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Resumo
INTRODUÇÃO
necrófila, que está voltada para a destruição da vida” e que “nossa educação, submetida a um
sistema político arbitrário e a um sistema econômico suicida só pode ser necrófilo, só pode
operar a morte, a morte daquilo que é fundamental para o homem”: sua felicidade, sua
liberdade, seu direito de ser mais e não apenas ter mais (GADOTI, 2008, p. 135).
Num recorte bem mais restrito de tentativa de adoção de visão sistêmica, o MEC, ao
tratar da atual proposta oficial apresentando novas bases conceituais para o ensino
profissionalizante integrado, demonstra uma preocupação e a intenção de se valorizar a
articulação dos saberes próprios das ciências naturais, humanidades (incluindo filosofia e
sociologia) e com os conhecimentos específicos da educação profissional e tecnológica,
fazendo-se notar uma perspectiva de busca de “superação da oposição entre o propedêutico e
o profissionalizante” (MEC, op. cit., p. 33). Aqui é válido lembrar o que nos ensina Antonio
Gramsci: “Não existe atividade humana da qual se possa excluir toda intervenção intelectual,
não se pode separar o homo faber do homo sapiens” (GRAMSCI, 1982, p. 7). Esse esforço
rearticulador do ensino de formação geral à formação para a capacitação profissional (MEC,
2007b, p. 35) sinaliza para a convergência com o que Edgar Morin preconiza como parte da
aprendizagem da complexidade: “a religação constitui de agora em diante uma tarefa vital,
porque se funda na possibilidade de regenerar a cultura pela religação de duas culturas
separadas, a da ciência e a das humanidades” (MORIN, 2009, p. 70).
Todavia, diante dos esforços prometedores do MEC, que tanto nutrem esperanças de
êxitos com sua proposta de religar o ensino sobre conhecimentos da formação geral aos
saberes específicos próprios da formação profissionalizante, é preciso muita cautela.
Principalmente no que diz respeito seu aspecto tecnológico, que nos coloca diante do fato de
que a tecnologia3, ao longo dos diversos processos históricos no contexto da produção da
ciência moderna, tem servido como instrumento de dominação, inclusive proporcionando
legitimação ao poder político. Quem nos adverte a esse respeito é Herbert Marcuse, citado por
Jürgen Habermas, quando diz:
pode ser de grande valia neste sentido seria a criação de mecanismos educativos que
possibilitem a evolução do conceito de tecnologia para além de seu valor como instrumento
útil ao ser humano, apenas em função da geração de riquezas nos processos produtivos de
bens e serviços. Nessa perspectiva, que temos uma lição dada por Elisabeta A. Nietsche
(2000), que nos apresenta o conceito de tecnologia emancipatória disposto a seguir:
Não obstante aos riscos e desafios que são próprios do processo de produção
tecnológica, é fundamental incluir no âmbito do ensino profissionalizante integrado a
pesquisa como princípio educativo. As atividades educativas envolvendo pesquisas estimulam
os destinatários da profissional e tecnológica à curiosidade perante o mundo que os rodeia,
além de despertá-los como sujeitos, tanto como indivíduos quanto como parte de uma
coletividade, para:
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Em face a tudo o que acima expusemos, entretanto, como parte deste campo de
abordagem da implicações do concepção sistêmica da Educação Oficial para o Ensino
Profissionalizante Integrado, sem nos descuidarmos da premissa da centralidade e
aprofundamento do caráter humanista do ato de educar, enquanto fundamento que orienta o
atual projeto do ensino profissionalizante integrado proposto pelo MEC, cabe-nos enfatizar da
importância primordial de se garantir a tomada de algumas providências, para que esse novo
modelo de projeto seja implementado de fato e com êxito, inclusive para dar sustentação para
a construção de um projeto político-pedagógico integrado. Dentre tais providências (MEC,
idem, p. 54-5), tanto em nível específico quanto em nível mais geral, envolvendo decisões
superiores, vale destacarmos as seguintes:
Considerações Finais
NOTAS DE RODAPÉ
1. Para efeito de melhor entendimento sobre o entendimento concepção sistêmica no âmbito da educação,
consideramos aqui o entendimento sobre sistema dado por Joseph O’Connor e Ian McDermott, em seus estudos
sob título de Além da Lógica: “Sistema é uma entidade que mantém sua existência e funciona como um todo, por
meio da interação de suas partes” (O’CONNOR e McDERMOTT,2007, p. 27).
2 Além da concepção sistêmica, o Plano de Desenvolvimento da Educação do MEC, apresenta como sua
sustentação os seguintes pilares: territorialidade, desenvolvimento, regime de colaboração, responsabilização e
mobilização social. Diferentemente do que diz Dermeval Saviani, que reduz a sustentação do PDE à infra-
estrutura assentada em dois pilares, o técnico e o financeiro (vide seu texto “O Plano de Desenvolvimento
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da Educação: análise do projeto do MEC”, publicado em Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial, p.
1231-1255, out. 2007).
3 Ao tratarmos da tecnologia como o domínio das técnicas, com abrangência sobre o conjunto de conhecimentos
aplicados pelo homem para atingir determinados fins, importa valer-nos do entendimento trazido por Paulo
Sandroni acerca dessa questão, quando diz que técnica é o “conjunto de processos mecânicos e intelectuais pelos
quais os homens atuam na produção. Seu desenvolvimento constitui um índice de domínio do homem sobre a
natureza e se manifesta por meio do aperfeiçoamento dos instrumentos, dos objetos de trabalho e do próprio
trabalhador” (SANDRONI, 2001).
BIBLIOGRAFIA