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Características
Personagens
Personagens históricas
Getúlio Vargas: conhecido como “o pai dos pobres”, o velho caudilho aparece na obra
com o mesmo caráter ambíguo que tem na história: ora é visto como vítima, ora é acusado
de ser o responsável por toda a crise e pelo caos político que se instalou no país.
Gregório Fortunato: chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas, o “Anjo Negro”, estava
disposto até à morte para defender o presidente. Foi mandante do fracassado atentado a
Carlos Lacerda, em que acabou morrendo o oficial da Aeronáutica, fato que
desestabilizou completamente o governo e acirrou a oposição e as Forças Armadas, dando
origem ao clima de golpe.
Carlos Lacerda: jornalista, grande orador e radical opositor ao governo Vargas e ao bloco
governista. Conseguiu transformar o golpe contra ele em trunfo político, o que lhe
possibilitou jogar as Forças Armadas contra o velho presidente.
Climério: membro da guarda pessoal do presidente, incumbido por Gregório Fortunato a
contratar o assassino que atentaria contra Lacerda, o matador Alcino, que acaba
fracassando.
Nélson: motorista de táxi que participa da tentativa de assassinato de Carlos Lacerda. Foi
quem revelou toda a trama aos oficiais da Aeronáutica que comandavam o inquérito
policial-militar.
Alcino: Contratado para matar Lacerda, erra o alvo, o que acaba provocando as
complicações políticas que culminaram com o suicídio de Getúlio.
Alzira e Lutero Vargas: filhos de Getúlio Vargas. Ela é muito ligada ao pai, a quem tem
muito carinho; ele, deputado, é acusado de ser o mandante do atentado contra Lacerda.
Nesta relação de personagens históricas, podem entrar alguns tipos que aparecem com o
nome ligeiramente modificado, como é o caso de Vitor Freitas, senador corrupto e
homossexual, Eusébio de Andrade, Ilídio eMoscoso, contraventores do jogo do bicho.
Personagens fictícias
Alberto Mattos: comissário de polícia, ele trabalha em uma delegacia do Rio de Janeiro
e procura, a todo custo, manter fidelidade aos seus princípios de honestidade e justiça.
Além disso, cultiva o gosto pela música erudita e dá provas de ter um grau de informação
elevado. Encarregado de investigar o assassinato do industrial, ele, no plano narrativo,
funde os episódios de caráter histórico com os de caráter ficcional. É portador de uma
úlcera e, antes de trata-la, acaba sendo assassinado. De início, apresenta-se dividido entre
duas namoradas e, com o tempo, opta por Salete.
Salete: mulher de corpo muito bem feito, ela é vaidosa e está presa aos modismos.
Inicialmente, mantém uma relação amorosa com Mattos, o sujeito que Lea admira, e outra
com Luiz Magalhães – um homem rico. No final do romance, é assassinada no
apartamento do comissário.
Alice: amiga namorada de Mattos, é insegura e sofre de problemas psiquiátricos. Movida
pelo interesse financeiro, casa-se com Pedro Lomagno mas não é feliz.
Pedro Lomagno: homem rico e inescrupuloso, casado com Alice, e sócio da Cemtex,
juntamente com o industrial assassinado, Gomes Aguiar. É amante da mulher do sócio,
Luciana, e amigo do treinador de boxeChicão, assassino do industrial, do porteiro do
edifício e do comissário Mattos e sua companheira Salete. Todos esses crimes foram a
mando de Lomagno.
Luciana: casada com Gomes Aguiar, ela é amante de Pedro Lomagno. Presa aos valores
da alta sociedade, é uma mulher que preenche a sua vida com atividades de menor
importância.
Gomes Aguiar: industrial e um dos sócios da Cemtex, morre assassinado. Das
circunstâncias que envolvem a sua morte, a polícia encontra um anel que funciona como
pista para a investigação.
Pádua: colega de Mattos na delegacia de polícia. Não tem qualquer escrúpulo quanto a
recorrer a métodos extremos para defender seus próprios interesses. Apesar de ter
diferenças profundas com Mattos, respeita-o como o único policial honesto da delegacia.
Idélio: o bicheiro que pretendia matar Mattos.
Mãe Ingrácia: a macumbeira procurava por Salete.
Sebastiana: mãe de Salete.
Além desses, podemos citar o Turco Velho, matador de aluguel, contratado para
assassinar Mattos e acaba sendo morto por Pádua, e Ramos, o delegado corrupto, que
recebe propinas dos contraventores do jogo do bicho.
Enredo
Trecho da obra:
Grupos compactos de pessoas começaram a sair do Colégio São José. Nem Climério nem
Alcino, que cuidadosamente perscrutavam o rosto de todos, conseguiram divisar o
jornalista Lacerda. Afinal as portas do colégio foram fechadas.
“Puta merda! O homem já tinha ido embora. Está vendo o que você fez?”
“Só recebi o recado às nove horas.”
“Vamos para a rua Tonelero, em Copacabana. É lá que o Corvo mora. Vamos ver se dessa
vez damos sorte e pegamos o filho da puta”, disse Climério. Ele não podia voltar para
Gregório e confessar mais um erro; tinha medo da reação do seu chefe.
“O edifício do home é aquele”, disse Climério, já na rua Tonelero.
Alcino saltou. Climério mandou Nelson estacionar logo adiante, na rua Paula Freitas,
perto da esquina de Tonelero. “Espera aqui. Olho vivo.” Saltou e foi ao encontro de
Alcino.
“O puto é capaz de já ter chegado”, disse Climério, “mas de qualquer maneira vamos
esperar um pouco.”
Climério e Alcino ficaram conversando uns quinze minutos. Iam desistir de esperar
quando um carro parou na porta do edifício do jornalista, quarenta minutos depois da
meia-noite. De dentro saltaram três pessoas. Lacerda, seu filho Sérgio, de quinze anos, e
o major Vaz, da Aeronáutica.
“É ele, você está vendo?”, disse Climério.
“O de óculos?”
“Claro que é o de óculos, porra! O outro é o milico capanga dele.”
Lacerda se despediu do major e caminhou com o filho para a porta da garagem do edifício.
Vaz foi em direção ao carro. Alcino atravessou a rua e atirou em Lacerda, que correu para
o interior da garagem. O estrondo do revólver ao disparar surpreendeu Alcino, que por
instantes ficou sem saber o que fazer. Notou então que o major se aproximara e agarrava
sua arma. Novamente Alcino acionou o gatilho. O major continuou agarrando o cano do
revólver até que Alcino, num repelão, soltou a arma dos dedos que a prendiam, caindo
com o esforço que fizera. Viu que o major caía também, para o outro lado. Alcino
levantou-se e atirou novamente, sem direção. Ouviu estampidos de arma de fogo e fugiu
para onde estava o táxi de Nelson. Um guarda surgiu, correndo e atirando, “Pare! É a
polícia!”. Alcino atirou no guarda, que caiu. Entrou no carro, que estava com o motor
ligado.
“E o Climério? Onde está o Climério?”, perguntou Nelson.
“Pensei que ele estivesse aqui. Vamos embora!”
Nelson arrancou com o carro. Ouviram ainda um disparo e o ruído de lataria do carro
sendo rompida. Era o guarda, que atirara, mesmo caído e ferido.
Dentro do táxi de Nelson, que corria em alta velocidade pela avenida Copacabana, Alcino
embrulhou o revólver e os seis cartuchos numa flanela amarela. Chegando ao Flamengo,
Alcino disse a Nelson para seguir pela avenida Beira Mar, pois tinha instruções de
Climério para se livrar da arma jogando-a ao mar. Sua intenção era fazer isso sem sair do
carro.
Na altura da rua México, Alcino colocou o braço para fora, segurando o embrulho com o
revólver, preparando-se para arremessá-lo ao mar, por sob a amurada do passeio da
avenida. Ele não queria ficar mais tempo com aquela arma em seu poder.
Inesperadamente, Nelson fez uma manobra para se livrar de um carro que vinha na
contramão, assustando Alcino que largou o embrulho de flanela com o revólver.
“Deixei cair o revólver”, gritou Alcino.
Nelson parou o carro. “Vai lá apanhar.”
Alcino colocou a cabeça para fora da janela e olhou para o asfalto escuro da avenida. As
luzes de um carro brilharam ao longe.
“Quem achar essa merda não vai entregar para a polícia. Um 45 vale muito dinheiro.”
Questões Vestibular
(A) narra uma história policial, sem mencionar um conflito ou cenário político.
(B) descreve o Rio de Janeiro, depois da morte do presidente Getúlio Vargas.
(C) relata a decadência política e social do Brasil, após o crime da rua Toneleros.
(D) defende a idéia de que a solução para os conflitos sociais só depende do povo.
(E) apresenta um cenário de violência, corrupção e disputa de poder, no Brasil. *
(A) 5, 1, 6, 2, 3, 4
(B) 6, 4, 5, 2, 1, 3 *
(C) 6, 3, 5, 1, 2, 4
(D) 5, 4, 6, 2, 1, 3
(E) 5, 3, 6, 1, 2, 4
(A) distinta, assim como a técnica narrativa, conferindo maior verossimilhança aos
relatos. *
(B) satírica e paródica, uma vez que a obra foi elaborada em contraposição à tradição
literária.
(C) sobretudo agressiva, já que a relação entre os personagens é apresentada como
uma relação de forças.
(D) muitas vezes figurada, e suas imagens resultam freqüentemente de analogias com
o mundo idealizado, fantasioso.
(E) marcada por expressões grosseiras, rudes, provenientes do vocabulário
relacionado à esfera política e ao sensacionalismo jornalístico.
( ) O narrador, em terceira pessoa, relata fatos da história do Brasil, mas não o faz de
modo imparcial. Ao contrário, avalia as declarações de Vargas, o que mostra como a
ficção também reflete sobre os processos históricos, assim como a própria História o faz.
( ) O narrador, em terceira pessoa, mostra-se conhecedor dos fatos históricos, ao
reconstruir declarações do presidente Vargas, para que o leitor acredite na
verossimilhança da narrativa ficcional.
( ) O trecho “Enquanto ele plantava usinas para a emancipação econômica do Brasil, os
seus adversários tentavam plantar a desordem nas ruas para escravizar o povo aos seus
interesses escusos.”, embora seja enunciado pelo narrador, é uma fala do presidente
Vargas, presentada através do discurso direto, o que é uma estratégia narrativa.
I. A obra narra os episódios políticos do final da Era Vargas, que culminaram com o
suicídio do Presidente, em agosto de 1954.
II. A obra narra a trajetória do Presidente Vargas em seu último mandato, de 1951 a 1954,
sob a ótica do comissário Matos e de sua namorada Salete.
III. Com uma narrativa baseada no humor, discute a Era Vargas e traz para a cena ficcional
apenas personagens reais desse período histórico.