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1. Introdução
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Ordem existente com o sentido de um dever ser, em cada sociedade, destinada a estabelecer os aspectos
fundamentais da convivência e a criar condições para a realização das pessoas, e que se funda em regras
com exigência absoluta de observância. José de Oliveira Ascenção, O Direito – Introdução e Teoria Geral,
Uma perspectiva Luso-Brasileira, 10.ª ed. Revista, Almedina, Coimbra, 1997, pag. 207.
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O mesmo que regra ou lei. As leis aqui referidas não são as leis naturais ou científicas, a que todos os
seres obedecem, inclusive o Homem, cegamente ou passivamente. São as leis que a ele si mesmo se impõe
em vista a obter determinados fins que a sua inteligência e consciência concebe como valiosos.
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Acção organizada pelos concorrentes às eleições com vista a angariar votos
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actividade que vise directa ou indirectamente promover candidaturas, seja dos candidatos, dos partidos
políticos ou coligações de partidos, dos titulares dos seus órgãos ou seus agentes ou de quaisquer outras
pessoas, através de manifestações, reuniões, publicação de textos ou imagens que exprimem ou reproduzam
Dr. António Salomão Chipanga, Assistente Universitário da Faculdade de Direito da
UEM e do ISCTEM
Disciplina Ciência Política e Direito Constitucional
Dr. António Salomão Chipanga, Assistente Universitário da Faculdade de Direito da
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destinatário da mensagem para o Partido FRELIMO por ser membro ou
simpatizante daquele Partido.
A vosso nível diria de imediato que no mínimo estão equivocados, para não
dizer outra coisa pior, pois a nossa intervenção situa-se no campo académico e
versa dobre a história política da nossa Constituição, do nosso poder político, o
que significa que não tem fins de natureza politica, mas sim da revelação de
quem somos nós e donde viemos do ponto de vista constitucional, como um
singelo contributo ao Direito Constitucional Moçambicano.
2. Antecedentes Históricos
o conteúdo dessa actividade. Vide artigo 27 da Lei n.º7/2004, de 17 de Junho, BR n.º 24, I Série,
Suplemento
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O acto colonial é a lei-padrão da colonização portuguesa a partir de 1930,
proclamando o seguinte no seu artigo 2.º “é da essência orgânica da Nação
Portuguesa desempenhar a função histórica de possuir e colonizar domínios
ultramarinos e de civilizar as populações indígenas que neles se compreendam,
exercendo também a influencia moral que lhe é adstrita pelo Padroado do
Oriente.”
Todo o povo negro de Moçambique foi lhe negado o direito civis e políticos, por
aplicação do Estatuto Politico e Civil dos Indígenas de 1926, com excepção de
uma minoria que se tornou assimilado e de mulatos, que podiam gozar de certos
privilégios do sistema colonial português.
Nos trinta e cinco anos, de governo de Salazar em frente do Estado Novo, este
político financeiro, académico da Universidade de Coimbra onde era Professor
de Finanças, cedo se revelou de génio e excepção, prioritariamente empenhado
na reconstrução financeira do seu País, além de continuar e terminar a missão
iniciada pela ditadura derrubada pela revolução de 1926, que era de
reorganização geral do País, e particularmente de sua reconstrução financeira,
teve de enfrentar e Resolver quatro conjuntos de Grandes Problemas do
estrangeiro, com impacto sobre Portugal: os problemas decorrentes da Guerra
de Espanha, ocorrida de 1936 a 1939; os problemas consequentes da Segunda
Grande Guerra, que teve lugar de 1939 a 1945; os problemas devidos à
expansão dos regimes democráticos pluralistas, após a referida Segunda
Grande Guerra; os problemas relativos ao Ultramar Português, intensificados na
década de 50 e, sobretudo, na década de 60, por intervenção das Nações
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Unidas no quadro da implementação da Carta das Nações Unidas e da
Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948.
O artigo 20.º do Acto colonial determina “ O Estado somente pode compelir os indígenas ao
trabalho em obras públicas de interesse geral da colectividade, em ocupações cujos resultados
lhes pertençam, em execução de decisões judiciárias de carácter penal, ou para cumprimento de
obrigações fiscais”.
Em 1954, dia 31 de Maio o Governo Português publicou no Boletim Oficial n.º 22, Suplemento, o
Decreto-Lei n.º 39:666, - Estatuto dos Indígenas Portugueses das províncias da Guiné, Angola e
Moçambique.
Neste diploma legal, prescreve-se no artigo 2.º o seguinte “Consideram-se indígenas das
referidas províncias os indivíduos de raça negra ou seus descendentes que, tendo nascido ou
vivendo habitualmente nelas, não possuam ainda a ilustração e os hábitos individuais e sociais
pressupostos para a integral aplicação do direito público e privado dos cidadãos portugueses.
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Governo, o território de Moçambique continuou6, conforme se estabelece no
artigo 1.º, sendo considerado província de Moçambique uma região autónoma
da República Portuguesa, dotada de personalidade jurídica de direito público
interno e usando a designação honorífica de Estado, por força do Decreto7 n.º
545/72, de 22 de Dezembro, que definia o Estatuto Político-Administrativo da
Província de Moçambique.
Artigo 56.º “Pode perder a condição de indígena e adquirir a cidadania o individuo que prove
satisfazer cumulativamente aos requisitos seguintes:
Portugal sob Governo de Salazar temendo que uma tal abertura para o seu povo
surgiria movimentos esquerdistas, inclusivamente socialistas-democráticos e
socialistas-comunistas, e os direitos concedidos certamente teriam que se
estender para o Ultramar, o que tornaria impossível manter a integridade do
Conjunto Português - Metrópole e Ultramar - , mesmo dentro da Solução
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vide Código Penal dos Indígenas da Colónia de Moçambique e ainda Formulário Geral de
Processos dos Tribunais Privativos dos Indígenas para uso dos funcionários Administrativos da
Colónia de Moçambique na sua qualidade de autoridades judiciais Indígenas, de 1944.
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Polícia Internacional de Defesa do Estado, mas tarde Direcção Geral de Segurança.
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Portuguesa e da Política Ultramarina Portuguesa e consequentemente, Portugal
de imediata ou a curto prazo, perderia o seu Ultramar, pondo em causa a politica
económica do seu Governo.
Assim, a solução politica que o Presidente Salazar teve que adoptar foi de a
nível externo lutar contra as pressões em causa, procurando fazer aceitar
internacionalmente a continuação do Estado Novo com as características que
tinha.
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conseguido em face do valor real, da iniciativa havida e da actividade
desenvolvida.
Com este novo conceito de ultramar, estava convencido que iria anular e parar
por complete a consciência de autodeterminação e foi com fundamento nesta
politica e conceito que o Estado Novo teve a grande missão de manter a decisão
e defendê-la, a todo o custo, por forma garantir a integridade do Conjunto
Português, pretendia ainda demonstrar ao Mundo um exemplo de conveniência
sã no plano étnico-social de um grande Estado.
a) plano não foi totalmente assumido pelo Estado mas sim pelo líder, o
Salazar e obviamente por um pequeno grupo que o rodeava:
b) A personalidade de Marcello Caetano que ascende ao poder após a
morte de Salazar embora em alguns aspectos haja convergência e outros
havia divergências de concepção e de carácter de personalidade;
c) povoamento das colónias pelas populações de raça branca oriundas da
Metrópole não foi intensiva tal como havia sido concebido para garantir o
desenvolvimento da sociedade multirracial;
d) A integração económica do Conjunto Português considerado um forte
factor da consolidação da unidade política;
e) A ineficácia da PIDE/DGS em face da acção politica dos nacionalistas
que se traduziu na falta de preparação contra-subversivo;
f) A capacidade politico-militar das forças de defesa e segurança do regime
politico de Salazar nas guerra ultramarinas de 1961-74.
Em 1957, Marcelino dos Santos na cidade de Paris, capital da França para onde
se deslocou para continuar os seus estudos reúne-se com alguns nacionalistas
africanos das colónias portuguesas, nomeadamente Amílcar Cabral e Guilherme
Espírito Santos, analisam a situação da actuação brutal nos seus respectivos
países do colonialismo, a experiência de luta anti-colonial na década de 50 e no
fim elaboram um manifesto politico que apela pela luta patriótica dos povos das
colónias portuguesas de forma cientifica e organizada, baseada na unidade
politica, nacional e internacional e na força fundamental dos trabalhadores.
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Em Moçambique, as actividades políticas partidárias com fins políticos são
consideradas ilegais e por isso, reprimidas pelo sistema colonial português,
levando os moçambicanos a terem que se agruparem em forma de associações
partidárias e forçados a desenvolverem as suas actividades politicas de modo
clandestino, e restringir a sua acção as zonas de origem e com alguns contactos
no exterior.
No exterior a luta nacionalista foi cada vez mais intensa na Africa de Sul, Rodésia
de Sul (Zimbabwe), Niassalândia (Malawi) e Tanganyka (Tanzânia), facto que em
parte deu coragem aos moçambicanos nesses países.
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A NESAM desenvolveu um papel importante na luta e elevação da consciência
dos moçambicanos na cidade de Lourenço Marques (Maputo cidade) em
particular, nomeadamente na:
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Nos Estatutos e programa que então se aprova, cuja cópia se junta em anexo,
fixa-se o seguinte:
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XIII - Os Comités de Província, Distrito e Localidade são eleitos respectivamente, pela
Assembleia de Delegados de Província, Distrito e Localidade.
a) - espírito democrático
b) - espírito colectivo
c) - unidade de acção
d) - espírito de responsabilidade
e) - crítica e auto-crítica
f) - ajuda mútua
Partindo da percepção de que o poder constituinte é o poder de elaborar as
normas constitucionais. É o poder conferido ao povo de definir as grandes linhas
de orientação política, económica, social e cultural do seu futuro, tal como
podemos aferir dos artigos 2, n.º 1 e 2, artigos 73, 293 e 292, todos da CRM.
Podemos concluir ainda que é o poder mais elevado que um povo tem de por si só
decidir sem qualquer impedimento de ordem interna, exercer o poder político. É a
expressão mais alta da soberania de um povo, por meio do qual determina a sua
opção global quanto ao futuro.
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Outros autores ainda como seja o Prof. Adriano Moreira11, escreve que poder
político é “a capacidade de obrigar os outros a adoptar certo comportamento”
10
Marcello Caetano, Manual de Ciência Política e Direito Constitucional, Tomo I, Reimp.,
Coimbra, 1996, pág. 5.
11
Ciência Política, Coimbra, 1995, página 72.
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O poder constituinte material do movimento exprime a soberania do povo
moçambicano na ordem interna e externa, acto confirmado pela comunidade
internacional quando em 1965, a Frelimo merece o reconhecimento internacional
das Nações Unidas.
Do que constatamos dos estatutos e programa da Frelimo em 1962, não são mais
do que as linhas fundamentais de organização do povo moçambicano, em torno do
seu movimento, matéria que é consagrada numa Constituição.
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Salazar que negava os direitos civis e políticos dos cidadãos e a constituição de
facto de um poder constituinte material, com a legitimidade popular.
A FRELIMO, nas zonas sob sua administração cria tribunais populares, constrói e
põe em funcionamento as escolas e hospitais, fomenta a criação e funcionamento
de centros e unidades de produção colectiva, serviços administrativos, de registos
e identificação civil, transportes e comercialização dos produtos excedentários,
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tornando-se zonas libertadas do sistema politico administrtivo colonial. As zonas libertadas
surgem no início do ano de 1966.
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Constituição politica;
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Legitimidade da FRELIMO no plano internacional
A ONU em relação aos artigos 1.º, n.º 2 e 55.º da Carta das Nações Unidas
relativamente aos Direitos Humanos, o colonialismo e a autodeterminação dos
povos e sobretudo a consciência internacional cada vez mais de que a luta de
libertação nacional é um conflito armado de âmbito internacional, a Assembleia
Geral das Nações Unidas em conformidade com o artigo 73.º da Carta, aprovou
a Resolução n.º 1514 (XV), de 14 de Dezembro de 1960 – Declaração sobre a
concessão da independência aos países e povos coloniais.
Mais adiante a Declaração que temos vindo a citar afirma que “todos os povos
têm o direito de autodeterminação” e devem escolher “livremente a sua
Constituição politica”;
Foi esta Declaração que doravante orientou a actuação das Nações Unidas em
relação a descolonização resultando da sua aplicação a independência de vários
países africanos na década de 60 e mais tarde de Moçambique em 1975.
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disposições do capítulo XI da Carta, particularmente o artigo 73, alínea e) sobre
a situação nos territórios colocados sob a sua administração.
No ano de 1965 a Assembleia Geral das Nações Unidas, pela Resolução n.
2105 (XX) reconheceu a legitimidade da luta dos povos sob dominação colonial.
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4. Rumo a vitória final sobre o colonialismo português
Nesta cláusula 18, fica claro que Moçambique obteve do Estado Português,
através do Acordo de Lusaka a soberania plena e completa. É preciso notar que
há Estados que são soberanos como é o caso de Moçambique e há outros que o
não são, apesar de terem a categoria de Estado14.
13
Publicado no Boletim Oficial n.º 117, de 10 de Outubro de 1974, I Série.
14
O território de Moçambique foi qualificado de Estado em 1972, pelo Governo Português, tentando
confundir a Comunidade Internacional.
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Mais ainda a Lei n.º 7/74, de 27 de Julho, culminou o processo em que Portugal
era obrigado a prestar informações sobre o território de Moçambique, ao abrigo
da Resolução 1542 (XV), de 15 de Dezembro de 1960, da Assembleia Geral das
Nações Unidas que aprovou a lista de povos que nos termos do artigo 73 da
Carta das Nações Unidas, são territórios não autónomos no sentido do capítulo
XI da Carta, sob administração de Portugal, com a denominação de “províncias
ultramarinas” do Estado metropolitano.
A derrogação tem validade jurídica para o futuro, as leis, salvo excepção fixada
pelo legislador vigoram para o futuro não cobrindo as situações do passado,
quer dizer, a lei portuguesa não produz mais eficácia no território moçambicano
a partir da entrada em vigor da Lei n.º 7/74, de 27 de Julho. Assim, as leis
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Publicado no Diário de Governo de 11 de Abril de 1933, nos termos do Decreto-Lei n.º 22.465 desta
data.
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emanadas pelos órgãos competentes do poder politico colonial mantém se vigor
até que sejam revogadas ou modificadas.
Com a derrogação do artigo 1.o da Constituição Portuguesa de 1933, pela Lei n.º
7/74, de 27 de Julho, o território de Moçambique já não é português e logo os
seus habitantes não podem assumir-se como cidadãos de nacionalidade
originária portuguesa. Neste sentido a questão que se coloca é a relativa a
nacionalidade dos cidadãos nascidos no território moçambicano sob domínio
colonial português e dos que nasceram fora do território moçambicano ainda sob
domínio da Constituição Portuguesa, sendo filhos de pai ou mãe nascido em
Moçambique. Qual é a nacionalidade destes cidadãos? Portuguesa ou
Moçambicana.
Não podem ser Portugueses, por força da Lei n.º 7/74, de 27 de Julho, que a
partir da sua entrada em vigou derrogou a integração do território moçambicano
no Estado Português.
Acordo de Lusaka
O Acordo de Lusaka teve o seu efeito jurídico até às zero horas do dia 25 de
Junho de 1975, momento da proclamação solene da independência de
Moçambique e entrada em vigor da primeira Constituição Moçambicana.
Efeito declarativo
Ou
Efeito constitutivo.
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Inter americana.
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Se o efeito jurídico da proclamação solene da independência de Moçambique for
constitutivo, isto é, de criação de um Estado novo que antes nunca existiu
surge pela primeira vez com a proclamação da independência completa ao
abrigo do Acordo, entre a FRELIMO e o Estado Português e neste caso
reconhece-se que Moçambique nunca foi uma comunidade politica organizada,
um Estado soberano, independentemente dos moldes e critérios de classificação
do conceito de Estado na óptica ocidental de Estado e não se reconhece que o
exercício da soberania pelos legítimos titulares do poder foi obstruído pela
ocupação colonial, então, o Acordo de Lusaka não é pré- Constituição.
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Constitucionalismo
Moçambicano
Anexo
ESTATUTOS
ADESÃO
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VIII- Cada membro maior de 15 anos é obrigado a pagar regularmente a sua
cotização. Os inferiores a essa idade não são obrigados a possuir o cartão
nem pagar as cotas regulares.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
g) - espírito democrático
h) - espírito colectivo
i) - unidade de acção
j) - espírito de responsabilidade
k) - crítica e auto-crítica
l) - ajuda mútua
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FINANÇAS
OMISSÕES
MODIFICAÇÕES E DISSOLUÇÃO
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
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PROGRAMA
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14 Reconstrução económica e desenvolvimento da produção a fim de
transformar Moçambique, de país colonial subdesenvolvido, num pais
economicamente independente, industrial, desenvolvido, moderno,
próspero e forte.
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ingerência nos negócios interiores, igualdade e reciprocidade de vantagens
e coexistência pacífica.
O CONGRESSO
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