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ARTIGO TECNICO ‘Supervisor de Valorizago de Residuos da Solvi thiaga.vilas@amail.com e ‘As normas técricastém por objetivo o estabelecimento de padtées ‘de qualtade minimos para o desenvolvimento de atvdades ou {abricagao de produits e,na rea ambiental, indicam um padr8o minima de protecéo ambiental e seguranga para servigos © ‘empreendimentos. AS normas téonicas de ateros santérios, a NBR '8419:1992 ¢ a NBR 13896:1997, estabelecem as especificaghes e Gerente Operacional da CRVR ‘Companhia Riograndense de Valorizagéo de Residuos , Jolla@soWvi.com 1. Introdugso ‘A iinica forma ambiontalmente adequada de cisposigéo ‘inal de residuos sélidos urbanos (RSU) & em ateros sanité- ios. Tal tipo de empresndimento &, conforms definido pola NBR 6419:1882, uma “tcnica de dlsposigdo de RSU no solo, ‘sem causar danos a saide pablica e & sua seguranga, minimi- zando os impactos ambientals, método este que utiliza princ pics de engenharia para confinar os residues sélidos & me- Nor area possivel © reduz-los a0 menor volume permissive” para todas as etapas de desenvolvimento de aterros. Mas, decorridas | No Brasil, 69% dos RSU coletados so dispostos em aterros mals de duas décadas da publicagdo de tals normas, ocorreram ‘sanitérios, sendo 41% cispostos em locais ambientalmente ina- diversos aprimoramentos tecnol6gicos. E bastante oportuna, entio, | eduados, ou seja, em lixGes ou aterros controlados (ABRELPE, a atualizagao das mesmas pata que tanto os novos aterros sanitarios ‘quanio os que esléo em operagdo passe a colar com um padréo de qualidade minimo em linha com o que ha de mais modemo no mercado e assim a seguranga ambiental sefa maxiizada, 2016). Estes dados néo refletem 0 niimero de municipios que, possuer locais emibientalmenteinadequados em operacdo. Se- ‘undo 0 “Diagnéstico do Manejo de Residuos Sédidos Urbanos = 2018" (Brasil, 2017), 1.794 dos 2.473 municipios que responde- ram & pesquisa dispunham os RSU de forma inadequada (73% Palavras-Chave -normas técncas, ater santos, residues sds | do tota), sendo o cendio mais possivel 6 que mais de 73% dos urbanos, disposigdo final MED even neez4 mOBLICA municipios brasileiros possuiam disposicao final Inadequada na época da elaborarao do diagnéstico. Em 2010, foi criado o marco legal regulatério da gestiio de re- siduos no Brasil, a Poltiea Nacional de Residuos Sdidos PNR), por meio da Lei Federal n° 12.305 (2010), que estabeleceu uma meta eexigéncias para encerramento dos lines eateros contro- lados. Para atender & legislacdo, muitos ater foram constr- dose outros sinda sero necesséros pare elminar a disposicéo final inadequada no pals. No Brasil, existem duas normas técnicas publicadas pela As- sociapéo Brasileira de Normas Técricas (ABNT)roforentes as ai- vidades e especificagdes envolvendo aterros sanitérios, a NBR £8419:1902 e a NBR 19606-1997, que possuem concetos impor: tantes. No entanto, decorridos muitos anos de suas pubicagées, ‘ocoreram diversos eprimoramentos tecnol6aicos, sendo oportu- na a stuaizagéo das rferdas normas de forma que 08 novos @ atuais aterros passem a ter um padrao de qualidade minimo e a seguranga ambjontalseja maximizada, Este artigo tem como objetivo apresentar os aprimoramentos tecnoldgicos que passaram a ser utlizados em aterros santaios desde a publcegao das rfericas normas, podendo eles ser in- corporados quando da atualzacéo ou revislo das mesmes. 2. Etapas de desenvolvimento dos aterros sanitérios| Os aterros sanitérios apresentam simplificadamente as se- ‘guintes etapas de desenvolvimento: selegao de éreas, elaboracao de projetos de engenharia e estudos ambientais, icanciamento, Iimplantagao, operagao, encerramento © pés-encerramento. Os pprincipais aprimoramentos tecnolégicos, do ponto de vista dos autores, s20 apresentados a seguir, organizacos por etapa de de- senvolvimento dos aterros, 2.1. Selegio de éreas Determinada uma regio @ ser atendida por um novo aterro sanitéio, existe clversos critérios a serem observados para a selegdo de uma érea adequada para o empreendimento, dentre ‘8 quais aqueles apresentados por ZANON (2016), sendo muitos deles jé abordados na NBR 13896:1997. Compiementarmente, podem ser abordados aspectos como: Distanciamento dos aterros a aerédromos - esta verifica- ‘¢40 é muito importante, uma vez que os aterros tém potencial de atrago de aves, podendo trazer riscos as atividades aerondut- ‘cas. Existem regras e restri¢go & localizapo de empreendimen- tos com potencial de atracéo de aves estabelecidas legalmente ro Plano Bésico de Gerenciamento de Risco de Fauna nos ae- ‘édromos brasileiros e legislago sobre as restrigGes aos objetos [projetados no espao aéreo que possam afetar adversamente a ‘Seguranga ou a tegularidade das operagées aéreas (COMAER, 2015; 2017), ou saja, necessérias serem obedecidas. Caso no ‘obedecidas, 0 licenciamento de um aterro sanitério no serd vi- el. Definiggo mais objetiva para “nicleos populacionals” — dofinigdo da NBR 13896-1997 6 subjetiva “Iocalidade sem a ca- tegoria de sede administrativa, mas com motadias, geralmente ‘em tomo de igreja ou capela, com pequeno comércio® @ a norma estabelece um distanclamento de 500 metros, visando proteger ARTIGO TECNICO ‘eventuais populagdes vizinhas dos impactos gerados por aterros. Nos sitimos anos, com o significativo crescimento populacional, tenglobando 0 crescimento de éreas habitadas (no s6 urbanas), ‘cada vez mals ocorre dficuldade em encontrar reas vidvels para terres, os quais so necessarios do ponto de vista ambiental sanitério, Pode-se buscar uma definigo mais objetiva, entre diversas possibiidades, em fungo de um tamanho minimo de habitantes e uma densidade demogrética minima. E preciso tam- bém definr 0 ponto de origem desta distancia, como, por exem- plo, os limites ou 0 centro da drea do empreendimento. Vida dtl minima para aterros ~ a0 invés de 10 anos, como 6 recomendado na NBR 13896:1997, muitos érgaos de controle ‘ambiental (OCA) estabelecem valores superiores, entre 15 e 20 anos, 0 que é desejavel, uma vez que quanto maior a vida iti maior é 0 nivel de seguranga quanto & garantia de disposigo final para os residuos gerados para uma regio a ser atendida. ‘Outro beneficio 6 possiblitar malor tempo para a amortizagao dos investimentos reaizados na implantago do aterro, sendo um. critéio a mais para atratividade da implantagdo de uma solucao ‘correta, como determina a PNRS, Elaboragio de estudos de selegio de freas ~ 6 recomen- «davelincluira necessidade de olaborago de tal estudo, combina- ‘da com a exigéncia de serem avaladas diversas éreas para que, ‘com modelos para a tomada de decisio da selegdo de areas, ppossam ser escolhidas aquelas com melhor classificagdo do pon to de vista técnico, social, econémico e ambiental, Tal recomen- ‘dagio pode ser materializada por meio de um termo de reteréncia «em forma de checklist com os eitérlos abordacos na nomativa. Patriménios culturais ¢ naturais ~ devido possibildade de ocorréncia de patriménios nacionais, a norma pode ressaltar a necessidade de avalagéo da existéncia de patriménios cultu- raise natuais nes éreas a serem prospectadas, patrménios os ‘quals legaimente dever ser protegidos por tombamento ou ser realizado o resgate (possive's no caso dos culturas), segundo Fito estabelocido pelo Instituto do Patriménio Histéico @ Artistico, Nacional (PHAN), 2.2. Concepgao de projeto de engenharia ‘As técnicas e sistemas que poderiam ser incorporados nas rnormas para concepeéo dos aterros sanitérios so: Drenagem subsuperficial ~ existem regies em que o nivel do aquifero fredtico & aflorante ou muito préximo & superficie, po- ‘endo néo haver opgdes de areas com o aquifero mais profundo ‘© que atenda o requisito da NBR 13896:1997 de a base do ater~ ro distanciar pelo menos 1,5 metro em relaro ao méximo nivel do fredtioo, Dentre as altemativas técnicas mais viéveis, pode-se rebaixar ofreético por melo de trinchelras drenantes por gravida- ‘de (sem uso de energia), criando um carrinho preferencial para a salda de &gua to permedvel que a vazo drenada nas trincheiras ‘seja superior a vazio que é transmitida através do aquifero, per- mitindo manter um nivel d’égua rebatxado. A grande vantagem revstauwezaPcauca EBA ARTIGO TECNICO do sistema é que o mesmo funciona por gravidade, sem qualquer necessidade de bombeamento. Existem diversos aterros no Bra- sil com esta solugo, funcionando ha anos com éxito. Cabe dizer ‘que NBR 13896:1997 define este expediente como “sistema de ccaptago e remogo do liquide que percola através do residuo", ‘conceito que é utlizado atualmente para a drenagem intema dos ater, descrita a seguir. Existem metadologlas para o dimensio- namento adequado de tais estruturas, como a apresentada em DIT (2006), atm de softwares para dimensionamento de drena- ‘gem subsuperfcia, como 0 SEEP/W. Sistema de deteccao de vazamentos - um sistema de de- tecgdo de vazamentos tem funcionalidade apenas quando estiver Ccontido diretamente entre duas geomembranas. Como a imper- ‘meabilizacio tipica de base de aterros senitrios é com apenas ‘uma geomembrana, a exigénoia da NBR 13896:1997 de se ter tal sistema toma-se som sentido técnico, justficando a retirada desta exigéncia. Impermeabilizagao inferior ~ a NBR 19896:1997 facuta a immplantagio de impemeabilzego inferior caso as condiges hidrogeolégicas do local atendam & especiicagdes da norma, Conceito que néo & mals aplicado nacional e internacionalmente. ‘Talimpermeabiizago tom sido feta com uma bareira composta, ‘com um liner mineral, podendo ser uma camada de aril com- pactada com espessura de 60 om, coeticiente de permeabiicade ‘maximo de 1 x10-7 cnv’s ou autllzago de geocomposto bento- nitica com mesma equivalénciahidrdulca (eventualmente asso- clado a uma camada de solo compactado de média/baixa per- Imeabilidade quando 0 soi local possul elevade permebilidade} © um liner sintético (geomembrana de PEAD - Politileno de Alta Densidade com 2 mm de espessura). Devido a importancia do de- ‘sempenho deste sistema de protegao ambiental, 6 imprescindivel Utizar acima da Impermeablizagao uma camada de protegao, ‘que pode ser realzada com geotéxtl no tecide com gramatura, lespessura eresisténcia adequades, solo livre de materais con- tundentes, ou combinagéo de ambos. © geotéxtl nfo-tecido dove ser de polipropileno (PP) e néo de poliéster (PET), uma vez que somente o geotéxt de PP possui a resisténcia quimica mini- ma necesséria para suportar & exnosigSo prolongada 20 chon ‘me, sem recugdo signiicativa das suas propriedades mecanicas, Conforme apresentado por Lott & Lavoie 2015). Nesta etapa de desenvolvimento de um ateo, deve-se coletar amostras de solo local e realizar enslos para verficar se ele possul as caracterts- ticas geotécnicas necessérias para sou uso. O mesmo tipo de impermeabiizagdo do aterro é recomendével que seia utlizada ras lagoas de armazenamento de chorume. Drenagem de base - a eficiéncia de um sistema de imper- ‘meabilizaco 6 condicionada, dentre varios fatores, pela carga hidréulica do liquide que esté sendo confinado. Quanto menor carga hidraulica, menor 6 a vazao de liquido que passa pola barreira. Dessa forma, todo aterro deve contar com um sisterna cde drenagem de base (acima da impermeabilizagao de tundo) de- vvidamente cimensionado construido. Usualmente, os sistemas AED) reste PETA POBLICA de crenagem de base de aterros sao construdos com a combi- rnago de peda rachao e tubos de PEAD {isos ou corrugados de pparede dupa) perfurados. O chorume coletado neste sistema de ‘drenagem & encaminhado para um sistema de lagoas onde é ar- mazenado, para posterior tratamento. Na figura 1 fabaixo) 6 apre- sentado um exempio de construgéo de camada de drenagem de base de aterro santério, Figura 1 Becugio da drenagem de base do atero santo da Residuo Zero em Guaps (SO) Plano de avango - 0s aterros séo projetados para terem uma da itil operacional de, no minimo, 15 anos, e 0 objetivo & de ‘que ela seja sempre maximizada. Durante a implantagéo do em- preendimento, nem tode a ea total projtada & constulde, bus- ‘cando-se usar adequadamente os investimentos necessérios 20 longo do tempo e também evitar manutengSes desnecesséras.. essa forma 6 altamente recomendado que seja cuidadosamen- te estudada a érea ical de implantagao e as demals éreas de ampliagéo. Balango de solo - na elaboragio do projeto deve-se bus- ‘car que o balango de solo, que é a diferenga entre o volume de ‘escavagdo e 0 consumo no aterro (regularizagéo da fundago, ‘roca de solo mole, camada de solo de impermeabilizago, 010 de protegao da impermeabilizacao, coberturas diéria, intermedi 4ria e fina), sejaligeiramente positivo, caso seja possivel técnica ‘@ economicamente. Um balango positiv significa que o volume das escavagées na érea (til do aterro foreceré a quantidade de solo suficiente as demandas do empreendimento, havendo ainda uma sobra. Para calcular 0 balango de forma adequada & imprescindivel considerar a qualidade do solo disponivel, pois ‘le pode apresentar um resultado posttivo em quantidade, po- rém inferior & necessidade especttica de algum tipo de solo. £ ‘0 caso, por exemplo, de argila & impermeabilizacao inferior ou ‘excesso de solo arenoso para cobertura do aterro, ou preparo ‘de acessos. Um eventual descompasso tende a acarretar nan ‘cessidade de importago de solo e interferéncia no balango de ‘solo, A no realizago de um balango satisfatério pode inviabili- zar ou onerar significativamente os custos de um atero. Drenagem pluvial - 0 correto gerenciamento das aguas pluviels tem grande importancie, principalmente para minimi- zar a geragio de lixiviado, Desse modo, 6 necessério um proje- to adequado as caracteristicas locals, como pluviosidade, tipo de material de cobertura, capacidade de suporte do local de langamento e a compatibilidade entre os projetos de drena- ‘gem interna e pluvial, evitando interferéncias e misturas dos liquidos. 2.3. Obras de implantagao e ampliago ‘As melhores préticas que poderiam ser incorporacos &s nor- ‘mas técricas nas etapas de obras dos aterros sao: Monitoramento ambiental ~ a NBR 13896:1997 faz refe- réncia a um padréo construtivo de poros de monitoramento de ‘4guas subterrdneas, que deve ser atualizado por conta de novas normas técricas especifioas, a NBR15495-1 © NBR 15495-2. ‘Camada de solo compactado de baixa permeabilidade ~ 1 execugdo de tal camada deve ser realizada com controle tec rnolégico de compactagéo, cuias principals atividedes envoivem autlizago de técrico laboratorista de solos, estabelecimento atendimento &s especiicagées de compactagao (axa de umi-

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