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182, parágrafo 2º da CF
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal,
conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de
vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão
urbana.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
Princípio legalidade
Licenças Edilícias
Alvarás de Construção
Licenças de Parcelamento
“A Lei Federal 9.785/99, no seu art. 3º, não deixa dúvidas de que cabe ao município
estabelecer regras, em todo o seu território, sobre o parcelamento do solo para fins de
ocupação de caráter urbano, na forma do plano diretor” [p. 218].
“A competência material para legislar sobre direito urbanístico é sem dúdivas dos municípios.
É logico que o município deve contemplar ou respeitar, no seu ordenamento, as normas
urbanísticas de caráter geral, editadas pela União e pelos estados, desde que as mesmas não
violem o princípio do interesse local e possam significar ameaça e desrespeito aos direitos
fundamentais e de uma cidade sustentável. Portanto, estamos afirmando que a lei federal e
estadual pode ser ilegal em face do interesse local e da cidadania.”
RECH, Adivandro; RECH Adir Ubaldo. Direito Urbanístico. Fundamentos para a construção de
um plano diretor sustentável na área urbana e rural. Caxias do Sul, Rs: Educs, 2010.
“O Estatuto da Cidade deixa claro, no seu inciso III do art. 4º que o principal instrumento de
planejamento municipal é o Plano Diretor, enumerando outros instrumentos, tema que
abordaremos adiante” [p. 61]
Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
a) plano diretor;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
b) contribuição de melhoria;
b) servidão administrativa;
c) limitações administrativas;
l) direito de superfície;
m) direito de preempção;
q) regularização fundiária;
Julgados?
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Uma atividade com tais propósitos só pode ser realizada pelo Poder Público, mediante
intervenção na propriedade privada e na vida econômica e social das aglomerações urbanas (e
também no campo), a fim de propiciar aqueles objetivos. Daí por que, hoje, se reconhece que
a atividade urbanística é função pública. Mas, também, por ser uma atividade do Poder
Público que interfere com a esfera do interesse particular, visando à realização de interesse da
coletividade, deve contar com autorizações legais para poder limitar os direitos dos
proprietários particulares ou para privá-los da propriedade. Essa atividade deve, pois,
desenvolver-se nos estritos limites jurídicos, e isso decorre do fato de que toda planificação
urbanística comporta uma disciplina de bens e de atividades que não pode atuar senão no
quadro de uma regulamentação jurídica, pela delimitação que necessariamente põe à
propriedade pública ou privada, ou, mesmo, por tolher o gozo desta.
O respeito ao princípio da legalidade constitui exigência fundamental para uma gestão
democrática da cidade determinada pelo Estatuto da Cidade (art. 43), que, para tanto, requer
outros mecanismos, tais como órgãos colegiados de política urbana nos âmbitos nacional,e
stadual e municipal; debates, audiências e consultas públicas; conferências sobre assuntos de
interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal; e iniciativa popular de projeto de
lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano. [p. 34]
A atuação urbanística do Poder Público gera conflitos entre o interesse coletivo à ordenação
adequada do espaço físico, para o melhor exercício das funções sociais da cidade, e os
interesses dos proprietários, que se concretizam em que seja aproveitável toda a superfície de
seus lotes, que desejam edificar todo seu terreno e nele construir o máximo volume, fundados
no espírito de lucro e em uma concepção individualista da propriedade como direito absoluto.
Em consequência, o proprietário particular sempre se oporá a que se limite o volume
edificável de seu terreno ou a que se dediquem a espaços livres superfícies superiores àquelas
que sejam indispensáveis para facilitar uma exploração mais completa do solo de que seja
titular, conforme bem realçou Rafael Gomez-Ferrer Morant em sua monografia sobre os
problemas jurídicos das áreas verdes e espaços livres.
“São, pois, normas do direito urbanístico todas as que tenham por objeto disciplinar o
planejamento urbano, o uso e a ocupação do solo urbano, as áreas de interesse especial (como
a execução das urbanificações, o disciplinamento dos bens urbanísticos naturais e culturais),a
ordenação urbanístia da atividade edilícia e a utilização dos instrumentos de intervenção
urbanística” [p 38]
Normas de controle urbanístico – que são aquelas destinadas a reger a conduta dos indivíduos
quanto ao uso do solo, como as que estabelecem diretrizes de atividades urbanísticas dos
particulares, as que regulam a aprovação de urbanificação, a outorga de certificado ou
certidão de uso do solo, a licença para urbanificar ou para edificar. [p. 62
Quando se fala em “direito de construir” –ou, no sentido mais estrito, em “direito de edificar
em solo urbano”-, o texto do art. 1.299 do CC terá que ser interpretado, tendo em vista as
profundas transformações não só da realidade urbana, mas especialmente das normas
constitucionais sobre o regime de propriedade. Sobretudo, não se pode dar à expressão
“direito de constuir, ou “direito de edificar”, o sentido de um direito subjetivo que, in
abstracto, caiba ao proprietário do terreno. O que o texto, em verdade, confere a este é uma
simples faculdade, que, como qualquer faculdade, se define – na lição de Paul Roubier – como
“possibilidade legal de opção em viasta da criação de uma situação jurídica”. [ p. 81]
Acabamos de ver que o art. 1.299 do CC confere apenas uma faculdade de construir.
“Faculdades” são – no dizer de Paul Roubier – “prerrogativas condicionadas, em princípio, isto
é, prerrogativas cujo exercício é subordinado a certas condições fixadas pelo direito objetivo”.
E a faculdade de construir também o é, pois o dispositivo citado a confere, salvo os direitos dos
vizinhos e os regulamentos administrativos. Nestes entram todas as normas urbanísticas que,
disciplinando a ordenação do solo urbano, fixando-lhe o destino, condicionam dita faculdade,
que já é delimitada pela incidência do princípio da função social da propriedade urbana à vista
do interesse público ínsito em toda atividade urbanística, consoante já vimos”. [p. 82]
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“São instrumentos de controle urbanístico todos aqueles atos e medidas destinados a verificar
a observância das normas e planos urbanísticos pelos seus destinatários, privados
especialmente. Esse controle, que é sempre do Poder Público, pode ser de iniciativa deste ou
de interessados particulares” [p. 428]
“O controle do Poder Público ocorrerá em três momentos: (a) antes da atuação do interessado
– que é o mais importante, dito controle prévio, que se realiza pela aprovação de planos e
projetos, pelas autorizações e pelas licenças; (b) durante a atuação do interessado, dito
controle concomitante – que se efetiva pelas inspeções, comunicações e fiscalização; (c)
finalmente, depois da atuação do interessado – o que se dá pelo controle sucessivo ou a
posteriori, mediante auto de vistoria, de conclusão de obra ou “habite-se”. Dessas formas
trataremos neste capítulo, a começar pelas normas de ordenação da atividade edilícia.” [p.
428, 429].
“O controle prévio ou preventivo da atividade edilícia – incluindo, aí, o preparo do solo para a
edificação – realiza-se pela aprovação de projeto de construção ou de plano de loteamento,
por autorizações para a prática de atividades urbanísticas pelos particulares e pelas licenças
para o exercício de direitos” [p. 431]