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Exame de Congelação: Exame per operatório ou intra operatório; acontece durante o ato
cirúrgico. Usa-se criostático ou nitrogênio líquido para congelar rápido.
Normalmente quando ocorre uma agressão (dependendo do nível e intensidade), vai haver
um mecanismo de defesa.
O primeiro é a adaptação tem uma alteração estrutural, mas mantém sua função. Mas às
vezes, mesmo tendo um mecanismo de defesa, a agressão pode levar a uma lesão celular que pode
ou não evoluir para morte celular. Se ocorre uma agressão muito forte, muito tóxica, pode levar
direto à lesão sem conseguir fazer o mecanismo de defesa e a adaptação.
As adaptações normalmente voltam ao normal caso se retire o estímulo.
Lesão celular reversível tem alteração de estrutura (pode-se ter alteração de função
também), mas, se o estímulo for retirado, a célula volta ao normal.
Lesão celular irreversível chegou ao ponto de não retorno, podendo levar a morte
celular. Existem alterações estruturais e funcionais que vão ser indicativas desse dano irreversível
como: lesão definitiva e irreversível da mitocôndria e lesão de membranas
As agressões podem alterar os mecanismos que regulam a proliferação e a diferenciação
celular.
Nessa parte, vai ser falado justamente sobre as adaptações: atrofia, hipertrofia,
hiperplasia, metaplasia. As agressões ainda podem alterar o metabolismo que vai regular esta
célula, induzindo o acúmulo de substâncias intracelulares. O acúmulo pode ser de gordura (o mais
comum), água, glicogênio, proteínas, pigmento, cálcio.
Atrofia: diminuição de tamanho da célula por diminuição do metabolismo da célula.
Possíveis causas: diminuição da carga de trabalho, perda de inervação, diminuição do
suprimento sanguíneo (idoso que apresenta o cérebro atrofiado por aterosclerose que diminui o
fluxo sanguíneo), nutrição inadequada, perda de estimulação endócrina (menopausa e
andropausa), compressão (mioma que comprime o endométrio), substâncias tóxicas (desde
radicais livres a substâncias produzidas por algumas bactérias.).
Uma atrofia pode ser fisiológica ou patológica.
Hipertrofia: aumento do tamanho da célula geralmente ocorre ou por aumento da demanda
funcional ou por estimulação hormonal específica.
Hiperplasia: aumento do número de células. Exemplos: o útero na gravidez, rim depois da
nefrectomia, mama da mulher na puberdade, durante a gravidez e na lactação, glândulas
endometriais e estroma durante o ciclo menstrual
(slide 16: próstata na visão macroscópica) - É muito comum que os homens façam
hiperplasia nodular prostática. Chama-se de nodular porque leva ao aparecimento de nódulos no
parênquima prostático.
(slide 17: próstata na visão microscópica: pouco espaço entre uma glândula e outra. Mas o
ácino em si é exatamente igual ao do paciente que não tem hiperplasia,
OBS: Muita gente faz confusão de neoplasia com lesão por hiperplasia. Na primeira, há
alteração na diferenciação. Na hiperplasia, não.
Metaplasia: diferenciação celular, porém por células de mesma origem. Por exemplo, a
célula epitelial vai ter que se transformar em outra de origem epitelial. Casos que exemplificam essa
adaptação: metaplasia escamosa (metaplasia escamosa no útero), metaplasia intestinal (casos de
gastrite crônica - ou de H. pylori também - pode ocorrer de ter a célula de Paneth, comum do
intestino, ao ser encontrada no estômago). Em alguns casos, depois do tratamento, o órgão afetado
volta ao normal, mas se o estímulo permanece, não volta.
Esôfago de Barrett – metaplasia intestinal, metaplasia do escamoso para o epitélio colunar
que muitas vezes já estará associada a processo displásico. Por isso que se der metaplasia do
esôfago, tem que ficar de olho porque a chance de evoluir pra câncer é muito grande. E se já tiver
displasia, aí sim, já se sabe que está tendo diferenciação e proliferação.
Uma das hipóteses é que se tenha a inativação dos genes (que normalmente são expressos
naquela célula/naquele tecido, que condiciona para aquela diferenciação esperada) e ativação de
outros genes que vão condicionar para a diferenciação em uma outra estrutura e função celular.
Deposições intracelulares/Acúmulos: Podem ter acúmulos de componentes celulares
normais, como água, lipídio, proteínas e glicogênio. E também acúmulo de substâncias anormais,
tanto exógenas (mineral, produtos de agentes infecciosos) como endógenas (produtos de síntese ou
metabolismo anormal). Além de poder ter acúmulo de pigmentos (ex. tatuagem). Na grande
maioria dos casos, esses acúmulos são reversíveis.
Mecanismos de deposição intracelular:
Fagocitose de materiais não digeríveis: É o caso da tatuagem, macrófago fagocita o
pigmento e não vai degradar.
Incapacidade de degradar produtos celulares: Através de macrófagos ou não.
Exportação defeituosa dos produtos celulares ou proteínas dobradas transportadas
defeituosamente: Isso está muito relacionado a umas das formas de esteatose, em que se tem a
proteína de transporte defeituosa.
Acúmulo de gordura – Lipidoses: Dependendo do tipo de gordura, terá uma classificação.
Depósitos de colesterol e ésteres de colesterol: Podem se depositar em vários tecidos,
como artérias (aterosclerose), pele (xantomas) e em locais de inflamação crônica (acúmulo de
colesterol na vesícula biliar colesterolose). Normalmente começa pelo acúmulo de colesterol,
leva a uma deposição, tem uma resposta inflamatória que retroalimenta a entrada de colesterol.
Tanto é que outro processo patológico básico da aterosclerose, por exemplo, é a inflamação crônica.
Esteatose: acúmulo de triglicerídeos dentro das células parenquimatosas. Ácidos graxos
livres no tecido adiposo ou provenientes da alimentação são levados para o hepatócito, que vai, com
ajuda da alfa glicerol fosfato, promover a esterificação, transformando-os em triglicerídeos, corpo
cetônicos, fosfolipídios e ésteres de colesterol. Os triglicerídeos se juntam com uma apoproteína,
resultando em uma lipoproteína (solúvel e que pode ganhar a circulação sanguínea). Na esteatose,
provavelmente teve um erro em alguma dessas etapas. Ou a quantidade de ácidos graxos está
exacerbada ou o triglicerídeo não conseguiu se ligar a apoproteína e não consegue ir para o
meio extra-hepático, se acumulando nesse órgão. O fígado é o principal órgão do metabolismo
lipídico, por isso será o primeiro a ser atingido.
Acúmulo de proteínas (Degeneração hialina intracelular): Exemplo clássico é no rim.
Ex. Normalmente, eliminamos algum grau de proteína na urina e reabsorvemos um pouco dessa
proteína no túbulo proximal. O paciente com doença renal tem proteinúria e o túbulo proximal
começa a reabsorver mais do que o normal, para tentar reter proteína. E aí aparece esse acúmulo de
proteína, com aspecto de gotícula ou vacúolo. Tem coloração eosinofílica.
Existem alguns nomes específicos de acúmulo de proteína:
Corpúsculo de Russell No câncer e inflamação, os plasmócitos podem apresentar a
presença de proteínas.
Corpúsculo de Councilman-Rocha Lima No fígado, quando tem hepatite A e B.
Degeneração Hialina de Mallory No caso da cirrose alcoólica.
Acúmulo de Glicogênio: Pacientes com anormalidades genéticas no metabolismo da
glicose ou glicogênio. É comum nos diabéticos não tratados. Encontram-se vacúolos claros dentro
do citoplasma. No dia-a-dia, usa-se a coloração PAS, que é específica para identificar acúmulo de
glicogênio, se houver dúvida entre esteatose e acúmulo de glicogênio.
Degeneração hidrópica: É um acúmulo de água e eletrólitos. Acontece quando a célula não
tem capacidade de controlar a homeostase iônica e de fluidos. Ocorre devido a hipóxia com
diminuição do ATP celular e falência da bomba de sódio e potássio. A água, por ter uma densidade
diferente da gordura, se distribui de forma mais uniforme na célula e não vai deslocar o núcleo de
lugar. Com os triglicerídeos, o núcleo fica deslocado para a periferia.
Calcificação patológica: Depósito anormal de sais de cálcio no tecido. Tem classificações
para calcificação.
Distrófica: Em tecidos inviáveis ou necróticos, sem alteração dos níveis
plasmáticos de cálcio. Calcificação ocorre devido à lesão celular.
Metastática: Em tecidos vitalizados, por alterações do metabolismo do cálcio
(aumento dos níveis séricos) – excesso de paratormônio no hiperparatiroidismo (paciente começa a
ter reabsorção óssea), tumores e doenças renais crônicas. Com o aumento nível de cálcio no sangue,
será depositado no pulmão, rim e mucosa gástrica.
Idiopática: calcinose. Acha-se que está relacionada ao trauma. Mas ninguém
conseguiu descobrir o mecanismo que leva a isso.
Pigmentos: Substâncias coloridas que se acumulam na célula. Algumas são endógenas
(Melanina, lipofucsina, hemossiderina) e outras são exógenas (ex. Carbono).
Lipofucsina Pigmento do envelhecimento, castanho-amarelado, produto da
peroxidação dos lipídios, quando há lesão na membrana. Num paciente jovem, impregnação dos
tecidos por esse pigmento, significa alto índice de lesão por radical livre.
Hemosiderina pigmento acastanhado, derivado da hemoglobina. Onde há hemorragia,
terá perda de sangue pra um tecido extra-vascular e destruição de hemoglobina fagocitada por
macrófago.
Melanina presente no melanócito. Algumas situações pode estar associada a doença
melanoma – neoplasia maligna, que se origina no melanócito.
Antracose Acúmulo de carbono. Macrófagos fazem a fagocitose e através do sistema
linfático, leva o carbono para os linfonodos. Quando é muito carbono, pode depositar também no
parênquima pulmonar. Bem enegrecido. Geralmente, não suscita reposta inflamatória.
Morte Celular muitas vezes é a via final de um tecido que não conseguiu se adaptar.
Lesão celular reversível Alterações morfológicas e funcionais que são reversíveis se o
estímulo for retirado.
Lesão celular irreversível A célula ultrapassou o ponto de não retorno no qual mesmo
que se retire o agente lesivo, ela vai caminhando para morte celular – necrose ou apoptose.
Obs.: Antracose é uma condição irreversível, mas não é de lesão celular! Lesão celular é um
termo conceitual e será aplicado quando, no caso de lesões reversíveis, estiver sendo falado de
acúmulo de água, gordura e, principalmente, triglicerídeos; e no caso de lesão irreversível,
quando estiver falando de necrose e apoptose. Não confundir lesão celular irreversível com
outras condições irreversíveis. Cristais de cálcio, é uma forma de acúmulo também e é irreversível.
Mas não é uma lesão celular irreversível.
Considerando que a célula caminha para uma lesão tecidual, ela pode apresentar a morte
celular na forma de apoptose ou na forma de necrose. Na célula apoptótica não há lesão de
membrana. A apoptose não cursa com inflamação e tende a ser um processo mais pontual e menos
extenso do que a necrose.
A lesão celular reversível vai ter ação paralela com o que foi visto sobre acúmulo. Alguns
acúmulos intracelulares são manifestações dessas alterações do metabolismo celular. Ex.:
Hepatócito sem ATP não metaboliza triglicerídeos (esteatose) e ainda não consegue produzir
energia para manter o controle do equilíbrio hidro eletrolítico (denegeração hidrópica).
Alguns dos acúmulos visto na aula passada são formas de lesão celular, contudo, reversíveis.
A fronteira entre lesão celular reversível e irreversível é chamada de ponto de
irreversibilidade ou ponto de não retorno. Qual o limite?
Necrose Sempre esta relacionado a um processo patológico. A célula necrótica tem
ruptura da membrana, tem dano do material genético e exposição desse material intracelular. A
degradação dos fosfolipídios de membrana leva a produção de mediadores inflamatórios que vão
estimular a chegada de leucócitos, que vão ter a função de degradar e retirar o tecido desvitalizado.
Apoptose Fisiológica e pode ser patológica (no caso de algumas infecções virais,
estímulos por linfócitos T citotóxicos, acúmulo de proteínas com alterações estruturais, lesão do
DNA). A célula apoptótica não tem ruptura de membrana, e sim, formação de inúmeros corpos
apoptóticos, que são fagocitados por macrófagos residuais.
NECROSE - O ponto de não retorno vai estar relacionado a organelas que são mais
sensíveis à célula.
Agentes de dano celular:
Diminuição de oxigênio: A hipóxia leva ao dano celular pela diminuição da
respiração oxidativa aeróbica. Vai ter uma diminuição da produção de ATP pela célula.
Obs.: Hipóxia não é o mesmo que isquemia. A isquemia é uma causa de hipóxia, mas a
isquemia é a diminuição do fluxo sanguíneo num determinado território tecidual.
Causas de hipóxia:
Redução do fluxo arterial
Insuficiência respiratória (hematose dificultada e/ou obstrução de vias aéreas).
Perda da capacidade de transporte pelo sangue (anemia, sangramento).
Agentes físicos (extremos de temperatura, de pressão)
Agentes químicos (substâncias corrosivas, venenos, fármacos)
Agentes infecciosos (virais, bacterianos, parasitários)
Reações imunológicas (processo inflamatório crônico, condições alérgicas, doenças
autoimunes)
Alterações genéticas (distúrbios de metabolismo de alguma substância)
Alterações nutricionais (hipovitaminose, hipervitaminoses, aterosclerose).
A mitocôndria não tem função apenas no desenvolvimento da necrose, mas a apoptose tem
uma via que é chamada via mitocondrial, que é uma via intrínseca da apoptose. Quando estiver
falando de apoptose, vamos ver que existem proteínas que são reguladoras do início da apoptose
proteínas da família BCL2 com função de sensor (percebem essa alterações: acúmulo de
proteínas mal dobradas na célula, falta de aporte hormonal etc) que determinam a formação de
canais na parede mitocondrial que
permitem a saída do citocromo C, que ativa
proteínas pró-apoptóticas, que ativam
proteínas executoras: caspases.
Tipos básicos de necrose: vão ser diferenciados principalmente por aqueles com maior
ação das enzimas e aqueles com maior ação da desnaturação proteica.
Necrose coagulativa: o aumento da concentração de ácido lático e a diminuição do pH
leva uma lentificação no processo de digestão celular (por provocar lentificação na atuação
enzimática) e, com isso, leva mais tempo para que a célula se liquefaça e para que a resposta
inflamatória chegue e degrade aquele tecido. Tudo isso ocorre não só por conta do ATP. O cálcio,
por exemplo, através de enzimas (que também vão ter sua ação lentificada) continua tendo elevação
da sua quantidade no citosol e o processo de morte celular, assim, continua.
OBS: Nesse caso de agente em que estávamos falando, de isquemia, onde vai ter acúmulo
de ácido lático, vai haver muito mais desnaturação proteica do que digestão enzimática, ou
seja, leva mais tempo para haver degradação daquela célula.
Na microscopia, vê-se uma célula ainda com sua estrutura básica, apenas com aumento
da eosinofilia citoplasmática e apagamento nuclear, o que caracteriza o tipo de necrose
coagulativa. (Já na necrose liquefativa, microscopicamente falando, não da para se ver a estrutura
direito, apenas o material bastante eosinofílico).
Ex de Necrose coagulativa: O infarto do miocárdio ocorre porque, quando se chega a um
tempo x de isquemia, as células alcançam um ponto de irreversibilidade/não retorno, que é quando
tendem a caminhar para uma célula anucleada, acidófila e permanecem coaguladas por semanas.
Isso é importante até para fins médico-legais, para rastrear o tempo de infarto. Até que entre o final
da primeira semana e o início da segunda, começa a ter a chegada dos macrófagos, a degradação
desse material e o início do processo de reparo tecidual com fibrose.
Hiper eosinofilia + palidez nuclear + arquitetura perceptível = necrose coagulativa.
Necrose liquefativa: Nessa, ocorre muito mais digestão enzimática do que desnaturação
proteica. Característica da morte celular com agente infeccioso, principalmente bacteriano e
fúngico. Infecções virais costumam cursar mais com apoptose, mas a bactéria e o fungo ou por
dano direto ou pela ação de toxinas ou pela lesão que causam no tecido, existe um estímulo
importante para a resposta inflamatória pela liberação de citocinas. No sistema nervoso central
existe uma característica peculiar, que independente do estímulo que leve à lesão, vai ter sempre
a necrose do tipo liquefativo. Existem algumas teorias para isso, quando se tem uma lesão
cerebral, têm-se uma ruptura da barreira hemato-encefálica e muita entrada de leucócitos.
Quando se tem muito leucócito no sítio de lesão, eles vão liberar enzimas líticas que vão levar à
digestão enzimática mais rapidamente.
Na macroscopia, essa necrose fica uma massa mais líquida, amarelada, amorfa.
Necrose gangrenosa: Ou gangrena molhada ou gangrena úmida. Situações com necrose
coagulativa + liquefativa. A gangrena ocorre quando temos a isquemia tecidual de um membro. Se
tem isquemia, é do tipo coagulativa. Mas o tecido desvitalizado costuma ser colonizado por
bactérias. Com isso você pode ter infecção secundária. A presença de infecção bacteriana vai levar
à necrose do tipo liquefativa.
Necrose caseosa: É a necrose relacionada à tuberculose, em que você tem a formação de
um tipo de resposta inflamatória característica que é o granuloma. Então ela parece a necrose
liquefativa, pois no interior do granuloma vai existir esse material amorfo e eosinofílico, mas,
por fora, você vai ter uma resposta inflamatória às custas de macrófagos e linfócito, que vai
conter esse processo.
Leva esse nome por ter um aspecto semelhante ao queijo. Na macroscopia tem um material
mais amolecido, amarelado. Na microscopia, tem material necrótico no centro que é, da mesma
forma que na necrose liquefativa, amorfo, eosinofílico contidos pela resposta inflamatória a sua
volta.
Necrose gordurosa: Ou enzimática. Ela está relacionada à lesão do tecido adiposo. O
protótipo dessa lesão foi descrito na pancreatite aguda com liberação de lipases, a partir dos
ácinos pancreáticos, chegando até essa gordura do retroperitôneo no qual o tecido está inserido,
levando a uma reação química de saponificação. Aspecto azulado, membranáceo na microscopia
célula fantasma. Essa necrose não está restrita apenas a pancreatite. Um processo cirúrgico
pode seguir com um processo inflamatório naquele tecido adiposo por conta da incisão.
APOPTOSE
Morte celular programada. Principais características: a ausência de lesão da membrana e
resposta inflamatória e a fagocitose dos fragmentos celulares. Na microscopia, além de ter um
núcleo picnótico, a célula vai diminuir de tamanho e depois vai fazendo involução da membrana
até a formação dos corpos apoptóticos.
A morfologia característica: diminuição do tamanho da célula, condensação da cromatina,
a formação de bolhas no citoplasma (porque vai ter aquelas involuções) e a formação dos corpos
apoptóticos, que serão posteriormente fagocitados.
Causas fisiológicas:
Durante o período embrionário, a apoptose é ativada, é uma causa de renovação e deleção
celular;
A involução hormônio dependente no endométrio, durante o ciclo menstrual, tem morte
celular por apoptose pela retirada brusca do estrogênio e progesterona da circulação sanguínea (pela
redução de fatores tróficos - podendo ser hormonal, neural);
Redução de população celular proliferante, como na pele em que novas células vão sendo
produzidas e outras já vão sendo descamadas; morte celular após o uso, como as células
inflamatórias, que tem seu tempo de vida limitado, levando a uma morte programada;
Eliminação de linfócitos autorreativos, durante o desenvolvimento embrionário e
podendo ocorrer também durante a maturação.
OBS: Apoptose muitas vezes caminha com atrofia. Só que na apoptose você tem uma
redução numérica e na atrofia tem uma redução no tamanho da célula.
Causas patológicas:
Lesão do DNA;
Infecções virais;
Acúmulo de proteínas mal formadas;
Algumas drogas citotóxicas como as da quimioterapia.
Conceito de Inflamação:
Alterações vasculares que levam a chegada de células leucocitárias no espaço
extravascular. Objetivo: eliminar o agente ou estímulo agressor, protegendo o organismo
Como é possível saber que existe inflamação? Existem quatro sinais cardinais da
inflamação, que são rubor (vermelhidão), edema (tumor – aumento de volume), calor (aumento da
temperatura local até febre) e dor (sensibilização através de mediadores). Esses são os mais
conhecidos. Virchow acrescentou depois a perda de função porque, obviamente, se tem uma área
vermelha, edemaciada, quente e dolorosa, não vai ter a mesma utilização que teria se a área
estivesse sadia; então passa a ter a perda de função.
Classificação:
Inflamação aguda – Curta duração (minutos depois da lesão já se tem a resposta e ela
dura de minutos a horas, normalmente. Mas pode acontecer de ter doenças crônicas que sofrem
agudização), edema (predomínio de fenômenos vasculares) e predomínio de neutrófilos (células
inflamatórias polimorfonucleares – dentre os leucócitos, ele está em maior número; ele será o
primeiro a ser ativado e que responde aos mediadores químicos; é capaz de fazer a destruição do
agente agressor; tem vida autolimitada, de 24 a 48 horas, se resolveu o problema, será eliminado via
apoptose ou pode ser destruído durante o processo inflamatório. E o ideal é que o processo
inflamatório seja autolimitado, não precisa ter célula inflamatória lá mantendo aquela resposta
inflamatória).
Inflamação crônica – Longa duração (pode durar dias, meses ou anos, como, por
exemplo, a artrite reumatoide, que é autoimune e o paciente nunca perde o agente agressor porque é
um agente self), linfócitos e macrófagos (células que irão substituir os neutrófilos) e alterações
teciduais (enquanto na inflamação aguda tem muito edema e muitos fenômenos vasculares,
geralmente, tem pouca modificação do tecido. Na inflamação crônica, as alterações
teciduais/deformidades são mais frequentes, associando com cicatrizes e fibroses. Então, quando
altera muito não deve ser agudo, já deve estar tomando um cunho de inflamação crônica).
Termos específicos
Edema: Excesso de fluidos no interstício (tecido que serve de sustentação para as
células e que está fora dos vasos) e cavidades serosas (hidrotórax, hidropericárdio,
hidroperitônio/ascite). Toda vez que há perda de líquido de dentro do vaso para fora do vaso, tem-se
um edema intersticial. Dependendo da composição do fluido, o edema pode receber nomes
diferentes, porque está ligando a doenças/causas diferentes.
Obs.: Tipo de edema já visto em aulas anteriores: A degeneração hidrópica é um edema
intracelular associado também à agressão celular.
Exsudato: É um tipo de edema. Caracterizado por ser um fluido inflamatório
extravascular com alta concentração de proteínas, restos celulares e proteínas de alto peso
molecular (devido a alteração da permeabilidade vascular). Fluido mais denso e opaco, porque é
mais celular e as proteínas são de peso molecular alto.
Transudato: Fluido com pequena concentração de proteína (albumina), tendo peso
molecular menor. Pode ter células, mas muito poucas, não são representativas. Não há alteração de
permeabilidade (por isso peso molecular das proteínas no fluido será menor). Há alteração de
volume, de pressão. Não é um edema inflamatório, é um edema de origem hemodinâmica. Fluido
amarelado, porém límpido.
Pus – Exsudato inflamatório rico em neutrófilos, restos celulares parenquimatosos e
microrganismos. A partir do momento que não vê só proteína e neutrófilos e passa a ver resto de
células e microrganismos dentro daquele edema, vai ser chamado de pus. É um exsudato
modificado. Vem de um processo mais agressivo.
Obs.: Quando tem uma destruição que provoca pus (por exemplo: abscesso) raramente vai
ter uma regeneração, o que vai ter é um reparo, que pode ser por cicatrização ou provavelmente
uma fibrose.
Alterações no endotélio:
Formação de fendas endoteliais em vênulas (histamina): A histamina provoca um
afastamento entre as células endoteliais e aí quando afasta uma célula da outra, altera-se a
permeabilidade desse vaso e consequentemente leva ao edema.
Injúria endotelial direta (ex: trauma ou queimadura) ou mediada por leucócitos
(durante a resposta inflamatória, devido à liberação de mediadores químicos que podem levar a
alterações no endotélio).
Aumento da transcitose (VEGF): Mediadas pelo fator de crescimento vascular
endotelial. A transcitose é um processo de troca de fluidos entre a célula endotelial e o meio
externo, através de presenças de vesículas que estão nos polos dessas células endoteliais. Isso é
o normal, isso acontece o tempo todo. Quando tem um processo inflamatório estimulado pelo
VEFG, essas vesículas sofrem hiperplasia, hipertrofia e algumas até se fundem ficando muito
grandes. Com isso, elas aumentam, morfologicamente, aquela célula e começa a afastar uma célula
endotelial da outra, alterando a permeabilidade e permitindo o aparecimento do edema.
Angiogênese (VEGF): É o aparecimento de vasos neoformados a partir de vasos pré-
existentes. O vaso que aparece na angiogênese é um vaso que já tem uma permeabilidade, desde o
início, aumentada. Ele é um vaso jovem e que foi formado justamente para isso, para permitir que
chegue mais sangue, mais oxigênio e mais célula.
Eventos celulares: Pode acontecer em três localizações.
No lúmen: Marginação (saída da célula leucocitária do centro do fluxo sanguíneo em
direção à parede do vaso), rolamento (adesão temporária – selectinas e ligantes de selectinas – do
leucócito ao endotélio) e adesão (adesão definitiva – interinas)
No endotélio: Transmigração – Através da diapedese. O neutrófilo emite um
pseudópodes entre uma célula endotelial e outra para tentar passar. Mas não tem só célula endotelial
no vaso, tem matriz também. Então tem produção de algumas substâncias (estimuladas pelo
complemento, pela histamina, pelo leucotrieno) para que ele destrua localmente aquela membrana
basal, para conseguir atravessar e chegar ao tecido. Fez-se, então, a transmigração.
No tecido: Quimiotaxia (orientação pelo gradiente químico) e Migração (para chegar à
área da lesão. O leucócito se arrasta pelo tecido, produzindo alguns tipos de colagenase que
destroem a matriz e permitem a passagem).
Fenômenos teciduais:
Quimiotaxia: Migração de leucócitos em direção ao local da lesão ou infecção ao longo
de um gradiente químico.
Fatores quimiotáticos (que fazem essa orientação):
Produtos bacterianos: A própria bactéria libera substâncias que vão atrair o leucócito.
Citocinas: Que podem ser produzidas pelos leucócitos.
Componentes do sistema complemento (como C5a, por exemplo)
Ativação leucocitária: Para o leucócito atuar, ele tem que ser ativado. Não basta chegar no
tecido. Quando ele é ativado (o que vai ocorrer por citocinas, leucotrienos) algumas funções
dele vão se exacerbar, as quais são necessárias de forma mais potente para responder à essa
agressão.
Fagocitose: Ou seja, englobar aquele agente que está sendo lesivo.
Destruição intracelular de micróbios e células mortas: Não interessa para o organismo
ter célula morta no local da infecção, visto que essa é um fator estranho e vai culminar em gerar
mais inflamação.
Armadilhas extracelulares de neutrófilos (NETs): Redes fibrilares em forma de teia,
onde há enzimas, agentes antimicrobicidas.
Produção de mediadores
Fagocitose: Só acontece porque tem ativação leucocitária.
É formada por três fases:
Reconhecimento e adesão
Vacúolo fagocítico (ou fagolisossomo)
Morte e degradação – há a presença de óxido nítrico e de radicais livres de oxigênio
atuando nessa ação.
Macrófagos:
O macrófago tem origem dos monócitos sanguíneos e esses macrófagos vão estar presentes
em vários tecidos (macrófago alveolar, osteoclasto, microglia, célula de kupffer). Também chamado
de histiócito. Ele que vai dar o primeiro combate ao agente: (1)interação dele com o agente,
(2)apresentação do antígeno (no caso da ativação imunológica) para o linfócito T, (3)linfócito T
libera IFN-γ que provoca a ativação.
Migração dos monócitos (vida curta – 1 dia) para os tecidos onde tornam-se macrófagos
(anos): estima-se que os monócitos levem cerca de um dia para chegar até o tecido desde a medula
óssea. E para que a resposta inflamatória crônica se estabeleça, precisa de cerca de uma semana,
pelo menos. Na migração, da mesma forma que foi visto na inflamação aguda, existe a interação
com integrinas e selectinas, além de fatores quimiotáticos que levam a célula até o sitio de lesão.
Ativação dos macrófagos pode ser por produtos microbianos (endotoxinas),
mediadores, citocinas dos linfócitos e células NK:
O macrófago, a partir do monócito, chega no tecido ativação (1)diretamente pelos restos
celulares, (2)por toxinas liberadas pelo agente microbiano ou (3)pelo próprio linfócito T através
do IFN-γ macrófago ativado libera outros agentes vai ter a formação de espécies reativas de
oxigênio, oxido nítrico, PAF (fator de agregação plaquetária) formação de produtos
metabólicos a partir do ácido aracdônico, fatores de crescimento relacionado a neoformação
vascular e o fator de crescimento de fibroblasto que vai estimular a proliferação fibroblástica e o
início de deposição de matriz.
Tecidos que não são muito vascularizados Com a destruição tecidual, tem liberação de
citocinas inflamatórias, que chegam de alguma maneira até a corrente sanguínea, e com isso, atraem
monócitos. Estes chegam até o tecido, se tornando macrófagos.
É um processo mais lento. O tratamento dessas condições é mais lento também, o agente
antimicrobiano chega de forma mais lenta. Normalmente em cartilagem e tecido ósseo o processo
inicial se dá de forma crônica.
Microscopia do macrófago ativado é uma célula de maior tamanho, com citoplasma
mais amplo, núcleo mais claro, limites da célula mais indistintos. Existe uma forma de
macrófago ativado que é chamada de célula epitelióide: tem características morfológicas que se
assemelham a uma célula epitelial, citoplasma amplo e rósea, núcleo aumentado. Nem todo
macrófago ativado terá essa característica, depende da resposta e do grau de estímulo daquele
microambiente. A funcionalidade dele é: um macrófago com maior capacidade de destruição, de
estímulo a produção de matriz e também maior capacidade de fagocitose. Tem capacidade de
levar a formação de célula gigante.