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Ganhos competitivos das empresas em redes de cooperação

Article · January 2008

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2 authors:

Jorge Verschoore Alsones Balestrin


Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos University
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Ganhos competitivos das empresas
em redes de cooperação

Jorge Renato Verschoore


Alsones Balestrin

Recebido em 30/maio/2006
Aprovado em 14/março/2008

Área Temática: Estratégia & Economia de Empresas


____________________________________

Jorge Renato Verschoore, Mestre e Doutor em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, é Professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (CEP 93022-000 — São Leopoldo/RS, Brasil).
E-mail: jorgevf@unisinos.br
Endereço: Universidade do Vale do Rio do Sinos
Avenida Unisinos, 950
93022-000 — São Leopoldo — RS

Alsones Balestrin, Mestre e Doutor em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, é Professor e Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (CEP 93022-000 — São
Leopoldo/RS, Brasil) e Professor Associado ao Instituto de Administração de Empresas da Universidade de Poitiers (França).
E-mail: abalestrin@unisinos.br

© Copyright 2008 FEA-USP/RAUSP-eletrônica. Todos os direitos reservados. Permitida a citação


parcial, desde que identificada a fonte. Proibida a reprodução total.
Jorge Renato Verschoore e Alsones Balestrin

Ganhos competitivos das empresas em redes de cooperação

Neste artigo, é tratado o tema redes de cooperação, abrangendo o estudo de empresas


associadas às redes formadas por uma política pública desenvolvida pelo Governo do
Estado do Rio Grande do Sul, com a finalidade de ampliar a competitividade das
pequenas empresas e gerar desenvolvimento econômico e social por meio do incentivo
à formação de redes de cooperação. O objetivo principal do estudo é identificar e
mensurar os principais ganhos competitivos proporcionados pelas redes de cooperação
às empresas associadas. Para alcançar o objetivo proposto, realizou-se uma análise
conjunta em uma amostra de 443 proprietários de uma população de 3.087 empresas
associadas às 120 redes do Programa Redes de Cooperação. Os dados empíricos foram
coletados pelos pesquisadores em 2005, sendo processados e analisados
estatisticamente. Os resultados obtidos pela análise conjunta confirmaram a
importância dos cinco ganhos competitivos proporcionados pelas redes de cooperação
às empresas, na seguinte ordem de importância: provisão de soluções; ganhos de escala
e de poder de mercado; aprendizagem e inovação; relações sociais; e redução de custos
e riscos. Com base nos resultados, foi proposto um esquema conceitual de análise dos
ganhos competitivos gerados pelas redes.
Palavras-Chave: cooperação interorganizacional, redes, competitividade.

Competitive outcomes of firms in cooperation networks

This paper presents the inter-organizational cooperation networks theme in the


Brazilian context. The study involves firms in networks that were formed by a public
policy developed by the Government of the Rio Grande do Sul State with the aim of
boosting competitiveness among small firms and generating economic and social
development through cooperation networks. The article main objective is to identify
and measure he main competitive outcomes generated by cooperation networks to
associated firms. The study used a conjoint analysis in a sample of 443 owners out of a
population of 3.087 firms associated to the 120 networks of the Cooperation Networks
Program. Data were collected in 2005 and the results of the conjoint analyses
confirmed the relevance of the five competitive outcomes generated by the networks in
the following importance order: solution supply; scale and market power gains;
learning and innovation; social relationships; and cost and risk reduction. Based on the
results, a conceptual scheme for the analysis of the competitive outcomes derived from
the networks was proposed.
Keywords: interorganizational cooperation, networks, competitiveness.

Resultados competitivos de las empresas en redes de cooperación

En este artículo se realiza un estudio sobre el tema redes de cooperación que abarca
empresas asociadas a las redes formadas por una política pública desarrollada por el
Gobierno del Estado de Rio Grande do Sul, con la finalidad de ampliar la
competitividad de las pequeñas empresas y generar desarrollo económico y social por
medio del incentivo a la formación de redes de cooperación. El objetivo principal del
estudio es identificar y medir los principales resultados competitivos proporcionados
por las redes de cooperación a las empresas asociadas. Para alcanzar dicho objetivo, se
realizó un análisis conjunto en una muestra de 443 propietarios de una población de
3.087 empresas asociadas a las 120 redes del Programa Redes de Cooperación. Los
datos empíricos habían sido recolectados por los investigadores en 2005, y fueron
procesados y analizados estadísticamente. Los resultados obtenidos por medio del
análisis conjunto confirman la importancia de los cinco resultados competitivos que las
redes de cooperación proporcionan a las empresas, en el siguiente orden de
importancia: provisión de soluciones; beneficios de escala y de poder de mercado;
aprendizaje e innovación; relaciones sociales; y reducción de costos y riesgos. Basado
en los resultados, se ha propuesto un esquema conceptual de análisis de los beneficios
competitivos generados por las redes.
Palabras Clave: cooperación interorganizacional, redes, competitividad.

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GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS EM REDES DE COOPERAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

O tema redes de cooperação tem sido foco de crescente preocupação nos debates
acadêmicos e empresariais. Embora não se constitua em uma idéia recente, visto que o conceito
de rede é empregado na teoria organizacional desde o começo do século XX (NOHRIA, 1992),
a união de empresas com o objetivo de obter soluções coletivas vem recebendo maior atenção
de estudos e práticas organizacionais nas últimas décadas (OLIVER e EBERS, 1998). O
propósito central das redes é reunir atributos que permitam uma adequação ao ambiente
competitivo em uma única estrutura, sustentada por ações uniformizadas, porém
descentralizadas, que possibilite ganhos de escala sem perder a flexibilidade por parte das
empresas associadas.
As redes de empresas apontam uma nova direção para o enfrentamento das pressões
competitivas, na qual as conexões entre os agentes “[...] constituem uma reflexão e um
reconhecimento da interdependência, de forma oposta à autonomia postulada pela teoria clássica
da firma” (THORELLI, 1986, p.41). Os resultados competitivos obtidos coletivamente são
elementos importantes para a delimitação do conceito de rede interorganizacional. Com base
neles, pode-se defini-la como “[...] arranjos propositais de longo prazo entre distintas, porém
relacionadas, organizações lucrativas que permitem a essas firmas ganhar ou sustentar
vantagens competitivas frente a seus competidores fora da rede” (JARILLO, 1988, p.32).
A crescente relevância que o tema redes vem adquirindo no Brasil, tanto na área
acadêmica quanto na empresarial, instigou o presente estudo, com vistas a identificar e
mensurar os principais ganhos competitivos proporcionados pelas redes de cooperação às
empresas associadas. Nesse sentido, optou-se pelo estudo do Programa Redes de Cooperação
(PRC) do Governo do Estado do Rio Grande do Sul por aglutinar grande número de redes com
estruturas organizacionais similares. Além disso, a amplitude de participantes do PRC permitiu
que a pesquisa tivesse uma ênfase quantitativa sobre o impacto da cooperação na
competitividade das empresas. O método da análise conjunta foi adotado por possibilitar a
mensuração dos ganhos competitivos das empresas envolvidas em diferentes segmentos e, além
disso, permitir também a hierarquização de cada um desses ganhos por ordem de importância.
Para alcançar o objetivo proposto, o artigo está estruturado da seguinte forma: inicia-se
com uma reflexão sobre as redes de cooperação e seus ganhos competitivos; logo após,
apresenta-se uma síntese da metodologia utilizada na pesquisa. Na seqüência, analisa-se, em
linhas gerais, o PRC. Em seguida, são apresentados os principais resultados e, ao final,
destacam-se as implicações decorrentes e as considerações finais da pesquisa.

2. GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS EM REDES DE COOPERAÇÃO

Os resultados da cooperação de empresas em redes representam um dos principais focos


de atenção dos estudos sobre as relações interorganizacionais. Apesar de não estarem
diretamente preocupados com o impacto desses resultados na ampliação da capacidade de
competição das empresas, diversos estudos demonstraram ganhos em termos de obtenção de
recursos (PFEFFER e SALANCIK, 1978) e diminuição de custos (WILLIAMSON, 1985), entre
outros. A idéia da cooperação em rede como forma de gerar e obter diferenciais para

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potencializar a capacidade de competição das empresas emergiu ao final da década de 1990, por
meio das pesquisas de Human e Provan (1997). Partindo de pesquisas anteriores, os autores
propuseram-se identificar os diferentes resultados possíveis de serem obtidos por meio de redes.
Não obstante, ao compararem os resultados das empresas associadas com os de suas
concorrentes, estabeleceram a idéia de que a participação em redes de cooperação pode ser
entendida como um instrumento de ganhos de competitividade para empresas de menor porte.
Em decorrência da percepção de que a cooperação gera ganhos competitivos para as
empresas, governos e entidades privadas ao redor do mundo, instituíram políticas de promoção
e apoio de iniciativas de redes. No Brasil, o PRC é uma das experiências mais duradouras, que
fomenta, desde 2000, no Rio Grande do Sul, a geração de um amplo e variado conjunto de redes
de cooperação. Por seu êxito, a política tornou-se foco de pesquisas e estudos de caso acerca dos
ganhos competitivos das empresas participantes. Partindo dos resultados desses estudos (BÖHE
e SILVA, 2004; MACADAR, 2004; PEREIRA, 2004; BALESTRIN, 2005; VERSCHOORE,
2006) e alinhando-os a outras contribuições seminais sobre o tema (JARILLO, 1988;
PERROW, 1992; POWELL, 1998; THOMPSON, 2003), foi possível, a priori,aglutinar, em
cinco ganhos o extenso número de variáveis que afetam a competitividade das empresas
associadas às redes. A seguir, serão apresentados esses ganhos, suas definições, o referencial
teórico de suporte, bem como uma síntese desse referencial, que orientarão a pesquisa empírica.

2.1. Escala e poder de mercado

Esse fator é definido como os ganhos obtidos em decorrência do crescimento do número


de associados da rede, ou seja, quanto maior o número de empresas, maior a capacidade da rede
em obter ganhos de escala e poder de mercado. A associação a uma rede proporciona economias
de escala pelo fato de as empresas participantes passarem a ter, entre outros diferenciais, maior
poder de negociação com seus fornecedores e parceiros (CAMPBELL e GOOLD, 1999) e maior
possibilidade de gerar marcas com reconhecimento e de obter amplitude na exposição pública
(LORENZONI e BADEN-FULLER, 1995). Os ganhos de escala e de poder de mercado
permitem às redes ampliar o potencial de barganha nas distintas relações econômicas e
possibilitam a realização de acordos comerciais em condições exclusivas (WAARDEN, 1992).
Considerando que, entre as principais razões para o êxito das grandes empresas, está o uso
deliberado do controle de mercado (PERROW, 1998) e que as empresas de menor porte não
conseguem usufruir dessa vantagem (BEST, 1990), a formação de redes desponta como uma
real possibilidade para as pequenas e médias empresas (PME) ampliarem seu poder de mercado.
Ao participar de uma rede, as empresas passam a ser percebidas com distinção em sua
área de atuação, além de receber maior crédito e reconhecimento por parte do público,
garantindo maior legitimidade nas ações empresariais e redimensionando a importância da
empresa em seu contexto institucional (DIMAGGIO e POWELL, 1983). Além disso, surgem
possibilidades para o estabelecimento profícuo de relacionamentos com “[...] universidades
locais, grandes fornecedores e agências estatais que as pequenas firmas individuais não
poderiam estabelecer” (HUMAN e PROVAN, 1997, p.383).

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GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS EM REDES DE COOPERAÇÃO

2.2. Acesso a soluções

Parte dos problemas enfrentados por uma empresa de pequeno porte pode ser superada
pelo desenvolvimento de soluções a partir da rede na qual ela se insere. Serviços de garantia ao
crédito, prospecção e divulgação de oportunidades, bem como auxílio contábil e técnico-
produtivo (BEST, 1990) podem ser internalizados pelas redes para minimizar os obstáculos
impostos às empresas. As redes de cooperação também podem suprir as necessidades de
capacitação de seus associados por meio de treinamentos e de consultorias, pois elas têm
melhores condições de identificar fragilidades comuns e encontrar soluções coletivas.
Paralelamente, as redes podem desenvolver sistemas de informação para a disseminação
eletrônica de soluções entre seus associados (ROCKART e SHORT, 1991). Assim, esse fator
diz respeito a todos os serviços, produtos e infra-estrutura disponibilizados pela rede para o
desenvolvimento de seus associados.
As soluções disponibilizadas pelas redes de cooperação também assumem a forma de
infra-estrutura e de apoio às ações de maior amplitude, facilitando ações individuais dos
associados. Essa infra-estrutura coletiva materializa o sentido dos envolvidos em pertencer ao
grupo (OLSON, 1999), fortalecendo seus vínculos e conectando-os mais intensamente à rede
(HANDY, 1997). Por fim, é importante que os associados percebam o jogo de soma positiva
que ocorre nas relações em rede para que a infra-estrutura coletiva se torne uma solução viável.
“Por exemplo: abrir mercado em outro país por si só justifica a presença de minha empresa na
rede, mesmo que minhas vendas para esse país tenham sido menores do que as das outras
empresas da rede” (BALESTRO, 2004, p.63).

2.3. Aprendizagem e inovação

As possibilidades de aprendizagem em redes ocorrem de diferentes modos. Podem, por


exemplo, se dar por meio da interação e das práticas rotineiras de colaboração (POWELL,
1998), do desenvolvimento de competências e de habilidades coletivas, ou mesmo por meio de
processos conjuntos de adaptação às exigências socioeconômicas (KRAATZ, 1998). A
cooperação nas redes permite que as empresas envolvidas acessem novos conceitos, métodos,
estilos e maneiras de abordar a gestão, a resolução de problemas e o desenvolvimento de seus
negócios (BEEBY e BOOTH, 2000). “Ela também pode ensinar as companhias a mudar seu
approach organizacional” (POLT, 2001, p.319). Na visão de Wildeman (1998), esse é o
chamado aprendizado horizontal da cooperação. O aprendizado vertical é, por sua vez, uma
segunda possibilidade das redes, ocorrendo pelo desenvolvimento de habilidades por meio da
sinergia de competências dos parceiros dentro de uma cadeia produtiva (PHAN e PERIDIS,
2000). Em outras palavras, “a aprendizagem ocorre em contextos de participação associativa em
comunidades e requer diferentes tipos de organizações e de práticas organizacionais para o
acesso a essas comunidades” (POWELL, KOPUT e SMITH-DOERR, 1996, p.142).
Paralelamente à aprendizagem organizacional, a inovação e os avanços tecnológicos,
elementos fundamentais do atual paradigma competitivo, estão cada vez mais dependentes da
estruturação de arranjos colaborativos e das redes entre empresas (ARAÚJO, 2000). As redes de
cooperação possibilitam o desenvolvimento de estratégias coletivas de inovação e apresentam a

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vantagem de permitir o rápido acesso às novas tecnologias por meio de seus canais de
informação. “Acentuando a amplitude da informação, elas criam as condições para promover
inovações, conjugando diferentes lógicas e novas combinações de informações” (POWELL,
1987, p.81). Outro ganho em termos de inovação é a redução da lacuna entre a concepção e a
execução das atividades, já que nas redes de cooperação todos estão habilitados a inovar
(PERROW, 1992). Por último, há o benefício da aproximação entre as empresas associadas, que
facilita a partilha de idéias e elimina preconceitos como “[...] a síndrome do não-inventado-aqui,
em que inovações e idéias são rejeitadas porque não foram criadas e desenvolvidas
internamente” (LORENZONI e BADEN-FULLER, 1995, p.151). Por tudo isso, tanto a
aprendizagem quanto a inovação constituem-se em ganhos das redes de cooperação. Assim,
define-se aprendizagem e inovação como o compartilhamento de idéias e de experiências entre
os associados e as ações de cunho inovador desenvolvidas em conjunto pelos participantes.

2.4. Redução de custos e riscos

Esse fator refere-se ao benefício de dividir entre os associados os custos e os riscos de


determinadas ações e investimentos que são comuns aos participantes. Como qualquer outra
organização, as empresas associadas em redes de cooperação possuem custos internos e
externos, inclusive para o estabelecimento, a manutenção e o gerenciamento de suas
interdependências (EBERS e GRANDORI, 1997). Embora não seja possível eliminá-los por
completo, a formação de redes reduz sensivelmente a incidência de custos entre os associados.
Isso pelo fato de que uma empresa que participa de uma rede “[...] pode incorrer em custos
menores porque captura economias de escala (ou qualquer outra fonte de eficiência) de suas
firmas associadas, o que outros competidores não conseguem obter” (JARILLO, 1988, p.35).
Portanto, a cooperação em rede, dando suporte ao empreendimento de ações conjuntas, permite
a redução de custos diversos, tais como os de produção, de transação, de informação e de
resolução de conflitos (EBERS e GRANDORI, 1997). Outro benefício da cooperação às
empresas associadas é tornar viável o compartilhamento dos riscos de ações complexas entre
todos os participantes, dividindo os custos e os resultados dos esforços coletivos (EBERS,
1997).
Por conseguinte, a redução de custos e riscos é um dos principais elementos motivadores
da cooperação em rede (PRAHALAD e RAMASWAMY, 2004). Uma das maneiras de alcançar
tais ganhos é por meio da complementaridade (RICHARDSON, 1997). Trata-se de um
elemento crucial, pois a complementaridade permite a criação de redes desenhadas para lidar
com situações complexas (MILES e SNOW, 1986). Em outras palavras, as redes facilitam o
desenvolvimento de relacionamentos que habilitam o acesso a recursos não-existentes na
empresa e também sua combinação com aqueles disponíveis na rede (KAY, 1998). “Através
desses relacionamentos com as outras partes, recursos e atividades tornam-se disponíveis e
podem ser mobilizados e explorados pela organização no sentido de melhorar o próprio
desempenho” (HÅKANSSON e SNEHOTA, 1989, p.193). Como há inúmeras dificuldades para
a geração de recursos em uma empresa, e dificuldades ainda maiores para sua aquisição
externamente, a adoção de alternativas à hierarquia e ao mercado torna-se a opção mais atrativa
(BARNEY, 1999). Por tudo isso, entende-se a complementaridade de recursos entre os

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parceiros como um dos principais benefícios da cooperação em redes (COMBS e KETCHEN,


1999).

2.5. Relações sociais

O acúmulo de confiança e capital social por um determinado grupo de pessoas


potencializa a capacidade individual e coletiva por meio de práticas colaborativas (COLEMAN,
1990). Dessa forma, um dos grandes benefícios das redes de cooperação é sua capacidade de
proporcionar, em seu interior, as condições necessárias para a emergência da confiança e do
capital social. O fator relações sociais diz respeito ao aprofundamento das relações entre os
indivíduos, ao crescimento do sentimento de família e à evolução das relações do grupo para
além daquelas puramente econômicas. De acordo com Perrow (1992), a organização de
empresas em rede configura-se como a forma organizacional mais indicada a gerar relações
sociais profícuas, por possibilitar experiências de auxílio mútuo, por abrir espaços para a
ocorrência de contatos pessoais entre os empresários e por permitir a discussão franca e aberta
tanto dos problemas quanto das oportunidades que envolvem os negócios dos participantes.
Outro ponto positivo das relações sociais diz respeito à limitação do oportunismo, visto
que “um individuo egoísta pode receber os benefícios do altruísmo de outro e não arcar com os
custos de ser generoso em retribuição” (AXELROD, 1990, p.135). Na literatura econômica, as
diferentes práticas oportunistas são combatidas por meio de salvaguardas contratuais ou do
controle burocrático instituído pelas estruturas hierarquizadas (WILLIAMSON, 1985).
Contudo, os elevados custos e a reduzida eficiência transformam esses controles burocráticos
em novos problemas. As redes de cooperação constituem uma alternativa para a redução das
ações oportunistas sem os custos burocráticos e contratuais. Essa característica das redes é
proporcionada tanto pelas salvaguardas endógenas, geradoras de pressões sociais em prol da
manutenção dos relacionamentos (RING e VAN DE VEN, 1994), quanto pelo risco da perda
dos ganhos coletivos, em decorrência de sanções ou de exclusão da rede (LADO, BOYD e
HANLON, 1997). Assim, o custo do comportamento oportunista é maior para as empresas
associadas em redes de cooperação (GULATI, NOHRIA e ZAHEER, 2000).
A análise das referências conceituais até aqui realizada conduziu ao estabelecimento dos
cinco ganhos competitivos das empresas em redes, os quais reúnem o conjunto de variáveis que
afetam os ganhos competitivos originados pela cooperação. Logo, as teorizações sintetizadas no
quadro a seguir pretendem orientar os procedimentos metodológicos da pesquisa, sobretudo nas
variáveis que deverão ser observadas no campo empírico, para subsidiar o alcance dos objetivos
deste artigo.

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Jorge Renato Verschoore e Alsones Balestrin

Síntese dos Ganhos Competitivos das Empresas em Redes de Cooperação

Ganhos
Definição Variáveis Referências
Competitivos
Dimaggio e Powell (1983)
Best (1990)
Benefícios obtidos em
Poder de barganha Waarden (1992)
decorrência do crescimento do
Relações comerciais Lorenzoni e Baden-Fuller
número de associados da rede.
Escala e Poder de Representatividade (1995)
Quanto maior o número de
Mercado Credibilidade Human e Provan (1997)
empresas, maior a capacidade
Legitimidade Perrow (1998)
da rede em obter ganhos de
Força de mercado Campbell e Goold (1999)
escala e de poder de mercado.
Macadar (2004)
Böhe e Silva (2004)
Capacitação
Os serviços, os produtos e a Best (1990)
Consultorias
infra-estrutura disponibilizados Rockart e Short (1991)
Marketing
Acesso a Soluções pela rede para o Handy (1997)
Prospecção de
desenvolvimento de seus Olson (1999)
oportunidades
associados. Balestro (2004)
Garantia ao crédito
Powell (1987; 1998)
Lorenzoni e Baden-Fuller
Disseminação de
(1995)
O compartilhamento de idéias e informações
Kraatz (1998)
de experiências entre os Inovações coletivas
Aprendizagem Wildeman (1998)
associados e as ações de cunho Benchmarking interno e
e Inovação Beeby e Booth (2000)
inovador desenvolvidas em externo
Phan e Peridis (2000)
conjunto pelos participantes. Ampliação de valor
Araújo (2000)
agregado
Polt (2001)
Balestrin (2005)
Miles e Snow (1986)
Jarillo (1988)
Håkansson e Snehota
Atividades
(1989)
A vantagem de dividir entre os compartilhadas
Ebers e Grandori (1997)
associados os custos e os riscos Confiança em novos
Redução de Ebers (1997)
de determinadas ações e investimentos
Custos e Riscos Richardson (1997)
investimentos comuns aos Complementaridade
Kay (1998)
participantes. Facilidade transacional
Barney (1999)
Produtividade
Prahalad e Ramaswamy
(2004)
Pereira (2004)
Williamson (1985)
Limitação do
O aprofundamento das relações Coleman (1990)
oportunismo
entre os indivíduos, o Axelrod (1990)
Ampliação da confiança
crescimento do sentimento de Perrow (1992)
Relações Acúmulo de capital
família e a evolução das Ring e Van de Ven (1994)
Sociais social
relações do grupo para além Lado, Boyd e Hanlon (1997)
Laços familiares
daquelas puramente Gulati, Nohria e Zaheer
Reciprocidade
econômicas. (2000)
Coesão interna
Böhe e Silva (2004)

3. METODOLOGIA

Definidos os fatores que aglutinam os ganhos competitivos das empresas em redes de


cooperação, tornou-se possível a verificação do grau de importância de cada fator. Sua

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GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS EM REDES DE COOPERAÇÃO

hierarquização abre caminho para maior conhecimento a respeito das empresas e dos empresários
envolvidos nas redes, suas interpretações, preferências e opiniões em relação aos ganhos das redes
que mais contribuem para a competitividade das empresas associadas. Nesse sentido, o método
estatístico mais adequado para alcançar os objetivos propostos é a análise conjunta (conjoint
analysis).
Optou-se por adotar essa análise por ser uma técnica multivariada que permite compreender
como respondentes desenvolvem preferências de importância sobre determinado fenômeno
(HAIR et al., 1998). Por meio dela, é possível identificar graus importância para determinado
conjunto de fatores, permitindo assim ordená-los hierarquicamente e realizar análises detalhadas
sobre o efetivo impacto ou a verdadeira utilidade das variáveis implícitas em cada fator. De acordo
com alguns autores Hair et al. (1998), a análise conjunta é a única técnica multivariada por meio
da qual o pesquisador primeiro constrói os fatores pela combinação de variáveis reais ou
hipotéticas, para só então apresentá-los aos respondentes. Seguindo as informações prestadas pelo
pesquisador, cabe ao respondente organizar os ganhos apresentados de acordo com sua preferência
ou opinião quanto à importância relativa de cada fator em relação aos demais.
Tendo sido definidos os cinco ganhos, partiu-se para o desenho dos estímulos de coleta, ou
seja, as combinações de níveis de ganhos identificados pelo pesquisador (MALHOTRA, 2001).
Para facilitar a tarefa de organização dos respondentes, foram atribuídos dois níveis para cada
fator: baixo e alto. Na construção dos estímulos, foram adotados dados de entrada não-métricos e
uma abordagem de perfil pleno, em que são elaborados perfis completos a partir do conjunto de
ganhos. “Tipicamente, cada perfil é descrito em um cartão índice separado” (MALHOTRA, 2001,
p.556). Como os cinco ganhos gerariam número elevado de perfis, realizou-se um planejamento
fatorial fracionário por meio do SPSS, reduzindo-os para 12 cartões de estímulo.
A coleta de dados da pesquisa ocorreu em 2005, sendo realizada pelos autores e por seus
auxiliares, os quais foram devidamente treinados para a aplicação da técnica. Selecionou-se o
grupo de respondentes aleatoriamente a partir do cadastro das empresas do PRC. Alcançou-se uma
unidade amostral de 443 respondentes, avaliada como satisfatória para os fins dessa pesquisa.
Todos os respondentes foram classificados em dois segmentos − tempo de existência e número de
associados da rede − para detalhar a análise dos resultados, que constituiu a etapa posterior do
processo. O objetivo central da análise foi identificar o grau de importância atribuído pelos
respondentes aos cinco ganhos apresentados. Primeiramente, os resultados foram analisados de
forma agregada, o que possibilitou uma visão geral representativa da população de representantes
de empresas organizadas em redes de cooperação. Em seguida, como complementação,
empreendeu-se também uma análise comparativa entre os dois grupos segmentados.

4. AS REDES DE COOPERAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL

Com base em informações fornecidas pela Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos


Internacionais (Sedai), são descritos aqui os principais pontos do PRC do Governo do Estado do
Rio Grande do Sul, responsável pela formação de mais de 120 redes de cooperação nos últimos
cinco anos. O PRC destaca-se como uma política pública direcionada a promover um
desenvolvimento sustentado, com base nas PME e no empreendimento de ações voltadas ao
fomento da cooperação e à superação dos entraves à formação e à evolução de redes entre

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Jorge Renato Verschoore e Alsones Balestrin

empresas. Cabe destacar que as redes formadas pelo PRC são constituídas por PME que se
situam geograficamente próximas, atuam em um segmento específico de mercado, relacionam-
se de forma não-hierárquica e associativa, prevalecendo a confiança mútua, e coordenam-se a
partir de mínimos instrumentos contratuais que garantam a governança.
O PRC foi concebido com três pilares de sustentação:
• uma metodologia de formação, consolidação e expansão de redes entre empresas;
• uma estrutura regionalizada de suporte à implementação do modelo de rede proposto;
• uma coordenação estadual gerida pela Sedai.

Cada pilar cumpre uma função imprescindível no desafio de criar e sustentar redes de
empresas. A metodologia de formação de redes é a base de operacionalização do PRC. Sua
elaboração objetivou proporcionar as melhores condições para o surgimento das redes,
organizando a cooperação entre as empresas interessadas. Ela sistematiza os principais passos
necessários para que empresas com características semelhantes consigam empreender ações
conjuntas com vistas a atingir objetivos comuns. As etapas da metodologia compreendem, entre
outras, a exposição da idéia, a definição de um plano de atuação conjunta das empresas, a
execução das ações previstas no plano operacional da rede e o planejamento estratégico de
longo prazo. O segundo pilar do PRC é a utilização de núcleos regionais de atuação sustentados
por convênios com diferentes universidades, as quais desempenham dois papéis relevantes: a
intermediação entre as especificidades locais e a coordenação estadual e a operacionalização da
ferramenta metodológica junto às redes de empresas. Por fim, o terceiro pilar situa-se na
coordenação estadual. Todas as ações do PRC são organizadas por uma estrutura específica
mantida na Sedai, que tem por função dar sentido integrado de política pública focada em
empreendimentos de pequeno porte e direcionada a construir um desenvolvimento regional
endogenamente determinado.
A operacionalização do PRC teve início no ano 2000. O projeto-piloto contou com uma
universidade conveniada e sete consultores capacitados, que atendiam demandas pontuais de
grupos de empresas que já manifestavam o desejo de organizar-se em redes de cooperação. Por
meio desse projeto-piloto, foi possível aprimorar a metodologia e o processo de treinamento e
acompanhamento dos consultores. Nos meses seguintes, deu-se início à fase de disseminação do
PRC, na qual foram conveniadas outras cinco universidades, contratados e capacitados 30
consultores, promovida a massificação dos instrumentos de comunicação e sensibilização de
empresas, com a criação de materiais publicitários, e realizados eventos especificamente
voltados às PME.
Em dezembro de 2003, houve a assinatura de sete novos convênios com universidades,
que aumentou para 45 o número de técnicos envolvidos com a operacionalização do PRC.
Realizando melhorias em pontos cruciais, como a metodologia de formação das redes e a
capacitação dos técnicos que assessoram as empresas, mas sem alterar os pressupostos básicos
de atuação, obteve-se um salto qualitativo e quantitativo das redes. Desde seu início, em 2000,
até 2005, foram constituídas 120 redes de cooperação com a participação de mais de 3 mil
empresas, gerando e mantendo 30 mil postos de trabalho e representando um faturamento
conjunto de aproximadamente R$ 3 bilhões (RIO GRANDE DO SUL, 2005). O PRC

10 R.Adm. Eletrônica, São Paulo, v.1, n.1, art.2, jan./jun. 2008


GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS EM REDES DE COOPERAÇÃO

estabelece-se, portanto, como uma iniciativa singular de apoio ao desenvolvimento econômico


com base em empresas de pequeno porte, sendo reconhecido inclusive por premiações nacionais.

5. ANÁLISE DOS GANHOS COMPETITIVOS

A análise apresentada a seguir abrange os resultados de uma análise conjunta aplicada em


representantes das empresas participantes do PRC. Inicialmente, pode-se afirmar que o modelo
de pesquisa adotado e a coleta de dados realizada foram bem-sucedidos. Não foi necessária a
exclusão de nenhum respondente no processo estatístico e não ocorreram reversões na
ordenação de importância dos cartões. Além disso, segundo o processamento estatístico, a
significância de 0,0000 e o coeficiente de Pearson de 0,969 reduzem a chance de incorreções na
amostra e indicam forte associação entre as variáveis dependentes e independentes envolvidas
na análise. Uma breve apreciação dos resultados do processamento dos dados referentes aos
ganhos competitivos das empresas em redes de cooperação, de acordo com a percepção dos
representantes de empresas, reafirma a importância de todos os ganhos competitivos definidos
pelos pesquisadores. Os resultados do processamento estatístico são apresentados no gráfico a
seguir.

30
Grau de Importância (%)

25

20

15
Escala e Acesso a Aprendizagem Redução de Relações
Poder de Soluções e Inovação Custos e Sociais
Mercado Riscos

Resultado da Análise Conjunta dos Ganhos Competitivos

A análise do gráfico indica relevância semelhante entre todos os ganhos competitivos


definidos pelos pesquisadores, já que a diferença entre os ganhos mais e menos importantes não
chega aos 10 pontos percentuais. Contudo, é possível identificar, na percepção dos representantes
das empresas participantes de redes de cooperação, destaque ao fator Acesso a Soluções, que é
constituído por elementos como infra-estrutura de suporte, cursos e treinamentos, consultorias e
tecnologias de informação. Esse elevado grau de importância, que alcança 26,29%, demonstra
preocupação especial dos respondentes quanto à disponibilização de serviços que dificilmente
seriam acessados por suas empresas de maneira isolada. Sob outro ângulo de análise, o percentual
obtido por Acesso a Soluções expõe o fato de que as empresas participantes de redes tendem a
preferir benefícios de curto prazo que resolvam questões e dificuldades pontuais, ou que venham a
ampliar o desempenho e a competitividade dos associados por meio de instrumentos e serviços
gerados e disponibilizados coletivamente.

R.Adm. Eletrônica, São Paulo, v.1, n.1, art.2, jan./jun. 2008 11


Jorge Renato Verschoore e Alsones Balestrin

Em uma preferência intermediária relativamente aos demais ganhos estão os de Escala e


Aprendizagem e Inovação. No primeiro caso, a possibilidade de as empresas obterem as
vantagens da escala nas relações com fornecedores e clientes e conquistarem uma maior
credibilidade em seu ambiente de negócios é um benefício salientado pelos respondentes,
atingindo o percentual de 19,99%. Esse elevado grau de importância reafirma o senso comum de
que uma das grandes vantagens de qualquer tipo de união é a possibilidade de juntar forças e
tornar-se, coletivamente, algo maior. Do ponto de vista organizacional, essa força traduz-se em
melhores negociações, ações com impacto amplo nos mercados consumidores, maior
respeitabilidade e credibilidade institucional. A importância concedida pelos representantes das
empresas evidencia que, por meio de uma rede de cooperação, as empresas conseguem ampliar
sua escala e seu poder de mercado, tornando-se, em decorrência, mais competitivas.
O que chama a atenção é a relevância dada ao fator Aprendizagem e Inovação pelos
representantes das empresas. Considerando-se o fato de que ações como compartilhamento de
informações e práticas de benchmarking, com vistas à geração e à disseminação de melhorias, são
fundamentais ao desenvolvimento de diferenciais competitivos, o percentual de 19,60% de
importância indica a clara inclinação dos participantes de redes nessa direção. Além disso,
representa mais uma comprovação empírica dos postulados teóricos sobre a capacidade de as
redes de cooperação propiciarem um ambiente favorável para a aprendizagem organizacional e as
inovações. Não obstante, é importante salientar que os representantes de empresas, beneficiários
diretos da aprendizagem e das inovações, indicaram seus elementos constitutivos como ganhos tão
importantes quanto os rotineiramente comentados ganhos de escala.
Em um nível inferior a esses dois últimos ganhos, destacou-se o fator Relações Sociais,
com 17,51% de importância segundo a unidade amostral. Esse valor demonstra que aspectos
como amizades, laços familiares e formação de um grupo social são valorizados e percebidos
como ganhos de alto grau de importância pelos representantes das empresas participantes de
redes. Diante desse fato, duas considerações são possíveis. Em primeiro lugar, observa-se que,
apesar de uma organização empresarial ter foco prioritário nas vantagens econômicas e nos
benefícios tangíveis, os envolvidos nas redes de cooperação valorizam as relações sociais como
fonte de relacionamentos pessoais e de benefícios intangíveis e não-econômicos. Em segundo
lugar, visto que o entendimento dos representantes das empresas está diretamente associado à
realidade vivenciada em suas redes, corrobora-se a idéia de que a participação em redes de
cooperação habilita seus associados a desenvolverem relações sociais permanentes e, por
conseguinte, a acumularem capital social, a gerarem um sentimento comunitário e a criarem
sólidos laços de confiança entre os membros.
Por fim, o fator Redução de Custos e Riscos destaca-se como relativamente menos
importante. O grau de 16,61% atribuído a ele pelo conjunto de respondentes demonstra a
capacidade de as redes de cooperação reduzirem custos e riscos para seus associados. Por isso, os
aspectos ligados à elevação da lucratividade e rentabilidade das empresas por meio de soluções
conjuntas foram realçados como ganhos que as redes de cooperação não devem deixar de
perseguir. Todavia, o menor percentual obtido por tal fator demonstra que a efetiva diminuição de
custos e riscos por meio de ações complementares não é tão fácil de ser percebida e realizada em
redes formadas por empresas que atuam em um mesmo segmento. Esse percentual pode ser
explicado também pelo fato de que, na percepção dos representantes de empresas, existem meios

12 R.Adm. Eletrônica, São Paulo, v.1, n.1, art.2, jan./jun. 2008


GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS EM REDES DE COOPERAÇÃO

viáveis de reduzir custos e riscos de forma isolada, independentemente da participação em uma


rede. Desse fato decorre uma comparação desigual com os demais ganhos, os quais dificilmente
são obtidos sem a participação em redes de cooperação.
No intuito de realizar uma análise mais detalhada dos ganhos que afetam a gestão de
redes de cooperação, dividiu-se em dois segmentos característicos a unidade amostral de 443 de
empresas participantes do PRC: tempo de existência da rede e número de associados. A
segmentação possibilitou compreender as diferenças de percepção entre os associados de redes
com características distintas. No que tange ao tempo de existência, a maioria dos respondentes
faz parte de redes de cooperação com menos de um ano de existência (88,2%). Do total, um
respondente foi enquadrado na escala entre 1 e 2 anos e outro não indicou sua resposta, sendo
ambos excluídos da análise, como mostra a tabela 1.

Tabela 1
Segmentação pelo Tempo de Existência da Rede

Segmentação Freqüência Percentual Percentual Percentual


Válido Cumulativo
Válidos 1. Menos de 1 ano 389 87,81 088,20 088,20
3. Mais de 2 anos 052 11,74 011,80 100,00
Total 441 99,56 100,00
Missing 0. Não informado 001 00,22
2. Entre 1 e 2 anos 001 00,22

A segmentação segundo o número de associados da rede mostrou-se mais dispersa. Entre


os 442 respondentes considerados na análise, dado que um optou por não informar sua
classificação, 49,8% são parte integrante de redes com até 15 associados e 43,4% enquadram-se
em redes entre 16 e 30 associados. Como 23 empresas fazem parte de redes de 31 a 100
integrantes e sete respondentes são membros de redes com mais de 101 associados, para a análise
ambos foram agrupados na escala denominada “mais de 30 associados” (tabela 2).

Tabela 2
Segmentação pelo Número de Associados da Rede

Segmentação Freqüência Percentual Percentual Percentual


Válido Cumulativo
Válidos 1. Menos de 15 220 49,66 049,77 49,80
2. Entre 16 e 30 192 43,34 043,44 93,20
3. Mais de 30 030 06,77 06,80 100,000
Total 442 99,77 100,00
Missing 0. Não informado 001 00,22

De acordo com a tabela 3, a percepção dos respondentes quanto aos ganhos competitivos
apresenta diferenças significativas. Observa-se que redes com menos de 15 associados
valorizam mais o fator Ganhos de Escala do que redes com maior número de associados. Essa
valorização decorre da incapacidade em obter os benefícios da escala devido ao tamanho

R.Adm. Eletrônica, São Paulo, v.1, n.1, art.2, jan./jun. 2008 13


Jorge Renato Verschoore e Alsones Balestrin

reduzido da rede e à percepção de que as empresas participantes de redes mais numerosas


acabam beneficiando-se efetivamente da maior escala e do maior poder de mercado. No outro
extremo, observa-se que as redes com mais de 30 associados valorizam em menor grau o fator
Aprendizagem e Inovação em relação às redes menores. Essas diferenças indicam que redes
mais numerosas podem ter dificuldades em congregar esforços de inovação ou mesmo em gerar
um ambiente propício ao aprendizado se comparadas com redes médias, já que o maior valor
relativo do ganho foi percebido pelas redes entre 16 e 30 associados.

Tabela 3
Grau de Importância dos Ganhos Competitivos e Número de
Associados da Rede

Número de Importância
Ganhos Competitivos Número de Associados
Respondentes Média
Menos de 15 220 21,8482
Entre 16 e 30 192 18,5145
Escala e Poder de Mercado
Mais de 30 030 15,7177
Total 442 19,9840
Menos de 15 220 23,5339
Entre 16 e 30 192 27,5848
Acesso a Soluções
Mais de 30 030 38,4170
Total 442 26,3038
Menos de 15 220 19,8625
Entre 16 e 30 192 20,0730
Aprendizagem e Inovação
Mais de 30 030 14,9707
Total 442 19,6219
Menos de 15 220 17,8827
Entre 16 e 30 192 15,5064
Redução de Custos e Riscos
Mais de 30 030 14,1053
Total 442 16,5941
Menos de 15 220 16,8727
Entre 16 e 30 192 18,3205
Relações Sociais
Mais de 30 030 16,7870
Total 442 17,4958

As divergências mais significativas encontram-se no fator Acesso a Soluções. Todas as


três classificações de número de associados entendem ser relevante esse ganho, porém o grau de
importância muda conforme o tamanho da rede. Assim, as redes pequenas, que contam com
menos de 15 associados e que, portanto, ainda não conseguem oferecer-lhes muitas soluções,
apresentam uma média de 23,53%. As redes médias, entre 16 e 30 associados, que oferecem
mais soluções, apontam uma média de 27,58%. As redes grandes, com mais de 30 associados e,
por isso, com condições de oferecer melhores soluções, alcançam a mais alta média do
benefício, ou seja, 38,42%. Essa relação direta entre o tamanho da rede e o valor atribuído a
Acesso a Soluções, juntamente com Escala e Poder de Mercado, demonstra que boa parte dos
benefícios obteníveis por meio das redes de cooperação depende do contínuo crescimento do
número de seus membros.
Seguindo a análise sobre a visão dos respondentes, torna-se fundamental identificar as
peculiaridades segundo o tempo de existência da rede. A tabela 4 explicita a convergência da

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GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS EM REDES DE COOPERAÇÃO

visão entre os dois grupos de respondentes. Em geral, tanto as empresas participantes de redes
mais jovens como as empresas participantes em redes mais maduras observam intensidade
semelhante em seus ganhos competitivos.

Tabela 4
Grau de Importância dos Ganhos Competitivos e Tempo de
Existência da Rede

Tempo de Existência Número de Importância


Ganhos Competitivos
da Rede Respondentes Média
Menos de 1 ano 389 19,5952
Escala e Poder de Mercado Mais de 2 anos 052 22,6360
Total 441 19,9537
Menos de 1 ano 389 26,2321
Acesso a Soluções Mais de 2 anos 052 26,0633
Total 441 26,2122
Menos de 1 ano 389 19,3204
Aprendizagem e Inovação Mais de 2 anos 052 22,2546
Total 441 19,6664
Menos de 1 ano 389 17,4283
Redução de Custos Riscos Mais de 2 anos 052 10,6725
Total 441 16,6317
Menos de 1 ano 389 17,4236
Relações Sociais Mais de 2 anos 052 18,3723
Total 441 17,5355

Apesar dessa semelhança geral, pequenas diferenças podem ser observadas nos ganhos
Relações Sociais, Escala e Poder de Mercado e Aprendizagem e Inovação, cujas vantagens são
mais intensamente percebidas pelos representantes de redes com maior tempo de atuação do que
os representantes das redes com menos de um ano de vida. A maior divergência está, porém, no
fator Redução de Custos e Riscos, que os respondentes de redes com menos tempo de atuação
valorizam em maior grau se comparados aos representantes das redes com mais de dois anos de
existência. Essa diferença indica que, à medida que a rede evolui, os ganhos relacionados à
simples diminuição dos custos das empresas vão sendo substituídos pelos ganhos derivados da
escala e da aprendizagem e inovação. Esses dados apontam que os ganhos competitivos das
empresas em redes de cooperação tornam-se mais complexos com o amadurecimento da rede.

6. IMPLICAÇÕES DA PESQUISA

A lógica predominante na formação de redes entre empresas centra-se no fato de que as


relações de cooperação resultam em ganhos para todos os envolvidos, que, do contrário, não
cooperariam. Assim, os ganhos competitivos alcançáveis pelas redes deslocam o tradicional
enfoque essencialmente individualista para uma concepção de resultados coletivos,
influenciando as ações e as decisões em conjunto. Nesse sentido, a identificação e a
hierarquização dos ganhos competitivos das redes podem auxiliar os avanços de gestores e de
pesquisadores no caminho para o melhor entendimento da gestão dessas organizações.

R.Adm. Eletrônica, São Paulo, v.1, n.1, art.2, jan./jun. 2008 15


Jorge Renato Verschoore e Alsones Balestrin

No que tange aos resultados desta pesquisa, o fator mais lembrado por empresários,
quando se fala em rede, é a possibilidade de ampliar a força de ação de uma empresa pela união
com outras empresas. Destacado pelos trabalhos de Lorenzoni e Baden-Fuller (1995), Human e
Provan (1997) e Perrow (1998), Escala e Poder de Mercado foi comprovado por esta pesquisa
como um ganho competitivo almejado e realizado pelas empresas participantes de redes de
cooperação. Na análise agregada dos representantes de empresas associadas às redes, seus
percentuais foram um dos mais realçados. Os resultados evidenciam que os ganhos daí
derivados são amplamente perceptíveis, independentemente do tamanho ou do número de
associados da rede. Paralelamente, Acesso a Soluções destaca-se como o fator mais importante
para os associados de redes. O elevado percentual desse fator indica que os empresários
entendem a rede como um meio de minimizar suas dificuldades individuais, ao mesmo tempo
em que reduz as dificuldades dos envolvidos. Os estudos de Best (1990) e Waarden (1992)
mostram que, em diversas iniciativas de cooperação, a possibilidade de acessar soluções por
parte dos associados já é, por si só, uma forte motivação para a formação da rede.
Entre as revelações desta pesquisa, uma das mais significativas foi a expressiva
relevância apregoada ao fator Aprendizagem e Inovação pelos representantes de empresas. Os
resultados demonstraram que, nas redes de cooperação, o ambiente favorável à aprendizagem
organizacional e à geração de inovações possibilita ganhos tão importantes que praticamente se
igualam em preferência aos relativos ao fator Escala e Poder de Mercado, identificados com
freqüência como um dos maiores benefícios das redes. Desse modo, os dados empíricos
referendam a coerência dos postulados teóricos de diversos autores, entre os quais Powell
(1998), Gulati (1998), Schibany e Polt (2001), Hämäläinen e Schienstock (2001).
A possibilidade de reduções de custos e de riscos por meio das redes de cooperação está
vastamente documentada pelas publicações que abordam o tema (EBERS e GRANDORI, 1997;
JARILLO, 1988; PRAHALAD e RAMASWAMY, 2004). Esta pesquisa contribuiu com as
discussões a esse respeito, ao evidenciar, com fundamento nas análises quantitativas, a
importância do fator Redução de Custos e Riscos para os envolvidos nas redes originadas
através do PRC. Embora com graus inferiores a outros ganhos, os representantes de empresas
manifestaram que a Redução de Custos e Riscos é desejada e alcançada pelas empresas em
redes de cooperação. O benefício das Relações Sociais foi incluído no rol de ganhos estudados
em decorrência dos múltiplos trabalhos teóricos que demonstram o impacto de aspectos como
confiança e capital social no desenvolvimento socioeconômico e organizacional (GAMBETTA,
1988; COLEMAN, 1990; PUTNAM, 1996). A pesquisa realizada evidenciou a capacidade de as
redes gerarem as condições necessárias ao fortalecimento dos laços de relacionamento entre
seus participantes, confirmando os postulados teóricos de autores como Perrow (1992),
Fukuyama (1995), Gulati, Nohria e Zaheer (2000), entre outros.
As evidências relativas aos cinco ganhos competitivos das empresas em redes de
cooperação apresentadas permitem desenvolver um esquema analítico de compreensão do
fenômeno baseado em duas características determinantes em qualquer rede de cooperação:
tempo de existência e número de associados. O esquema exposto na figura a seguir tem por
objetivo orientar e facilitar o entendimento sobre a geração de ganhos competitivos pelas redes
de cooperação. Na figura, organizam-se os ganhos estudados conforme as seguintes evidências
desta pesquisa:

16 R.Adm. Eletrônica, São Paulo, v.1, n.1, art.2, jan./jun. 2008


GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS EM REDES DE COOPERAÇÃO

• a escala e o poder de mercado dependem diretamente do crescimento do número de


associados e do amadurecimento da rede;
• o acesso a soluções pode ser efetivado desde os primeiros momentos da rede, sendo
ampliado à medida que cresce o número de associados da rede;
• a aprendizagem e a inovação, por serem fruto de um envolvimento, amiúde dependem do
amadurecimento da rede;
• a redução de custos e riscos é visada com maior ênfase pelas redes pequenas e jovens que,
em geral, buscam ganhos imediatos;
• o amadurecimento da rede intensifica suas relações sociais, enquanto o crescimento do
número de associados afeta negativamente a obtenção desse ganho.

Ganhos de
Acesso a Escala e Poder
Número de Associados da Rede

Soluções de Mercado

Redução de Aprendizagem e
Custos e Inovação
Riscos

Relações Sociais

Anos de Existência da Rede

Esquema Conceitual: Ganhos Competitivos das Empresas em Rede

Conforme consta na figura, pode-se afirmar que a geração de ganhos competitivos das
redes de cooperação está fortemente condicionada a seu tamanho e a seu tempo de atuação. As
redes ainda em vias de consolidação, com pouco tempo de existência, apontam ter como
prioridade buscar reduções de custos e oferecer soluções a seus associados. Alguns ganhos,
como as relações sociais e a aprendizagem e inovação, são obtidos com o amadurecimento da
rede e, por isso, situam-se mais à direita da figura. No canto superior esquerdo, está posicionado
o fator Acesso a Soluções, uma vez que a quantidade e, principalmente, a qualidade das
soluções proporcionadas pela rede dependem do crescimento do número de participantes. O
fator Escala e Poder de Mercado situa-se no canto superior direito da figura, indicando que seus
reais benefícios somente serão alcançáveis à medida que haja evolução conjunta do tamanho e
do tempo da rede.

R.Adm. Eletrônica, São Paulo, v.1, n.1, art.2, jan./jun. 2008 17


Jorge Renato Verschoore e Alsones Balestrin

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As postulações teóricas e as evidências empíricas apresentadas na pesquisa aqui relatada


visam contribuir com os crescentes debates acerca do fenômeno da cooperação em rede. Os
resultados da pesquisa podem ser considerados, inclusive, como ponto de partida para novas
investigações. Em relação às práticas administrativas, destacaram-se o surgimento e o
crescimento de novas estruturas interorganizacionais no contexto brasileiro. Em relação às
políticas públicas, os resultados evidenciaram que a promoção da cooperação por meio de redes
constitui um caminho viável para o desenvolvimento das economias locais. No âmbito da gestão
de PME, os resultados apontados pela pesquisa indicam que a cooperação em rede pode ser uma
alternativa a ser considerada na busca e na sustentação de ganhos competitivos.
Especificamente no que tange às teorias organizacionais, os resultados da pesquisa
permitiram melhor compreensão dos ganhos competitivos das empresas organizadas em redes
de cooperação. Os resultados obtidos a partir dos dados coletados e processados estatisticamente
apontaram importância semelhante entre os cinco ganhos identificados, na seguinte ordem:
acesso a soluções; escala e poder de mercado; aprendizagem e inovação; relações sociais;
redução de custos e riscos. A segmentação da amostra possibilitou, ainda, avançar no
entendimento dos ganhos conforme o tempo de existência de uma rede e seu tamanho,
habilitando os pesquisadores a proporem um esquema conceitual de análise dos ganhos
competitivos das empresas em redes de cooperação.
Mesmo que os resultados apresentem algumas limitações, sobretudo por restringirem-se
ao contexto das redes desenvolvidas no Rio Grande do Sul, suas evidências empíricas sugerem
que as redes poderão fortalecer a competitividade das empresas envolvidas. No entanto, para
uma sólida comprovação dessas evidências, os autores estão aprofundando suas pesquisas com
o objetivo de complementar as discussões e as teorizações sobre o fenômeno das redes. Entre as
possibilidades de análises futuras, destaca-se a correlação dos resultados com outras variáveis
de controle, como o tamanho da empresa e seu tempo de participação em rede e seu grau de
envolvimento e o setor de atuação da rede. Além disso, pesquisas que demonstrem o impacto
dos ganhos competitivos nas empresas participantes vis-à-vis as empresas não inseridas em
redes seriam contribuições relevantes para o avanço do conhecimento na área. Para finalizar,
deve-se destacar que o tema redes interorganizacionais está despertando crescente interesse de
acadêmicos, empresários e governantes, especialmente pela possibilidade de gerar e sustentar o
desenvolvimento e a competitividade de empresas e regiões. Nesse sentido, abre-se um leque de
necessidades e de oportunidades para pesquisas e estudos para a comunidade acadêmica
brasileira.

18 R.Adm. Eletrônica, São Paulo, v.1, n.1, art.2, jan./jun. 2008


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