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DEL CUENTO Y SUS ALREDEDORES – CARLOS PACHECO

1. CATEGORIAS DE BASE: NARRATIVIDADE E FICCIONALIDADE:


O conto é um relato, por isso deve dar conta de uma sequência de ações
realizadas por personagens (não necessariamente humanos) em um âmbito de
tempo e espaço.
- Não importa o teor dessas ações: se banais ou cotidianas; ou se são interiores
(do pensamento, ou da consciência);
- O deslocamento espaço-temporal pode fazer, ou não, parte da estratégia
narrativa.
- Independente dessas características, o conto é sempre uma narração, a
história da sua percepção por parte de um ou mais sujeitos.
- A narratividade fundamenta o conto.
- Como a narratividade é um conceito amplo, ela deve ser definida em termos de
ficcionalidade. A narratividade é a manifestação específica em algumas
modalidades discursivas, que Roman Jackobson chamou de literalidade, no
âmbito das relações e ações ficcionais, seu modo particular de literatura.

- O conto literário implica a “concepção e elaboração estéticas de uma


história, ou seja, sua “ficcionalização”. O conto literário, ou o conto moderno,
termo utilizado para diferenciá-lo do conto oral, ou tradicional, é uma
representação ficcional, em que a função estética predomina sobre a
religiosa, a ritual, a pedagógica, a esotérica ou qualquer outra, p. 17.

SOBRE A VINCULAÇÃO COM A VIDA REAL – GRAU DE FIGURATIVIDADE


- Raúl Castagnino: o conto literário é um artefato, ou seja, um objeto artístico,
cujo grau de figuratividade pode variar, como nas artes plásticas, mas que
guarda em comum, pelo fato de ser essencialmente a narração de uma história,
uma certa relação de representação ou mimesis com algum ou alguns
âmbitos do real. Isto inclui desde o esforço realista mais apurado às fronteiras
mais longínquas do imaginário, do fantástico, do maravilhoso, do onírico ou do
objetual.
A relação de dependência entre a história narrada e a chamada realidade real
foi alvo de atenção de teóricos do conto como Seymour Menton. – El cuento es
una narración fingida en todo o en parte.
 A Teoria moderna concebe como ficcional, a princípio, todos os elementos da
história representada em um relato literário. Não interessa à crítica a história
literária, ou seja, se é possível ou não rastrear alguma vinculação factual entre o
narrado e algum objeto, personagem, ou acontecimento da vida real.

 Tudo é fingido. Nesse “fingimento”, como expressaram vários narradores,


reside o “miolo” da ficção. Ela é precisamente uma mentira que serve para
expressar uma verdade.

2. EXTENSÃO
A brevidade do conto está relacionada com suas outras características.

3. UNIDADE DE CONCEPÇÃO E DE RECEPÇÃO


A caracterização da unidade de concepção e de recepção foram definidas por
Poe e encontraram desenvolvimento em importantes narradores latino-
americanos, como Quiroga e Cortázar. Para eles o conto se aproxima do poema
e se distingue da novela porque o autor deve conceber o poema de forma
instantânea, a sua recepção deve se dar de forma semelhante, de um intervalo
de tempo único, breve e intenso.
- Cortázar define o momento de concepção instantâneo do conto como “uma
situación de insoportable urgencia creadora”. Esses elementos permitem a
criação de uma situação limite.
- O processo de produção da novela é diferente, pois exige o conhecimento
prévio da dimensão macro da obra, que deve ser pesquisada e trabalhada.
- O instante de concepção: a leitura do romance ocorre de forma gradual, a do
conto deve ser feita “de uma sentada”, a fim de produzir o efeito preconcebido
único, intenso, definido, do qual fala Poe.

4.A UNICIDADE E INTENSIDADE DE EFEITO


O impacto súbito de um bom conto se dá quando se cumprem os requisito de
leitura, que permitem que se imprima no leitor uma impressão definitiva no
receptor. Para que seja produzido este efeito é necessário que a leitura seja feita
de uma só sentada e o leitor deve ter toda a sua atenção voltada sobre o objeto.

- Concepção romântica do conto: o conto deriva da tradição romântica: o


significado do conto encontra-se subentendido, está por baixo da superfície do
relato.
- Um bom conto seria, então, uma possibilidade, tanto para o produtor, como
para o receptor, de transcender o superficial, o conhecido, o ilusório e, como
disse Rohrberger, de aproximar-se à natureza do real.

5. Economia 6.Condensação 7.Rigor.


-Os elementos técnicos que funcionam como elo entre o momento único da
intuição inicial, onde o conto é concebido e, por uma parte, o impacto, também.
-Para provocar a brevidade no conto: história compacta, simples, limitada com
relação ao número de elementos narrativos (personagens, linhas de ação,
ambiente espaço-temporal, sistema simbólico, estratégias narrativas)
- Norman Friedman: a relação brevidade-simplicidade pode se dar por outras
vias, nem sempre é linear e esquemática como no conto tradicional, que é
caracterizado por histórias simples, unilineares, poucos personagens, curta
duração, centradas.
- Se a história é centrada mais em uma situação do que no processo, para atingir
a brevidade relativa, que é acompanhada de um grau de intensidade, ela pode
ser condensada por meio de outros truques narrativos:
-Recursos de condensação: seleção de materiais, escala de representação,
utilização do ponto de vista da narração.
- Recursos de intensificação: desenvolvimento da intriga, final surpresa.
- Recursos retóricos e estilísticos.
- Rigor na execução: a ordem dos fatores altera o produto.
- BREVIDADE RELATIVA = recursos de condensação + recursos de
intensificação.

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