CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE HISTÓRIA
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA - 2017.2
Professora: Marinalva Vilar de Lima
Aluna: Mona Tarsila Miranda Correia
Mapeamento - “O mundo de Homero” de Pierre
Vidal - Naquet
Campina Grande, 20 de abril de 2018.
Entendendo Homero através de Vidal Naquet
As obras de Homero, Ilíada e Odisséia de VII a.C., narram a suposta guerra
de Tróia com os helênicos que teria supostamente acontecido no século XII a.C. Porém tal narrativa expressa mais o desejo de evocar essa Grécia micênica através de uma escrita em forma de versos, poemas que eram destinadas a serem recitadas para um público, lembrando que o próprio Homero era um aedo, cujo a estrutura de sua recitação era em versos melódicos e acompanhado de música provinda de um pequeno instrumento de cordas. Porém como os escritos de Homero chegaram até nós sendo a sociedade em que Homero estava inserido predominantemente oral e performática? Acredita-se que os escritos provém de uma coletânea de vários de seguidores de Homero e aos que chegavam esses versos. Ao nos debruçarmos na obra de Naquet e a sua análise sobre as obras de Homero e como é construída a sua narrativa, percebe-se que há como intenção de Homero o engrandecimento da civilização grega em um contexto de uma Grécia cercada por inimigos com costumes tidos como bárbaros e são travadas grandes batalhas em nome da dominação dos deuses sob os homens nessa sociedade politeísta. Ou seja, a relação entre os dominantes e os dominados e não apenas se limitando na relação entre os deuses e homens, mas também entre os próprios homens, através da construção de representações dos tipos de cidadãos forjados por Homero como forma de reforçar e incentivar através da figura do herói. Na própria construção de Ilíada e do personagem Aquiles, percebe-se a construção do personagem principal dentro do próprio conceito de Arete, a impetuosidade e a certeza sobre o seu destino: o de se tornar um herói e de ser lembrado através dos tempos. Aquiles é a própria encarnação da Arete, a figura que concretiza esse ideal, o modelo de herói a ser seguido. Afinal, deve-se construir esses modelos de herói para a soberania, superioridade e proteção daquela civilização. E tal qual é também a construção do personagem Ulisses ou Odisseu na obra Odisséia. Temos Ulisses como o personagem astuto, o que representa toda a capacidade do povo grego, triunfando em relação aos seus inimigos, lutando para retornar ao lar, para o seu reino, porém passando por inúmeras provações e pelo amargor de Poseidon, a quem ofendeu com a sua arrogância e é perseguido na narrativa. Portanto através da análise de Naquet sobre a obra de Homero, não podemos deixar de notar a presença alegórica sobre Homero querer mostrar essa superioridade grega sobre os demais, sobretudo os troianos, porém os humanos ainda estão no patamar de subserviência e dependência da inspiração deuses da mitologia grega. O mundo helênico só pôde ser construído através desses relatos carregados de aspectos culturais. O impacto das obras de Homero tem enorme força no mundo ocidental. Muitos heróis foram construídos na perspectiva de Aquiles: um herói que mesmo sabendo que irá morrer, enfrentará a batalha: “Todo grego, ouvinte ou leitor do poema homérico, sabe que Tróia estava destinada à morte, assim como nós sabemos, quando lemos um relato da batalha de Waterloo, que Napoleão será vencido.” (NAQUET, pág. 48) Naquet também elabora sobre a busca através das obras de Homero sobre a localização de Tróia, porém os sítios arqueológicos encontrados não nos trazem informações alguma sobre a guerra, inclusive Homero nunca a presenciou. A narrativa desses feitos teria chegado à Homero muito tempo depois: “Contudo, o autor não poderia ter sido fiel aos “fatos” da guerra. Outra explicação é que soubesse de sua existência por tradição oral.” (NAQUET, pág. 30) Como também outra passagem afirma: “Vê-se que a epopeia de Homero é “uma narrativa” que se situa fora de seu tempo.” (NAQUET, pág. 30) Então é possível que Homero através de seus poemas épicos quisera pintar essa sociedade grega muito antiga, afim de reforçar na sociedade do seu tempo e as posteriores o que considerava valoroso sobreviver e ser incentivado através dos tempos. Que esses modelos de cidadãos fossem perpetuados e espelhados, pois é a partir desse mundo helênico construído por Homero que se legitima o cidadão grego.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
VIDAL-NAQUET, Pierre. O mundo de Homero, Tradução: Jonatas Batista Melo, São