançar a solução, no
caso, reivindicando ações da administradora do condomínio.
O questionário de entrevista neste residencial não abordou separadamente o
item de sujidade porque na primeira análise, realizada antes das entrevistas, esta
manifestação havia sido agrupada com os problemas de umidade, sendo separada
na análise definitiva posterior, devido à relevância de incidências e particularidades
nas origens e causas prováveis.
124

A manifestação patológica que mais chama atenção dos usuários


entrevistados é a fissuração, seguida dos problemas recorrentes de umidade e
descolamento do revestimento. Para isto, eles enumeraram em ordem de prioridade
(mais; mais ou menos; menos) o dano existente na fachada que mais lhe
incomodava, apontando desde 1 para o mais grave até 3 para o menos relevante.
Conforme o grau de visibilidade do usuário em relação à manifestação
patológica (mais; mais ou menos; menos) foram colocados pesos de 3 até 1 para
cada recorrência, obtendo-se a porcentagem de relevância que cada dano
encontrado na fachada possuía para o morador do residencial. Portanto, onde o
morador colocou “mais” o peso para compilação dos dados foi de 3, para ”mais ou
menos” peso de 2 e onde a recorrência foi vista como “menos” peso 1. Com esta
relação de prioridade para o usuário e peso proposto, obteve-se que a manifestação
patológica fissuras foi apontada como a que mais chama atenção por 36% dos
participantes, sendo seguida da umidade com 33% e descolamento do revestimento
31%, conforme mostra a figura 136.

RELEVÂNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Descolamento
revestimento
Umidade
31%

Fissuras/Trincas
33%

36%

Figura 136 – Porcentagem das manifestações patológicas, de acordo com a relevância dada pelo
usuário do Residencial Solar das Palmeiras.

A ordem de relevância manifestada pelos entrevistados no que diz respeito às


anomalias existentes coincide com o levantamento técnico realizado, o qual verificou
o maior número de incidências relacionado às fissuras, aparecendo na sequência os
problemas de umidade e descolamento de revestimento.
125

E, em relação às prioridades de manutenção a serem executadas nas


fachadas, os entrevistados enumeraram em “mais”; “mais ou menos”; ou “menos”
prioritárias. As respostas dispuseram em ordem de prioridade os reparos nos
revestimentos, para posterior lavagem, seguida pela pintura das fachadas. Conforme
mostra a figura 137, os usuários classificaram em 1 para “mais” prioritária, 2 para
“mais ou menos” e 3 para manutenção com “menos” prioridade.

PRIORIDADE DE MANUTENÇÃO NAS FACHADAS


18

16

14

12

10 Menos
Mais ou Menos
8
Mais
6

0
Lavagem Pintura Reparo revestimento

Figura 137 – Percepção do usuário em relação à prioridade de manutenção das fachadas no


Residencial Solar das Palmeiras.

Para compilação dos dados obtidos, adotaram-se pesos de 1 a 3 a serem


colocados nas prioridades (mais; mais ou menos; menos), obtendo-se a
porcentagem de prioridade das manutenções a serem realizadas nas fachadas.
Utilizou-se peso 3 para prioridade “mais”, 2 para “mais ou menos” e 1 para “menos”.
Através desta relação de prioridade para o usuário e peso proposto, obteve-se que
38% acreditam que o reparo no revestimento é a manutenção prioritária, 34% julgam
ser a lavagem das fachadas e 28% a pintura, conforme mostra com a figura 138.
126

PRIORIDADE DE MANUTENÇÃO NAS FACHADAS

28%
Pintura
34% Lavagem
Reparo revestimento
38%

Figura 138 – Porcentagem da percepção do usuário em relação à prioridade de manutenção das


fachadas no Residencial Solar das Palmeiras.

Apesar da pesquisa não conter nenhuma exigência referente a


conhecimentos da área de construção civil por parte dos entrevistados, a percepção
dos mesmos no que concerne à prioridade de manutenção é bastante apropriada,
uma vez que, a aplicação de uma boa e durável película de pintura é antecedida,
primeiramente, pela recuperação de áreas avariadas do revestimento e depois pela
limpeza e preparação das superfícies que receberão o acabamento final.
A importância dada pelos entrevistados à lavagem é revelada nesta iniciativa
de um morador em lavar as paredes externas de seu apartamento. A figura 139
mostra a intervenção realizada nesta fachada que é bastante sombreada pela
vegetação do terreno vizinho e com presença significativa de fungos. Nesta imagem
fica evidente a diferença das partes lavadas, principalmente na viga de fundação e
parte inferior do revestimento.
127

Figura 139 – Intervenção de limpeza realizada por morador do bloco “D” em fachada dos fundos do
Residencial Solar das Palmeiras.

Os entrevistados, em sua maioria, consideram a situação das fachadas


razoável (50%), sendo que 27% avaliam ser ruim e 23% julgam estar em boas
condições (Figura 140). Em relação à necessidade de manutenção nas fachadas,
90% dos entrevistados considera necessário e 10% acreditam que não é necessária
manutenção nas fachadas do residencial.

SITUAÇÃO DAS FACHADAS DOS PRÉDIOS

Boa Razoável Ruim

27% 23%

50%

Figura 140 – Porcentagem da percepção do usuário em relação à situação das fachadas no


Residencial Solar das Palmeiras.

Embora 23% dos moradores considerem que as fachadas estejam em boas


condições e 50% avaliem a situação como razoável, quase a totalidade (90%) dos
respondentes declararam serem necessárias as intervenções de manutenção.
128

5.4 Entrevistas com os moradores do Residencial Paraíso

Com a conclusão dos levantamentos das manifestações patológicas,


aconteceram trinta entrevistas estruturadas com os moradores do Residencial
Paraíso. Estas entrevistas foram realizadas aleatoriamente no dia 19/06/2016 com
moradores que se encontravam nas áreas externas de uso comum do condomínio.
O questionário contempla treze questões, sendo seis de caráter individual e pessoal.
Constatou-se que 57% dos entrevistados é proprietário e 33% arrendatário do
imóvel, e 10% inquilinos. A maioria dos entrevistados é do sexo feminino, compondo
53% dos participantes. A faixa etária de 47% dos participantes é de 25 a 39 anos de
idade, 40% de 40 a 59 anos, 10% até 24 anos e 3% com mais de 60 anos.
Foram entrevistados usuários de todos os blocos, obtendo-se três parcelas
iguais: 10 entrevistas no bloco “A”, 10 no bloco “B” e 10 no bloco “C”.
Da mesma forma, tomou-se o cuidado de entrevistar o mesmo número de
moradores em cada pavimento do bloco. Foram realizadas seis entrevistas em cada
um dos cinco pavimentos, totalizando as trinta entrevistas.
Quanto à quantidade de moradores por unidade habitacional, verificou-se que
a maioria dos apartamentos dos entrevistados são habitados por duas pessoas
(50%) ou três pessoas (30%), 13% por quatro ou mais pessoas e 7% por uma
pessoa.
No que se refere à percepção do usuário em relação às manifestações
patológicas, 70% dos entrevistados já reparou nos danos existentes nas fachadas
do residencial e 57% sentem-se incomodados com estes problemas. Entretanto,
apenas 33% dos usuários efetuaram alguma reclamação junto à imobiliária
administradora em relação a estes problemas nas fachadas. Evidenciando a
distância existente entre a percepção de um problema e a busca de uma solução por
parte dos moradores.
Não foi confirmado um nível maior de percepção e de incômodo dos
moradores dos primeiros andares em relação às manifestações patológicas. Esta
hipótese havia sido cogitada em função da facilidade de acesso às áreas externas
dos blocos e um provável maior tempo de permanência nelas.
Quanto à percepção dos usuários de acordo com os blocos que moram,
verificou-se que os moradores do bloco “A” mostraram-se menos atentos e
incomodados com os problemas existentes nas fachadas dos prédios. Isto pode ter
129

relação com o menor número de ocorrências de manifestações patológicas


registradas na fachada frontal norte do bloco “A”, em relação às outras duas
fachadas frontais dos blocos “B” e “C” que tem orientação sul. Salientando-se que as
fachadas frontais são as mais visíveis das vias de acesso aos blocos. Existindo uma
tendência de se observar mais os problemas do bloco no qual reside devido ao
tempo de exposição e interesses próprios. O maior índice de percepção dos danos e
insatisfação foi verificado nas entrevistas do bloco “B”. Os moradores do bloco “B”
demonstram interesse na manutenção das fachadas através das intervenções de
limpeza realizadas por eles próprios em vários trechos deste bloco.
A manifestação patológica que mais chama atenção dos usuários
entrevistados é a umidade, seguida dos problemas de fissuração, sujidades e
descolamento do revestimento. Para isto, eles enumeraram em ordem de prioridade
(muito; mais; mais ou menos; menos) o dano existente na fachada que mais lhe
incomodava, apontando desde 1 para o mais grave até 4 para o menos relevante.
Conforme o grau de visibilidade do usuário em relação à manifestação
patológica (muito; mais; mais ou menos; menos) foram colocados pesos de 4 até 1
para cada recorrência, obtendo-se a porcentagem de relevância que cada dano
encontrado na fachada possuía para o morador do residencial. Portanto, onde o
morador colocou “muito” o peso para compilação dos dados foi de 4, para “mais”
peso 3, para ”mais ou menos” peso de 2 e onde a recorrência foi vista como “menos”
peso 1. Com esta relação de prioridade para o usuário e peso proposto, obteve-se
que a manifestação patológica umidade foi apontada como a que mais chama
atenção por 38% dos participantes, sendo seguida por fissuras com 31%, sujidade
com 17% e descolamento do revestimento com 14%, conforme mostra a figura 141.
130

RELEVÂNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

14%

Descolamento revestimento
17%
Sujidade
Fissuras/Trincas
31%
Umidade

38%

Figura 141 – Porcentagem das manifestações patológicas, de acordo com a relevância dada pelo
usuário no Residencial Paraíso.

A ordem de relevância manifestada pelos entrevistados no que diz respeito às


anomalias existentes não coincide com o levantamento técnico realizado, pois este
verificou o maior número de incidências relacionado às fissuras, aparecendo na
sequência os problemas de umidade, descolamento de revestimento e sujidade.
E, em relação às prioridades de manutenção a serem executadas nas
fachadas, os entrevistados enumeraram em “mais”; “mais ou menos”; ou “menos”
prioritárias. As respostas dispuseram em ordem de prioridade os reparos nos
revestimentos, para posterior lavagem, seguida pela pintura das fachadas. Conforme
mostra a figura 142, os usuários classificaram em 1 para “mais” prioritária, 2 para
“mais ou menos” e 3 para manutenção com “menos” prioridade.
131

PRIORIDADE DE MANUTENÇÃO NAS FACHADAS


25

20

15
Menos
Mais ou Menos
10 Mais

0
Lavagem Pintura Reparo revestimento

Figura 142 – Percepção do usuário em relação à prioridade de manutenção das fachadas do


Residencial Paraíso.

Para compilação dos dados obtidos, adotaram-se pesos de 1 a 3 a serem


colocados nas prioridades (mais; mais ou menos; menos), obtendo-se a
porcentagem de prioridade das manutenções a serem realizadas nas fachadas.
Utilizou-se peso 3 para prioridade “mais”, 2 para “mais ou menos” e 1 para “menos”.
Através desta relação de prioridade para o usuário e peso proposto, obteve-se que
40% acreditam que a lavagem é a manutenção prioritária, 37% julgam ser o reparo
no revestimento e 23% a pintura, conforme mostra com a figura 143.

PRIORIDADE DE MANUTENÇÃO NAS FACHADAS

23%
Pintura
37% Reparo revestimento
Lavagem
40%

Figura 143– Porcentagem da percepção do usuário em relação à prioridade de manutenção das


fachadas do Residencial Paraíso.

A prioridade dos entrevistados pela lavagem é explicável pela aparência das


fachadas que, no geral, está bastante prejudicada pela presença de fungos. As
132

imagens das figuras 144 a 147 mostram fachadas com orientação sul, onde paredes
de alguns apartamentos do 1º e 2º pavimentos, que são mais acessíveis para
manutenções, foram lavadas por iniciativa dos moradores. Nestas imagens fica clara
a diferença entre as partes que foram lavadas e as que não foram.

Figura 144 – Parte da fachada dos fundos do Figura 145 – Parte da fachada frontal do bloco
bloco “A” do Residencial Paraíso lavada por “B” do Residencial Paraíso lavada por moradores
morador. dos primeiros andares.

Figura 146 – Parte da fachada frontal do bloco Figura 147 – Parte da fachada frontal do bloco
“B” do Residencial Paraíso lavada por morador. “C” do Residencial Paraíso lavada por morador.

O reparo nos revestimentos aparecer antes da pintura na ordem de prioridade


dos moradores é adequado, uma vez que, a execução de uma boa e durável pintura
133

de acabamento é antecedida, primeiramente, pela recuperação de áreas com


fissuras e descolamentos, além da limpeza da superfície.
Os entrevistados, em sua maioria, consideram a situação das fachadas
razoável (57%), sendo que 23% avaliam ser ruim e 20% julgam estar em boas
condições (Figura 148). Em relação à necessidade de manutenção nas fachadas,
83% dos entrevistados considera necessário e 17% acreditam que não é necessária
manutenção nas fachadas do residencial.

SITUAÇÃO DAS FACHADAS DOS PRÉDIOS

Boa Razoável Ruim

23% 20%

57%

Figura 148 – Porcentagem da percepção do usuário em relação à situação das fachadas do


Residencial Paraíso.

Embora 20% dos moradores considerem que as fachadas estejam em boas


condições e 57% avaliem a situação como razoável, a maioria (83%) dos
respondentes declararam serem necessárias as intervenções de manutenção. É
essencial esta valorização das atividades de manutenção por parte dos moradores,
tanto para motivação na busca de serviços de intervenção junto à administradora,
como também no cuidado com a conservação das fachadas pelos próprios usuários.
134

6 Conclusões e considerações finais

Diante dos resultados obtidos através destes estudos de caso, é possível


descrever algumas conclusões relacionadas aos levantamentos da atual pesquisa,
ao estudo comparativo com o Projeto INQUALHIS e às entrevistas realizadas, além
de algumas considerações gerais.

6.1 Sobre os resultados dos levantamentos

Dentre as manifestações patológicas identificadas nas fachadas dos


conjuntos habitacionais nos levantamentos atuais, as fissuras apresentaram maior
percentual de ocorrência: 74% dos danos no Residencial Solar das Palmeiras e 63%
no Residencial Paraíso. A umidade aparece como segunda anomalia em número de
ocorrências nos dois residenciais: 21% no Solar das Palmeiras e 23% no Paraíso. O
descolamento de revestimento representa 2% dos problemas no Solar da Palmeiras
e 8% no Paraíso. A sujidade apresenta-se com 3% no Solar das Palmeiras e 6% no
Paraíso.
Constatou-se que os tipos de fissuras, classificadas segundo sua orientação,
estão na mesma ordem decrescente de frequência nos dois empreendimentos
estudados e aparecem com as seguintes porcentagens, respectivamente nos
Residenciais Solar das Palmeiras e Paraíso: horizontais (41% e 51%), verticais (34%
e 30%), inclinadas (22% e 16%) e mapeadas (3% e 2%).
No grupo da umidade, o fungo destaca-se como a manifestação patológica
com maior número de incidências nos dois residenciais; atingindo 85,47% no Solar
das Palmeiras e 77,9% no Paraíso. Depois dos fungos, os problemas com limos,
musgos e vegetações parasitárias são os mais significativos nas fachadas dos dois
conjuntos habitacionais. As anomalias menos relevantes são as manchas de
umidade, os descolamentos com empolamento e as eflorescências.
As ocorrências de sujidades foram relacionadas à fase de utilização das
edificações. A etapa de operação foi designada como provável origem em 84% dos
registros no Solar das Palmeiras e 62% no Paraíso, indicando o mau uso como
causa da maioria dos problemas com sujidades. Ficando atribuído à manutenção
inadequada ou insuficiente 16% das sujidades no Solar das Palmeiras e 38% no
Paraíso.
135

Quanto ao descolamento de revestimento, no Solar das Palmeiras destaca-se


descolamento em placas com 69%, seguido pelo descascamento de pintura com
30%. Já no Paraíso o descascamento de pintura atingiu 65% e o descolamento em
placas 34%. Os descolamentos com pulverulência aparecem com apenas 1% nos
dois residenciais. As ocorrências com descolamentos em placas são resultantes de
instalações inapropriadas ou consequência de choques nas arestas das fachadas.
As principais prováveis causas para os descascamentos de pintura são a aderência
insuficiente nos elementos e componentes de concreto e os impactos nos
revestimentos argamassados, apontando para falhas na especificação da tinta ou
preparação inadequada do substrato e falta de cuidado no manejo de objetos ou
instalações junto às fachadas.
As anomalias observadas localizam-se de acordo com as seguintes
porcentagens nas fachadas do Solar das Palmeiras e do Paraíso, respectivamente:
no revestimento (86% e 89%), no peitoril e entorno das janelas (11% e 7%) e nas
vigas de fundação (3% e 4%).
Considerando a área total das fachadas e o número resultante da soma de
todas as manifestações patológicas diagnosticadas em cada conjunto habitacional, o
Solar das Palmeiras obteve uma média de 0,94 incidências por m² e o Paraíso 0,97
incidências por m².
Nos dois empreendimentos analisados as fachadas principais (frontal e
fundos) apresentam maior número de incidências por m² do que as fachadas
laterais. Foi estabelecida uma relação entre este maior número de ocorrências com
a superioridade das fachadas principais no que se refere à quantidade de detalhes
construtivos, bem como, a maior proximidade das mesmas com as vias de acesso
aos blocos e aos estacionamentos.
Confirmou-se a relevância da orientação solar quando se estuda
manifestações patológicas nas construções. Observa-se que no Solar das Palmeiras
os problemas de fissuração correspondem a 77% dos danos encontrados nas
fachadas oeste e 60% das fachadas sul. Quanto às anomalias relacionadas à
umidade, representam 33% dos problemas diagnosticados nas fachadas com
orientação sul e 18% das fachadas oeste. No Paraíso a fissuração corresponde a
74% dos danos encontrados nas fachadas oeste e 53% das fachadas sul. Já às
anomalias relacionadas à umidade, representam 33% dos problemas diagnosticados
nas fachadas com orientação sul e 11% das fachadas oeste. Portanto, com estas
136

diferenças apresentadas, pode-se deduzir que as fachadas com incidência solar


mais intensa tendem a apresentar um número maior de ocorrências de fissuração e,
o contrário acontece com o surgimento de problemas relacionados à umidade, que
tendem a ser mais frequentes em fachadas com baixa incidência solar.

6.2 Sobre o estudo comparativo com o INQUALHIS

O Residencial Solar das Palmeiras apresentou no levantamento INQUALHIS


um total de 1303 manifestações patológicas e no levantamento atual 9709
incidências. Na presente pesquisa, realizada sete anos e oito meses depois, foram
observadas, aproximadamente, 7,5 vezes mais incidências.
O Residencial Paraíso apresentou apenas 82 incidências no INQUALHIS e
atualmente 9106 incidências. O número de ocorrências aumentou
impressionantemente 111 vezes em um período de oito anos e três meses.
Esta significante diferença no aumento do número de ocorrências entre os
dois empreendimentos em um período de, aproximadamente, oito anos pode ter
relação direta com uma intervenção realizada pela administradora em todas as
fachadas do Residencial Solar das Palmeiras, realizando reparos nos revestimentos,
lavagem e pintura. Sendo que o Residencial Paraíso não sofreu nenhuma
intervenção deste tipo desde sua construção. O fato do projeto e da execução
destas edificações terem sido realizados por distintas construtoras pode ter
influenciado nesta diferença também.
Em ambos estudos, a fissuração aparece com a maior representatividade
entre as manifestações patológicas, seguida pela umidade e descolamento de
revestimento. No Solar das Palmeiras destaca-se o aumento da representatividade
dos problemas de umidade e o aparecimento de descolamentos de revestimento. No
Paraíso salienta-se o aumento na representatividade das fissuras.
Tanto no Solar das Palmeiras quanto no Paraíso, nas duas pesquisas os tipos
de fissuras apresentaram-se na mesma ordem decrescente de frequência:
horizontal, vertical, inclinada e mapeada. Destacou-se o aumento na
representatividade das fissuras inclinadas, que no Solar das Palmeiras aumentou de
11% para 22% e no Paraíso de 2% para 16%.
Constatou-se a coerência nos resultados das duas pesquisas em relação à
orientação solar das fachadas. A fissuração apresenta-se mais frequentemente nas
137

fachadas oeste e norte nos distintos estudos. Concernente à umidade, a fachada sul
apresenta maior frequência de problemas do que todas as outras fachadas em
ambos os levantamentos.

6.3 Sobre a percepção dos usuários

A grande maioria dos entrevistados percebe os danos existentes nas


fachadas dos residenciais e sente-se incomodado com eles. Entretanto, a minoria de
usuários já efetuou algum tipo de reclamação junto à imobiliária administradora em
relação a estes problemas. Evidenciando uma distância considerável entre o
perceber um problema e o intervir de alguma maneira para alcançar a solução.
No Residencial Solar das Palmeiras, a manifestação patológica fissuras foi
apontada como a que mais chama atenção por 36% dos participantes, sendo
seguida da umidade com 33% e descolamento do revestimento 31%. A ordem de
relevância manifestada pelos entrevistados coincide com o levantamento técnico
realizado, o qual verificou o número de incidências nesta mesma disposição
decrescente.
No Paraíso a maior relevância foi dada para a umidade por 38% dos
entrevistados, sendo seguida por fissuras com 31%, sujidade com 17% e
descolamento do revestimento com 14%. Neste caso, a ordem de importância
demonstrada pelos entrevistados não coincide com o levantamento técnico, pois
este verificou o maior número de incidências relacionado às fissuras, aparecendo na
sequência os problemas de umidade, descolamento de revestimento e sujidade.
Em relação às prioridades de manutenção, no Residencial Solar da Palmeiras
38% dos usuários entrevistados acreditam que o reparo no revestimento é a
manutenção prioritária, 34% julgam ser a lavagem das fachadas e 28% a pintura.
Esta ordem de prioridade é bastante apropriada do ponto de vista técnico, revelando
que o leigo demonstra conhecimentos, que podem contribuir para a conservação e
manutenção das edificações.
No Residencial Paraíso 40% dos entrevistados acreditam que a lavagem é a
manutenção prioritária, 37% julgam ser o reparo no revestimento e 23% a pintura. A
relevância dada à umidade e a prioridade dos entrevistados pela lavagem neste
empreendimento é explicável pela aparência das fachadas que, no geral, está
138

bastante prejudicada pela presença de fungos, podendo ser solucionada com


intervenções de limpeza.
Os entrevistados dos Residenciais Solar das Palmeiras e Paraíso consideram
a situação das fachadas nas seguintes porcentagens, respectivamente: razoável
(50% e 57%), ruim (27% e 23%) e boa (23% e 20%).
Embora que, a maioria dos entrevistados considere que as fachadas estejam
em condição razoável e boa, a necessidade de manutenção nas mesmas é
reconhecida por 90% dos entrevistados do Solar das Palmeiras e por 83% no
Paraíso. Esta valorização das atividades de manutenção por parte dos moradores é
essencial para obtenção de resultados positivos na conservação deste elemento,
que não apenas está exposto a vários agentes de degradação, mas também está
profundamente associado com a estética e a proteção do edifício. Afinal, interesse,
preocupações e esforços relacionados às intervenções de manutenção podem
resultar numa série de atividades programadas, as quais são cruciais para
solucionar problemas existentes e evitar o surgimento de novas manifestações
patológicas, prolongando a vida útil das fachadas a um custo compensador.

6.4 Conclusões e considerações gerais

A metodologia utilizada no desenvolvimento da pesquisa mostrou-se eficaz


para estes estudos de caso, possibilitando alcançar os objetivos propostos tanto na
análise técnica como na investigação da percepção dos usuários.
As análises realizadas durante o processo de determinação dos diagnósticos
das manifestações patológicas indicam que a fase de produção das edificações
merece maior atenção neste tipo de empreendimento. Também é fundamental a
regulamentação e fiscalização de procedimentos para a fase de utilização, pois
muitas ocorrências de descolamentos de revestimentos e sujidades são originadas
nas etapas de operação e manutenção.
Embora este trabalho não descreva explicitamente medidas para recuperação
ou manutenção das fachadas, registra-se que o entendimento das prováveis causas
e origens das manifestações patológicas exemplificadas no capítulo 5 possibilita a
determinação de medidas adequadas que promovam maior qualidade e durabilidade
das edificações e maximizem a satisfação dos usuários das habitações de interesse
social e evitem anomalias em futuros empreendimentos.
139

6.5 Sugestões para estudos futuros

A continuidade dos estudos na área da Patologia das Construções em


habitações de interesse social torna-se importante, considerando que o registro e a
divulgação de dados sobre manifestações patológicas podem contribuir para o
aprimoramento das etapas de planejamento, projeto, execução e utilização das
edificações. Possibilitando elevar o nível de qualidade e durabilidade dos imóveis,
bem como, de satisfação dos usuários. Abaixo estão algumas sugestões de estudos
futuros:
a) Investigar e analisar as manifestações patológicas incidentes na parte
interna das unidades habitacionais do Programa de Arrendamento
Residencial;
b) Investigar e analisar as manifestações patológicas incidentes na parte
interna das unidades habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida;
c) Investigar e analisar as manifestações patológicas incidentes nas fachadas
dos empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida;
d) Realizar estudos focados em medidas preventivas e de recuperação de
manifestações patológicas nas edificações.
140

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