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FICHAMENTO LIVRO ‘SIMULACRO E PODER – Uma análise da Mídia’

(Marilena Chauí) SP: Fundação Perseu Abramo, 2006

Em tempos pasados, cabia aos jornais a tarefa noticiosa, e um jornal era


fundamentalmente um orgao de noticias. Sem dúvida, um jornal possuia
opinioes e as exprimia: isso era feito, de um lado, pelos editoriais e por artigos
de não-jornalistas, e de outro, pelo modo de apresentação da notícia (escolha
das manchetes e do “olho”, do tamanho do texto etc.) (Chauí, 2006, p. 12)

Gradualmente desaparece uma figura esencial do jornalismo: o jornalismo


investigativo, que cede lugar ao jornalismo assertivo ou opinativo. (p. 13)

Rápido, barato, inexato, partidarista, mescla de informações aleatoriamente


obtidas e pouco confiáveis, não-investigativo, opinativo ou assertivo, detentor
da credibilidade e da plausibilidade, o jornalismo se tornou protagonista da
destruição da opinião pública.

OK!
Em latim, “meio” se diz medium e, no plural, “meios” se diz media. Os primeiros
teóricos dos meios de comunicação empregaram a palavra latina media. Como
eram teóricos de língua inglesa, diziam: mass media, isto é, os meios de
massa. A pronúncia, em inglês, do latim media é “mídia”. Quando os teóricos
de língua inglesa dizem “the media”, estão dizendo: “os meios”. Por
apropriação da terminologia desses teóricos no Brasil, a palavra “mídia” passou
a ser empregada como se fosse uma palavra feminina no singular – “a mídia”
(CHAUÍ, 2006: 35).

Dez regras de manipulação do noticiário televisivo, segundo Umberto Eco em


Viagem à Irrealidade Cotidiana. (p. 49 do livro Chauí)

(…) não nos debe espantar a inversão entre realidade e ficção produzida pelos
meios. O noticiário nos apresenta um mundo irreal, sem geografia e sem
história, sem causas nem consequências, descontínuo e fragmentado. (p.51)

Os meios de comunicação nos satisfazem porque nada nos pedem, senão que
permaneçamos para sempre infantis. (p. 53)

O problema é saber quem tem a gestão de toda a massa de informações que


controla a sociedade, quem utiliza esas informações, como e para que as
utiliza. (p.59)

A multimídia potencializa a indistinção entre as mensagens e entre os


conteúdos. Como todas as mensagens estão integradas em um mesmo padrão
cognitivo e sensorial, os conteúdos se misturam e se tornam indiscerníveis.(…)
“Em suma, como nas mídias tradicionais, o simbólico é devorado pelas
imagens, os contextos semánticos são fragmentados e unificados com a
mistura de sentidos aleatórios.” (p. 70)
Ok!
A ideologia contemporânea é invisível porque não parece construída nem
proferida por um agente determinado, convertendo-se em um discurso anônimo
e impessoal, que parecer brotar espontaneamente da sociedade como se fosse
o discurso do real. “A eficacia do discurso veiculado pelos meios de
comunicação decorre do fato de que ele não se explicita senão parcialmente
como discurso político e isso lhe confere generalidade social. (LEFORT, 1982
apud CHAUÍ, 2006, p. 75)

Como determinar o lugar social em que as representações ideológicas ou o


imaginário ideológico são efetivamente produzidos? Pensamentos que a
ideologia invisível só se torna compreensível como exercício de poder se a
considerarmos por outro prisma, aquele que temos denominado com a
expressão ideologia da competencia. (p. 76)

Em outras palabras, o discurso ideológico pode aparecer como discurso do


social porque o social aparece constituído e regulado por essa racionalidade.
(idem)

A ideologia da competencia pode ser resumida da seguinte maneira: não é


qualquer um que pode em qualquer lugar e em qualquer ocasião dizer qualquer
coisa a qualquer outro. O discurso competente determina de antemão quem
tem o direito de falar e quem deve ouvir. (p. 76)

Enquanto discurso do conhecimento, essa ideologia opera com a figura do


especialista. Os meios de comunicação não só se alimentam dessa figura, mas
não cessam de instituí-la como sujeito da comunicação.

Ideologicamente, o poder da comunicação de massa não é igual ou


semelhante ao da antiga ideologia burguesa, que realizaba uma inculcação de
valores e ideias. Dizendo-nos o que devemos pensar, sentir, falar e fazer,
afirma que nada sabemos e seu poder se realiza como intimidação social e
cultural. (p. 77) Um dos mecanismos que a torna possível, segundo Chauí, é
sua manifestação reiterada na estrutura dos meios de comunicação. (p. 78)

O poder ideológico-político se realiza como produção de simulacros.(p. 78)

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