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O papel dos Stakeholders-chave no Parque Científico e Tecnológico Chapecó@

Cleiver Muczinski

Resumo
Este trabalho teve como objetivo analisar o papel dos stakeholders-chave na construção, implementação
e funcionamento do Parque Científico e Tecnológico Chapecó@, ressaltando a importância de estuda-los.
O modelo de pesquisa utilizado foi a pesquisa bibliográfica e a entrevista semiestruturada por meio da
técnica snowball. A pesquisa contribuiu na identificação dos stakeholders, enquanto o referencial teórico
apresenta quem são os stakeholders e explica algumas das categorias usadas para classifica-los. Diante
disso foi possível perceber que a Universidade, o Governo e as Empresas são os stakeholders-chave do
Parque Tecnológico e há uma cooperação entre eles, seguindo um modelo que incentiva a inovação, o
desenvolvimento econômico chamado de Hélice Tríplice. Os resultados encontrados são os seguintes: a
Universidade tem a função de esclarecer a importância e a incumbência dos stakeholders no parque
tecnológico, assim como auxiliar os acadêmicos por meio de mais bolsas de pesquisa e empregos, e
também incentivar a criação de novas empresas pelos mesmos; o Governo tem a função de fornecer
recursos para construção do parque, atrair investimentos e incentivar a criação de empresas locais; As
empresas têm a função de contratar estudantes, criar contatos de pesquisa, visando a inovação de produtos
e serviços.
Palavras-chave: Stakeholder. Parque Tecnológico. Hélice Tríplice.

1 Introdução
Hoje em dia muitas organizações e projetos ainda não prestam a devida atenção aos stakeholders,
não sabendo classificá-los e muitos menos a sua importância. Os stakeholders são um grupo de pessoas
que podem afetar positivamente ou negativamente, de maneira direta ou indireta, um projeto ou uma
organização, há os stakeholders-chave que são considerados os de maior poder. O termo stakeholder foi
criado por um filósofo chamado Robert Edward Freeman e tem-se tornado cada vez mais comum.
Com o aumento da cultura empreendedora (capacidade de uma pessoa de identificar
oportunidades), a busca pelo conhecimento e inovação, os Parques Tecnológicos nasceram, e vem
evoluindo constantemente (SPOLIDORO; AUDY, 2008). São habitats de pesquisa em amplas áreas de
conhecimento, gerando novas tecnologias, contribuindo no desenvolvimento econômico e social da
região.
Diante desta problematização, a questão que norteará este estudo é a seguinte: Qual o papel dos
stakeholders-chave no Parque Científico e Tecnológico Chapecó@? Por que é necessário estuda-los? Por
que eles são importantes? Quais os benefícios que eles trazem?
Deste modo, este trabalho estrutura-se a partir da introdução, em segundo momento será
apresentado o referencial teórico relativo à importância dos stakeholders, assim como o conceito de
parques tecnológicos, na terceira seção será retratada a metodologia da pesquisa, na quarta seção será
apresentado os resultados da pesquisa e por fim as considerações finais.

2 Referencial Teórico
2.1 A importância dos stakeholders para as organizações

As organizações são complexas e sujeitas a muitas influências, algumas delas sendo relacionadas
a fatores externos. Estas influências devem ser consideradas possíveis oportunidades e/ou riscos e, da
mesma forma, contemplados no planejamento estratégico. E se os fatores internos e externos forem
pessoas? Pessoas também podem ser imprevisíveis (PEREIRA, 2017).
Conforme Keeling e Branco (2014) os stakeholders, também compreendido como
“interessados”1, são as pessoas que de alguma forma, serão (ou se consideram) afetados pelo projeto,
sendo de forma positiva ou negativa. Para Seles (2015, p. 40), “Deve haver atenção aos interesses e bem-
estar daqueles que podem ajudar ou dificultar as organizações no alcance de seus objetivos.”
Para Sousa e Almeida (2003, p.145), a definição de stakeholder é a seguinte, “são os que
influenciam a empresa e, em visão mais ampliada, aqueles que são influenciados por ela no curso de suas
atividades”.
Segundo Oliveira (2008, p. 94), stakeholders podem ser definidos como “[...] grupos de interesse
com certa legitimidade que exercem influência junto às empresas” e que pressionam proprietários,
acionistas e gestores, interferindo, de certa forma, nos rumos da empresa.
O Ponto central da teoria dos stakeholders é a advertência, dirigida às organizações, de que
comandar os stakeholder abrange a atenção e não simplesmente aumentar os lucros dos acionistas.
(SELES, 2015).
Como se pode observar, há uma ampla gama de enfoques quando o conceito são os stakeholders,
suas diferenças geralmente variam a partir dos diferentes níveis de importância que estes exercem nas
organizações.
A discussão sobre quem são os stakeholders de uma organização e qual a relevância de cada
grupo, traz um desafio teórico e empírico (MARCHIORI, 2010), pois como já abordado, temos inúmeros
conceitos, alguns mais específicos para empresas e projetos, e outros mais vastos.
Na perspectiva instrumental se fundamentam duas premissas: 1) firmas mantêm relações
contratuais com seus stakeholders e 2) a função dos administradores profissionais é a de monitorar esses
contratos (MARCHIORI, 2010).

1
Neste estudo os termos Stakeholders e interessados são utilizados como sinônimo.

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Na perspectiva empírico/descritiva, a ponto principal é descrever e analisar as formas pelas quais
os gestores lidam com as demandas dos stakeholders, na hipótese de que sua atuação é relevante e deve
ser efetuada de maneira proativa (MARCHIORI, 2010).
De acordo com Sousa e Almeida (2003, p.145), stakeholders podem ser classificados como
passivos e ativos: a) Passivos: caracterizados como involuntários, visto que “tem direito sobre a empresa
para que não sejam infringidas liberdades ou perdas”. Podemos citar como passivos, os acionistas e
investidores, as comunidades com as quais as empresas lidam, as associações empresariais, as instâncias
do governo, sindicados, ONGs e a imprensa; b) Ativos: Aqueles que estão envolvidos voluntariamente
com a organização e com ela têm uma relação de reciprocidade. Um exemplo são os proprietários,
empregados, consumidores, fornecedores e concorrentes.
Para Marchiori (2010, p.194) “uma das principais dificuldades empíricas a superar é a definição
de quem são os stakeholders de uma organização.” Existem quatro grandes grupos de stakeholders:
acionistas, empregados, consumidores e público em geral (PRESTON, 1990 apud MARCHIORI, 2010).
Para Campos (2006), um dos conceitos das organizações é atender a um segmento particular de
stakeholders: os acionistas. Os demais interessados são importantes na medida em que puderem contribuir
para a geração de lucros. Já outro conceito, não há interesses mais importantes ou mais legítimos que
outros.
Também precisamos falar sobre aqueles que são as pessoas mais importante para um projeto, os
stakeholders-chave. Conforme Project Builder (2015), “os stakeholders-chave são aqueles impactados
diretamente pelo projeto ou que têm um alto grau de influência sobre a iniciativa”. Então para sobreviver,
as empresas traçam metas, isso faz parte de um processo estratégico de administração, elas visam o
relacionamento com os stakeholders atuais e em potencial. Essas metas devem considerar o impacto
potencial dos stakeholders nas empresas.
Destaca-se que existem stakeholders que trazem benefícios para as organizações e seu projeto,
enquanto outros trazem problemas, estes podem ser divididos em positivos e negativos. Para Keeling e
Branco (2014), os interessados positivos vão usar seu poder de influência para ajudar o projeto e melhorar
seu desempenho. Estes trazem vantagens para a organização.
“Por outro lado, interessados negativos irão, se possível, trabalhar para que o projeto não seja bem-
sucedido. Negligenciar as partes interessadas negativas e sua capacidade de influenciar pode ser desastroso
para o projeto.” (KEELING; BRANCO, 2014, p. 66).
Com isso percebemos que os interessados têm um papel importante nas organizações e nos
projetos a desempenhar, sejam eles benéficos, ou sejam desvantajosos, com isso deve-se aumentar a
precaução deste último.

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Sendo stakeholder ativo, passivo, positivo ou negativo, entre outras classificações, todos têm
extrema importância. Segundo Seles (2015, p. 41) “Cada stakeholder possui um papel diferente, assim
como importância, perante as organizações.”
Para identificar o papel dos Interessados, é preciso identificar o stakeholders-chave. “Por isso, é
fundamental que todos os envolvidos — tanto impactantes como impactados — sejam consultados
durante o processo de desenvolvimento da solução.” (PROJECT BUILDER, 2015). Para que os
stakeholders possam ser identificados, de maneira confiável com base em sua posse do poder, legitimidade
e urgência, são os gestores da organização, que determinam quais stakeholders são salientes e, portanto,
que receberão atenção da administração. (SELES, 2015). Resumindo, é possível identificar os interessados
se baseando nos atributos, sendo eles o “Poder”, “Legitimidade” e “Urgência”, conforme a figura 1.
Figura 1 - Tipos de stakeholders

Fonte: MITCHELL et al., 1997 apud SELES, 2015.

Seles (2015) apresenta uma classificação para o conceito de interessados em três definições e
subclasses.
• Stakeholder latente: é aquele stakeholder que possui apenas um atributo, possuindo baixo
interesse pelos gestores, ou até mesmo ser desconhecidos por estes. (SELES, 2015).
Dentro desta classe, existem as seguintes subclasses:
o Stakeholder adormecido: o atributo predominante nesta subclasse é o poder. Um
interessado passivo tem poder suficiente para impor sua vontade sobre o
projeto/organização, mas por não possuir um relacionamento legal a mesma ou
urgência, esse poder permanece desperdiçado. No entanto, devido ao seu
potencial para adquirir um segundo atributo, os gerentes devem monitorá-los
(MITCHELL et al., 1997 apud SELES, 2015).

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o Stakeholder arbitrário: Nesta subclasse, o atributo presente é a ligação legítima
com a empresa/projeto. Por não possuir poder, ou sequer urgência, o stakeholder
desta classe não coloca pressão alguma nos gestores. (SELES, 2015).
o Stakeholder reivindicador: O atributo que prevalece nesta é a urgência. São os
interessados que têm reinvindicações urgentes, mas sem poder e sem
legitimidade, não possuem voz para serem ouvidos pelos gestores. (SELES,
2015).
• Stakeholder expectante: São aqueles que possuem uma combinação de dois atributos,
sendo assim, têm relevância aos gestores. (SELES, 2015). Esta classe se divide em duas
subclasses, estas são:
o Stakeholder dominante: Os atributos nesta classe são o poder e a legitimidade,
fazendo destes stakeholders extremamente importantes. (SELES, 2015).
o Stakeholder dependente: Nesta subclasse, os atributos que predominam são a
legitimidade e a urgência. Estes interessados dependem dos gestores (ou de
outros stakeholders) para serem ouvidos. (SELES, 2015).
o Stakeholder perigoso: Nesta classe, os atributos que os stakeholders possuem são
o poder e a urgência, que tem a possibilidade de se tornarem violentos, mesmo
sendo coagidos, por não possuírem legitimidade. (SELES, 2015).
• Stakeholder definitivo: Esta classe é a mais importante para os gestores, pois possuem
poder, urgência e legitimidade. Um stakeholder que tem tanto o atributo poder quanto a
legitimidade, já é um agente saliente para a organização, agora com os três atributos, ele
é altamente relevante. (SELES, 2015).

2.2 Parque Tecnológico


Na literatura sobre este conceito encontram-se definições similares tanto para Parques
Tecnológicos, como para Parques Científicos, Tecnópole, Polo Setorial e Polos Tecnológicos, entre outras
denominações pertinentes. Ainda não existe um acordo, em ambiente internacional, quando se discute este
conceito (SPOLIDORO; AUDY, 2008).
O primeiro Research Park (Parque Tecnológico) foi o da Universidade de Stanford, este
estimulou em âmbito internacional, a busca pela replicação do parque, e o modelo do ambiente do Vale
do Silício (SPOLIDORO; AUDY, 2008).

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Existem várias definições para Parque Tecnológico (PqTs), algumas são mais complexas e
amplas, mas todas têm elementos envolvendo tecnologia, educação e inovação. No Brasil, a Associação
Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), traz duas definições.

(a) um complexo produtivo industrial e de serviços de base científico-tecnológica, planejado, de


caráter formal, concentrado e cooperativo, que agrega empresas cuja produção se baseia em
pesquisa tecnológica desenvolvida nos centros de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) vinculados
ao parque. (b) um empreendimento promotor da cultura da inovação, da competitividade, do
aumento da capacitação empresarial, fundamentado na transferência de conhecimento e
tecnologia, com o objetivo de incrementar a produção de riqueza de uma região.

Pode-se dizer também que parques Tecnológicos são iniciativas implantados em áreas públicas
ou privadas, tendo em sua área de abrangência entidades cientificas e tecnológicas (universidades e
institutos de pesquisa) de empresas privadas. (STEINER et al., 2008).
Têm vários pontos positivos em possuir um PqTs nas redondezas, pois ele auxilia na aceleração
de novos conhecimentos, aumento considerável de startups, gerando novos empreendedores. Conforme
Vedovello et al. (2006), os Parques Tecnológicos representam a capacidade potencial dos processos de
integração entre o conhecimento científico-tecnológico de base acadêmico-universitária e o mundo
empresarial. Isso acontece através da/o:

1) facilitação à transferência de informação, conhecimento e tecnologia entre stakeholders


relevantes ao processo de inovação; 2) criação e fortalecimento de micro, pequenas e médias
empresas de base tecnológica e a subsequentes ganhos de competitividade dessas empresas; 3)
geração de empregos e 4) aumento da cultura e da atividade empreendedoras, em particular as de
caráter tecnológico. (VEDOVELLO et al., 2006, p. 116).

Mesmo havendo vários conceitos de Parque Tecnológico, eles sempre terão os mesmos objetivos,
estes são: “(1) gerar empregos; (2) estabelecer novas empresas; (3) facilitar a interação entre universidades
e empresas localizadas nos parques, e (4) favorecer a difusão de novas ou de alta tecnologia.”
(VEDOVELLO et al., 2006).
Com isso, pode-se perceber a importância que os Parques Tecnológicos têm, tanto em meio
acadêmico, ajudando as universidades a crescer, como melhorando a cultura dos stakeholders, aumento
de interesse por parte dos acadêmicos pela pesquisa, o aumento de empregos, provocados pelas criações
de novas microempresas, assim como o aumento de empresas consolidadas, usando o meio acadêmico
para melhorar seus produtos e serviços.

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3 Metodologia
Neste trabalho realizou-se entrevistas semiestruturada, usando a metodologia snowball (bola de
neve) para coletar dados qualitativos sobre stakeholders-chave do Parque Cientifico e Tecnológico
Chapecó@.
Para Alves e Silva (1991), uma entrevista se trata de definir os interesses do entrevistador, que têm
conexão direta as suas suposições teóricas e contatos prévios com a realidade sob estudo. Sendo que
existem várias formas de entrevistas que são aplicadas em pesquisas, cada uma com sua particularidade.
Conforme Boni e Quaresma (2005), os tipos de entrevistas mais usados são a entrevista estruturada,
semiestruturada, aberta, entrevistas com grupos focais, história de vida e também a entrevista projetiva.
“As entrevistas semiestruturadas combinam perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem
a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto.” (BONI; QUARESMA, 2005, p. 75). Estas produzem
um grande volume de dados, pelo modo que a conversa avança entre pesquisador e entrevistado.
As pesquisas qualitativas lidam com significados, motivações, valores e crenças, e estes não
podem ser facilmente reduzidos às questões quantitativas, porque respondem a noções muito particulares
(MINAYO, 2002).
Segundo Baldin e Munhoz (2011), a técnica metodológica chamada de snowball (bola de neve),
é uma técnica de amostragem que utiliza corrente de referência, como um tipo de rede. Ou seja, é uma
técnica que leva à novas entrevistas por meio de indicação dos entrevistados anteriores.
“Essa técnica é uma forma de amostra não probabilística utilizada em pesquisas sociais onde os
participantes iniciais de um estudo indicam novos participantes que por sua vez indicam novos
participantes e assim sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo proposto (o ‘ponto de saturação’).”
(BALDIN; MUNHOZ, 2011, p. 332). Com base nesse tipo específico de amostragem não é possível
determinar a probabilidade de seleção de cada participante na pesquisa. (VINUTO, 2015). Ou seja, a
metodologia bola de neve é muito útil quando há dificuldade em identificar entrevistados em potencial.
As entrevistas começaram com a escolha de uma pessoa chave para idealizar o parque tecnológico
e se sucederam com a técnica snowball, indicando um novo entrevistado, as entrevistas se sucederam até
que os dados coletados se tornaram saturados. Foram entrevistadas 3 pessoas.

4 Resultados
O presente trabalho buscou compreender quem são os stakeholders-chave do Parque Científico e
Tecnológico Chapeco@, assim como quais são seus papéis na construção, implementação e
funcionamento do mesmo.

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O projeto do parque nasceu através do governo estadual de Santa Catarina em 2013, este está
criando uma rede de inovação, através da construção de 12 novos Parques Tecnológicos no Estado. O
Parque Científico e Tecnológico Chapecó@ foi idealizado através do modelo Hélice Tríplice, onde a
universidade, empresas e o governo trabalham juntos, visando à produção de novos conhecimentos,
inovação, tecnologia e desenvolvimento econômico. O governo estadual entrou com recursos, por meio
de edital, e o governo municipal está fazendo a obra, enquanto o terreno que era da universidade, foi doado
à prefeitura, e após a conclusão da obra, a prefeitura passará a governança do parque para a universidade,
e as empresas são aquelas que se aproveitarão da pesquisa e da inovação, para gerar empregos e capital na
região.
Então podemos determinar que os stakeholders-chave são a universidade, o governo, e as
empresas, pois são esses que sofrem interferência direta do projeto, e tem um alto grau de influência sobre
o projeto. Desde o início do projeto teve uma comissão que fez ele sair do papel, com uma composição
parecida com o que foi comentado sobre a Tríplice Hélice, cerca de 12 (doze) pessoas, sendo elas
representantes de diferentes entidades, fazendo parte do segmento Universidade-Governo-Empresas.
O modelo da Hélice Tríplice2 nasceu das ações da Universidade-Indústria-Governo da Nova
Inglaterra, a partir da década de 1920, para renovar uma economia industrial em declínio. (ETZKOWITZ;
ZHOU, 2017). Para Etzkowitz e Zhou (2017), as interações universidade-indústria-governo, que
compõem a Hélice Tríplice de inovação e empreendedorismo, são a chave para o desenvolvimento social
e o crescimento econômico sustentados pelo conhecimento. Essa abordagem é fundamentada na
perspectiva em que a Universidade serve como indutora das relações com as empresas (representam o
setor produtivo) e o governo (representa o setor fomentador da atividade econômica), visando à produção
de novos conhecimentos, inovações tecnológicas e ao desenvolvimento econômico. Ou seja, cada hélice
depende da outra para obter sucesso, com isso todas se desenvolvem com mais facilidade, trazendo
benefícios a todos os envolvidos, inclusive a outros stakeholders, como estudantes e a própria população
da região.
A partir dos dados apontados na pesquisa, no ponto de vista da universidade, podemos classifica-
la como stakeholder ativo, pois ela tem grande importância dentro do projeto, sendo uma das composições
da Hélice Tríplice, além de considerar um stakeholder definitivo segundo o modelo descrito por Seles
(2015). A universidade tem um papel estratégico e totalmente vinculado à visão do Parque (SANTANA;
HANSEN, 2016), ela é responsável por vários papeis, alguns deles segundo os entrevistados são:
• Demonstrar a importância de um Parque Tecnológico a todos os interessados,
• Simplificar a conexão da própria universidade com as empresas,

2
Neste estudo os termos Tríplice Hélice e Hélice Tríplice são sinônimos.

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• Aumentar as pesquisas, visando novas tecnologias para auxiliar empresas consolidadas e
novas;
• Incentivar a criação de novas empresas pelos acadêmicos;
• Criar bolsas e empregos para pesquisadores e estudantes;
• Esclarecer as funções dos stakeholder envolvidos ou afetados pelo Parque Tecnológico;
• Governança do Parque Tecnológico.
Com base nas entrevistas, o Governo, da mesma forma que a universidade integra a Hélice
Tríplice, é um stakeholder ativo, assim como definitivo segundo a categorização usada por Seles (2015).
Para Santana e Hansen (2016), o Governo tem a visão para que haja um crescimento em nível regional e
até mesmo em nível nacional, ele tem grande importância desde o início do projeto, portanto foi possível
identificar os seguintes papéis do Governo, conforme os entrevistados eles são:
• Fornecer os recursos necessários para a construção da obra;
• Atrair investimentos para a região;
• Melhorar a economia local;
• Incentivar a criação de empresas por meio de políticas governamentais;
• Utilizar alianças regionais, nacionais e internacionais para a formação de novas empresas
de base tecnológica.
Assim como o Governo e a Universidade, as Empresas formam a Tríplice Hélice, elas são
consideradas a hélice que representa o setor produtivo, então podemos classifica-las como stakeholders
ativo, e segundo a classificação usado por Seles (2015) são stakeholders definitivos. Com base nas
entrevistas os papéis das empresas são:
• Criar contratos de pesquisa e desenvolver, por meio de pesquisa produtos e serviços
inovadores;
• Contratar estudantes, recém graduados, assim como engenheiros e cientistas mais
experientes;
• Promover a interação entre os centros de pesquisa;
• Estimular o crescimento de novas empresas de base tecnológica que iniciaram suas
atividades fora do parque;
• Utilizar os equipamentos e laboratórios universitários, para testes tanto quanto para a
produção;
• Gerar a cooperação entre as empresas para promover benefícios mútuos.
Os pontos abordados nesta seção são derivados das entrevistas semiestruturadas realizadas durante
a pesquisa. Os resultados obtidos mostram os papéis de cada stakeholder-chave na construção,

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implementação e funcionamento de um parque tecnológico, embora o Parque Científico e Tecnológico
Chapecó@ está em fase de construção e implementação, determinados resultados são refletidos no ponto
de vista dos entrevistados com base em outros parques de sucesso, assim como em referências
bibliográficas que exemplificam os papéis de cada stakeholder-chave. Entretanto há uma dificuldade no
momento da implantação, normalmente acontece em qualquer parque tecnológico, esse problema é a falta
de clareza dos stakeholders compreenderem quais são os seus respectivos papéis dentro do parque. Mas
esta dificuldade está sendo resolvida pela universidade.

5 Considerações Finais
Com base nos resultados obtidos através da pesquisa é possível concluir que os stakeholders-
chave do Parque Cientifico e Tecnológico Chapecó@ são as Empresas (representando o setor produtivo),
o Governo (representando o setor fomentador da atividade econômica) e a Universidade (representando o
setor de ensino e pesquisa). Esta conexão entre eles pode ser chamada de Hélice Tríplice, onde cada ator
é uma hélice que progride internamente e ao mesmo tempo, coopera com as outras, auxiliando no
desenvolvimento econômico e social região.
Este trabalho expôs as funções de cada stakeholder-chave na construção, implementação e
funcionamento do Parque Cientifico e Tecnológico Chapecó@. Por exemplo a Universidade tem o
compromisso de mostrar a importância de um parque tecnológico para a sociedade, assim como esclarecer
a função de cada um dentro deste parque, quais os benefícios em fazer o seu uso, bem como aumentar as
pesquisas, para gerar novas tecnologias, auxiliando no aumento de bolsas de pesquisa para acadêmicos e
professores, como também deve incentivar o empreendedorismo e ajudar na criação de novos empregos.
Já o Governo tem o comprometimento de atrair investimento para a região, tanto incentivar a criação de
empresas locais por meio de políticas governamentais, com isso a economia local sofrerá
desenvolvimento, como fornecer os recursos para a construção do parque. E por fim as Empresas têm o
dever de criar contratos de pesquisa, visando o desenvolvimento ocasionados pelas pesquisas de novos
produtos e serviços, assim como contratar estudantes e recém graduados para auxiliar nessas pesquisas,
provocando a evolução profissional destes, além da possibilidade de utilizar os ambientes de inovação e
pesquisa do parque e da universidade para testes tanto quanto para produção.
Por fim, com base nos resultados da pesquisa é possível concluir que estudar os stakeholders é
uma coisa extremamente importante e benéfica para qualquer empresa ou projeto, pois somente
analisando quem são eles, entendendo como eles podem afetá-las e descobrindo qual a sua importância, é
capaz de saber quais os benefícios e prejuízos que eles geram. Para completar, os stakeholders-chave
apresentaram somente benefícios para o Parque Científico e Tecnológico Chapecó@, pois seguindo o
modelo de Tríplice Hélice na implantação, todos os interessados aproveitarão do desenvolvimento gerado

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pelo parque. Portanto a problematização apresentada no início do trabalho, que norteou este trabalho foi
respondida com sucesso.

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Curso de Engenharia de Produção .

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