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Contabilidade financeira
Sumário
CAPÍTULO 3 – Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado.......................................05
Introdução.....................................................................................................................05
3.1.1 Ativos..............................................................................................................06
3.1.2 Passivos...........................................................................................................09
Síntese...........................................................................................................................26
Referências Bibliográficas.................................................................................................27
03
Capítulo 3
Balanço Patrimonial e
Demonstração do Resultado
Introdução
Você já ouviu falar de balanço patrimonial? Sabe o que significa? A origem da palavra balanço
vem da expressão latina bi-lancis, que significa balança de dois pratos. Hoje, as balanças são
digitais, mas, há algum tempo, as balanças tinham dois pratos: em um deles colocava-se a mer-
cadoria a ser pesada e, no outro, os pesos de 50 g, 100 g, 200 g (gramas), ou de 1 kg, 2 kg,
3 kg (quilos). O equilíbrio da balança é que determinava o peso da mercadoria. Portanto, nesse
sentido, balanço patrimonial significa equilíbrio do patrimônio: ativo = passivo + patrimônio
líquido.
O balanço patrimonial é uma das principais demonstrações contábeis utilizadas por contadores,
empresários, gestores e investidores. As outras são a demonstração do resultado, demonstração
de fluxo de caixa e demonstração das mutações do patrimônio líquido. O balanço também é
conhecido como a demonstração da posição financeira da empresa.
O balanço patrimonial apresenta a posição financeira da empresa no final de uma data espe-
cificada. Também pode ser descrito como uma fotografia da posição financeira da empresa em
um determinado momento no tempo. Por exemplo, os valores apresentados no balanço datado
de 31 de dezembro de 2014 refletem a fotografia do patrimônio da empresa após ter registradas
todas as transações até 31 de dezembro.
Dessa forma, o balanço patrimonial permite que os usuários possam ver o que uma empresa pos-
sui, bem como o que deve a outras partes a partir da data indicada no título. Esta é uma valiosa
informação para um banqueiro que precisa decidir sobre a concessão de crédito ou empréstimos
adicionais para a empresa. Outros usuários que podem estar interessados nas informações do
balanço patrimonial são investidores atuais, investidores potenciais, gestores da empresa, forne-
cedores, clientes, concorrentes, órgãos governamentais e sindicatos.
Esta seção explicará os ativos e passivos do balanço patrimonial e, na seção seguinte, será apre-
sentado o patrimônio líquido.
A explicação do balanço patrimonial será iniciada com dois componentes principais: ativos e
passivos.
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Contabilidade financeira
BALANÇO PATRIMONIAL
Circulante Circulante
Caixa, bancos,
Fornecedores,
aplic. de curto 300 1.500 1.200 5.500 5.300 -200
salários
prazo
Contas a rece-
700 1.000 300
ber
Estoque 300 500 200 Não circulante
Financiamento
Não circulante 5.800 4.900 -900
a longo prazo
Investimento
500 700 200
permanente
Patrimônio
Imobilizado
líquido
3.1.1 Ativos
Ativos são bens e direitos que a empresa possui, adquiridos por meio das transações. São as apli-
cações de recursos na empresa que têm valor econômico e que podem ser medidas e expressas
em unidades monetárias. Os ativos também incluem os custos pagos antecipadamente que ainda
não expiraram, como a publicidade, seguros e aluguel.
Exemplos das contas de ativos que são relatados no balanço patrimonial de uma empresa são:
caixa (dinheiro), bancos, investimentos temporários, contas a receber, estoques, seguro pago
antecipadamente, terrenos, obras de melhoria, edifícios, equipamentos, veículos, etc.
Como você já viu anteriormente, em geral, as contas de ativo terão saldos devedores.
Contas dedutivas são contas de ativo com saldos credores e estão sempre relacionadas a outra
conta de ativo da qual são redutoras. Exemplos de contas de ativos dedutivas são: provisão para
devedores duvidosos, depreciação acumulada-prédios, depreciação acumulada-equipamentos,
exaustão acumulada, etc.
06 Laureate- International Universities
• Classificações de ativos no balanço
Os contadores preparam balanços com as contas classificadas e apresentadas em grupos distin-
tos. As classificações de ativos e sua ordem de apresentação no balanço são:
• ativos circulantes;
• ativos não circulantes;
»» realizável a longo prazo;
»» investimentos;
»» ativos intangíveis;
»» outros ativos.
• Ativos circulantes
Os ativos são definidos como os bens e direitos que uma empresa possui, dos quais se esperam
benefícios futuros. Existem dois principais tipos de ativos: ativos circulantes e não circulantes.
Dentro dessas duas categorias, existem alguns grupos ou subgrupos de contas.
Ativos circulantes são bens e direitos que uma empresa possui, suscetíveis de serem utilizados ou
convertidos em dinheiro dentro de um ciclo de negócios – definido como um ano. Os itens mais
comuns nessa categoria são: caixa e equivalentes de caixa, investimentos de curto prazo, contas
a receber, estoques e outros ativos circulantes.
• Contas a receber
Pense nas duplicatas que uma empresa envia a seus clientes por produtos vendidos ou serviços
prestados e que espera receber dentro do próximo ano. Em outras palavras, estas são as vendas
registradas na demonstração do resultado que ainda não foram recebidas. As contas a receber
podem ser apresentadas como um valor líquido que a empresa espera receber, havendo a pos-
sibilidade de alguns de seus clientes não pagarem suas duplicatas. O valor dos recebíveis que
a empresa prevê que não receberá é conhecido como provisão para devedores duvidosos. A
provisão para devedores duvidosos diminui o valor das contas a receber e também aumenta as
despesas da empresa – conhecidas como despesas com devedores duvidosos.
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Contabilidade financeira
• Estoques
Há muitos tipos diferentes de estoques, incluindo matérias-primas, produtos parcialmente acaba-
dos e produtos acabados à espera de serem vendidos. É importante prestar atenção nas empre-
sas fabricantes e varejistas que possuem grandes quantidades de estoques físicos.
O valor dos estoques mostrados no balanço patrimonial de uma empresa merece especial aten-
ção ao leitor do balanço patrimonial. Similares às contas a receber, as variações de saldos são
geralmente relacionadas com as vendas de uma empresa, ou, mais especificamente, o lucro
bruto – preço de venda menos o custo do estoque vendido – que faz de cada venda. Se os ní-
veis de estoque estão crescendo muito mais rápido do que as vendas de uma empresa, ela está
produzindo ou comprando mais bens do que pode vender, o que pode forçá-la a reduzir os seus
preços, resultando em menores lucros para cada item vendido e menor rentabilidade. Em alguns
casos, existe a possibilidade de ter que reduzir os preços para níveis inferiores ao custo do pró-
prio estoque, resultando em prejuízo.
• Imobilizado
Estes ativos representam os tijolos e a argamassa de uma empresa: terrenos, edifícios, mobiliário,
equipamento, entre outros. O valor de imobilizado no balanço é geralmente o expresso líquido
de depreciação acumulada, o montante total da depreciação registrada contra os ativos ao lon-
go de sua vida útil. Muitas vezes, edifícios no valor de milhões de reais são demonstrados por
valores irrisórios devido à depreciação acumulada. Da mesma forma, o valor real da terra de
uma empresa, que é registrado no imobilizado por seu preço de aquisição, pode valer exponen-
cialmente mais do que aquilo que está registrado.
• Ativos intangíveis
Ativo intangível é um ativo não monetário identificável, não pode ser tocado nem tem substância
física. Exemplos de ativos intangíveis são: software, licenças, marcas, patentes, direitos autorais,
direitos de exibição de filmes. Um item é reconhecido como intangível, de acordo com o CPC 04,
3.1.2 Passivos
Passivos são obrigações da empresa; são contas que representam valores devidos aos credores
para uma transação passada e normalmente levam a expressão a pagar no seu título. Junto com
capital próprio, o passivo pode ser considerado como uma origem dos recursos dos ativos da
empresa. As contas do passivo também podem significar uma reivindicação de terceiros contra
o patrimônio da sociedade. Por exemplo, no balanço de uma empresa, pode haver ativos de
R$ 100.000, passivos de R$ 40.000 e capital próprio de R$ 60.000. A origem dos ativos da
empresa são credores/fornecedores em R$ 40.000 e o capital dos sócios em R$ 60.000. Os
credores/fornecedores podem fazer uma reivindicação contra os ativos da empresa no valor de
R$ 40.000, e os proprietários podem reivindicar o que restar depois de pagos os credores.
O passivo também inclui contas para valores recebidos antecipadamente por vendas ou serviços
futuros. Se o valor recebido, registrado em caixa, ainda não foi realizado, a empresa adia o re-
gistro das receitas e registra um passivo como adiantamento de clientes.
Exemplos de contas do passivo relatados no balanço de uma empresa são: contas a pagar,
salários e encargos a pagar, empréstimos a pagar, juros a pagar, Imposto de Renda a pagar,
adiantamento de clientes, processos a pagar, obrigações a pagar, etc.
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Contabilidade financeira
As contas do passivo normalmente terão saldos credores, enquanto as contas redutoras do pas-
sivo terão saldos devedores. Um saldo devedor em uma conta de passivo é uma exceção ao seu
habitual saldo credor.
Exemplos de contas redutoras do passivo são: títulos descontados, desconto sobre títulos a pagar,
etc.
As contas que representam obrigações e suas contas redutoras são classificadas em grupos do
balanço. As classificações dos passivos e sua ordem de apresentação no balanço são:
• passivo circulante;
• passivo não circulante.
As obrigações que empresa deve pagar no prazo de um ano são conhecidas como passivo circu-
lante. Os principais itens com os quais você deve se preocupar nesta categoria são: fornecedo-
res, empréstimos bancários e outras contas a pagar de curto prazo.
• Fornecedores
A conta fornecedores representa o que a empresa deve por bens ou serviços que adquiriu a pra-
zo e ainda não foram pagos. É o oposto de contas a receber e, de um modo geral, os analistas
gostam de ver as tendências opostas para os dois itens. Por exemplo, com valores a receber,
prefere-se uma empresa que cobre o que é devido o mais rápido possível. No entanto, se uma
Patrimônio do proprietário é o direito dele sobre os ativos da empresa. Se o negócio for uma
sociedade unipessoal, o patrimônio líquido também é conhecido como a conta de capital do
proprietário.
• Conceito
O patrimônio líquido contém as contas que representam os recursos dos sócios ou acionistas da
empresa. Assim como os passivos, pode ser pensado como uma fonte de recursos da empresa.
O patrimônio líquido muitas vezes é chamado de valor contábil da empresa, porque a parte dos
proprietários é igual ao montante de ativos reportados subtraído do montante de obrigações da
empresa.
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Contabilidade financeira
O capital próprio também pode ser chamado de valor residual de ativos menos passivos. Essas
referências fazem sentido se você pensar na equação básica da contabilidade:
Exemplos de contas do patrimônio líquido são: capital social, capital a realizar, reservas de ca-
pital, lucros acumulados, reservas de lucros.
As contas do patrimônio líquido, assim como as contas do passivo que ficam do lado direito do
balanço patrimonial, normalmente terão saldos credores.
Por sua vez, as contas redutoras do patrimônio líquido são uma categoria de contas patrimoniais
com saldos devedores. Um saldo devedor em conta do patrimônio líquido é contrário à natureza
desse grupo. Um exemplo de conta do patrimônio líquido com saldo devedor é a conta capital
a realizar, que será uma conta redutora da conta capital social. Outro exemplo é o resultado
negativo da empresa, ou seja, suas operações deram prejuízo e esse resultado está subtraindo
recursos dos proprietários ou acionistas.
• Capital aberto
São as empresas que emitem títulos (ações) a serem negociados em bolsa de valores ou em
mercado de balcão (corretoras, instituições financeiras) e que possuem registro na Comissão
de Valores Mobiliários (CVM). Uma empresa com capital aberto precisa ainda contar com uma
instituição financeira que realize a intermediação.
• Capital fechado
São as empresas menores, com patrimônio inferior ao exigido pela CVM e que, por isso, não
emitem ações a serem negociadas.
Uma parte dos lucros de uma sociedade anônima deve, obrigatoriamente, ser dividida entre os
acionistas. São os chamados dividendos. A outra parte deve ser dividida para compor a chama-
da reserva legal e a reserva para contingências. A porcentagem do lucro a ser dividida entre os
acionistas é a que estiver estabelecida pelo estatuto, ou deve ser decidida em assembleia, não
podendo, segundo a lei, ser menor do que 25% do lucro líquido.
Os cargos administrativos em uma empresa S/A podem ser ocupados por pessoas que não são
acionistas da empresa. No entanto, somente os acionistas votam nas eleições para o conselho
de administração.
A propriedade de uma empresa é representada por ações. Quando um proprietário investe di-
nheiro na empresa em uma oferta inicial de ações, a empresa registra o recebimento (aumento)
de dinheiro e um aumento na conta capital realizado do patrimônio líquido. Essa conta repre-
senta a quantidade de capital que veio dos proprietários. A outra parte do patrimônio líquido é
lucros acumulados, que é o lucro obtido até a data que não foi distribuído aos proprietários por
meio de pagamentos de dividendos. Dessa forma, capital realizado consiste em ações contabili-
zadas e pagas em contas de capital.
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Contabilidade financeira
• ações ordinárias: todas as empresas devem ter ações ordinárias, pois essa classe de
ações tem direito de voto;
• Ações em tesouraria
Este item mostra o quanto uma empresa recomprou de suas próprias ações. Quando são com-
pradas ações da própria empresa, são registradas pelo seu custo de recompra em uma conta
chamada ações em tesouraria. A empresa que deseja comprar suas próprias ações, que tenham
sido previamente emitidas, deve adquirir no mercado ao preço de mercado atual, o que geral-
mente é superior ao seu preço de emissão original.
As transações relacionadas a ações próprias de uma empresa não podem envolver quaisquer ga-
nhos ou perdas e não podem ter qualquer efeito sobre a demonstração de resultados, que relata
os resultados das operações. Isso é para evitar a manipulação dos lucros reportados por meio
de transações relacionadas a ações próprias de uma empresa. O risco de abuso de informação
privilegiada para obter ganhos pessoais é muito grande.
Todas as transações relacionadas a ações próprias de uma empresa serão registradas somente
nas contas do balanço patrimonial e afetam os ativos (dinheiro) e contas patrimoniais. Ações
em tesouraria é considerada uma conta de patrimônio líquido invertida e está listada na última
seção. Por ser uma conta invertida, é subtraída para determinar patrimônio total.
Há várias razões para uma empresa querer comprar suas próprias ações. Por exemplo, precisar
de ações para satisfazer plano de obrigações com empregados quando todas as ações autoriza-
das foram emitidas.
• Dividendos
Dividendos são distribuições aos acionistas da empresa e são baseados no valor do capital legal
e/ou uma quantidade de ações em circulação. Podem ser distribuídos com pagamentos em di-
nheiro ou com ações adicionais de estoque chamado de dividendos de ações.
Os dividendos são pagos quando a empresa tem lucros retidos suficientes e dinheiro em caixa.
A quantidade pode ser expressa como um valor por ação, que é multiplicado pelo número de
ações em circulação para determinar o total pago, ou como uma porcentagem, que é calculada
multiplicando a taxa percentual pelo valor do capital das ações em circulação. Esse evento deve
reduzir os ativos e o patrimônio da empresa.
Veja um exemplo no caso prático a seguir: a WEG é uma empresa, sediada em Santa Catarina,
que vende motores, soluções de energia, tintas e vernizes para o mundo inteiro, de forma que
50% de suas receitas vêm de suas exportações.
O gráfico a seguir mostra a evolução da política de dividendos da WEG nos últimos oito anos:
656
575 560 587
549 520 462
503
375
339
299 301 300 306
229
Em R$ milhões
Pela leitura do gráfico, fica claro que os proventos pagos por essa empresa multiplicaram-se
significativamente no período, saltando de R$ 229 milhões em 2006 para R$ 462 milhões em
2013, ou seja, um aumento de mais de 100%.
Observando as colunas em azul-claro (dividendos), você percebe que nesses oito anos a empresa
diminuiu a distribuição de dividendos em apenas uma ocasião: 2009, ano intimamente ligado a
condições macroeconômicas excepcionais causadas pela crise financeira internacional de 2008,
fora do alcance da própria empresa.
Nos outros sete anos, os acionistas de WEGE3 (código da ação da WEG na Bovespa) só viram
sua rentabilidade crescer. Parece interessante ter ações de empresas que pagam tantos dividen-
dos, não é verdade?
Antes de seguir a leitura, responda: você sabe qual é a importância da demonstração do resul-
tado?
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Contabilidade financeira
Observe que a demonstração do resultado mostra as receitas, despesas, ganhos e perdas; não
mostra os recebimentos nem os pagamentos em dinheiro.
É necessário prestar atenção à rentabilidade de uma empresa por muitas razões, por exemplo,
se uma empresa não for capaz de operar lucrativamente, a última linha da demonstração do
resultado indicará um prejuízo líquido, consequentemente, os bancos ou credores podem hesitar
em dar mais crédito para a empresa. Por outro lado, em uma empresa que opera lucrativamente,
a última linha da demonstração do resultado indica um lucro líquido, demonstrando sua capaci-
dade de utilizar os recursos emprestados e investir de forma bem-sucedida. A capacidade de uma
empresa operar lucrativamente é importante para os credores atuais e potenciais investidores,
credores, gestores da empresa, concorrentes, órgãos governamentais, sindicatos e outros. Veja
um exemplo de demonstração do resultado.
Nota
2014 2013
explicativa
É importante que você não confunda receitas com recebimentos. Sob o regime de competência
de exercícios, as receitas de serviços e as receitas de vendas são mostradas na primeira linha
da demonstração do resultado do período em que os produtos são entregues ou os serviços são
executados para o cliente, e não no período em que ocorre o recebimento do dinheiro. Para
simplificar o raciocínio, as receitas ocorrem quando são ganhas ou realizadas, e os recebimentos
ocorrem quando o valor da receita é recebido.
Reforçando a distinção entre as receitas e os recebimentos com mais alguns exemplos, lembre-se
de que todos os exemplos a seguir utilizam o regime de competência de exercícios.
• A Lavanderia Lava Bem toma emprestados R$ 10.000 de seu banco por meio da assinatura
de uma nota promissória com vencimento em 90 dias. A empresa terá um recebimento de
R$ 10.000 no momento em que receber o empréstimo, mas não tem receitas, porque não
ganhou dinheiro pela execução de um serviço ou da venda de um produto.
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Contabilidade financeira
Como acontece com as receitas operacionais, as receitas não operacionais são relatadas na
demonstração de resultados durante o período em que foram auferidas, e não quando recebidas.
As receitas operacionais e não operacionais ocorrem quando uma venda é feita ou quando são
ganhas. As receitas são frequentemente contabilizadas antes de receber o dinheiro.
Veja este exemplo: suponha que um varejista de vestuário decidiu alienar o carro da empresa e
vendeu por R$ 6.000. Os R$ 6.000 que recebeu da venda do carro não serão incluídos em re-
ceitas de vendas porque a conta de vendas é usada apenas para a venda de mercadorias. Como
esse varejista não está no ramo de compra e venda de carros, a venda do carro está fora de ati-
vidades primárias da empresa. Ao longo dos anos, o custo do carro foi depreciado nos registros
contábeis da empresa e, como resultado, o valor recebido pelo carro, R$ 6.000, foi maior do
que o montante líquido que consta nos registos contábeis, que era de R$ 3.500. Isso significa que
a empresa tem de demonstrar um ganho igual ao valor da diferença, que, nesse caso, é de R$
2.500. Esse ganho não deve ser classificado como receita de vendas nem deve ser demonstrado
como parte das atividades primárias da empresa. Em vez disso, o ganho será exibido em uma se-
ção da demonstração do resultado chamada de lucros não operacionais ou outros rendimentos.
É comum que as despesas ocorram antes que a empresa pague para elas, por exemplo, os
salários auferidos por funcionários, bônus aos funcionários e férias e comissões de vendas. No
entanto, algumas despesas ocorrem depois que a empresa pagou por elas, como, por exemplo,
uma empresa compra um edifício em 31 de dezembro de 2013 por R$ 300.000, excluindo o cus-
to do terreno. A vida útil do edifício é estimada em 30 anos. A empresa pagou em dinheiro pelo
edifício em 31 de dezembro de 2013, mas registrará a despesa de depreciação de R$ 10.000
em cada um dos anos de 2014 até 2043.
Os pagamentos em dinheiro nem sempre indicam a ocorrência de uma despesa, por exemplo,
uma empresa pode pagar R$ 20.000 ao banco para reduzir o seu empréstimo bancário. Esse
pagamento reduzirá o caixa da empresa e sua obrigação para com o banco, mas não é uma
despesa.
Algumas despesas são comparadas com as vendas na demonstração de resultados, porque existe
uma ligação de causa e efeito, venda da mercadoria causou o custo dos produtos vendidos e as
despesas de comissão de vendas. Outras despesas não estão diretamente ligadas às vendas e,
como resultado, são comparadas com o período contábil, quando são consumidas ou utilizadas,
como, por exemplo, despesa de serviços públicos, despesas de salários de escritório e despesas
de depreciação. Algumas despesas, tais como as despesas de publicidade e as despesas de pes-
quisa e desenvolvimento, não podem nem ser relacionadas com vendas nem com um período
contábil específico e, como resultado, elas são relatadas como despesas assim que ocorrem.
As perdas, tais como a perda com a venda de ativos de longo prazo ou a perda sobre ações
judiciais, resultam de uma transação que está fora de atividades primárias de uma empresa. A
perda é relatada pelo valor líquido entre o valor contábil dos livros da empresa menos a receita
da venda, ocorrendo perda quando as receitas são inferiores ao valor contábil.
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Contabilidade financeira
= Alterações em caixa
Note que cada uma das três fontes de fluxos de caixa pode ser positiva ou negativa.
Cia. Universal
Demonstração do fluxo de caixa
2014
(em R$ 1.000)
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Contabilidade financeira
Sub-
Reserva
Ágio na venções Reserva Lucros
Capital para Reserva
Componentes emissão para estatu- acumu- Total
realizado contin- legal
de ações investi- -tária -lados
-gência
-mentos
Saldo em
700.000 125.000 100.000 - 200.000 100.000 290.000 1.515.000
31.12.2011
Ajustes de exer-
- - - - - - (3.000) (3.000)
cícios anteriores
Aumento de
1.300.000 250.000 - - - - - 1.550.000
capital:
Por subscrição
343.00 - - - - - - 1.550.000
realizada
Com lucros e
343.000 - - - (140.000) - (203.000) -
reservas
Lucro líquido do
- - - - - - 800.000 800.000
exercício
Destinações
propostas pela - - - - -
administração
Reserva estatu-
- - - 350.000 - - (350.000) -
tária
Dividendo a dis-
tribuir (R$ 0,08 - - - - - - (200.000) (200.000)
por ação)
Saldo em
2.343.000 375.000 100.000 350.000 160.000 150.000 184.000 3.662.000
31.12.2012
A demonstração das mutações do patrimônio líquido mostra o movimento das reservas de capi-
tal, reservas de lucros, reservas para contingências, reserva estatutária e reserva legal, relatadas
no balanço patrimonial da entidade no início do período e ao final do período. A demonstra-
ção inclui, portanto, a mudança nas reservas de capital decorrentes de problemas de capital e
resgates, os pagamentos de dividendos, o lucro líquido ou prejuízo apurado na demonstração
do resultado, juntamente com os ganhos ou as perdas reconhecidos diretamente no patrimônio
líquido, por exemplo, reserva de reavaliação.
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Contabilidade financeira
A DVA, em sua primeira parte, deve apresentar de forma detalhada a riqueza produzida pela
entidade por meio dos seguintes componentes: vendas de mercadorias, produtos e serviços,
outras receitas e a constituição ou reversão da provisão para créditos de liquidação duvidosa,
diminuídas dos insumos adquiridos de terceiros: custos das matérias-primas, embalagens, outros
materiais, mercadorias, energia, outras utilidades, serviços e outros.
A segunda parte da DVA deve apresentar de forma detalhada como a riqueza obtida pela enti-
dade foi distribuída. Os principais componentes dessa distribuição estão apresentados a seguir:
remuneração dos recursos humanos, remuneração dos emprestadores de capital, governo e
remuneração do capital próprio. Daí os detalhes do tipo pessoal, impostos, taxas e contribuições,
juros, aluguéis, juros sobre o capital próprio (JSCP), dividendos e lucros destinados às reservas, etc.
No exemplo da Tabela 5, veja o valor adicionado gerado pelo Grupo Volkswagen no ano em
análise foi de 19,2% menor do que no ano anterior.
2013 2012 *
Receita das vendas 197.007 192.676
Outras receitas 13.994 24.642
O custo de materiais -127.089 -122.450
Depreciação e amortização -14.686 -13.135
Outros gastos iniciais -21.027 -22.070
Valor adicionado 48.198 59.663
2013 % 2012 * %
Aos acionistas (dividendos) 1.871 3,9 1.639 2,8
Uma primeira nota pode explicar o método de contabilização utilizado pela empresa ao elaborar
suas demonstrações, como, por exemplo, o método utilizado para a depreciação de seus ativos.
A empresa pode destacar como avalia seus estoques pela média ponderada ou pelo Peps – pri-
meiro a entrar, primeiro a sair.
Quando as demonstrações contábeis envolvem informação financeira não apenas de uma em-
presa, mas também de suas subsidiárias, merecem uma nota explicativa.
A empresa pode detalhar nas notas explicativas seus empréstimos, informando o prazo de venci-
mento e as demais condições para que o leitor tenha a informação completa do endividamento
da empresa.
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Síntese Síntese
Neste capítulo, você:
• entendeu que o ativo é o conjunto de bens e direitos e suas contas são classificadas em:
ativos circulantes e ativos não circulantes;
• viu que o passivo é o conjunto de obrigações da empresa e suas contas são classificadas
em: passivos circulantes e passivos não circulantes;
• aprendeu que as receitas primárias são chamadas de receitas operacionais e são aqueles
ganhos provenientes da atividade principal da empresa;
• viu que os custos da venda são deduzidos da receita líquida da empresa, obtendo-se o
lucro bruto, ou seja, o lucro antes das despesas operacionais;
• estudou que as sociedades de capital aberto emitem ações que são negociadas em bolsas
de valores, isto é, quando você compra uma ação, é como se estivesse comprando um
pedaço da empresa ou se tornando sócio dela;
• soube que a demonstração do valor adicionado mostra as fontes dos fundos gerados pela
empresa e sua distribuição entre os participantes do negócio: empregados, acionistas,
governo, credores e a própria empresa;
• viu que as notas explicativas são essenciais para detalhar e melhorar a informação para
os usuários das demonstrações contábeis, esclarecendo todos os procedimentos utilizados
em sua preparação.
EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Edi-
tora Altas, 2011.
PERIN, L. O. Importância das notas explicativas. Administradores, [s. l.], 7 jul. 2014. Dis-
ponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/academico/importancia-das-notas-
-explicativas/78628/>. Acesso em: 20 jun. 2015.
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