You are on page 1of 9
Troca de VT: deste ~com VT -e, da CII (d +e +9 + ste) viste —com VT -i,da CII (v +i+ 6 + ste) Crase do VT: rir: ri + (i) + r+ ler: le +(e) + r+9 trte crer:cre+(e)+r+9 Essas crases repetem-se em varias pessoas, no decorrer da flexiio completa desses verbos. 3.2.3. Inregularidades na desinéncia_ Alguns verbos, de radicais monossildbicos, da CII ¢ CIII, apresen- tam a DNP da P5 especial. Em lugar da regular -is aparece -des. cre-des — ri-des ides — ten-des ledes — _ve-des pon-des ~ des Outras irregularidades desinenciais so aleatérias, esquivas a agrupamentos. © mesmo vale dizer para inémeras particularidades que diferentes verbos apresentam, se perscrutados em toda sua gama de possibilidades flexivas. Entretanto a intengdo foi apresentar de preferéncia aqucles verbos suscetiveis de serem agrupados de acor- do com paradigmas especiais. 100 - Narmetio Zantto san ZANOTTO, Normélio. Estrutura morfica da Iingua portuguesa. 5%ed. Ver. Rio de Janeiro, RJ: Lucerna; Caxias do Sul: Educs, 2006. Pag. 83 — 100. 3. Estrutura Verbal 3.1_Verbos Regulares © verbo é uma classe de palavras muito rica ~ a mais riea—em pos- sibilidades flexivas. Sao seis pessoas, trés de singular e trés de plural, seis tempos do modo indicativo, trés tempos do modo subjuntivo, dois tempos do modo imperativo (na verdade, um, sob o aspecto flexivo, pois o impe- rativo negativo apresenta a mesma estrutura do subjuntivo presente) ¢ trés formas nominais. Cada um desses ntimeros, pessoi marca-se por morfemas-especificos. E acresga-se a vogal te caracteriza cada uma das trés conjungées, além, é claro, do radical, base seméntica, ao qual se anexam a vogal temitica e as desinéncias, Apesar dessa aparente complexidade, a estrutura do verbo pode ser a a formula relativamente simples: R: radical — responsavel pel a conjugacdo, sendo o tinico dos quatro elementos que nao pode faltar, ico que distribui os verbos al ~ expressa cumulativamente © modo € 0 tempo: strtura Lingua Portuguesa - 83 DNP: desinéncia nimero-pessoal — representa, também de forma cumulativa, 0 nimeto € a pessoa do verbo. Podemos completar a férmula assim: DMT| DNP| st ste verbo, T(R+ VT) + D (DMT + DNP) andavamos: anda (and + 4) + vamos (va + mos) 6 o 8 a | stes lar T: tema — formado do radical somado & vogal tematica; =e Essa formula acrescentou a anterior dois elementos: | temporal e a desinéncia ndmero-pessoal | 3.1.1 As trés conjugacdes Nas paginas que seguem, far-se-4, em detalhes, a aplicagao da f6r- mula bésica da estrutura verbal as trés conjugagdes do verbo regular. Em seguida, seré analisado 0 comportamento de cada um dos quatro ‘elementos bésicos que compoem o verbo: o radical, a vogal temética, a desinéncia modo-temporal e a desin€ncia ntimero-pessoal. and- and and- and Formas nominais Gr Pa 84» Normeti Zanotio Estrtura Mics daLingua Portuguese + 85 Segunda conjugagdo - CI tat DMT ‘Terceita conjugagao - CII vend | mos, i pat co) ce) (e) vend. vend. vend vend-| (c) Formas nominais part 3.1.2 Anilise dos elementos estruturais © radical repete-se, inalterado, em todas as formas dos ver gulares, Nenhuma anomalia a assinalar, portanto, quanto ao radi 3.1.2.2. Vogal tematica Como regra geral, as trés conjugagdes sio marcadas cada uma com sua respectiva VT, ou seja: A — paraCl E — paraCll 1 — paraCll Mas ocorrem varias supressées, transformagGes confluéncias. -a.como marca geral -ena P1 |dPt2 (alomorte) -ona P3 ldPt2 (alomorfe) @ na P1 IdPr eno SbPr. Os dois alomorfes -e e -o na P| e P3 do IdPt2 ocorrem em virtude te fonolégico em que se encontram. Verifica-se uma assimila- sulo das vogais portuguesas, que as dispée nesta or- 5. 6, ul, esclarece melhor. Em andei, a VT -a transfor- ‘As auséncias em PI IdPr e SbPr sao devidas & Regra Morfofonémica 2 (ver 1.9). Observagdo: Quanto aos imperativos, vale © que dissemos para os tempos que Ihe dao origem, 88 - Normeto Zanoto Na Cll, corre: ||. -e como VT geral ino Pa @ na P1 |dPr, no IdPtt, na P1 ldPt2 @ no SbPr. alomorfe -i, no participio. provoca confluéncia com a C dido, partido, desaparecendo a marca que distingue as duas conjugagbes ‘A auséncia da VT nos tempos € nas pessoas assinaladas acima ocor- re, também aqui,em decorréncia da aplicagao da Regra Morfofonémica 2. Em PI dPr, por exemplo, terfamos vend-e-o; por supresstio da vogal temitica, que é 4tonae final, como preceitua a Regra 2, obtém-se venid-o.* [Na cin, ocorre: -icomo VT geral -ena P2, P3, P6 IdPr e P2 IpAf | @ na P1 © PS IdPr, no IdPtt, na P1 IdPt2 e no SbPr. ‘A auséncia ocorre pela aplicagio da Regra Morfofonémica 1. crase. Quanto, porém, ao alomorfe -e. que motiva confluéneia com a CI, ‘ocorre fato novo. Ea neutralizagao da oposigao entre -e da Cle -ida CI, em virtude da, (0 dtona final que ocupam. A VT s6 se manifesta com nitidez em posigao t6nica, como 6 0 caso dos infinitivos. Em posigio éto- na final (e também em posigo pret6nica), ocorre uma harmonizagio vocélica (/cabitia/) e neitraliza-se a oposigao, isto é, desaparece a diferen- a entre /e/ e /i/, surgindo um arquifonema, que pode ter mais de uma realizago oral, de acordo com os habitos lingitisticos regionais, dialetais A grafia partes, parte decorre de urna opgio da lingua escrita, sem ter correspondéncia rigorosa com a realidade fonol6gica eat orficada Lingua Portuguesa - 89 3.1.2.3, Desinéncia modo-temporal P1L2.3,4,6 PS P1,2.3.4,6 5 6 PL23A6 Ps Phas 72,36 PL23,4,6 Ps ‘oes totes es he = PIPHPaPS 72,P6 Formas verbo-nominais ir 7 Gr -ndo- Pa ao 90 + Normale Zanatle Nota 1; O alomorfe da PS, no IdPt, 1dP13 e [dFt2 decorre assimilagio parcial, conforme vimos ocorrer com a YT na Pl P3 do 1dP12, Cl Nota 2: 0 If pessoal dos verbos regulares apresenta a mesma estrn- tura do SbFt Nota 3: Os imperativos t&m as mesmas DMTs dos seus tempos primitivos (IdPr e SbPr) Nota 4: Existem autores que preferem considerar 0 -ram da P6 do 1dPt2 como DNP. A posigéo aqui adotada, que considera -ra DMT, tem 1 vantage da regularidade. da simetria com os demais tempos ¢ Pes pois -m € a DNP das outras P6 e -ra jé € DMT do IdPt3 (homon nia). Pelo mesmo motivo consideramos -r € -re como variantes da DMT no- SbFt Nota S: Também existem autores que descrevem como DMT do 1aPt1 da CI a vogal -a. O inconveniente principal dessa descrigo é a tempos ficariam com a mesma e uma marca -a, isto é, sem marca psOpria. Nota 6; Também hé graméticos que excluem 0 IdFt! ¢ 0 TdFt2 da desctigdo mérfica sincrénica por considerarem esses dois tempos como ‘constitufdos por locugao verbal (andar + hei, andar + htia) (Luft, 1989: 131), Parece-nos uma visio diacrénica em descompasso com os cri- térios sincrénicos da anélise mérfica. Preferimos consider4-los tempos érios atuais (and + a + re +i,and steture Mortca da Lingua Portuguesa - St 3.1.2.4 Desinéncia nimero-pessoal Nos demais| 1aPe2 Nos demais Geral Nos demais inal tOnico) saa 1 Cd oc Nos demais (Final étono) por -0 no IdPr, -ste, -we -stes no IdP12. 92 - Normelio Zanota 3.2_Verbos Irregulares es ee ‘So irregulares os verbos que no seguem o padrao estrutural visto nos verbos regulares. A irregularidade verbal pode dar-se tanto no radical ou no tema ‘como nas desinéncias, ¢ vai desde uma simples alternincia vocilica até a ocorréncia de radicais supletivos para o mesmo verbo, nos chamados andmalos. Os verbos irregulares serdo agrupados em conjuntos, que, de certa forma, passam a apresentar um tipo de regularidade interna, dentro do grupo. Dar-se-4 destaque Aquelas particularidades de maior repercus- 80, como € 0 caso das formas primitivas, que, se irregulares, estendem a excegio as formas derivadas. Outras irregularidades serio abordadas sem o intuito de esgoté-Ias até as minimas nuangas. 3.2.1_trregularidades no radical Das irregularidades do radical destacamos as da P! [dPr ¢ da P2 TAP12. Dessas duuas pessoas originam-se varios tempos, os quais, por légica, apresentam a mesma estrutura das formas que Ihes deram ori- gem. 3.2.1.1 Inregularidades na P1 IdPr Esse radical especial da P1 IdPr pode apresentar vérias particu- laridades, como: — ditongagio pelo acréscimo de uma semivogal: caibo —acréscimo de consoante: vejo —troca da consoante do radical: digo = troca da vogal do radical: durmo — travamento nasal do radical: ponho Martos daLingua Portugu pe todos esses casos, a irregularidade constatada na P1! IdPr estende-se aos tempos ¢ as pessoas dela derivados, ou seja, a0 SbPi a0 IpNeg ¢ A P3, 4 € 6 do IpAf. a . Vejamos um exemplo por extenso: ldPr SbPr DURM-9-6-0 DURM- dorme-9-s dorm-e-9-9 9 DURM-9-0-9 dorm-i-g-mos DURM-9-a-mos_ndo DURM-9-a-mos__ DURM-9-a-mos ndo DURM-9-a-is ndo DURM-9-a-m dorm-e-g- 9 dorm-(i)-0-1 DURM-9-a-m DURM-9-a-m E bastante numeroso 0 i grupo de verbos que tém radi na PI ldPr. Bis alguns: pen nis thenteicn caibo, requeiro, vejo, digo, faco, posso, trago, adiro, compi- 10, confiro, consigo, minto, prefiro, reflito, sigo, sirvo, visto, cubro, durmo, tusso, acudo, ponho, tenho, venho, etc. Hi uns poucos verbos que no SbPr nao seguem a P1 IdPr: sei ~ saiba sou ~ seja hei aja vou - vé quero ~ queira dou - dé estou ~ esteja Em alguns verbos, o R especial da PI IdPr repete-se na P2, P3 e P6: agrido, agrides, agride, agridem cirzo, cirzes, cirze, cireem denigro, denigres, denigre, denigrem previno, prevines, previne, previnem progrido, progrides, progride, progridem, etc. > Relevante €0 fato de alguns verbos, os defectivos, no possufrem a 1 IdPr, faltanclo-Ihes, em conseqiiéncia, os tempos derivados. 94 - Woimetio Zanoto Exemplo: 1dPr SbPr IpNeg _ TpAt_ haure haures haure haurimos hauris haurem Outros defectivos, como precaver-se e reaver, s6 tém a P4€ PS do IdPrea PS do IpAf. Quanto aos verbos defectives, €hicida a posigéo de Bechara (1982: 107): “A defectividade € devida a varias razbes, entre as quais a eufoniae a significagdo. Entretanto, a defectividade de certos verbos ndo se assenta em bases légicas. Se a tradigHo da Iingua dispensa, por dissonante, a 1 pessoa singular do verbo colorir (coloro) nfo se mostra igualmente exigente com a I* pessoa singular do verbo colorar. Por outro lado. © critério da eufonia pode variar com 0 tempo e com o gosto dos escrito- res; daf aparecer de vez. em quando uma forma verbal que a gramatica diz nao ser usada.” ‘A melhor comprovagiio dessas afirmagdes esté no proprio Bechara, gue, poucas linhas apés essa citagao, lista como defectivos verbos que 0 povo ndo se constrange em empregar normalmente, como: explodir, abolir, demolir, esculpir. 3.2.1.2 Irregularidades da P2 dP(2_ Essa irregularidade também assume relevancia, j4 que vai repetir-se nos tempos derivados dessa pessoa, isto é, no IdPt3, SbPt e SbFt P21dPt2__—IdPt3 SbPt SbFt an DISS-E-ste DISS-E-ra—DISS-E-sse_——_—DISS-E-r DISS-E-ra-s__ DISS-E-sse-s__DISS-E-re-s DISS-E-ra__——‘DISS-E-sse_——_-DISS-E-r DISS-E-ra-mos DISS-E-ra-m DISS-E-sse-mos DISS-E-r-mos DISS-E-sse-is__ DISS-E-r-des DISS-E-sse-m — DISS-E-re-m Estrtura Mefics da Lingua Portuguesa - 95 3.2.1.3 Alternancia vocélica morfémica no R_ Embora menos extensa e sem maiores repercusses em outras for- mas verbais, ocorre em varios verbos uma particularidade digna de nota. E uma troca de vogais do radical da P] e da P3 do IdPt2, sendo essa a \inica marca que distingue as duas pessoas, por isso se diz alternfincia morfémica. PL P3 fiz fez tive - teve estive - esteve pude - — pade sor pus pas ro bi 7 sej- | oO wis fo- 6 fui foi si | ola lo [fo | 0 se | 0 | a | mos] & | 0 | o |= fis |e | o 3.2.1.4 Heteronimia do R (radicais supletivos) sj | 9 fe jm | fe HA dois verbos com irregularidades mais profundas no R. Sao os verbos ser ir,chamados anémalos, que apresentam radicais totalmente o o s [4 distintos, conforme podemos constatar nas duas paginas que seguem, 6 ® ° 2 onde aparece descrita a estrutura completa desses dois verbos. o eel ea te ‘ * ° ‘ , a » [is Em seguida também apareceré transcrita a estrutura do verbo por. 6 ota|m Esse verbo normalmente nao chega a ser considerado anémalo, mas & inegével que exibe irregularidades bastante acentuadas, a a eLe ndo | 0 96 - Noxmeto Zanote dyotieada Lingua Portuguesa - 97 t i | ; | ‘| Ipaf IpNeg wlifele fm] e| : va o | @ie va 8 | (a) va- | ® sale | # | : elolelate |e] @ ‘ : va | 6 | @io |v} 6 | @mlo : 1 m Formas nominais ais: ee ee 2 i Gr Pa 5 ee ele Le Te bel [els Pet TeTe | Lingua Poruguasa » 99 98 - Noimetio Zanotto 908 Porto

You might also like