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PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS


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Este material é destinado exclusivamente aos alunos da Fundação Milton Campos e foi produzido pelo
Centro Universitário IESB, contém informações e conteúdos protegidos e cuja divulgação é proibida por
lei. O uso e/ou reprodução total ou parcial não autorizado deste conteúdo é proibido e está sujeito às
penalidades cabíveis, civil e criminalmente.

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Porto Alegre, 01 de março de 2017

Caros Progressistas,

O êxito na atividade pública depende de planejamento e fixação de prioridades. A


Fundação Milton Campos tem a satisfação de anunciar o início de nossos projetos para as próximas
eleições. Pretendemos, desde logo, investir tempo e recursos no treinamento de candidatos e
assessores, pois acreditamos que a melhor política é feita com conhecimento, profissionalismo e
responsabilidade. Assim, gostaria de recomendar, particularmente, a leitura deste material
didático, que constitui o fundamento de nosso programa de Educação à Distância, relativo às
atividades pertinentes ao desempenho de candidatas e candidatos.
A Fundação Milton Campos levou algum tempo para dispor de uma plataforma de
comunicação e educação que permitisse alcançar nossos militantes e filiados em todos os recantos
do país.
Estamos convencidos que a Educação à Distância é a melhor alternativa. Os resultados
colhidos no ciclo eleitoral de 2015-2016 não deixam dúvida sobre sua eficácia. Hoje, estamos
oferecendo cursos em praticamente todas as áreas de administração pública e do marketing
político: do direito eleitoral à política nacional de resíduos sólidos, passando pela prestação de
contas, licitações e outros. A Fundação Milton Campos oferece, portanto, um cardápio amplo de
opções para a formação política.
Todas essas opções, sempre à disposição, nos horários de sua conveniência e sem custo
para quem estuda. Não há mais barreiras para quem deseja melhorar sua formação para tornar
seu trabalho político, mais eficiente e útil à sociedade.

Senadora Ana Amélia Lemos - PP/RS


Presidente da Fundação Milton Campos

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SUMÁRIO

Introdução.....................................................................................................................................5!
Aula 1 | Fundamentos Constitucionais do Dever de Prestar Contas ........................................6!
1.1. Fundamentos Constitucionais do Dever de Prestar Contas ........................................................6!
1.2. Fundamentos de Governança ........................................................................................................9!

Aula 2 | Instâncias de Controle da Administração Pública ..................................................... 13!


2.1. Fundamentos do Controle da Administração Pública............................................................... 13!
2.2. Instâncias de Controle da Administração Pública ..................................................................... 15!

Aula 3 | Prestação de Contas – Parte 1: Presidente da República, Governadores, Prefeitos e


Dirigentes Máximos dos Demais Poderes ............................................................................... 21!
3.1. Prestação de Contas Anuais do Presidente da República, Governadores e Prefeitos ............ 21!
3.2. Prestação de Contas Anuais dos Demais Chefes de Poderes .................................................... 29!

Aula 4 | Processo de Prestação de Contas – Parte 2: Ministros, Secretários (Estados e


Municípios) e Dirigentes de Entes da Administração Indireta .............................................. 30!
4.1. Julgamento das Contas pelos Tribunais de Contas ................................................................... 30!

Aula 5 | Processo de Prestação de Contas – Parte 3: Convênios, Fundos e Demais Ajustes


com o Poder Público.................................................................................................................. 40!
5.1. Convênios, Fundos e Demais Ajustes com o Poder Público ...................................................... 40!
5.2. Tomada de Contas Especial (TCE)................................................................................................ 43!

Referências................................................................................................................................. 47!

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INTRODUÇÃO

Olá, estudante, seja bem-vindo(a) ao curso de Prestação e Tomada de Contas (EAD), elaborado pelo
Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB).

A prestação responsável de contas é considerada um dos fundamentos do Estado


democrático de direito, no qual a relação entre as pessoas e instituições é definido
pela existência de direitos e deveres definidos aplicáveis a todos.

O dever de prestar contas é mundialmente conhecido pelo termo da língua inglesa


accountability, que significa a obrigação atribuída às pessoas ou entes aos quais tenham
sido confiados recursos e poderes diversos, todavia com o compromisso de cumprir com
as responsabilidades fiscais e gerenciais que lhes foram conferidas, bem como informar
continuamente os resultados atingidos a quem lhes delegou esse poder.
(TCU, 2014)

O assunto ganhou relevância nacional com o processo de impeachment


da então presidente da República Federativa do Brasil, Dilma Vana
Rousseff, ocorrido em 2016. Uma vez que o parecer prévio relativo às
contas anuais de 2014 proferido pelo Tribunal de Contas da União (TCU)
foi de fundamental importância para o respectivo julgamento,
prerrogativa constitucional do Congresso Nacional. Fonte: http://tinyurl.com/o9jsv5t

Esse processo está ilustrado na reportagem disponível no link a seguir.


Entenda de vez o julgamento das contas de Dilma no TCU.
http://tinyurl.com/y8dglk2n

Além dos reflexos para a atividade política, na perspectiva da avaliação dos resultados positivos da
atuação dos governantes, há um forte aspecto legal relacionado com o dever de prestar contas no
sentido da responsabilização de agentes públicos e privados que venham a adotar condutas
consideradas como irregulares pelos órgãos de controle, fator que torna o estudo desse tema muito
importante para aqueles que atuam ou que postulam atuar no setor público.

Vamos então começar nossas aulas?

Bons estudos!

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Acesse o material de estudo, disponível no Ambiente Virtual de


Aprendizagem (AVA), e assista à videoaula.

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Aula 1 |!FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO DEVER DE PRESTAR


CONTAS

Olá, estudante, bem-vindo(a) à nossa primeira aula. Ela está dividida


em dois tópicos. ;Fique atento!

1.1.!FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO DEVER


DE PRESTAR CONTAS
Fonte: http://tinyurl.com/yabe58h6
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é o
fundamento do sistema jurídico brasileiro. É considerada uma
carta magna detalhada (prolixa) por tratar, de modo geral, de um amplo conjunto de temas.
Há que se destacar o preâmbulo do texto constitucional que estabelece:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional


Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos,
sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

Em linha com a redação acima, temos as seguintes definições:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
i.! a soberania;
ii.! cidadania
iii.! dignidade da pessoa humana;
iv.! valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
v.! pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

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O texto constitucional delineia os primeiros aspectos do dever de prestar contas, estabelecendo o Brasil
como um Estado democrático de direito, no qual os direitos e as obrigações de todos os componentes do
tecido social (cidadãos, agentes públicos, empresas e as organizações da sociedade civil organizada) são
definidos por intermédio das normas (que devem estar em plena sintonia com a Constituição), estando
também explicitado que o poder emana do povo, por intermédio de ações diretas ou das indiretas, que
são realizadas pelos representantes políticos eleitos.

Desse modo, a atividade política é de fundamental importância para a manutenção do


próprio regime democrático, bem como para a satisfação das demandas sociais, o que se
dá por intermédio das políticas públicas, que representam a expressão concreta da ação
do governamental por intermédio da prestação dos serviços públicos diversos (HOWLETT;
RAMESH; PEARL, 2013).

É importante notar a segregação dos poderes, sendo o Executivo o responsável pela execução maior
parte das políticas públicas (como a saúde pública, educação, cultura e mobilidade, entre outros); o
Legislativo é o responsável pela atividade de elaboração das normas; o Judiciário o responsável por fazer
as normas valerem (atividade judicante).
Para existir enquanto ente organizado, o Estado também necessita de arrecadar e aplicar recursos, o que
se dá principalmente por intermédio do poder de tributar, que consequentemente gera os recursos que
são alocados no orçamento público (planos, programas, ações e serviços estatais).
Os recursos e bens públicos são fundamentais para a existência do ente estatal, de modo que a sua correta
utilização deve ser continuamente fiscalizada e comprovada, assim o Carta Magna de 1988 define:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da


União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos
ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
natureza pecuniária.
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

Do art. 70 depreende-se que, além da atividade típica de formular leis, cabe ao Poder Legislativo (federal,
estadual e municipal) realizar o controle externo da Administração Pública, o que significa a prerrogativa
de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos. De outro lado, é apresentado o fundamento constitucional
do dever de prestar contas, que atinge a todos os agentes públicos (servidores, empregados, agentes
públicos, parlamentares, ou eles equiparados) ou privados (pessoas físicas ou jurídicas), que utilizem,
guardem ou administrem recursos públicos.

Você sabia?
As constituições estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF) e as leis orgânicas
estaduais apresentam dispositivos específicos, em linha com o art. 70 da Constituição de
República Federativa do Brasil de 1988.

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Estudaremos no decorrer deste curso que a ausência de prestação de contas, o julgamento das contas
como irregulares ou ainda atos específicos de aplicação indevida de recursos públicos podem acarretar
em diversas formas de responsabilização, que são independentes entre si, destacando-se:
•! Administrativa: os agentes públicos, à exceção dos agentes políticos (presidente da República,
governadores, prefeitos, chefes dos poderes legislativo e judiciário, ministros e secretários
estaduais e municipais) podem ser submetidos a Processo Administrativo Disciplinar (PAD), que
pode resultar na perda da função, cargo público ou da aposentadoria.

•! Cível: a não prestação de contas ou a aplicação irregular de recursos públicos pode acarretar na
instauração de processo com vistas à restituição de valores à fazenda pública, procedimento que
é denominado Tomada de Contas Especial (TCE).

•! Ética: a aplicação ou utilização de recursos de forma inapropriada pode ser analisada pelas
comissões de ética do setor público, quando existentes.

•! Eleitoral: o julgamento das contas como irregulares ou a sanção administrativa aplicada aos
agentes públicos pode ter implicações para efeito da Lei Complementar nº 135/2010, conhecida
como “Lei da Ficha Limpa”.
•! Penal: a aplicação irregular de recursos públicos pode ser interpretada sob o viés do
cometimento de crimes contra a Administração Pública, conforme estabelecido no Decreto-Lei no
2.848/1940 (Código Penal).

•! Política: o julgamento das contas como irregulares pode ser interpretado como crime de
responsabilidade, conforme a Lei nº 1.079/1950 e Decreto-Lei nº 201/1967.

•! Probidade administrativa: a não prestação de contas ou a aplicação irregular de recursos


públicos pode implicar em ato de improbidade administrativa, conforme a Lei nº 8.429/1992,
podendo ainda gerar reflexos para a aplicação da Lei nº 1.079/1950, Decreto-Lei nº 201/1967 e da
Lei Complementar nº 135/2010.

O conhecimento relativo ao processo de prestar contas possibilita que tal atividade seja realizada de
modo adequado e reduz o risco de responsabilização dos agentes públicos/políticos. Mais que isso,
contribui fundamentalmente para atingimento da finalidade pública de modo responsável e
transparente, assim como o conhecimento do tema possibilita a fiscalização ativa dos recursos públicos.

Nas próximas aulas estudaremos as diversas manifestações do dever de prestar contas,


mais especificamente:

•! O papel das diversas instâncias de controle no julgamento e fiscalização.

•! O processo anual de prestação de contas dos chefes dos poderes executivo,


legislativo e judiciário.

•! O processo anual de prestação de contas dos ministros, secretários estaduais e


municipais e dos dirigentes das empresas públicas, sociedades de economia mista,
agências reguladoras, fundações, autarquias e demais entidades mantidas pelo
poder público.

•! A comprovação, por intermédio de processos específicos, da aplicação de recursos


recebidos por intermédio de convênios, termos de cooperação, repasses, fundos e
subvenções.

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1.2.!FUNDAMENTOS DE GOVERNANÇA
Organismos internacionais, tais como a Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações
Unidas (ONU), organizações da sociedade civil, como o Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e o TCU, têm trazido à baila
a importância da discussão do tema governança e a sua aplicação no
setor público, sendo valiosa a síntese abaixo:

Fonte: http://tinyurl.com/y9rzcm5a

A origem da governança está associada ao momento em que organizações deixaram de


ser geridas diretamente por seus proprietários (p. ex. donos do capital) e passaram à
administração de terceiros, a quem foi delegada autoridade e poder para administrar
recursos pertencentes àqueles. Em muitos casos há divergência de interesses entre
proprietários e administradores, o que, em decorrência do desequilíbrio de informação,
poder e autoridade, leva a um potencial conflito de interesse entre eles, na medida em
que ambos tentam maximizar seus próprios benefícios.
(TCU, 2014)

Nesse contexto, o IBGC conceitua a governança corporativa nos seguintes termos:

Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas,


monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários,
Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de
Governança Corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando
interesses com a finalidade de preservar e aperfeiçoar o valor da organização, facilitando
seu acesso a recursos e contribuindo para sua longevidade.
(IBGC, 2009)

A governança corporativa é um sistema de valores que contempla os seguintes componentes:

Figura 1. Aspectos basilares da governança corporativa. Fonte: Oliveira (2006)

Os componentes acima podem se desdobram nas apreensões abaixo indicada:

•! Relacionamento entre as partes: práticas gerenciais e jurídicas orientadas à minimização de


conflitos entre o agente executor (gestores) e o agente principal (acionistas – proprietários).

•! Propósitos estratégicos: mecanismos de definição e de revisão sistemática das diretivas dos


negócios.

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•! Estrutura de poder: explicitação dos mecanismos de governo dos negócios, bem como as
expectativas que parte espera (ou pode esperar da outra).
•! Práticas de gestão: recursos operacionais e gerenciais orientados à consecução das estratégias
de negócio, tais como: sistemas integrados de gestão, incluindo os controles internos, bem como
os mecanismos de comunicação e de divulgação das informações empresariais.
A governança possui um conjunto de mandamentos fundamentais também mundialmente reconhecidos,
comumente apresentados como princípios de governança, que, segundo o IBGC, são os seguintes:

Transparência
Mais do que a obrigação de informar é o desejo de disponibilizar para as partes
interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas
por disposições de leis ou regulamentos. A adequada transparência resulta em um clima
de confiança, tanto internamente quanto nas relações da empresa com terceiros. Não
deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os
demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à
criação de valor.

Equidade
Caracteriza-se pelo tratamento justo de todos os sócios e demais partes interessadas
(stakeholders). Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são
totalmente inaceitáveis.

Prestação de Contas
Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação, assumindo
integralmente as consequências de seus atos e omissões.

Responsabilidade Corporativa
Os agentes de governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, visando
à sua longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na
definição dos negócios e operações..
(IBGC, 2009)

Segundo Andrade e Rossetti (2004), a aplicação dos princípios de governança está relacionada com os
seguintes temas:
•! Conflitos de agência: atritos que decorrentes da separação entre a propriedade e a gestão.

•! Custos de agência: os efeitos econômicos que desalinho entre os propósitos dos gestores e dos
proprietários acarretam na geração de riqueza das empresas.

•! Direitos assimétricos: problemáticas decorrentes a existência de emissão de ações com


prerrogativas diferenciadas, bem como do acesso privilegiado a informações gerenciais,
contábeis, jurídicas, regulatórias e operacionais.

•! Forças de Externas de Controle: compreendendo a dinâmica de diálogo com o ambiente legal


e regulatório, padrões contábeis, competitividade do mercado e ativismo dos investidores ou de
agentes da sociedade civil organizada.

•! Forças Internas de Controle: impactos decorrentes da concentração (ou da pulverização) do


controle acionário, modo de constituição dos conselhos e comitês, remuneração dos executivos.
No setor público, os conflitos de agência e as assimetrias de informação se estabelecem na relação entre
o principal (detentores/delegatários do poder) e o agente (pessoas ou entes aos quais tenham sido
confiados recursos e poderes). Veja o gráfico a seguir.
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Figura 2. Relação principal-agente no setor público. Fonte: TCU (2014)

Estudos apontam que a aplicação das boas práticas de governança no setor público contribui para
atingimento dos seguintes resultados:

a.! garantir a entrega de benefícios econômicos, sociais e ambientais para os cidadãos;


b.! garantir que a organização seja, e pareça, responsável para com os cidadãos;
c.! ter clareza acerca de quais são os produtos e serviços efetivamente prestados
para cidadãos e usuários, e manter o foco nesse propósito;
d.! ser transparente, mantendo a sociedade informada acerca das decisões
tomadas e dos riscos envolvidos;
e.! possuir e utilizar informações de qualidade e mecanismos robustos de apoio às
tomadas de decisão;
f.! dialogar com e prestar contas à sociedade;
g.! garantir a qualidade e a efetividade dos serviços prestados aos cidadãos;
h.! promover o desenvolvimento contínuo da liderança e dos colaboradores;
i.! definir claramente processos, papéis, responsabilidades e limites de poder
e de autoridade;
j.! institucionalizar estruturas adequadas de governança;
k.! selecionar a liderança tendo por base aspectos como conhecimento,
habilidades e atitudes (competências individuais);
l.! avaliar o desempenho e a conformidade da organização e da liderança,
mantendo um balanceamento adequado entre eles;
m.! garantir a existência de um sistema efetivo de gestão de riscos;
n.! utilizar-se de controles internos para manter os riscos em níveis
adequados e aceitáveis;
o.! controlar as finanças de forma atenta, robusta e responsável; e
p.! prover aos cidadãos dados e informações de qualidade (confiáveis, tempestivas,
relevantes e compreensíveis).
(TCU, 2014)

Especificamente quanto à realidade brasileira, o TCU apresenta as seguintes observações:

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No Brasil, diversas leis e decretos foram publicados de modo a institucionalizar direta ou


indiretamente estruturas de governança. A Constituição Federal de 1988 estabelece, no
caput do art. 1º, que “a República Federativa do Brasil [...] constitui-se em Estado
Democrático de Direito”. Em termos de governança, isso significa dizer que o cidadão
tem poder para escolher seus representantes e que o poder não está concentrado no
governo, mas emana do povo. A Assembleia Nacional Constituinte de 1988, com vistas a
criar as condições necessárias à governança do Estado, fixou direitos e garantias
fundamentais dos cidadãos; organizou política e administrativamente o Estado e os
Poderes Definiu e segregou papéis e responsabilidades; instituiu sistema de freios e
contrapeso e instituiu estruturas de controle interno e externo. [...]
Apesar do avanço que tais estruturas significam para a melhoria da capacidade de
governança e gestão do Estado brasileiro, cabe reconhecer que para atender as
demandas sociais é fundamental fortalecer ainda mais os mecanismos de governança
como forma de reduzir o distanciamento entre Estado e sociedade.
A sociedade deve exercer seu papel de principal interessada nos resultados do Estado e
demandar dele novas estruturas de governança que possibilitem a ela o desempenho
de funções de avaliação, direcionamento e monitoramento de ações. Por isso, espera-se
da liderança governamental um comportamento mais ético, profissional e focado no
alcance de resultados que estejam alinhados com as expectativas da sociedade.
(TCU, 2014)

A prestação responsável de contas é essencial para uma boa governança no setor


público, pois fortalece a democracia, por incrementar a transparência e possibilitar
a avaliação de desempenho das políticas públicas, bem como a correção de falhas.

Acesse os links a seguir para saber mais sobre nosso assunto.


Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da
Administração Pública (TCU):
http://tinyurl.com/ybxbupxq
10 Passos para a Boa Governança (TCU):
http://tinyurl.com/y7fjl98o
Referencial para Avaliação da Governança do Centro de Governo (TCU)
http://tinyurl.com/yc258uyd

Nesta aula, discutirmos o fundamento constitucional do dever de prestar conta e os reflexos gerais do dever de
prestar conta para efeitos de avaliação e responsabilização dos agentes públicos. Além disso, estudamos o
conceito de governança e a relação entre governança e a prestação responsável de contas. Os arts. 70 a 74 da
Constituição abordam de modo específico o controle externo e interno da Administração Pública, o que será
objeto da Aula 2. Continue os estudos desta disciplina e até breve!

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Aula 2 |!INSTÂNCIAS DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Olá, estudantes! Vimos na Aula 1 os fundamentos constitucionais do dever de prestar contas e seu
relacionamento com a governança do estado. Nesta aula, estudaremos o Controle da Administração
Pública, uma função que é fundamentalmente relacionada com a temática da tomada e prestação de
contas. Vamos lá!

2.1.!FUNDAMENTOS DO CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


E"tudos realizados ao longo do tempo indicam que as organizações, públicas ou privadas, necessitam executar
as seguintes funções administrativas para que consigam atingir os seus objetivos estratégicos, a saber:

FUNÇÃO DEFINIÇÃO

Planejamento Planejamento é o processo de definir objetivos, atividades e recursos.

Organização é o processo de definir o trabalho a ser realizado e as responsabilidades


Organização pela realização; é também o processo de distribuir os recursos disponíveis segundo
algum critério.

Execução é o processo de realizar atividades e utilizar recursos para atingir os objetivos.


Direção O processo de execução envolve outros processos, especialmente o processo de direção,
para acionar os recursos que realizam as atividades e os objetivos.

Controle é o processo de assegurar a realização dos objetivos e identificar a necessidade


Controle
de modificá-los.
Quadro 1. Funções da administração. Fonte: Maximiano (2000)

Posicionando-se a função Controle em destaque, a avaliação continua de resultados é algo que ocorre na
via interna (gestores e colaboradores, por exemplo) e externa (órgãos reguladores, clientes,
fornecedores, entre outros), sendo um processo que de modo geral é constituído das seguintes fases:

O controle é constituído por quatro fases: estabelecimento de critérios ou padrões,


observação do desempenho, comparação do desempenho com o padrão estabelecido e
ação corretiva para eliminar os desvios ou variações. Quanto à sua abrangência, o
controle pode ocorrer em três níveis: estratégico, tático e operacional.
(MAXIMIANO, 2000)

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No contexto governamental, o assunto assume grande relevo, pois, conforme estudamos na Aula 1, os
agentes públicos atuam em representação da coletividade, no que o Decreto Lei nº 200/1967 define:

Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios


fundamentais:
i.! Planejamento.
ii.! Coordenação
iii.! Descentralização.
iv.! Delegação de Competência.
v.! Controle.
(BRASIL, 1967)

De modo mais específico a Lei nº 200/1967 estabelece:

CAPÍTULO V DO CONTROLE

Art. 13. O controle das atividades da Administração Federal deverá exercer-se em todos
os níveis e em todos os órgãos, compreendendo, particularmente:
a.! o controle, pela chefia competente, da execução dos programas e da observância das
normas que governam a atividade específica do órgão controlado;
b.! o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da observância das normas
gerais que regulam o exercício das atividades auxiliares;
c.! o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União
pelos órgãos próprios do sistema de contabilidade e auditoria.

Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante simplificação de


processos e supressão de controles que se evidenciarem como puramente formais ou
cujo custo seja evidentemente superior ao risco.
(BRASIL, 1967)

Nu#a visão mais atual, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece as linhas
gerais sistema de controle da Administração Pública, a saber:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal,
mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo
Municipal, na forma da lei.

§1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais
de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios, onde houver.
§2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito
deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
membros da Câmara Municipal.
§3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de
qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
legitimidade, nos termos da lei.
§4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais. [...]
Seção IX
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da


União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será
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exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de


controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos
ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
natureza pecuniária.
(BRASIL, 1988)

O Controle é uma função tão relevante que há 28 menções a esta palavra no texto da
Carta Magna de 1988, sendo muito relevante conhecer as instâncias que realizam a
fiscalização e controle do dever de prestar contas, o tema do próximo tópico.

2.2.!INSTÂNCIAS DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


A doutrinadora Odete Medauar, em literatura recente, oferece uma relevante síntese das tipologias de
controle sobre a Administração Pública, a saber:

3.2.1.3 Tipologia de Braibant, Questiaux e Wiener


Os três publicistas franceses arrolam os seguintes tipos de controles sobre a
Administração Pública:
i.! Quanto aos órgãos:
•! controle interno: a Administração é controlada do interior, por si mesma;
•! controle externo:
•! realizado por instituições de caráter político, p. ex., partidos, sindicatos;
•! realizado por instituições especializadas de caráter essencialmente jurídico
e técnico, p. ex., Ombudsman.
ii.! Quanto aos procedimentos:
•! sobre agentes
•! sobre os atos da Administração;
•! permanente: exercido de modo sistemático e exaustivo.
•! intermitente: por meio de inspeções, relatórios de atividade, ou mediante
reclamação.
•! por peças (sur pièces): exame de documentos e de processos (dossiers).
•! in loco: por indagações diretas junto aos funcionários.
•! de ofício.
•! por iniciativa do órgão de controle.
•! por reclamação de um cidadão, associação ou autoridade pública.
iii.! Quanto às suas funções:
•! essencialmente preventivo: visa a impedir a Administração de cometer
ilegalidades e erros, de agir arbitrariamente, de causar danos, ocorre antes
da edição de atos;
•! essencialmente corretivo: objetiva censurar os erros cometidos, eliminar ou
reparar as consequências desses erros; ocorrem após a emissão dos atos.
(MEDAUAR, 2014)

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 16

Quanto aos momentos nas quais as atividades de controle podem ocorrer, temos as seguintes possibilidades:

II – Quanto ao momento em que o controle se exerce:


1.! controle preventivo [ex ante]: antes que se produza a atuação do órgão ou se
edite o ato;
2.! controle concomitante ou simultâneo;
3.! controle a posteriori, ou seja, quando encerrada a gestão ou após editado o ato.
(MEDAUAR, 2014)

Em linha com os conceitos anteriormente apresentados, a Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988 estabelece:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
i.! apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,
mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de
seu recebimento;
ii.! julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens
e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas
daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público;
iii.! apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo
de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório;
iv.! realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de
Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades
administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais
entidades referidas no inciso II;
v.! fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social
a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo;
vi.! fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município;
vii.!prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de
suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados
de auditorias e inspeções realizadas;
viii.!aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade
de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
ix.! assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias
ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
x.! sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 17

à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;


xi.! representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
§1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso
Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
§2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não
efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
§3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia
de título executivo.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório
de suas atividades.
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios
de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados
ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental
responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão
solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa
causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso
Nacional sua sustação.
(BRASIL, 1988)

Ainda sobre o controle externo, o texto constitucional apresenta os seguintes dispositivos:

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no
Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional,
exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.

§1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que
satisfaçam os seguintes requisitos:
i.! mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
ii.! idoneidade moral e reputação ilibada;
iii.! notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de
administração pública;
iv.! mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional
que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
§2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:
i.! um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal,
sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público
junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios
de antigüidade e merecimento;
ii.! dois terços pelo Congresso Nacional.
§3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias,
prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior
Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas
constantes do art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e
impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as
de juiz de Tribunal Regional Federal.
(BRASIL, 1988)

Em geral, o Controle Externo da Administração Pública é realizado Tribunal de Contas da União (TCU),
pelos 27 Tribunais de Contas Estaduais (TCEs – Tribunal de Contas de Mato Grosso – TCE/MT, por
exemplo), pelos Tribunais de Contas dos Municípios (TCMs – Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás
– TCM/GO, por exemplo) e os Tribunais de Contas Municipais. O que diferencia o âmbito de atuação dos
tribunais de contas é a origem dos recursos, assim, se uma determinada licitação ou convênio (tema da
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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 18

Aula 5) é realizado com recursos do Governo Federal, o TCU poderá fiscalizar a utilização dos recursos,
bem como a respectiva prestação de contas.

Tome nota!

•! O controle externo pode ser realizado por outros entes como o Ministério Público (MP),
que realiza o controle da atividade policial, todavia, no contexto da observação do dever
de prestar contas sobressai o papel dos Tribunais de Contas (TCs).
•! Rio de Janeiro-RJ e São Paulo-SP são os municípios que mantêm tribunais de
contas próprios. Conforme o art. 31, § 4º da Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988, é vedada a criação de novos tribunais de contas municipais.

Quanto ao controle interno, o texto constitucional de 1988 apresenta as seguintes diretrizes:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada,


sistema de controle interno com a finalidade de:
i.! avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos
programas de governo e dos orçamentos da União;
ii.! comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da
gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado;
iii.! exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos
direitos e haveres da União;
iv.! apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer


irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma
da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal,
bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas
respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros.
(BRASIL, 1988)

Os órgãos de controle interno também desempenham um papel muito relevante no processo de tomada
e prestação de contas, que será mais aprofundado nas Aulas 3, 4 e 5.

O livro Panorama do Controle Interno do Brasil apresenta dados e


informações muito atualizadas relativamente aos órgãos de controle
interno brasileiros. Acesse-o pelo link a seguir.
http://tinyurl.com/y9wchl75

O Poder Judiciário também pode realizar o controle dos atos administrativos, como via de exceção,
conforme a Súmula nº 473 do Supremo Tribunal Federal (STF):

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 19

A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.
(STF, 1969)

A atuação do Poder Judiciário nas questões de governo é conhecida pela expressão Controle Judicial da
Administração Pública, tendo o Ministério Público (MP) um papel crucial no sentido representar à justiça
o cometimento de lesões ao patrimônio público, conforme a Carta Magna de 1988:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


i.! promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
ii.! zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância
pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
necessárias a sua garantia;
iii.! promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
iv.! promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de
intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
v.! defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
vi.! expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência,
requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei
complementar respectiva;
vii.! exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar
mencionada no artigo anterior;
viii.!requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial,
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
ix.! exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com
sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria
jurídica de entidades públicas.
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

O artigo de Almir de Oliveria Morgado, intitulado “A Anulação ou


Invalidação dos Atos Administrativos”, trata o tema da atuação do
Poder Judiciário na anulação de atos administrativos de forma muito
assertiva. Acesse-o pelo link a seguir.
http://tinyurl.com/ybdyxg4q

Numa vertente mais contemporânea, temos o Controle Social da Administração Pública, aquele que se
dá por intermédio da atuação de pessoas físicas ou por instituições da sociedade civil organizada, sendo
o texto constitucional de 1988 o plano de fundo para diversos mecanismos de participação social:

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011) [...]

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; [...]

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
i.! descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
ii.! atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;
iii.! participação da comunidade. [...]
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com
recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes,
e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
i.! descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas
gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas
às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de
assistência social;
ii.! participação da população, por meio de organizações representativas, na
formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. [...]
Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, de
forma descentralizada e participativa, institui um processo de gestão e promoção
conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre
os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover o desenvolvimento
humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 71, de 2012)

§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura e nas


suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes
princípios: Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012 [...].
X - democratização dos processos decisórios com participação e controle social; Incluído
pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012.
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

Atualmente, são vários os instrumentos que auxiliam o exercício do Controle Social, destacando-se:

•! A Lei de Acesso à Informação (LAI – Lei nº 12.527/2011).

•! As ações populares (Lei nº 4.717/1965).

•! As ações civis públicas (Lei nº 7.347, de 29 de junho de 1965).

•! Os portais de transparência.

•! As ouvidorias.

•! Os conselhos de políticas públicas.


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Os órgãos de controle externos e interno têm cada vez mais incentivado e disponibilizado mecanismos
para o exercício do controle social, o que é fundamental para o aperfeiçoamento das políticas públicas,
bem como para a prestação de contas responsável.

O vídeo “Conheça Brasileiros que Resolveram Denunciar Corrupção de


Governantes” apresenta perspectivas muito atualizadas da importância
do Controle Social no Brasil. Acesse pelo link a seguir.
http://tinyurl.com/yarjt9ds
Por meio do link a seguir você acessa a Cartilha para Conselheiros do
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
http://tinyurl.com/ydhgb3wb

Nesta aula, discutirmos o Controle como uma função intrínseca da administração de qualquer organização; e
como mecanismo de garantia de realização dos objetivos e da necessidade de modificá-los. Vimos também as
instâncias de Controle da Administração Pública, com destaque para o Externo, Interno, Judicial e Social. Nós
nos encontramos na Aula 3!

Aula 3 |!PRESTAÇÃO DE CONTAS  PARTE 1: PRESIDENTE DA REPÚBLICA,


GOVERNADORES, PREFEITOS E DIRIGENTES MÁXIMOS DOS DEMAIS
PODERES

Olá! Na Aula 2, tivemos uma visão panorâmica do Controle da Administração Pública e as instituições que são
responsáveis pela sua execução. Nesta aula, focalizaremos no processo de prestação de contas anual do
presidente da República e dos demais chefes de poderes. Continue os estudos desta disciplina e boa aula!
Vamos lá!

3.1.!PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA,


GOVERNADORES E PREFEITOS
Entre as obrigações do presidente da República arroladas na Carga Magna de 1988 se destaca:

Seção II
Das Atribuições do Presidente da República
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...]

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a


abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; [...]

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as
normas de processo e julgamento. [...]

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 22

Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de
responsabilidade.

§1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:


i.! nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo
Supremo Tribunal Federal;
ii.! nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente
da República não estará sujeito a prisão.
§4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

Os crimes de responsabilidade são processados em conformidade com a Lei nº 1.079/1950, que estabelece:

Art. 4º São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que


atentarem contra a Constituição Federal, e, especialmente, contra: [...]

V - A probidade na administração; [...]

CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A PROBIDADE NA ADMINISTRAÇÃO
Art. 9º São crimes de responsabilidade contra a probidade na administração:
...
2 - não prestar ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
legislativa, as contas relativas ao exercício anterior.
(BRASIL, 1950, grifo nosso)

Por sua vez o Decreto-Lei nº 201/1967, estabelece um conjunto de disposições relativamente à


responsabilidade dos prefeitos (e vereadores), destacando-se:

Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipais, sujeitos ao julgamento


do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos
Vereadores: [...]

VI - deixar de prestar contas anuais da administração financeira do Município à Câmara


de Vereadores, ou ao órgão que a Constituição do Estado indicar, nos prazos e
condições estabelecidos [...].
(BRASIL, 1967)

Em complemento a Lei nº 8.429/1992 estabelece:

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da


Administração Pública [...].

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: [...]

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; [...].


(BRASIL, 1992, grifo nosso)

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 23

Além normas gerais acima mencionadas, devem ser seguidos os normativos específicos do Tribunal de
Conta da União (TCU), a saber:

•! Lei no 8.443, de 16 de julho de 1992: Dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de


Contas da União e dá outras providências.

•! Instrução Normativa TCU no 63, de 1º de setembro de 2010 (alterada pela IN TCU


nº 72, de 15 de maio de 2013): Estabelece normas de organização e de
apresentação dos relatórios de gestão e das peças complementares que
constituirão os processos de contas da administração pública federal, para
julgamento do TCU, nos termos do art. 7o da Lei nº 8.443, de 1992.

•! Portaria TCU nº 321/2015: Dispõe sobre as orientações para a elaboração de


conteúdos dos Relatórios de Gestão e de informações suplementares referentes ao
exercício de 2015, bem como sobre a operacionalização do Sistema de Prestação
de Contas, conforme as disposições da Decisão Normativa TCU nº 146, de 30 de
setembro de 2015.

•! Decisão Normativa TCU nº 146/2015: Dispõe acerca das unidades cujos dirigentes
máximos devem apresentar relatório de gestão referente ao exercício de 2015,
especificando a forma, os conteúdos e os prazos de apresentação, nos termos do
art. 3º da Instrução Normativa TCU nº 63, de 1º de setembro de 2010.

•! Decisão Normativa TCU nº 147/2015: Dispõe sobre a relação das unidades


prestadoras de contas cujos responsáveis terão as contas de 2015 julgadas pelo
Tribunal e especifica a forma, os prazos e os conteúdos para a elaboração das
peças de responsabilidade dos órgãos de controle interno e das instâncias
supervisoras que comporão os processos de contas, nos termos do art. 4º da
Instrução Normativa TCU nº 63, de 1º de setembro de 2010.

A prestação de contas anual do presidente a República é um ato complexo, repleto de formalidades, prazos e
implicações legais que podem inclusive culminar na perda de mandato. Nesse contexto, o Ministério da
Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) é o órgão responsável pela instrução de todo o processo, o
qual disponibiliza as informações completas no sítio eletrônico na rede mundial de computadores:

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Figura 3. Página da prestação de conta do presidente da República. Fonte: CGU (2017)

Além de uma breve explicação de todo o processo, no link “Entenda” demonstra-se propício conhecer a
listagem de todos os documentos de relatórios que compõe a prestação de contas do presidente da República,
sendo os arquivos mais atuais disponíveis no link “Exercício 2016 - Acesse a prestação na íntegra”.

As informações completas da prestação de contas do presidente da


República estão disponíveis no sítio eletrônico do Ministério da
Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), acessível pelo
link a seguir.
http://tinyurl.com/ycctmj9w

Após a atuação da CGU, a prestação de contas é encaminhada ao TCU, em conformidade com a definição
estabelecida na Carta Magna de 1988.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

i.! apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,


mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de
seu recebimento [...].
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

O TCU realiza uma série de procedimentos que resultam na emissão do Parecer Prévio e do Relatório
sobre as Contas de Governo, podendo ser indicada a Aprovação (“Com Ressalvas” ou “Sem Ressalvas”)
ou Rejeição das Contas.

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!
Figura 4. Página da prestação de conta do presidente da República. Fonte: TCU (2017)

Os documentos elaborados pelo TCU são aprovados em sessão


plenária, procedimento que pode ser exemplificado por intermédio dos
vídeos abaixo, que se referem as contas do exercício de 2014:
http://tinyurl.com/y9uw76sn

Após vencidas as etapas de responsabilidade da Egrégia Corte de Contas, o Parecer Prévio e o Relatório sobre as
Contas de Governo são encaminhados para o Congresso Nacional, que deve efetuar o julgamento das contas:

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao


orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do
Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:


I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas
apresentadas anualmente pelo Presidente da República; [...].
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

Para ilustrar todo o conjunto de procedimentos ora apresentados, o TCU nos oferece uma valiosa sinopse
em formato gráfico:

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 26

Figura 5. Sinopse do processo de apreciação e julgamento das contas do presidente da República. F$%&'(!)*+!,-./01

Os pareceres prévios e as prestações de contas do Presidente da


República estão disponíveis no sítio eletrônico do Tribunal de Contas da
União (TCU), acessíveis pelo link a seguir.
http://tinyurl.com/y6uk8ak9

Cabe, portanto, ao Congresso Nacional um papel fundamental para a manutenção do regime


democrático que é o de julgar (aprovar ou rejeitar) as contas do presidente da República, sendo este
modelo replicado, respeitadas as singularidades, nas Constituições Estaduais, Lei Orgânica do Distrito
Federal (LODF) e Leis Orgânicas Municipais, como segue:

•! Nos 26 estados (governador – Tribunal de Contas Estadual – Poder Legislativo estadual).

•! No Distrito Federal (governador – Tribunal de Contas – Câmara Legislativa).

•! Nos 5.570 municípios (prefeito – Tribunais de Contas dos estados ou do município ou dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos municípios, onde houver – Poder Legislativo municipal)
Para ilustrar a diferença, cita-se a síntese da Sessão Plenária do Tribunal de Contas do Distrito Federal
(TCDF), de 26 de outubro de 2017, que aprovou com ressalvas as contas do Governo do Distrito Federal
(GDF) do exercício de 2016:

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 27

Contas do GDF relativas a 2016 são aprovadas com ressalvas

Durante sessão especial promovida nesta quinta-feira, dia 26 de outubro de 2017, o


Tribunal de Contas do Distrito Federal decidiu, por unanimidade, considerar as contas
do segundo ano da gestão do governador Rodrigo Rollemberg tecnicamente aptas a
receber a aprovação da Câmara Legislativa do Distrito Federal com ressalvas. O TCDF
também fez determinações e recomendações ao Governo do DF. Os conselheiros
reconheceram e ressaltaram a melhoria da qualidade da despesa, com várias
observações, sobretudo em tempos de austeridade econômica.

Apesar dos avanços na prestação de contas e na qualidade dos gastos, o TCDF detectou
diversas impropriedades que o GDF deverá corrigir. Entre os principais problemas
encontrados estão a superestimativa de arrecadação e falhas no planejamento
governamental; investimentos abaixo daqueles previstos em lei; realização de despesas
sem cobertura contratual (passou de 34,5 milhões em 2014 para 616,6 milhões em 2016,
gastos sem qualquer contrato válido); aumento de gastos em caráter emergencial (R$
152,3 milhões sem licitação); ineficácia na avaliação do custo-benefício para renúncias
de receitas e descontos tributários; erros no gerenciamento do regime próprio de
previdência social; falhas na gestão de várias áreas, como da saúde e educação; e queda
de quase R$ 2 bilhões nos recursos à disposição do DF.

As contas do GDF relativas ao exercício de 2016 foram analisadas no Processo


36964\2017. A Secretaria de Macroavaliação de Gestão Pública do TCDF elaborou o
Relatório Analítico e Projeto de Parecer Prévio (RAPP/2016), sob supervisão do
conselheiro-relator Paulo Tadeu.

Esse documento apresenta as despesas com pessoal e com licitações, os gastos com
publicidade e propaganda e os resultados por área de governo, além da avaliação dos
controles internos exercidos pela Administração Pública; do patrimônio do GDF; das
demonstrações contábeis e das gestões fiscal, orçamentária e financeira. O relatório
inclui, ainda, auditorias realizadas pelo corpo técnico do TCDF. Já o Ministério Público
junto ao TCDF elaborou parecer pela não aprovação das contas do ano passado.

Educação - Uma das auditorias presentes no RAPP/2016 foi a realizada para avaliar a
implantação do Plano Distrital de Educação (PDE). Nessa fiscalização, verificou-se que as
ações do GDF foram ineficazes e inadequadas para alcançar a universalização da pré-
escola e a ampliação da oferta de creches e escolas de tempo integral prevista no PDE.
Em 2016, a Secretaria de Educação negou acesso à pré-escola para 6.724 crianças entre
quatro e cinco anos.

Habitação - Apesar de o TCDF não ter avaliado a eficiência e a eficácia do Programa


Habitacional Morar Bem, que é uma importante política social, a auditoria revelou
algumas falhas a serem corrigidas para aprimorar o programa, como por exemplo o
desvio de finalidade de alguns imóveis (vendidos, alugados, cedidos ou desocupados); a
distribuição ilegal a cooperativas, associações e candidatos que já tinham patrimônio. A
fiscalização apontou, ainda, falhas na classificação dos candidatos que estão na lista de
recebimento: não houve priorização da população de baixa renda, idosos, deficientes ou
vulneráveis para atendimento pelo Programa.

Saúde - Também foram realizadas três auditorias na área da saúde: sobre centros
cirúrgicos; classificação de risco nas urgências e emergências; e acesso a leitos de
Unidades de Terapia Intensiva. Todas apontaram falhas na gestão. Um exemplo é o
número de leitos de UTI em operação, que caiu quase 30%. O corpo técnico do TCDF
também apontou, por exemplo, que as Unidades Cirúrgicas de Assistência Especializada
(UCAEs) não têm condições adequadas, nem são suficientes para atendimento aos
usuários.

Previdência dos Servidores - O Fundo Previdenciário do Distrito Federal (DFPrev)


registrou déficit de R$ 3,1 bilhões. Em 2015, R$ 1,2 bilhão foi revertido do DFPrev para o
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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 28

fundo financeiro do DF. A transferência foi feita para garantir o pagamento em dia do
salário de servidores. Como garantia, estavam a incorporação de imóveis do DF ao
patrimônio do DFPrev.

Por isso, entre as recomendações previstas no relatório das Contas de 2016 está a
determinação ao GDF para que adote as providências necessárias para fazer a
recomposição do fundo previdenciário com terrenos do Distrito Federal, conforme
previsto na Lei Complementar nº 899/15.
Além disso, foi realizada auditoria no âmbito do Instituto de Previdência dos Servidores
do Distrito Federal (Iprev/DF) para verificar a sua atuação na gestão financeira e atuarial
do Regime Próprio de Previdência Social do DF. A fiscalização constatou várias falhas.
Não há, por exemplo, mecanismos para identificar eventuais atrasos de repasse de
contribuições patronais para o Fundo Previdenciário e os investimentos não alcançaram
rentabilidade compatível com a meta prevista.

Receitas e Despesas - Em 2016, o montante total dos recursos sob a gestão do Governo
do Distrito Federal alcançou R$ 33,5 bilhões. Houve uma queda de 5,4%, em
comparação com 2015. No total, considerados os Orçamentos Fiscal, da Seguridade
Social e de Investimento, bem como os recursos do FCDF para as três áreas —
segurança, educação e saúde —, foi praticamente R$ 1,9 bilhão a menos de recursos à
disposição do GDF.

Persistiu a grande discrepância entre a expectativa de arrecadação e a receita realizada.


Em 2016, foram R$ 5,3 bilhões de receita estimada que não se converteram em efetivo
ingresso nos cofres do DF.

Os valores do Fundo Constitucional do DF (FCDF) para educação (R$ 2,4 bilhões)


diminuíram 23,3% e os executados em saúde (R$ 2,9 bilhões) caíram quase 18%, entre
2015 e 2016, descontados os efeitos inflacionários. Na área de segurança pública, houve
redução de 1,6% na despesa custeada pelo FCDF, que atingiu R$ 6,7 bilhões em 2016.

As despesas com Pessoal e Encargos Sociais do GDF em 2016 atingiram R$ 23,5 bilhões.

Gasb- Em 2016, foi identificada a realização de despesas sem cobertura contratual no


valor de, pelo menos, R$ 616,6 milhões. A Secretaria de Saúde foi responsável por 89,3%
dessas despesas, ou seja, R$ 550,7 milhões. Outros R$ 61 milhões (9,9%) foram gastos
pela Secretaria de Educação. Completaram a lista o Fundeb (R$ 4,3 milhões), o DFTrans
(R$ 556,6 mil) e a Secretaria de Justiça e Cidadania (R$ 8,3 mil).

Fundos especiais - O corpo técnico do TCDF verificou que os repasses financeiros à


Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP) e ao Fundo dos Direitos da Criança e do
Adolescente (FDCA) foram inferiores à dotação mínima exigida pela Lei Orgânica do
Distrito Federal (LODF).

Renúncia fiscal - O relatório concluiu que não há uma metodologia eficaz para avaliar o
custo/benefício das renúncias de receita e de outros incentivos fiscais. As renúncias
tributárias realizadas pelo GDF em 2016, totalizaram R$ R$ 1,8 bilhão, ou 12,5% do
montante arrecadado nas fontes indicadas, que totaliza R$ 14,5 bilhões. Não foram
disponibilizadas informações sobre quais os benefícios financeiros e sociais desse tipo
de medida.
Sessão Plenária - Estiveram presentes na sessão especial os secretários da Casa Civil,
Relações Institucionais e Sociais, Sérgio Sampaio; de Planejamento, Orçamento e Gestão,
Leany Lemos; e de Saúde, Humberto Lucena; a Procuradora Geral do Distrito Federal,
Paola Aires, e autoridades de outros órgãos do GDF.
(TCDF, 2017)

Para finalizar este tópico, tendo em vista a repercussão causada pelo Parecer Prévio e Relatório sobre as
Contas de Governo de 2014 da presidência da República, salienta-se que, em obediência às disposições

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 29

constitucionais e regimentais, há, obrigatoriamente, a garantia do contraditório e da ampla defesa


durante a fase instrutória.

Nesse contexto, demonstra-se relevante a leitura, ainda que superficial, dos


documentos completos produzidos pelo TCU, disponíveis no link a seguir.
http://tinyurl.com/ybglokjo

3.2.!PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS DOS DEMAIS CHEFES DE PODERES


Aos dirigentes dos demais Poderes da União, aplica-se a disposição constitucional a seguir para a
prestação de contas anual:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e


valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; [...].
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

Sob outra perspectiva de análise, apenas o Presidente da República, Governadores e Prefeitos tem as
contas julgadas pelo Poder Legislativo, assim todos os demais dirigentes são julgados pelos tribunais a
que se refiram as contas. Para exemplificar, traz-se a seguir o inteiro teor do acórdão referente ao
julgamento das contas do Supremo Tribunal Federal (STF) do exercício de 2014:

ACÓRDÃO Nº 7517/2016 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara, com


fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso I; 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os
arts. 1º, inciso I; 17, inciso I; 143, inciso I; e 207 do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em
julgar as contas a seguir relacionadas regulares e dar quitação plena aos responsáveis,
conforme os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-027.527/2015-8 (PROCESSO DE CONTAS - Exercício: 2014)

1.1. Responsáveis: Amarildo Vieira de Oliveira (289.880.001-53); Carmen Lúcia Antunes


Rocha (254.860.806-97); Cícero Rodrigues de Oliveira Gomes (389.371.743-91); Enrique
Ricardo Lewandowski (227.234.718-53); Joaquim Benedito Barbosa Gomes (084.269.531-
15); Miguel Augusto Fonseca de Campos (004.881.942-53) e Roberto Bezerra
(603.254.961-53)
1.2. Unidade: Supremo Tribunal Federal (STF)
1.3. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração do Estado
(SecexAdministração)
1.6. Representação legal: não há
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há/
(TCU, 2017)

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 30

Na Aula 4, estudaremos com maiores detalhes o processo de julgamento das contas anuais nos Tribunais de
Contas, tendo em vista os diversos reflexos que podem resultar para os gestores públicos em decorrência da
atuação dos órgãos de controle externo, interno e demais partes interessadas.

O livro Panorama do Controle Interno do Brasil (CONACI – 2016)


apresenta dados e informações muito atualizadas relativamente aos
órgãos de controle interno brasileiros.
http://tinyurl.com/y9wchl75
A respeito do julgamento das contas dos prefeitos, o artigo
“Julgamento das Contas Anuais Municipais”, escrito por Amanda
Medeiros, apresenta uma série de questões importantes relacionadas
com a garantia do contraditório e a ampla defesa, inclusive apresentado
várias jurisprudências.
http://tinyurl.com/y7pv3pcx

Nesta aula, discutirmos as bases normativas da prestação de contas anuais por parte do presidente da
República e a atuação dos tribunais de contas no sentido da elaboração do Parecer Prévio e Relatório de
Contas do Presidente da República, governadores e prefeitos (quando aplicável). Vimos que é do Poder
Legislativo a competência de julgar as contas do presidente da República, governadores e prefeitos. A
prerrogativa dos Tribunais de Contas é de julgarem todos os dirigentes, que não sejam o presidente da
República, governadores e prefeitos. Nós nos encontramos na Aula 4!

Aula 4 |!PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS – PARTE 2: MINISTROS,


SECRETÁRIOS (ESTADOS E MUNICÍPIOS) E DIRIGENTES DE ENTES DA
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

Olá! Na Aula 3, estudamos a prestação de contas anuais do presidente da República, governadores e prefeitos.
Nesta aula, focalizaremos no processo de prestação de contas anual das presidente da República e das demais
autoridades. Vamos lá!

4.1.!JULGAMENTO DAS CONTAS PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS


As autoridades públicas responsáveis pela chefia e ordenação de despesas nos órgãos e entidades da
Administração Pública que não sejam presidente da República, governadores e prefeitos têm as suas
contas julgadas pelos tribunais de contas, conforme estabelece a Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988:

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Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: [...]

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e


valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; [...].
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

Esse modelo é também irradiado para os estados e, quando aplicável, para os municípios, que possuem
tendo em vista as disposições específicas da Carta Magna de 1988:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal,
mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo
Municipal, na forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais
de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios, onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito
deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
membros da Câmara Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição
de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
legitimidade, nos termos da lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.
(BRASIL, 1988)

Entre outras normas, aplica-se também a todas os dirigentes de órgãos e entidades a Lei nº
8.429/1992, que estabelece:

Seção III
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da
Administração Pública [...]

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: [...]

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;


(BRASIL, 1992, grifo nosso)

Será apresentado uma visão acerca do processe prestação de contas anuais na União, com as devidas
reflexões para os demais entes. Nesse contexto, o Tribunal de Conta da União (TCU) estabelece um
conjunto de normas específicas para o tema:

•! Instrução Normativa TCU nº 63, de 01 de setembro de 2010 (Alterada pela IN TCU nº 72, de 15 de
maio de 2013): Estabelece normas de organização e de apresentação dos relatórios de gestão e das
peças complementares que constituirão os processos de contas da administração pública federal,
para julgamento do Tribunal de Contas da União, nos termos do art. 7º da Lei nº 8.443, de 1992.

•! Portaria TCU nº 321/2015: Dispõe sobre as orientações para a elaboração de conteúdos dos
Relatórios de Gestão e de informações suplementares referentes ao exercício de 2015, bem como

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 32

sobre a operacionalização do Sistema de Prestação de Contas, conforme as disposições da


Decisão Normativa – TCU nº 146, de 30 de setembro de 2015.
•! Decisão Normativa TCU nº 146/2015: Dispõe acerca das unidades cujos dirigentes máximos
devem apresentar relatório de gestão referente ao exercício de 2015, especificando a forma, os
conteúdos e os prazos de apresentação, nos termos do art. 3o da Instrução Normativa TCU nº 63,
de 1º de setembro de 2010.

•! Decisão Normativa TCU 147/2015: Dispõe sobre a relação das unidades prestadoras de contas
cujos responsáveis terão as contas de 2015 julgadas pelo Tribunal e especifica a forma, os prazos
e os conteúdos para a elaboração das peças de responsabilidade dos órgãos de controle interno
e das instâncias supervisoras que comporão os processos de contas, nos termos do art. 4º da
Instrução Normativa TCU nº 63, de 1º de setembro de 2010.

No sítio eletrônico do Tribunal de Contas da União, há orientações


específicas para a orientação do processo de prestação de contas anuais:
http://tinyurl.com/ybt6kp93

No caso das contas dos demais dirigentes que não o presidente, governadores e prefeitos há, também
uma forte participação dos Órgãos de Controle Interno, que têm o seguinte papel constitucional:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada,


sistema de controle interno com a finalidade de:
i.! avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos
programas de governo e dos orçamentos da União;
ii.! comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da
gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado;
iii.! exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos
direitos e haveres da União;
iv.! apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma
da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

No caso específico do Poder Executivo federal, o Controle Interno é exercido pelo Ministério da
Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), que também estabelece regras complementares
específicas para a instrução das contas anuais.
No âmbito da União, as contas anuais são encaminhas eletronicamente para o TCU, por intermédio do
Sistema e-Contas.

Saiba mais sobre o Sistema e-Contas, acessando o link a seguir.


http://portal.tcu.gov.br/contas/e-contas

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Figura 6. Sistema e-Contas (TCU). Fonte: TCU (2017)

Além disso, o TCU determina que a CGU realize auditorias das quais resulta a elaboração de Relatório e
Parecer que são peças utilizadas no julgamento das contas, o que pode ser exemplificado como segue:

ANO DA
ÓRGÃO RELATÓRIO LINK DO RELATÓRIO
CONTA

Relatório de Auditoria Anual de Contas nº


Unipampa 2016 http://tinyurl.com/ydfuun8g
201700846

Relatório de Auditoria Anual de Contas n


IPEA 2016 http://tinyurl.com/y7n9yr8s
201701243

Relatório de Auditoria Anual de Contas n


SPU 2016 http://tinyurl.com/ydcynsn3
201701258
Quadro 1. Auditorias para a elaboração de relatório e parecer

É muito importante o conhecer as consequências relacionadas com o julgamento realizado pelos


Tribunais de Contas, o que é bem ilustrado no texto a seguir:

No desempenho de suas atribuições, o Tribunal recebe e disponibiliza anualmente por


intermédio do seu Portal na Internet os relatórios de gestão dos responsáveis pelas
unidades da Administração Pública Federal sujeitas a sua jurisdição, os quais são
compostos por um conjunto de demonstrativos e documentos de natureza contábil,
financeira, patrimonial, orçamentária e operacional.

Alguns desses relatórios de gestão, selecionados segundo critérios de risco,


materialidade e relevância e acompanhados por outras informações produzidas pelos
órgãos de auditoria e controle interno e pelas instâncias de controle fiscal e
administrativo que têm a obrigação legal de se manifestarem sobre a gestão são
apreciados pelo Tribunal sob a forma de tomadas e prestações de contas.
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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 34

Estas tomadas e prestações de contas são analisadas sob os aspectos de legalidade,


legitimidade, economicidade, eficiência e eficácia, após o que são julgadas regulares,
regulares com ressalvas, irregulares ou iliquidáveis. A primeira hipótese ocorre quando a
conta expressa, de forma clara e objetiva, a exatidão dos demonstrativos contábeis, a
legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gestão do responsável. As
ressalvas, por sua vez, decorrem da existência de impropriedades ou falhas de natureza
formal de que não resultem danos ao erário.

Já a ocorrência de irregularidades das contas advém da omissão no dever de prestá-las;


da prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração a norma legal
ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou
patrimonial; de dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico;
de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos e de reincidência no
descumprimento de determinações do Tribunal. Por fim, as contas serão consideradas
iliquidáveis quando caso fortuito ou força maior tornar materialmente impossível o
julgamento de mérito.

No julgamento desses processos são respeitados o contraditório e o direito à ampla


defesa dos responsáveis, com todos os elementos a ela inerentes. Assim, o Tribunal,
diante de irregularidades detectadas em suas análises, determina a realização de
diligência, audiência prévia ou citação dos interessados, que, não as atendendo, são
considerados revéis e como tal julgados.

Em caso de julgamento pela irregularidade, as seguintes sanções podem ser aplicadas


pelo TCU, isolada ou cumulativamente:

•! a condenação ao recolhimento do débito eventualmente apurado;


•! a aplicação ao agente público de multa proporcional ao valor de prejuízo
causado ao erário, sendo o montante do dano o limite máximo da penalidade;
•! a aplicação de multa ao responsável por contas julgadas irregulares, por ato
irregular, ilegítimo ou antieconômico, por não atendimento de diligência ou
determinação do Tribunal, por obstrução ao livre exercício de inspeções ou
auditorias e por sonegação de processo, documento ou informação;
•! o afastamento provisório de seu cargo, do dirigente responsável por cerceamentos a
inspeções e auditorias enquanto durarem os respectivos trabalhos;
•! a decretação, no curso de qualquer apuração de irregularidade, da
indisponibilidade, por prazo não superior a um ano, dos bens do responsável
considerados bastantes para garantir o ressarcimento do prejuízo;
•! a declaração de inabilitação, pelo período de cinco a oito anos, para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da administração pública;
•! a declaração de inidoneidade do responsável por fraude em licitação para
participar, por até cinco anos, de certames licitatórios promovidos pela
administração pública;
•! a determinação à Advocacia-Geral da União, ou ao dirigente de entidade
jurisdicionada, de adoção de providências para arresto dos bens de
responsáveis julgados em débito.

Cabe destacar, ainda, que as penalidades aplicadas pelo Tribunal de Contas não excluem
a aplicação de sanções penais e de outras sanções administrativas, estas últimas pelas
autoridades competentes. Ressalte-se, também, que a legislação eleitoral prevê a
inelegibilidade, por um período de cinco anos, dos responsáveis por contas irregulares.
(TCU, 2017)

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Além da possibilidade de sanções administrativas, cíveis e penais, a Lei Complementar nº 135/2010,


conhecida como a Lei da Ficha Limpa, trouxe dispositivos que tornam o processo de contas muito
relevante a partir da perspectiva política, a saber:

Art. 1o Esta Lei Complementar altera a Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990,
que estabelece, de acordo com o § 9o do art. 14 da Constituição Federal, casos de
inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências.
Art. 2o A Lei Complementar nº 64, de 1990, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1o [...]
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas
rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade
administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido
suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8
(oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no
inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem
exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição [...].
(BRASIL, 2010, grifo nosso)

O tema é importante que o TCU criou o Cadastro de Responsáveis com Contas Julgadas Irregulares (CADIRREG):

Figura 7. CADIRREG (TCU). Fonte: TCU (2017)

Conforme antecipados na Aula 3, o resultado do julgamento das contas é efetuado por intermédio de
acordão, por exemplo:

ACÓRDÃO Nº 7285/2015 - TCU – 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara, com


fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso I; 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os
arts. 1º, inciso I; 17, inciso I; 143, inciso I; e 207 do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em
julgar as contas abaixo relacionadas regulares, dar quitação plena aos responsáveis e
mandar fazer as seguintes determinações sugeridas nos pareceres emitidos nos autos:

Processo TC-019.149/2014-0 (PRESTAÇÃO DE CONTAS - Exercício: 2013)

1.1. Responsáveis: Armando Akio Santos Doi (605.951.911-34); Edmilson Palma Lima
(317.400.571-04); Enrique Ricardo Lewandowski (227.234.718-53); Fernando Silveira
Camargo (445.143.101-82); Joaquim Benedito Barbosa Gomes (084.269.531-15); Miguel
Augusto Fonseca de Campos (004.881.942-53); Roberto Bezerra (603.254.961-53)
1.2. Unidade: Supremo Tribunal Federal
1.3. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado
1.5. Unidade Técnica: SecexAdministração
1.6. Representação legal: não há
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1.7. Determinar ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, se ainda não o fez, encaminhe, nas
próximas contas, estudo sobre o dimensionamento de sua força de trabalho, conforme
indicado no Relatório de Gestão Anual elaborado pelo órgão, na página 53 da peça 4.
(TCU, 2015)
!

Os julgamentos das contas anuais do Supremo Tribunal Federal – STF


estão disponíveis para consulta no link:
Disponível em:
http://tinyurl.com/yb5ccwjc

Com o advento da Lei nº 12.527/2011, conhecida como Lei de Acesso à Informação, as prestações de
contas, relatórios de auditoria, acórdãos e outras informações da gestão são de publicação obrigatória
nos sítios eletrônicos dos órgãos e entidades públicas, exemplificando:

Figura 8. Sítio eletrônico do Ministério do Planejamento. Fonte: MP (2017)

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Figura 9. Aba de Transparência Ativa do sítio eletrônico do Ministério do Planejamento. Fonte: MP (2017)

Figura 10. Consulta ao conteúdo das auditorias – Transparência Ativa. Fonte: MP (2017)

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Figura 11. Consulta ao conteúdo de prestações de contas – Transparência Ativa. Fonte: MP (2017)

Cada estado, Tribunal de Contas e município estabelece (pode estabelecer) regras


específicas para regulamentar a prestação de contas anual. No caso específico do Distrito
Federal, o regramento geral é:
•! Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF – art. 78, inc. II).

•! Lei Complementar nº 1/1994 (arts. 3º e 8º).

•! Resolução nº 296/2016 (Regimento Interno do Tribunal de Contas do TCDF).

•! IN nº 2/2016 – TCDF (Estabelece normas de organização e apresentação das


tomadas e prestações de contas anuais e extraordinárias).

•! Decreto nº 38.242/2017 (Regimento Interno da Controladoria-Geral do Distrito


Federal – CCDF).

•! Portaria nº 47/2017 – CGDF (Disciplina a execução das Ações de Controle pela


Controladoria-Geral do Distrito Federal na Administração Direta e Indireta do Poder
Executivo do Distrito Federal, na condição de Órgão Central de Controle Interno).

São interessantes, para efeitos do curso, as definições utilizadas na IN nº 2/2016 – TCDF:

Art. 1° As tomadas e prestações de contas anuais e extraordinárias dos administradores e


demais responsáveis abrangidos pelo art. 6º, incisos I, III, IV e V da Lei Complementar nº
1/94 serão organizadas e apresentadas ao Tribunal de acordo com as disposições desta
Instrução Normativa.

Parágrafo único. Para o disposto nesta Instrução Normativa, considera-se:


i.! processo de contas: conjunto de documentos e informações de natureza
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, obtidos

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 39

direta ou indiretamente pelo Tribunal, que permitam avaliar a


conformidade e o desempenho da gestão dos responsáveis a que alude o
caput deste artigo;
ii.! processo de tomada de contas: processo de contas relativo à gestão dos
responsáveis por jurisdicionadas pertencentes à administração direta, incluídos
os órgãos do Poder Legislativo e a Defensoria Pública do Distrito Federal;
iii.! processo de prestação de contas: processo de contas concernente à gestão dos
responsáveis por jurisdicionadas pertencentes à administração indireta;
iv.! processo de contas anuais: processo de tomada ou prestação de contas
organizado e apresentado anualmente pelas jurisdicionadas;
v.! processo de contas extraordinárias: processo de tomada ou prestação de
contas organizado e apresentado quando da cisão, desestatização, dissolução,
extinção, fusão, incorporação, liquidação e transformação de órgão ou entidade
da administração pública distrital, inclusive fundos especiais;
vi.! processo de contas individualizadas: processo de contas anuais referente à
gestão dos responsáveis de uma jurisdicionada;
vii.!processo de contas agregadas: processo de contas anuais referente à gestão
dos responsáveis de órgãos ou entidades que se relacionem em razão de
vinculação, hierarquia, função ou programa de governo;
viii.!gestão: conjunto de atos praticados, em determinado período de tempo, pelos
administradores e demais responsáveis, compreendendo a gerência de
recursos humanos, materiais, tecnológicos, financeiros e institucionais, visando
ao cumprimento da missão do órgão ou entidade;
ix.! risco: suscetibilidade de ocorrência de eventos indesejáveis, tais como falhas e
irregularidades em atos e procedimentos, ou de insucesso na obtenção de
resultados esperados;
x.! materialidade: representatividade dos valores orçamentários, financeiros e
patrimoniais colocados à disposição dos gestores ou do volume de bens e
valores efetivamente geridos;
xi.! relevância: importância social ou econômica de uma jurisdicionada para a
administração pública distrital ou para a sociedade, em razão das atribuições e
dos programas, projetos e atividades sob a responsabilidade de seus gestores,
assim como das ações que desempenha, dos bens que produz e dos serviços
que presta à população;
xii.! exame da conformidade: análise da legalidade, legitimidade e economicidade
da gestão em relação a padrões normativos e operacionais expressos nas
normas e regulamentos aplicáveis e da capacidade dos controles internos de
identificar e corrigir falhas e irregularidades;
xiii.!exame do desempenho: análise da eficácia, eficiência, efetividade e
economicidade da gestão em relação a padrões administrativos e gerenciais
expressos em metas e resultados negociados com a administração superior ou
definidos em leis orçamentárias; e da capacidade dos controles internos de
minimizar riscos e evitar falhas e irregularidades;
xiv.!controles internos: conjunto de atividades, planos, métodos, indicadores e
procedimentos interligados utilizados com vistas a assegurar a conformidade
dos atos de gestão e a concorrer para que os objetivos e metas estabelecidos
para as jurisdicionadas sejam alcançados com eficácia, eficiência, efetividade e
economicidade;
xv.! sistema de controle interno: conjunto de unidades agrupadas em subsistemas e
com atribuições orientadas para o desempenho coordenado e harmônico das
funções de planejamento, orçamento, administração financeira, contabilidade,

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auditoria e patrimônio, previstas no art. 2º, § 1º, do Ato das Disposições


Transitórias da Lei Orgânica do Distrito Federal;
xvi.!órgãos de controle interno: unidades integrantes da estrutura dos sistemas de
controle interno da administração pública incumbidas da verificação da
consistência e qualidade dos controles internos, entre outras; e
xvii.! órgão central do sistema de controle interno: unidade integrante do
sistema de controle interno da administração pública responsável pela
supervisão e coordenação dos demais órgãos de controle interno no exercício
de suas respectivas competências, objetivando o cumprimento eficaz das
finalidades enumeradas no art. 80 da Lei Orgânica do Distrito Federal.
(TJDF, 2016)

Também no caso específico do Distrito Federal, a Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF), o órgão
central do sistema de controle interno, deve elaborar Relatório e Certificado de Auditoria para em todos os
processos de tomadas e prestações de contas dos órgãos e entidades do Poder Executivo do Distrito Federal.

Os relatórios de auditorias elaborados pela Controladoria-Geral do


Distrito Federal – CGDF podem ser consultados no link a seguir.
http://tinyurl.com/ybbfheq9

Nesta aula, discutirmos o fundamento constitucional da prestação de contas pelos dirigentes dos órgãos e
entidades, que é também o parâmetro normativo para as Constituições Estaduais, Lei Orgânica do Distrito
Federal e Leis Orgânicas municipais. Estudamos as possíveis consequências do julgamento das contas
tomadas e prestações de contas anuais, com destaque para a aplicação da a Lei Complementar nº 135/2010,
conhecida como a Lei da Ficha Limpa. Nós nos encontramos na Aula 5! Até lá!

Aula 5 |!PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS – PARTE 3: CONVÊNIOS,


FUNDOS E DEMAIS AJUSTES COM O PODER PÚBLICO

Olá! Na Aula 4, estudamos a prestação de contas anuais das autoridades que ocupam cargos distintos dos de
chefe do Poder Executivo e o seu respectivo julgamento pelos tribunais de contas. Na última aula, discutiremos
outras formas de exteriorização do dever de prestar contas que não sejam os processos anuais de tomada ou
prestação de contas (ordinárias ou extraordinárias) o que é objeto do tópico “Convênios, Fundos e Demais
Ajustes com o Poder Público”. Por fim, estudaremos o procedimento de exceção, a Tomada de Contas Especial
(TCE). Vamos lá!

5.1.!CONVÊNIOS, FUNDOS E DEMAIS AJUSTES COM O PODER PÚBLICO


A atuação do estatal é complexa e requer a participação de diversos atores (entes federativos, órgãos,
entidades, fornecedores, organizações não governamentais, servidores, prestadores de serviços).
Nesse ponto, retornamos para a Carta Magna de 1988, que estabelece:

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Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da


União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos
ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
natureza pecuniária.
(BRASIL, 1988, grifo nosso)

Existem outras formas de exteriorização do dever de prestar contas não diretamente relacionadas com os
contratos administrativos ou com a tomada e prestação de contas (ordinária ou extraordinária), em que
se destacam:

•! Contratos de gestão.

•! Convênios.

•! Diárias e passagens.

•! Transferências legais e operações fundo a fundo.

•! Termos de cooperação (Lei nº 13.019/2014).


•! Suprimento de fundos ordinários.

•! Suprimento de fundos de natureza reservada.

Tendo em vista a magnitude dos recursos envolvidos, focaremos nos convênios,


transferências legais e operações de fundos diversos.

Os convênios são uma fonte importante de realização de políticas públicas no país, especialmente útil
para que os municípios e os estados realizem empreendimentos entre si, ou em conjunto com o Governo
Federal. Tem por base o art. 116 da Lei nº 8.666/1993, existindo uma série de normativos específicos no
âmbito do Governo Federal, estados e municípios.

Os convênios são fundamentalmente formulados com base no interesse recíproco das


partes, por exemplo, o Governo Federal tem o interesse que os municípios expandam as
infraestruturas de saneamento básico, dispondo de recursos orçamentários e financeiros
para essa finalidade. De outro lado, uma determinada Prefeitura tem o interesse em
ampliar a estrutura local de saneamento básico, mas não dispõe de recursos
orçamentários e financeiros. Neste caso hipotético, os interesses podem muito bem se
conjugar, de modo que com o estabelecimento de um convênio o Governo Federal efetue
o repasse de recursos, assumindo assim o papel de concedente, e a prefeitura realize a
obra (mediante um projeto básico, plano de trabalho, licitações, entre outros), atuando
como assim como convenente.

Nesse tipo de ajuste entre as partes, a prestação de contas assume um caráter fundamental, tanto como
requisito para a manutenção do fluxo de transferência de recursos quanto para a comprovação parcial e final do
cumprimento do objeto convenial. Nesse caso, a omissão no dever de prestar contas constitui ato de

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improbidade administrativa, conforme o art. 11, inciso VI da Lei nº 8.429/1992, bem como dá ensejo à
instauração de Tomada de Contas Especial (TCE), com vistas a recuperar os eventuais danos ao Erário.

Para ilustrar a questão traz-se à baila a reportagem disponibilizada pelo


Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), intitulada “Sobram
Irregularidades: Auditoria da CGU nos Contratos do Governo do Distrito
Federal Pagos com Recursos da União mostra Indícios de Desvios de R$
106 Milhões”. Acesse pelo link a seguir.
http://tinyurl.com/y7v8wvtt
O Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão mantém o
Portal de Convênios, que contém muitas informações técnicas para a
gestão, capacitação e captação de recursos relacionados com os
convênios federais. Acesse pelo link a seguir.
http://tinyurl.com/y8zlkx4w

Existe uma série de outras transferências legais e operações fundo a fundo que se dão por meio da
descentralização de recursos de fundos do Governo Federal diretamente para fundos estaduais, distritais
e municipais, principalmente nas áreas de assistência social. São exemplos desses tipos operações:

•! Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).

•! Fundo Nacional de Saúde (FNS) – Sistema Único de Saúde (SUS).

•! Incentivo Financeiro para Vigilância em Saúde.

•! Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

•! Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE).

Além das cautelas com as regras específicas de prestação de contas, há que se atentar nas transferências
legais e operações fundo a fundo, assim como nos convênios, para o nexo de causalidade entre os objetivos, a
fonte de recursos e a despesa executada, pois o Tribunal de Contas da União (TCU) tem responsabilizado
diversos gestores por efetuarem gastos de forma distinta da originalmente pactuada ou prevista em lei.

Devido aos detalhes e particularidades de cada tipo de transferência e


utilização de recursos originários de fundos, demonstra-se útil o estudo
da cartilha “Gestão de Recursos Federais: Manual para os Agentes
Municipais do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da
União – CGU”. Acesse pelo link a seguir.
http://tinyurl.com/ya3q7eud

Esse assunto é importante porque a CGU realiza fiscalizações sobre a correta aplicação e prestação de
contas dos recursos originários dos convênios, transferências e operações de fundos, das quais, por
muitas vezes, resulta a responsabilização de gestores públicos.

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!PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS | 43

Essa situação é ilustrada pela matéria jornalística “CGU e PF combatem


desvio de recursos da merenda escolar no Amapá”. Acesse pelo link a seguir.
http://tinyurl.com/y7pw8kqh

A figura a seguir apresenta as informações gerais do Programa de Fiscalização em Entes Federativos da CGU:

Figura 12. Programa de Fiscalização em Entes Federativos do Ministério da Transparência e CGU. Fonte: CGU (2017)

O Ministério da Transparência e a CGU compartilham informações


completas do Programa de Fiscalização em Entes Federativos na
seguinte página eletrônica.
http://tinyurl.com/y7pgqxdg

5.2.!TOMADA DE CONTAS ESPECIAL (TCE)


Vimos que o procedimento regular de cumprimento do dever de prestar contas a assume diversas
denominações, tais como: “prestação de contas”, “tomada de contas” e “contas anuais”, por exemplo.

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Todavia, existe um procedimento excepcional denominado pelo termo Tomada de Contas Especial (TCE),
que é apresentado no Decreto-Lei nº 200/1967:

Art. 84. Quando se verificar que determinada conta não foi prestada, ou que ocorreu
desfalque, desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte prejuízo para a
Fazenda Pública, as autoridades administrativas, sob pena de co-responsabilidade e sem
embargo dos procedimentos disciplinares, deverão tomar imediatas providência para
assegurar o respectivo ressarcimento e instaurar a tomada de contas, fazendo-se as
comunicações a respeito ao Tribunal de Contas.
(BRASIL, 1967)

Em termos de doutrina jurídica, temos o seguinte sobre a TCE:

O objetivo da Tomada de Contas Especial é apurar responsabilidade por omissão ou


irregularidade no dever de prestar contas ou por dano causado ao erário; certificar a
regularidade ou irregularidade das contas e identificar, no âmbito da Administração
Pública, lato sensu, o agente público responsável por:
•! - omissão no dever de prestar contas;
•! - prestar contas de forma irregular;
•! - dano causado ao erário. [...]
A Tomada de Contas Especial é o instrumento utilizado pela Administração Pública para
reparar o dano causado ao Erário pelo agente público. A sua instauração só se dá
quando existir prejuízo ou, pelo menos, indício de tal ocorrência. [...] tem por objetivo 1)
buscar a reparação do dano (reponsabilidade civil); e 2) julgar as contas (conduta do
agente público) daqueles que deram causa a perda, extravio ou outra irregularidade de
que resulte dano ao Erário ou se omitiram do dever de prestar contas da comprovação
da aplicação dos recursos públicos repassados.
[...] a fase de instauração nada mais é do que um procedimento para apuração da
responsabilidade civil que, por circunstâncias específicas desse procedimento
sistematizado (apurar os fatos, quantificar o dano e identificar o responsável), leva à
tomada de Contas do agente público que lesou o Erário, no momento em que se
estabelece o nexo causal (causa/efeito).
(FIRME, 2002)

Existem atualmente diversas normas que regulamentam o tema, mas, de modo geral, o procedimento da
TCE na existência dos seguintes requisitos:

a.! a conduta antijurídica comissiva ou omissiva: configura-se, segundo Ennecerus,


pela realização intencional ou meramente previsível de um ato que tem como
resultado a violação do ordenamento jurídico, caracterizada na contraposição
do comportamento à determinação da norma.
i.! Dolo: implica a infração consciente do dever preexistente (dolo direto) ou a
infração da norma com a consciência do resultado (dolo eventual);
ii.! Culpa: diz respeito à violação do dever preexistente ou à infração da norma
sem consciência de causar dano.
b.! a existência de dano de natureza patrimonial: trata-se do prejuízo material
experimentado pelo Estado; e
c.! o nexo de causalidade entre o primeiro e o segundo: refere-se ao liame entre o
resultado danoso para o Estado e a conduta antijurídica praticada. Ou seja, diz
respeito à necessidade de precisar-se que o dano decorre da conduta
antijurídica, ou em termos negativos, que sem a verificação do comportamento
contrário ao direito não haveria dano patrimonial para a Administração Pública.
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Segundo Sergio Cavalieri Filho, o conceito de nexo causal “não é jurídico;


decorre das leis naturais. É vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a
conduta e o resultado”
(FIRME, 2002)

O processamento de uma TCE é um ato marcado por diversas formalidades, sendo indispensável o
contraditório e a ampla defesa, existindo obrigatoriamente duas fases:

1.! Interna: ocorre no âmbito do órgão ou entidade.


2.! Externa: ocorre no âmbito do Tribunal de Contas que julgará a TCE.
Dado o relevo do assunto, vale reforçar as observações do Tribunal de Conta da União (TCU):

Estas tomadas e prestações de contas são analisadas sob os aspectos de legalidade,


legitimidade, economicidade, eficiência e eficácia, após o que são julgadas regulares,
regulares com ressalvas, irregulares ou iliquidáveis. A primeira hipótese ocorre quando a
conta expressa, de forma clara e objetiva, a exatidão dos demonstrativos contábeis, a
legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gestão do responsável. As
ressalvas, por sua vez, decorrem da existência de impropriedades ou falhas de natureza
formal de que não resultem danos ao erário.
Já a ocorrência de irregularidades das contas advém da omissão no dever de prestá-las;
da prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração a norma legal
ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou
patrimonial; de dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico;
de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos e de reincidência no
descumprimento de determinações do Tribunal. Por fim, as contas serão consideradas
iliquidáveis quando caso fortuito ou força maior tornar materialmente impossível o
julgamento de mérito.

No julgamento desses processos são respeitados o contraditório e o direito à ampla


defesa dos responsáveis, com todos os elementos a ela inerentes. Assim, o Tribunal,
diante de irregularidades detectadas em suas análises, determina a realização de
diligência, audiência prévia ou citação dos interessados, que, não as atendendo, são
considerados revéis e como tal julgados.
Em caso de julgamento pela irregularidade, as seguintes sanções podem ser aplicadas
pelo TCU, isolada ou cumulativamente:
•! a condenação ao recolhimento do débito eventualmente apurado;
•! a aplicação ao agente público de multa proporcional ao valor de prejuízo
causado ao erário, sendo o montante do dano o limite máximo da penalidade;
•! a aplicação de multa ao responsável por contas julgadas irregulares, por ato
irregular, ilegítimo ou antieconômico, por não atendimento de diligência ou
determinação do Tribunal, por obstrução ao livre exercício de inspeções ou
auditorias e por sonegação de processo, documento ou informação;
•! o afastamento provisório de seu cargo, do dirigente responsável por cerceamentos a
inspeções e auditorias enquanto durarem os respectivos trabalhos;
•! a decretação, no curso de qualquer apuração de irregularidade, da
indisponibilidade, por prazo não superior a um ano, dos bens do responsável
considerados bastantes para garantir o ressarcimento do prejuízo;
•! a declaração de inabilitação, pelo período de cinco a oito anos, para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da administração pública;
•! a declaração de inidoneidade do responsável por fraude em licitação para
participar, por até cinco anos, de certames licitatórios promovidos pela
administração pública;
•! a determinação à Advocacia-Geral da União, ou ao dirigente de entidade
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jurisdicionada, de adoção de providências para arresto dos bens de


responsáveis julgados em débito.

Cabe destacar, ainda, que as penalidades aplicadas pelo Tribunal de Contas não excluem
a aplicação de sanções penais e de outras sanções administrativas, estas últimas pelas
autoridades competentes. Ressalte-se, também, que a legislação eleitoral prevê a
inelegibilidade, por um período de cinco anos, dos responsáveis por contas irregulares.
(TCU, 2017)

Ante o exposto, é indispensável a adoção de cautelas quanto à correta realização do dever de prestar contas!

O TCU disponibiliza informações sobre o tema Tomada de Contas


Especial na página eletrônica a seguir.
http://tinyurl.com/yaybcfk2
Acesse o “Manual de Tomada de Contas Especial do Ministério da
Transparência e Controladoria-Geral da União – CGU”:
http://tinyurl.com/ycbskbyk
Para o aprofundamento nos temas desta aula, recomenda-se o estudo
das seguintes publicações.
Convênios e Outros Repasses (6a Edição) do Tribunal de Contas da
União – TCU:
http://tinyurl.com/ybbfheq9
Entenda o MROSC: Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil
(Lei 13.014/2014) da Secretaria de Governo da Presidência da República:
http://tinyurl.com/y8cp27uj

Nesta aula, discutirmos as seguintes as outras formas de exteriorização do dever de prestar contas, além das
prestações e tomadas de contas anuais, tais como os convênios, as transferências legais e operações fundos a
fundo. Vimos também o procedimento de exceção, com vistas ao ressarcimento de danos ao erário,
conhecimento como TCE. Chegamos ao fim do curso! Parabéns pelo empenho na realização do curso!
Sucesso!

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Acesse o material de estudo, disponível no Ambiente Virtual de


Aprendizagem (AVA), e assista à videoaula.

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REFERÊNCIAS
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BRASIL. Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Brasília, 1967. Disponível em:


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