You are on page 1of 12

A Concepção de Natureza e a Concepção de Direito

Natural

Introdução

Este trabalho tem por objetivo perquirir as diversas concepções a


respeito do conceito de natureza e a sua influência no conceito de Direito
Natural.

Trata-se de fazer algumas considerações analisando os fundamentos, os


conceitos dos pensadores, os movimentos que os antecederam, seus
seguidores, e as escolas que surgiram, desde o pretérito da antiga Grécia,
passando pela era medieval, e chegando aos dias de hoje.

Não obstante, não temos uma opinião unânime e consensual em torno


desses conceitos. Não queremos redimir essa questão, mas sim apresentar
definições, a visão de algumas escolas, e a evolução da concepção de Direito
Natural no tempo, do período clássico até a era moderna.

Histórico

Aspecto Histórico do Direito Natural

Na Antigüidade, o Direito tinha como fundamento as leis naturais,


normas consideradas divinas, às quais os homens estariam subordinados.
Heráclito considera que todas as leis humanas são subordinadas à lei divina
do Cosmo. Diz ele que Dike (a justiça) assumia também a face de Eris (o
litígio). Daí se compreende que o binômio Dike-Eris não apenas governava
os homens, mas também o mundo.

Zenon, fundador do Estoicismo, afirmava que o Direito Natural era


idêntico à lei da razão, e o homem, enquanto parte da natureza cósmica,
era uma criação essencialmente racional.

Cícero, que levou para Roma as idéias dos gregos, diz que os homens
nascem para a justiça, e é na própria natureza, e não no arbítrio, que se
funda o Direito.

Para Santo Tomás de Aquino, o Direito Natural é de importância


decisiva, pois só com uma norma de caráter mais geral, colocada acima do
Direito positivo, poderia haver alguma esperança de realização da Justiça
Cristã.

Conceito de Natureza e sua Influência no Direito Natural

Para conceituar natureza será preciso remontar a Aristóteles, que


sintetizou o pensamento grego relacionado a este conceito. Norberto Bobbio
cita em seu livro uma definição de Aristóteles: "No sentido primário e
próprio, natureza é a substância dos seres que têm em si mesmos,
enquanto tais, o princípio do seu movimento."

Mas este conceito não perfaz para nós o entendimento completo de


natureza, que é algo mais genérico. Por isso, voltemos a Aristóteles, que,
quando classificou as ciências, definiu que as ciências físicas são as que têm
como objetivo as coisas naturais - a natureza; as que têm por objetivo o
fazer humano são o operar, e aqui se entende o produzir do homem ou
mundo da praxis humana.

Nesse sentido, podemos concluir que natureza compreende todas as


coisas que não são produzidas pelo homem, as que não dependem do fazer
humano, além de todos os seres que têm em si mesmos o princípio do
movimento (realidade), e as coisas que nascem, desenvolvem e morrem de
acordo com as leis que o homem não criou e nem pode alterar.

Diante dessa ambivalência entre a natureza e a praxis (ação humana em


geral), os gregos questionavam a classificação do Direito. A conclusão à qual
que eles chegaram é que o direito é natureza e também é arte. Para
eles o Direito era o conjunto de todas as regras de convivência humana.

O Direito nas sociedades antigas era essencialmente consuetudinário, ou


seja, um conjunto de regras transmitidas de geração em geração. O
pensamento da Antigüidade era que:

"São regras cuja origem não conhecemos exatamente


e com as quais nos conformamos por instinto, por
imitação, por hábito; não porque nos curvamos, quem
sabe a contragosto, à sua autoridade, mas porque
todos os demais, antes de nós, e os que estão ao
nosso lado, se comportam assim, e parece que não
poderiam conduzir-se de outra forma." (01)

Na idade média a natureza era considerada o produto da inteligência e


da potencialidade criadora de Deus. É nesse sentido que o Direito Natural
torna-se a lei escrita por Deus no coração do homem, pois entendia-se que
a natureza é uma espécie de primeiro costume, assim como costume é uma
espécie de segunda natureza, segundo o conceito de Pascal. (02)

Escolas

Escola Jusnaturalista

A concepção do Direito Natural surge com os filósofos gregos: Heráclito,


Aristóteles, Sócrates, Platão e outros. Em Roma, foi adotada por Cícero.
Foram eles os grandes representantes e expoentes do período da era
clássica. No dizer do insigne Sergio Cavallieri Filho:

"O direito é um conjunto de idéias ou princípios,


eternos, uniformes, permanentes, imutáveis, ou
outorgados ao homem pela divindade, quando da
criação, a fim de traçar-lhe o caminho a seguir e ditar
a conduta a ser mantida". (03)

Escola Teológica

Essa escola coexistiu com a Jusnaturalista em todo o período da


Antigüidade. Com o aparecimento do Cristianismo concebeu-se que as
manifestações advindas eram frutos da vontade divina. Seu principal
representante foi Santo Tomás de Aquino.
Sua semelhança com a escola Jusnaturalista é devido ao fato de
conceber o Direito Natural como um conjunto de princípios eternos,
permanentes e imutáveis, escrito e outorgado por Deus. Por outro lado,
vimos nas definições supracitadas que o Direito, para a Escola Teológica,
estaria vinculado à divindade, enquanto que, para a Escola Jusnaturalista,
ele fora diretamente elaborado e entregue aos homens para ser observado.

Escola Racionalista ou Contratual

Com o eixo das atividades comerciais se deslocando do Mediterrâneo


para o Atlântico, abrem-se novas perspectivas de mercado, o que estimulou
o comércio e a indústria. É a fase do liberalismo burguês. Dentro desse
contexto surge e se desenvolve um novo conceito para o Direito Natural,
baseado na razão do homem.

Essa escola se caracteriza pelo aparecimento de autores com obras


notáveis, a começar por Hugo Grotius (De Iure Belli ac Pacis, 1625), Thomas
Hobbes (Leviathan), John Lock e outros.

Para os racionalistas, o Direito se subdivide em dois grandes ramos: o


Direito Natural e o Direito Positivo. Para eles o Direito Natural continua
sendo um conjunto de princípios permanentes, estáveis e imutáveis;
todavia, não mais representam a vontade divina, mas sim a natureza
racional do homem. Esse caráter permanente e imutável advém do fato de
ser próprio, imanente ao homem, em toda parte e em qualquer lugar.

O Direito Positivo, para eles, decorre do pacto social que o homem fora
levado a celebrar para viver em sociedade.

Concepção do Direito Natural Segundo Aristóteles e


Santo Tomás de Aquino

Para que o nosso trabalho não fique extenso e perca o objetivo ao qual
nos propusemos, destacamos algumas definições de dois autores,
verdadeiros ícones que se destacaram na história da Filosofia, na questão do
Direito Natural: Aristóteles e Santo Tomás de Aquino.

Aristóteles

Em Ética a Nicômacos, Aristóteles diz:

"Da justiça política, uma parte é natural, a outra é


legal. A natural tem em qualquer lugar a mesma
eficácia, e não depende das nossas opiniões; a legal é,
em sua origem, indiferente que se faça assim ou de
outro modo; mas, uma vez estabelecida, deixa de ser
indiferente." (04)

Para ele, a lei natural tem eficácia em qualquer lugar, ou seja, tem
validade universal. As ações reguladas pelo Direito Natural são deduzidas do
nosso julgamento, ficando, portanto, na esfera de comportamentos em que
são obrigatórias e independentes de nossa vontade (ações boas ou más
por si só). A justiça legal ou positivada torna-se obrigatória por meio de
seu comando, e é indiferente ao Direito Natural. O Direito Positivo (ou
Direito Legal) começa onde cessa a justiça do Direito Natural, concernente
as ações indiferentes.

Em A Retórica, Aristóteles mostra sua tendência pelo Direito Natural,


quando o compara com o Direito Positivo:

"Se a lei escrita é contrária à nossa causa, torna-se


necessário utilizar a lei comum e a eqüidade, que é
mais justa (...) Com efeito, a eqüidade sempre dura, e
não está destinada a mudar: e até mesmo a lei comum
(pelo fato de ser natural) não muda, enquanto as leis
escritas mudam com freqüência." (05)

Observa-se nessa passagem a diferenciação entre as leis não-escritas e


as leis escritas.

Santo Tomás de Aquino

Prescreveu que a lei natural passa a ser, direta ou indiretamente, a Lei


Divina. Destarte, Deus estabeleceu as leis que regulam o movimento dos
corpos, tendo também determinado as leis que regulam a conduta dos
homens. Mas se o homem as violasse, estas não perderiam sua validade,
isto porque continuariam em vigor e poderiam ser descobertas diretamente
através da revelação ou da manifestação de Deus no homem. Contudo,
também poderiam ser descobertas indiretamente pela racionalidade
humana.

A concepção cristã em relação à lei natural é significativa quando


identifica os Dez Mandamentos, na expressão: Jus naturale est quod in lege
et in Evangelio continetur, onde lege é o Antigo Testamento e Evangelium
é entendido como o Novo Testamento.

Todavia, na Summa Theologica de Santo Tomás de Aquino há uma


exposição clássica da concepção do Direito Natural. Nela encontramos
quatro formas de lei (06), a saber:

a. Lei Eterna.
A lei Eterna é a razão divina que governa o mundo.
b. Lei Natural.
A lei natural é o modo como uma ordem cósmica emanada de Deus
manifesta-se na criação, que é a criatura dotada de razão (ou seja, o
homem). Há um preceito único e genérico do qual a razão deduz
todos os outros: bonum faciendum, male vitandum (fazer o bem e
evitar o mal).
c. Lei Humana.
A lei humana abrange todos os preceitos particulares derivados das
leis naturais que a razão humana consegue inferir em diversas
circunstâncias, para enfrentar as diversas situações criadas pelo
relacionamento entre pessoas.
d. Lei Divina ou Revelada.
A mais alta forma de participação aos homens. A lei divina, enquanto
lei revelada, é expressão da lei eterna, e não se confunde nem se
identifica com esta. (07)

Concepção Moderna do Jusnaturalismo


Na Era Medieval o conceito de Direito Natural estava fundamentado em
Deus. Trata-se do conceito de Direito Transcendental.

Segundo a escola clássica, primeiro se dá a lei, para depois se pôr o


problema do "agir segundo a lei". A escola do Direito Natural vem com outra
mentalidade, e diz que em primeiro lugar vem o indivíduo com o seu poder
de agir, e depois a lei. A definição desta escola marca um novo pensar no
mundo de valores, não mais pautado nas questões religiosas, mas sim na
razão humana. Ela é influenciada pelo Renascimento.

O Renascimento foi uma revolução de idéias que surgiu dominada pelo


pensamento crítico e se caracteriza por um despertar da cultura para um
novo mundo de valores, onde o homem procura explicar o "mundo homem"
segundo suas próprias exigências. Há, nesta fase da História, uma postura
de tentar explicar o universo político e jurídico a partir da razão, explicar os
elementos formadores da ciência, indagar sua gene e a origem dos
fenômenos. Nesse sentido, o homem coloca-se no centro do universo e
passa a indagar a origem do Cosmos e de tudo que o cerca. Surge um
movimento dentro da Escola Jusnaturalista Moderna que é o Contratualismo.
A partir daí autores jusnaturalistas, como Thomas Hobbes e Hugo Grócius,
apresentam conceitos diversos daqueles de eras passadas.

Hobbes

O autor não foge à tradição do Jusnaturalismo, como podemos observar


claramente num trecho da obra do De Cive:

"Todas as leis podem ser divididas, em primeiro lugar,


em leis divinas e leis humanas. As leis divinas são de
duas espécies, conforme os dois modos como Deus
pode manifestar sua vontade aos homens: natural (ou
moral ) e positiva. Natural é aquela que Deus
manifestou a todos os homens por meio da sua palavra
eterna, neles inata, isto é, por meio da razão natural.
Positiva é aquela que Deus revelou mediante a palavra
dos profetas (...). Todas as leis humanas são civis."
(08)

Para ele, o Direito Natural é aquele que Deus manifestou a todos os


homens por meio de sua palavra eterna, neles inata, isto é, por meio da
razão natural. Quanto ao Direito Positivo, este é efetuado pelo Estado
através das pessoas que detêm o poder, e tem vigência na sociedade civil.

Todavia, há pontos em que Hobbes vai de encontro à tradição do


Jusnaturalismo, quando concebe a relação entre as leis naturais e as leis
civis. Segundo ele, as leis naturais são aquelas que, no estado de natureza,
ainda não têm vigência e, no estado civil, deixam de viger. O estado da
natureza é marcado pela falta de segurança e de garantia, pois ninguém é
obrigado a cumprir a lei, por melhor que sejam as intenções.

Achava ele que a lei civil era indispensável para tornar as leis eficazes e
obrigatórias numa sociedade. Para tanto, esse poder deveria ser transferido
para o soberano, investindo-o de autoridade para punir os descumpridores
de suas obrigações. Somente o soberano, diz Hobbes, tem o direito de
interpretar as leis naturais, determinado o seu significado.
Em outra passagem Hobbes afirma que, para os indivíduos, a única lei
natural sobrevivente no estado civil é a que abriga os homens a obedecerem
o soberano. Pensamos que tal afirmação seria destinada a isentar o poder
total do soberano. Tal afirmativa é inadmissível para a Doutrina
Jusnaturalista, pois esta diz que o indivíduo deve obedecer às leis naturais
antes das leis civis.

Grocius

Dissemos no início que, com o deslocamento do eixo das atividades


comerciais do Mediterrâneo para o Atlântico, abriram-se novas perspectivas
de mercado, estimulando a indústria. É a fase do liberalismo burguês.
Surgiram, então, novos modos de vida, novas instituições, novos pontos de
vista. Com tudo isso, ocorreu uma grande transformação, que proporcionou
o desaparecimento das condições que impunham a fé como base de
conhecimento.

A partir daí surge uma reação contra a concepção medieval do Direito


Natural. A Filosofia Escolástica perde terreno para uma nova filosofia,
baseada não mais na existência de Deus, mas sim na natureza racional e
sociável do homem, uma natureza igual por toda parte, e da qual decorriam
princípios que, em conseqüência, nenhum poder, divino ou terreno,
alcançaria mudar (09). A religião passou a ser assunto do foro íntimo dos
indivíduos.

Essa concepção veio através de Grocius, o criador da Ciência Natural. A


sua posição é de que o Direito Natural abrange certos princípios da reta
razão, segundo os quais julgamos moralmente uma ação decorosa ou
indecorosa à natureza racional e sociável do homem.

Conclusão

No dizer do professor Juenil Antônio dos Santos:

"A moderna concepção do Jusnaturalismo está


vinculada ao próximo momento histórico, ou seja, o
movimento que rejeita toda e qualquer explicação
transcendente e procura centrar-se tão somente no
homem. O homem é, a partir desta fase, o centro do
universo. Tudo passa a ser explicado a partir do
próprio homem." (10)

Ao analisarmos as doutrinas do Direito Natural no curso da História,


vimos que entre as escolas e os pensadores há um certo sentimento e
reivindicações morais, mas também progressos jurídicos. Hoje a concepção
do Direito Natural importa essencialmente numa afirmação de fé em certas
categorias de valores, em vez de demonstração.

Reiteramos os dizeres do professor Juenil, quando afirma na citação


acima "(...) procura centrar-se tão somente no homem (...)". Pois, não
sendo desta forma, como explicar a voz da Revolução Francesa, na luta
contra o Absolutismo? E a Magna Carta e a Constituição dos Estados Unidos,
que traziam na sua essência os direitos do cidadão? A nossa Constituição da
República de 05/10/1988, atendendo aos anseios da sociedade, capitulou
este pensamento em seu texto, e o considerou como cláusula pétrea. Não
devemos esquecer também que a razão da Declaração dos Direitos do
homem e do Cidadão, em todos os seus artigos, é tão somente o próprio
homem.

Há, sem dúvidas, em todos esses documentos, uma anunciação da nova


ordem social e econômica, baseada na propriedade privada dos meios de
produção e na autonomia da vontade do homem-cidadão.

A Filosofia Jurídica serve a este propósito: proporcionar condições para


que o Direito seja analisado de forma diversa, buscando, na essência de sua
origem, idéias evolutivas dos pensamentos, conceitos e experiências
jurídicas.

Bibliografia

BOBBIO, Norberto. Lock e o Direito Natural. Brasília : UNB, 1998.


FILHO, Sergio cavallieri. Programa de Sociologia. Rio de Janeiro :
Forense, 2001.
LIMA, Hermes. Introdução à Ciência do Direito. Rio de Janeiro : Freitas
Bastos, 2000.
SANTOS, Juenil Antônio dos. Apostila de Filosofia Geral e Jurídica. 2002.

Notas

01. Norberto Bobbio, Locke e o Direito Natural, p. 31.


02. Norberto Bobbio, Locke e o Direito Natural, p. 31.
03. Programa de Sociologia Jurídica, Forense, 2001, p. 1.
04. Norberto Bobbio, Locke e o Direito Natural, p. 23.
05. Norberto Bobbio, Locke e o Direito Natural, p. 35.
06. Norberto Bobbio, Locke e o Direito Natural, p. 39.
07. Juenil A. dos Santos. Apostila de Filosofia Geral e Jurídica. p. 19.
08. Hermes lima. Introdução à Ciência do Direito. p. 210.
09. Hermes lima. Introdução à Ciência do Direito. p. 210.
10. Juenil A. dos Santos. Apostila de Filosofia Geral e Jurídica. p. 22.

.................................................................................................

EVOLUÇÃO HISTÓRICA:

Idéia primitiva de uma “ORDEM LEGAL” de origem divina.

NA GRÉCIA ANTIGA:

Com os SOFISTAS: Idéia de um DIREITO segundo a NATUREZA, onde se


aplicaria o direito de FORMA LINEAR,

E que se colocava contra


UM DIREITO SEGUNDO A CONVENÇÃO DOS HOMENS – que seria aplicado na
conformidade da conveniência social (DA CLASSE DOMINANTE, É CLARO).

DIVISÃO NO PENSAMENTO GREGO:

CÁLICLES:

“O DIREITO É O DOS MAIS FORTES. ASSIM ENSINA A NATUREZA. HÁ, POIS,


UMA INJUSTIÇA EM COMPARAR O DIREITO DO MAIS FRACO AO DIREITO DO
MAIS FORTE. ESSA CONVENÇÃO É UM “INJUSTO ARDIL”.

HÍPIAS DE HELIS:

Defendia a idéia de um “DIREITO NATURAL DE IGUALDADE ABSOLUTA DE


TODOS OS HOMENS, QUE NÃO SERIAM DISTINGUIDOS ENTRE GREGOS,
BÁRBAROS OU ESCRAVOS”.

PLATÃO E ARISTÓTELES:

Desembaraçaram as idéias de uma JUSTIÇA ETERNA E IMUTÁVEL e a


passaram para seus seguidores, que elaboraram a idéia de UMA MORAL
SEGUNDO A NATUREZA HUMANA.

JUSNATURALISMO – Nas idades MÉDIA e MEDIEVAL e a partir do SÉC. XVII:

NA IDADE MÉDIA:

A teoria apresentava um conteúdo teológico e seus fundamentos eram a


INTELIGÊNCIA E A VONTADE DIVINAS, devido ao fato de a sociedade e
a cultura estarem marcadas pela vigência de um credo religioso e pelo
predomínio da fé.

NA ERA MEDIEVAL:

Prevalecia a concepção de um DIREITO NATURAL OBJETIVO E MATERIAL –


de espírito tomista, que estabelecia o valor moral da conduta pela
consideração da natureza do respectivo objeto, conteúdo ou matéria, tomada
como base de referência, a natureza do sujeito humano, considerado na sua
realidade empírica.

A PARTIR DO SÉC XVII a concepção do direito natural OBJETIVO e


MATERIAL foi substituída pela DOUTRINA JUSNATURALISTA do tipo

SUBJETIVA e FORMAL

QUE BUSCAVA SEUS FUNDAMENTOS DE VALIDADE NA


IDENTIDADE DA RAZÃO HUMANA E

TIRANDO-A DAS SUAS RAÍZES TEOLÓGICAS.

Vamos analisar agora a forma de PENSAR e de encarar o DIREITO NATURAL


de alguns dos principais pensadores dessas diferentes épocas

SÃO TOMÁS DE AQUINO:

1. O DIREITO DIVINO: ESCRITURAS E DECISÕES DOS CONCÍLIOS.

2. DIREITO NATURAL: PROVENIENTE DOS GREGOS E ROMANOS e


EXISTENTE NOS HOMENS POR INTUIÇÃO.

3. DIREITO HUMANO: POR CUJO INTERMÉDIO SE APLICAVAM OS


PRINCÍPIOS DA LEI NATURAL, SENDO ESTE UM PRODUTO DOS
HOMENS.

..................................................................

Correntes de pensamento a respeito da NATUREZA HUMANA:

1. A QUE CLASSIFICA O HOMEM COMO UM SER GENUINAMENTE


SOCIAL:

HUGO GROTIUS:

Dividiu o direito em 2 categorias:

O JUS VOLUNTARIUM: como sendo aquele direito que decorre da


vontade divina ou humana.

O JUS NATURALE: aquele oriundo da natureza humana de VIVER


EM SOCIEDADE.

PARA GROTIUS O DIREITO NATURAL SERIA O DITAME DA RAZÃO

E ERA CONVENIENTE E PRÁTICO

REALIZAREM-SE OS PACTOS SOCIAIS E

O POVO ESCOLHIA LIVREMENTE A MELHOR FORMA DE SER


GOVERNADO,

MESMO QUE ESSA ESCOLHA FOSSE A ESCRAVIDÃO.


PARA ESSA ESCOLA, O PRECEITO FUNDAMENTAL DO DIREITO
NATURAL ERA OBSERVAR FIELMENTE QUALQUER CONTRATO QUE FOSSE
CELEBRADO LIVREMENTE.

..................................................................

JOHN LOCKE:

AFIRMAVA QUE A LEI NATURAL É MAIS INTELIGÍVEL E CLARA QUE O


DIREITO JURÍDICO POSITIVO CLASSIFICANDO-O DE COMPLICADO E
AMBÍGUO AFIRMANDO AINDA QUE O MESMO SÓ SERIA JUSTO

APENAS SE FOSSE FUNDADO NA LEI NATURAL.

DIZIA QUE O HOMEM TEM, SEM RECORRER AO PODER JUDICIÁRIO


E EXECUTIVO, O DIREITO DE PUNIR QUALQUER OFENSA A UM
DIREITO NATURAL – A BEM DA HUMANIDADE – COMO TAMBÉM TEM
O DIREITO DE RESSARCIR-SE DOS PREJUÍZOS QUE LHE FOREM
CAUSADOS À SUA PESSOA - POR QUEM QUER QUEM SEJA.

ASSIM SENDO, SÓ O PACTO SOCIAL PODERIA SANAR ESSAS


DEFICIÊNCIAS DO ESTADO DE NATUREZA – INSTALANDO O
GOVERNO DO ESTADO CIVIL OU POLÍTICO COM 3 PODERES: O
LEGISLATIVO – O EXECUTIVO E O FEDERATIVO.
..................................................................

PUFENDORF:

DIZIA QUE A LEI NATURAL

NÃO ERA A VOZ INTERIOR DA NATUREZA HUMANA,

MAS RESULTAVA DE FORÇAS EXTERIORES, LIGANDO OS HOMENS


EM SOCIEDADE.

PARA ELE, AS PRESCRIÇÕES DO DIREITO NATURAL ERAM A


PRESSUPOSIÇÃO DA NATUREZA DECAÍDA DO HOMEM E POR CAUSA
DISSO TODO DIREITO CONTINHA UMA PROIBIÇÃO E O SEU
CARÁTER FUNDAMENTAL REPOUSAVA NUMA FUNÇÃO IMPERATIVA.

A IMBECILITAS ERA A PRINCIPAL PROPRIEDADE DO HOMEM – ERA O


DESAMPARO EM QUE O MESMO SE ENCONTRAVA NA SUA SOLIDÃO
E POR ISSO MESMO ELE NECESSITAVA DA

SOCIALITAS, QUE ERA A IMPOSIÇÃO DIVINA PARA QUE O MESMO


VIVESSE EM SOCIEDADE.

..................................................................
2. A QUE CLASSIFICA O HOMEM COMO A-SOCIAL OU
“INDIVIDUALISTA”:

HOBBES:

PARA ELE, NO ESTADO NATURAL O HOMEM – LIVRE DE QUALQUER


OBRIGAÇÃO SOCIAL – TINHA O DIREITO DE TUDO FAZER E TER,
NÃO HAVENDO DISTINÇÃO ENTRE O BEM E O MAL, O JUSTO E O
INJUSTO, O MEU E O SEU.

ESSE ESTADO QUANDO EM CONFRONTO COM A NATUREZA


HUMANA, GEROU UMA GUERRA, MOVIDO PELA COBIÇA, INSTINTO
DE SEGURANÇA E DESEJO DE GLÓRIA.

EM FACE DISSO OS HOMENS FORAM OBRIGADOS A REALIZAR UM


“CONTRATO SOCIAL” – ENTREGANDO A UM GOVERNO ABSOLUTO O
PODER DE ESTABELECER A ORDEM JURÍDICA – GARANTINDO
DESSA FORMA TODOS OS ACORDOS OU PACTOS NECESSÁRIOS À
VIDA PACÍFICA E SOCIAL OU INTERINDIVIDUAL.

..................................................................
RUSSEAU:

O HOMEM É INSOCIAL POR NATUREZA.

SENDO BOM POR NATUREZA, A SOCIEDADE O CORROMPE.

O DIREITO NATURAL É FUNDADO NUM ESTADO NATURAL DA


HUMANIDADE – ANTERIOR A QUALQUER SOCIEDADE OU CULTURA –
CONCEBIDO COMO ESTADO PRIMITIVO E PRÉ-REFLEXIVO.

O SER É COLOCADO EM SEU ESTADO NATURAL E DESSA FORMA


ELE POSSUI E TRAZ CONSIGO 2 COISAS:

1. INSTINTO DE CONSERVAÇÃO PRÓPRIA E

2. COMISERAÇÃO OU REPUNÂNCIA NATURAL A VER SOFRER


QUALQUER CRIATURA.

DESSE ESTADO NATURAL SURGEM AS SEGUINTES NORMAS DE


DIREITO NATURAL:

1. NUNCA SE DEVE FAZER MAL A OUTREM – SALVO NO


CASO DE SER LEGÍTIMA A PREFERÊNCIA DA PRÓPRIA
CONSERVAÇÃO;

2. A AUTOCONSERVAÇÃO ABRANGE ALÉM DO SER E BEM


ESTAR BIOLÓGICO A MANUTENÇÃO DA QUALIDADE
ESPECÍFICA DO HOMEM – CONSISTINDO NO DOM
MORAL E NATURAL DA LIBERDADE E IGUALDADE ENTRE
OS HOMENS.

DAÍ A NECESSIDADE DO CONTRATO SOCIAL QUE FIGURARÁ COMO BASE DE


UMA COMUNIDADE DEMOCRÁTICA QUE BUSCA ASSEGURAR O LIVRE
EXERCÍCIO DOS DIREITOS IGUAIS A TODOS AQUELES QUE DECIDAM VIVER
EM SOCIEDADE.
..................................................................

EMMANUEL KANT:

Que levando até as últimas conseqüências essa concepção


jusnaturalista, criou a

TEORIA DO DIREITO RACIONAL,

Para ele, o conhecimento só é possível a partir da interação da experiência e


as condições formais da RAZÃO.
Organizando assim uma ciência do direito rigorosamente lógica.

Fundamenta a PRÁTICA MORAL não na pura experiência, mas, em uma lei


inerente à racionalidade universal humana – o chamado IMPERATIVO
CATEGÓRICO – que é ÚNICO, ABSOLUTO e não deriva da experiência.

A RAZÃO PRÁTICA é legisladora de si mesma, definindo os limites da ação e


da conduta humana.

Na teoria Kantiana, processa-se a separação entre DIREITO E MORAL.

O agir livre, é o AGIR MORAL e esse AGIR MORAL é o AGIR DE ACORDO COM
O DEVER e o agir de acordo com esse dever É FAZER DE SUA LEI SUBJETIVA
UMA PRINCÍPIO DA LEGISLAÇÃO UNIVERSAL, A SER INSCRITA EM TODA A
NATUREZA.

KANT identifica o DIREITO com o PODER DE CONSTRANGER.

Para ele o homem é capaz de impor a si mesmo NORMAS DE CONDUTA.

A idéia da obediência do homem à sua própria vontade – LIVRE E AUTÔNOMA


– constitui a essência da MORAL e do DIREITO NATURAL.

You might also like