You are on page 1of 19

TEORIA CRÍTICA

Linklater parte da perspectiva da escola de frankfurt, que possuiuma herança


marxista, onde autores marxistas estavam insatisfeitos tanto com o capitalismo
do seculo 20 quanto com os rumos que o socialismo estavam tomando.

A teoria critica ira fazer a migração de pressupostos economicos para tudo


aquilo que constitui opressão.

Emancipação: De inicio, a escola de Frankfurt, inspirada no marxismo esta


pensando na emancipação das amarras da natureza, pois o ser humano é
limitado pela natureza (Ex.: distancia). Sendo assim, foi necessario se criar
tcnologias de transporte para superar essa limitação.

Mais tarde, a escola de Frankfurt irá dizer que essa emancipação das
amarras da natureza foi prioritariamente dada a uma classe especifica: a classe
burguesa. Isso porque quem tem mais acesso aos meios de transporte,
comunicação etc sçao aqueles que são mais ricos. Assim, a primeira
emancipação é a da natureza. A segunda emancipação é a economica, isso
porque quem está sendo excluido do beneficio da tecnologia que o libertaria
das limitaç~çoes da natureza, isso terpa de ser resolvido.

Com isso, a primeira exclusão (dos beneficios dos mecanimos tecnologicos


que libertam das amarras da natureza. No inicio, eles lutavam pela
emancipação de todos) que a escola de Frankfurt levanta foi a mesma
exclusao levantada pelo marxismo: a economica.

Porém, Linklater diz que agora eles tem consciencia de que a inclusão total
não é possivel e que a exclusão sempre acontecerá. Mas como negociar essa
exclusão¿

Linklater fiz que há muito mais em comum entre as teorias do que


divergencias. Assim, ele faz esse trabalho de analçisar as semelhanças a partir
de tres dimensoes: normativa, sociologica e práxis. A dimensão normativa: a
teoria critica está preocupada com mudança, não em analisar somente a
sociedade como ela é. A TC analisa a sociedade como ela é para pensar como
essa sociedade pode vir a ser, pensando que poder vir a ser mais inclusivas e
participativas. Assim, diferentemente do realismo, que explica como as coisas
são e como vão continuar sendo porque não há muddança, para as teorias
criticias é preciso desnaturalizar, ou seja, as coisas nçao são naturalmente do
jeito que são, não tem que ser assim pra sempre, é possivel mudar. Assim,
entende a dimensao normativa é um ponto comum entre todas as teorias
críticas.

Dimensao sociologica: Se refere a a analisar como as coisas vieram a ser,


como elas construíram e porque sçao como são é tambem um componente
comum a todas as teorias criticas.

Dimensão práxis: Aqui a preocupação é de como se construir um mundo


melhor, o transformando. É como se a teoria que alguem escreve tem impacto
no mundo. Assim, não basta falar de emancipação apenas, é preciso que a
minha teoria contribuia para a emancipação. Não basta falar de um mundo
melhor, é importante que a minha teoria contribua para um mundo melhor.

Linklater diz que sua teoria é pós-marxista, pois não há luta de classes em
sua teoria. Pós-marxista foi um termo que ele encontrou para dizer que a
exclusao não e apenas economica, mas sim há outras formas de exclusão: da
mulher, do negro, etc. Também para dizer que a sua teoria se preocupa não
apenas com a exclusao material, mas tambem com a exclusão racial, de
genero etc.

Linklater pergunta se existe um sistema de exclusao LEGITIMO. Se sim,


qual¿

Linklater diz que a exclusão é negociavel pois quando se negocia, se


negocia com os diferentes e não somente com os iguais. Essa negociação pe
feita por meio do dialogo. (Ex.: Não basta haver uma discussão apenas entre
negros, pe preciso que haja externados e negros.) Para Linklater, a discussão
entre diferentes é o que gera a mudança e torna a sociedade mais inclusiva.

A exclusão sempre vai acontecer, mas, para Linklater, se deve negociar no


dialogo qual exclusão é legitima.
Assim, se tem que criar um espaço de comunicação não violente, onde as
diferencas materiais não impeçam a fala, pois se as diferencas materiais
contarem (naturalidade, formação etc) as regras negociadas serão exclusivas
dos que possuem maior capacidade material.

Para Richard Linklater, a Teoria Crítica não pretende oferecer


conhecimentos objetivos de uma realidade externa, mas tem um propósito
fundamentalmente normativo e crítico (LINKLATER, 2001, p.32). O conteúdo
normativo da teoria sustenta a necessidade de eliminação das barreiras ao
pleno exercício de direitos, o respeito entre as diferentes visões de mundo e os
esforços para reduzir as desigualdades materiais. Com isso, pretende-se criar
novas formas de comunidade que ampliem o acesso aos arranjos de diálogo e
incentivem a paridade de participação de todos os membros.

Linklater tem como ponto de partida forte crítica às teorias tradicionais,


chamadas por ele de “teorias de solução de problemas”, pois para o autor,
essas teorias convenientemente se adaptam a determinadas causas a fim de
solucionar alguma questão imediata. Para Linklater, ao observar estruturas
que regem o Sistema Internacional de um ponto de vista imutável, as teorias
tradicionais de R.I contribuem com a naturalização e reprodução das
assimetrias de poder, condições materiais e oportunidade existentes. Como
aponta o autor, uma vez que essas assimetrias são tomadas como imutáveis, a
luta para contornar as injustiças e deficiências da ordem social se torna
particularmente complicada. A ambição de superar essas limitações das
abordagens de resolução de problemas a estruturas supostamente imóveis é,
segundo Linklater, o fio que une as perspectivas críticas. (LINKLATER, 2001,
p.26)

A preocupação central da teoria crítica é, então, desnaturalizar os modos de


exclusão social que marginalizam determinados grupos na sociedade. O
objetivo é demonstrar que algumas das diferenças entre os seres humanos não
têm a relevância moral que se supõe possuírem. Para tal, é preciso lidar com
as distinções moralmente irrelevantes baseadas em classe, gênero, raça ou
etnia que acabam por negar a alguns grupos o acesso aos direitos dos quais
grupos privilegiados já desfrutam.
Linklater alerta ainda que uma forma de diálogo autêntico nunca pode ser
alcançada, sendo assim um tipo ideal, uma meta que pode ser aproximada.
Para o autor, sempre pode haver formas de exclusão as quais os seres
humanos ainda têm que descobrir, de modo que não é possível ter certeza de
se ter alcançado “o fim da história” ou de que todos os sistemas de exclusão
injusta ou constrangimentos da autonomia humana tenham sido identificados e
removidos.

GILL

Teoria é a nossa forma de ver o mundo, me dizendo como agir diante dele.

3 influencias de Gill:

*Se baseia em Marx, Gramsci e ¿

O marxismo pe materialista porque a estrutura influencia a nossa ação e


pensamento.

A dialetica é importante pois para ela as contradicoes caminham em


conjunto, duelando o tempo inteiro. E justamente esse choque entre as
contradicoes que mermite que enxerguemos o ponto de mudança. No caso
marxista, para tornar a sociedade mais participativa, mais inclusiva e superar
esses limites estruturais que nos alienam.

Gill diz que ao longo da modernidade, 2 questoes estarao presentes e


influenciarao a nossa forma de ver o mundo: A sociedade civil e a fomração em
mercado mundial.

Contar a historia a partir da estrutura e das mudanças estruturais. Ação gera


mudança, muda a estrutura e a forma de ver o mundo.

Crise organica: é uma crise que advém das contradições internas do proprio
sistema, que possibilitam mudanças. (Ex.: Crise de 29)

Bloco Histórico: Conjunto de agentes de iversos setores unidos em torno de


um bloco historico formado pelos EUA, potencias do ocidente, mercado
financeiro, industriais, entre outros. Nesse bloco historico estão inseridos
tambem os sindicatos, pois se não fossem eles, não haveria o Estado de bem-
estar social.

Projeto de neo-liberalismo: transição onde novo modelo que não possui um


bloco historico, mas sim uma revolução passiva, com uma hegemonia
(acreditar que essa lideranca é algo bom, combinando temor ao comunismo
com a exportação de um modelo de democracia formal (a democracia formal
não prega uma liberdade de fato pois precisa-se de um mecanismo para torna-
la real, possivel e acessivel.

Hegemonia: Controle, coerção combinado com consentimento. É preciso


haver uma aceitação.

Revolucão passiva: não há particapação ativa da população

Novo constitucionalismo: Indiviudos livres que decidem em sociedade e


competem entre si, onde todos são livres para tomar decisões. Sociedades
adequadas, obedecendo e garantindo direitos e deveres de uma sociedade
democratica neo-liberal, como está escrito e positivado em suas respectivas
constituições.

Gill diz que está para acontecer uma crise organica relacionada ao
desenvolvimento do capitalismo.

Para Gill, as teorias “mecânicas” tradicionais possuem validação científica


limitada, pois não são capazes de explicar transformações sociais complexas.
A crise dessas estruturas e sua transformação deve ser explicada para Gill pela
constante desintegração de hegemonias sociais e a formação de contra
hegemonias na política e economia do mundo, e não em termos tradicionais de
auto-ajuda ou distribuição de capacidades.

É importante lembrar, por fim, que para Gill, a Teoria Crítica não oferece
nenhum tipo de receita para a forma de sociedade que se deve construir.
Essas formas devem ser moldadas pela ação coletiva, mas não estão sujeitas
a nenhum tipo de inevitabilidade histórica. O objetivo do autor é contribuir com
a construção de uma forma de Estado mais ética e uma sociedade onde o
desenvolvimento pessoal, a reflexão racional, e o emponderamento de vozes
marginalizadas e liberdade social possam se tornar cada vez mais alcançáveis.

PÓS-COLONIALISMO

KRISHNA

Em seu texto, recaptula o pos-estruturalismo. Porem, K gostaria que


houvesse uma conversa maior com o marxismo. K recaptula apresentando os
seguintes autores: L. Said, Homi Bhabha e Spivak.

SAID

O oriente não existe, já que ele foi criado pelo ocidente. A supeioridade
defendida pelo ocidente em relação ao oriente permite o colonialismo. Said
denuncia a falacia desse discurso que possibilita a dominação do ocidente
sobre o oriente. Está preocupado com as representações, denscontrução de
uma essencia.

3 pontos de Said contra a superioridade, essencias, denuncias a


representações.

K argumenta dizendo que muitas das vezes a resistencia precisa opegar em


armas, ou seja, o aspecto material da resistencia. Não basta apenas denunciar
representações que dominam.

No encontro com o oriental, o colonizador diz que o oriental é algo,


atribuindo uma caracteristica que essencializa o oriental.

Orientalismo é uma generalização do que seria o oriente pelo ponto de vista


ocidntal, que não necessariamente corresponde a essencia oriental. O
orientalismo é o modo de representar o oriente como sendo inferior, diferente
do ocidental, afirmando que o jeito do ocidental é mais evoluido. Nasce do
conjunto de representações do outro como sendo inferior, com a minha crença
de que sou superior.

BHABHA
Pensados pos colonial famoso pela idéia de que o colonizados no encontro
com o colonzado tambem e afetado pelo encontro colonial na sua identidade,
pois B acredita que a identidade se forma na interação. Assim, no encontro
colonia, não tem como o colonizador não ter sido afetado, O colonizador sera
afetado pois a experiencia cotidiana da cooperação faz com que ele se veja
como agressivo, por ex. Esse encontro pe chamado de 3º lugar: A identidade
que se forma principalmente a do dominador não e nem a copia do colonizador
nem o que ele era antes. Ele esta no 3 lugar, que e um espaço chamado de
hibrido por Bhaba.

Hibridismo: No encontro entre colonizador e colonizado se formam


identidades hibridas, pois ela tem traçoes tipicos de colonizador e do
colonizado. Isso pois toda vez que o colonizador e o colonizador se encontram
eles criam identidades hibridas.

Resumindo, Bhabha é conhecido por falar que o colonizador é afetado,


havendo o hibridismo, tendo-se a idéia de impossibilidade de retorno ao
tradicional.

Bhaba ressalta algumas caracteristicas nesse encontro colonial:


ambivalencia e esteriotipo. Ambivalencia: É o desejo do colonizador de ser
reconhecido pelo dominado, como superior. A ambivalencia esta em desejar
algo que no caso é o desejo de reconhecimento por parte do colonizado, que
por sua vez é caracterizado como irracional. Diante a impossibilidade de
reconhecimente de sua superioridade, acaba sendo gerado odio do colonizado,
violencia. Assim, Bhabha caracteriza esse encontro como sendo violento.

Porem , o colonizado tambem tem odio do colonizador, pois oi desejo do


colonizado é ser quem manda, é excluir a opressão e muitas vezes ser o
opressor. O odio, violencia está sempre relacionado a um desejo não atendido.

Esteriótipo: No encontro colonia entre colonizado e colonizador, o


colonizador fala sobre o colonizado a partir de esteriotipos. Ele vai representar
o colonizado como inferior, irracional, etc. Assim, Bhabha diz que nossa
relação é o colonizador representando o colonizado. A dominação passa pela
representação do outro como inferior. Na representação do outro como inferior,
o colonizador usa de esteoriotipo. Essas representações não falam sobre a
essencia do ser, elas possibilitam a dominação. Esteriotipo é sempre a
caracterização de algo ruim no outro em oposição a algo que o colonizador
acha que tem de bom, assim, esteriotipo se torna um mecanismo de
dominação.

Outro idéia de Bhabha e a de camuglagem: Tentar se tornar parecido com o


ambiente. O colonizado pode até aprender determinadas praticas com o
colonizador, mas ele nunca será o colonizador. Por isso, o colonizado está no 3
lugar, no hibridismo.

Critica de Krishna a Bhabha: A materialidade no 2 plano. K diz que é preciso


olhar para a desigualdade de perder material. Diz que a identidade do
colonizado pode ate ser hibrida, mas quantas coisas o colonizado é obrigado a
fazer, pela violencia do colonizado sobre ele¿ K chama a atenção para a
violencia fisica, mas há desigualdade economica. Assim, K diz que no encontro
colonial e no pos colonial, precisamos levar em consideração as diferencas
materiais, seja na violencia fisica empregado pelos colonizados sob o
colonizado seja na violencia que é o sistema economico internacional.

Os autores estao tentando entender o encontro colonial e quais os efeitos


que ele tem na formaçao da identidade.
PÓS ESTRUTURALISMO

Diante daquele que ficou conhecido como o debate Neo-Neo das Relações
Internacionais, emergiu um grupo de pensadores que, influenciados pela
Filosofia francesa contemporânea de Michel Foucault e Jacques Derrida,
rejeitavam alguns dos mais importantes postulados estabelecidos pelas
correntes tradicionais da área. Esses autores vieram formar o que se
convencionou de chamar de Pós-Estruturalismo.

Para os pós-estruturalistas, as Relações Internacionais estariam dominadas


por axiomas e conceitos que não são questionados ou problematizados e que,
tido como naturais, velam a natureza histórica da disciplina. Os autores alegam
que os conceitos e discursos estabelecidos não se sustentam quando
observados a partir de uma perspectiva histórica, na medida em que teriam
sido emprestados pela teoria política e a filosofia moderna e tomados como
exogenamente dados. O Pós-Estruturalismo visa questionar, portanto, a
legitimidade desses discursos a partir do resgate da historicidade da disciplina.
De acordo com Walker,

[…] as teorias de RI não interessam tanto pelas substanciais


explicações sobre as condições políticas no mundo moderno, mas
sim como expressão dos limites da imaginação política
contemporânea quando confrontadas com persistentes e
evidentes transformações estruturais e históricas. Elas podem ser
interpretadas […] como expressões de um entendimento
historicamente especifico do caráter e da localização da vida
política em geral. (WALKER, 2013, p. 22).

Em linhas gerais, o projeto pós-estruturalista representa uma tentativa de


desvelar as dualidades e contradições do conhecimento alheio, assim como
lançar luz sobre as formas de poder que nele se alojam. Por meio de uma
dupla leitura, isto é, o entendimento de um conceito a partir de seu oposto,
busca-se a desconstrução semântica dos conceitos das teorias tradicionais da
área- o processo de evidenciar as aporias inerentes à rationale de uma
determinada teoria ou saber- por meio de uma metodologia genealógica - uma
forma de história do presente (BARTELSON, 1995).
O conceito de soberania está situado no seio da crítica pós-estruturalista
por ser, de acordo com autores como Walker (1993), Bartelson (1995) e
Campbell (1998), aquilo que definiria o internacional enquanto um campo
autônomo de estudo, o ponto que separa o “inside” e o “outside”. Como
condição da própria existência, então, as Relações Internacionais precisam
distinguir os fenômenos que acontecem na dimensão internacional, daqueles
que acontecem na dimensão doméstica. Essa divisão, na medida em que
justifica a própria existência da área de conhecimento, por definição, não
poderia ser desconstruída. Nesse sentido, a soberania estatal é fator
explicativo importante para a identidade política: define quem nós somos, em
contraposição ao que não somos. A alteridade do “outro nacional” diante da
ameaça constante do espaço inseguro e anárquico do plano internacional
internacional.

Para Walker, há uma preocupação generalizada em se definir fronteiras:


apoiar a legitimação das fronteiras estatais e ao mesmo tempo legitimar-se
como área do conhecimento independente da ciência política. Mais do que
isso, as teorias fariam parte de uma ampla tradição filosófica ocidental, que na
modernidade, reforça o dualismo ontológico entre o bem e o mal; o self e o
outro; dentro e fora; paz e guerra; ordem e anarquia. Essas dicotomias,
segundo Walker, definem os limites da imaginação política moderna, de modo
que se torna impossível conceber outras formas de arranjo político que não
sejam o Estado Moderno. Assim, qualquer outra forma de organização política
da vida social existente é automaticamente classificada como “primitiva” ou
“utópica”.

Assim, acaba por se naturalizar e essencializar o Estado, moldando nossa


“imaginação política”. A suposta incapacidade de superar a anarquia
internacional reforça a crença no Estado e ao mesmo tempo, é elemento
fundamental para justificar sua existência. Para o Pós-Estruturalismo, a
essencialização de fenômenos social e historicamente construídos disfarça o
caráter arbitrário de suas construções, bem como as diferentes formas que
podem assumir ao longo do tempo. Cabe à crítica pós-estruturalista então lidar
com a seguinte questão: Como é possível compreender a história sem que se
deixe algo de fora dela ou cometa os mesmos erros estruturalistas? Segundo
Bartelson,

“ao abordar a ciência política como um modo de escrita ao


invés de um modo de existência, nós podemos nos situar
enquanto observadores separados na história, e podemos impedir
que nossa separação dependa de algo fora dela” (BARTELSON,
1995, p.5)

Com base nessas proposições, podemos levantar de imediato algumas


questões a respeito do texto de Helman e Ratner. A proposta deixa uma lacuna
de importantes questionamentos sobre como, por exemplo, quais seriam os
critérios que levam um Estado a ser classificado como falido, por quem são
definidos esses critérios e a partir de que contexto. De modo semelhante, é
possível contestar a própria concepção do Estado enquanto única forma de
organização social, política e econômica presente no texto. De que modo a
ONU se mostra como ator possível e adequado para resolver a questão dos
Estados Falidos e promover seus interesses? A partir de uma visão pós-
estruturalista, poderíamos concluir que os autores estariam tratando a temática
a partir de pressupostos muito bem estabelecidos, rígidos e imunes à história.

A ideia de um discurso que busque delimitar o “eu” e “o outro” carrega


consigo discussões amplas. É preciso considerar a existência de debates pré-
estabelecidos entre formas de compreensão do que é civilizado e deve ser
reproduzido em detrimento daquilo que é a barbárie e, portanto, deve ser
combatido. Esse tipo de discurso não diz respeito somente à ideia do self, ou
seja, de “quem eu sou” e quem “o outro é”, mas também implica em narrativas
que legitimam essas construções, que no discurso de Helman e Ratner, por
exemplo, podem ser identificadas em atribuições como a prevenção de riscos,
um tipo ideal de progresso ou promoção de instituições e modelos
democráticos e estáveis.

Segundo David Campbell, esse exercício arbitrário de definição daquilo que


se deve evitar e em maior importância, temer, está ligado de forma estreita com
a própria construção da identidade estatal. Em Writing Security (1998), partindo
do exemplo dos Estados Unidos, Campbell descreve o país a partir daquilo que
lhe representou ameaça ao longo da história ou que ao menos assim se fez
crer. Desde nativos e comunistas a traficantes de drogas, todos foram
importantes contrapontos para a construção de uma identidade norte-
americana ideal e democrática. Construídos enquanto um “outro” e expurgados
da identidade norte-americana, a esses sujeitos se atribuiu à função de
ameaça a qual os Estados Unidos deveriam se proteger. A partir dessa
perspectiva, portanto, se pensarmos na maneira pela qual se propõe, diante da
ameaça que Estados falidos representam à vida política moderna, a
necessidade afirmada por Helman e Ratner de se implementar “uma forma
mais intrusiva de tutela” nos chamados Estados falidos permite enquadrá-los
nas mesmas categorias descritas por Campbell, do “outro” que existe em
função da construção da identidade do self. Em outras palavras, a definição
daquilo que é entendido como um Estado falido está ligada a definição de sua
contraparte, ou seja, o pleno funcionamento das instituições democráticas do
Estado.

Mais além, como aponta Walker, a construção do outro como bárbaro, como
aquele deve ser civilizado ou aniquilado, abre caminho à declaração de
exceções que afirmam a suspensão das próprias realizações modernas em via
da permissão da autoridade absoluta. Dialogando nos termos de Carl Schmitt,
Walker destaca que essa situação é o que estabelece o soberano como aquele
que define a exceção. Segundo Walker, uma vez que o internacional moderno
não permite a barbárie, o sinal de incorrência da mesma resultará num estado
de exceção por meio do qual se torna possível a violação dos preceitos
soberanos em prol de um objetivo maior, seja ele a manutenção do próprio
internacional. A excepcionalidade schimitteana que Walker aponta ter vindo à
tona, sobretudo a partir dos atentados de 11 de setembro, invocando
diferenças a partir da ameaça, pode ser localizada no texto a partir da mesma
diferença que o Estado falido representa, assim como a mencionada
necessidade de intervenção.

Diante disso, faz-se importante a afirmação de Walker de que as


formulações de teorias tradicionais não são capazes de compreender esses
problemas políticos do mundo contemporâneo, e isso se deve ao fato de que
as dinâmicas econômicas, sociais, conflituosas não obedecem às separações
estabelecidas entre o “dentro” e “fora”. Assim,

“as relações espaço-tempo expressas pelo princípio da


soberania estatal não oferecem uma explicação plausível
das práticas políticas contemporâneas, incluindo a prática
dos Estados” (WALKER, p.32)

O pós-colonialista Homi Bhabha investiga a ação colonial e a dinâmica de


resistência que ela mesma gera. O autor teoriza as identidades coloniais não
como conceitos estáticos, mas forjados no momento do encontro entre o
colonizador e o colonizado a partir do movimento de perpetuação do “eu” e o
desejo pelo ”outro”.

Para Bhabha, o colonialismo é profundamente contraditório. A crença do


colonizador em sua própria superioridade enquanto raça ou civilização é
defrontada pela ambivalência que busca o reconhecimento dessa
superioridade por parte do colonizado. Destarte, Bhabha levanta um
questionamento que aqui é pertinente: como pode haver reconhecimento
legítimo do colonizado se, de acordo com a crença do colonizador, esse é
considerado inferior e não pode ser confiável? Se, a partir do texto em questão,
entendermos o Peacebuilding como tentativa de levar ao Estado falido o pleno
funcionamento das instituições políticas modernas, podemos fazer um
questionamento semelhante: como pode um Estado falido ser capaz de
assimilar esses conceitos, uma vez que os aspectos que o enquadram nessa
categoria o impedem de tal? Bhabha aponta que uma vez na posição de
colonizado, seria impossível esse Estado simplesmente reproduzir as práticas
do colonizador, mas apenas praticar o que o autor chama de “mimetismo”, uma
cópia dessas práticas que não seria exatamente fiel. Grovogui? Commented [LD1]: desenvolver
FEMINISMO

ENLOE

Idéia de 3 ondas do feminismo: 1) Ativismo, 2) Inicio da teorização feminista:


Idéia de que o ponto de vista feminista é sobre questoes sociais, politicas,
economicas, 3) Tentativa de critica a stem point, dizendo que mulheres em
lugares distintos podem ter problemas distintos e visoes diferentes. Aqui estava
sendo criticada a idéia de que toda mulher ve algo de uma determinada forma.

Enloe pergunta onde estao as mulheres e suas idéias, so que pergunta a


partir de uma realidade de cada mulher, pois mulheres de locais distintos
podem ter pontos de vista distintos.

O que caracteriza o feminismo de Enloe é o estudo do cotidiano das


mulheres, assim, se entende como empiricista.

TICKNER

Tickner se entende como teorica. O texto é uma conversa com Keohane.


Keohane diz que ela não possui um programa de pesquisa (teoria). Assim, ele
propoe um programa de pesquisa a ela. Nesse texto, Tickner responde a essa
proposta.

Definição de programa de pesquisa: (um conjunto de teorias, conceitos, que


tenham alguns pressupostos teoricos em comum. Esse pressupostos são
chamados de nucleo duro. De acordo com Lakiatos, a cinecia evolue dentro de
programas de pesquisa, pois ua teoria dentro desse programa avança em
relacao e refuta a outra. Isso é a idéia de teste de teoria do Lakatos. Dentro de
um programa de pesquisa há dempre uma teoria twntando superar a outra,
Essa superação é explicar algo que a teoria anterior não expplicava, ou seja,
gerando um excedente empirico, assim havendo um progresso da ciencia.

Keohane é Lakatosiano, por isso propoe que as feministas tenham um


programa de pesquisa feminista. Para se criar um programa, Keohane diz que
as feministas precisam escolher um objeto de estudo especifco, pois é
necessario saber quais são os pressupostos teoricos comuns a todas as
teorias feministas.
Porem, alem do programa, Keohane diz aque para ser uma teoria de RI as
feministas tem que mostrar como a variavel genero é importante para entender
o comportamento dos Estados. Isso é a matodologia cientifica, que é encontrar
metodos para comprovar a influencia do genero sobre o comportamento
estatal, mostrando que as relações de poder entre homem e mulher no plano
domestico tem influencia sobre o ocmportamento estatal. Essas são as
proportas e orientações de Keohane.

Tickner responde a isso, dizendo que as feministas não tem um metodo em


comum, pois elas possuem uma multiplicidade de metodos, O que une as
feministas é a vontade de iluminar relacoes de poder entre homem e mulher. O
que as une tambem é a vontade de criticar esse modo de fazer conhecimento,
pois esse modo é opressor e contribui para amnter as relações opressoras
entre homens e mulheres. Assim quando Keohane pergunta qual é o seu
programa, é como se ele estivesse forçando uma opressão, pois é como se
fosse um homem falando para a mulher como é que deve ser sua pesquisa.

Assim, Tickner diz que as feministas não precisam se colocar dentro de uma
forma Lakatosiana de produzir conhecimento para de fato produzir
conhecimento.

Uma outra questão é que quando Keohane diz que o objeto precisaser a
relação entre genero e comportamento estatal, ele impoe uma antologia às
feministas.

Tickner diz que a propria nocao de programa é alheia a maioria das teorias
feministas. Ou seja, há uma diferenca epistemologica. Tickner diz qye as
feministas tem uma posicao epistemologica diferente da lakatosiana, assim, diz
que ela não precisa de um programa de pesquisa.

Assim, a diferença entre Keohane e Tickner (e as demais feministas) é


epistemologica. Mas tambem há diferença ontologica.

Keohane é obcecado por comportamento estatal, assim, ele diz que genero
ate pode ser uma variavel desde que ajude a explicar o comportamento estatal.
Porem Tickner diz que elas não querem estudar o comportamento estatal, mas
sim os efeitos das politicas estatais sobre a vida das diferentes mulheres,
Assim, a ontologia das feministas valoriza os individuos, não somente
mulheres, mas sim aqueles que são afetados por noces de masculinidade.

Tickner diz que há varios aetodos possiveis para as feministas, e que em


geral os metodos que elas proproes não são os tradicoes das RI. O metodo
preferido da Enloe é a etimografia, ou seja, ela precisa conviver com as
pessoas que ela esta estudando pois so assim ela ira conseguir explicar a
opressao que estaop vivendo no cotiano delas.

Ticker questiona os dados estatisticos, vendo no metodo cientifico de


Keohene. Diz que os dados estatisticos parecem neutro do ponto de vista de
genero, mas não são, pois tem realidades da mulher que naoe stao
contempladas nessa estatistica. Assim, ela diz que tem que ber quais dados
são usados, pois dados estatisticos tendem a ser generalizados. As feministas
tendem a escolher algo que não é generalizado mais sim algo que
individualiza, pois as regras patrarcais mudam de sociedade para sociedade.

---

O vácuo de comunicação entre feministas e outros teóricos de Relações


Internacionais é apontado pela teórica feminista J. Ann Tickner como
consequência de um diálogo “gendered”, isto é, um diálogo emaranhado de
noções preconceituosas que apenas prejudicam a possibilidade de debates
mais frutíferos na área. No entanto, a autora considera que esse pode ser
ponto de entrada para a mudança desse cenário, de modo a superar os
“silêncios” presentes nesses diálogos preconceituosos e alcançar melhores
níveis de debate.

Em “You Just Don’t Understand: Troubled Engagements Between Feminists


and IR Theorists”, Tickner propõe traçar um mapa entre o pensamento
feminista e dos teóricos tradicionais, buscando explicar porque os resultados
desses encontros são normalmente equivocados. Segundo a autora, as
perspectivas feministas contemporâneas sobre as relações internacionais têm
seu ponto de partida em ontologias e epistemologias bastante diferentes
daquelas que dão corpo à disciplina convencional. Desse modo, é inconcebível
para Tickner que uma análise feminista possa se encaixar nas abordagens
tradicionais centradas no estado ou com as metodologias normalmente
empregadas pelos estudiosos de R.I. Em sua obra, Tickner aborda algumas
perspectivas feministas sobre segurança, conceito reconhecido por ela como
central para a disciplina.

Segundo Tickner, os estudiosos das R.I, uma vez apoiados sobre métodos
científicos consolidados, concebem as perspectivas feministas como
cientificamente frágeis, carentes de pesquisa empírica. O questionamento que
muitos desses autores fazem, assim como fez Robert Keohane às feministas
sobre “onde está o seu programa de pesquisa” e do por que análises feministas
não podem ser submetidas à abordagens teóricas estabelecidas, ilustra a
aversão de gênero para qual Tickner quer chamar atenção. Desse modo, a
ausência de diálogo entre feministas e estudiosos da disciplina, ao criar
enormes obstáculos àquilo que poderia ser uma pesquisa proveitosa, se torna
preocupante. Para a autora,

“essas divisões teóricas evidenciam diferenças de gênero


socialmente construídas. Compreendê-los como tal pode ser um
ponto de entrada útil para superar silêncios e desentendimentos,
iniciando assim diálogos mais construtivos.” (TICKNER, 1997, p.
613).

Tickner aponta que as teorias feministas apresentam preferência por


metodologias pautadas no indivíduo e as relações sociais. Ao investigar o
conflito militar, os estudos feministas buscam examinar como o comportamento
dos estados no sistema internacional é construído por meio de relações
hierárquicas de gênero e como elas afetam as chances de vida dos indivíduos,
sobretudo das mulheres, foco muito diferente daquele geralmente localizado
nas teorias convencionais.

Ao tomar o gênero como categoria de análise na compreensão das relações


internacionais, as análises feministas buscam nas propriedades do sistema
internacional, explicações para a assimetria nas relações entre os gêneros e as
condições sob as quais se formam as identidades de homens e mulheres. As
abordagens feministas propõem não apenas a superação da opressão feminina
e o emponderamento da mulher na área de estudo, mas também a construção
de uma ordem internacional mais justa, onde hierarquias, de gênero, assim
como as classe e raça, não estejam presentes. Segundo Tickner, embora os
métodos e foco das análises feministas variem – de modo que, ao contrário do
que pensam muitos internacionalistas, se fazem presentes diversas correntes
dentro do escopo teórico feminista - o uso do gênero como categoria de
análise é o elo que liga as diferentes abordagens.

Dialogando com a afirmação de Robert Cox de que uma teoria é sempre


feita para alguém e para algum propósito, o objetivo das abordagens feministas
é semelhante ao da teoria crítica. A busca pelo emponderamento da mulher se
assemelha com a necessidade dos teóricos críticos em empenhar um esforço
que "se distingue da ordem prevalecente do mundo e pergunta como essa
ordem surgiu": ela pode, portanto, ser um guia para ação estratégica para criar
uma ordem alternativa (COX, 1981, p 129).

Muitas das abordagens teóricas feministas, isto é, os conceitos sobre as


quais as feministas das R.I se baseiam, estão fundamentadas em outras
disciplinas que não nas Relações Internacionais, como nas Ciências Sociais.
As teóricas feministas então procuram fora da disciplina o que acreditam ser
metodologias mais adequadas para entender os temas que lhe são pertinentes,
como a hierarquia de gênero. Devido a isso, segundo Tickner, teóricos
internacionais como Keohane são constante e justificadamente frustrados
quando feministas não podem lhes fornecer uma breve visão geral de seu
programa de pesquisa. Esse diálogo se torna particularmente difícil em face da
falta de consenso quanto ao que se considera como pesquisa científica
legítima.

Em linhas gerais, as teorias feministas apontam para como as hierarquias de


gênero modelam a posição da mulher na sociedade, assim como nossas
formas interpretar o mundo. Determinadas instituições, como a família, o
mercado e o próprio Sistema Internacional contribuem com a socialização do
indivíduo nessas hieraquias e a internalização dessas relações nas
identidades. Os estereótipos naturalizam e amparam as estruturas sociais
hierarquizadas, perpetuando as relações de poder existentes. Assim, as
relações de gêneros não são somente importantes na medida em que definem
a dinâmica da relação entre as mulheres e os homens, mas porque
condicionam o pensamento a funcionar a partir de dualismos hierarquizados
que legitimam formas de dominação em diversas esferas da vida social.

You might also like