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Este trabalho visa apresentar o estatuto morfossintático das construções topicalizadas (tópico
sentencial ou discursivo) em Libras. A discussão será empreendida levando-se em conta os
seguintes aspectos: 1) as línguas se prestam à interação entre seus utentes; 2) as estruturas
linguísticas atendem sempre a um propósito discursivo; 3) a estrutura sintática de uma sentença
numa dada língua não pode ser analisada apenas em termos tradicionais, observando-se sujeito,
verbo, complementos, adjuntos (Lambrecht, 1994; Ward e Birner, 2005). Diferentemente da
proposta de Quadros e Karnopp (2007), gerativista, a descrição ora proposta, funcionalista, não
adota a ideia de ordem básica (SVO).
Abstract
This paper presents a morphosyntactic characterization of topicalized constructions in Libras. The
discussion will consider the following aspects: 1) languages interactions between its users; 2)
linguistic structures always support a discursive purpose; 3) the synctatic structure of a given
sentence cannot be analyzed just in traditional terms like subject, verb, complements and adjuncts.
Unlike the Quadros and Karnopp (2007), a generative proposal, the functional description proposed
in this paper does not adopt the idea of a basic order (SVO).
1. Introdução
2. Marco teórico
As construções de tópico marcado também são conhecidas como ‘duplo sujeito’, “sendo o
‘sujeito externo’ o tópico (ou sujeito do discurso) e o interno, o sujeito sintático, um argumento
selecionado pelo predicador (externo e, às vezes, interno) que entra em relação de concordância
com o verbo”. (BERLINK, DUARTE e OLIVEIRA, 2009, p. 152). Para as autoras, a relação
estabelecida entre o tópico e a sentença-comentário não constitui um bloco unânime. Desse modo,
a depender do tipo de conectividade sintática entre o tópico e a sentença-comentário, classificam-se
tais relações em: anacoluto ou tópico pendente, deslocamento à esquerda, topicalização, tópico-
sujeito e antitópico3.
3
Categoria não analisada por nós.
(01) (...) os museus, os prédios tudo entregues às baratas não têm um cuidado né?
(02) Filme, eu gosto mais de comédia.
(03) Salada, as verduras, as verduras têm de ser bem limpas.
Como se observa, a relação ou conectividade existente entre os museus, filme e salada com
as respectivas sentenças-comentário subsequentes não é sintática, ou seja, os tópicos referidos não
são argumentos dos verbos, nem interno nem externo, tampouco exercem qualquer função sintática
na sentença-comentário. No entanto, do ponto de vista da estrutura da informação, é coerente a
presença da codificação dos tópicos os museus, filme e salada, uma vez que semanticamente
museus >4 prédios; filme > comédia; e salada > verduras.
(04) A leucemia, ela é uma doença terrível, pois afeta o sangue sem a pessoa perceber.
(05) ... as pessoas, elas por exemplo não têm acesso não à prevenção que seria ideal num
é?
(06) O Fernando, eu encontrei ele no hospital.
4
Usamos o símbolo “>” para indicar alguma relação semântica de continência: hiperonímia, metonímia etc.
Leia-se X>Y = X contém ou está contido em Y.
Para Berlink, Duarte e Oliveira (2009), esse tipo de estruturação sintática (DE) ocorre com
ou sem pausa entre o tópico e o sujeito. Além disso, podem aparecer ou não elementos
intervenientes entre o tópico e o pronome a ele coindexado nos casos de correferencialidade do
sujeito. Outro dado interessante apontado pelas autoras é o seguinte:
Há casos, ainda, em que o DE ocorre numa sequência múltipla, sendo que um dos
elementos da sequência é homófono ao sujeito e entre a sequência tópica e a sentença-comentário
há hesitação, conforme (07) e (08).
Neste caso, há uma sequência de tópicos representada por (i) a professora e (ii) ela e o
sujeito que além de ser correferencial a a professora é homófono ao tópico ela em (07); já em (08),
o data show e ele constituem múltiplos tópicos e ele, de igual forma é correferencial a o data show
e homófono a ele. A fim de tornar a informação mais clara, veja-se o quadro abaixo:
Tópico II Sujeito
2.1.3 Topicalização
A topicalização (Top) diz respeito ao fato de haver uma posição vazia à qual o tópico está
vinculado dentro da sentença-comentário, diferentemente dos casos de DE, e é exatamente aí que
reside a diferença entre Top e DE. Vejamos (09) e (10) abaixo.
Nos casos de Top, muitas vezes ocorre de um constituinte em posição oblíqua aparecer na
posição de tópico sem a preposição, caso que seria restrito se o constituinte estivesse na sua
posição de origem. (BERLINK, DUARTE e OLIVEIRA, 2009, p. 157).
2.1.4 Tópico-sujeito
Por fim, conforme a proposta de Berlink, Duarte e Oliveira (2009), existem construções em
que o tópico se encontra numa sentença com um sujeito nulo não argumental.
Parece haver aí o que as autoras chamam de reanálise do tópico como sujeito, ocasionada
pela proximidade do tópico com o comentário, mais a necessidade de preenchimento do sujeito,
hoje fato no PB. Para Berlink, Duarte e Oliveira (2009), “a orientação para o discurso e a
preferência pelos sujeitos pronominais preenchidos são certamente os fatores que têm levado ao
preenchimento da posição à esquerda do verbo que não seleciona um argumento externo”, (160)
No que concerne à Libras, o trabalho de Quadros e Karnnop (2007) é o que mais se atém a
esse tipo de fenômeno linguístico na Libras. As autoras, partindo de uma perspectiva gerativista,
defendem que a partir de uma estrutura de base, SVO, essa língua deriva sentenças com os
seguintes padrões: SOV, OSV, OSVO, SSVO, (152). Sob essa ótica, em Libras, pode-se ter as
sentenças a seguir5:
_____AS6
(21) MARIA ASSISTIR TV. (SVO)
‘A Maria assiste TV.’
______AS
(22) MARIA, CARRO COMPRAR. (SOV)
‘*Maria, o carro comprou.’
__AS
(23) TV, MARIA ASSISTIR. (OSV)
‘TV, a Maria assiste.’
________AS
(24) FUTEBOL, MARIA GOSTAR FUTEBOL. (OSVO)
‘Futebol, a Maria gosta de futebol.’
_____AS
(25) MARIA, MARIA GOSTAR FUTEBOL. (SSVO)
‘A Maria, a Maria gosta de futebol.’
Nesses termos, na base de todas essas sentenças ter-se-ia uma estrutura SVO, sendo que na
superfície elas são expressas com variação quanto à ordem. Sob a ótica dessa perspectiva teórica
(gerativista), determinados constituintes sintáticos são “deslocados” para a margem esquerda da
sentença, deixando no seu “lugar de origem” um vazio não preenchido, um pronome cópia ou uma
cópia por um item lexical análoga ao termo em posição de tópico.
É importante observar que as construções de tópico em Libras, por se tratar de uma língua
gestovisual, apresenta características bastante peculiares: apontação de referentes, ausência
marcada de algumas preposições e conjunções e mesmo repetição de sinal lexical, como se pode
5
Dados de (21 a 25) retirados de atividades da disciplina de Sintaxe realizadas em Libras por alunos do 3º
semestre do Curso de Letras-Libras da Universidade Federal de Alagoas – Brasil.
6
AS – arqueamento de sobrancelhas.
ver em (24) e (25) em que o constituinte topicalizado é também preenchido na sentença-
comentário. Ao que parece, não se trata de construções com dois objetos ou dois sujeitos, mas de
um objeto e sujeito topicalizados e novamente lexicalmente preenchidos pela própria necessidade
da modalidade da língua, além das propriedades pragmáticas requeridas pelo discurso.
Além das características supramencionadas, à estrutura sintática da Libras estão associadas
marcas não manuais, de natureza prosódica, a exemplo do arqueamento de sobrancelhas e marcas
de ordem pragmática, como as apontações indexicais, direção do olhar, típicas das línguas de
sinais. Do ponto de vista estritamente estrutural, as construções de tópico em Libras se comportam
de modo análogo às das línguas orais, ou seja, podem aparecer sob a forma de anacoluto ou tópico
pendente, deslocamento à esquerda, topicalização, tópico-sujeito e antitópico.
Para Kimmelman e Pfau (2016), “The data [sobre as investigações das línguas de sinais
em geral] reveal that across SLs, topic (backgrounded) information tends to occupy a left-
peripheral position in the clause; also, it is often accompanied by a non-manual marker (e.g. raised
eyebrows) and followed by a prosodic break.”, (817).
Por fim, saliente-se que nem sempre tópicos são sujeitos gramaticais e sujeitos gramaticais,
necessariamente, não são tópicos (Lambrecht, 1994, 18). Para Wilbur (2012) em algumas línguas
como o Japonês o sujeito é marcado morfologicamente com um afixo (ga), ao passo que o tópico é
marcado pelo afixo (wa). Assim, em línguas em que a marca morfológica se faz presente, parece
muito mais transparente a diferença entre sujeito e tópico, ao contrário das línguas que o fazem
apenas por posição e por marcação prosódica como parece ser o caso da Libras. Neste caso, pode
mesmo haver acúmulo de funções, conforme prevê Givón (1995).
Os estudantes, aos pares, num total de 16, portanto 08 duplas, todos surdos, fizeram
01sentença em Libras para cada verbo do quadro 2 a fim de resolverem o exercício, o qual foi
registrado em vídeo. O exercício tinha como estímulo uma figura de uma menina, a que chamou-se
de Maria, e uma série de objetos para formação das sentenças, como se segue para fins de
ilustração.
Após a realização da atividade, consequentemente, da coleta dos dados, aqueles que não
apresentaram problemas referentes às gravações foram armazenados em dispositivo físico (HD
externo) e em nuvem para análise posterior. Como o propósito deste trabalho não é quantificar um
dado fenômeno linguístico, tampouco avaliar frequência 7 , apenas algumas das sentenças
produzidas pelos alunos serão analisadas neste estudo.
A representação dos sinais foi feita em glosas com palavras do português, escritas em
maiúsculas, como costumeiramente se faz es estudos de línguas de sinais (com a escrita do país de
origem), embora sabendo dos riscos que isso traz, a exemplo da não fidelidade sinal/palavra.
Abaixo da tradução, traz-se a escrita da sentença em português do Brasil. Para a marcação das
construções de tópico, usou-se, nas glosas, semelhante ao que se faz na literatura pertinente ao
tema, a vírgula, mesmo nos casos em que se tem, do ponto de vista estritamente sintático, sujeito e
predicado, constituintes inseparáveis por esse sinal de pontuação. Importante, portanto, não
confundir o que é da ordem da escrita do Português daquilo que constitui mera representação da
Libras por meio de glosas.
4. Morfossintaxe das construções de tópico em Libras
Para fins de análise, as sentenças acima transcritas de (21) a (25), serão replicadas abaixo:
_____AS
(26) MARIA ASSISTIR TV. (SVO)
‘A Maria assiste TV.’
______AS
(27) MARIA, CARRO COMPRAR. (SOV)
‘*Maria, o carro comprou.’
__AS
(28) TV, MARIA ASSISTIR. (OSV)
‘TV, a Maria assiste.’
________AS
(29) FUTEBOL, MARIA GOSTAR FUTEBOL. (OSVO)
‘Futebol, a Maria gosta de futebol.’
_____AS
(30) MARIA, MARIA GOSTAR FUTEBOL. (SSVO)
‘A Maria, a Maria gosta de futebol.’
Em primeiro lugar cabe destacar que, assim como nas línguas orais, na Libras, as
construções de tópico podem ser de dois tipos: sentencial e discursiva. Aquelas ocorrem quando o
constituinte na posição de tópico exerce alguma função sintática na sentença comentário; já as do
tipo discursiva ocorrem em contextos em que a relação entre o item em posição de tópico e a
sentença-comentário não estabelecem entre si qualquer vínculo sintático. Neste caso, as relações
7
Defende-se, neste estudo, que mesmo numa estrutura do tipo SVO um dado constituinte pode, ao mesmo
tempo, ser, do ponto de vista sintático, sujeito, e, pragmaticamente, funcionar como tópico e mesmo foco,
nos termos de Givón (1995). Por essa lógica, pouco importa a verificação de frequência quanto às
ocorrências das construções de tópico, uma vez que elas estarão, em termos mais gerais, presentes de uma
forma ou de outra nas sentenças da língua – Libras.
são sempre de ordem semanto-pragmáticas, especialmente relações semânticas de continência, em
que o elemento tópico contém ou está contido em algum dos termos da sentença, estabelecendo
com eles fenômenos semânticos como hiperonímia, hiponímia, metonímia, metáfora, reduplicação,
dentre outros, como se pode verificar em (31)8, abaixo.
______AS
(31) ANIMAL, EU GOSTAR GATO.
‘Animal, eu gosto de gato.’
Em Libras, como nas línguas orais em geral, o mecanismo da topicalização é expresso com
o posicionamento de elementos à esquerda da sentença-comentário e, de forma análoga ao que
ocorre nas línguas orais, o elemento na posição de tópico pode ou não ter função argumental,
sendo, por vezes, a conexão estabelecida entre o elemento tópico e o comentário meramente
semanto-discursiva. Quando o elemento tópico tem função argumental, diz-se sentencial; quando
não, discursivo. Assim, tem-se nessa língua uma vasto número de possibilidades de usos
linguísticos com diferentes modos de dispor os constituintes na sentença ou no discurso. Embora
haja diferenças estruturais em relação ao tópico sentencial e ao discursivo, em algumas
perspectivas funcionalistas, a exemplo de Lambrecht (1994) ambos os tipos de construção têm o
mesmo modus operandi: aboutness, ou seja, um dado constituinte é colocado em evidência e sobre
ele se declara algo, faz-se o destinatário saber algo sobre esse constituinte.
Diante dos dados linguísticos de que se dispõe até o momento, constata-se que as
construções topicalizadas em Libras apresentam, em suma, as seguintes características: a) do ponto
de vista morfológico: as categorias topicalizadas são sempre nominais e locativos, no caso sem
cabeça, já que em Libras preposições são marcadas por elemento indexical, como se vê de (26) a
(31), onde aparecem, respectivamente: (26) MARIA, (27) MARIA, (28) TV, (29) FUTEBOL, (30)
MARIA e (31) ANIMAIS; b) do ponto de vista sintático, os elementos topicalizados podem ser
argumentos externos ou internos do verbo, conforme (26), (27), (28), ou meramente um elemento
cuja relação com a predicação é discursiva no sentido de que a relação entre o tópico e a sentença-
8
Dado retirado de Quadros e Kernopp (2007).
9
Esta pesquisa ainda está em andamento, não temos, portanto, ainda uma descrição precisa dessas
construções. Já sabemos, no entanto, que a depender do tipo de verbo usado, há restrição para topicalizar e
mesmo para uso de determinados tipos de topicalização.
comentário só pode ser apreendida em termos pragmáticos, como em (31); por outro lado,
sentenças como (29) e (30), em que o elemento tópico é replicado no homônimo, não deixa de ser
um tópico menos discursivo do que (31), mas agora por redundância, que é importante faceta da
interação; outro fator relevante a ser observado, o que difere das línguas orais, é que mais de um
elemento (de natureza argumental), pode ser topicalizado em Libras ao mesmo tempo; ainda em
termos sintáticos, do ponto de vista da expressão gestovisual, importante informação é marcada na
Libras quando do uso de construções de tópico: o arqueamento das sobrancelhas, o qual está
presente mesmo em estruturas como (26) que em Português é menos marcada, portanto, mais
adequadamente descrita como sendo do tipo sujeito-predicado. Em Libras ela se comporta
exatamente como as sentenças do tipo tópico-comentário.
Para Quadros e Karnopp (2007), “Uma explicação plausível para a aparente flexibilidade
da ordem da frase na língua de sinais brasileira está relacionada ao mecanismo gramatical da
topicalizaçao
̃ . Esse mecanismo está associado à marcação não manual com a elevaçaõ das
sobrancelhas”, (146). E, para além disso, o mecanismo de topicalização ou de uso de tópico
marcado diz respeito a uma estratégia discursiva extremamente produtiva na Libras, uma vez que
se trata de uma língua gestovisual, em que a marcação dos elementos linguísticos é de extrema
importância para o uso e interação linguísticos.
5. Notas finais
Em linhas gerais, esse artigo traz algumas reflexões iniciais acerca das construções de
tópico marcado em Libras. Nossa pesquisa sobre o assunto encontra-se em andamento, portanto, os
achados que se tem até o momento ainda dizem pouco diante da diversidade de usos dessas
construções numa língua de modalidade gestovisual como a Libras, em que parte da informação
está lexicalizada e parte indexada, por meio de uma gramática espacial, sobre a qual há muito ainda
a se dizer/pesquisar, sobretudo no que tange à estrutura da informação em seus aspectos semântico-
pragmáticos.
Referências
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