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TRATAR BRINCANDO: O LÚDICO COMO RECURSO

DA FISIOTERAPIA PEDIÁTRICA NO BRASIL

Milena Braga Maia Caricchio*

Resumo

O presente estudo trata de uma revisão integrativa de literatura que objetiva demonstrar como
a Fisioterapia Pediátrica no Brasil tem utilizado o recurso lúdico como um instrumento eficaz
no tratamento de crianças. Foram incluídas publicações brasileiras, na língua portuguesa, no
período de 2000 a 2016. Pode-se concluir que a Fisioterapia Pediátrica brasileira reconhece a
importância do lúdico e entende ser esta uma importante ferramenta de trabalho nesta espe-
cialidade. Todavia, evidenciou-se que falta desenvolvimento teórico-prático quanto ao uso do
recurso lúdico na formação do fisioterapeuta durante sua graduação, de forma que possibilite a
capacitação necessária para a utilização desta prática na assistência. Além disso, faz-se necessá-
rio que o fisioterapeuta inclua a funcionalidade da criança para o brincar como um dos objetivos
primordiais no seu plano de tratamento, vez que essa demonstrou-se como um dos principais
desejos das crianças e seus pais.

Palavras-chave: Fisioterapia. Pediatria. Lúdico. Brinquedos terapêuticos.

1. Introdução domiciliar causam alterações físicas, emocionais


e comportamentais na criança. Em muitos casos,
A fisioterapia pediátrica realiza-se a partir da ela é afastada do seu lar e colocada num ambien-
avaliação, do planejamento e da execução de um te estranho, onde se vê obrigada a conviver com
programa de reabilitação baseado nas limitações, pessoas desconhecidas e a seguir rotinas rígidas.
necessidades e interesses de cada paciente. A ava- Além disso, são submetidas a inúmeros procedi-
liação é uma etapa de suma importância, pois nela mentos, muitas das vezes, dolorosos. A fisioterapia,
deverão ser devidamente analisados os aspectos como integrante de uma equipe multiprofissional,
motor, sensitivo, cognitivo e comportamental do está inclusa nessa realidade, sendo percebida pela
paciente para que seja determinado o melhor pla- criança e, às vezes, também pelos pais como mais
no terapêutico para a criança em conjunto com um manuseio invasivo e desagradável.
seus responsáveis.
A hospitalização, em particular, limita ainda mais
Diferentes contextos de tratamento que se apre- a rotina da criança devido à sua condição de saúde
sentam nos ambientes hospitalar, ambulatorial ou e à necessária proteção quanto aos riscos presentes

* Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal pela Atualiza Cursos. E-mail: milena.
caricchio@hotmail.com

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neste tipo de instituição. Entretanto, cabe ressaltar tras, enfermeiros, pedagogos, sociólogos e antro-
que essa criança continua a ter as mesmas necessi- pólogos da infância utilizam-se do brincar como
dades que tinha em sua casa, dentre elas, o brincar. uma ferramenta essencial, capaz de melhor enten-
der e atender à criança. Comprovações científicas
Siaulys (2006) defende que a vida da criança é a
têm sido buscadas pela neurociência moderna
brincadeira, pois esta é uma maneira prazerosa de
para entender as respostas do cérebro infantil às
movimentar-se e de ser independente. Enquanto
experiências a ele fornecidas, quer sejam as positi-
brinca, a criança desenvolve seus sentidos, adqui-
vas, quer sejam as negativas.
re habilidades corporais, conhece objetos e suas
características, como forma, textura, temperatu- Nesse contexto, deduz-se, então, o quanto é im-
ra, cor, tamanho e som. Ao brincar, ela entra em portante que a Fisioterapia Pediátrica contemple
contato com o ambiente que a cerca, interage com além dos aspectos físicos e patológicos. Isso por-
pessoas, desenvolve sua mente e sua afetividade, que a realidade mostra o quanto é imprescindível
torna-se ativa e curiosa com relação ao mundo. a todos os profissionais da saúde entender do com-
portamento, das emoções, da realidade social e de
Fujisawa e Manzini (2006) afirmam que as ativi- tudo mais que cerca a criança a ser tratada como
dades lúdicas podem estar presentes tanto na ava- forma de melhor atuar nesse contexto.
liação quanto no tratamento fisioterapêutico, mas
que devem ser aplicadas de maneira intencional e Aliar o lúdico ao tratamento revela-se como uma
planejada. Nesse sentido, o lúdico deve ser carac- condição inerente ao atendimento fisioterapêutico
terizado como uma atividade-meio para facilitar pediátrico, vez que este é um dos elementos cen-
e/ou conduzir aos objetivos pretendidos. trais para o adequado desenvolvimento infantil.
Ademais, cabe também ao fisioterapeuta cons-
O atendimento fisioterapêutico conta com diver- cientizar pais e responsáveis quanto à relevância
sos materiais e equipamentos que podem ser uti- do brincar para a criança.
lizados de forma lúdica, como bola, rolo, espelho,
plano inclinado, andador, prancha de equilíbrio, Face ao exposto, o presente estudo teve como obje-
esteira, dentre outros. Na pediatria, somam-se tivo realizar uma revisão integrativa de literatura
ainda brinquedos, brincadeiras e jogos como re- para demonstrar como a Fisioterapia Pediátrica
cursos terapêuticos capazes de tornar a fisioterapia no Brasil tem utilizado o recurso lúdico como um
mais atrativa e eficaz para a criança. Mais recen- instrumento eficaz ao tratamento de crianças.
temente, têm-se desenvolvido tecnologias com fi-
nalidade terapêutica, a denominada gameterapia, 2. Metodologia
que, através de jogos eletrônicos desenvolvidos
especialmente para a reabilitação, proporcionam Foi realizada uma revisão de literatura sobre o
tema através de pesquisa bibliográfica. Esta, de
ao paciente um recurso lúdico e motivador como
acordo com Martins e Lintz (2007), busca expli-
forma de tratamento.
car e discutir um tema ou problema com base em
Felizmente, a especificidade do comportamento referências teóricas publicadas em livros, revistas,
infantil torna-se cada vez mais evidente e esfor- periódicos, dentre outros. Através da pesquisa bi-
ços têm sido empreendidos no sentido de melhor bliográfica, pode-se conhecer e analisar contribui-
compreender o desenvolvimento das crianças sob ções científicas sobre determinado assunto. Para
os mais diversos aspectos. Com relação à ludicida- tanto, foram consultadas as bases de dados ScieE-
de, há muito já se reconhece sua relevância para LO, Lilacs, BIREME e Google Scholar, além de pu-
essa faixa etária. Psicólogos, psicanalistas, pedia- blicações em periódicos e em anais de congressos.

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Foram incluídas publicações brasileiras, na lín- seu cérebro tem muitas questões envolvidas, escla-
gua portuguesa, no período de 2000 a 2016, que recem Nogaro, Fink e Piton (2015).
se mostraram em consonância com o objetivo
Para Friedmann (2006 apud GOMES; PINHEIRO,
do presente trabalho. Utilizaram-se os seguintes
2013), as palavras brincar, brincadeira, brinquedo
descritores em Ciências da Saúde (DeCS): ‘fisio-
e jogo, muitas vezes, são utilizadas de forma indis-
terapia’, ‘pediatria’, ‘lúdico’ e ‘ brinquedos tera-
tinta. Entretanto, o autor esclarece que o brincar
pêuticos’. Os dados coletados nos artigos foram
fichados e analisados de forma crítica e, quando corresponde à ação lúdica, seja ela uma brinca-
possível, foram incluídos neste estudo. deira, jogo, uso de brinquedos ou outros objetos,
do corpo, da música, da arte, das palavras, entre
outros. A brincadeira, por seu turno, refere-se ba-
3. Resultados e discussão sicamente à ação de brincar, ao comportamento
espontâneo que resulta de uma atividade não es-
3.1. A importância do lúdico para a criança truturada. O brinquedo define o objeto de brincar,
Para Vygotsky (2007), a motivação é um dos fato- um suporte à brincadeira, e o jogo designa tanto
res primordiais não só para o sucesso da aprendi- uma atitude quanto uma atividade estruturada
zagem, como também para a aquisição de novas que envolve regras.
habilidades. Esse teórico defende ainda que o lú- O referido autor também afirma que o brincar
dico fornece amplamente estruturas que servem pode ser analisado sob diversos aspectos: o socio-
de base para mudanças de necessidades e da cons- lógico, o educacional, o psicológico, o antropológi-
ciência. co e o folclórico. O sociológico denota a influência
Piaget e Inhelder (1985 apud COSTA; JARDIM, do contexto social em que os diferentes grupos de
2001) afirmam que a atividade lúdica fica caracte- crianças brincam. O educacional, pela construção
rizada através do desenvolvimento das habilidades do brincar para a educação, o desenvolvimento ou
sensório-motoras nos primeiros dezoito meses de aprendizagem da criança. O psicológico aborda o
vida. Esses autores complementam afirmando que brincar como meio para compreender melhor o
o interesse pelo novo é uma característica típica da funcionamento da psique, das emoções e da per-
criança, podendo ser verificado a partir do quinto sonalidade dos indivíduos, a Ludoterapia. O an-
mês de vida. Em torno de um ano, as crianças têm tropológico é a maneira como o brincar reflete,
suas ações bastante estimuladas pela novidade dos em cada sociedade, os costumes e a história das
objetos e sustentadas pelas características destes à diferentes culturas; e, por fim, o folclórico, quan-
medida que o manipulam. do no brincar surge a expressão da cultura infantil
das diversas gerações, bem como as tradições e os
O brincar é facilmente associado à infância, vez costumes nelas refletidos através dos tempos.
que a ludicidade está fortemente vinculada a essa
etapa da vida. Ela funciona como linguagem pró- Reis e colaboradores (2007) entendem que o de-
pria da criança, o que torna, então, fundamental a senvolvimento infantil se dá devido à aprendiza-
sua prática no processo de socialização e impor- gem do movimento, ao aperfeiçoamento dos siste-
tante recurso de intervenção em saúde pediátri- mas sensoriais e à maturação intelectual e afetiva.
ca, de acordo com Mitre e Gomes (2002). Muitos Esses aspectos interagem entre si, favorecendo uns
acreditam que a criança brinca por instinto, por aos outros. O processo de aprendizagem é iniciado
prazer, por regra ou, simplesmente, para passar ao brincar, o que torna este um processo biológico
o tempo. Porém, esse ato tão essencial e benéfico e inato, quando as sensações estereoceptivas, pro-
para a formação da criança, de sua cognição e do prioceptivas e vestibulares desenvolvem-se a par-

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tir da brincadeira da criança com seu corpo e com deverá ser submetida, com o objetivo de envolvê-la
o ambiente. Dessa forma, pode-se perceber o mo- na situação e facilitar sua compreensão a respeito
vimento como uma brincadeira que o ser humano do que ocorrerá e; 3. Brinquedo Terapêutico Ca-
utiliza como um instrumento para o seu desenvol- pacitador de Funções Fisiológicas: utilizado para
vimento sensorial, motor, intelectual, cognitivo, capacitar a criança para o autocuidado, de acordo
afetivo e cultural. com seu desenvolvimento, condições físicas e pre-
pará-la para aceitar sua nova condição de vida.
3.2. O emprego do recurso lúdico na Paula, Ravelli e Zinn (2002) apontam que o cuida-
fisioterapia
do lúdico pode se dar por meio de desenhos, mú-
Cintra, Silva e Ribeiro (2006) concordam quanto sicas, jogos, teatro, brincadeiras e outros, pois se
à importância do brincar para a criança e a ne- deve ajudar a criança a enfrentar, da forma mais
cessidade da equipe multiprofissional em saúde sadia possível, o que não pode ser evitado.
reconhecê-la, propiciar formas de realização e in-
No seu estudo, Santos e Ferreira (2013) buscaram
corporá-la de forma sistemática à sua assistência.
ouvir o que as crianças tinham a falar sobre a fisio-
Sobretudo porque as atividades lúdicas, por terem
terapia. Nesse estudo, os pacientes expressaram,
um caráter de integração e interação, permitem o
através de entrevistas, que a fisioterapia “ajuda a
diálogo do conhecimento com as ações práticas.
melhorar”. Ficou evidenciado que as crianças têm
Para essas autoras, a brincadeira pode ser classifi- comprometimento com sua saúde e com a fisiote-
cada em dois tipos: recreacional e terapêutica. Na rapia e percebem o resultado dela. Demonstraram
recreacional, não há uma atividade estruturada, a também entusiasmo, esperança e persistência com
atividade é espontânea, com a intenção de obter relação à sua melhora. Um entrevistado, que se
prazer ou promover a interação entre os pares. Na nomeou Lula Molusco, disse que: “[...] com anda-
terapêutica, visa-se a uma atividade estruturada, dor eu ando já... até corro com o andador”. Com
conduzida por profissionais que conhecem sua referência à percepção da criança quanto ao uso
técnica de aplicação e buscam promover o bem- do lúdico no atendimento, outro paciente, o Re-
-estar físico e emocional da criança que vivencia lâmpago, respondeu ao ser questionado se gostava:
uma situação anormal à sua idade. “Sim. Eles fazem coisa pra eu rir.” Para os autores,
isso colabora para a formação do vínculo pacien-
Cintra, Silva e Ribeiro (2006) esclarecem também
te-terapeuta. Foi identificado ainda que a criança
que o brinquedo terapêutico estruturado promo-
deseja brincar na fisioterapia e que ela também
ve à criança alívio de ansiedade gerada por expe-
está em busca de melhores condições físicas para
riências atípicas que, em geral, são ameaçadoras
brincar. Lula Molusco referiu satisfação ao tempo
e requerem mais que recreação para que sejam
destinado para brincar no final da sessão de hi-
resolvidas.
droterapia e, mesmo realizando atividades com
As estudiosas determinam ainda que, a depender objetivos terapêuticos, percebeu esse momento
da sua finalidade e intenção de uso, o brinquedo te- como lúdico e ficou com recordações positivas.
rapêutico é classificado das seguintes maneiras: 1. Apesar da dificuldade de estabelecer tempo para
Brinquedo Terapêutico Dramático: permite à crian- brincadeira espontânea no hospital, percebeu-se
ça exteriorizar as experiências que tem dificuldade que a criança também conseguiu expressar sua
de verbalizar, a fim de aliviar tensão, expressar criatividade e propor brincadeiras durante o aten-
sentimentos, necessidade e medos; 2. Brinquedo dimento. Relâmpago transformou o oscilador oral
Terapêutico Instrucional: indicado para preparar e de alta frequência em cachimbo do Popeye e se di-
informar à criança quanto a procedimentos a que vertiu com isso. O referido estudo revela, então, a

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importância de escutar e tornar a criança atuante de forma isolada ou associadas a outras técnicas.
no seu tratamento, sempre que possível. Estas têm como objetivos mobilizar e eliminar
secreções pulmonares, melhorar a ventilação pul-
Sobre os benefícios do brincar, Castro e colabora-
monar, promover a reexpansão pulmonar, melho-
dores (2010) analisaram, de forma qualiquantitati-
rar as trocas gasosas e a oxigenação dos tecidos e o
va, o oscilador oral como instrumento terapêutico
consumo de oxigênio além de reeducar os múscu-
em crianças hospitalizadas. No estudo, 100% dos
los respiratórios para, assim, promover a indepen-
responsáveis mencionaram melhora do humor das
dência respiratória funcional e acelerar a recupe-
crianças: 93% aumentaram a disposição, 86% redu-
ração do paciente.
ziram a ansiedade, 78% diminuíram os episódios
de choro, 71% aumentaram o apetite, 71% ficaram Para tanto, Gomes, Gimenes e Lanza (2016) infor-
menos irritadas e 21% mostraram melhor aderên- mam que a fisioterapia aplica técnicas ditas conven-
cia ao tratamento. Dessa forma, percebe-se que o cionais e não convencionais (modernas). Classifi-
recurso lúdico traz respostas positivas não só com cam-se como convencionais a drenagem postural, a
relação à terapêutica específica de cada área como vibração manual ou mecânica, a percussão e os pa-
também repercute no estado geral da criança. Essa drões ventilatórios. As modernas são o ciclo ativo
é mais uma razão para este ser empregado por toda da respiração (CAR), a drenagem autógena (DA),
a equipe de saúde nos mais diversos contextos de o aumento da expiração forçada (AFE), o oscilador
tratamento pediátrico. oral de alta frequência (OOAF), os exercícios respi-
ratórios e a pressão expiratória positiva (PEP).
3.3. Na fisioterapia respiratória Cabe ressaltar, entretanto, que, em quase todas as
As afecções respiratórias possuem grande impor- técnicas respiratórias, faz-se necessária a participa-
tância epidemiológica na infância. Segundo Pos- ção ativa do paciente. Com relação aos pacientes
tiaux (2004), as doenças respiratórias da primeira pediátricos, além do seu caráter fisiológico dife-
infância representam um problema de saúde pú- renciado, eles ainda apresentam aspectos psicoló-
blica muito maior que os relacionados às doenças gicos, emocionais e comportamentais totalmente
cardíacas ou ao câncer. No mundo, cerca de 15 mi- diferentes do adulto, e seu manejo terapêutico de
lhões de crianças com menos de cinco anos vão a forma eficiente depende do conhecimento dessas
óbito anualmente devido a doenças respiratórias, características. Nesse sentido, é fundamental que
particularmente por pneumonias e bronquiolite, o o fisioterapeuta considere a idade cronológica da
que representa uma morte para cada dez nessa fai- criança, assim como suas habilidades e seus inte-
xa etária. Estima-se que, nos primeiros dois anos resses no momento de estabelecer sua interven-
de vida, a criança vivencie em torno de 8 a 9 episó- ção. Deve ser observado também que, em crian-
dios de afecções do trato respiratório superior de ças com alguma deficiência e/ou limitação, nem
acordo com Hart e Cuevas (2007). sempre a idade cronológica coincide com as habi-
lidades previstas, segundo Ratliffe (2000).
Carvalho, Hirschheimer e Matsumoto (2006) afir-
mam que a fisioterapia tem um papel fundamental Oberwaldner (2000) assinala que a realização da
na equipe multiprofissional, principalmente em fisioterapia respiratória em recém-nascidos e lac-
razão da rápida instalação de patologias respira- tentes é passiva e que, na maioria das vezes, estes
tórias nas crianças. Sarmento (2007) descreve as aceitam o tratamento sem grande desconforto. Por
manobras de fisioterapia respiratória como “técni- outro lado, as crianças em idade pré-escolar são,
cas manuais, posturais e cinéticas dos componen- em geral, pacientes mais difíceis, pois são menos
tes toracoabdominais” que podem ser utilizadas colaborativos. Contudo, breves períodos de coo-

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peração podem ser obtidos por meio de distração, postos das manobras terapêuticas. Nesse grupo, foi
persuasão, palavras de incentivo e mediação com proposta assistência com o uso da bola suíça, com
jogos e brincadeiras. benefício para a percepção corporal e melhor pos-
sibilidade na drenagem postural associada à per-
O tratamento das patologias respiratórias pode
cussão cubital com crianças entre 3 meses e 2 anos
contar com o auxílio de brinquedos simples e de
de vida. O balanço promovido também demons-
baixo custo, que, associados às técnicas fisiote-
trou boa aceitação pelos pacientes. Nos exercícios
rapêuticas convencionais ou não convencionais,
respiratórios, foram utilizados o canudo, a língua
possibilitam a realização de exercícios respirató- de sogra e a bolinha de algodão, que permitiam
rios de maneira lúdica pelas crianças. Nesses ca- a realização de exercícios respiratórios através de
sos, podem ser utilizados brinquedos de sopro, campeonatos de fazer gol ou de empurrar objetos
como língua de sogra, bolinha de sabão, bola de com sopro. Copos plásticos enfeitados e com água
soprar, apito e cata-vento. Outros brinquedos, foram usados para adaptar exercícios de pressão
como o vai e vem, a bola e a peteca, que permi- expiratória positiva (PEP). Os acompanhantes
tem maior expansão de movimentos, contribuem também participavam das atividades, o que gerava
diretamente para a realização da cinesioterapia e, mais confiança aos pacientes.
indiretamente, com o tratamento respiratório ao
permitir, por exemplo, o aumento ventilatório. Hazime e outros (2004) apontaram que 82% das
crianças, assim como seus responsáveis, assimi-
Hazime e outros (2004) avaliaram as mudanças laram melhor e participaram mais ativamente da
comportamentais de 50 crianças numa enfermaria fisioterapia quando esta foi associada ao uso de
pediátrica após a introdução de brinquedos na fi- brinquedos. Em 92,5% dos casos, as crianças de-
sioterapia respiratória. Nessa, foram utilizados três monstraram boa expectativa pelo atendimento,
brinquedos: a bexiga, a língua de sogra e a bolinha percebendo-o como um momento alegre e diver-
de sabão. Os resultados revelaram diminuição do tido, mesmo quando eram realizados procedimen-
choro e aumento da permissão para o atendimen- tos desagradáveis, como a aspiração de vias aéreas.
to em 65% dos casos com os menores de 3 anos. Comprovaram-se as melhoras por imagem radio-
Os resultados subiram para 92% com as crianças lógica, de forma mais rápida, após a introdução de
acima dessa idade. Dessa forma, concluiu-se que brinquedos nas sessões, o que pode ser explicado
transformar técnicas fisioterapêuticas em ativida- pela melhor aderência ao tratamento proposto. Por
des lúdicas parece ser a maneira mais adequada e essas razões, os autores concluíram que o uso do
eficiente de trabalho com crianças hospitalizadas, brinquedo de forma terapêutica pode ser conside-
tornando-as um sujeito de ação, e não mero recep- rado como mais um recurso fisioterapêutico na as-
tor no processo. sistência às crianças com patologias respiratórias.

Costa e colaboradores (2015) demonstraram os be- O estudo de Ungier (2005) com crianças porta-
nefícios dos recursos lúdicos e sua importância na doras da síndrome de Prune-Belly, doença que
reabilitação fisioterapêutica. Para tanto, estabele- gera complicações respiratórias recidivantes em
ceram um protocolo de procedimentos utilizando decorrência de uma tosse débil, adotou como es-
brinquedos para a realização de técnicas respirató- tratégia lúdica o uso de uma “roupagem” de brin-
rias. Os resultados apontaram que as crianças do cadeira e uma canção associada. No tratamento
grupo que realizaram fisioterapia com os recursos da mecânica respiratória, foram propostas can-
lúdicos tornaram-se mais colaborativas, diminuí- ções como parabéns e soprar velinhas e brincadei-
ram o estresse e potencializaram o tratamento. ra do elevador e com bola nos pés para treino de
Demonstraram ainda não diferenciar os jogos pro- musculatura abdominal. Grasso e outros autores

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(2000) também indicaram a satisfação das crian- do sistema nervoso, a aquisição do controle motor
ças e seus pais em relação à associação da música depende da interação entre o sujeito, a tarefa (atra-
à sessão de fisioterapia. vés da realização de movimentos corporais ativos)
e o ambiente. Entretanto, alterações no desen-
Sobre o uso da música, cabe destaque o trabalho
volvimento podem ocorrer com a criança, o que
de Le Roux, Bouic e Bester (2007), que avaliou a
acarreta disfunções do movimento que impedem
repercussão da música de coral executada durante
ou alteram a motricidade voluntária.
o tratamento fisioterapêutico no estado emocional
(humor), respostas neuroendócrinas, funções imu- No processo de reabilitação fisioterapêutica, a con-
nológicas e pulmonares em pacientes adultos. Os dição do sistema nervoso central (SNC) em adap-
resultados encontrados indicaram evidência cien- tar-se às habilidades que estão sendo facilitadas
tífica tanto aos aspectos psicossomáticos quanto vai determinar o nível de capacidade da criança,
biomédicos em pacientes com infecção pulmonar. incluindo também sua condição de transferir essa
capacitação perceptiva e cognitiva em outros con-
Apesar da confirmação dos benefícios gerados
textos, posteriormente. Isso justifica o princípio
pelo uso dos recursos lúdicos no atendimento
da neuroplasticidade, definida por Pascual-Leone
da fisioterapia respiratória pediátrica, Schenkel
e colaboradores (2013), na sua revisão integrati- e outros (2005) como uma propriedade intrínseca
va, concluíram que poucas publicações a respei- do SNC presente em toda a vida, assim considera-
to foram encontradas. Mais ainda, que a maioria da como um mecanismo de aprendizagem, cres-
aborda o tema de forma sucinta e sem descrição cimento e desenvolvimento de mudanças na en-
do uso e aplicação do método, bem como os prin- trada de qualquer sistema neural, ou nas metas ou
cípios terapêuticos norteadores e suas indicações. exigências das suas conexões eferentes. Isso leva
Contudo, felizmente, pode-se evidenciar que em à reorganização, que poderia ser demonstrada ao
todos os casos há maior aderência da criança e dos nível do comportamento, da anatomia, da fisiolo-
pais ao tratamento, melhora na satisfação deles e, gia e também ao celular e molecular.
sobretudo, os objetivos da terapêutica respiratória De acordo com Lorenzini (2007), o movimento
são mais facilmente atingidos.
é uma brincadeira que o ser humano desenvolve
desde que nasce e pelo qual adquire experiências
3.4. Na fisioterapia motora a partir de trocas com o ambiente que vive. Dessa
Bobath e Bobath (1989 apud MARTINEZ, 2007) forma, a brincadeira mostra-se como um instru-
definem o desenvolvimento motor normal como mento de desenvolvimento sensorial, motor, per-
um desabrochar gradual das habilidades latentes ceptual, cognitivo e cultural.
da criança. Embora existam características indi-
Jorqueira (2005) ensina que o comprometimento
viduais, durante o desenvolvimento infantil pode
do ato motor gera objeções quanto à realização
ser observada uma linha sequencial de progressão
de atividades práticas da vida diária, assim como
sistemática que varia em função da diversificação
ao ato de brincar e que isso também interfere na
dos fatores biológicos. Nesse sentido, conhecer as
efetivação das tarefas motoras frente ao ambiente
fases do desenvolvimento é essencial para a com-
social da criança. A necessidade do brincar como
preensão do comportamento e das necessidades
descoberta e vivência do meio ambiente é salien-
da criança, pois é a partir daí que variam os inte-
tada por DeLisa e Gans (2002 apud MARTINEZ,
resses e motivações.
2007), que afirmam ser esta também uma manei-
Shumway-Cook e Woollacott (2003 apud MAR- ra de proporcionar subsídios para a realização de
TINEZ, 2007) esclarecem que, além da maturação todas as outras atividades próprias da infância.

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Mesmo a observação da criança com deficiência laram que o elemento que mais desperta a atenção
ao brincar é uma atividade importante, pois mos- da criança é a presença de outra criança e o que
tra quais são as possibilidades e o que a criança é menos chama sua atenção é o estímulo auditivo,
capaz de realizar (JORQUEIRA, 2005). principalmente, a voz. Os materiais mais utiliza-
dos nas brincadeiras, segundo os cuidadores, são
Diante disso, optar por uma reabilitação lúdica, os de estímulos sonoros, e os menos usados são os
que conjugue brincadeiras funcionais corporais a com texturas diferenciadas. Como características
brincadeiras simbólicas e jogos, permite criar si- para a brincadeira, os cuidadores afirmaram que
tuações favoráveis à organização da imagem cor- 72,5% das crianças gostavam de estar sempre em
poral, num ambiente interativo, o que favorece lugares novos e apenas 20% das crianças repetem
o envolvimento e prazer dos participantes. Mais uma brincadeira para melhor dominá-la. Apenas
ainda, a observação da cena lúdica permite avaliar 31,5% das crianças expressam por gestos suas ne-
a coordenação motora, a flexibilidade e agilidade cessidades fisiológicas, de atenção ou de segurança.
de movimentos de forma integrada e numa situa- Para os cuidadores, quando a criança tem interesse
ção complexa. O brincar torna o movimento mais por uma brincadeira, 42,5% se expressam por pa-
natural, menos repetitivo e com significado para lavras ou frases; 27,5%, por gestos; 20%, por outros
a criança. sons e 7,5%, por expressão facial. Verificou-se que
55% das crianças apresentam atitude de brincar,
Os brinquedos mais utilizados pela fisioterapia são
sendo este o aspecto de maior relevância apontado
os de encaixe, os sonoros e os com texturas, além
pela pesquisa.
de carros, bolas e bonecas para estímulo à coor-
denação motora, à visão e à audição. Rolos de es- O emprego de recursos lúdicos durante o atendi-
puma, colchonetes, bola suíça, dentre outros, tam- mento fisioterapêutico também é valorizado no
bém ajudam a estimular o sistema proprioceptivo, Ambulatório de Cuidado à Pessoa com Síndrome
tátil e vestibular. Cabe ressaltar que a resposta da de Down do Instituto de Medicina Física e Reabili-
criança ao estímulo sensorial constitui um guia de tação — HC FMUSP. Almeida, Moreira e Tempski
como o SNC integra as informações fornecidas. (2013) afirmam serem adotados, quando possível,
modelos de atividades em circuitos contextualiza-
Reis e colaboradores (2007) verificaram a uti- dos por histórias em que o espaguete de espuma
lização e a contribuição de brinquedos, jogos e se transforma em ponte, a cama elástica, num lago
brincadeiras como coadjuvantes do tratamento e outras possibilidades de desafios que estimulam
de crianças portadoras de paralisia cerebral por a criatividade e o pensamento abstrato e geram
fisioterapeutas em algumas cidades da Bahia. Nes- maior adesão ao tratamento pelas crianças e ado-
se estudo, 94,4% dos profissionais afirmaram usar lescentes da instituição.
a ludicidade nos atendimentos. Os brinquedos de
encaixe são os mais utilizados, seguidos pelos so- Outro estudo que busca estabelecer um modelo lú-
noros, que permitem melhora da atenção, da cog- dico de intervenção em paciente com Down, reali-
nição e da coordenação motora. zado por Apoloni, Lima e Vieira (2013), verificou a
efetividade de um programa de exercícios em cama
Com vistas a avaliar o comportamento lúdico da elástica com crianças. Nesse, comprovou-se que
criança com paralisia cerebral e a percepção de um programa constituído por atividades de saltar,
seus cuidadores num hospital de São José do Rio correr e brincar em cama elástica por 12 semanas
Preto (SP), Zaguini e outros autores (2011) realiza- foi capaz de promover melhoras significativas de
ram um estudo com 40 crianças com paralisia ce- controle postural e suas consequentes repercussões
rebral grave. Entrevistas com os cuidadores reve- nas atividades da vida diária dos pacientes.

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O tema brincar, também identificado no estudo pervisionada pelo fisioterapeuta. A velocidade de


de Brandão, Oliveira e Mancini (2014), foi apon- realização do exercício varia com o nível do jogo:
tado como uma das prioridades funcionais iden- fácil (lento), médio (moderado) e difícil (rápido).
tificadas pelos cuidadores de crianças com para- Deve-se iniciar sempre no nível fácil, para o pacien-
lisia cerebral. A pesquisa apontou que, em 48,2% te aprender a forma correta do exercício, elevando
dos casos, a prioridade referia-se às atividades de o nível de acordo com a capacidade e motivação do
cuidados pessoais, mas que pais de crianças com mesmo. A duração do exercício também varia com
comprometimento motor grave apresentam maior a intensidade do jogo e com o condicionamento fí-
número de demandas relacionadas ao brincar, sico do paciente, assegurando-se sempre o fisiote-
comparadas a outros níveis de comprometimento. rapeuta de que aquele não entre em fadiga.
Os pais mais jovens reportaram maior número de
Nesse sentido, a Nintendo® Wii (NW) lançou, em
demandas em relação à mobilidade e ao brincar
2006, um pacote de jogos, o Wii Fit Plus, que per-
em relação a outros grupos etários.
mite tornar a vida do jogador mais saudável e tra-
balhar grupos musculares de todo o corpo. Pode
3.5. Outros recursos lúdicos empregados ser associada aos jogos uma plataforma, a Wii Ba­
pela fisioterapia lance Board (WBB), com­posta por quatro sensores
de pressão localizados em cada canto da mesma,
3.5.1. Gameterapia usados para medir o peso e o equilíbrio do usuá-
A Fisioterapia, como jovem área da saúde, tem-se rio, por meio de transferências de peso. O NW é
desenvolvido em diversos campos do conhecimen- composto por uma rede sem fio de controladores
to e, no tocante a técnicas e formas de tratamen- que interagem com o jogador através da detecção
to, não está sendo diferente. Nesse contexto, mais do movimento (Wiimote) e um sistema de avatar
recentemente, lançou-se a realidade virtual (RV) (personagem), que representa o usuário no com­
como possibilidade de tratamento de diversas pa- putador. Seus sensores são capazes de detectar al-
tologias, com destaque para as neurológicas. A RV terações na velocidade, na direção e na aceleração,
simula um ambiente real por um computador, no através dos movimen­tos de punho, braço e mão,
qual, através de uma interface homem-máquina, capacitando os participantes a interagir com os
o seu paciente-jogador participa da cena simulada jogos. O feedback fornecido pela TV permite ao
através da interação e da imersão. Na neurorreabi- usuário observar seus movimen­tos em tempo real,
litação, o raciocínio científico para sua utilização sendo um reforço positivo que facilita a formação
baseia-se em alguns conceitos rele­vantes para a e o aperfeiçoamento de tarefas.
aprendizagem motora: repetição, feedback e moti-
Uma revisão sistemática publicada em 2015 por
vação, ensina Soares (2015).
Soares e colaboradores, com o objetivo de obser-
Dias, Sampaio e Taddeo (2009) afirmam que, ao var os efeitos da utiliza­ção da Wii Reabilitação no
submeter o paciente a um jogo como parte de seu tratamento fisioterapêutico de patologias neuro-
tratamento, a Fisioterapia garante seu envolvimen- lógicas, concluiu que a Wii Reabilitação apresenta
to contínuo com a sua rotina de reabilitação. Os resultados eficazes no tratamento de comprometi-
autores advertem que a adaptação aos jogos e seus mentos motores de patologias neurológicas, des-
acessórios é o fator decisivo para o sucesso neste de que considerados aspectos como a duração, a
tipo de abordagem. A escolha do jogo é baseada frequência e os tipos de jogos utilizados durante
na lesão do paciente e no tipo de exercício que ele o tra­tamento. A revisão concluiu que, na paralisia
precisa realizar. Uma vez selecionado, o jogo é en- cerebral (PC), os estudos apresentaram tempo de
sinado ao paciente e sua execução tem que ser su- intervenção que variou de 6 semanas a 2,5 me­ses.

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As sessões tiveram duração de 30 a 45 minutos, terapêutico para avaliar o impacto das alterações
com frequências de duas a três vezes por semana. cardiorrespiratórias agudas na reabilitação de
Apenas um estudo especificou os jogos, em que foi uma criança com Síndrome de Down. Nesse es-
utilizado o Wii Sports, que possui atividades como tudo, foram realizadas 12 sessões, num período de
boxe, baseball e tênis. 30 dias, três vezes por semana, com duração mé-
dia de 20 minutos cada sessão, com o uso de jogos
Dentre as patologias neurológicas mais comuns na
que proporcionaram movimentação repetitiva e
Pediatria está a paralisia cerebral. A utilização da
controlada. Durante a atividade, foram medidas a
Wii Reabilitação nesses casos visa inibir a ativida-
frequência cardíaca (FC), a frequência respiratória
de reflexa anormal para normalizar o tônus mus-
(FR) e a saturação de oxigênio (SpO2). A FC má-
cular, através de exercícios de facilitação e inibição
xima alcançada foi de 164bpm e FR final média
que buscam a melhora da força, da fle­xibilidade
de 28rpm. Durante toda a terapia, a SpO2 variou
e da amplitude de movimento. Soares e colabora-
na faixa de 98% a 95%. A criança atingiu a zona-
dores (2015) apresentaram uma pesquisa realiza-
-alvo de frequência cardíaca, em todas as sessões,
da por Pompeu e outros (2012), que trata de um
permanecendo em média 80% do tempo de terapia
estudo piloto realizado com crianças com Parali-
dentro da zona-alvo e, com o passar das ativida-
sia Cerebral. Nele, foi utilizada a Wii Reabilitação
des, o pico máximo das FCs, ao final das sessões,
para trabalhar a fun­ção motora grossa, em que se
diminuiu, indicando uma adaptação da condição
observou que o Wii tem potencial para ser utiliza-
cardíaca da criança. As atividades propostas pelo
do como ferramenta de reabilitação no tra­tamento
ambiente virtual, desenvolvidas através do NW
de crianças com PC. Entretanto, o pequeno núme-
nesse relato de caso, foram capazes de alterar as
ro de participantes no estudo e a falta de um grupo
respostas cardiovasculares agudas em uma crian-
controle não permitem inferir que esses resultados
ça portadora da Síndrome de Down, cujas altera-
tenham sido decorrentes da terapia.
ções não ultrapassaram os valores preditivos má-
Tavares e seus colaboradores (2013) verificaram, ximos para essa criança.
através de um estudo de caso com dois pacientes
Os efeitos da tera­pia virtual em habilidades moto-
com diagnóstico clínico de diparesia espástica, a
ras do membro superior em crianças hemiparéti-
eficácia da intervenção com o NW como terapia
cas foram testados por Vilas Bôas e colaboradores
complementar de reabilitação da função motora
(2013). A amostra do estudo foi composta por três
grossa e equilíbrio em portadores de PC. Na pes-
crianças he­miparéticas entre 2 e 8 anos. Para o
quisa, tanto o sujeito 1 quanto o sujeito 2 apresen-
tratamento, foi utilizado o NW com software Wii
taram aumento na pon­tuação das escalas Pedia-
Sports. A terapia durou duas semanas consecuti-
tric Balance Scale (PBS) e a Gross Motor Function
vas — excluindo-se os finais de semana, soman-
Measure (GMFM-88), razão pela qual os autores
do 10 sessões de 1 hora e 10 minutos de duração
deduziram que os resultados sugerem que a in-
cada. No Inventário de Avaliação Pediátrica de
tervenção com o NW é eficaz para incremento da
Incapacidade (PEDI), houve diferença estatística
função motora grossa em crianças com compro-
em duas crianças (p=0,00); no Inventário de Ati-
metimento moderado e equilíbrio em pacientes
vidade Motora (MAL), com relação à qualidade de
com comprometimento leve, porém afirmam que
uso do membro superior, houve dife­rença estatís-
é ne­cessário estudo com uma população maior
tica em duas crianças (p=0,00); com relação à fre-
para caracterizar o NW como uma ferramenta
quência de uso, houve diferença estatística nas três
complementar de reabilitação.
crianças (p=0,00); houve um aumento do número
Pereira e outros (2013) produziram um relato de de acertos de todos os jogos em todas as crianças.
caso, no qual foi utilizado o NW como artefato Dessa forma, concluiu-se que o uso da realidade

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virtual pode promover ganho funcional no mem- passar por baixo; imitar a marcha do cão (en-
bro superior de crianças hemiparéticas. gatinhar);

c | Estimular reações de proteção: imitar o cão (fi-


3.5.2. Terapia Assistida por Animais (TAA)
car em quatro apoios); levar o cão para passear
Um método ainda pouco utilizado e também pou- em terrenos estáveis e instáveis, com e sem obs-
co estudado, mas que já apresenta bons resultados táculos; elevar um dos membros e fazer o cão
como recurso terapêutico é a Terapia Assistida por passar por baixo;
Animais (TAA). Trata-se de uma técnica direcio-
d | Estimular a adoção das posições — sentado,
nada, individualizada e com critérios específicos,
gato, ajoelhado, semiajoelhado e ortostatismo:
na qual o animal é parte integral do processo de
escovar o cão em diferentes posições; vestir o
tratamento. Somente deve ser aplicada, documen-
colete no cão; jogar a bola para o cão; levar o
tada, avaliada e supervisionada periodicamente
cão para passear; elevar um dos membros e fa-
por profissionais de saúde devidamente habilita-
zer o cão passar por baixo; imitar a marcha do
dos. A TAA requer a intervenção simultânea de
cão (engatinhar);
diversos especialistas, como médicos, psicólogos,
médicos veterinários e fisioterapeutas, com o in- e | Melhorar a coordenação motora: escovar o cão
tuito de avaliar a indicação do método, bem como em diferentes posições; vestir o colete no cão e
o tipo de animal a ser utilizado. O princípio do brincar com os objetos colados no colete; jogar
método leva em conta a capacidade do animal de a bola para o cão; elevar um dos membros e fa-
evocar emoções comunicativas no ser humano. zer o cão passar por baixo;
Estabiliza, em outros termos, uma sólida ligação
f | Melhorar a marcha: levar o cão para passear
entre o homem e o animal, com base no proces-
em terrenos estáveis e instáveis, com e sem obs-
so de comunicação interespécies, de acordo com
táculos.
Chieppa (2002).
Os resultados demonstraram melhora expressiva
Um estudo realizado por Fosco e colaboradores da criança submetida à associação terapêutica, em
(2009) buscou avaliar, por meio do Inventário de particular na dimensão Habilidade Funcional do
Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI), os PEDI, o que permite concluir que a TAA pode ser
ganhos motores obtidos por crianças portadoras utilizada como uma opção terapêutica em crian-
de PC submetidas à Fisioterapia Convencional ças com PC, atribuindo-se tal resultado à impor-
(FC), associada à Terapia Assistida por Animais tância do lúdico no desenvolvimento cognitivo e
(TAA) e apenas à FC. Nesse, foram estabelecidos motor das crianças, em decorrência da interação
os objetivos do tratamento e um protocolo de ati- homem-animal.
vidades que correspondessem aos movimentos ne-
cessários à criança. Da seguinte maneira:
4. Conclusão
a | Melhorar o controle de cabeça e tronco: escovar
Com a presente revisão, pode-se concluir que a
o cão em diferentes posições; jogar a bola para o
Fisioterapia Pediátrica no Brasil reconhece a im-
cão; imitar o cão (ficar em quatro apoios);
portância do lúdico e entende ser esta uma impor-
b | Melhorar o equilíbrio global: escovar o cão em tante ferramenta para o atendimento de crianças.
diferentes posições; levar o cão para passear em Entretanto, percebe-se que falta o desenvolvimen-
terrenos estáveis e instáveis, com e sem obs- to teórico-prático quanto ao uso do recurso lú-
táculos; elevar um dos membros e fazer o cão dico na formação do fisioterapeuta durante sua

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graduação, de forma que possibilite a capacitação Dessa forma, fica evidenciada a necessidade da
necessária para a utilização desta prática na as- realização de mais estudos na área, e que esses es-
sistência. Além disso, faz-se necessário que o fi- cutem a criança e seus cuidadores quanto à melhor
sioterapeuta inclua a funcionalidade da criança forma de atendê-los relacionada à sua demanda de
para o brincar como um dos objetivos primor- brincar. Cabem ainda estudos que embasem de
diais no seu plano de tratamento, vez que essa de- forma técnico-científica a aplicação e os resulta-
monstrou-se como um dos principais desejos das dos de brinquedos e brincadeiras como recurso
crianças e de seus pais. fisioterapêutico.

TREAT PLAYING: THE LUDIC AS RESOURCE OF THE PEDIATRIC PHYSIOTHERAPY IN BRAZIL

Abstract
This study deals with a literature integrative review aimed to demonstrate how pediatric physical
therapy in Brazil has used recreational resource as an effective tool in the treatment of children.
Brazilian publications were included in the Portuguese language, from 2000 to 2016. It can be
concluded that the Brazilian pediatric physiotherapy recognizes the importance of playfulness
and understands that this is an important tool in this specialty. It was evident that lack theoret-
ical and practical development in the use of recreational resource in the training of the physio-
therapist during his graduation form that enables the necessary training for the use of this prac-
tice in assistance. In addition, it is necessary that the physiotherapist including a child feature to
play as one of the main goals in your treatment plan as this was shown as one of the main wishes
of children and their parents.

Keywords: Physiotherapy. Pediatrics. Ludic. Therapeutic toys.

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