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REPACTUAÇÃO DE CONTRATOS DE
TERCEIRIZAÇÃO – CONFORME
DIRETRIZES DA IN 05/2017
(Análise de casos práticos e questões controversas)

Erivan Pereira de Franca


Erivan Pereira de Franca

Sumário
PARTE 1 – A GARANTIA DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO DO CONTRATO
ADMINISTRATIVO........................................................................................................................................................ 3
1.1. Formação da equação econômico-financeira do contrato ....................................................................... 3
1.2. Proteção constitucional ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato.......................................... 4
PARTE 2 – O INSTITUTO DA REPACTUAÇÃO................................................................................................... 4
2.1. Natureza jurídica da repactuação .................................................................................................................. 12
2.2. A repactuação é aplicável somente aos contratos de terceirização ................................................... 17
2.2.1. O que é um contrato de terceirização? Quais são suas características? ........................... 18
2.2.2. O que fazer quando a cláusula de repactuação não se revela aplicável ao contrato?.. 33
2.3. Periodicidade e marco inicial para contagem do prazo ......................................................................... 39
2.4. Possibilidade de cláusula de repactuação e reajuste no mesmo contrato ....................................... 39
2.4.1. Mão de obra: data-base prevista na norma coletiva do trabalho ....................................... 41
2.4.2. Demais insumos: reajuste a partir da data de apresentação da proposta....................... 41
2.5. A partir de que momento a repactuação passa a produzir efeitos financeiros? ............................ 42
2.6. Renúncia tácita ao direito de repactuar (preclusão lógica) .................................................................. 42
2.7. Formalização da repactuação (termo aditivo ou apostila) ................................................................... 43
PARTE 3 – ASPECTOS A CONSIDERAR QUANDO DA REPACTUAÇÃO................................................. 46
3.1. Reflexos da vinculação ao contrato, ao instrumento convocatório e à proposta vencedora
na licitação ..................................................................................................................................................................... 46
3.2. Imprescindibilidade da planilha de custos e formação de preços, para fins de repactuação.... 46
3.3. Indicação da norma coletiva de trabalho adotada para elaboração da proposta, a ser
observada nas repactuações do contrato............................................................................................................ 47
PARTE 4 – PROCESSAMENTO DA REPACTUAÇÃO ...................................................................................... 63
4.1. Formação do processo: peças necessárias.................................................................................................. 63
4.1.1. Requisitos essenciais; documentos apresentados com o pedido ....................................... 64
4.1.2. Peças incluídas pelo servidor encarregado da instrução ...................................................... 65
4.2. Instrução processual .......................................................................................................................................... 65
4.2.1. Redigindo a Instrução: histórico da contratação ..................................................................... 65
4.2.2. Redigindo a Instrução: análise motivada do pedido de repactuação................................ 67
4.2.3. Montagem da nova planilha de custos e formação de preços ............................................. 71
4.2.4. Encaminhamento; participação do fiscal do contrato ............................................................ 72
4.2.5. Adequação orçamentária e financeira ......................................................................................... 73
PARTE 5 – ANÁLISE DE CASOS PRÁTICOS E QUESTÕES CONTROVERSAS ....................................... 74
5.1. É possível a repactuação de contrato sem planilha de custos e formação de preços? Qual é o
encaminhamento recomendável para o caso?................................................................................................... 74
5.2. Parcelas remuneratórias e benefícios criados por norma coletiva do trabalho; quando é
possível admitir inclusão de despesas na repactuação? ................................................................................ 75
5.3. Participação dos empregados nos lucros ou resultados da empresa ................................................ 75
5.4. Exclusão do item “Aviso Prévio Trabalhado” após um ano de vigência do contrato; reflexos
da Lei n.º 12.506/2011.............................................................................................................................................. 77
5.5. Negociação para exclusão ou redução de “itens gerenciáveis”............................................................ 84
5.6. Rubrica destinada à remuneração pela supressão do intervalo intrajornada ............................... 84
5.7. Adicional de periculosidade para vigilantes .............................................................................................. 84
5.8. Aplicação da Súmula 444 do TST – pagamento por trabalho executado em feriado ................... 90
5.9. Plano de saúde para os terceirizados; em que condições é possível incluir tal despesa
quando da repactuação ............................................................................................................................................ 90
5.10. Majoração da tarifa de transporte público; é fato gerador de repactuação ou revisão do
item “Vale Transporte”? ............................................................................................................................................ 93
EXEMPLO DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL ........................................................................................................ 95
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................................. 110

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Erivan Pereira de Franca

PARTE 1 – A GARANTIA DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-


FINANCEIRO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO

1.1. Formação da equação econômico-financeira do contrato

Ao buscar, junto ao mercado, a contratação da prestação de serviços, a


Administração dá a conhecer aos interessados o objeto pretendido, descrevendo-o
em minúcias no Projeto Básico ou Termo de Referência.

O objeto pretendido é descrito em detalhes nesses documentos, que o


descrevem em termos de encargos exigíveis do particular que vier a ser contratado
(em se tratando de serviços, as obrigações, rotinas de execução, os materiais e
técnicas a serem empregados na execução, o quantitativo estimado e a qualificação
da mão de obra etc.)

Os interessados participam da licitação, concorrendo entre si pelo objeto


pretendido pela Administração. Para tanto, apresentam proposta de preço e
execução dos serviços.

A proposta de preços reflete os custos nos quais o licitante irá incorrer para
prestar os serviços, decorrentes de obrigações fiscais, comerciais, trabalhistas,
previdenciárias, bem como executar o objeto em conformidade às especificações
do Projeto Básico ou Termo de Referência (rotinas de execução, materiais,
equipamentos, mão de obra etc.), além da expectativa de lucro que almeja auferir
com o negócio.

A licitação visa a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração,


cuja empresa ofertante será, ao final do procedimento, contratada para prestar os
serviços. O preço aceito pela Administração representa a justa remuneração
ajustada com o particular.

Estabelece-se, assim, a chamada equação econômico-financeira do


contrato.

A mencionada equação traduz o equilíbrio entre a prestação (encargos) a


que se obrigou o contratado e a remuneração pactuada. Na ocorrência de
eventos que desequilibrem essa equação, a legislação prevê a possibilidade de
alteração proporcional da retribuição devida.

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Erivan Pereira de Franca

DOUTRINA
Existe direito do contratado de exigir o restabelecimento do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato, se e quando vier a ser rompido. Se os
encargos forem ampliados quantitativamente, a situação inicial estará
modificada. Significa que a Administração tem o dever de ampliar a
remuneração devida ao particular proporcionalmente à majoração dos
encargos verificada. Deve-se restaurar a situação originária, de molde que o
particular não arque com encargos mais onerosos e perceba a remuneração
originariamente prevista. Ampliados os encargos, deve-se ampliar
proporcionalmente a remuneração.
(Marçal Justen Filho)

1.2. Proteção constitucional ao equilíbrio econômico-financeiro


do contrato

A Constituição Federal assegura ao particular que contrata com a


Administração a manutenção das condições efetivas da proposta aceita,
preservando, assim, o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 37. (...)
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
condições efetivas da proposta, nos termos da lei (...);

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
A manutenção das “condições efetivas da proposta” implica a
obrigatoriedade da preservação do equilíbrio entre os encargos do
contratado e a remuneração da Administração, assumidos ao tempo da
celebração do enlace administrativo após licitação pública. Nos termos da
lei, a equação econômico-financeira inicial da avença deve perdurar
durante a execução do objeto mesmo em face de futuras mutações do
contrato. Tal exigência sobressai em diversas disposições da Lei
8.666/1993: [omissis]
(Acórdão 538/2015 – Plenário)

De modo a dar concretude ao comando constitucional, a Lei de Licitações e


Contratos determina a garantia de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
do contrato, dispondo sobre os mecanismos ou instrumentos para tal garantia,

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Erivan Pereira de Franca

bem como assegura a imutabilidade das cláusulas econômicas e financeiras, que só


podem ser alteradas mediante o consentimento do contratado

LEI 8.666/93
Art. 58. ....
[...]
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do
contratado.

A Lei de Licitações e Contratos assegura a manutenção do equilíbrio


econômico-financeiro do contrato, mediante a aplicação de vários instrumentos:

 revisão: art. 65, II, “d” c/c art. 65, § 5º; art. 58, § 2º c/c art. 65, § 6º; e art. 65,
§ 2º, II;

 reajuste: art. 40, XI; e art. 55, III;

 repactuação: não tem previsão expressa na Lei nº 8.666/93; porém, é


considerada pelo TCU (Acórdãos 1827/2008 e 1828/2008, ambos do
Plenário) como espécie de reajuste.

Dentre os mecanismos previstos na Lei, acima mencionados, destacamos a


possibilidade de reajuste do preço contratado, que justifica a majoração da
remuneração ajustada em face da variação de preços decorrente de processo
inflacionário.

Exige a Lei que a possibilidade de reajuste seja prevista no edital da licitação


e no contrato, que devem indicar, também, o índice a aplicar, o qual reflete – ao
menos é esse o pressuposto – a variação dos custos necessários à execução do
objeto contratual.
LEI 8.666/93
Art. 40. O edital (...) indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
XI – critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de
produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a
data prevista para a apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa
proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela.
[...]
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
[...]
III – o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e
periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização
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Erivan Pereira de Franca

monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo


pagamento;

O indexador deve refletir, o mais próximo possível da realidade, a variação


dos preços pactuados. Daí por que se deve eleger um índice setorial, ou seja, que
reflita a variação dos custos pertinentes ao objeto contratado (por exemplo: para
um contrato de obra de construção civil, o índice que reflita a variação dos preços
nesse mercado específico).

Percebe-se, assim, que o reajuste é um mecanismo que objetiva recompor a


remuneração devida ao contratado, em virtude da variação de preços decorrente
da inflação, sendo desnecessária, ou inexigível, a demonstração pelo particular da
ocorrência de efetiva variação de custos.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
28.3 há previsão de reajuste com base na variação do IGP/DI/FGV mas
indicando a possibilidade de ‘negociação entre as partes’, o que contraria o
disposto no § 1º, do art. 3º, da Lei 10.192/2001 (peça 12, p. 32 e peça 23, p.
23, 164 e 178) . Deve-se observar, entretanto, que tanto na Minuta de
Contrato constante do Edital do Pregão 29/2014 (peça 12, p. 142) , como no
contrato assinado (peça 12, p. 173) , os termos foram alterados para ‘o
reajuste se dará (...) com base na variação do Índice Geral de Preços de
Mercado (IGP-M) ’. Já a Minuta de Contrato constante do Edital do Pregão
36/2016 (peça 23, p. 164) e o Contrato 33/2016 (peça 23, p. 178)
apresentam a possibilidade de ‘negociação entre as partes’.
[ACÓRDÃO]
9.4. dar ciência ao Conselho Federal de Contabilidade (CFC) acerca das
seguintes impropriedades, para que sejam adotadas medidas internas com
vistas à prevenção de ocorrências semelhantes:
[...]
9.4.3. a previsão de reajuste indicando a possibilidade de negociação entre
as partes, verificada nos Pregões Eletrônicos 29/2014 e 36/2016 e no
Contrato 33/2016, não se coaduna com o disposto nos artigos 40, inciso XI,
e 55, inciso III, da Lei 8.666/93;
(Acórdão 2247/2017 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[ACÓRDÃO]
9.1.conhecer da presente consulta, uma vez que se encontram satisfeitos
os requisitos de admissibilidade previstos no art. 264, inciso VI, §§ 1º e 2º, e
art. 265 do Regimento Interno;
9.2. nos termos do art. 1º, inciso XVII, da Lei 8.443/1992, responder ao
consulente que, em atendimento ao Ofício 63/2016/GM/MTur:
p. 6
Erivan Pereira de Franca

[...]
9.2.3. o reajuste e a recomposição possuem fundamentos distintos. O
reajuste, previsto no art. 40, XI, e 55, III, da Lei 8.666/1993, visa remediar
os efeitos da inflação. A recomposição, prevista no art. 65, inciso II, alínea
“d”, da Lei 8.666/1993, tem como fim manter equilibrada a relação jurídica
entre o particular e a Administração Pública quando houver desequilíbrio
advindo de fato imprevisível ou previsível com consequências incalculáveis.
Assim, ainda que a Administração tenha aplicado o reajuste previsto no
contrato, justifica-se a aplicação da recomposição sempre que se verificar a
presença de seus pressupostos;
(Acórdão 1431/2017 – Plenário)

A legislação de regência da nossa moeda circulante – o Real – impõe a


periodicidade mínima anual para o reajustamento de preços dos contratos.
LEI 9.069/95
Art. 28 Nos contratos celebrados ou convertidos em REAL com cláusula de
correção monetária por índices de preço ou por índice que reflita a variação
ponderada dos custos dos insumos utilizados, a periodicidade de aplicação
dessas cláusulas será anual.

LEI 10.192/2001
Art. 2º É admitida estipulação de correção monetária ou de reajuste por
índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de
produção ou dos insumos utilizados nos contratos de prazo de duração
igual ou superior a um ano.
§ 1º É nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção
monetária de periodicidade inferior a um ano.
[...]
Art. 3º Os contratos em que seja parte órgão ou entidade da Administração
Pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, serão reajustados ou corrigidos monetariamente de acordo
com as disposições desta Lei, e, no que com ela não conflitarem, da Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 1º A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput deste artigo
será contada a partir da data limite para apresentação da proposta ou do
orçamento a que essa se referir.

Em síntese, o reajuste é – regra geral – condicionado à previsão expressa


no edital e no contrato e somente é possível depois de decorrido um ano da
data prevista para apresentação da proposta ou do orçamento a que esta se
referir, mediante a aplicação de índice que reflita a variação dos preços daquele
contrato.

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Erivan Pereira de Franca

O direito ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato (pelo reajuste, no


caso) tem raiz constitucional. Não deriva de disposição contratual ou editalícia. A
Lei 8.666/93 determina que as condições de reajuste de preços são objeto de
cláusula necessária em todo o contrato.

Portanto, a ausência de cláusula no instrumento não afastaria a


possibilidade de concessão do reajuste, porquanto tal omissão constitui
infração à norma legal, ao comando expresso da Lei de Licitação e Contratos que
determina a inclusão obrigatória nos contratos administrativos de cláusula de
reajustamento de preços, em obediência à Constituição Federal, que, por sua vez,
assegura as condições efetivas da proposta.

Tanto é assim, que o Tribunal de Contas da União tem determinado, em caso


de inexistência de cláusula de reajuste, o aditamento ao contrato, para nele incluir
tal cláusula, pois se trata de direito do particular.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
IRREGULARIDADES QUE SÃO OBJETO DE DETERMINAÇÃO NA PROPOSTA DE
ENCAMINHAMENTO DA INSTRUÇÃO (peça 60)
b.2) inclua no novo edital cláusulas relacionadas aos critérios de
reajustamento dos preços, de forma a explicitar as condições, índices ou
formas de cálculo, no instrumento convocatório da concorrência 2/2015,
em consonância com o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal e com o
art. 40, XI, da Lei 8.666/1993;
26. Com efeito, o critério de reajustamento é conteúdo essencial do
edital e tem por objetivo garantir que o contrato a ser firmado mantenha as
condições efetivas da proposta inicial, ou o equilíbrio entre os encargos e a
remuneração. E não há dúvidas de que ele deveria constar no edital, como
consta na proposta original.
27. Todavia, cumpre avaliar o efeito real da ausência do critério de
reajustamento no contrato que virá a ser firmado para a obra do Campus
Osasco/SP. Na realidade, o reajuste do contrato para compensação do
processo inflacionário é um direito do contratado e a sua concessão não é
discricionária ao gestor público. Assim consta na Lei 10.192, de 14 de
fevereiro de 2001:
(...)
31. Sendo assim, a ausência do critério de reajustamento no edital não
impedirá o seu devido reconhecimento quando preenchidos os requisitos.
Desta forma, sem perder de vista que a omissão em análise é de fato ilegal,
e merece ser corrigida no edital dos demais lotes da concorrência, parece-
me um meio termo adequado para o caso, determinar à Unifesp que no
caso do lote Osasco/SP, mesmo não constando o critério de reajustamento
na minuta de contrato que acompanha o edital, faça, excepcionalmente, a

p. 8
Erivan Pereira de Franca

inserção de tal critério no contrato que vier a ser firmado com o vencedor
da licitação.
[ACÓRDÃO]
9.3. determinar à Universidade Federal de São Paulo que, em relação ao
Edital de Concorrência 02/2015:
[...]
9.3.2. inclua, nos “editais de convite às empresas pré-qualificadas” relativos
às obras dos campi Baixada Santista, Diadema e Zona Leste e no contrato
que vier a ser assinado em relação à obra do campus Osasco, cláusula que
preveja os critérios de reajustamento dos preços, conforme art. 40, inciso
XI, da Lei 8.666/1993;
(Acórdão 711/2016 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2. determinar à Saneamento de Goiás S/A - Saneago que, no emprego de
recursos públicos federais:
[...]
9.2.3. adite o contrato 431/2008, firmado com a empresa Evoluti
Ambiental Ltda., acrescentando cláusulas exigidas pelo artigo 55 da Lei
8.666/1993, referentes ao regime de execução do contrato, à data-base e
periodicidade do reajustamento de preços e ao crédito pelo qual ocorrerá
a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da
categoria econômica;
(Acórdão 1685/2008 – Plenário)

Ou seja, entende o Tribunal de Contas da União que o direito ao reajuste


subsiste, ainda que não haja previsão expressa no edital ou no contrato.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
20.O edital da concorrência não indicou o critério de reajuste de preços a
ser utilizado durante a execução dos serviços, estipulada em doze meses.
21.Para a instrução, esse foi, inclusive, um dos motivos da anulação do
certame, em face da impossibilidade da convocação da segunda colocada,
tendo em vista a falta de definição de tais critérios para realinhamento dos
preços após a rescisão do contrato.
22.Os responsáveis [responsável 1] e [responsável 2] alegaram que a
ausência de cláusula de reajuste de preço no edital se deu pelo fato de que
o contrato teria prazo de vigência de doze meses, sendo que a legislação
somente determina a estipulação de correção monetária em contratos com
prazo igual ou superior a um ano. Argumentaram também que a Lei
10.192/2001 não obrigou a Administração a prever cláusula de reajuste em
seus contratos administrativos, mas proibiu o reajuste para períodos
inferiores a um ano.

p. 9
Erivan Pereira de Franca

23.Todavia, como lembrou a instrução, o estabelecimento dos critérios de


reajuste dos preços, tanto no edital quanto no instrumento contratual,
não constitui discricionariedade conferida ao gestor, mas sim verdadeira
imposição, ante o disposto nos artigos 40, inciso XI, e 55, inciso III, da Lei
8.666/93 – acórdão 2.804/2010 – Plenário).
24.Em tais circunstâncias, é adequada a proposta da unidade técnica de não
acatar as justificativas dos gestores e aplicar-lhes multas, bem como a
[responsável 3], secretário anterior e revel.
(Acórdão 2205/2016 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
27. Quanto à vedação ao reajuste prevista no contrato firmado com a
Tecnocoop, cabe ressaltar que a jurisprudência desta Corte de Contas é no
sentido de que deverá assegurar-se ao interessado o direito a esse
instrumento de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, ainda que
não esteja previsto contratualmente, uma vez que a Lei n. 8.666/93 (arts.
5º, § 1º, e 40, XI) garante aos contratados a correção dos preços a fim de
que lhes preservem o valor (Acórdãos n. 376/1997 - 1ª Câmara e 479/2007
- Plenário).
(Acórdão 963/2010 – Plenário)

O pensamento da doutrina sobre a matéria – ainda que com reservas – pode


ser considerado como alinhado ao entendimento exposto nos julgados do Tribunal
de Contas da União acima transcritos parcialmente.

DOUTRINA
É obrigatório a inclusão de reajuste quando for previsível a superação do
prazo de doze meses. Não se trata de faculdade da Administração prever o
reajuste, mas um dever imperioso.
(Marçal Justen Filho)

DOUTRINA
Há divergência doutrinária no que diz respeito com a possibilidade de
reajuste quando o instrumento convocatório não dispuser expressamente
acerca dele. Visto antes que o equilíbrio econômico-financeiro do contrato
administrativo é um direito fundado no art. 37, XXI, da Constituição Federal
de 1988, é de se concluir que o reajuste contratual é um direito do
contrato. Por segundo, como também antes posto, a preservação do
equilíbrio econômico-financeiro é também de interesse público e da
Administração Pública, na medida em que, desequilibrada a equação
econômico-financeira, pode restar em risco de prejuízo a qualidade da
execução contratual.
[...]

p. 10
Erivan Pereira de Franca

Se concebida como possível a possibilidade de reajuste sem previsão dele


no instrumento convocatório, antes da sua concessão seria necessária uma
alteração contratual para prever mediante termo aditivo tanto a
possibilidade de reajustamento, como sob qual índice ele se dará – o que,
convenhamos, não se coaduna com o regime jurídico administrativo.
(José Anacleto Abduch Santos)

No mesmo sentido é a orientação da IN 05/2017, que diz ser a repactuação


um direito subjetivo do particular contratado.
IN 05/2017
Art. 54. ....
§ 1º A repactuação para fazer face à elevação dos custos da contratação,
respeitada a anualidade disposta no caput, e que vier a ocorrer durante a
vigência do contrato, é direito do contratado e não poderá alterar o
equilíbrio econômico e financeiro dos contratos, conforme estabelece o
inciso XXI do art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil,
sendo assegurado ao prestador receber pagamento mantidas as condições
efetivas da proposta.

p. 11
Erivan Pereira de Franca

PARTE 2 – O INSTITUTO DA REPACTUAÇÃO

A Lei de Licitações e Contratos não menciona a técnica da repactuação. O


instituto da repactuação teve origem na necessidade de desindexar os contratos de
prestação de serviços de natureza continuada (que ordinariamente se estendem
por mais de um exercício financeiro), como decorrência do chamado Plano Real.

A repactuação é mencionada pela primeira vez, num instrumento normativo,


na Resolução 10, de 8.10.1996, do Conselho de Coordenação e Controle das
Empresas Estatais. Por intermédio da mencionada norma, proibiu-se às estatais
incluir nos contratos de prestação de serviços contínuos cláusula de reajuste por
aplicação de índices setoriais.

A citada Resolução determinou que nos contratos de prestação de serviços


com vigência superior a um ano ou quando prevista a renovação ou prorrogação
de vigência, se adotasse, ao invés do reajuste por índice financeiro, a técnica da
“repactuação de preços”, observando-se os parâmetros qualidade e preços
vigentes no mercado.
RESOLUÇÃO CCE 10/1996
Art. 1º Vedar a inclusão, nos contratos de prestação de serviços, de
cláusulas de indexação a qualquer título.
[...]
Art. 3º Estabelecer que, nos casos de contratos com vigência superior a um
ano ou quando haja cláusula de prorrogação, a repactuação de preços
deverá ter, como parâmetros básicos, a qualidade e os preços vigentes no
mercado para prestação desses serviços e, quando couber, as orientações
expedidas pelo Ministério da Administração e Reforma do Estado.

Posteriormente, em 1997, o Decreto n.º 2.271, que disciplinou a contratação


de serviços contínuos na Administração Federal previu a possibilidade de
repactuação, para adequação dos preços à realidade do mercado, mediante a
demonstração analítica, pelo contratado, da variação dos componentes dos
custos do contrato.
DECRETO 2.271/97
Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a
prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que
previsto no edital, admitir repactuação visando a adequação aos novos
preços de mercado, observado o interregno mínimo de um ano e a
demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do
contrato, devidamente justificada.

p. 12
Erivan Pereira de Franca

A IN 05/2017 é a norma que disciplina de modo mais detalhado o


procedimento da repactuação (vide art. 53 e seguintes daquela norma).

O conceito de repactuação consta no inciso XX do Anexo I da IN 05/2017, a


explicitar que se trata de técnica de reajustamento – para garantia do
equilíbrio econômico-financeiro, aplicável aos contratos de terceirização,
mediante demonstração analítica da variação dos custos deste.
IN 05/2017
ANEXO I – DEFINIÇÕES
XX - REPACTUAÇÃO: forma de manutenção do equilíbrio econômico-
financeiro do contrato que deve ser utilizada para serviços continuados
com dedicação exclusiva da mão de obra, por meio da análise da variação
dos custos contratuais, devendo estar prevista no ato convocatório com
data vinculada à apresentação das propostas, para os custos decorrentes
do mercado, e com data vinculada ao Acordo ou à Convenção Coletiva ao
qual o orçamento esteja vinculado, para os custos decorrentes da mão de
obra.

Assim, para que a repactuação seja concedida, há de ser demonstrada –


mediante análise da planilha de custos e formação de preços do contrato – a
variação dos custos suportados pelo particular para prestar os serviços.

Sem a planilha, é virtualmente impossível à Administração proceder à


mencionada análise e aplicar essa técnica especial de reajustamento. Daí a sua
imprescindibilidade. Tanto assim, que a IN 05/2017, em harmonia com o
entendimento do TCU, exige a apresentação e análise da planilha de custos para
viabilizar a repactuação.
IN 05/2017
Art. 57. As repactuações serão precedidas de solicitação da contratada,
acompanhada de demonstração analítica da alteração dos custos, por meio
de apresentação da planilha de custos e formação de preços ou do novo
Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho que fundamenta a
repactuação, conforme for a variação de custos objeto da repactuação.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[RELATÓRIO]
"2. Em face da instrução, mediante autorização do Relator, realizou-se
oitiva prévia do pregoeiro do CNJ, a fim de obter informações que
possibilitem analisar a questão de maneira mais completa, nos seguintes
termos:
a) ausência de detalhamento da estimativa de preços para a contratação
em planilhas demonstrativas da composição de seus custos unitários, em

p. 13
Erivan Pereira de Franca

desacordo ao disposto no art. 8º, inciso III, alínea "a" do Decreto


3555/2000, c/c o art. 7º, § 2º, inciso II, e 40, § 2º, inciso II, ambos da Lei
8.666/1993;”
[...]
7. Da manifestação do Pregoeiro sobre os itens solicitados pelo Tribunal,
destacamos os seguintes pontos:
7.1 O detalhamento da estimativa de preços baseou-se no valor do ponto
de função, considerando também a estimativa da quantidade a ser utilizada
no decorrer do contrato, bem como fatores de ajustes para o pagamento
em caso de utilização de plataformas distintas e, ainda, o ambiente
computacional implantado no CNJ.
[...]
7.6 O Poder Judiciário não se submete ao cumprimento obrigatório de
Instruções Normativas de outro Poder, uma vez que fere os princípios da
legalidade e da separação dos poderes. Também, o Edital não exigiu
apresentação desta planilha por ser totalmente desnecessária, uma vez que
o preço máximo estimado para o ponto de função já deve ser proposto com
todos os custos incidentes, conforme estabelecido no Parágrafo Único da
Cláusula Vinte e Três da minuta de contrato (Anexo III do Edita). Por fim, a
IN [02/2008] apontada como descumprida exige a planilha para a
contratação de postos de trabalho, o que não é o caso presente licitação,
que trata da contratação de prestação de serviço.
[...]
15. Diferente do que afirma o Pregoeiro, não existe no termo de
referência informação sobre a metodologia utilizada para definição do
número de pontos de função, mas somente a afirmação que se utilizou
como base na experiência de contratos anteriores e também os contratos
de outros órgãos do judiciário. Para atender ao solicitado na oitiva, seria
necessário demonstrar a metodologia de cálculo para chegar ao
quantitativo estabelecido para cada sistema.
[...]
17. Outro aspecto a ser considerado, com influência direta na repactuação
do contrato, diz respeito às categorias profissionais que compõem o
quadro necessário para elaboração de 01 unidade de Ponto de Função,
como exemplificado no quadro a seguir: [omissis]
18. Como previsto na minuta do contrato, os serviços contemplados nas
etapas de Levantamento de Requisitos, Homologação, Implantação e
Garantia serão realizados nas dependências do Conselho Nacional de
Justiça. Nesse caso, é necessário que o CNJ demonstre a
representatividade de cada profissional na composição do ponto de
função e o detalhamento da planilha de custo de cada profissional. Sem
isso não há como fazer a repactuação e somente seria possível o
reequilíbrio econômico financeiro do contrato. Por último, verifica-se que a
cláusula de reajuste prevista no edital não encontra respaldo legal.
[...]

p. 14
Erivan Pereira de Franca

O Diretor da 3ª DT/3ª Secex também se manifestou nos autos (Peça 12):


[...] 2. Questão importante é a ausência de planilha detalhada dos custos
dos profissionais envolvidos na contratação e a cláusula vinte e quatro do
contrato, peça 10 - p. 226, que estabelece que os preços contratados
poderão ser reajustados, mediante negociação entra as partes e a
formalização de pedido pela contratada, tendo como limite máximo a
variação do IGPDI/FGV ocorrida nos últimos 12 (doze) meses.
3. Não é por que o CNJ não se submete ao cumprimento obrigatório de
Instruções Normativas de outro Poder, tampouco por não se tratar de
contratação por postos de trabalho, que não se devem exigir tais planilhas
no certame. A ausência do detalhamento dos custos demonstrando a
representatividade de cada profissional envolvido no projeto na
composição do ponto de função, bem como das planilhas de custos dos
profissionais (programador, gerente de projetos, analista de sistemas etc.),
inviabiliza a repactuação do preço contratado, uma vez que não será
possível demonstrar analiticamente a variação dos componentes dos
custos.
4. A Lei 8.666/93 prevê que o valor pactuado inicialmente entre as partes
pode sofrer três espécies de alterações: atualização financeira, em
decorrência de atraso no pagamento, em consonância com o disposto no
art. 40, XIV, "c"; reajuste, que está previsto nos arts. 40, XI, e 55, III;
reequilíbrio econômico financeiro, conforme dispõe o art. 65, II, "d".
5. A repactuação se apresenta com um mecanismo para preservar a relação
econômico-financeira dos contratos de serviços contínuos, porém devendo
ser respeitado o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica
da variação dos componentes de custo do contrato, devidamente
justificada, e não se aplica ao presente caso porque não houve o
detalhamento da proposta do licitante vencedor demonstrando a
representatividade de cada profissional envolvido no projeto na
composição do ponto de função, bem como planilhas de custos dos
profissionais.
[VOTO]
No que se refere à ausência de detalhamento da estimativa de preços
para a contratação em planilhas demonstrativas da composição de custos
unitários, bem como à exigência de que os licitantes apresentem tal
regramento (alíneas "i", "iii" e "iv", supra), tal qual anotado pela unidade
técnica, não obstante o conteúdo do art. 19 da IN-MPOG nº 02/2008 não
ser compulsório ao Poder Judiciário (como defende o pregoeiro), entendo
que tais providências visam atender, na plenitude, o conteúdo dos arts. 6º,
inciso IX, alínea "f" e 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93; extrapolam, pois, a
norma regulamentar do Poder Executivo; dizem respeito à Lei Geral de
Licitações.
Ao determinar o detalhamento - e a motivação - do preço base da licitação,
bem como a estender tal providência às licitantes, privilegia-se a isonomia
do certame e a certeza da obtenção da melhor proposta, mens legis de
qualquer contratação. Concordo com a unidade instrutiva, pois, que
"informar que o número de pontos de função foi estabelecido com base na
experiência de contratos anteriores e também com base em contratos de
outros órgãos do judiciário não é suficiente para justificar o quantitativo
p. 15
Erivan Pereira de Franca

definido no termo de referência do certame. É necessário demonstrar a


metodologia de cálculo usada para chegar ao quantitativo estabelecido
para cada sistema".
[...]
Finalmente, incorporo também em minhas razões para decidir os
argumentos oferecidos pelo Diretor da Unidade quanto à impropriedade
de se mesclarem os institutos de reajuste e repactuação.
[ACÓRDÃO]
9.2. determinar ao Conselho Nacional de Justiça, com base no art. 251,
caput, do Regimento Interno do Tribunal que:
[...]
9.2.2. nas próximas licitações para contratação de empresa para prestação
de serviços técnicos de fábrica de software:
[...]
9.2.2.2. abstenha-se de estabelecer a necessidade de reajustes com
negociação entre as partes, após demonstração analítica da variação dos
componentes de custo do contrato, com limitação do reajuste à variação do
IGPDI/FGV ocorrida nos últimos 12 meses, por ausência de amparo legal;
(Acórdão 161/2012 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.4.2. compare as planilhas de custos e formação de preços fornecidas
pela contratada nos momentos da apresentação da proposta e do
requerimento de repactuação, nos termos do § 1º, art. 57 da Lei nº 8.666,
de 16 de junho de 1993, e do art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de
1997, com vistas a verificar se ocorreu ou não a efetiva repercussão dos
eventos majoradores nos custos pactuados originalmente;
(Acórdão 2094/2010 – 2ª Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
A comprovação da necessidade de repactuação de preços, decorrente da
elevação anormal de custos, exige a apresentação de planilhas detalhadas
de composição dos itens contratados, com todos os seus insumos, assim
como dos critérios de apropriação dos custos indiretos.
(Acórdão 2408/2009 – Plenário) Ver também: Acórdão 658/2011 – 1ª Cam.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
3 - Imprescindibilidade de composição adequada da planilha de custos.
Na mesma auditoria realizada na Diretoria Regional da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos do Estado do Rio Grande do Sul (EBCT/DR/RS),
outra possível irregularidade observada pela equipe de auditoria ocorrera
no Pregão Eletrônico nº 56/2006, destinado à locação temporária de

p. 16
Erivan Pereira de Franca

furgões, e no qual foram admitidas planilhas de custos apresentadas pelas


licitantes de modo inconsistente. Ilustrativamente, a unidade técnica
informou que, nas propostas apresentadas, a participação do item
combustível, no preço de uma diária contemplando 150 km de rodagem,
variou de R$ 2,36 a R$ 60,00, e as despesas administrativas a serem
incorridas, também em uma diária, oscilaram de R$ 4,00 a R$ 70,00. O
responsável, ouvido em audiência, argumentou, essencialmente, que "a
planilha de formação de custos é apresentada após a assinatura do
contrato, não influindo no critério de julgamento", e que "o reajuste
contratual é feito com base em índice pré-estabelecido no contrato, assim,
somente no caso de reequilíbrio econômico-financeiro a composição de
custos seria relevante". A unidade técnica, ao refutar os argumentos
apresentados, consignou que, "nos contratos de prestação de serviços de
duração continuada, este Tribunal não tem admitido a utilização de índices
de reajuste gerais, devendo-se adotar a sistemática de repactuação com
base nas variações dos custos dos serviços contratados". Desse modo, para
a unidade técnica, "as planilhas de formação de custo não têm o caráter
secundário apregoado pelo responsável e devem ser detidamente
analisadas com vistas a permitir que a repactuação ocorra sem prejuízo
para a administração". O relator, ao concordar com os exames da unidade
técnica e respaldando-se em decisão anterior do Tribunal, registrou que "às
estatais também é vedada a estipulação de cláusula de reajuste nos
contratos de prestação de serviço de duração continuada. Desse modo,
devem as empresas repactuar os valores contratados se houver variação
nos custos dos serviços. Vale dizer que o contrato não deve definir, a priori,
nenhuma forma de reajuste ou de repactuação. As alterações dos valores
contratados serão objeto de negociação entre as partes. Para tanto,
devem ser considerados os diversos itens que afetam a composição dos
custos dos serviços prestados.". Ao final, o relator votou pela não aplicação
de multa ao responsável, sem prejuízo da expedição de determinação
corretiva para futuras licitações a serem promovidas pela EBCT/DR/RS, o
que foi aprovado pelo Plenário. Precedente citado: Acórdão 1374/2006-
Plenário.
(Acórdão 2219/2010 – Plenário – INFORMATIVO 32)

2.1. Natureza jurídica da repactuação

O Tribunal de Contas da União, interpretando a legislação de regência (acima


mencionada) concluiu que o art. 5º do Decreto 2.271/97, ao prever o instituto da
repactuação, não criou instituto jurídico autônomo, mas tão somente
regulamentou os artigos 40, XI, e 55, III, da Lei 8.666/93 para os contratos de
prestação de serviços de natureza continuada.

Ao analisar a natureza jurídica da repactuação, o Tribunal concluiu tratar-se


de espécie de reajuste.

p. 17
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
3. A repactuação de preços não foi editada pelo Decreto nº 2.271/97
como figura jurídica autônoma, mas como espécie de reajuste de preços,
a qual, ao contrário de valer-se da aplicação de índices de preços, adota
apenas a efetiva alteração dos custos contratuais. Desse modo, não há se
falar em inconstitucionalidade quanto ao aspecto previsto no artigo 84,
inciso IV, da Constituição Federal.
4. Sendo a repactuação contratual um direito que decorre de lei (artigo 40,
inciso XI, da Lei nº 8.666/93) e, tendo a lei vigência imediata, forçoso
reconhecer que não se trata, aqui, de atribuição, ou não, de efeitos
retroativos à repactuação de preços. A questão ora posta diz respeito à
atribuição de eficácia imediata à lei, que concede ao contratado o direito de
adequar os preços do contrato administrativo de serviços contínuos aos
novos preços de mercado.
(Acórdão 1827/2008 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
A diferença entre repactuação e reajuste é que este é automático e deve
ser realizado periodicamente, mediante a simples aplicação de um índice
de preço, que deve, dentro do possível, refletir os custos setoriais. Naquela,
embora haja periodicidade anual, não há automatismo, pois é necessário
demonstrar a variação dos custos do serviço.
(Acórdão 1105/2008 – Plenário)

Em consonância com o entendimento jurisprudencial do TCU, a IN 05/2017


também caracteriza a repactuação como espécie de reajuste de preços.
IN 05/2017
Art. 54. A repactuação de preços, como espécie de reajuste contratual,
deverá ser utilizada nas contratações de serviços continuados com regime
de dedicação exclusiva de mão de obra, desde que seja observado o
interregno mínimo de um ano das datas dos orçamentos aos quais a
proposta se referir.

2.2. A repactuação é aplicável somente aos contratos de


terceirização

A revogada IN 02/2008 já dispunha, antes mesmo da evolução


jurisprudencial do TCU, que a repactuação é aplicável somente aos contratos de
terceirização (prestação de serviços contínuos mediante cessão da mão de obra).

p. 18
Erivan Pereira de Franca

Como vimos no art. 54 da nova IN 05/2017 – acima transcrito – essa norma


manteve a mesma diretriz da revogada IN 02/2008.

IN 02/2008 (revogada)
Art. 37. A repactuação de preços, como espécie de reajuste contratual,
deverá ser utilizada nas contratações de serviços continuados com
dedicação exclusiva de mão de obra, desde que seja observado o
interregno mínimo de um ano das datas dos orçamentos aos quais a
proposta se referir, conforme estabelece o art. 5º do Decreto nº 2.271, de
1997.

Como vimos no art. 54 da nova IN 05/2017 – acima transcrito – essa norma


manteve a mesma diretriz da revogada IN 02/2008.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
Outra relevante diferença observável entre os contratos de empreitada de
construção civil e os de terceirização de mão de obra refere-se ao
parâmetro de reajuste de preços para os dispêndios decorrentes da mão
de obra, visto que, nos contratos de terceirização, é aplicado o instituto da
repactuação, em que o equilíbrio econômico-financeiro da avença é
mantido por meio do exame da variação efetiva dos custos contratuais,
com data vinculada ao acordo ou à convenção coletiva utilizados para
formulação do orçamento estimativo. Já nas demais espécies de contrato,
inclusive os de empreitada, há mera aplicação de índices de reajuste.
(Acórdão 719/2018 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
O instituto da repactuação de preços aplica-se apenas a contratos de
serviços continuados prestados com dedicação exclusiva da mão de obra.
O Plenário apreciou monitoramento do Acórdão 1.677/2015 Plenário,
proferido em processo de Representação que apontara possíveis
irregularidades em edital de pregão eletrônico promovido pelo
Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), destinado à
contratação de serviço de monitoramento eletrônico de veículos mediante
sistema de leitura automática de placas, utilizando tecnologia de
Reconhecimento Ótico de Caracteres (OCR). Dentre outras questões
tratadas nos autos, dissentiu parcialmente o relator da proposta formulada
pelo titular da unidade técnica de determinação ao DPRF para condicionar a
adjudicação do certame ao fornecimento pela licitante de planilha
detalhada de quantitativos e preços unitários relativos à sua proposta,
“inserindo-a nos autos do procedimento licitatório para fins de subsidiar
eventuais repactuações e reajustes futuros”. Mais especificamente, um dos
pontos da divergência referiu-se à menção ao instituto da repactuação.
Observou o relator que, no voto condutor do Acórdão 1.574/2015
Plenário, restou consignado que o instituto da repactuação “só se aplica a
serviços continuados prestados com dedicação exclusiva da mão de obra,

p. 19
Erivan Pereira de Franca

isto é, mediante cessão da mão de obra, o que não corresponde ao objeto


da contratação a ser realizada pelo DPRF, eis que se trata de serviços
contínuos que não serão prestados mediante dedicação exclusiva da mão de
obra”. Nesse sentido, transcreveu excerto da fundamentação do citado
precedente, no qual se afirma que “a repactuação de preços, como espécie
de reajuste contratual, deverá ser utilizada apenas nas contratações de
serviços continuados com dedicação exclusiva de mão de obra, desde que
seja observado o interregno mínimo de um ano das datas dos orçamentos
aos quais a proposta se referir, conforme estabelece o art. 5º do Decreto nº
2.271, de 1997”, e, explicando os institutos, se esclarece que “o reajuste de
preços é a reposição da perda do poder aquisitivo da moeda por meio do
emprego de índices de preços prefixados no contrato administrativo. Por
sua vez, a repactuação, referente a contratos de serviços contínuos, ocorre
a partir da variação dos componentes dos custos do contrato, devendo ser
demonstrada analiticamente, de acordo com a Planilha de Custos e
Formação de Preços”. Destacou ainda o relator que o edital da contratação
sob exame fez expressa alusão ao instituto do reajuste de preços e não ao
da repactuação. Ademais, finalizou, “a Lei 8.666/1993 prevê a possibilidade
de readequar a equação econômico-financeira dos contratos nas hipóteses
de álea ordinária e extraordinária. Na situação em tela, a primeira será
efetuada por meio do reajuste de preços. A segunda será realizada via
reequilíbrio econômico-financeiro insculpido na alínea d do inciso II do art.
65 (instituto da revisão ou do realinhamento de preços)”. Assim, ajustou a
proposta de determinação ao DPRF, no sentido de que a mencionada
planilha fosse inserida nos autos do processo licitatório e utilizada “como
parâmetro para subsidiar futuros reajustes e/ou revisões de preço”, o que
foi acolhido pelo Colegiado.
(Acórdão 1488/2016 – Plenário – INFORMATIVO 290)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
Analiso (...) inconformidades que verifiquei no Edital de Tomada de Preços
1/2014 [elaboração de projeto executivo para pavimentação de vias
públicas, construção de atracadouro para embarcações com rampa de
concreto e construção de balneário (...) em municípios do Estado do Piauí] e
nos demais documentos carreados aos autos.
A primeira delas refere-se à previsão de repactuação do contrato (...). Tal
disposição está afrontando pacífica jurisprudência deste Tribunal bem
como o art. 37 da Instrução Normativa SLTI nº 2/2008, de que a
repactuação de preços, como espécie de reajuste contratual, deverá ser
utilizada apenas nas contratações de serviços continuados com dedicação
exclusiva de mão de obra, desde que seja observado o interregno mínimo
de um ano das datas dos orçamentos aos quais a proposta se referir,
conforme estabelece o art. 5º do Decreto nº 2.271, de 1997.
O objeto licitado não se enquadra nem como serviço continuado, nem
como atividade com dedicação exclusiva de mão de obra. Assim, o edital
deveria prever o uso do instituto do reajuste, e não da repactuação. Como
deixei registrado no voto condutor do Acórdão 1.827/2008-TCU-Plenário, o

p. 20
Erivan Pereira de Franca

reajuste de preços é a reposição da perda do poder aquisitivo da moeda


por meio do emprego de índices de preços prefixados no contrato
administrativo. Por sua vez, a repactuação, referente a contratos de
serviços contínuos, ocorre a partir da variação dos componentes dos
custos do contrato, devendo ser demonstrada analiticamente, de acordo
com a Planilha de Custos e Formação de Preços.
(Acórdão 1585/2015 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
A repactuação de preços aplica-se apenas às contratações de serviços
continuados com dedicação exclusiva de mão de obra e ocorre a partir da
variação dos componentes dos custos do contrato, desde que seja
observado o interregno mínimo de um ano das datas dos orçamentos aos
quais a proposta se referir, conforme estabelece o art. 5º do Decreto
2.271/97, devendo ser demonstrada analiticamente, de acordo com a
Planilha de Custos e Formação de Preços.
Representação. [...] o relator apontara que a cláusula editalícia de
repactuação do contrato estaria em desacordo com a jurisprudência do
Tribunal e com o art. 37 da Instrução Normativa SLTI 2/2008, segundo o
qual “a repactuação de preços, como espécie de reajuste contratual, deverá
ser utilizada apenas nas contratações de serviços continuados com
dedicação exclusiva de mão de obra, desde que seja observado o interregno
mínimo de um ano das datas dos orçamentos aos quais a proposta se
referir, conforme estabelece o art. 5º do Decreto nº 2.271, de 1997”.
Observou o relator que “o objeto licitado não se enquadra nem como
serviço continuado, nem como atividade com dedicação exclusiva de mão
de obra”, ressaltando ainda que “o edital deveria prever o uso do instituto
do reajuste, e não da repactuação”. Sobre a questão, relembrando o
Acórdão 1.827/2008-Plenário, de sua relatoria, explicou que “o reajuste de
preços é a reposição da perda do poder aquisitivo da moeda por meio do
emprego de índices de preços prefixados no contrato administrativo. Por
sua vez, a repactuação, referente a contratos de serviços contínuos, ocorre
a partir da variação dos componentes dos custos do contrato, devendo ser
demonstrada analiticamente, de acordo com a Planilha de Custos e
Formação de Preços”. Nesse contexto, o Plenário do Tribunal, pelos motivos
expostos pelo relator, decidiu, no ponto, dar ciência à Codevasf acerca da
irregularidade relativa à “previsão no edital de que o contrato resultante da
licitação será repactuado, apesar de objeto licitado não envolver a execução
de serviço continuado com dedicação exclusiva de mão de obra, o que
infringe o disposto no art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/93, c/c art. 5º do
Decreto 2.271/1997 e art. 37 da Instrução Normativa SLTI nº 2/2008”.
(Acórdão 1574/2015 – Plenário – INFORMATIVO 248)

DOUTRINA
O fundamento jurídico da repactuação é a intangibilidade da equação
econômico-financeira do contrato administrativo. A peculiaridade da
repactuação reside em ser aplicada em contratos com prazo superior a

p. 21
Erivan Pereira de Franca

doze meses e a sua vinculação à variação concreta e efetiva de custos e


vantagens do particular.
A repactuação é destinada a ser aplicada em contratos cuja execução
envolva o uso intensivo de mão de obra, muitos relevantes de variações
previstas em dissídios ou convenções coletivas de trabalho. (sic)
A repactuação aproxima-se da revisão de preços: trata-se de uma discussão
entre as partes relativamente às variações de custo efetivamente ocorridas.
Não se promove a mera e automática aplicação de um indexador de preços,
mas examina-se a real evolução de custos do particular.
(Marçal Justen Filho)

2.2.1. O que é um contrato de terceirização? Quais são suas


características?

Entendemos que a terceirização, no âmbito das contratações públicas,


consiste na entrega a terceiros da execução, mediante cessão de mão de obra,
de serviço de natureza continuada.

Dois são, portanto, os elementos que, se presentes, caracterizam a


terceirização:

1º) que o objeto do contrato constitua a prestação de serviço de natureza


continuada; e

2º) que a execução dos serviços se dê mediante a cessão da mão de obra


pela pessoa jurídica contratada.

O conceito dado ao contrato de terceirização, na novíssima IN 05/2017,


contém certos elementos que, na visão do MPDG, o caracterizam:

IN 05/2017
Art. 17. Os serviços com regime de dedicação exclusiva de mão de obra
são aqueles em que o modelo de execução contratual exija, dentre outros
requisitos, que:
I - os empregados da contratada fiquem à disposição nas dependências da
contratante para a prestação dos serviços;
II - a contratada não compartilhe os recursos humanos e materiais
disponíveis de uma contratação para execução simultânea de outros
contratos; e
III - a contratada possibilite a fiscalização pela contratante quanto à
distribuição, controle e supervisão dos recursos humanos alocados aos seus
contratos.

p. 22
Erivan Pereira de Franca

Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput poderão ser prestados


fora das dependências do órgão ou entidade, desde que não seja nas
dependências da contratada e presentes os requisitos dos incisos II e III.

2.2.1.1. Objeto do contrato: serviços de natureza continuada

A fim de atender às necessidades da Administração – que não puderem ser


satisfeitas mediante execução direta –, esta contrata com terceiros a aquisição de
bens ou a realização de obras ou serviços.

Frise-se que a prestação de serviço constitui obrigação de fazer, de


realizar em concreto uma utilidade para a Administração. Não se confunda serviço
com fornecimento, cuja obrigação é de dar, vale dizer, de efetuar a tradição
(entrega) do bem adquirido.

Na dicção da Lei 8.666/93, serviço é “toda atividade destinada a obter


determinada utilidade de interesse para a Administração” (art. 6º, II). Se apreciada a
necessidade a ser satisfeita em função de sua perenidade, os serviços podem ser
classificados como contínuos ou não contínuos.

São não-contínuos aqueles serviços que têm como escopo a entrega de


produtos ou a realização de serviços específicos em um período predeterminado
contratualmente. A necessidade da Administração é plenamente atendida com o
exaurimento do objeto contratado; a necessidade, dito de outro modo, não se
renova no tempo e ininterruptamente.

IN 05/2017
Art. 16. Os serviços considerados não continuados ou contratados por
escopo são aqueles que impõem aos contratados o dever de realizar a
prestação de um serviço específico em um período predeterminado,
podendo ser prorrogado, desde que justificadamente, pelo prazo
necessário à conclusão do objeto, observadas as hipóteses previstas no § 1º
do art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993.

Admite-se a concepção de serviços não-contínuos por exclusão: são todos os


serviços não classificados como de natureza continuada. Identificando-se estes,
tem-se a perfeita noção daqueles.

Importa, então, bem compreender o conceito e os elementos característicos


dos serviços de natureza continuada.

São serviços de natureza continuada aqueles que constituem necessidade


perene da Administração, a reclamar execução continuada, sob pena de, na sua

p. 23
Erivan Pereira de Franca

falta, se colocar em risco o funcionamento do órgão ou entidade, podendo até


mesmo comprometer o alcance da missão institucional ou do interesse público,
razão de existir de toda e qualquer organização administrativa.

O conceito que apresentamos encontra amparo na novíssima IN 05/2017, e é


corroborada pela orientação do TCU e a melhor doutrina:
IN 05/2017
Art. 15. Os serviços prestados de forma contínua são aqueles que, pela sua
essencialidade, visam atender à necessidade pública de forma permanente
e contínua, por mais de um exercício financeiro, assegurando a integridade
do patrimônio público ou o funcionamento das atividades finalísticas do
órgão ou entidade, de modo que sua interrupção possa comprometer a
prestação de um serviço público ou o cumprimento da missão institucional.

ORIENTAÇÃO DO TCU
Serviços de natureza contínua são serviços auxiliares e necessários à
Administração no desempenho das respectivas atribuições. São aqueles
que, se interrompidos, podem comprometer a continuidade de atividades
essenciais e cuja contratação deva estender-se por mais de um exercício
financeiro.

DOUTRINA
Serviço de execução continuada é o que não pode sofrer solução de
continuidade na prestação que se alonga no tempo, sob pena de causar
prejuízos à Administração Pública que dele necessita. Por ser de
necessidade perene para a Administração Pública, é atividade que não pode
ter sua execução paralisada, sem acarretar-lhe danos. É, em suma, aquele
serviço cuja continuidade da execução a Administração Pública não pode
dispor, sob pena do comprometimento do interesse público.
(Diógenes Gasparini)

Extraem-se dos conceitos os dois elementos caracterizadores dos serviços


de natureza continuada: perenidade (a Administração deles carece a todo tempo)
e a essencialidade ou necessidade de sua prestação (sob pena de não atendimento
do interesse público ou comprometimento do funcionamento da Administração do
alcance da sua missão institucional).

Também extraímos a conceituação de tais espécies de serviços da Instrução


Normativa 971/2009, da Receita Federal do Brasil, os define com certa precisão:

p. 24
Erivan Pereira de Franca

IN RFB 971/2009
Art. 115. .....................
§ 2º Serviços contínuos são aqueles que constituem necessidade
permanente da contratante, que se repetem periódica ou
sistematicamente, ligados ou não a sua atividade fim, ainda que sua
execução seja realizada de forma intermitente ou por diferentes
trabalhadores.

Presentes os dois elementos caracterizadores mencionados


(perenidade e essencialidade), estaremos diante de um serviço de natureza
continuada.

À exceção de alguns exemplos clássicos (limpeza e conservação; vigilância;


manutenção predial; etc.), a natureza do serviço, por si só, não o qualifica como
continuado.

A qualificação de um dado serviço como de natureza continuada é, assim,


casuística. Vale dizer, o que é essencial para o funcionamento e manutenção de um
dado órgão ou entidade pode não o ser para outros.

Em acórdão paradigmático, o TCU expressou seu entendimento sobre a


matéria, didaticamente exposto no voto do ministro relator:
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
(...) a natureza contínua de um serviço não pode ser definida de forma
genérica. Deve-se, isso sim, atentar para as peculiaridades de cada
situação examinada.
Na realidade, o que caracteriza o caráter contínuo de um determinado
serviço é sua essencialidade para assegurar a integridade do patrimônio
público de forma rotineira e permanente ou para manter o
funcionamento das atividades finalísticas do ente administrativo, de
modo que sua interrupção possa comprometer a prestação de um serviço
público ou o cumprimento da missão institucional.
Nesse sentido, pode-se entender, por exemplo, que o fornecimento de
passagens aéreas é serviço contínuo para o TCU, já que sua suspensão
acarretaria a interrupção das atividades de fiscalização ínsitas ao
cumprimento da missão desta Corte.
Na mesma linha de raciocínio, pode-se também considerar que o mesmo
serviço tem natureza contínua para uma instituição federal de ensino
superior, já que as bancas de exame de teses de mestrado e de doutorado
exigem a participação de professores de outras instituições e, assim, a
impossibilidade de fornecimento de passagens aéreas poderia inviabilizar a
própria pós-graduação a cargo daquelas entidades.

p. 25
Erivan Pereira de Franca

O mesmo não ocorreria, no entanto, com um órgão judicial cujos


integrantes não tivessem necessidade de deslocar-se freqüentemente por
avião para oferecerem a prestação jurisdicional. Em tal situação, o serviço
em foco não seria contínuo, já que não seria essencial à permanência da
atividade finalística.
De igual modo, um serviço de vigilância permanente de instalações deve ser
considerado contínuo, posto que sua cessação colocaria em risco a
integridade daquele patrimônio.
Isso não ocorre, entretanto, com um serviço de vigilância contratado para
um evento específico, de duração determinada, que, por seu caráter
eventual, não pode ser considerado contínuo.
(Acórdão nº 132/2008 - Segunda Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[SUMÁRIO]
A natureza do serviço, sob o aspecto da execução de forma continuada ou
não, questão abordada no inciso II, do art. 57, da Lei nº 8.666/1993, não
pode ser definida de forma genérica, e sim vinculada às características e
necessidades do órgão ou entidade contratante.
[VOTO]
25. Quanto a este aspecto, ressalto posicionamento já adotado pelo
Plenário do TCU no sentido de que a natureza de um serviço, se executado
de forma contínua ou não, não pode ser definida de forma genérica, e sim
vinculada às características e às necessidades do órgão ou entidade
contratante. Isso se aplica às ações de publicidade: a sua definição
como serviço de caráter contínuo deverá ser efetivada a partir da análise de
cada caso concreto. Nesse enfoque, cito os Acórdãos 35/2000 - Plenário e
132/2008 - 2ª Câmara.
26. Ao analisar o objeto da licitação, com foco no edital e em seus anexos,
em especial no Anexo 1 (fls. 32/56, Anexo 1), e, a partir da percepção da
natureza da entidade, com funções, dentre outras, de normatização, de
controle, e de julgamento em última instância administrativa de petições
envolvendo o exercício das profissões regulamentadas vinculadas ao
Sistema Confea/Crea, integradas por mais de 800.000 profissionais
registrados, 200.000 empresas da área tecnológica e 27 Conselhos
Regionais, e do detalhamento dos serviços de publicidade e mídia que são
desenvolvidas ao longo do ano, verifico que tais ações se revestem do
caráter de continuidade para o Confea.
(Acórdão 4614/2008 – Segunda Câmara)

Assim, considerando que a qualificação de um dado serviço como contínuo é


casuística, a Administração definirá, justificadamente, na fase de planejamento
da contratação, se os serviços pretendidos são ou não de natureza continuada.

p. 26
Erivan Pereira de Franca

Ressalte-se que a justificativa é eminentemente técnica e deve estar


expressamente consignada no processo de contratação.

2.2.1.2. Casos apreciados pelo TCU

Vejamos alguns casos apreciados pelo TCU, que afastou, consideradas as


particularidades e circunstâncias de cada qual, a possibilidade do enquadramento
do objeto contratado como prestação de serviço de natureza continuada.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
2. A licitação teve por objeto a contratação de empresa especializada na
prestação de serviços de organização, planejamento, promoção e execução
de eventos, elaboração e fornecimento de infraestrutura de locação de
espaço físico, com mobiliário necessário e adequado, fornecimento de
layout ou design para estandes, exposições ou feiras, com montagem,
desmontagem, limpeza, manutenção, instalações elétricas, hidráulicas, de
equipamentos e outros serviços correlatos.
3. A unidade técnica havia apontado os seguintes indícios de irregularidades
no edital:
[...]
d) consideração indevida de que os serviços seriam de natureza continuada.
[...]
7. Acompanho, na essência, as conclusões da unidade técnica, que
incorporo às minhas razões de decidir, com os ajustes a seguir
mencionados.
[...]
19. Quanto à suposta natureza continuada dos serviços para justificar
prorrogações contratuais de até sessenta meses, a alegação de que teria
sido motivada pela dificuldade e onerosidade do processo administrativo
licitatório não é suficiente para justificar o enquadramento dos serviços
de realização de eventos como contínuos.
20. Como destacado pela Secex/BA, o enquadramento como serviço de
natureza continuada depende de caracterizá-lo como essencial “para
assegurar a integridade do patrimônio público de forma rotineira e
permanente ou para manter o funcionamento das atividades finalísticas do
ente administrativo, de modo que sua interrupção possa comprometer a
prestação de um serviço público ou o cumprimento da missão institucional”
(acórdão 132/2008 - 2ª Câmara - relator ministro Aroldo Cedraz) . Tal
avaliação deve ser verificada caso a caso, com base no exame das
atividades típicas a cargo de cada unidade.
21. O Incra/BA não trouxe documentos que comprovassem as atividades
desenvolvidas para justificar a necessidade de serviços continuados de
organização de eventos. A materialidade do contrato possivelmente
justificaria o custo-benefício para realização de licitações anuais e,
p. 27
Erivan Pereira de Franca

isoladamente, não comprova a natureza continuada dos serviços, que


poderiam estar concentrados em um ou poucos eventos anuais com gastos
elevados. Dessa forma, também sobre esse ponto cabe dar ciência à
unidade.
[ACÓRDÃO]
9.1. conhecer da representação e considerá-la procedente;
[...]
9.3. dar ciência à Superintendência Regional do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária no Estado da Bahia sobre as seguintes
desconformidades constatadas no pregão eletrônico para registro de
preços 2/2017 (PE 2/2017):
[...]
9.3.5. previsão de prorrogações contratuais por até sessenta meses sem
comprovação de que os serviços a serem contratados teriam natureza
continuada para o funcionamento das atividades finalísticas da unidade, de
tal modo que sua interrupção pudesse comprometer a prestação de serviço
público ou o cumprimento da missão institucional, o que contrariou o art.
57 da Lei 8.666/1993;
(Acórdão 10.138/2017 – Segunda Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Deve ser observado atentamente o inciso II do art. 57 da Lei nº 8.666/1993,
ao firmar e prorrogar contratos, de forma a somente enquadrar como
serviços contínuos contratos cujos objetos correspondam a obrigações de
fazer e a necessidades permanentes.
(Decisão 1136/2002 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Evite realizar prorrogações indevidas em contratos e observe
rigorosamente o disposto no art. 57, inciso II, da Lei nº 8.666/1993,
considerando que a excepcionalidade de que trata o aludido dispositivo
está adstrita à prestação de serviços a serem executados de forma
contínua, não se aplicando aos contratos de aquisição de bens de
consumo.
(Acórdão 1512/2004 – Primeira Câmara - Relação)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
6. Acerca do objeto do contrato, registro que o Tribunal tem o
entendimento de que contratos de conservação rodoviária podem ser
classificados como serviços de execução continuada (Decisão 83/1993-
Plenário, ratificada pela Decisão 129/2002-1ª Câmara). Porém, nesse caso
específico, vejo, com base nos termos do contrato e do projeto básico

p. 28
Erivan Pereira de Franca

constantes dos autos, que os serviços contratados, realmente, não podiam


ser considerados como de natureza continuada, em razão da abrangência
do objeto que, além da manutenção do sistema viário, incluía itens
referentes à pavimentação, terraplenagem, sinalização, drenagem, entre
outros.
(Acórdão 1529/2011 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Não permita a prorrogação dos contratos para aquisição de combustível,
que é material de consumo, não podendo ser caracterizado o seu
fornecimento como serviço de execução continuada, estando fora da
hipótese de incidência do inciso II do art. 57 da Lei nº 8.666/93;
(Acórdão 1920/2011 – Primeira Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Abstenha-se, por falta de amparo legal, de prorrogar os contratos de
aquisição de combustível e de passagens aéreas, bem como os dos demais
serviços que não se enquadrem como contínuos no seu caso concreto.
(Acórdão 4620/2010 – Segunda Câmara)

Consulte também os seguintes acórdãos, nos quais o TCU considerou os


serviços contratados não enquadrados no conceito de serviços contínuos:

- Acórdão 745/2011 – Segunda Câmara; Acórdão 1529/2011 – Plenário;


Acórdão 2447/2011 – Plenário (vide itens 25-30 do voto do relator); Acórdão
458/2011 – Plenário (item 9.5.3 do dispositivo); Acórdão 4748/2009 – Primeira
Câmara; Acórdão 3728/2009 – Primeira Câmara (itens 14-17 do voto do relator);
Acórdão 591/2008 – Plenário (voto do relator); Acórdão 1560/2003 – Plenário;
Decisão 764/2000 – Plenário (item 8.2.4 do dispositivo); Acórdão 87/2000 –
Plenário (item 8.4 do dispositivo).

Ao planejar a contratação dos serviços mencionados nos arestos aqui


parcialmente transcritos, a Administração deve evitar qualificá-los como se de
natureza continuada fossem – a menos que possa demonstrar a sua
essencialidade e perenidade.

A consequência imediata do não enquadramento dos serviços como


contínuos é que a duração dos respectivos contratos será adstrita à vigência dos
créditos orçamentários previstos para a satisfação da despesa no exercício
financeiro, nos termos da regra geral prevista no caput do art. 57 da Lei 8.666/93.
Vale dizer, ser-lhes-á inaplicável a regra do inciso II do mencionado dispositivo,
que admite a extensão da vigência contratual por até 60 meses.

p. 29
Erivan Pereira de Franca

LEI 8.666/93
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à
vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos
relativos:
[...]
II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que
poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com
vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a
administração, limitada a sessenta meses;

ORIENTAÇÃO NORMATIVA DA AGU n.º 39


A VIGÊNCIA DOS CONTRATOS REGIDOS PELO ART. 57, CAPUT, DA LEI 8.666,
DE 1993, PODE ULTRAPASSAR O EXERCÍCIO FINANCEIRO EM QUE
CELEBRADOS, DESDE QUE AS DESPESAS A ELES REFERENTES SEJAM
INTEGRALMENTE EMPENHADAS ATÉ 31 DE DEZEMBRO, PERMITINDO-SE,
ASSIM, SUA INSCRIÇÃO EM RESTOS A PAGAR.

ORIENTAÇÃO NORMATIVA DA AGU n.º 1


A VIGÊNCIA DO CONTRATO DE SERVIÇO CONTÍNUO NÃO ESTÁ ADSTRITA
AO EXERCÍCIO FINANCEIRO.

2.2.1.3. Modo de execução: mediante cessão da mão de obra?

Dá-se a cessão da mão de obra quando o contratado tenha de disponibilizar


empregado seu para a execução dos serviços, nas dependências do contratante
(tomador dos serviços) ou em outro lugar por este indicado.

A conceituação da cessão da mão de obra é dada pela legislação


previdenciária, cujos dispositivos ora transcrevemos parcialmente:
LEI 8.212/91
Art. 31 ................................
[...]
§ 3º Para os fins desta Lei, entende-se como cessão de mão-de-obra a
colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de
terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou
não com a atividade-fim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a
forma de contratação.

p. 30
Erivan Pereira de Franca

REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


Art. 219 ....................
[...]
§ 1º Exclusivamente para os fins deste Regulamento, entende-se como
cessão de mão-de-obra a colocação à disposição do contratante, em suas
dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços
contínuos, relacionados ou não com a atividade fim da empresa,
independentemente da natureza e da forma de contratação, inclusive por
meio de trabalho temporário na forma da Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de
1974, entre outros.

IN RFB 971/2009
Art. 115. Cessão de mão-de-obra é a colocação à disposição da empresa
contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de trabalhadores
que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com sua atividade
fim, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação, inclusive por
meio de trabalho temporário na forma da Lei nº 6.019, de 1974.
[...]
§ 3º Por colocação à disposição da empresa contratante, entende-se a
cessão do trabalhador, em caráter não eventual, respeitados os limites do
contrato.

Percebe-se que a cessão da mão de obra está vinculada à execução de


serviços especializados pela empresa contratada. Não se trata, frise-se, de mera
locação de mão de obra, vedada no âmbito dos contratos públicos. Tem-se a
contratação de serviços, os quais, por sua natureza ou por exigência do
contratante, deverão ser executados mediante disponibilização de trabalhadores
pelo contratado.

A cessão da mão de obra é um modo de execução de um dado serviço


contínuo. Se o serviço não é contínuo, não há falar em cessão da mão de obra; é
juridicamente impossível.

Entretanto, o fato de um serviço ser de natureza continuada não reclama,


necessariamente, a execução mediante cessão da mão de obra.

Por exemplo: serviços de digitalização de documentos apresentados pelas


partes e que serão inclusos nos processos eletrônicos em trâmite no órgão ou
entidade; são serviços contínuos, sem dúvida; podem ser executados mediante
cessão da mão de obra, se for exigida a instalação do maquinário no órgão ou
entidade e a operação por empregados cedidos pela empresa contratada; por outro
lado, não haverá cessão da mão de obra se ficar pactuado que os documentos serão

p. 31
Erivan Pereira de Franca

encaminhados ao contratado que, nas suas próprias instalações ou onde desejar,


efetuar a digitalização, entregando o resultado ao contratante.

A Administração deve, sempre, justificar a opção pela cessão da mão de obra


no processo da contratação, fundamentando adequadamente a opção, assim,
pelo contrato de terceirização.

Que tipos de serviços podem representar a cessão de mão de obra? Um rol


meramente exemplificativo pode ser recolhido na Lei de Custeio da Previdência
Social e no Regulamento da Previdência Social.
LEI 8.212/91
Art. 31 ....................
[...]
§ 4º Enquadram-se na situação prevista no parágrafo anterior [cessão de
mão-de-obra], além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes
serviços:
I – limpeza, conservação e zeladoria;
II – vigilância e segurança;
III – empreitada de mão-de-obra;
IV – contratação de trabalho temporário na forma da Lei n.º 6.019/1974.

REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


Art. 219 ......
[...] § 2º Enquadram-se na situação prevista no caput os seguintes serviços
realizados mediante cessão de mão-de-obra:
I - limpeza, conservação e zeladoria;
II - vigilância e segurança;
III - construção civil;
IV - serviços rurais;
V - digitação e preparação de dados para processamento;
VI- acabamento, embalagem e acondicionamento de produtos;
VII - cobrança;
VIII - coleta e reciclagem de lixo e resíduos;
IX - copa e hotelaria;
X - corte e ligação de serviços públicos;
XI - distribuição;
XII - treinamento e ensino;
XIII - entrega de contas e documentos;
XIV - ligação e leitura de medidores;
XV - manutenção de instalações, de máquinas e de equipamentos;
p. 32
Erivan Pereira de Franca

XVI - montagem;
XVII - operação de máquinas, equipamentos e veículos;
XVIII - operação de pedágio e de terminais de transporte;
XIX - operação de transporte de passageiros, inclusive nos casos de
concessão ou sub-concessão.

A IN 971/2009, da Receita Federal do Brasil também elenca outros exemplos


de serviços que podem ser executados mediante cessão de mão de obra (vide
artigos 117 e 118).

O Superior Tribunal de Justiça fixou o entendimento de que o rol de serviços


executáveis mediante cessão de mão de obra é meramente exemplificativo. O dado
relevante, o que realmente importa para a compreensão do fenômeno, é como se
dá, na prática, a execução, vale dizer, se há ou não a disponibilização da mão de
obra:
JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
4. A Primeira Turma do STJ assentou que "a lista de serviços do art. 31, §
4º, da Lei nº 8.212/91 (alterada pela Lei nº 9.711/98) não é taxativa,
permitindo a inclusão, na incidência da contribuição vertente, de serviços
não expressos em seu regramento, desde que estejam estabelecidos em
regulamento. IV - Sendo assim, é legal a previsão da OS/INSS/DAF nº
209/99 e do art. 219 do Decreto nº 3.048/99 acerca da tributação dos
serviços de construção civil, efetuados por meio de cessão de mão de obra,
no percentual de 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal, fatura
ou recibo de prestação de serviços, enquadrando-se tais disposições no
estabelecido no art. 31, § 4º, da Lei nº 8.212/91." (REsp 587577/RS, Relator
Ministro Francisco Falcão, DJ de 17.12.2004).
(AgRg no REsp 764.243-MG, DJ 20.3.2006)

Em face das normas mencionadas, podemos concluir que, se a execução dos


serviços se der mediante disponibilização de pessoal do contratado para o
contratante/tomador, em caráter não eventual, ter-se-á a cessão da mão de obra –
primeiro elemento caracterizador da terceirização.

2.2.2. O que fazer quando a cláusula de repactuação não se revela


aplicável ao contrato?

Em geral, a impropriedade da cláusula de reajustamento por meio da técnica


da repactuação se revela inadequada quando o Edital define o modelo de proposta
mediante a simples indicação dos valores global e unitários, considerada
determinada unidade de medida, contudo, sem discriminação da formação do
preço em planilha que detalhe os custos unitários.

p. 33
Erivan Pereira de Franca

Em tais casos, revela-se difícil, senão impossível, discriminar, em planilha de


custos e formação de preços, os elementos de custo unitariamente considerados.
Isso porque não é possível sequer identificar quais os serviços executados
mediante cessão de mão de obra e quais serviços não o são.

Em consequência, impossível estabelecer-se correlação ou correspondência


entre os custos para a cessão da mão de obra (caso ocorrida) e aqueles informados
na proposta ou planilha de preços do contrato e os serviços executados.

Assim, ante a impossibilidade de discriminação dos custos envolvidos na


execução dos serviços, em virtude, notadamente, da inocorrência da cessão da mão
de obra, impossível utilizar-se da técnica da repactuação para fins de
reajustamento de preços.

Daí porque o TCU tem assentado em sua jurisprudência que o instituto da


repactuação só é possível de ser aplicado em contratos de terceirização, como
destacado anteriormente, a exemplo do Acórdão 1574/2015 – Plenário.

Nesses casos, outra solução não resta à Administração, que não a alteração da
cláusula que define a técnica empregada para o reajustamento de preços: da
repactuação para o reajuste por índice financeiro.

Tal solução decorreria da impossibilidade – tecnicamente comprovada pela


área que detenha conhecimento técnico do objeto – de demonstrar-se,
analiticamente, a variação dos custos para prestação dos serviços pactuados,
notadamente se a contratação não se configurar terceirização (contrato que tenha
por objeto serviço contínuo executado mediante cessão de mão de obra).

E assim seria porque o ajuste não envolve terceirização, razão pela qual
pode-se afirmar que a previsão de cláusula de repactuação revelou-se opção
inadequada, quando do planejamento da contratação; isso porque, como tem
entendido o TCU, a técnica de reajustamento mediante repactuação só se aplica aos
contratos de terceirização.

Frise-se, o TCU tem entendido que a cláusula de repactuação só se aplica aos


contratos de terceirização e desde que instrumentalizados por planilha de custos e
formação de preços.

Para ilustrar o entendimento da Corte, mencione-se importante julgado (já


citado parcialmente acima), em que o Tribunal considerou irregular cláusula de
repactuação em contrato que não envolvia terceirização de serviços, caso
semelhante ao ora objeto de análise.
p. 34
Erivan Pereira de Franca

Reproduzimos, a seguir, excerto do Voto do Relator e comando exarado na


parte dispositiva do Acórdão (destacamos):

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
25. Analiso neste tópico outras inconformidades que verifiquei no Edital de
Tomada de Preços 1/2014 e nos demais documentos carreados aos autos.
26. A primeira delas refere-se à previsão de repactuação do contrato
prevista no item 8 do citado edital. Tal disposição está afrontando pacífica
jurisprudência deste Tribunal, bem como o art. 37 da Instrução Normativa
SLTI nº 2/2008, de que a repactuação de preços, como espécie de reajuste
contratual, deverá ser utilizada apenas nas contratações de serviços
continuados com dedicação exclusiva de mão de obra, desde que seja
observado o interregno mínimo de um ano das datas dos orçamentos aos
quais a proposta se referir, conforme estabelece o art. 5º do Decreto nº
2.271, de 1997.
27. O objeto licitado não se enquadra nem como serviço continuado, nem
como atividade com dedicação exclusiva de mão de obra. Assim, o edital
deveria prever o uso do instituto do reajuste, e não da repactuação. Como
deixei registrado no voto condutor do Acórdão 1.827/2008-TCU-Plenário, o
reajuste de preços é a reposição da perda do poder aquisitivo da moeda
por meio do emprego de índices de preços prefixados no contrato
administrativo. Por sua vez, a repactuação, referente a contratos de
serviços contínuos, ocorre a partir da variação dos componentes dos custos
do contrato, devendo ser demonstrada analiticamente, de acordo com a
Planilha de Custos e Formação de Preços.
[ACÓRDÃO]
9.4. dar ciência à [omissis] acerca das seguintes irregularidades,
identificadas na Tomada de Preços 1/2014:
9.4.3. previsão no edital de que o contrato resultante da licitação será
repactuado, apesar de objeto licitado não envolver a execução de serviço
continuado com dedicação exclusiva de mão de obra, o que infringe o
disposto no art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/93, c/c art. 5º do Decreto
2.271/1997 e art. 37 da Instrução Normativa SLTI nº 2/2008;
(Acórdão 1574/2015 – Plenário)

Assim, em consonância com o entendimento do Tribunal, se inadequada a


cláusula de repactuação, outra saída não restará, senão promover a necessária
alteração para a cláusula que discipline o reajustamento dos preços pactuados
mediante aplicação de índice financeiro.

Como visto anteriormente, as normas de regência e a jurisprudência


asseguram o direito ao reajuste, uma vez decorrido um ano da data de
apresentação da proposta.

p. 35
Erivan Pereira de Franca

A Constituição Federal estabelece como garantia do particular que contrata


com o Poder Público o direito à manutenção das condições efetivas da proposta
por ele ofertada e determina que a Lei discipline tal garantia (art. 37, XXI).

Tal garantia constitucional foi regulamentada pela Lei 8.666/93, que, no art.
40, inciso XI e no art. 55, inciso III, estipula que os termos do negócio entabulado
entre a Administração e o particular devem assegurar o reajustamento dos preços
ofertados no certame licitatório.

LEI 8.666/93
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual,
o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime
de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei,
o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem
como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente,
o seguinte:
[...]
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de
produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a
data prevista para apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa
proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela;
[...]
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
[...]
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e
periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização
monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
pagamento;

Do exame dos dispositivos legais de regência, resta evidente que a


Administração Pública tem o dever de reajustar os contratos, uma vez transcorrido
o lapso temporal de um ano, contado da apresentação da proposta.

Trata-se, à toda evidência, de direito subjetivo do particular, como


reconhecido pelo próprio Tribunal de Contas da União no voto condutor do
Acórdão 1827/2008 – Plenário; embora discutida naquela assentada a natureza
jurídica da repactuação (tida por espécie de reajuste), o entendimento é de todo
aplicável à matéria ora em exame nestes autos (destacamos):
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
49. Como é cediço, o contrato administrativo, por parte da Administração,
destina-se ao atendimento do interesse público, mas, por parte do
contratado, objetiva um lucro, por meio da remuneração consubstanciada

p. 36
Erivan Pereira de Franca

nas cláusulas econômicas e financeiras. E esse lucro há que ser assegurado


nos termos iniciais do ajuste, durante a execução do contrato, o que se dará
por meio da preservação da relação inicial encargo/remuneração. Isso
porque, se, de um lado, a Administração tem o poder de modificar o
projeto e as condições de execução do contrato para adequá-lo às
exigências supervenientes do interesse público, de outro, o contratado tem
o direito de ver mantida a equação financeira originariamente estabelecida
no ajuste diante de situações específicas que passam a onerar o
cumprimento do contrato.
50. Portanto, em vista de todas as razões apresentadas, considero que a
repactuação de preços, sendo um direito conferido por lei ao contratado,
deve ter sua vigência reconhecida imediatamente desde a data da
convenção ou acordo coletivo que fixou o novo salário normativo da
categoria profissional abrangida pelo contrato administrativo a ser
repactuado.
[...]
84. Repito, conforme já explicitado, considero ser a repactuação contratual
um direito que decorre de lei (artigos 40, inciso XI, e 55, inciso III, da Lei nº
8.666/93), com fundamento em mandamento constitucional (artigo 37,
inciso XXI), e que confere ao contratado a possibilidade de adequar os
preços do contrato administrativo de serviços contínuos aos novos preços
de mercado.
(Acórdão 1827/2008 – Plenário)

Abalizada doutrina corrobora o entendimento aqui exposto. Cite-se, por


todos, o mestre Marçal Justen Filho (destacamos):
DOUTRINA
A previsão do reajuste contratual é obrigatória, sempre que for previsível
decurso de prazo superior a doze meses. O particular é obrigado a manter
os seus preços inalterados pelo período de até doze meses (computados a
partir da data da apresentação da proposta ou daquela a que se referir o
orçamento). Ultrapassado esse prazo, o particular tem direito a uma
compensação pela variação de preços produzida pela inflação.
(Marçal Justen Filho)

IN 05/2017
Art. 54. ....
[...]
§ 1º A repactuação para fazer face à elevação dos custos da contratação,
respeitada a anualidade disposta no caput, e que vier a ocorrer durante a
vigência do contrato, é direito do contratado e não poderá alterar o
equilíbrio econômico e financeiro dos contratos, conforme estabelece o
inciso XXI do art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil,
sendo assegurado ao prestador receber pagamento mantidas as condições
efetivas da proposta.

p. 37
Erivan Pereira de Franca

Por fim, reitere-se que o procedimento ora proposto (modificação da cláusula


de repactuação, substituindo tal técnica pelo reajuste por índice financeiro) tem
amparo na jurisprudência do TCU, pelos arestos já citados anteriormente e pelo
seguinte, em resposta a uma consulta (destacamos):
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
15. O princípio da manutenção da equação econômico-financeiro, por sua
vez, impõe que, nos casos de já se ter passado mais de um ano da
apresentação da proposta ou da elaboração do orçamento a que ela se
referir, deve o início da execução contratual ocorrer com os preços
reajustados. Caso contrário, a execução contratual se iniciará com preços
extremamente desatualizados, provocando o enriquecimento ilícito da
Administração. Esse entendimento mantém a relação original entre
encargos e vantagens da relação contratual, pois é condição da
manutenção do equilíbrio que a partir de um ano da data-base das
propostas os preços sejam reajustados. Ou seja, o máximo de defasagem
de preços que o contratado deve suportar é aquela referente a um ano (art.
28 da Lei 9.069/95 e art. 2o da Lei 10.192/01). Impor mais do que isso, o
que ocorreria na questão aqui tratada caso os contratos fossem executados
sem prévia atualização, implicaria a quebra do equilíbrio.
[ACÓRDÃO]
9.1. conhecer da presente consulta e responder aos quesitos apresentados
da seguinte forma:
9.1.1. a interpretação sistemática do inciso XXI do art. 37 da Constituição
Federal, do art. 3º, § 1º, da Lei 10.192 e do art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/93
indica que o marco inicial, a partir do qual se computa o período de um ano
para a aplicação de índices de reajustamento previstos em edital, é a data
da apresentação da proposta ou a do orçamento a que a proposta se
referir, de acordo com o previsto no edital.
9.1.2. na hipótese de vir a ocorrer o decurso de prazo superior a um ano
entre a data da apresentação da proposta vencedora da licitação e a
assinatura do respectivo instrumento contratual, o procedimento de
reajustamento aplicável, em face do disposto no art. 28, § 1º, da Lei
9.069/95 c/c os arts. 2º e 3º da Lei 10.192/2001, consiste em firmar o
contrato com os valores originais da proposta e, antes do início da execução
contratual, celebrar termo aditivo reajustando os preços de acordo com a
variação do índice previsto no edital relativa ao período de somente um
ano, contado a partir da data da apresentação das propostas ou da data do
orçamento a que ela se referir, devendo os demais reajustes ser efetuados
quando se completarem períodos múltiplos de um ano, contados sempre
desse marco inicial, sendo necessário que estejam devidamente
caracterizados tanto o interesse público na contratação quanto a presença
de condições legais para a contratação, em especial: haver autorização
orçamentária (incisos II, III e IV do § 2o do art. 7o da Lei 8.666/93); tratar-se
da proposta mais vantajosa para a Administração (art. 3o da Lei 8.666/93);
preços ofertados compatíveis com os de mercado (art. 43, IV, da Lei
8.666/93); manutenção das condições exigidas para habilitação (art. 55, XIII,

p. 38
Erivan Pereira de Franca

da Lei 8.666/93); interesse do licitante vencedor, manifestado


formalmente, em continuar vinculado à proposta (art. 64, § 3o, da Lei
8.666/93);
(Acórdão 475/2005 – Plenário)

2.3. Periodicidade e marco inicial para contagem do prazo

Em consonância com a Lei 10.192/2001, que estabelece a periodicidade


mínima de um ano para a concessão de reajustamento dos contratos, a IN 05/2017
assim estabelece:

IN 05/2017
Art. 54. A repactuação de preços, como espécie de reajuste contratual,
deverá ser utilizada nas contratações de serviços continuados com regime
de dedicação exclusiva de mão de obra, desde que seja observado o
interregno mínimo de um ano das datas dos orçamentos aos quais a
proposta se referir.
[...]
§ 2º A repactuação poderá ser dividida em tantas parcelas quanto forem
necessárias em respeito ao princípio da anualidade do reajuste dos preços
da contratação, podendo ser realizada em momentos distintos para discutir
a variação de custos que tenham sua anualidade resultante em datas
diferenciadas, tais como os custos decorrentes da mão de obra e os custos
decorrentes dos insumos necessários à execução do serviço.
(...)
§ 4º A repactuação para reajuste do contrato em razão de novo Acordo,
Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho deve repassar integralmente o
aumento de custos da mão de obra decorrente desses instrumentos.
[...]
Art. 55. O interregno mínimo de um ano para a primeira repactuação será
contado a partir:
I - da data limite para apresentação das propostas constante do ato
convocatório, em relação aos custos com a execução do serviço
decorrentes do mercado, tais como o custo dos materiais e equipamentos
necessários à execução do serviço; ou
II - da data do Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho ou
equivalente vigente à época da apresentação da proposta, quando a
variação dos custos for decorrente da mão de obra e estiver vinculada às
datas-bases destes instrumentos.
Art. 56. Nas repactuações subsequentes à primeira, a anualidade será
contada a partir da data do fato gerador que deu ensejo à última
repactuação.

p. 39
Erivan Pereira de Franca

ORIENTAÇÃO NORMATIVA AGU N.º 26


No caso das repactuações subsequentes à primeira, o interregno de um ano
deve ser contado da última repactuação correspondente à mesma parcela
objeto da nova solicitação. Entende-se como última repactuação a data em
que iniciados seus efeitos financeiros, independentemente daquela em que
celebrada ou apostilada.

2.4. Possibilidade de cláusula de repactuação e reajuste no


mesmo contrato
IN 05/2017
Art. 54. ....
[...]
§ 2º A repactuação poderá ser dividida em tantas parcelas quanto forem
necessárias em respeito ao princípio da anualidade do reajuste dos preços
da contratação, podendo ser realizada em momentos distintos para discutir
a variação de custos que tenham sua anualidade resultante em datas
diferenciadas, tais como os custos decorrentes da mão de obra e os custos
decorrentes dos insumos necessários à execução do serviço.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.1 recomendar à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do
Ministério do Planejamento que incorpore os seguintes aspectos à IN/MP
2/2008:
[...]
9.1.17 a vantajosidade econômica para a prorrogação dos contratos de
serviço continuada estará assegurada, dispensando a realização de pesquisa
de mercado, quando:
9.1.17.1 houver previsão contratual de que os reajustes dos itens
envolvendo a folha de salários serão efetuados com base em convenção,
acordo coletivo de trabalho ou em decorrência da lei;
9.1.17.2 houver previsão contratual de que os reajustes dos itens
envolvendo insumos (exceto quanto a obrigações decorrentes de acordo
ou convenção coletiva de trabalho e de Lei) e materiais serão efetuados
com base em índices oficiais, previamente definidos no contrato, que
guardem a maior correlação possível com o segmento econômico em que
estejam inseridos tais insumos ou materiais;
(Acórdão 1214/2013 - Plenário)

p. 40
Erivan Pereira de Franca

IN 05/2017
ANEXO IX – DA VIGÊNCIA E DA PRORROGAÇÃO
7. A vantajosidade econômica para prorrogação dos contratos com mão de
obra exclusiva estará assegurada, sendo dispensada a realização de
pesquisa de mercado, nas seguintes hipóteses:
a) quando o contrato contiver previsões de que os reajustes dos itens
envolvendo a folha de salários serão efetuados com base em Acordo,
Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho ou em decorrência de lei;
b) quando o contrato contiver previsões de que os reajustes dos itens
envolvendo insumos (exceto quanto a obrigações decorrentes de Acordo,
Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho e de lei) e materiais serão
efetuados com base em índices oficiais, previamente definidos no contrato,
que guardem a maior correlação possível com o segmento econômico em
que estejam inseridos tais insumos ou materiais ou, na falta de qualquer
índice setorial, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA/IBGE); e
c) no caso dos serviços continuados de limpeza, conservação, higienização e
de vigilância, os valores de contratação ao longo do tempo e a cada
prorrogação serão iguais ou inferiores aos limites estabelecidos em ato
normativo da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão.

2.4.1. Mão de obra: data-base prevista na norma coletiva do trabalho


IN 05/2017
Art. 55. O interregno mínimo de um ano para a primeira repactuação será
contado a partir:
[...]
II - da data do Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho ou
equivalente vigente à época da apresentação da proposta, quando a
variação dos custos for decorrente da mão de obra e estiver vinculada às
datas-bases destes instrumentos.

2.4.2. Demais insumos: reajuste a partir da data de apresentação da


proposta
IN 5/2017
Art. 55. O interregno mínimo de um ano para a primeira repactuação será
contado a partir:
I - da data limite para apresentação das propostas constante do ato
convocatório, em relação aos custos com a execução do serviço
decorrentes do mercado, tais como o custo dos materiais e equipamentos
necessários à execução do serviço; ou
[...]

p. 41
Erivan Pereira de Franca

Considerados os parâmetros normativos até aqui estudados, podemos


concluir, quanto ao termo inicial da contagem do prazo para a primeira
repactuação, o interregno de um ano será contado (art. 55):

 da data limite para apresentação das propostas constante do instrumento


convocatório, em relação aos custos dos insumos (materiais e
equipamentos) necessários à execução do serviço; ou

 da data do acordo, convenção ou dissídio coletivo de trabalho ou


equivalente, vigente à época da apresentação da proposta, quando a
variação dos custos for decorrente da mão-de-obra e estiver vinculada às
datas-base fixadas nestes instrumentos.

Nas repactuações subsequentes, a anualidade será contada a partir da data


do fato gerador que deu ensejo à última repactuação (art. 56):

 quando a contratação envolver mais de uma categoria profissional, com


datas-base diferenciadas, a repactuação deverá ser dividida em tantas
quanto forem os acordos, dissídios ou convenções coletivas das categorias
envolvidas na contratação. (art. 54, § 3º)

2.5. A partir de que momento a repactuação passa a produzir


efeitos financeiros?

Consoante a jurisprudência do TCU, a repactuação produz efeitos financeiros


desde o momento da ocorrência do fato gerador da majoração dos custos do
contratado.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
Sendo a repactuação contratual um direito que decorre de lei (artigo 40,
inciso XI, da Lei nº 8.666/93) e, tendo a lei vigência imediata, forçoso
reconhecer que não se trata, aqui, de atribuição, ou não, de efeitos
retroativos à repactuação de preços. A questão ora posta diz respeito à
atribuição de eficácia imediata à lei, que concede ao contratado o direito
de adequar os preços do contrato administrativo de serviços contínuos aos
novos preços de mercado.
A partir da data em que passou a viger as majorações salariais da
categoria profissional que deu ensejo à revisão, a contratada passou deter
o direito à repactuação de preços. Todavia, ao firmar o termo aditivo de
prorrogação contratual sem suscitar os novos valores pactuados no
acordo coletivo, ratificando os preços até então acordados, a contratada

p. 42
Erivan Pereira de Franca

deixou de exercer o seu direito à repactuação pretérita, dando azo à


ocorrência de preclusão lógica.
(Acórdão 1828/2008 - Plenário)

IN 05/2017
Art. 58. Os novos valores contratuais decorrentes das repactuações terão
suas vigências iniciadas da seguinte forma:
I - a partir da ocorrência do fato gerador que deu causa à repactuação,
como regra geral;
II - em data futura, desde que acordada entre as partes, sem prejuízo da
contagem de periodicidade e para concessão das próximas repactuações
futuras; ou
III - em data anterior à ocorrência do fato gerador, exclusivamente quando
a repactuação envolver revisão do custo de mão de obra em que o próprio
fato gerador, na forma de Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de
Trabalho, contemplar data de vigência retroativa, podendo esta ser
considerada para efeito de compensação do pagamento devido, assim
como para a contagem da anualidade em repactuações futuras.
Parágrafo único. Os efeitos financeiros da repactuação deverão ocorrer
exclusivamente para os itens que a motivaram e apenas em relação à
diferença porventura existente.

2.6. Renúncia tácita ao direito de repactuar (preclusão lógica)

A prorrogação dos contratos de serviços contínuos, prevista no art. 57, II, da


Lei 8.666/93, pode ocorrer anualmente (como ordinariamente se dá), respeitados
os limites estabelecidos no citado artigo.

O direito de repactuar surge com o aumento dos custos do contratado. A


repactuação deve, contudo, ser pedida até a data da renovação (ou prorrogação)
contratual subsequente, sob pena de perda do direito.

A extinção do contrato acarreta, também, a preclusão do direito de requerer a


repactuação.

Se o contratado não pleitear a repactuação e prorrogar o contrato sem


realizá-la, tampouco ressalvando o direito expressamente no termo aditivo,
ocorrerá a preclusão do seu direito de repactuar.

A preclusão lógica (ou renúncia tácita à repactuação) decorre do fato de o


contratado praticar ato incompatível com a pretensão de repactuar, qual seja,
renovar o contrato mantendo-se o preço anteriormente pactuado.
p. 43
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.4. recomendar [...] que, em seus editais de licitação e/ou minutas de
contrato referentes à prestação de serviços executados de forma contínua,
deixe claro o prazo dentro do qual poderá o contratado exercer, perante a
Administração, seu direito à repactuação contratual, qual seja, da data da
homologação da convenção ou acordo coletivo que fixar o novo salário
normativo da categoria profissional abrangida pelo contrato administrativo
a ser repactuado até a data da prorrogação contratual subsequente, sendo
que se não o fizer de forma tempestiva e, por via de consequência,
prorrogar o contrato sem pleitear a respectiva repactuação, ocorrerá a
preclusão do seu direito a repactuar;
(Acórdão 1828/2008 - Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
Sobre a demora superior a um ano para expedição da ordem de início dos
serviços, constato que a recorrente apresentou a proposta de preços em
26/6/2006, assinou contrato com vigência de 120 dias em 30/6/2006
(peça 3, p. 203) e começou a execução da obra quase um ano e cinco
meses depois (6/11/2007).
Dado o exíguo prazo de vigência do negócio jurídico, o edital não
estabeleceu critério para reajustamento de preços. Ainda que houvesse
um índice fixado, tenho que a construtora, ao aceitar dar início aos
serviços sem condicioná-los a uma revisão de preços, implicitamente
reconheceu a adequação e a exequibilidade dos valores propostos na
licitação. Dito de outro modo, o ato voluntário da recorrente trouxe
consigo a renúncia ao reequilíbrio econômico-financeiro do contrato,
dando azo à ocorrência de preclusão lógica.
(Acórdão 4365/2014 - Primeira Câmara)

IN 05/2017
Art. 57 ....
[...]
§ 7º As repactuações a que o contratado fizer jus e que não forem
solicitadas durante a vigência do contrato serão objeto de preclusão com a
assinatura da prorrogação contratual ou com o encerramento do contrato.

2.7. Formalização da repactuação (termo aditivo ou apostila)


LEI 8.666/93
Art. 65 ....
[...]

p. 44
Erivan Pereira de Franca

§ 8º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços


previsto no próprio contrato, as atualizações, compensações ou
penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele
previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares
até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo,
podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de
aditamento.

IN 05/2017
Art. 57 ....
[...]
§ 4º As repactuações, como espécie de reajuste, serão formalizadas por
meio de apostilamento, exceto quando coincidirem com a prorrogação
contratual, em que deverão ser formalizadas por aditamento.

p. 45
Erivan Pereira de Franca

PARTE 3 – ASPECTOS A CONSIDERAR QUANDO DA


REPACTUAÇÃO

3.1. Reflexos da vinculação ao contrato, ao instrumento


convocatório e à proposta vencedora na licitação

As partes se vinculam aos termos do edital, do contrato e da proposta


vencedora da licitação. Os contratos administrativos devem conter cláusulas que
vinculem sua execução aos termos estabelecidos no edital de licitação e na
proposta vencedora; ou às condições de dispensa ou inexigibilidade de que se
originaram.
LEI 8.666/93
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se
pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplicando-se-lhes,
supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições
de direito privado.
§ 1º Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as condições
para sua execução, expressas em cláusulas que definam os direitos,
obrigações e responsabilidades das partes, em conformidade com os
termos da licitação e da proposta a que se vinculam.
[...]
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
[...]
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a
inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor;

Como consequência da aplicação desse princípio, por ocasião da repactuação


é vedado inovar, vale dizer, introduzir nos preços pactuados encargos
preexistentes ao tempo da elaboração da proposta.

IN 05/2017
Art. 57 .....
§ 1º É vedada a inclusão, por ocasião da repactuação, de benefícios não
previstos na proposta inicial, exceto quando se tornarem obrigatórios por
força de instrumento legal, Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de
Trabalho, observado o disposto no art. 6º desta Instrução Normativa.
[...]
Art. 6º A Administração não se vincula às disposições contidas em Acordos,
Convenções ou Dissídios Coletivos de Trabalho que tratem de pagamento
de participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa

p. 46
Erivan Pereira de Franca

contratada, de matéria não trabalhista, ou que estabeleçam direitos não


previstos em lei, tais como valores ou índices obrigatórios de encargos
sociais ou previdenciários, bem como de preços para os insumos
relacionados ao exercício da atividade.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.5.1. observe a obrigatoriedade de vinculação entre os produtos e
serviços cotados pelas licitantes e os itens constantes da planilha de custos
estimados, como requisito para verificação de aceitabilidade dos preços
propostos;
9.2.5.2. abstenha-se de inferir a vinculação a que se refere o item anterior,
de maneira unilateral, quando tal informação não for explicitada na
proposta comercial apresentada pelas licitantes;
[...]
9.2.6. [...] observe estritamente os valores e condições constantes da
proposta comercial apresentada pela empresa e registrados na ata de
julgamento da licitação, conforme o disposto no § 1° do art. 54 da Lei nº
8.666/93.
(Acórdão 2479/2009 – Plenário)

3.2. Imprescindibilidade da planilha de custos e formação de


preços, para fins de repactuação

Como vimos anteriormente, a repactuação só é possível caso exista planilha


de custos e formação de preços do contrato: A inexistência de planilha
demonstrativa dos custos unitários e global, inviabiliza completamente a
possibilidade de repactuação do contrato. Por tal razão, a repactuação só é
aplicável aos contratos de terceirização.

A instrumentalização do contrato por planilha de custos e formação de


preços unitários, com detalhamento dos custos com mão de obra e demais insumos
empregados na execução dos serviços, é pressuposto básico essencial da
repactuação, ante a necessidade, para o deferimento desta, de demonstração
analítica da variação dos preços.
DECRETO 2.271/97
Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a
prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que
previsto no edital, admitir repactuação visando a adequação aos novos
preços de mercado, observado o interregno mínimo de um ano e a
demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do
contrato, devidamente justificada.

p. 47
Erivan Pereira de Franca

IN 05/2017
Art. 57. As repactuações serão precedidas de solicitação da contratada,
acompanhada de demonstração analítica da alteração dos custos, por meio
de apresentação da planilha de custos e formação de preços ou do novo
Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho que fundamenta a
repactuação, conforme for a variação de custos objeto da repactuação.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
A comprovação da necessidade de repactuação de preços, decorrente da
elevação anormal de custos, exige a apresentação de planilhas detalhadas
de composição dos itens contratados, com todos os seus insumos, assim
como dos critérios de apropriação dos custos indiretos.
(Acórdão 2408/2009 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[RELATÓRIO]
3. Não é por que o CNJ não se submete ao cumprimento obrigatório de
Instruções Normativas de outro Poder, tampouco por não se tratar de
contratação por postos de trabalho, que não se devem exigir tais planilhas
no certame. A ausência do detalhamento dos custos demonstrando a
representatividade de cada profissional envolvido no projeto na
composição do ponto de função, bem como das planilhas de custos dos
profissionais (programador, gerente de projetos, analista de sistemas etc.),
inviabiliza a repactuação do preço contratado, uma vez que não será
possível demonstrar analiticamente a variação dos componentes dos
custos.
4. A Lei 8.666/93 prevê que o valor pactuado inicialmente entre as partes
pode sofrer três espécies de alterações: atualização financeira, em
decorrência de atraso no pagamento, em consonância com o disposto no
art. 40, XIV, "c"; reajuste, que está previsto nos arts. 40, XI, e 55, III;
reequilíbrio econômico financeiro, conforme dispõe o art. 65, II, "d".
5. A repactuação se apresenta com um mecanismo para preservar a relação
econômico-financeira dos contratos de serviços contínuos, porém devendo
ser respeitado o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica
da variação dos componentes de custo do contrato, devidamente
justificada, e não se aplica ao presente caso porque não houve o
detalhamento da proposta do licitante vencedor demonstrando a
representatividade de cada profissional envolvido no projeto na
composição do ponto de função, bem como planilhas de custos dos
profissionais.
(Acórdão 161/2012 – Plenário)

p. 48
Erivan Pereira de Franca

3.3. Indicação da norma coletiva de trabalho adotada para


elaboração da proposta, a ser observada nas repactuações do
contrato

O edital do certame deve exigir a indicação, pelo licitante, da Convenção


Coletiva de Trabalho (CCT), ou instrumento equivalente, adotada para fins de
elaboração da proposta.

Por ocasião da repactuação, a mesma CCT servirá de base para apreciação do


pedido.
IN 05/2017
Art. 57. As repactuações serão precedidas de solicitação da contratada,
acompanhada de demonstração analítica da alteração dos custos, por meio
de apresentação da planilha de custos e formação de preços ou do novo
Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho que fundamenta a
repactuação, conforme for a variação de custos objeto da repactuação.

Três são as espécies de norma coletiva do trabalho: acordo coletivo do


trabalho, convenção coletiva de trabalho, sentença normativa. Qual é a diferença
entre esses instrumentos? Em breve síntese:

 Convenção Coletiva de Trabalho: Acordo de caráter normativo pactuado


entre o sindicato dos empregados e o sindicato dos empregadores. Vincula
toda a categoria econômica.

 Acordo Coletivo de Trabalho: Acordo de caráter normativo celebrado


entre uma ou mais empresas e um ou mais sindicatos representantes dos
empregados. Só vincula as partes contratantes.

 Sentença Normativa: Acórdão do TRT ou TST que julga dissídio coletivo


(ação promovida, em caso de fracasso das negociações, por sindicato,
federação ou confederação – de trabalhadores ou empregadores). Tem
força normativa. Disciplina todos os aspectos da relação trabalhista até a
próxima data-base. Vincula toda a categoria econômica.

Seguem os dispositivos da CLT que dão os contornos desses instrumentos:


CLT
Art. 611. Convenção Coletiva de Trabalho é o acôrdo de caráter
normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias
econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no
âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.

p. 49
Erivan Pereira de Franca

§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais


celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais emprêsas da correspondente
categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no
âmbito da emprêsa ou das acordantes respectivas relações de trabalho.
[...]
Art. 616 - Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou
profissionais e as emprêsas, inclusive as que não tenham representação
sindical, quando provocados, não podem recusar-se à negociação coletiva.
[...]
§ 2º No caso de persistir a recusa à negociação coletiva, [...] ou se
malograr a negociação entabolada, é facultada aos Sindicatos ou emprêsas
interessadas a instauração de dissídio coletivo.

É muito importante que, no planejamento da contratação, notadamente na


fase de elaboração do orçamento estimado, a Administração identifique a
convenção coletiva de trabalho aplicável, em tese, às categorias a serem
empregadas na execução dos serviços. Tal informação pode ser obtida mediante
consulta aos instrumentos vigentes na página do Sistema Mediador do Ministério
do Trabalho e Emprego: www.mte.gov.br/mediador.

Impende, neste ponto, frisar que a Administração, ao elaborar o orçamento


estimado da contratação de serviços mediante terceirização, deve atentar para os
instrumentos normativos coletivos de trabalho, para se certificar de que os
benefícios e direitos de natureza pecuniária sejam devidamente contemplados na
planilha. Assim tem entendido o Superior Tribunal de Justiça:
JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
1. Os editais de licitação devem, na formação dos custos, observar todas as
normas de proteção ao trabalhador, sendo certo que os certames, cujo
objeto toque relação laboral regida pela Consolidação das Leis do Trabalho
– CLT, devem pautar a composição do custo do serviço com a observância
também das Convenções Coletivas.
(RMS 28396/PR, SEGUNDA TURMA, DJe 09/06/2009)

Com a reforma trabalhista, promovida pela Lei 13.467/2017 e pela Medida


Provisória 808/2017, o conteúdo do acordo ou da convenção coletiva de trabalho
têm prevalência sobre a lei quando dispuseram sobre as matérias descritas no art.
611-A da CLT.

Como saber qual norma coletiva de trabalho adotar, para fins de


elaboração do orçamento estimado? Quais são os critérios que disciplinam o
enquadramento sindical, para fins de identificação do instrumento normativo a se
observar?

p. 50
Erivan Pereira de Franca

O enquadramento sindical dá-se em função da atividade econômica


preponderante da empresa, segundo os critérios fixados pela legislação e
jurisprudência trabalhistas, em consonância com a disciplina dada pela
Constituição Federal (enquadramento em função da atividade econômica e âmbito
territorial de aplicação):
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE
DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. 1. PRELIMINAR DE
COISA JULGADA/LITISPENDÊNCIA. AÇÃO COLETIVA E AÇÃO INDIVIDUAL.
NÃO CONFIGURAÇÃO. 2. OPERADORA DE TELEMARKETING.
ENQUADRAMENTO SINDICAL. ATIVIDADE PREPONDERANTE DA EMPRESA.
NORMA COLETIVA APLICÁVEL. O artigo 511, § 1º, da CLT fixa, como vínculo
social básico da categoria econômica, "a solidariedade de interesses
econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou
conexas". Portanto, a natureza da atividade desempenhada no âmbito
empresarial é que se apresenta como critério de vinculação da categoria,
criando a relação social inerente à associação sindical. O enquadramento
sindical deve, pois, ocorrer de acordo com a atividade preponderante da
empresa, a teor dos artigos 570 e 581 da CLT. No caso concreto, o Tribunal
Regional manteve a sentença, registrando que a Recorrente tem por objeto
social serviços vinculados a sistema de centrais de atendimento telefônico,
os chamados "call centers" ou "contact centers", o que a vincula às normas
coletivas celebradas pelo Sindicato dos Operadores de Telemarketing e
Empregados em Empresas Prestadoras de Serviço de Telemarketing e
Similares ou Conexos do RJ, conforme indicado pela Reclamante. Adotar
entendimento em sentido contrário demandaria o reexame do conjunto
fático-probatório produzido nos autos, o que se revela inadmissível, nos
termos da Súmula 126 desta Corte. Julgados. Agravo de instrumento
desprovido.
(AIRR - 10842-12.2013.5.01.0008, DEJT 15/12/2017)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI
N° 13.015/2014 - ECT - TERCEIRIZAÇÃO - BANCO POSTAL -
ENQUADRAMENTO COMO BANCÁRIO - JORNADA DE TRABALHO. A
atividade principal da ECT é o serviço postal. A prestação de serviços
básicos bancários, por meio do denominado Banco Postal, no modo de
correspondente, se dá de forma acessória e temporária, sem
descaracterizar sua atividade preponderante - serviço postal -, razão pela
qual os empregados que desempenham estas atividades acessórias não
são beneficiários das normas aplicáveis aos trabalhadores bancários.
Julgados. Recurso de Revista não conhecido. [...]
(ARR - 69-23.2015.5.12.0042, DEJT 20/05/2016)

p. 51
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A REGÊNCIA DA LEI Nº
11.496/2007 - EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - BANCO
POSTAL - JORNADA REDUZIDA PREVISTA PARA OS BANCÁRIOS -
INAPLICABILIDADE DO ART. 224 DA CLT - DECISÃO DO PLENO. Ressalvo meu
entendimento no sentido de que os empregados da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos-ECT que se ativam como atendentes bancários
exercendo, além das atividades específicas dos serviços postais, atribuições
básicas inerentes aos bancários, mesmo que cumuladas com outras
atribuições postais, devem ter assegurada a mesma carga horária dos
empregados das instituições financeiras, prevista no art. 224, caput, da CLT.
Contudo, esta Corte consolidou sua jurisprudência entendendo que os
empregados da ECT não fazem jus à jornada de seis horas, tampouco ao
enquadramento sindical na categoria dos bancários. Precedentes. Recurso
de embargos não conhecido.
(E-RR - 216-79.2012.5.05.0032, DEJT 01/12/2017)

CF/88
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
[...]
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer
grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma
base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
[...]
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de
trabalho;

CLT
Art. 516. Não será reconhecido mais de um Sindicato representativo da
mesma categoria econômica ou profissional, ou profissão liberal, em uma
dada base territorial.
[...]
Art. 570. Os sindicatos constituir-se-ão, normalmente, por categorias
econômicas ou profissionais, específicas, na conformidade da
discriminação do quadro das atividades e profissões a que se refere o art.
577 ou segundo as subdivisões que, sob proposta da Comissão do
Enquadramento Sindical, de que trata o art. 576, forem criadas pelo
ministro do Trabalho, Indústria e Comércio.
Art. 577. O Quadro de Atividades e Profissões em vigor fixará o plano básico
do enquadramento sindical.

p. 52
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


ENQUADRAMENTO SINDICAL. NORMA COLETIVA APLICÁVEL. LOCAL DA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE. Esta Corte
Superior possui entendimento no sentido de que devem ser aplicadas as
normas coletivas celebradas no local da prestação de serviços do
empregado, ainda que ele seja contratado ou a empresa esteja situada
em localidade diversa, em observância ao princípio da territorialidade.
Decisão regional proferida em consonância com a jurisprudência
majoritária do TST. Recurso de revista de que não se conhece. [...]
.
(RR - 1320-70.2010.5.04.0011, DJ 19/12/2017)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE
DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. 1. CRITÉRIO DE
APLICABILIDADE DE NORMA COLETIVA. SEDE DA RECLAMADA SITUADA EM
LOCALIDADE DIVERSA DO LOCAL DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. PRINCÍPIO
DA TERRITORIALIDADE. Esta Corte tem entendido que ao contrato de
trabalho são aplicáveis as normas coletivas celebradas na localidade da
prestação dos serviços, ainda que diversa da sede do empregador e do
local da contratação do empregado.
[...]
(AIRR - 1211-97.2014.5.09.0004, DJ 11/12/2017)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


CONVENÇÃO COLETIVA APLICÁVEL. LOCAL DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. 1.
O entendimento desta Corte Superior é de que a representatividade
sindical, no ordenamento jurídico brasileiro, deve ser regida pelo princípio
da territorialidade, consagrado no artigo 8º, inciso II, da Constituição da
República, razão pela qual o instrumento coletivo aplicável deve ser o da
base territorial onde o empregado tenha prestado os serviços, e não onde
se encontre a sede da empresa. 2. Na hipótese, o Tribunal Regional
entendeu ser possível a aplicação das normas coletivas trazidas com a
inicial, "haja vista que as mesmas foram firmadas entre o Sindicato da
Indústria da Construção do Estado da Bahia e o Sindicato dos Trabalhadores
nas Indústrias da Construção Civil de Feira de Santana, sindicatos estes
representativos da categoria do reclamante, considerando-se que o mesmo
foi empregado da segunda reclamada, empresa sediada em Feira de
Santana, conforme se vê no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica". 3. Não
registrou, todavia, qual foi o efetivo local de trabalho do reclamante nem se
houve, ou não, prestação de serviços na cidade de Feira de Santana.
Tampouco foi instado a fazê-lo, via embargos de declaração. 4. Nos limites
em que devolvida a matéria à apreciação desta Corte, não é possível
afirmar que o instrumento coletivo aplicado tenha desatendido ao princípio
da territorialidade.
(RR - 280-48.2011.5.05.0251, DEJT 20/05/2016)

p. 53
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


RECURSO DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. NORMA COLETIVA
APLICÁVEL. LOCAL DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. PRINCÍPIO DA
TERRITORIALIDADE. 1. A Corte de origem consignou que "é fato
incontroverso que a autora laborou desde 02-04-2009 em Porto Alegre"
demonstrando, assim, "vinculação ao sindicato representativo de sua
categoria no Município de Porto Alegre". Nesse sentido, concluiu, com base
no princípio da territorialidade sindical previsto no art. 611 da CLT, como
correta "a aplicação da convenção coletiva de trabalho juntada às fls. 272-
284 e fls. 286-296, firmada pelo Sindicato dos Trabalhadores em
Administração Escolar no Rio Grande do Sul" ao invés daquela firmada pelo
Sindicato dos Professores e Auxiliares da Administração Escolar de Tubarão
- SINPAAET, Estado de Santa Catarina, local da sede e da contratação da
reclamante. 2. O entendimento desta Corte Superior se estabeleceu no
sentido de que a representatividade sindical, no ordenamento jurídico
brasileiro, deve ser regida pelo princípio da territorialidade, consagrado
no artigo 8º, inciso II, da Constituição da República. Nesse sentido, tendo o
Tribunal Regional concluído pela aplicação do instrumento coletivo
firmado com o sindicato da base territorial onde a reclamante prestou
serviços, e não as normas coletivas da base territorial da sede da
reclamada, decidiu em sintonia com a jurisprudência desta Corte Superior.
Óbice da Súmula 333/TST e do art. 896, § 4º (atual § 7º), da CLT.
Precedentes. Recurso de revista não conhecido.
(RR-1148-45.2012.5.12.0041, DJ 04/05/2015)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. CONVENÇÃO
COLETIVA DE TRABALHO. DIFERENÇA SALARIAL. ENQUADRAMENTO
SINDICAL. APLICAÇÃO DE NORMAS COLETIVAS. PRINCÍPIO DA
TERRITORIALIDADE. São inaplicáveis as normas coletivas de sindicato de
base territorial distinta daquela em que o trabalhador prestou serviços.
Precedentes. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
(AIRR-94040-49.2009.5.21.0001, DJ 26/8/2011)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


RECURSO DE REVISTA. NORMAS COLETIVAS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM
BASE TERRITORIAL DIVERSA DA SEDE DA RECLAMADA. Afastada a hipótese
de categoria profissional diferenciada, se determinada empresa presta
seus serviços em diversos locais, as normas coletivas aplicáveis aos seus
empregados devem ser as do local da prestação de serviços, ainda que a
sede da reclamada seja em outra base territorial. Precedentes. Não
conhecido.
(RR - 116900-95.2003.5.04.0011, DJ 15/10/2010)

p. 54
Erivan Pereira de Franca

Os empregados que integrem categoria profissional diferenciada somente


terão direito de exigir da empresa a observância de norma coletiva do trabalho que
tenha sido firmada pelo sindicato que represente a atividade econômica
preponderante da empregadora. Vale dizer, se a empresa não tiver sido
representada, pelo seu sindicato, na negociação com sindicato representativo de
categoria profissional diferenciada, não estará obrigada aos termos da norma. É
que estabelece a Súmula 374 do TST:
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Súmula 374
Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o
direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento
coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão de classe de sua
categoria.

Recomenda-se que a Administração faça constar do instrumento


convocatório cláusula exigindo do licitante informar, quando da apresentação da
planilha de custos e formação de preços, qual o instrumento coletivo normativo
por ela adotado. Como bem preconiza a IN 05/2017:
IN 05/2017
ANEXO VII-A
DIRETRIZES GERAIS PARA ELABORAÇÃO DO ATO CONVOCATÓRIO
6. Da proposta:
[...]
6.2. As disposições para apresentação das propostas deverão prever que
estas sejam apresentadas de forma clara e objetiva, estejam em
conformidade com o ato convocatório, preferencialmente na forma do
modelo previsto Anexo VII-C, e contenham todos os elementos que
influenciam no valor final da contratação, detalhando, quando for o caso:
[...]
c) a indicação dos sindicatos, Acordos, Convenções ou Dissídios Coletivos
de Trabalho que regem as categorias profissionais que executarão o
serviço e as respectivas datas-bases e vigências, com base na Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO);

A fiscalização do contrato deve analisar a norma coletiva do trabalho e


destacar os direitos e benefícios de natureza pecuniária devidos aos trabalhadores,
para fins de verificação mensal da correta observância da norma pela empresa
contratada.

p. 55
Erivan Pereira de Franca

A IN 05/2017, estabelece procedimento padrão de fiscalização, mediante o


exame da norma coletiva de trabalho e verificação do cumprimento das suas
disposições pela empresa contratada.
IN 05/2017
ANEXO VIII-B - DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
10. Além das disposições acima citadas, a fiscalização administrativa deverá
observar, ainda, as seguintes diretrizes:
[...]
10.1. Fiscalização inicial (no momento em que a prestação de serviços é
iniciada)
[...]
d) O salário não pode ser inferior ao previsto no contrato administrativo e
na Convenção Coletiva de Trabalho da Categoria (CCT).
e) Devem ser consultadas eventuais obrigações adicionais constantes na
CCT para as empresas terceirizadas (por exemplo, se os empregados têm
direito a auxílio-alimentação gratuito).
[...]
10.4. Fiscalização procedimental
a) Observar a data-base da categoria prevista na CCT. Os reajustes dos
empregados devem ser obrigatoriamente concedidos pela empresa no dia e
percentual previstos, devendo ser verificada pelo gestor do contrato a
necessidade de se proceder a repactuação do contrato, inclusive quanto à
necessidade de solicitação da contratada.
[...]
10.5. Fiscalização por amostragem
[...]
d) A contratada deverá entregar, no prazo de 15 (quinze) dias, quando
solicitado pela Administração, por amostragem, quaisquer dos seguintes
documentos:
[...]
d.4. comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale-
transporte, vale-alimentação, entre outros), a que estiver obrigada por
força de lei, Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho, relativos a
qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer empregado.

A jurisprudência do TCU é no mesmo sentido da obrigatoriedade de


considerar-se, na fase de planejamento e na etapa de fiscalização do contrato, as
disposições de norma coletiva do trabalho. Tal matéria não foi objeto de discussão
no âmbito do Acórdão 12141/2013 – Plenário.

p. 56
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.4. dar ciência [...] que foram constatadas as seguintes irregularidades no
pregão eletrônico [...]:
9.4.2. ausência, nos estudos técnicos preliminares de contratação de mão
de obra terceirizada, da indicação de forma clara e precisa do sindicato,
acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa que rege a
categoria profissional que executará o serviço, com base na Classificação
Brasileira de Ocupações – CBO, em afronta ao art. 6º, inciso IX, alínea “a”,
da Lei 8.666/1993.
(Acórdão 3982/2015 – Primeira Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.1. determinar [...] que, no âmbito da fiscalização do contrato [...] confira
especial atenção à análise do cumprimento das obrigações trabalhistas por
parte da contratada, em especial no que concerne às disposições da
convenção coletiva de trabalho, medida com o fito de evitar eventual dano
ao Erário decorrente da responsabilização subsidiariária do tomador dos
serviços, in casu, a Administração, quanto às aludidas obrigações.
(Acórdão 1662/2008 – Segunda Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
7. Em que pese não estar a Administração Pública obrigada a fazer constar
em seu edital as parcelas e valores objetos da Convenção, o licitante o
está. Por força da Cláusula 54 e parágrafos, a empresa que se candidata a
ser contratada por tomador de serviços deve incluir na documentação para
licitação cópia da CCT, bem como indicar em suas planilhas os reflexos dos
adicionais pactuados em férias, 13.º salário, FGTS e verbas rescisórias. Cabe
a ele verificar se a empresa terceirizada está cumprindo com suas
obrigações trabalhistas, sob pena de, não o fazendo, poder ser chamado a
arcar com as indenizações decorrentes de execução de instrumento
coletivo válido.
(Acórdão 455/2009 – Plenário)

Não obstante a empresa, na qualidade de empregadora, esteja obrigada a


acatar as disposições das normas coletivas de trabalho, a Administração não se
sujeita a cláusulas que se revelem ilegais ou prescrevam obrigações que
transbordem o âmbito negocial reservado aos sindicatos. Razão pela qual deve ser
feito exame crítico desses instrumentos, colhendo-se a manifestação, se
necessária, da área de assessoramento jurídico do órgão ou entidade.

É o que preconiza a IN 05/2017, em perfeita consonância com a


jurisprudência do TST e do TCU.

p. 57
Erivan Pereira de Franca

IN 05/2017
Art. 6º A Administração não se vincula às disposições contidas em Acordos,
Convenções ou Dissídios Coletivos de Trabalho que tratem de pagamento
de participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa
contratada, de matéria não trabalhista, ou que estabeleçam direitos não
previstos em lei, tais como valores ou índices obrigatórios de encargos
sociais ou previdenciários, bem como de preços para os insumos
relacionados ao exercício da atividade.
Parágrafo único. É vedado ao órgão e entidade vincular-se às disposições
previstas nos Acordos, Convenções ou Dissídios Coletivos de Trabalho que
tratem de obrigações e direitos que somente se aplicam aos contratos com
a Administração Pública.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.3. dar ciência ao [omissis] acerca das seguintes irregularidades
identificadas na condução do Pregão Eletrônico 26/10, com o objetivo de
que se evite a reincidência de tais ocorrências na realização de futuros
procedimentos licitatórios no âmbito daquela Instituição:
9.3.1. exigência de que as planilhas de custo das licitantes contemplassem
todos os encargos sociais e trabalhistas previstos em convenção coletiva
de trabalho, em desacordo com o art. 13 da Instrução Normativa MPOG
2/2008 e com a jurisprudência deste Tribunal (Acórdãos 657/2004,
1.699/2007, 650/2008 e 381/2009, todos do Plenário);
(Acórdão 9036/2011 – Primeira Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


Súmula 437
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho
contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque
este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido
por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988),
infenso à negociação coletiva.

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS. Constatada a divergência
jurisprudencial a respeito da validade de negociação coletiva que culmine
em redução do valor da multa sobre os depósitos do FGTS de quarenta para
vinte por cento, reputa-se atendida a Súmula 296, I, do TST. Agravo
Regimental a que se dá provimento. EMBARGOS. FGTS. CLÁUSULA
NORMATIVA QUE REDUZ A MULTA DE 40% PARA 20% E ESTABELECE DE
ANTEMÃO A EXISTÊNCIA DE CULPA RECÍPROCA. INVALIDADE. Na sessão
plenária da Subseção de Dissídios Individuais 1 de 22/8/2014, decidiu-se
por inválida cláusula de convenção coletiva de trabalho que estabelece,
de antemão, a existência de culpa recíproca na rescisão do contrato de

p. 58
Erivan Pereira de Franca

trabalho e a consequente redução da multa de quarenta por cento sobre


os depósitos do FGTS para vinte por cento, mediante o compromisso das
empresas que sucederam outras na prestação do mesmo serviço, em
razão de nova licitação, de contratarem os empregados da empresa
sucedida. Trata-se de direito indisponível do empregado, garantido em
norma de ordem pública e, portanto, infenso à negociação coletiva (E-ED-
RR-45700-74.2007.5.16.0004, SBDI-I, rel. Min. Ives Gandra Martins Filho,
red. p/ acórdão Min. Lelio Bentes Corrêa). Embargos de que se conhece e a
que se dá provimento.
(E-ARR-237-96.2011.5.10.0017, SDI-1, DEJT 06/03/2015)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


III. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE NA VIGÊNCIA DA
LEI 13.015/2014. CLÁUSULA DE GARANTIA DE EMPREGO. CULPA
RECÍPROCA. INDENIZAÇÃO DE 40% DO FGTS. REDUÇÃO POR NORMA
COLETIVA. INVALIDADE. DIREITO INDISPONÍVEL. Hipótese em que os
sindicatos obreiro e patronal, por meio de convenção coletiva, avençaram a
possibilidade de rescisão contratual por culpa recíproca, com a redução da
indenização sobre o FGTS para 20%, nas situações em que o empregador,
empresa de prestação de serviços terceirizados, é substituído por outro
congênere. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que é
inválida cláusula de convenção coletiva de trabalho que prevê a hipótese
de culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho e impõe a redução
da indenização de 40% do FGTS para 20%, a pretexto de assegurar a
contratação do empregado terceirizado pela empresa prestadora de
serviços que substitua a empregadora anterior. A multa rescisória constitui
direito indisponível do trabalhador, garantido em norma de ordem pública,
logo, infenso à negociação coletiva. Com efeito, nos termos dos arts. 7°, I,
da Constituição e 10, I, do ADCT, que preveem a concessão de indenização
compensatória pela dispensa sem justa causa, consubstanciada no
pagamento da indenização do FGTS no percentual de 40%, resta inválida a
cláusula que prevê a redução da indenização de quarenta para vinte por
cento sobre os depósitos de FGTS por presumir a ocorrência de rescisão do
contrato de trabalho por culpa recíproca a afetar direito do trabalhador.
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.
(RR-353-66.2010.5.10.0008, 7ª Turma, Julgamento 16.11.2016)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


NORMA COLETIVA. CLÁUSULA RELATIVA A RESCISÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO. CULPA RECÍPROCA. RECOLHIMENTO PARA O FGTS. Discute-se
a possibilidade de se pactuar em norma coletiva cláusula que assegure que
a empresa sucessora na prestação de serviços objeto de terceirização
admita os empregados da anterior e em que se estipule que a rescisão
contratual com a empresa anterior se dará por culpa recíproca, sendo
devido o acréscimo de 20% sobre os depósitos existentes na conta
vinculada do empregado junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

p. 59
Erivan Pereira de Franca

Cláusula dessa natureza revela-se manifestamente inválida, na medida em


que vincula terceiros que não participaram da negociação coletiva,
alcançando tanto o órgão gestor do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço, ao possibilitar o levantamento dos depósitos existentes na conta
vinculada do empregado, como o novo empregador, que se vê compelido a
admitir os empregados da empresa anterior. Ademais, é inadmissível que
norma coletiva venha a tipificar hipóteses de culpa recíproca quando o
legislador expressamente determina que essa somente estará caracterizada
mediante decisão judicial (arts. 484 da CLT e 18, § 1º, da Lei 8.036/90).
(RR-34600-97.2006.5.10.0013; SDI-1; 31.8.2012)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


LIBERAÇÃO DE DEPÓSITOS DO FGTS. NORMA COLETIVA QUE PREVÊ CULPA
RECÍPROCA. INDENIZAÇÃO DE 20%. Não tem validade a norma coletiva que
reduz de 40% para 20% a multa sobre os depósitos do FGTS em face de
preestabelecida fixação de culpa recíproca como causa da rescisão
contratual. Isso porque a norma, nesse caso, pretende não apenas regular
direito indisponível dos trabalhadores, como também direito de terceiro,
no caso, a Caixa Econômica Federal.
(RR-1096/2006-016-10-00)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


7. A promessa de manutenção de emprego não pode ser permutada pela
flexibilização de direito inscrito em norma de ordem pública. A
irregularidade da redução da indenização do FGTS para 20% legitima a
cobrança da diferença que se quer indevida.
(RR-335/2006-020-10-85)

Com a reforma trabalhista a CLT passou a indicar, expressamente, as


matérias infensas à negociação coletiva. Assim, dispositivos de normas coletivas
que disponham sobre tais matérias devem ser considerados ilegais.

CLT
Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo
coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos
seguintes direitos:
I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira
de Trabalho e Previdência Social;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);
IV - salário mínimo;
V - valor nominal do décimo terceiro salário;

p. 60
Erivan Pereira de Franca

VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;


VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção
dolosa;
VIII - salário-família;
IX - repouso semanal remunerado;
X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50%
(cinquenta por cento) à do normal;
XI - número de dias de férias devidas ao empregado;
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais
do que o salário normal;
XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias;
XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei;
XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
específicos, nos termos da lei;
XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de
trinta dias, nos termos da lei;
XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou
em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho;
XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas;
XIX - aposentadoria;
XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador;
XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com
prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
admissão do trabalhador com deficiência;
XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes;
XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso;
XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador,
inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência,
qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos em convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho;
XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
defender;

p. 61
Erivan Pereira de Franca

XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e


disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade em caso de greve;
XXIX - tributos e outros créditos de terceiros;
XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-A, 394, 394-A,
395, 396 e 400 desta Consolidação.
Parágrafo único. Regras sobre duração do trabalho e intervalos não são
consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para
os fins do disposto neste artigo.

p. 62
Erivan Pereira de Franca

PARTE 4 – PROCESSAMENTO DA REPACTUAÇÃO

4.1. Formação do processo: peças necessárias

Juntada das peças necessárias à instrução processual. Recomenda-se a


juntada aos autos do processo das seguintes peças, pela ordem:

 Requerimento da contratada;
 Nova planilha apresentada com o pedido;

 Demais documentos apresentados com o pedido;

 Edital da licitação;

 Proposta apresentada na licitação;

 Termo de Contrato;

 Termos aditivos e/ou apostilas (na ordem cronológica),


acompanhados das respectivas planilhas de custos e formação de
preços do contrato;

 Instrumento normativo coletivo de trabalho (CCT; ACT; Sentença


Normativa);

 Extrato de consulta do cadastro da empresa no Sistema de Cadastro de


Fornecedores (SICAF), ou equivalente;
 Novas planilhas de custos e formação de preços, elaboradas pelo
servidor encarregado da instrução processual;
 Minuta da Apostila que formalizará a repactuação;

 Instrução do servidor encarregado da análise do pedido, com


proposta de encaminhamento.

p. 63
Erivan Pereira de Franca

4.1.1. Requisitos essenciais; documentos apresentados com o pedido

A repactuação depende de requerimento formal da contratada, no qual


sejam explicitados os custos que sofreram variação no último interregno de um
ano e a demonstração dos fatos que a provocaram;

Ademais, a contratada deve demonstrar, por meio de documentos, a


efetividade da variação dos custos para execução dos serviços, mediante
documentos (que podem ser substituídos pela informação prestada pelo fiscal do
contrato).
DECRETO 2.271/97
Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a
prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que
previsto no edital, admitir repactuação visando a adequação aos novos
preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a
demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do
contrato, devidamente justificada.

IN 05/2017
Art. 57. As repactuações serão precedidas de solicitação da contratada,
acompanhada de demonstração analítica da alteração dos custos, por
meio de apresentação da planilha de custos e formação de preços ou do
novo Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho que fundamenta
a repactuação, conforme for a variação de custos objeto da repactuação.

Assim, com o pedido, a contratada deverá apresentar os seguintes


documentos:

 nova planilha de custos e formação de preços;

 arrazoado que justifique a elevação dos custos para prestação dos


serviços e a inclusão de novos custos criados por norma coletiva de
trabalho;

 norma coletiva de trabalho na qual se baseia o pedido;

 documentos que comprovem a elevação de custos com insumos,


materiais e equipamentos, se for o caso.

E se a contratada não apresentar nova planilha, a repactuação restará


inviabilizada? Entendemos que a ausência de planilha não inviabiliza a análise, se
o pedido for explícito quanto aos itens de custos que devem ser repactuados.

p. 64
Erivan Pereira de Franca

4.1.2. Peças incluídas pelo servidor encarregado da instrução

O servidor encarregado da instrução do processo pode incluir peças


adicionais que visem a subsidiar a decisão da autoridade competente, bem como
esclarecer pontos específicos que foram objeto de análise.

Exemplos:

 normas coletivas do trabalho

 pareceres jurídicos emitidos em processos similares

 jurisprudência do TCU e Tribunais do Poder Judiciário

 notas técnicas do Ministério do Trabalho e Emprego

 soluções de consulta da Receita Federal do Brasil

 despachos/decisões da autoridade administrativa, tomadas em outros


processos, resolvendo questões similares às debatidas

 séries históricas de índices financeiros

4.2. Instrução processual

4.2.1. Redigindo a Instrução: histórico da contratação

Antes de proceder-se à descrição dos itens objeto de análise de mérito,


sugere-se que se registre na instrução os dados relevantes da contratação e
alterações havidas.

Licitação:

 informar número do processo;

 mencionar edital, indicando o número da peça no processo em que se


encontra juntado por cópia;

 informar dados da proposta vencedora: preço mensal e anual


(empreitada por preço global); ou preços unitários (empreitada por
preço unitário) e total estimado; indicar o número da peça no processo
em que se encontra juntada por cópia.

p. 65
Erivan Pereira de Franca

Contratação:

 informar número do contrato, indicando o número da peça no processo


em que se encontra juntado por cópia;

 informar datas de assinatura e de início e término da vigência;

 consignar a cláusula que prevê o reajuste/repactuação;

 indicar a cláusula que prevê a prestação de garantia e respectivo valor;

 informar o nome do fiscal do contrato e/ou da unidade gestora do


contrato.

Aditivo de Renovação do Contrato:

 informar número do termo aditivo, indicando o número da peça no


processo em que se encontra juntado por cópia;

 informar datas de assinatura e de término da vigência prorrogada;

 indicar as planilhas de custos e formação de preços relacionadas, que


normalmente constituem anexo do termo aditivo.

Aditivo de Alteração do Contrato:

 informar número do termo aditivo, indicando o número da peça no


processo em que se encontra juntado por cópia;

 informar datas de assinatura e de início dos efeitos da alteração


contratual havida (qualitativa ou quantitativa);

 informar novos valores contratuais decorrentes da alteração, se for o


caso;

 indicar as planilhas de custos e formação de preços relacionadas, que


normalmente constituem anexo do termo aditivo.

Termo Aditivo de Revisão ou Apostila de Reajuste/Repactuação:

 informar número do termo aditivo/apostila, indicando o número da peça


do processo em que se encontra juntado por cópia;

 informar datas de assinatura e de início dos efeitos financeiros da


revisão, do reajuste ou da repactuação;

p. 66
Erivan Pereira de Franca

 informar novos valores mensal e anual do contrato;

 indicar as planilhas de custos e formação de preços relacionadas, que


normalmente constituem anexo do termo aditivo/apostila.

Minuta da Apostila Objeto da Instrução (Repactuação):

 informar número da peça do processo em que se encontra a minuta da


apostila de que trata a instrução;

 informar a motivação da repactuação (exemplo: aplicação da nova CCT);

 consignar data prevista para início dos efeitos financeiros;

 indicar as planilhas de custos e formação de preços relacionadas,


mencionando o número da peça em que se encontram no processo;

 importante: informar se há processos conexos em trâmite, cuja


apreciação podem repercutir nos novos preços (exemplo: alteração
quantitativa; prorrogação)

ATENÇÃO: a planilha que será adotada como base para a repactuação é a


mais recente, vale dizer, a da última revisão ou reajuste ou repactuação.

4.2.2. Redigindo a Instrução: análise motivada do pedido de


repactuação

Análise motivada do pedido: Ao apreciar o pedido de repactuação, o gestor


deve proceder à análise detalhada de cada item de custo do contrato, para se
certificar da efetiva variação havida no período.

Na instrução do processo, deve fazer menção a cada item analisado,


propondo, motivadamente, o deferimento – parcial ou total – ou o indeferimento.

Em síntese: Deve-se destacar os itens objeto de pedido de repactuação;


apontar os itens cuja majoração deva ser deferida ou indeferida, apresentando as
devidas justificativas.
LEI 9.784/99
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios
da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
público e eficiência.

p. 67
Erivan Pereira de Franca

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre


outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
[...]
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a
decisão;
[...]
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
[...]
§ 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir
em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte
integrante do ato.

A seguir apresentamos, a título meramente exemplificativo, os itens que


devem ser objeto de análise. Elencamos os aspectos da análise que consideramos
mais comuns e relevantes.

Fundamento legal e contratual para a repactuação = indicar o amparo no


art. 55, III, da Lei 8.666/93; no art. 5º do Decreto 2.271/97 e nos artigos 53 e
seguintes da IN 05/2017. Indicar, ademais, a cláusula contratual que autoriza a
repactuação e define os procedimentos.

Mesmo que não haja cláusula contratual autorizadora, se se tratar de


contrato de terceirização, a repactuação deverá ser aplicada, mediante alteração
do contrato (por termo aditivo); isso porque a repactuação constitui direito
subjetivo do particular contratado (vide Acórdãos 1827 e 1828/2008 – Plenário).

Preclusão lógica = o servidor encarregado da análise deve consignar na


instrução se o pedido de repactuação reúne condições de procedibilidade, vale
dizer, se não houve, antes da apresentação do requerimento, a renúncia tácita do
direito pela “preclusão lógica” (Acórdãos 1827 e 1828, ambos do Plenário do TCU).
IN 05/2017
Art. 57 .....
[...]
§ 7º As repactuações a que o contratado fizer jus e que não forem
solicitadas durante a vigência do contrato serão objeto de preclusão com a
assinatura da prorrogação contratual ou com o encerramento do contrato.

p. 68
Erivan Pereira de Franca

Aplicabilidade da Convenção Coletiva de Trabalho = o servidor deve


discorrer a respeito da aplicabilidade da CCT apresentada pela contratada para fins
de repactuação. A norma deve ser a mesma adotada para elaboração da proposta
(mesmos sindicatos). A contratada deve justificar a alteração da CCT a cuja
observância estiver obrigada (ex.: adoção da CCT do local da prestação dos
serviços, em face do acréscimo de posto de serviço no contrato; etc.).

Majoração de salários = o próximo item de verificação é a variação efetiva


dos salários, mediante o exame da cláusula da CCT que determinou a majoração do
piso da categoria e/ou fixou percentual de reajuste. Se o contrato prevê salários
acima do piso, aplicar o percentual de reajuste concedido. Deve-se atentar para o
piso de cada categoria específica.

Parcelas remuneratórias incidentes sobre o salário básico = os


adicionais calculados sobre o salário básico devem ser reajustados na mesma
proporção (exemplo: adicional de periculosidade);

Auxílio alimentação (no âmbito do PAT - Lei 6.321/76) = observar o novo


valor do auxílio alimentação previsto na CCT. Caso o benefício não tenha seu valor
fixado pela CCT, deve ser mantido sem reajustamento (contudo, é possível
repactuar com base em valores médios praticados no mercado). O trabalhador
participa no custeio com até 20% do valor do benefício, podendo ser tal
participação reduzida ou isentada pela norma coletiva de trabalho. Se não houver
dedução de custeio na proposta de empresa, essa isenção deverá ser observada nas
repactuações.

Vale transporte (Lei 7.418/1985, regulamentada pelo Decreto


95.247/87) = verificar se o valor unitário da tarifa corresponde à atualmente
praticada no Município onde os serviços são prestados; Decreto do
Prefeito/Governador do DF geralmente fixa o valor das tarifas de transporte
público. A participação no custeio é limitada a 6% do salário base do trabalhador,
podendo ser tal participação reduzida ou isentada pela norma coletiva de trabalho.
Se não houver dedução de custeio na proposta de empresa, essa isenção deverá ser
observada nas repactuações.

Benefícios criados ou majorados pela nova Convenção Coletiva de


Trabalho:
IN 05/2017
ANEXO VII-B
DIRETRIZES ESPECÍFICAS PARA ELABORAÇÃO DO ATO CONVOCATÓRIO
2. Das vedações:

p. 69
Erivan Pereira de Franca

2.1. É vedado à Administração fixar nos atos convocatórios:


[...]
b) os benefícios, ou seus valores, a serem concedidos pela contratada aos
seus empregados, devendo adotar os benefícios e valores previstos em
Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho, como mínimo
obrigatório, quando houver;
c) exigências de fornecimento de bens ou serviços não pertinentes ao
objeto a ser contratado sem que exista uma justificativa técnica que
comprove a vantagem para a Administração;
[...]
Art. 54. .....
[...]
§ 4º A repactuação para reajuste do contrato em razão de novo Acordo,
Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho deve repassar integralmente o
aumento de custos da mão de obra decorrente desses instrumentos.
[...]
Art. 57. .....
§ 1º É vedada a inclusão, por ocasião da repactuação, de benefícios não
previstos na proposta inicial, exceto quando se tornarem obrigatórios por
força de instrumento legal, Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de
Trabalho, observado o disposto no art. 6º desta Instrução Normativa.

Indicação da data de início dos efeitos financeiros dos direitos e


benefícios objeto de majoração = indicar expressamente a data de início dos
efeitos financeiros da repactuação; coincide com a data indicada na Convenção
Coletiva do Trabalho para produção de efeitos dos novos valores de salários e
benefícios devidos aos trabalhadores envolvidos na prestação dos serviços.

Observância dos novos valores pela contratada = antes de formalizar a


repactuação, deve-se verificar se o contratado efetivamente arca com os ônus
invocados para legitimar o pedido. O ônus deve ser efetivo e não meramente
potencial, vale dizer, o contratado já tem que, no momento da repactuação,
efetivamente pagar aos empregados os novos valores de salários e benefícios.

Regularidade fiscal = ao término da instrução, verificar a regularidade


fiscal, mediante consulta do SICAF. Juntar o extrato ao processo. A situação de
irregularidade não impede a repactuação, mas deve ser apontada na instrução,
para que a fiscalização do contrato monitore a regularização.

p. 70
Erivan Pereira de Franca

4.2.3. Montagem da nova planilha de custos e formação de preços

Quando da análise da repactuação, é necessária elaboração de nova


planilha, na qual se detalhem os custos unitários – de cada item – de modo a
viabilizar a demonstração analítica da variação de tais custos, decorrente dos
eventos majoradores.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
A repactuação não se aplica a contrato em que não há detalhamento, por
meio de planilha de custos e formação de preços, dos custos afetos à mão
de obra e aos demais insumos. Sem planilha, inviável a repactuação. [...] O
TCU considerou que o contrato apreciado em concreto continha previsão
ilegal que estabelecia “a necessidade de reajustes com negociação entre as
partes, após demonstração analítica da variação dos componentes de custo
do contrato, com limitação do reajuste à variação do IGPDI/FGV ocorrida
nos últimos 12 meses”.
(Acórdão 161/2012 – Plenário)

A partir do cotejo da planilha apresentada com o pedido da repactuação com


aquela da proposta, o servidor encarregado da análise elabora nova planilha,
destacando os itens de custo cuja majoração entende deva ser deferida, bem como
apontar os itens cuja repactuação deva ser indeferida, consignando a devida
fundamentação.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.4.2. compare as planilhas de custos e formação de preços fornecidas pela
contratada nos momentos da apresentação da proposta e do requerimento
de repactuação, nos termos do § 1º, art. 57 da Lei nº 8.666, de 16 de junho
de 1993, e do art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997, com vistas
a verificar se ocorreu ou não a efetiva repercussão dos eventos
majoradores nos custos pactuados originalmente;
(Acórdão 2094/2010 – Segunda Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Efetue diagnóstico analítico dos componentes do custo do contrato e
pondere a real necessidade de reajustar cada um deles, quando realizar
repactuações de valores por meio de termo de aditamento, abstendo-se de
simplesmente aplicar os percentuais de reajuste aos itens unitários, de
forma a restabelecer o equilíbrio entre os encargos do contratado e a
retribuição da administração para a justa remuneração do serviço,
conforme estabelecido nos arts. 40, inciso XI; e 65, inciso II, alínea “d”, da
Lei nº 8.666/1993, e no art. 5º do Decreto nº 2.271/1997.
(Acórdão 265/2010 – Plenário)

p. 71
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
8.5. determinar à Universidade Federal de Lavras que:
[...]
8.7. na repactuação de seus contratos de serviços de natureza contínua
efetuada nos termos da IN 18/97/MARE, confira se ocorreu de fato o
aumento de custos alegado pela contratada, por meio de minucioso exame
da Planilha de Custos e Formação de Preços apresentada, sendo que, caso
seja deferido o pedido, tal estudo subsidie as justificativas formuladas pela
autoridade competente;
(Acórdão 55/2000 – Plenário)

Indicação da data de início dos efeitos financeiros da repactuação =


indicar expressamente a data de início dos efeitos financeiros da repactuação;
coincide com a data-base indicada na CCT adotada como base para a repactuação.
Vide Acórdão 1827/2008 – Plenário e art. 58 da IN 05/2017.

Período de abrangência da revisão de preços e nova planilha =


especificar as datas de início e término de vigência dos novos valores decorrentes
da repactuação. A data de término é a data prevista para a extinção do contrato.

4.2.4. Encaminhamento; participação do fiscal do contrato

Proposta de mérito = ao apreciar cada item do pedido de repactuação, o


gestor deve se manifestar quanto ao mérito, propondo: o deferimento integral,
quando não houver divergência em relação ao pedido formulado; o deferimento
parcial, quando o que for pedido não puder ser deferido na integralidade; ou o
indeferimento do pedido. Em todo caso, a proposta deve ser devidamente
motivada.

Proposta de encaminhamento = em conclusão, o gestor que instrui o


processo de repactuação deve propor o seguinte encaminhamento aos autos:

 ao fiscal do contrato, para certificar que a contratada cumpre


efetivamente os encargos que deram ensejo à repactuação;

 ao fiscal do contrato, para colher a manifestação da contratada quanto


aos termos da instrução e da nova planilha de custos e formação de
preços do contrato, elaborada pela Administração;

 a manifestação de concordância da contratada deve ser expressa, por


escrito;

p. 72
Erivan Pereira de Franca

 em caso de discordância, as razões devem ser explicitadas e


acompanhadas de elementos de informação e documentos que permitam
nova análise.
LEI 9.784/99
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-
se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.
[...]
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões
ou cópias reprográficas dos dados e documentos que o integram,
ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou
pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.

4.2.5. Adequação orçamentária e financeira


LEI COMPLEMENTAR 101/2000
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao
patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que
não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental
que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:
[...]
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação
orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade
com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.
[...]
§ 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante,
nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. [R$ 8.000,00]

p. 73
Erivan Pereira de Franca

PARTE 5 – ANÁLISE DE CASOS PRÁTICOS E QUESTÕES


CONTROVERSAS

5.1. É possível a repactuação de contrato sem planilha de custos e


formação de preços? Qual é o encaminhamento recomendável
para o caso?

Como vimos, ante a impossibilidade de aplicação da técnica da repactuação,


por inexistência de planilha de custos e formação de preços, outra solução não
resta à Administração, que não a alteração da cláusula que define a técnica
empregada para o reajustamento de preços: da repactuação para o reajuste por
índice financeiro.

Tal solução decorreria da impossibilidade – tecnicamente comprovada pela


área que detenha conhecimento técnico do objeto – de demonstrar-se,
analiticamente, a variação dos custos para prestação dos serviços pactuados,
notadamente se a contratação não se configurar terceirização (contrato que tenha
por objeto serviço contínuo executado mediante cessão de mão de obra).

O TCU tem entendido que a cláusula de repactuação só se aplica aos


contratos de terceirização e desde que instrumentalizados por planilha de custos e
formação de preços. Em importante julgado (já citado anteriormente), o TCU
considerou irregular cláusula de repactuação em contrato que não envolvia
terceirização de serviços. Reproduzimos, a seguir, excerto do Voto do Relator e
comando exarado na parte dispositiva do Acórdão (destacamos):
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
25. Analiso neste tópico outras inconformidades que verifiquei no Edital de
Tomada de Preços 1/2014 e nos demais documentos carreados aos autos.
26. A primeira delas refere-se à previsão de repactuação do contrato
prevista no item 8 do citado edital. Tal disposição está afrontando pacífica
jurisprudência deste Tribunal, bem como o art. 37 da Instrução Normativa
SLTI nº 2/2008, de que a repactuação de preços, como espécie de reajuste
contratual, deverá ser utilizada apenas nas contratações de serviços
continuados com dedicação exclusiva de mão de obra, desde que seja
observado o interregno mínimo de um ano das datas dos orçamentos aos
quais a proposta se referir, conforme estabelece o art. 5º do Decreto nº
2.271, de 1997.
27. O objeto licitado não se enquadra nem como serviço continuado, nem
como atividade com dedicação exclusiva de mão de obra. Assim, o edital

p. 74
Erivan Pereira de Franca

deveria prever o uso do instituto do reajuste, e não da repactuação. Como


deixei registrado no voto condutor do Acórdão 1.827/2008-TCU-Plenário, o
reajuste de preços é a reposição da perda do poder aquisitivo da moeda
por meio do emprego de índices de preços prefixados no contrato
administrativo. Por sua vez, a repactuação, referente a contratos de
serviços contínuos, ocorre a partir da variação dos componentes dos custos
do contrato, devendo ser demonstrada analiticamente, de acordo com a
Planilha de Custos e Formação de Preços.
[ACÓRDÃO]
9.4. dar ciência à [omissis] acerca das seguintes irregularidades,
identificadas na Tomada de Preços 1/2014:
9.4.3. previsão no edital de que o contrato resultante da licitação será
repactuado, apesar de objeto licitado não envolver a execução de serviço
continuado com dedicação exclusiva de mão de obra, o que infringe o
disposto no art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/93, c/c art. 5º do Decreto
2.271/1997 e art. 37 da Instrução Normativa SLTI nº 2/2008;
(Acórdão 1574/2015 – Plenário)

Assim, em consonância com o entendimento do Tribunal, se inadequada a


cláusula de repactuação, outra saída não restará, senão promover a necessária
alteração para a cláusula que discipline o reajustamento dos preços pactuados
mediante aplicação de índice financeiro.

5.2. Parcelas remuneratórias e benefícios criados por norma


coletiva do trabalho; quando é possível admitir inclusão de
despesas na repactuação?
IN 05/2017
ANEXO VII-B
DIRETRIZES ESPECÍFICAS PARA ELABORAÇÃO DO ATO CONVOCATÓRIO
2. Das vedações:
2.1. É vedado à Administração fixar nos atos convocatórios:
[...]
b) os benefícios, ou seus valores, a serem concedidos pela contratada aos
seus empregados, devendo adotar os benefícios e valores previstos em
Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho, como mínimo
obrigatório, quando houver;
c) exigências de fornecimento de bens ou serviços não pertinentes ao
objeto a ser contratado sem que exista uma justificativa técnica que
comprove a vantagem para a Administração;
[...]
Art. 54. .....

p. 75
Erivan Pereira de Franca

[...]
§ 4º A repactuação para reajuste do contrato em razão de novo Acordo,
Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho deve repassar integralmente o
aumento de custos da mão de obra decorrente desses instrumentos.
[...]
Art. 57. .....
§ 1º É vedada a inclusão, por ocasião da repactuação, de benefícios não
previstos na proposta inicial, exceto quando se tornarem obrigatórios por
força de instrumento legal, Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de
Trabalho, observado o disposto no art. 6º desta Instrução Normativa.

5.3. Participação dos empregados no lucro ou resultados da


empresa

É indevida a permanência ou a inclusão de tal rubrica na composição de


custos do contrato, por ocasião da repactuação, ainda que prevista em CCT.
LEI 10.101/2000
Art. 2º. A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação
entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a
seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo:
[...]
II - convenção ou acordo coletivo.
[...]
Art. 3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa
a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de
incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio
da habitualidade.
§ 1º Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir
como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos
lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio
exercício de sua constituição.

IN 05/2017
Art. 6º A Administração não se vincula às disposições contidas em Acordos,
Convenções ou Dissídios Coletivos de Trabalho que tratem de pagamento
de participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa
contratada, de matéria não trabalhista, ou que estabeleçam direitos não
previstos em lei, tais como valores ou índices obrigatórios de encargos
sociais ou previdenciários, bem como de preços para os insumos
relacionados ao exercício da atividade.

p. 76
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2. responder ao consulente que:
9.2.1. o benefício aos empregados de empresas que prestam serviços
continuados à Administração, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho
como participação nos lucros e resultados, não é considerado custo da
venda dos serviços, uma vez que se trata de obrigação exclusiva do
empregador;
9.2.2. o pagamento da participação dos lucros e resultados aos empregados
vinculados aos contratos de prestação de serviços contínuos deve ser
exclusivamente assumido pela contratada, razão pela qual não pode ser
objeto de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato;
(Acórdão 3336/2013 – Plenário – CONSULTA)

5.4. Exclusão do item “Aviso Prévio Trabalhado” após um ano de


vigência do contrato; reflexos da Lei n.º 12.506/2011

É comum, na prestação de serviços terceirizados à Administração Pública,


que os trabalhadores sejam contratados – por prazo indeterminado – para a
execução dos serviços objeto do contrato administrativo, decorrente de licitação
em que se sagrou vencedora a empresa empregadora. E, ao término do contrato
administrativo, todos os empregados são demitidos, por impossibilidade de
aproveitamento pela empresa. Essa é a prática comum nesse mercado.

Assim, a empresa deverá, portanto, conceder o aviso prévio a todos os


trabalhadores, garantindo-se, porém, a prestação dos serviços, vale dizer, todos os
postos deverão ser devidamente cobertos ou os resultados pactuados serem
entregues conforme pactuado.

O aviso prévio é um direito do trabalhador. No mínimo 30 dias antes do


término do contrato de trabalho o empregador – considerando que a iniciativa seja
dele – notifica o empregado da rescisão do contrato de trabalho. Ocorre o aviso
prévio trabalhado quando o empregado continua trabalhando após o recebimento
da mencionada notificação.
CLT
Art. 497. Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo,
quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a
antecedência mínima de:
[...]
II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham
mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa.

p. 77
Erivan Pereira de Franca

Durante o período de cumprimento do aviso prévio, o trabalhador terá sua


jornada de trabalho diária reduzida em 2 horas, sem prejuízo do salário. O
empregado pode, contudo, optar por, ao invés de ter a redução diária da sua
jornada, faltar ao serviço 7 dias corridos, sem prejuízo da remuneração,
considerado o aviso prévio mínimo de 30 dias.
CLT
Art. 488 - O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do
aviso, e se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido
de 2 (duas) horas diárias, sem prejuízo do salário integral.
Parágrafo único - É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2
(duas) horas diárias previstas neste artigo, caso em que poderá faltar ao
serviço, sem prejuízo do salário integral, por 1 (um) dia, na hipótese do
inciso l, e por 7 (sete) dias corridos, na hipótese do inciso lI do art. 487
desta Consolidação.

Em virtude da concessão do aviso prévio trabalhado, a empresa prestadora


de serviços terceirizados suporta o custo da remuneração relativa a esses períodos
de redução da jornada ou de faltas, mencionados na CLT, pois, para não haver
descontinuidade na prestação dos serviços, a empresa deverá pagar substitutos
dos empregados em cumprimento de aviso prévio.

Assim, esse custo é cotado pela empresa em sua proposta, quando da


participação na licitação, em valor correspondente a 7 (sete) dias de remuneração,
ou 1,94% da remuneração cotada.

Por ocasião da primeira repactuação, o servidor encarregado da análise deve


prever, nos cálculos, a exclusão da parcela, caso o contrato venha a ser renovado
após 12 meses de vigência.

O TCU tem determinado a exclusão do item da composição de custos do


contrato, por considerá-lo totalmente “amortizado” no primeiro ano de vigência.

Porém, em virtude da Lei 12.506/2011 (editada em 13.10.2011),


consideramos que não é lícito “zerar” o item, mas reduzi-lo a valor correspondente
a 3 dias de aviso prévio trabalhado (6 horas de salário).
LEI 12.506/2011
Art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no
5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta)
dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma
empresa.

p. 78
Erivan Pereira de Franca

Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3


(três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo
de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.

O mapa apresentado a seguir, baseado na Nota Técnica 184/2012, expedida


pela Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego,
explicita o tempo de serviço na empresa (em anos) e o aviso prévio a que tem
direito o empregado (em dias).
Tempo de Serviço na Empresa Aviso Prévio Proporcional
(em anos) (em dias)
Até 1 ano 30
1 33
2 36
3 39
4 42
5 45
6 48
7 51
8 54
9 57
10 60
11 63
12 66
13 69
14 72
15 75
16 78
17 81
18 84
19 87
20 90

Quais são as consequências da nova Lei no que diz respeito à permanência do


aviso prévio trabalhado na planilha de custos e formação de preços por ocasião da
renovação do contrato?

Entendemos que, por ocasião da renovação do contrato – por mais um


período de 12 meses –, o valor desse item na planilha deverá ser drasticamente
reduzido, passando a corresponder a apenas 3 dias de acréscimo no prazo para
concessão do aviso prévio. Isso porque, durante o período de cumprimento do
aviso prévio trabalhado, o trabalhador tem direito a jornada diária reduzida em
duas horas (art. 488, parágrafo único, CLT).

p. 79
Erivan Pereira de Franca

Em decorrência da nova regra, o contratado tem direito de ser remunerado


pela Administração contratante para fazer face aos custos com aviso prévio de 30
dias, no primeiro ano de vigência do contrato de trabalho e 3 dias para cada
ano subsequente.

Entretanto, o TCU vinha entendendo (equivocadamente, a nosso sentir) que,


ao fim do primeiro ano do contrato, o custo com 30 dias de aviso prévio
trabalhado, relativamente à totalidade do pessoal contratado para executar os
serviços, já terá sido completamente pago pela Administração contratante –
porquanto os trabalhadores farão jus a apenas 30 dias de aviso prévio, caso sejam
demitidos –. Vide os arestos a seguir, ilustrativos desse entendimento.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
41. No item 3.28 do relatório (peça 24, p. 31), a fiscalização entende
indevida a cobrança das seguintes parcelas que deveriam ter sido
excluídas dos contratos após o período de um ano: depreciação de bens
permanentes (no Contrato DG/76/2012 - vigilância) e provisão para aviso
prévio trabalhado (nos Contratos DG/76/2012 - vigilância - e DG/145/2010
- limpeza).
42. Todavia, a unidade técnica não apresentou adequadamente os critérios
e fundamentos para o referido achado, indicando apenas a legislação
atinente ao instituto da repactuação contratual. De outros trabalhos
realizados no âmbito desta mesma FOC podemos extrair que:
a) com relação à parcela da provisão para aviso prévio, sua inclusão após
12 meses de contrato está em desacordo com a posição deste Tribunal
constante do Acórdão 3.006/2010-Plenário (conforme instrução do TC-
022.395/2014-8, que fundamentou o Acórdão 1.520/2015-Plenário); e
b) com relação à parcela de depreciação de bens, há contratos em que a
proposta das empresas indicam que a depreciação deveria ser integral após
12 meses, o que obstaria a manutenção da parcela nos respectivos
contratos quando de suas repactuações/prorrogações (conforme instrução
do TC-023.204/2014-1, que fundamentou o Acórdão 2.749/2015-Plenário).
[...]
44. Da mesma forma, ainda que já exista posicionamento anterior deste
Tribunal, proponho que também seja realizada oitiva prévia da Ceron e das
empresas signatárias do Contrato DG/145/2010 e do Contrato DG/76/2012
acerca da manutenção da parcela de aviso prévio após 12 meses de
execução das referidas avenças.
[ACÓRDÃO]
9.3. com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU,
determinar a oitiva da Ceron e da empresa contratada por meio do
Contrato DG/145/2010 a respeito da inclusão na planilha de custos e
formação de preços (PCFP) das seguintes parcelas:
[...]

p. 80
Erivan Pereira de Franca

9.3.2. Aviso Prévio Trabalhado, após 12 meses de contrato, em desacordo


com o Acórdão TCU 3006/2010 – Plenário, item 9.2.2;
(Acórdão 378/2016 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
2. Inicialmente, dentre outras apurações, foi constatada a necessidade de
promover a repactuação do contrato 174/2006 a fim de adequar a planilha
de custos do serviço contratado em relação à reserva técnica, ao aviso
prévio trabalhado e às taxas de administração e lucro (respectivamente,
itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 3.006/2010-TCU-Plenário).
3. Posteriormente, por meio do Acórdão 2.308/2014-TCU-Plenário, este
Colegiado, em meio a outras providências, tornou insubsistente o item 9.2
do Acórdão 3.006/2010-TCU-Plenário, motivo pelo qual determinei à Secex-
RJ que promovesse nova instrução dos autos, com a necessária oitiva do
órgão contratante e da empresa contratada. Portanto, está em apreciação
nesta assentada a reanálise de eventuais irregularidades na planilha de
custos do serviço contratado, objeto do precitado item.
4. Após a análise das oitivas em razão dos indícios apontados nos autos, a
unidade instrutiva coligiu que as justificativas apresentadas pelo Nerj/MS e
pela empresa MGI não elidiram todas as irregularidades examinadas nesta
representação. Diante disso, concluiu que: 1) a inclusão de reserva técnica
sem justificativa razoável imporia a devolução integral dos valores atinentes
a essa rubrica, pagos indevidamente; 2) a questão do aviso prévio
trabalhado estaria resolvida, ante a repactuação consensual do contrato
174/2006; e 3) os excessos nos percentuais de lucro e de taxa de
administração deveriam ser expurgados, com a devolução das quantias
pagas indevidamente.
(Acórdão 3295/2015 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
41. No item 3.31, foi registrado que, no Contrato 47/2013 (prestação de
serviços de limpeza), a provisão para aviso prévio trabalhado presente na
planilha de custos e formação de preços não foi retirada após o primeiro
ano de vigência contratual. Os referidos itens 7.2.2.1 e 7.2.2.2 da proposta
de encaminhamento sugeriram, respectivamente, determinações para que
o TRF 2ª Região adotasse medidas com vistas à alteração da planilha e à
recuperação dos valores indevidamente pagos. Quanto ao Contrato
70/2013, a proposta é de que, após o primeiro ano de vigência, exclua da
respectiva planilha de custos e formação de preços a parcela "aviso prévio
trabalhado".
42. Considero apropriadas tais medidas destinadas à correção dos
contratos, a fim de evitar a concretização de prejuízos ao erário, bem
como à recuperação dos valores já pagos indevidamente. Às

p. 81
Erivan Pereira de Franca

determinações sugeridas, em relação as quais promovo ajustes de redação,


acrescento ressalva para que o TRF 2ª Região assegure aos interessados o
exercício do contraditório e da ampla defesa.
[ACÓRDÃO]
9.2. determinar ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região, com fulcro no
art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento
Interno do TCU, que:
9.2.1. no prazo de 60 (sessenta) dias, com fulcro na Constituição Federal,
art. 71, IX, e assegurando aos interessados o exercício do contraditório e da
ampla defesa, adote as medidas necessárias à:
9.2.1.1. exclusão da parcela "aviso prévio trabalhado" após o primeiro ano
de vigência contratual, da planilha de custos e formação de preços dos
Contratos 47/2013 e 70/2013, conforme o previsto na Jurisprudência desta
Corte (Acórdão 3006/2010-TCU-Plenário, item 9.2.2);
(Acórdão 3030/2015 – Plenário)
Vide, no mesmo sentido: Acórdão 3031/2015 – Plenário; Acórdão
2902/2015 – Plenário; Acórdão 3031/2015 – Plenário; Acórdão 3031/2015 –
Plenário; Acórdão 2743/2015 – Plenário; Acórdão 2747/2015 – Plenário;
Acórdão 2748/2015 – Plenário; Acórdão 1520/2015 – Plenário.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.2. supressão do percentual de 1,94 % da Planilha de Custos dos
Serviços Contratados, referente ao Aviso Prévio Trabalhado, tendo em
vista que os referidos custos consideram-se integralmente pagos no
primeiro ano do Contrato, devendo ser zerado nos anos subsequentes, nos
termos do cálculo demonstrado quando da apreciação do Acórdão TCU nº
1904/2007 - Plenário;
(Acórdão 3006/2010 – Plenário)
Irregularidade não sanada, conforme Acórdão 1686/2013 - Plenário

Nesse sentido, a IN 05/2017 recomenda negociar com o contratado a


exclusão dos itens de custos integralmente amortizados no primeiro ano de
vigência contratual.
IN 05/2017
ANEXO IX
DA VIGÊNCIA E DA PRORROGAÇÃO
9. A Administração deverá realizar negociação contratual para a redução
e/ou eliminação dos custos fixos ou variáveis não renováveis que já tenham
sido amortizados ou pagos no primeiro ano da contratação.

Não obstante a orientação do TCU e da IN 05/2017, sempre entendemos que,


caso haja renovação do contrato, essa despesa deve ser drasticamente reduzida,

p. 82
Erivan Pereira de Franca

para contemplar, a partir do segundo ano de vigência do contrato, apenas o custo


decorrente da concessão de 3 dias de aviso prévio (6h/remuneração) para cada
trabalhador, conforme disciplina a Lei 12.506/2011, assim permanecendo até a
extinção do contrato.

Entretanto, importa registrar que há entendimento – ao qual não nos filiamos


– no sentido de que a Lei 12.506/2011 não teria qualquer repercussão na aplicação
do art. 488 da CLT, vale dizer, o trabalhador só teria direito à redução de jornada
nos primeiros 30 dias de cumprimento do aviso prévio.

Felizmente, em recente julgado, o TCU passou a sinalizar que evoluiu no


entendimento para contemplar os efeitos da Lei 12.506/2011 quando da
renovação do contrato de terceirização, de modo a não excluir da planilha o item
“Aviso Prévio Trabalhado”, mas reduzir seu valor. Veja-se, nesse sentido, o julgado
a seguir parcialmente transcrito.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.1. determinar ao Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região [...] que, no
prazo de sessenta dias, adote as medidas a seguir, informando a este
Tribunal as providências adotadas ao fim do prazo estipulado:
9.1.1. exclua a parcela referente ao aviso prévio trabalhado, após o
primeiro ano de vigência contratual, da planilha de custos e formação de
preços de todos os contratos de terceirização de mão de obra, conforme o
previsto na jurisprudência desta Corte (Acórdãos 1904/2007-TCU-Plenário e
3006/2010-TCU-Plenário, item 9.2.2), admitindo-se, a cada ano adicional
de execução desses contratos, parcela mensal no percentual máximo de
0,194%, a título de aviso prévio trabalhado, nos termos da Lei
12.506/2011;
9.1.2. recupere os valores pagos indevidamente em decorrência dos
Contratos 61/2012 (serviços de limpeza) e 153/2012 (vigilância), mesmo
que eles não estejam mais em vigor, admitindo-se, a cada ano adicional de
execução desses contratos, pagamento de parcela mensal no percentual de
0,194%, a título de aviso prévio trabalhado, nos termos da Lei 12.506/2011;
9.2. determinar ao Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região que, nas
futuras contratações de mão de obra terceirizada, esteja expresso na
minuta do contrato que a parcela mensal a título de aviso prévio trabalhado
será no percentual máximo de 1,94% no primeiro ano, nos termos dos
Acórdãos 1904/2007-TCU-Plenário e 3006/2010-TCU-Plenário, e, em caso
de prorrogação do contrato, o percentual máximo dessa parcela será de
0,194% a cada ano de prorrogação, a ser incluído por ocasião da
formulação do aditivo da prorrogação do contrato, conforme ditames da Lei
12.506/2011; e
(Acórdão 1186/2017 – Plenário)

p. 83
Erivan Pereira de Franca

5.5. Negociação para exclusão ou redução de “itens gerenciáveis”

Itens “gerenciáveis” são aqueles cotados na proposta por estimativa ou


probabilidade de ocorrência.

Ao formular sua proposta, o contratado não dispõe de elementos de


informação objetivos que lhe permitam precisar o custo de tais itens. Trata-se de
despesas que podem ou não ocorrer durante a execução contratual; ou ocorrem,
porém não se pode precisar com que frequência ou em que quantitativo.

Exemplos: vale-transporte; afastamento maternidade; licença paternidade;


aviso prévio indenizado; etc.

Segundo a IN 05/2017 a negociação para eliminação ou redução desses itens


dá-se por ocasião da renovação do contrato; mas, entendemos que não há vedação
para que sejam objeto de discussão por ocasião da repactuação do contrato.
IN 05/2017
ANEXO IX
DA VIGÊNCIA E DA PRORROGAÇÃO
9. A Administração deverá realizar negociação contratual para a redução
e/ou eliminação dos custos fixos ou variáveis não renováveis que já tenham
sido amortizados ou pagos no primeiro ano da contratação.

5.6. Rubrica destinada à remuneração pela supressão do intervalo


intrajornada

O modelo de planilha sugerido pela IN 05/2017, embora não preveja no


Módulo 1 o pagamento de adicional devido ao trabalhador, quando suprimido o
intervalo para descanso e alimentação (intervalo intrajornada), admite
expressamente a inclusão dessa despesa na planilha.

Isso porque a Nota 2 ao Módulo 1 esclarece: “Para o empregado que labora a


jornada 12x36, em caso da não concessão ou concessão parcial do intervalo
intrajornada (§ 4º do art. 71 da CLT), o valor a ser pago será inserido na
remuneração utilizando a alínea “G”.”

A possibilidade de inclusão de despesa contratual objetivando remunerar a


empresa contratada pelo descumprimento da lei trabalhista, admitida pelo
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, é absolutamente ilegal e
fere frontalmente o princípio da moralidade administrativa. Vejamos.

p. 84
Erivan Pereira de Franca

Com vistas a preservar a saúde do trabalhador, determina a lei que seja


concedido um intervalo, dentro da jornada diária de trabalho, para descanso e
alimentação. É o chamado intervalo intrajornada.
CLT
Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis)
horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou
alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo
escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas)
horas.

Ressalte-se que o período do intervalo intrajornada, desde que regularmente


concedido, não é computado como hora trabalhada – não integra a jornada e não é
remunerado.

Como determina o art. 71 da CLT, a concessão do intervalo intrajornada é


obrigatória. Caso não seja concedido, integral ou parcialmente, o empregador
deverá indenizar o empregado, pagando-lhe o equivalente apenas às horas não
usufruídas do intervalo, com acréscimo de no mínimo 50% em relação ao valor da
hora normal.
CLT
Art. 71 – [...]
§ 4º - A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada
mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais,
implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período
suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da
remuneração da hora normal de trabalho.

Vemos claramente, sem qualquer margem para dúvida, que a indenização


devida em decorrência da supressão do intervalo intrajornada tem caráter de
sanção, objetivando inibir o comportamento ilícito do empregador.

O Manual de Orientação Para Preenchimento da Planilha de Custo e


Formação de Preços, editada pela SLTI/MPOG, justificava a presença dessa rubrica
na planilha (hoje não mais admitida) nos seguintes termos (nota 21): “A não
concessão do intervalo obriga o empregador a remunerar por esse período, nos
termos da lei, acordo, convenção coletiva, ou sentença normativa”. Equivocada a
fundamentação.

Não há qualquer justificativa razoável para a inclusão da despesa na


planilha de custos e formação de preços. A sanção deve ser suportada única e
exclusivamente por quem pratica o ato ilícito, no caso, o empregador.

p. 85
Erivan Pereira de Franca

É de todo repudiável transferir esse custo – imposto pela prática de ato


vedado pela lei – para a Administração contratante. Admitir-se isso significaria
malferir os princípios da legalidade e da moralidade, que regem a atividade
administrativa, princípios esses de observância obrigatória, conforme comanda a
própria Constituição Federal, no caput do art. 37.

Entendemos que a supressão do intervalo intrajornada não pode ser


tolerada, ainda que pactuada em norma coletiva. Convenção coletiva que
contenha tal disposição é, no ponto, nula de pleno direito, como assentado em
verbete da súmula da jurisprudência do TST:
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Súmula 437
I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão
parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período
correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no
mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho
(art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para
efeito de remuneração.
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho
contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque
este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido
por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988),
infenso à negociação coletiva.
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com
redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não
concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada
para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras
parcelas salariais.
IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é
devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o
empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não
usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista
no art. 71, caput e § 4º da CLT.

Contudo, ante a introdução dos artigos 611-A e 611-B na CLT, pela Lei
13.467/2017, essa questão certamente será objeto de discussão nos Tribunais do
Trabalho, dada a dubiedade da redação dos dispositivos legais que tratam da
chamada "prevalência do negociado sobre o legislado", regra por si só de duvidosa
constitucionalidade (afora a extravagância que é a lei autorizar a inobservância da
própria lei). Veja-se, para exemplificar, os dispositivos a seguir transcritos:

p. 86
Erivan Pereira de Franca

CLT
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho,
observados os incisos III e VI do caput do art. 8º da Constituição, têm
prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
[...]
III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos
para jornadas superiores a seis horas;
[...]
Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo
coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos
seguintes direitos:
[...]
XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei
ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho;

5.7. Adicional de periculosidade para vigilantes

O adicional de periculosidade é previsto no art. 193 da CLT. É devido ao


empregado cujo trabalho envolva a execução de atividades perigosas, que
impliquem risco à sua incolumidade física.

Atividades perigosas são as que, por sua natureza ou método de execução,


exponham o trabalhador a contato permanente com inflamáveis, explosivos ou
energia elétrica em condições de risco acentuado (art. 193, I, CLT), ou o exponham
a risco de roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais
de segurança pessoal ou patrimonial (art. 193, II, CLT).

O inciso II e o § 3º do art. 193 da CLT foram incluídos pela Lei


12.740/2012. O inciso II, como vimos acima, acrescentou a atividade de
segurança como perigosa; já o § 3º do dispositivo determina a compensação do
adicional de periculosidade com outras parcelas remuneratórias da mesma
natureza concedidas ao vigilante por norma coletiva de trabalho (ex.: adicional de
risco de vida).

Assim, se for devido ao vigilante o adicional de periculosidade (30% sobre o


salário base) previsto no art. 193 da CLT e, por exemplo, parcela denominada
adicional de risco de vida, criada por Convenção Coletiva de Trabalho, no valor
correspondente a 20% do salário base, a planilha consignará o pagamento das
duas parcelas, da seguinte maneira:

- salário base (hipotético) = 2.000,00


p. 87
Erivan Pereira de Franca

- adicional de risco de vida (cláusula “x” da CCT) = 400,00 (20% do salário


base)

- adicional de periculosidade (art. 193 da CLT) = 200,00 (30% - 20%


referente ao adicional de risco de vida)

Lembre-se que o adicional de periculosidade previsto na CLT só pode ser


pago mediante prévia inclusão da atividade em norma do Ministério do Trabalho e
Previdência Social e realização de perícia (art. 195, CLT).

A matéria – descrição das atividades perigosas – é regulada pela Norma


Regulamentadora 16, anexa à Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE). Em 3.12.2013 foi publicada a Portaria MTE 1885/2013,
incluindo na NR-7, o Anexo III - ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM
EXPOSIÇÃO A ROUBOS OU OUTRAS ESPÉCIES DE VIOLÊNCIA FÍSICA NAS
ATIVIDADES PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA PESSOAL OU PATRIMONIAL.

Mencionada Portaria estabeleceu que “Os efeitos pecuniários decorrentes do


trabalho em condições de periculosidade serão devidos a contar da data da
publicação desta Portaria, nos termos do art. 195 da CLT.”
CLT
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da
regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas
que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado
em virtude de exposição permanente do trabalhador a:
[...]
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais
de segurança pessoal ou patrimonial.
§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado
um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos
resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da
empresa.
[…]
§ 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma
natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo
coletivo.
[...]
Art. 195. A caracterização e a classificação da insalubridade e da
periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão
através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do
Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.

p. 88
Erivan Pereira de Franca

Importa anotar que o adicional de periculosidade devido ao Bombeiro Civil


é determinado por lei específica, não se sujeitando ao regime da CLT, na espécie
(vide art. 6º, III, Lei 11.901/2009).

O adicional devido corresponde a 30% do salário contratual, sem os


acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da
empresa (art. 193, § 1º, CLT). É o que preconiza a Súmula 191 do TST:
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Súmula 191
O adicional incide apenas sobre o salário básico e não sobre este acrescido
de outros adicionais.

Segundo entendimento do TST, ainda que a exposição ao risco seja


intermitente, o adicional é devido. Será indevido apenas quando o contato com o
agente nocivo se der de forma eventual:
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Súmula 364
Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto
permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de
risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim
considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo
extremamente reduzido.

Ademais, o adicional de periculosidade, pago com habitualidade, integra


o cálculo das horas extras.

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


Súmula 132
O adicional, pago em caráter permanente, integra o cálculo de indenização
e de horas extras.

Caso o empregado tenha direito, também, ao adicional de insalubridade, deve


fazer a opção (é vedado o pagamento dos dois adicionais ao mesmo tempo). A
opção é do empregado, não do empregador.

Por fim, frise-se que, descaracterizada a periculosidade, o adicional deixa de


ser devido, vale dizer, não há direito adquirido ao adicional de periculosidade (art.
194, CLT).

p. 89
Erivan Pereira de Franca

5.8. Aplicação da Súmula 444 do TST – pagamento por trabalho


executado em feriado

Os terceirizados que cumprem jornada de 12 horas de trabalho por 36


horas de descanso (e somente estes) têm direito ao pagamento da remuneração
em dobro pelo trabalho eventualmente realizado em feriado. É o que a nova IN
05/2017 denomina “adicional de hora extra no feriado trabalhado”. Esse custo
deve ser previsto no contrato, desde a origem (cotado na proposta).

Se não foi prevista originalmente na proposta, entendemos indevida a


introdução da despesa por ocasião da repactuação, por ausência de amparo legal
para inclusão de custo relativo a encargo preexistente.

Há quem entenda que tal despesa foi imposta às empresas pelo Tribunal
Superior do Trabalho, em razão da Súmula 444:
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Súmula 444
É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por
trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente
mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho,
assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O
empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor
prestado na décima primeira e décima segunda horas.

Como o Poder Judiciário, por óbvio, não legisla, a única interpretação que
julgamos possível é aquela segundo a qual o TST se limitou a explicitar que, mesmo
em caso de jornadas excepcionais de 12 horas de trabalho por 36 de descanso, é
devido o pagamento em dobro por serviços prestados em feriados.

E assim é, inexoravelmente, por uma lógica muito simples: o trabalhador que


cumpre jornada de 12 x 36 horas nunca tem folga, razão pela qual, sempre que
trabalhar em dia feriado, terá, inevitavelmente, de ser remunerado em dobro, nos
exatos termos do que determina a Lei n.º 605/49:

LEI 605/49
Art. 8º Excetuados os casos em que a execução do serviço for imposta pelas
exigências técnicas das empresas, é vedado o trabalho em dias feriados,
civis e religiosos, garantida, entretanto, aos empregados a remuneração
respectiva, observados os dispositivos dos artigos 6º e 7º desta lei.
Art. 9º Nas atividades em que não for possível, em virtude das exigências
técnicas das empresas, a suspensão do trabalho, nos dias feriados civis e
religiosos, a remuneração será paga em dobro, salvo se o empregador
determinar outro dia de folga.

p. 90
Erivan Pereira de Franca

Esse custo pode estar previsto no contrato, desde a origem (cotado na


proposta). Entendemos, não obstante, que não há obrigatoriedade de a
Administração cotar tal despesa no orçamento estimado. Pode, contudo, fazê-lo,
caso queira e considere a despesa relevante.

Cremos que, ao prever expressamente essa despesa no modelo de planilha, o


MPDG quer sugerir que a despesa deva ser explicitada, sempre que a
Administração estiver planejando a contratação de serviços a serem prestados
pelos trabalhadores em jornada de 12 x 36.

Não significa dizer que a despesa antes não existisse. Agora o que se faz é, tão
somente, explicitá-la na planilha.

Já dissemos, e reiteramos: a planilha de custos e formação de preços do


contrato não exaure os custos nos quais o particular incorre para prestar os
serviços contratados pela Administração. A planilha é demonstrativa da formação
do preço proposto. Não esgota os custos incorridos, frise-se.

Portanto, a interpretação que se deve dar à inclusão dessa despesa na


planilha, é que a nova IN 05/2017 houve por bem em discriminá-la. Nada além.

Para ilustrar como é feito o cálculo dessa despesa (admitida, repetimos,


somente em contratações de serviços prestados ininterruptamente, em jornada de
12 x 36 horas), adotaremos os seguintes dados, meramente hipotéticos:

- Remuneração total do trabalhador (Módulo 1) = R$ 4.000,00

- Número de dias feriados no ano considerado, no Município (ou Distrito


Federal, se for o caso) da prestação dos serviços = 15

- Profissionais por posto = 2 (decorrente da escala de 12 horas de trabalho


por 36 de descanso)

Faz-se o cálculo da seguinte maneira:

{[(4.000,00 / 30) x 15] / 2} / 12

= {[133,33 x 15] / 2} / 12

= {1.999,95 / 2} / 12

= 999,97 / 12
p. 91
Erivan Pereira de Franca

= 83,33

Onde:

4.000,00 = remuneração hipotética do trabalhador (Módulo 1 da planilha);

30 = divisor para apuração da remuneração diária do trabalhador;

15 = número hipotético de feriados no ano;

2 = divisor para apuração da remuneração devida por trabalhador ocupante


do posto de serviço;

12 = divisor para apropriação do valor mensal da despesa na planilha.

Convém noticiar que a Lei 13.467/2017 (em vacatio legis até 12.11.2017
aproximadamente) introduziu o art. 59-A na CLT, cujo parágrafo único prevê que
não mais será devido o pagamento em dobro na hipótese estudada neste tópico:
CLT
(redação dada pela Lei 13.467/2017)
Art. 59-A….
Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no
caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal
remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados
compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando
houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta Consolidação.

Questão que certamente atormentará os aplicadores das leis e o Poder


Judiciário será a de saber de o novo dispositivo da CLT terá o efeito de derrogar a
aplicação da mencionada Lei 605/1949. Entendemos que há de prevalecer a regra
da especialização, vale dizer, a lei específica (605/1949, no caso) prevalece sobre a
geral (a CLT, no caso).

5.9. Plano de saúde para os terceirizados; em que condições é


possível incluir tal despesa quando da repactuação

Com relação à pretensão de que seja incluída, na composição de custos do


contrato, rubrica destinada a arcar com os custos de Plano de Saúde, com base em
disposição da Convenção Coletiva de Trabalho (ou Acordo ou Sentença Normativa)
é imprescindível examinar detidamente a cláusula que estabelece o benefício para
o trabalhador e consequente encargo para o empregador.

p. 92
Erivan Pereira de Franca

Se a cláusula estabelecer “obrigação condicional”, por si apenas não gera


custo adicional, ou variação de custos, requisito fundamental para o cabimento da
repactuação. Isso porque, em tais situações (não raras), a norma coletiva do
trabalho condiciona a concessão do benefício ao deferimento de sua inclusão na
composição de custos do contrato pelo tomador dos serviços (contratante).

Ora, se a norma coletiva do trabalho estabelecer que a obrigação, e por


consequência, o custo para a empresa, somente passará a existir se houver o
respectivo repasse pelos tomadores de serviços, não é possível a inclusão da
despesa em processo de repactuação, por uma razão muito simples: inexiste, na
hipótese, obrigação cogentemente imposta ao empregador (empresa prestadora de
serviços) e assim, inexiste custo adicional a ensejar repactuação.
DECRETO 2.271/97
Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a
prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que
previsto no edital, admitir repactuação visando a adequação aos novos
preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a
demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do
contrato, devidamente justificada.

IN 05/2017
Art. 57 ….
§ 1º É vedada a inclusão, por ocasião da repactuação, de benefícios não
previstos na proposta inicial, exceto quando se tornarem obrigatórios por
força de instrumento legal, Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de
Trabalho, observado o disposto no art. 6º desta Instrução Normativa.
IN 05/2017
ANEXO VII-B
DIRETRIZES ESPECÍFICAS PARA ELABORAÇÃO DO ATO CONVOCATÓRIO
2. Das vedações:
2.1. É vedado à Administração fixar nos atos convocatórios:
[...]
b) os benefícios, ou seus valores, a serem concedidos pela contratada aos
seus empregados, devendo adotar os benefícios e valores previstos em
Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho, como mínimo
obrigatório, quando houver;

5.10. Majoração da tarifa de transporte público; é fato gerador de


repactuação ou revisão do item “Vale Transporte”?
LEI 8.666/93

p. 93
Erivan Pereira de Franca

Art. 65 ….
[…]
§ 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos,
bem como a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a
data da apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos preços
contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para menos,
conforme o caso.

ORIENTAÇÃO NORMATIVA /SLTI Nº 2, DE 22 DE AGOSTO DE 2014


I - os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta,
autárquica e fundacional deverão observar, nos processos de repactuação
referentes a serviços continuados com dedicação exclusiva de mão de obra,
quando envolver reajuste do vale transporte, as seguintes condições:
a) a majoração da tarifa de transporte público gera a possibilidade de
repactuação do item relativo aos valores pagos a título de vale-transporte;
b) o início da contagem do prazo de um ano para a primeira repactuação
deve tomar como referência a data do orçamento a que a proposta se
refere, qual seja, a data do último reajuste de tarifa de transporte público;
c) os efeitos financeiros da repactuação contratual decorrente da
majoração de tarifa de transporte público devem viger a partir da efetiva
modificação do valor de tarifa de transporte público; e
d) as regras de repactuação devem observar as disposições contidas nos
arts. 37 a 41 da Instrução Normativa nº 2, de 30 de abril de 2008.

p. 94
Erivan Pereira de Franca

EXEMPLO DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL

Processo n.º: 000.000/2017-0

Contrato n.º: 0/0000

Contratada: TERCEIRIZAÇÃO LTDA-EPP

Objeto: Prestação de serviços de ...

Assunto: Pedido de repactuação de preços em virtude da CCT 2017/2017.

RELATÓRIO DE ANÁLISE DO PEDIDO DE REPACTUAÇÃO

I – INTRODUÇÃO

1. Trata-se de pedido de repactuação de preços apresentado pela


contratada (peças 01 a 03), em virtude da nova Convenção Coletiva de Trabalho
aplicável às categorias empregadas na execução dos serviços (peças 02 e 10) e do
Decreto n.º 37.940, de 30.12.2016, que majorou as tarifas de transporte público no
Distrito Federal (peça 03).

2. Apresento, na tabela abaixo, um resumo das principais ocorrências


relacionadas ao contrato:
Licitação  Edital do Pregão Eletrônico nº 00/2000 (cópia à peça 04);
(Processo  Proposta apresentada em 11.01.2016 (cópia à peça 05): valor
000.000/2017-0) total anual de R$ 465.135,33 e valor mensal de R$ 38.761,28.
 Contrato nº 0/2000 (cópia à peça 06), assinado em
23.03.2016;
 Vigência: 12 meses, de 18.04.2016 a 17.04.2017, conforme
Contratação
Cláusula Quinta;
(Processo
 Repactuação: admitida à Cláusula Décima Primeira;
000.000/2017-0)
 Garantia contratual: 5% do valor anual atualizado do contrato,
nos termos da Cláusula Sexta;
 Planilhas de custos e formação de preços: apresentadas com a

p. 95
Erivan Pereira de Franca

proposta (cópia à peça 05);


 Unidade fiscalizadora do contrato: Seção...
 1º Termo Aditivo (cópia à peça 07), assinado em 08.07.2016;
Alteração  Objeto: supressão de 2 (dois) postos de auxiliar de
1º Termo Aditivo encarregado;
(Processo  Novos valores decorrentes da alteração: anual de R$
000.000/2017-0) 376.884,24 e mensal de R$ 31.407,02;
 Planilhas relacionadas: anexas ao próprio termo.
 1º Termo de Apostilamento (cópia à peça 08), assinado em
15.07.2016;
 Objeto: primeira repactuação de preços em virtude da CCT
Repactuação
2016/2016, com efeitos a partir de 18.04.2016 (início da
1º Termo de vigência do Contrato) e considerando a supressão formalizada
Apostilamento por meio do 1º Termo Aditivo, com efeitos a partir de
(Processo 08.07.2016;
000.000/2017-0)
 Novos valores decorrentes da repactuação e considerada a
supressão: anual de R$ 416.217,12 e mensal de R$ 34.684,76;
 Planilhas relacionadas: anexas ao próprio termo.
 2º Termo de Apostilamento (cópia à peça 09), assinado em
15.03.2017;
Prorrogação de
 Objeto: prorrogação da vigência do contrato para o período
Vigência
de 18.04.2017 até 17.04.2018;
2º Termo de
 Novos valores após a renovação do contrato (supressão do
Apostilamento
Aviso Prévio Trabalhado): anual de R$ 411.063.36 e mensal
(Processo
de R$ 34.255,28;
000.000/2017-0)
 Planilhas relacionadas: anexas ao 1º Termo de Apostilamento
(cópia à peça 08).
 Minuta do 3º Termo de Apostilamento (peça 15);
 Objeto: segunda repactuação de preços em virtude da CCT
Repactuação
2017/2017, com início de efeitos a partir de 1º.01.2017 (data-
3º Termo de
base da categoria, fixada na CCT) e em virtude da majoração
Apostilamento
das tarifas de transporte público no DF, por força do Decreto
(estes autos)
n.º 37.940, de 30.12.2016;
 Planilhas relacionadas: às peças 13 e 14.
 Consulta ao Sistema de Gestão de Contratos, revela que não
Processos
há processos em trâmite de interesse da contratada que
Conexos
pudessem ter reflexo nos cálculos da repactuação em análise.

II – PEÇAS JUNTADAS NO ÂMBITO DA UNIDADE DE INSTRUÇÃO

3. Autuado o feito nesta unidade e a mim distribuído, juntei aos autos os


documentos de peças 04 a 10, a fim de subsidiar a presente análise.

p. 96
Erivan Pereira de Franca

4. As mencionadas peças consistem, basicamente, do seguinte: peça 04,


edital do Pregão Eletrônico 00/2000; peça 05, proposta apresentada na licitação, em
planilhas no formado EXCEL; peça 06, termo de contrato; peça 07, 1º termo aditivo;
peça 08, 1º termo de apostilamento; peça 09, 2º termo de apostilamento; peça 10,
CCT 2017/2017, base para o pedido de repactuação.

III – PEDIDO DA CONTRATADA

5. A contratada formula pedido (peça 01) de repactuação de preços do


contrato com fundamento na nova CCT celebrada entre o Sindicato dos Empregados
de Empresas de Asseio, Conservação, Trabalho Temporário, Prestação de Serviços e
Serviços Terceirizáveis do Distrito Federal – SINDISERVIÇOS/DF e o Sindicato das
Empresas de Asseio, Conservação, Trabalhos Temporários e Serviços Terceirizáveis do
DF – SEAC/DF, com vigência de 1º.1.2017 a 31.12.2017 (peças 02 e 10) e no Decreto
n.º 37.940, de 30.12.2016, que majorou as tarifas de transporte público no Distrito
Federal (peça 03), com efeitos neste exercício financeiro de 2017.

6. Do cotejo entre a planilha de custos e formação de preços alusiva à


primeira repactuação e as normas coletivas do trabalho aplicáveis, bem como
considerando o impacto da majoração do custo com transporte, em decorrência do
Decreto n.º 37.940, extrai-se pedido de majoração dos seguintes itens de custo do
Contrato n.º 6/2016:

a) Reajuste do salário do Encarregado de Turma, em observância ao


novo piso normativo fixado pela cláusula terceira da CCT: dos atuais
R$ 2.104,40 para R$ 2.242,66;

b) Reajuste do salário do Auxiliar de Encarregado, em observância ao


novo piso normativo fixado pela cláusula terceira da CCT: dos atuais
R$ 1.553,46 para R$ 1.655,52;

c) Majoração (no Grupo IV - Insumos) do item "Auxílio-Alimentação",


dos atuais R$ 27,50 para o novo valor unitário, por dia trabalhado, de
R$ 29,50 por empregado, com fundamento na cláusula décima
quarta da CCT, que isenta o trabalhador de participação no custeio
do benefício;

d) Inclusão (no Grupo IV – Insumos) do item “Seguro de Vida e


Assistência Funeral”, no importe de R$ 1,50 por empregado, para o

p. 97
Erivan Pereira de Franca

custeio, pelo Sindicato Empresarial, de seguro de vida e assistência


funeral, com efeitos financeiros a partir de 1º.04.2017;

e) Majoração (no Grupo IV – Insumos) do item “Vale-Transporte”, dos


atuais R$ 8,00/dia (4,00 x 2), considerados 21 dias de serviço,
totalizando R$ 168,00; para R$ 10,00/dia (5,00 x 2), totalizando R$
210,00; em virtude da majoração nas tarifas do transporte público
coletivo do Distrito Federal – linhas classificadas como
“Metropolitana 2” –, dos atuais R$ 4,00 para R$ 5,00; por força do
Decreto n.º 37.940, de 30.12.2016, com efeitos neste exercício.

7. Quanto aos demais encargos, benefícios e direitos de natureza


trabalhista contemplados na planilha de custos e formação de preços do Contrato n.º
06/2016, não sofreram qualquer alteração em virtude das novas normas de incidência.

IV – ANÁLISE

Amparo legal e contratual

8. O direito à repactuação de preços ora requerida encontra amparo no


inc. III do art. 55 da Lei nº 8.666/93, c/c o art. 5º do Decreto nº 2.271/97 e art. 37 e
seguintes da Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 02/08.

9. Ademais, é expressamente previsto no próprio Contrato n.º 00/2000


(cópia à peça 05) à Cláusula Décima Primeira.

Preclusão lógica

10. Não incide na espécie. O direito à repactuação só se considera precluso,


nos termos do item 3 da cláusula décima primeira do Contrato n.º 00/2000, quando a
empresa concorda com a prorrogação da vigência contratual sem pleitear o
reajustamento de preços.

11. Ora, como a vigência inicial do ajuste findar-se-á somente em


17.04.2017 e o pedido de repactuação foi apresentado em 16.03.2017, não há falar em
preclusão lógica ou renúncia tácita ao direito à repactuação.

12. Demais disso, por ocasião da renovação do contrato para mais um


período de vigência (de 18.04.2017 a 17.04.2018), formalizada pelo 2º Termo de
Apostilamento (cópia à peça 09), foi expressamente ressalvado o direito à repactuação
do contrato, conforme subitem 2.7 daquele instrumento.
p. 98
Erivan Pereira de Franca

Aplicabilidade da CCT

13. A CCT 2017/2017 (cópia à peça 010) celebrada entre o SEAC/DF e o


SINDISERVIÇOS/DF abrange as categorias de profissionais que prestam serviço no
âmbito do Contrato 00/2000.

14. Ademais, a proposta vencedora da licitação foi elaborada tendo por


base o instrumento coletivo anteriormente celebrado pelas mesmas entidades
sindicais, conforme assentado na instrução da primeira repactuação (vide 1º Termo de
Apostilamento à peça 08).

15. Assim, concluo que a referida CCT 2017/2017 é apta a instrumentalizar


o pedido de repactuação ora em apreço.

Itens objeto do pedido de repactuação (conforme Seção III - PEDIDO DA


CONTRATADA)

16. Reajuste de Salários. O pedido decorrente do reajuste dos pisos


normativos das categorias profissionais envolvidas na execução contratual: do
Encarregado de Turma (passando dos atuais R$ 2.104,40 para R$ 2.242,66) e do
Auxiliar de Encarregado (de R$ 1.553,46 para R$ 1.655,52), encontra amparo na
Cláusula Terceira da CCT. Proponho, portanto, o deferimento integral.

17. Auxílio-Alimentação. Pede-se a majoração do valor unitário do Auxílio-


Alimentação, dos atuais R$ 27,50 para R$ 29,50 por dia trabalhado, totalizando ao mês
(considerando 21 dias de trabalho, estimados na proposta da empresa apresentada
quando da licitação) o montante de R$ 619,50. Proponho o deferimento integral,
porquanto a elevação do custo decorre da Cláusula Décima Quarta da CCT.

18. Seguro de Vida e Assistência Funeral. Inclusão da despesa, no importe


de R$ 1,50 por empregado, para o custeio, pelo Sindicato Empresarial, de seguro de
vida e assistência funeral, com efeitos financeiros a partir de 1º.04.2017. Proponho o
deferimento integral em razão de tal despesa obrigatória decorrer do estabelecido na
Cláusula Décima Sexta da CCT.

19. Vale-Transporte. Pede-se a majoração do valor unitário do Vale-


Transporte, dos atuais R$ 8,00/dia (4,00 x 2), considerados 21 dias de serviço,
totalizando R$ 168,00; para R$ 10,00/dia (5,00 x 2), totalizando R$ 210,00 (valor bruto,
antes da dedução da participação do trabalhador no custeio do benefício); em virtude
da majoração nas tarifas do transporte público coletivo do Distrito Federal – linhas
classificadas como “Metropolitana 2” –, dos atuais R$ 4,00 para R$ 5,00; por força do
p. 99
Erivan Pereira de Franca

Decreto n.º 37.940, de 30.12.2016, com efeitos neste exercício de 2017. Proponho o
deferimento integral, em razão de a elevação da despesa decorrer de ato normativo
estatal, com reflexos diretos no preço dos serviços.

20. Friso que o pedido de repactuação formulado pela empresa se limitou à


aplicação da nova Convenção Coletiva de Trabalho e do Decreto n.º 37.940, de
30.12.2016, do Governador do Distrito Federal, com reflexo nos itens de custo do
Contrato n.º 00/2000, objeto da presente análise.

V – PERÍODOS DA REPACTUAÇÃO E VIGÊNCIA DOS EFEITOS FINANCEIROS

21. Considerando-se que o efetivo incremento de custos contratuais dar-se-


á:

a) a partir de 1º.01.2017 (data-base da categoria), para o reajuste de


salários e auxílio-alimentação;

b) também a partir de 1º.01.2017 para o reajuste do vale-transporte,


conforme Decreto n.º 37.940, de 30.12.2016;

c) a partir de 1º.04.2017 para o incremento de despesa decorrente da


inclusão do seguro de vida e assistência funeral, criado pela nova
CCT 2017/2017; e

d) a partir 18.04.2017, efeitos financeiros da segunda repactuação,


considerada a renovação do contrato, com consequente exclusão
da rubrica “Aviso Prévio Trabalhado”.

22. Os valores decorrentes da repactuação ora em apreço deverão ser


aplicados até a data de término da vigência do contrato, em 17.04.2018.

23. Tais períodos de efeitos financeiros foram devidamente considerados


nos cálculos da repactuação e análise, conforme se pode observar das planilhas de
peças 13 e 14.

24. Cumpre anotar, ademais, que os efeitos financeiros da repactuação ora


análise observam o interregno mínimo de 12 meses exigido pelo item 1 da Cláusula
Décima Primeira do contrato, uma vez que a data base da convenção coletiva que
orientou a primeira repactuação foi 1º.01.2016 (CCT 2016/2016), como se pode
verificar do exame do Relatório de Instrução deste Serviço nos autos do processo n.º
000.000/2016-0.

p. 100
Erivan Pereira de Franca

VI – RESUMO DOS VALORES DA REPACTUAÇÃO

25. As planilhas inseridas nos autos (formato PDF à peça 13, XLSX à peça 14)
refletem e discriminam a presente análise e a proposta desta unidade para a
repactuação, cujos valores são sintetizados nos mapas a seguir.
VALORES DECORRENTES DA REPACTUAÇÃO - NOVA CCT 2017/2017

DE 1º.01.2017 A 31.03.2017 - NOVA CCT (EXCETO SEGURO DE VIDA)


Quant. Custo Mensal Valor Mensal Valor Anual
POSTOS DE SERVIÇOS
Postos do Posto (R$) Total (R$) Total (R$)
ENCARREGADO DE TURMA 2 5.537,24 11.074,48 132.893,76
AUXILIAR DE ENCARREGADO 6 4.365,50 26.193,00 314.316,00
TOTAL 37.267,48 447.209,76

DE 1º.04.2017 A 17.04.2017 - INCLUSÃO DO SEGURO DE VIDA E ASSISTÊNCIA FUNERAL


Quant. Custo Mensal Valor Mensal Valor Anual
POSTOS DE SERVIÇOS
Postos do Posto (R$) Total (R$) Total (R$)
ENCARREGADO DE TURMA 2 5.539,05 11.078,10 132.937,20
AUXILIAR DE ENCARREGADO 6 4.367,30 26.203,80 314.445,60
TOTAL 37.281,90 447.382,80

DE 18.04.2017 (PRORROGAÇÃO - EXCLUSÃO DO APT) A 17.04.2018 (EXTINÇÃO DO CONTRATO)


Quant. Custo Mensal Valor Mensal Valor Anual
POSTOS DE SERVIÇOS
Postos do Posto (R$) Total (R$) Total (R$)
ENCARREGADO DE TURMA 2 5.410,01 10.820,02 129.840,24
AUXILIAR DE ENCARREGADO 6 4.256,89 25.541,34 306.496,08
TOTAL 36.361,36 436.336,32

SÍNTESE DA REPACTUAÇÃO
Descrição Efeitos Financeiros/Valores
Período da Repactuação 1º.01.2017 a 31.03.2017 1º.04.2017 a 17.04.2018 18.04.2017 a 17.04.2018
Valor Anual do Contrato antes da repactuação R$ 416.217,12 R$ 416.217,12 R$ 416.217,12
Valor Anual do Contrato após repactuação R$ 447.209,76 R$ 447.382,80 R$ 436.336,32
Valor Anual acrescido R$ 30.992,64 R$ 31.165,68 R$ 20.119,20
Variação percentual 7,45% 7,49% 4,83%

Valor Mensal do Contrato antes da repactuação R$ 34.684,76 R$ 34.684,76 R$ 34.684,76


Valor Mensal do Contrato após repactuação R$ 37.267,48 R$ 37.281,90 R$ 36.361,36
Valor Mensal acrescido R$ 2.582,72 R$ 2.597,14 R$ 1.676,60
Variação percentual 7,45% 7,49% 4,83%

Despesa com a repactuação Valores Valores Valores


Exercício 2017 R$ 7.748,16 R$ 1.471,71 R$ 14.139,33
Total em 2017 R$ 23.359,20
Variação Percentual da Despesa em 2017 5,61%
Exercício 2018 R$ 5.979,87
Total em 2018 R$ 5.979,87
Total da despesa (valor da repactuação) R$ 29.339,07

Reforço à Garantia de Execução Contratual (5%


R$ 1.466,95
do valor da repactuação): Dispensado

26. Inexigibilidade de reforço da garantia de execução do contrato. No


caso ora apreciado, a variação positiva do valor total do contrato não importará em
necessidade de reforço da garantia para execução, prevista na cláusula sexta do
instrumento, em virtude do disposto na Portaria-Presidência n.º 00/2000 e das
diretrizes fixadas pelo Sr. Secretário-Geral no âmbito do processo n.º 000.000/2001-0,

p. 101
Erivan Pereira de Franca

oportunidade em que determinou-se a inexigibilidade de reforço da garantia nos casos


em que tal complementação seja inferior a R$ 4.000,00 (cópia do Despacho à peça 11).

VII – COMPATIBILIDADE DO PERCENTUAL DA REPACTUAÇÃO APURADA AO LIMITE DE


CRESCIMENTO DA DESPESA PÚBLICA PARA O EXERCÍCIO DE 2017, FIXADO PELO
NOVO REGIME FISCAL DA UNIÃO

27. A variação percentual final, anualizada, dos valores apurados na


repactuação em tela para o exercício de 2017 — 5,61% — está abaixo daquele fixado
como limite de crescimento da despesa pública para o exercício financeiro de 2017 —
7,20% —, pelo § 1º, inciso I, do art. 107 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, na redação dada pela Emenda Constitucional nº 95, de 15.12.2016, que
instituiu o Novo Regime Fiscal da União Federal.

28. Sendo assim, não há necessidade de se adotarem os procedimentos de


negociação previstos no Memorando-Circular n° 00/2017, porquanto desnecessária a
adequação do percentual correspondente ao incremento de despesa no exercício de
2017 – decorrente da repactuação – ao mencionado limite constitucional.

VIII – ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES PELA CONTRATADA

29. Um dos requisitos para a repactuação de preços consiste na


comprovação de que a contratada efetivamente arca com os custos adicionais que
fundamentam o pedido.

30. Assim, é imprescindível para a concessão do direito, que venham aos


autos comprovação de que a contratada efetivamente arca, no caso, com os novos
valores a título de salários e auxílio-alimentação.

31. Por consequência, como condição para o prosseguimento da


repactuação, a unidade fiscalizadora do contrato deverá verificar e informar,
mediante simples declaração, se a contratada cumpre regularmente, desde
1º.01.2017, com o pagamento dos seguintes valores mínimos para os profissionais
envolvidos na execução dos serviços pactuados:

Encarregado de Turma Auxiliar de Encarregado


Salário Normativo R$ 2.242,66 R$ 1.655,52
Auxílio-Alimentação R$ 29,50/dia trabalhado R$ 29,50/dia trabalhado

p. 102
Erivan Pereira de Franca

Seguro de Vida e Auxílio R$ 1,50 por empregado R$ 1,50 por empregado


Funeral (prêmio mensal) (a partir de 1º.04.2017) (a partir de 1º.04.2017)
Vale-Transporte R$ 10,00/dia trabalhado R$ 10,00/dia trabalhado

VIII – REGULARIDADE FISCAL E TRABALHISTA DA CONTRATADA

32. Consulta ao SICAF (peça 12), revela situação de regularidade trabalhista


da contratada. O documento revela, contudo, situação irregular perante a Receita
Federal e a Previdência Social, desde 11.03.2017.

33. Tal situação de irregularidade, embora não constitua óbice ao


deferimento da repactuação, enseja firme atuação da unidade fiscalizadora do
contrato junto à contratada para que comprove a sua regularização perante o fisco,
sob pena de perder as condições que a habilitaram a ser contratada pelo Poder
Público.

IX – FORMALIZAÇÃO DA REPACTUAÇÃO

34. Considerando os termos do estudo e das orientações exaradas pela


Secretaria-Geral nos autos do processo eletrônico 000.000/2012-0, a presente
repactuação deverá ser formalizada através de simples apostilamento.

X – CONCLUSÃO E PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

35. Ante o exposto, sugere-se o deferimento do pedido da contratada, nos


termos desta análise e das planilhas de peça 13 e 14, com a celebração de termo de
apostilamento ao contrato – conforme minuta inserida nos autos à peça 15 –,
encaminhando-se o processo, preliminarmente e como requisito para o seu
prosseguimento, à unidade fiscalizadora do contrato – Seção ... – para:

a) Ciência e, caso queira, manifestar-se sobre os termos desta


análise;

b) Dar conhecimento e obter manifestação da empresa contratada


quanto a presente proposta para a repactuação de preços,
encaminhando-lhe cópia desta análise e das planilhas
correspondentes, para conhecimento de seus termos,
salientando-se que:

p. 103
Erivan Pereira de Franca

- Em caso de concordância, esta deverá ser manifestada de


forma clara e inequívoca, possibilitando assim o imediato
prosseguimento da repactuação;

- Eventual discordância com relação a qualquer ponto


deverá ser fundamentada, e se necessário, instruída com
os correspondentes elementos comprobatórios, como
condição para sua análise;

- Esta análise reflete somente a posição e a proposta desta


unidade técnica para a repactuação. Tem, portanto, caráter
não definitivo e não representa autorização para
faturamento ou garante quaisquer direitos, vez que o
processo ainda deverá percorrer – após a anuência da
contratada – o trâmite ulterior típico da espécie, a culminar
com a assinatura de termo de apostilamento;

c) Confirmar – registrando apenas a conclusão nos autos – se a


contratada entrega vale-transporte em valor atualizado e se
paga regularmente aos empregados os salários e o auxílio-
alimentação, bem como se paga o seguro de vida e assistência
funeral, observados os novos valores estabelecidos pela CCT
2017/2017 (v. Seção VIII – ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
PELA CONTRATADA, supra).

36. Após essas providências, roga-se o retorno dos autos a este SRS/Dicad
para continuidade do feito.

À consideração superior.
SERVIDOR - Matrícula 000-0

p. 104
Erivan Pereira de Franca

TERCEIRO TERMO DE APOSTILAMENTO AO


CONTRATO Nº 00/0000 QUE ENTRE SI
CELEBRAM A UNIÃO, POR INTERMÉDIO DO
ÓRGÃO, E A EMPRESA TERCEIRIZAÇÃO
LTDA-EPP. OBJETO CONTRATUAL:
SERVIÇOS DE ...

CONTRATANTE: A União, por intermédio do ÓRGÃO, inscrito no CNPJ (MF) nº 00, com
sede no Setor – Quadra – Lote – Brasília/DF, neste ato representado pelo Secretário-
Geral, Senhor FULANO, de acordo com a delegação de competência contida no artigo
1°, inciso II, alínea "h", da Portaria.

CONTRATADA: A empresa TERCEIRIZAÇÃO LTDA-EPP, inscrita no CNPJ (MF) sob o nº


00, com sede no ENDEREÇO, Brasília/DF - CEP 70.000-000.

OBJETO: O presente termo de apostilamento tem como objeto a REPACTUAÇÃO dos


preços do Contrato nº 00/0000.

Considerando:

- o estudo e as orientações contidos no processo eletrônico TC


000.000/2012-0;

- a memória de cálculo (peças 13 e 14), a instrução da unidade técnica


(peça 16), a anuência da contratada (peça XX), a manifestação da unidade
gestora (peça YY) e demais documentos constantes destes autos –
processo eletrônico TC 000.000/2017-0;

- o disposto no §8º do art. 65 da Lei 8.666/93; e

- os princípios da razoabilidade, da economicidade e da eficiência


administrativa.

AUTORIZO o apostilamento ao Contrato nº 00/0000, para a REPACTUAÇÃO


de seus preços, nos seguintes termos:

i) A presente repactuação tem previsão expressa na Cláusula Décima


Primeira do Contrato n.º 00/0000 e encontra amparo legal no inc. III do
art. 55 da Lei nº 8.666/93, c/c o art. 5º do Decreto nº 2.271/97 e art. 37 e
seguintes da Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 02/08;

p. 105
Erivan Pereira de Franca

ii) A evolução dos valores contratuais em virtude da presente repactuação,


bem como a despesa adicional por ela gerada, é demonstrada e
detalhada na tabela a seguir:
SÍNTESE DA REPACTUAÇÃO
Descrição Efeitos Financeiros/Valores
Período da Repactuação 1º.01.2017 a 31.03.2017 1º.04.2017 a 17.04.2018 18.04.2017 a 17.04.2018
Valor Anual do Contrato antes da repactuação R$ 416.217,12 R$ 416.217,12 R$ 416.217,12
Valor Anual do Contrato após repactuação R$ 447.209,76 R$ 447.382,80 R$ 436.336,32
Valor Anual acrescido R$ 30.992,64 R$ 31.165,68 R$ 20.119,20
Variação percentual 7,45% 7,49% 4,83%

Valor Mensal do Contrato antes da repactuação R$ 34.684,76 R$ 34.684,76 R$ 34.684,76


Valor Mensal do Contrato após repactuação R$ 37.267,48 R$ 37.281,90 R$ 36.361,36
Valor Mensal acrescido R$ 2.582,72 R$ 2.597,14 R$ 1.676,60
Variação percentual 7,45% 7,49% 4,83%

Despesa com a repactuação Valores Valores Valores


Exercício 2017 R$ 7.748,16 R$ 1.471,71 R$ 14.139,33
Total em 2017 R$ 23.359,20
Variação Percentual da Despesa em 2017 5,61%
Exercício 2018 R$ 5.979,87
Total em 2018 R$ 5.979,87
Total da despesa (valor da repactuação) R$ 29.339,07

Reforço à Garantia de Execução Contratual (5%


R$ 1.466,95
do valor da repactuação): Dispensado

iii) Os efeitos financeiros decorrentes da presente repactuação vigoram a


partir de 1º.01.2017, inclusive;

iv) O valor total deste apostilamento, para cobrir as despesas com a


repactuação até a expiração da vigência do contrato, em 17.04.2018, é R$
29.339,07 (vinte e nove mil, trezentos e trinta e três reais, sete
centavos);

v) A despesa com este apostilamento, para o corrente exercício — 2017, no


montante de R$ 23.359,20 (vinte e três mil, trezentos e cinquenta e
nove reais, vinte centavos), correrá à conta da Nota de Empenho
____________ nº ________, de ___/___/________;

vi) A despesa para o exercício financeiro subsequente será alocada à dotação


orçamentária prevista para atendimento dessa finalidade, a ser
consignada à CONTRATANTE, na Lei Orçamentária da União;

vii) O valor da presente repactuação representa os recursos acrescidos ao


contrato até a expiração da sua vigência, considerando a execução total
dos serviços contratados. Cabe, portanto, à unidade fiscalizadora do
contrato o cálculo dos valores retroativos a serem pagos à contratada,
bem assim do que vier a ser devido, com base na execução efetiva dos
serviços e recebimento pela Administração;

p. 106
Erivan Pereira de Franca

viii) As planilhas constantes do ANEXO a este apostilamento refletem os


valores decorrentes da repactuação e passam a viger perante o contrato;

Brasília, em ____ de ____________________ de 2017.

ÓRGÃO
______________________________________
REPRESENTANTE
Secretário-Geral

ANEXO AO 3º TERMO DE APOSTILAMENTO AO CONTRATO Nº 6/2016


TOTALIZAÇÃO
VALORES ANTERIORES À REPACTUAÇÃO

1º TERMO DE APOSTILAMENTO
Quant. Custo Mensal Valor Mensal Valor Anual
POSTOS DE SERVIÇOS
Postos do Posto (R$) Total (R$) Total (R$)
ENCARREGADO DE TURMA 2 5.160,25 10.320,50 123.846,00
AUXILIAR DE ENCARREGADO 6 4.060,71 24.364,26 292.371,12
TOTAL 34.684,76 416.217,12

VALORES DECORRENTES DA REPACTUAÇÃO - NOVA CCT 2017/2017

DE 1º.01.2017 A 31.03.2017 - NOVA CCT (EXCETO SEGURO DE VIDA)


Quant. Custo Mensal Valor Mensal Valor Anual
POSTOS DE SERVIÇOS
Postos do Posto (R$) Total (R$) Total (R$)
ENCARREGADO DE TURMA 2 5.537,24 11.074,48 132.893,76
AUXILIAR DE ENCARREGADO 6 4.365,50 26.193,00 314.316,00
TOTAL 37.267,48 447.209,76

DE 1º.04.2017 A 17.04.2017 - INCLUSÃO DO SEGURO DE VIDA E ASSISTÊNCIA FUNERAL


Quant. Custo Mensal Valor Mensal Valor Anual
POSTOS DE SERVIÇOS
Postos do Posto (R$) Total (R$) Total (R$)
ENCARREGADO DE TURMA 2 5.539,05 11.078,10 132.937,20
AUXILIAR DE ENCARREGADO 6 4.367,30 26.203,80 314.445,60
TOTAL 37.281,90 447.382,80

DE 18.04.2017 (PRORROGAÇÃO - EXCLUSÃO DO APT) A 17.04.2018 (EXTINÇÃO DO CONTRATO)


Quant. Custo Mensal Valor Mensal Valor Anual
POSTOS DE SERVIÇOS
Postos do Posto (R$) Total (R$) Total (R$)
ENCARREGADO DE TURMA 2 5.410,01 10.820,02 129.840,24
AUXILIAR DE ENCARREGADO 6 4.256,89 25.541,34 306.496,08
TOTAL 36.361,36 436.336,32

p. 107
Erivan Pereira de Franca

PLANILHAS DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS – POSTOS DE SERVIÇOS


PLANILHA DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS - POSTOS DE SERVIÇOS
REPACTUAÇÃO
de 1º.01.2017 a de 1º.04.2017 a de 18.04.2017 a
ENCARREGADO DE TURMA
31.03.2017 17.04.2017 17.04.2018
(nova CCT) (seguro de vida + (prorrogação - APT)
I - SALÁRIO DO PROFISSIONAL (R$)
2.242,66 2.242,66 2.242,66

II - COMPOSIÇÃO DA REMUNERAÇÃO (R$)

Sa l á ri o-b a s e 2.242,66 2.242,66 2.242,66

TOTAL DA REMUNERAÇÃO (R$) 2.242,66 2.242,66 2.242,66

III - ENCARGOS SOCIAIS INCIDENTES SOBRE A


REMUNERAÇÃO (R$)
GRUPO A
A.01 I NSS 20,000% 448,53 20,000% 448,53 20,000% 448,53
A.02 FGTS 8,000% 179,41 8,000% 179,41 8,000% 179,41
A.03 SESI /SESC 1,500% 33,63 1,500% 33,63 1,500% 33,63
A.04 SENAI /SENAC 1,000% 22,42 1,000% 22,42 1,000% 22,42
A.05 I NCRA 0,200% 4,48 0,200% 4,48 0,200% 4,48
A.06 SEBRAE 0,600% 13,45 0,600% 13,45 0,600% 13,45
A.07 Sa l á ri o Ed u ca çã o 2,500% 56,06 2,500% 56,06 2,500% 56,06
A.08 Ri s cos Amb i e n ta i s d o Tra b a l h o – RAT x FAP 2,000% 44,85 2,000% 44,85 2,000% 44,85
TOTAL - GRUPO A 35,800% 802,83 35,800% 802,83 35,800% 802,83

GRUPO B
B.01 13º Sa l á ri o 8,333% 186,88 8,333% 186,88 8,333% 186,88
B.02 Fé ri a s (i n cl u i n d o 1/3 con s ti tu ci on a l ) 11,111% 249,18 11,111% 249,18 11,111% 249,18
B.03 Avi s o Pré vi o Tra b a l h a d o 1,944% 43,59 1,944% 43,59 0,000% -
B.04 Au xíl i o Doe n ça 1,389% 31,15 1,389% 31,15 1,389% 31,15
B.05 Aci d e n te d e Tra b a l h o 0,040% 0,89 0,040% 0,89 0,040% 0,89
B.06 Fa l ta s Le ga i s 0,277% 6,21 0,277% 6,21 0,277% 6,21
B.07 Fé ri a s s ob re Li ce n ça Ma te rn i d a d e 0,018% 0,40 0,018% 0,40 0,018% 0,40
B.08 Li ce n ça Pa te rn i d a d e 0,021% 0,47 0,021% 0,47 0,021% 0,47
TOTAL - GRUPO B 23,133% 518,77 23,133% 518,77 21,189% 475,18

GRUPO C
C.01 Avi s o Pré vi o I n d e n i za d o 0,417% 9,35 0,417% 9,35 0,417% 9,35
C.02 I n d e n i za çã o Ad i ci on a l 0,167% 3,74 0,167% 3,74 0,167% 3,74
C.03 I n d e n i za çã o (re s ci s ã o s e m ju s ta ca u s a – mu l ta
3,200% 71,76 3,200% 71,76 3,200% 71,76
d e 40% d o FGTS)
C.04 I n d e n i za çã o (re s ci s ã o s e m ju s ta ca u s a –
0,800% 17,94 0,800% 17,94 0,800% 17,94
con tri b u i çã o d e 10% d o FGTS)
TOTAL - GRUPO C 4,584% 102,79 4,584% 102,79 4,584% 102,79

GRUPO D
D.01 I n ci d ê n ci a d os e n ca rgos d o gru p o A s ob re o
8,282% 185,72 8,282% 185,72 7,586% 170,12
gru p o B
TOTAL - GRUPO D 8,282% 185,72 8,282% 185,72 7,586% 170,12

GRUPO E
E.01 I n ci d ê n ci a d o FGTS e xcl u s i va me n te s ob re o
0,033% 0,73 0,033% 0,73 0,033% 0,73
a vi s o p ré vi o i n d e n i za d o
E.01 FGTS s ob re a fa s ta me n to s u p e ri or a 15 d i a s p or
0,003% 0,07 0,003% 0,07 0,003% 0,07
a ci d e n te d e tra b a l h o
TOTAL - GRUPO E 0,036% 0,80 0,036% 0,80 0,036% 0,80

GRUPO F
F.01 I n ci d ê n ci a d os e n ca rgos d o Gru p o A s ob re os
va l ore s con s ta n te s d a b a s e d e cá l cu l o re fe re n te a o 0,065% 1,45 0,065% 1,45 0,065% 1,45
s a l á ri o ma te rn i d a d e
TOTAL - GRUPO F 0,065% 1,45 0,065% 1,45 0,065% 1,45

TOTAL - ENCARGOS SOCIAIS (R$) 71,899% 1.612,36 71,899% 1.612,36 69,259% 1.553,17

TOTAL DE REMUNERAÇÃO + ENCARGOS SOCIAIS (R$) 3.855,02 3.855,02 3.795,83

IV - INSUMOS
Un i forme 48,08 48,08 -
Au xíl i o a l i me n ta çã o 619,50 619,50 619,50
Va l e -Tra n s p orte 210,00 210,00 210,00
De s con to l e ga l s ob re tra n s p orte (má xi mo 6% d o
-134,56 (134,56) (134,56)
s a l á ri o-b a s e )
Se gu ro d e Vi d a e As s i s tê n ci a Fu n e ra l 0,00 1,50 1,50
As s i s tê n ci a Od on tol ógi ca 5,00 5,00 5,00
TOTAL - INSUMOS (R$) 748,02 749,52 701,44

TOTAL DE REMUNERAÇÃO + ENCARGOS SOCIAIS +


4.603,04 4.604,54 4.497,27
INSUMOS

V- LUCRO E DESPESAS INDIRETAS - LDI


De s p e s a s I n d i re ta s 3,8000% 174,92 3,8000% 174,97 3,8000% 170,90
Lu cro 6,0898% 280,32 6,0898% 280,41 6,0898% 273,87
TOTAL - LDI 9,8898% 455,23 9,8898% 455,38 9,8898% 444,77

TOTAL DE REMUERAÇÃO + ENCAGROS SOCIAIS +


5.058,27 5.059,92 4.942,04
INSUMOS + LDI

VI - TRIBUTAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO


I SS 5,00% 276,86 5,00% 276,95 5,00% 270,50
PI S 3,00% 166,12 3,00% 166,17 3,00% 162,30
COFI NS 0,65% 35,99 0,65% 36,00 0,65% 35,17
TOTAL DA TRIBUTAÇÃO 8,65% 478,97 8,65% 479,12 8,65% 467,97

PREÇO MENSAL DO POSTO 5.537,24 5.539,05 5.410,01

p. 108
Erivan Pereira de Franca

PLANILHA DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS - POSTOS DE SERVIÇOS


REPACTUAÇÃO
de 1º.01.2017 a de 1º.04.2017 a de 18.04.2017 a
AUXILIAR DE ENCARREGADO
31.03.2017 17.04.2017 17.04.2018
(nova CCT) (seguro de vida + (prorrogação - APT)
I - SALÁRIO DO PROFISSIONAL (R$)
1.655,52 1.655,52 1.655,52

II - COMPOSIÇÃO DA REMUNERAÇÃO (R$)

Sa l á ri o-ba s e 1.655,52 1.655,52 1.655,52

TOTAL DA REMUNERAÇÃO (R$) 1.655,52 1.655,52 1.655,52

III - ENCARGOS SOCIAIS INCIDENTES SOBRE A


REMUNERAÇÃO (R$)
GRUPO A
A.01 I NSS 20,000% 331,10 20,000% 331,10 20,000% 331,10
A.02 FGTS 8,000% 132,44 8,000% 132,44 8,000% 132,44
A.03 SESI /SESC 1,500% 24,83 1,500% 24,83 1,500% 24,83
A.04 SENAI /SENAC 1,000% 16,55 1,000% 16,55 1,000% 16,55
A.05 I NCRA 0,200% 3,31 0,200% 3,31 0,200% 3,31
A.06 SEBRAE 0,600% 9,93 0,600% 9,93 0,600% 9,93
A.07 Sa l á ri o Educa çã o 2,500% 41,38 2,500% 41,38 2,500% 41,38
A.08 Ri s cos Ambi e nta i s do Tra ba l ho – RAT x FAP 2,000% 33,11 2,000% 33,11 2,000% 33,11
TOTAL - GRUPO A 35,800% 592,65 35,800% 592,65 35,800% 592,65

GRUPO B
B.01 13º Sa l á ri o 8,333% 137,95 8,333% 137,95 8,333% 137,95
B.02 Fé ri a s (i ncl ui ndo 1/3 cons ti tuci ona l ) 11,111% 183,94 11,111% 183,94 11,111% 183,94
B.03 Avi s o Pré vi o Tra ba l ha do 1,944% 32,18 1,944% 32,18 0,000% -
B.04 Auxíl i o Doe nça 1,389% 22,99 1,389% 22,99 1,389% 22,99
B.05 Aci de nte de Tra ba l ho 0,040% 0,66 0,040% 0,66 0,040% 0,66
B.06 Fa l ta s Le ga i s 0,277% 4,58 0,277% 4,58 0,277% 4,58
B.07 Fé ri a s s obre Li ce nça Ma te rni da de 0,018% 0,29 0,018% 0,29 0,018% 0,29
B.08 Li ce nça Pa te rni da de 0,021% 0,34 0,021% 0,34 0,021% 0,34
TOTAL - GRUPO B 23,133% 382,93 23,133% 382,93 21,189% 350,75

GRUPO C
C.01 Avi s o Pré vi o I nde ni za do 0,417% 6,90 0,417% 6,90 0,417% 6,90
C.02 I nde ni za çã o Adi ci ona l 0,167% 2,76 0,167% 2,76 0,167% 2,76
C.03 I nde ni za çã o (re s ci s ã o s e m jus ta ca us a – mul ta
3,200% 52,97 3,200% 52,97 3,200% 52,97
de 40% do FGTS)
C.04 I nde ni za çã o (re s ci s ã o s e m jus ta ca us a –
0,800% 13,24 0,800% 13,24 0,800% 13,24
contri bui çã o de 10% do FGTS)
TOTAL - GRUPO C 4,584% 75,87 4,584% 75,87 4,584% 75,87

GRUPO D
D.01 I nci dê nci a dos e nca rgos do grupo A s obre o
8,282% 137,10 8,282% 137,10 7,586% 125,58
grupo B
TOTAL - GRUPO D 8,282% 137,10 8,282% 137,10 7,586% 125,58

GRUPO E
E.01 I nci dê nci a do FGTS e xcl us i va me nte s obre o
0,033% 0,54 0,033% 0,54 0,033% 0,54
a vi s o pré vi o i nde ni za do
E.01 FGTS s obre a fa s ta me nto s upe ri or a 15 di a s por
0,003% 0,05 0,003% 0,05 0,003% 0,05
a ci de nte de tra ba l ho
TOTAL - GRUPO E 0,036% 0,59 0,036% 0,59 0,036% 0,59

GRUPO F
F.01 I nci dê nci a dos e nca rgos do Grupo A s obre os
va l ore s cons ta nte s da ba s e de cá l cul o re fe re nte a o 0,065% 1,07 0,065% 1,07 0,065% 1,07
s a l á ri o ma te rni da de
TOTAL - GRUPO F 0,065% 1,07 0,065% 1,07 0,065% 1,07

TOTAL - ENCARGOS SOCIAIS (R$) 71,899% 1.190,21 71,899% 1.190,21 69,259% 1.146,51

TOTAL DE REMUNERAÇÃO + ENCARGOS SOCIAIS (R$) 2.845,73 2.845,73 2.802,03

IV - INSUMOS
Uni forme 48,08 48,08 -
Auxíl i o a l i me nta çã o 619,50 619,50 619,50
Va l e -Tra ns porte 210,00 210,00 210,00
De s conto l e ga l s obre tra ns porte (má xi mo 6% do
(99,33) (99,33) (99,33)
s a l á ri o-ba s e )
Se guro de Vi da e As s i s tê nci a Fune ra l 0,00 1,50 1,50
As s i s tê nci a Odontol ógi ca 5,00 5,00 5,00
TOTAL - INSUMOS (R$) 783,25 784,75 736,67

TOTAL DE REMUNERAÇÃO + ENCARGOS SOCIAIS +


3.628,98 3.630,48 3.538,70
INSUMOS

V - LUCRO E DESPESAS INDIRETAS - LDI


De s pe s a s I ndi re ta s 3,8000% 137,90 3,8000% 137,96 3,8000% 134,47
Lucro 6,0898% 221,00 6,0898% 221,09 6,0898% 215,50
TOTAL - LDI 9,8898% 358,90 9,8898% 359,05 9,8898% 349,97

TOTAL DE REMUERAÇÃO + ENCAGROS SOCIAIS +


3.987,88 3.989,53 3.888,67
INSUMOS + LDI

VI - TRIBUTAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO


I SS 5,00% 218,28 5,00% 218,37 5,00% 212,84
PI S 3,00% 130,97 3,00% 131,02 3,00% 127,71
COFI NS 0,65% 28,38 0,65% 28,39 0,65% 27,67
TOTAL DA TRIBUTAÇÃO 8,65% 377,63 8,65% 377,78 8,65% 368,22

PREÇO MENSAL DO POSTO 4.365,50 4.367,30 4.256,89

p. 109
Erivan Pereira de Franca

LEITURA COMPLEMENTAR

Para ampliar seus conhecimentos sobre os temas objeto de estudo neste


Curso, sugerimos a leitura das obras a seguir indicadas:

- Almeida, Anadricea Vicente de. Novas considerações sobre a organização


da planilha de custos da IN n° 2/08 alterada pela Portaria n° 7/11. IN: Revista
Zênite : ILC : Informativo de licitações e contratos, v. 18, n. 206, p. 374-379, abr.
2011.

- Barros, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 6ª ed. São Paulo:
LTr, 2010, p. 451-458.

- Brasil. Tribunal de Contas da União. Licitações e contratos: orientações e


jurisprudência do TCU. 4ª ed. rev., atual. e ampl. – Brasília: TCU/Senado Federal,
2010, p. 78-101; 85-101; 138-139; 166-180; 196-209; 719-725; 772-775; 780-790.

- Brasil. Tribunal de Contas da União. Guia de boas práticas em contratação


de soluções de tecnologia da informação: riscos e controles para o planejamento da
contratação. Versão 1.0. – Brasília: TCU, 2012.

- Castro, Cláudio Dias de. Terceirização: atividade-meio e atividade-fim. In:


Revista do direito trabalhista, v. 8, n. 7, p. 3-7, jul. 2002.

- Coelho Motta, Carlos Pinto. Eficácia nas licitações e contratos. 11ª ed. – Belo
Horizonte: Del Rey, 2008, p. 176-179.

- Delgado, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 9ª ed. São Paulo:


LTr, 2010, p. 414-451.

- Doetzer, Isis Chamma. Considerações sobre a incidência de INSS e de FGTS


sobre o aviso prévio indenizado na planilha de custos da IN MPOG nº 2/08. IN:
Revista Zênite : ILC : Informativo de licitações e contratos, v. 16, n. 189, p. 1036-
1042, nov. 2009.

- Doetzer, Isis Chamma. Terceirização – Contratos de terceirização de


serviços firmados com a administração: a questão da responsabilidade trabalhista.
In: Revista Zênite ILC: Informativo de licitações e contratos, n. 56, p. 165, fev.2007.

p. 110
Erivan Pereira de Franca

- Doetzer, Isis Chamma. Planilha de custos e formação de preços:


identificação do custo da mão-de-obra. IN: Revista Zênite : ILC : informativo de
licitações e contratos, v. 13, n. 149, p. 600-604, jul. 2006.

- Furtado, Lucas Rocha. Curso de Licitações e Contratos Administrativos. Belo


Horizonte: Fórum, 2007, p. 210; p. 407-408; 616.

- Furtado, Lucas Rocha. Curso de Licitações e Contratos Administrativos. Belo


Horizonte: Fórum, 2007, p. 210 e p. 616.

- Gasparini, Diógenes. Prazo e Prorrogação do Contrato de Serviço


Continuado. In: Revista Diálogo Jurídico, n. 14, jun-ago/2002, acesso em 27.7.201
(http://www.direitopublico.com.br/pdf_14/DIALOGO-JURIDICO-14-JUNHO-
AGOSTO-2002-DIOGENES-GASPARINI.pdf)

- Justen Filho, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos


administrativos, 17ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2016, p. 886, 1.118, 1.179, 1.205-1.243.

- Mendes, Renato Geraldo. Lei de Licitações e Contratos Anotada. 8ª ed.


Curitiba: Zênite, 2011, p. 63-65, 81-85, 942-949.

- Mendes, Renato Geraldo. O processo de contratação pública: fases, etapas e


atos. Curitiba: Zênite, 2012.

- Mendes, Renato Geraldo. O regime Jurídico da Contratação Pública. Curitiba:


Zênite, 2008, p. 11-13, 25-42, 99-104.

- Neto, Indalécio Gomes. Terceirização – Relações triangulares no direito do


trabalho. In: Revista Zênite ILC: Informativo de licitações e contratos, n. 155, p. 57,
jan.2007.

- Oliveira, Antônio Flávio de. Serviços de manutenção e cessão de mão de


obra. In: Fórum de Contratação e Gestão Pública, ano 9, n. 104, agosto/2010, p. 46.

- Oliveira Aristeu de. Manual de Prática Trabalhista, 43ª ed. São Paulo: Atlas,
2009, p. 43-53; 114-133; 134-149; 342-376; 481-506; 509-651.

- Paim, Flaviana Vieira. A formação do preço de contratação pela


administração pública e a planilha de custos sob a ótica da IN nº 2/08. IN: BLC:
Boletim de licitações e contratos, v. 22, n. 4, p. 352-360, abr. 2009.

p. 111
Erivan Pereira de Franca

- Pereira Júnior, Jessé Torres et al. Manutenção da frota e fornecimento de


combustíveis por rede credenciada, gerida por empresa contratada: prenúncio da
“quarteirização” na gestão pública? In: Fórum de Contratação e Gestão Pública, ano
9, n. 102, junho/2010, p. 23-42.

- Santos, José Anacleto Abduch. Contratos administrativos: formação e


controle interno da execução; com particularidades dos contratos de prestação de
serviços terceirizados e contratos de obras e serviços de engenharia – Belo
Horizonte: Fórum, 2015, p. 205-242.

- Santos, Ulisses Otávio Elias dos. Terceirização: aspectos lícitos e ilícitos. In:
Justiça do trabalho, v. 23, n. 265, p. 58-62, jan. 2006.

- Senne, Sílvio Helder Lencioni. Cessão de mão-de-obra. In: Revista do direito


trabalhista: RDT, v. 4, n. 9, p. 3-4, set. 1998.

- Vasconcelos, Giovanna Gabriela do Vale. Serviço contínuo: conceito jurídico


indeterminado à luz da interpretação lógico-jurídica da lei de licitações e contratos.
In: Revista Zênite ILC: Informativo de licitações e contratos, v. 16, n. 190, p. 1135-
1139, dez. 2009.

- Viana, Cláudia Salles Vilela. Manual Prático das Relações Trabalhistas, 10ª
ed. São Paulo: LTr, 2009, p. 297-398; 420-464; 556-578; 661-669; 700-730; 756-
894.

- Vianna, Cláudia Salles Vilela. Previdência social: custeio e benefícios. São


Paulo: LTr, 2005, p. 313-322; 348.

- Vieira, Antonieta Pereira et AL. Gestão de contratos de terceirização na


Administração Pública: teoria e prática. 3ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2008, p. 24-
36; 80-84; 225-311; 295-322.

p. 112

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