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As Cores da Magia: Magia Azul

30 nov, 2016 em Magia do Caos

A magia pode ser classificada de diversas formas, e uma delas é pela cor. Diferentes
cores representam as linhas de atuação e as características principais de diferentes tipos
de magia. O conceito é bem similar ao dos arquétipos planetários, que são usados há
tanto tempo. Já falamos sobre a Magia Negra, e agora, dando continuidade a essa série,
vamos falar um pouco sobre Magia Azul.

O que é Magia Azul?


Se você é jogador de Magic: The Gathering, há uma grande chance de você ter
desenvolvido um conceito bem diferente do que a magia azul de fato representa. Não se
trata de controle e subjetividade. Se o Azul do Magic fosse uma das Cores da Magia,
dentro do esquema aqui proposto, seria muito mais ligado ao Laranja. Mas falaremos
disso em outra ocasião.
O arquétipo planetário associado à Magia Azul é o de Júpiter. Esse arquétipo lida com
riqueza e boa sorte em todas as suas manifestações. É a essência da fortuna, de acordo
com os latinos.

No fim das contas, tudo gira em torno de


dinheiro?
Não necessariamente. Mas sim, o dinheiro é importante. Explicamos.
Como já discutimos num outro texto, dinheiro não é sinônimo de riqueza. É possível
levar uma vida rica sem precisar de muito dinheiro na conta bancária. Peter J.
Carroll (diga-se de passagem: um dos poucos magos famosos que enriqueceu, e não
empobreceu), em seu Liber Kaos, descreve riqueza como uma capacidade de controlar
pessoas e coisas, consequentemente controlando suas experiências.
Mas, é claro, dinheiro não é a única forma de controlar pessoas e coisas. E nem sempre
possuir dinheiro implica uma capacidade de exercer esse controle. Percebe a sutileza?

Obsessão com a riqueza


Muitas pessoas ganham muito dinheiro, mas pagam um preço caríssimo por isso.
Podem consegui-lo de forma ilegal ou imoral, e perder o sono à noite por conta disso.
Podem estragar os melhores anos de suas vidas para conseguir todo esse retorno
financeiro. Podem magoar pessoas queridas e destruir relacionamentos no processo.
O Midas da mitologia é uma alegoria para algo que pode acontecer com cada um de
nós. Ao trabalhar magicamente o objetivo de conquistar riqueza, é importante evitar

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obsessões a todo custo. Pode parecer clichê, mas não são raros os casos em que o
dinheiro “tem” uma pessoa, e não o contrário.

O objetivo da Magia Azul


Muitas pessoas não têm dinheiro porque não conseguiram estabelecer com ele uma
relação saudável. Por exemplo, dificilmente pessoas que subconscientemente pensam
que não o merecem conseguem acumulá-lo em grandes quantidades. Essas pessoas se
auto sabotam com frequência. Tomam decisões nitidamente ruins, evitam
comportamentos que podem atrair dinheiro para si…
O oposto também ocorre. Volta e meia ouvimos histórias de pessoas que saíram da
pobreza e se tornaram extremamente bem-sucedidos nos negócios. Dificilmente (talvez
nunca) vemos nessa situação pessoas que não se acham dignas de ganhar dinheiro.
Sempre que uma história dessas é contada na mídia, é inevitável ver algumas pessoas
dizendo que isso só acontece em um caso em um milhão, e que a vida não é fácil assim.
De fato, a vida não é fácil. De fato, isso só ocorre em um caso em um milhão (ou até
menos). Mas é justamente esse tipo de pensamento que faz com que os outros 999.999
comecem e terminem suas vidas na mesma situação financeira. Ou numa situação ainda
pior.
Estando estabelecido que (1) dinheiro não é sempre sinônimo de felicidade, (2)
felicidade não necessariamente vem acompanhada de dinheiro, e (3) só quem não cria
barreiras suconscientes consegue de fato acumular dinheiro, fica fácil definir o objetivo
da Magia Azul. A ideia principal é desenvolver uma relação saudável com o dinheiro.
Assim pode-se ganha-lo de forma agradável, e gastá-lo de forma igualmente agradável,
aproveitando oportunidades fortuitas, aproveitando o momento, e evitando auto
sabotagem.
Isso se conquista agindo num nível pessoal, com diversos trabalhos de iluminação.
Dave Lee, em seu Caostopia, sugere tratar o dinheiro como um espírito, como um
elemental, uma força da natureza. É possível, nesse paradigma, estabelecer contato
direto com essa egrégora.
Para conseguir resultados objetivos, simplesmente lançar encantamentos para conseguir
dinheiro é visto como coisa do passado. A abordagem mais moderna pretende
influenciar magicamente os processos específicos de aquisição do dinheiro, ao invés de
deixar tudo ao capricho do acaso.

O Lado Azul Escuro da Força


Pode parecer, à primeira vista, que a Magia Azul, se mal realizada, pode na pior das
hipóteses não funcionar. Infelizmente, a realidade é mais perigosa do que isso. Quando
se trata de alterar uma relação pessoal com a riqueza, não é raro que obsessões sejam
criadas. Dinheiro atrai dinheiro, e um gosto pouco saudável pelo excesso pode se
desenvolver se o adepto não for cauteloso.
Crowley, como sempre, fazia sua magia azul de forma heterodoxa. Usava magia de
sangue para consegui-lo. Em particular, fazia proveito de suas mulheres escarlates,
especialmente na fase lunar. Kenneth Grant, em O Renascer da Magia, descreve em
detalhes como Crowley usava o Elixir Rubeus para materializar o vil metal.

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Outra forma popular de se conseguir dinheiro magicamente é através de acordos com
entidades ditas “demoníacas”. Esse é um método particularmente eficaz, e é a raiz do
conceito popular do sucesso vinculado ao “pacto com o demônio”.

Por que tantos magistas são pobres?


Essa é uma das maiores críticas dos céticos de plantão. Como uma pessoa que diz ser
capaz de alterar a realidade objetiva a seu bel-prazer se sujeita a viver na pobreza? E,
acreditem – são raríssimos os magos financeiramente bem-sucedidos. Há várias
explicações possíveis, e nenhuma delas é responsável pela totalidade dos casos.
Uma delas é a simples e pura falta de habilidade. Um dos pré-requisitos para o sucesso
da magia é não haver um desejo subconsciente de que ela venha a falhar. Se um magista
razoavelmente habilidoso tentar lançar seus feitiços para conseguir dinheiro, mas em
seu íntimo houver um desejo de fracasso, não existe possibilidade alguma de sucesso.
A falta de habilidade pode ser pontual. Considerando o modelo cromático de
classificação da magia, é possível que um determinado adepto seja muito competente
nas outras sete cores, mas não tenha uma aptidão natural para a Magia Azul.
O oposto também é possível: uma pessoa com talento natural para a Magia Azul pode se
envolver tanto com isso a ponto de não se interessar pelo restante do espectro de cores.
E, consequentemente, nunca se tornar conhecido como praticante de magia. Apesar de
sê-lo, mesmo que intuitivamente. Nesse caso, temos um magista rico, porém
desconhecido.
Outra possibilidade é a não preocupação. Muitos magos notoriamente habilidosos
viveram vidas que chamaríamos hoje de pobres. Um bom exemplo é Austin Osman
Spare, sem dúvida um dos maiores magos de todos os tempos. Sua capacidade de afetar
magicamente eventos objetivos é notória e foi registrada por inúmeros observadores
idôneos. Spare era um artista plástico requisitadíssimo, sendo frequentemente
contratado pelos seus dons. Ainda assim, não acumulou riquezas. O motivo? Tinha
coisas mais importantes para fazer. Não tinha ânsias de acumular. Tinha uma vida para
viver – e essa vida não era limitada pela falta de dinheiro.

Como posso saber mais?


Caostopia, de Dave Lee, tem um capítulo inteiro dedicado a formas de se trabalhar a
Magia Azul. Liber Null e Psiconauta, de Peter J. Carroll, explica como preparar
talismãs que podem atrair riqueza. O Renascer da Magia, de Kenneth Grant, detalha
como Crowley fazia para atrair dinheiro – apesar de ter falecido na pobreza. A Clavícula
de Salomão é leitura obrigatória para quem pretende negociar com gênios goéticos para
conseguir dinheiro. Todos esses livros encontram-se disponíveis, em português, no site
da Penumbra Livros.

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