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08 de Março – Dia Internacional da Mulher

Um dia para (re)pensar(-se)...

O mundo nem sempre foi um lugar tão hostil às mulheres... e por hostil me refiro ao quadro traçado a partir das
estatísticas acerca da violência contra a mulher no Brasil e no Mundo. Nesse sentido, de acordo com a pesquisa internacional
realizada pela Kering Foundation, com dados referentes aos anos de 2016 e 2017, 15 milhões de adolescentes de 15 a 19
anos já sofreram abuso sexual. Na realidade brasileira, o cenário não é muito diferente, uma vez que, conforme pesquisa da
Datafolha divulgada no último 08 de Março, 503 mulheres brasileiras são vítimas de agressão física a cada hora. O Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), por sua vez, divulgou em seu portal que, em 2016, tramitaram na Justiça do País mais de um
milhão de processos referentes à violência doméstica contra a mulher, o que corresponde, em média, a 1 processo para cada
100 mulheres brasileiras, sendo que, desses, pelo menos 13,5 mil são casos de feminicídio.
Mas nem sempre foi assim. Culturas antigas celebravam a integração e harmonia entre os sagrados masculino e
feminino, cultuando a divindade nas mulheres e as respeitando pela sua força, conhecimentos ancestrais (transmitidos de
geração para geração), habilidades e conexão com a Natureza. Não obstante, foi esse poder que, temido pelos homens que
não o compreendiam, levou à perseguição e morte de inúmeras mulheres ao longo da História, bem como à sua progressiva
sujeição ao ambiente doméstico e ao poder patriarcal.
Mesmo em um mundo hostil, inúmeras mulheres despontaram na luta por direitos, por inserção no mercado de
trabalho, no espaço público e em postos de poder e foram sendo reconhecidas na política, na economia, nas ciências, nas
artes, nos esportes, dentre outros. Nesse amplo rol encontram-se mulheres cis e mulheres trans, mulheres brancas, negras,
pardas, indígenas, lésbicas, travestis, todas com as suas singularidades, lutas e demandas. Por isso, hoje, quando se fala em
lutas feministas, imprescindível se faz reconhecer as demandas de variados sujeitos, tornando a luta das mulheres uma luta
plural, cada vez mais inclusiva e passível de atuar em diversas frentes, envolvendo as demandas específicas de todas elas, em
verdadeira coalizão.
É nesse contexto que a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, convoca a todos e todas para que “sejamos
todos feministas”, uma vez que a luta feminista ainda hoje representa, na verdade, a luta pela igualdade política, econômica
e social entre os gêneros, o que, noutros termos, corresponde a uma verdadeira luta pela igualdade. E Emma Watson, jovem
atriz britânica, mas também embaixadora da boa vontade da ONU Mulheres, na campanha #HeForShe, convoca
especialmente os homens, para lutarem ao lado das mulheres contra a violência, afinal, se continuarmos a excluir os homens
da discussão sobre mulheres e gênero, jamais lhes possibilitaremos discutirem a si mesmos e repensarem os modelos de
masculinidade que levam à própria violência. Muitas mulheres mereceriam ser citadas neste rol de mulheres fortes, tais
como Dandara dos Palmares, Maria Quitéria, Luísa Mahin, Rosa Parks, Evita Perón, Bertha Lutz, Nise da Silveira, Pagu, Indira
Gandhi, Clarice Lispector, Cora Coralina, Benazir Bhutoo, Maria da Penha, Samantha Flores, Malala e tantas outras.
Mas e você? Sente-se como uma dessas mulheres? Eu acredito que deveria! Embora essa seja uma pergunta que
devamos responder a nós mesmas todos os dias, para que possamos, a cada 08 de Março, olhar para trás com a
tranquilidade e a consciência de que fizemos a nossa parte na busca pelo reconhecimento e conquista dos direitos das
mulheres. E você, homem? Já reconheceu e valorizou as mulheres ao seu redor hoje? Já pensou sobre o que pode fazer para
contribuir nesse sentido? Já cuidou de si hoje? Um homem pleno convive em harmonia com mulheres plenas. O machismo
mora, muitas vezes, nos pequenos detalhes do cotidiano. Mas, se uma cultura muda inconscientemente, ela também pode
mudar através do exercício e reflexão diários. Afinal, pessoas plenas simplesmente são e permitem ao outro, quem quer que
seja, ser. Você já pensou sobre isso hoje? Já cuidou de si? Façamos sempre isso, mas, neste mês, em especial, cuidemos do
masculino e feminino em nós e #sejamostodosfeministas, #elesporelas... juntos, #todosetodaspelasmulheres!
Feliz Dia Internacional da Mulher!
Por Carolina Grant

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