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MOUNCE, William D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática.

São Paulo
Vida, 2009.

Capítulo 10 – Substantivos da terceira declinação

Percepção exegética

O leitor original do prólogo do evangelho de João (Jo 1.1-18) teria pouca


dificuldade para entender a descrição do lo,goj. Como conceito, este termo era simples.
Lo,goj era a lei inteligível das coisas. `O lo,goj tou/ qeou/ era a racionalidade transcendente
de Deus, que dava ordem e propósito ao universo. Um judeu helenizado consultaria um
volume de literatura sapiencial que explicaria a sabedoria de Deus, sua palavra (lo,goj),
que deu forma e coerência ao universo. `O lo,goj tou/ qeou/ era independente dos caminhos
humanos, acima deles e distante deles, os guiando de longe. O texto de João 1.14 também
deixaria o leitor pausar em silêncio atônito: a palavra tornou-se carne (sa,rx) e viveu entre
nós. Sa,rx é a esfera terrestre, a arena de decisões e emoções humanas, da história e da
pecaminosidade humana (cf. Jo 1.13; 3.6; 17.2). O texto de João 1.14 apresenta o risco,
escândalo e evangelho da fé cristã: o` lo,goj tornou-se sa,rx. O centro da vida e pensamento
de Deus entrou nas profundezas deste mundo e adotou sua forma, sua sa,rx, sua carne,
para se revelar aos seus e salvá-los. Tal afirmação de lo,goj e sa,rx é o âmago da fé cristã.
Deus não abandonou seu povo. Baixezas, desgraças, pecaminosidade não estão fora da
compreensão e alcance de Deus. A palavra veio ficar entre humanos, em sua encarnação
ele abraçou este mundo de sa,rx e amou humanos. Dizer que Deus ama o mundo é fácil
(Jo 3.16), mas afirmar que ele me ama, em minha fragilidade e infidelidade, que ele ama
sa,rx, é outra questão. Este é o mistério e poder do que Deus tem feito pelos seus em
Cristo, segundo Gary M. Burge.

Visão geral
I) Aprender a terceira e última declinação, a saber, raízes que terminam em
consoante;
II) Aprender o paradigma mestre das terminações de casos;
III) Aprender a sétima regra dos substantivos, o quadro das oclusivas e o efeito
que um sigma tem sobre ele;
IV) A oitava regra dos substantivos.

Introdução

Enquanto os substantivos de primeira declinação têm raízes que terminam em alfa


ou êta, os substantivos de segunda declinação terminam em ómicron. A declinação à qual
o substantivo pertence não exerce efeito sobre seu significado, ou seja, independente de
se avpo,stoloj pertence à primeira ou segunda declinação, continua significando apóstolo.
O mesmo vale para substantivos de terceira declinação, cujas raízes terminam com
consoante. Tal fato só altera a forma deles, não seu significado.
Substantivos com raiz terminando em consoante seguem o modelo da terceira
declinação.
A terceira declinação usa terminações de casos diferentes das usadas na primeira
e segunda declinação.
Uma vez que a raiz de um substantivo de terceira declinação termina com
consoante, quando uma terminação de caso começar com sigma, a consoante final da raiz
e o sigma frequentemente mudam para outra letra, ou a consoante final cai, com a raiz e
terminação verdadeira ficando ocultas.
Por exemplo, a raiz do substantivo de segunda declinação lo,goj é logo. O ómicron
se junta com a terminação do caso nominativo para formar lo,goj (*logo + j  lo,goj).
Não há problema aqui, mas a raiz da palavra da terceira declinação sa,rx é sa,rk. O kapa
se une com a mesma terminação do caso nominativo singular, e a combinação kj forma x
(*sark + j  sa,rx).
Lembrando alguns detalhes, as mudanças não são problema:
I) Por conta das mudanças ocorridas no nominativo singular, é frequentemente
difícil determinar a raiz de um substantivo de terceira declinação. A solução deste
problema está em memorizar sempre a forma do genitivo singular com a forma lexical.
Omitindo a terminação do genitivo singular, a raiz é obtida;
II) Tudo que acontece no nominativo singular ocorre no dativo plural. Isto ocorre
devido à terminação do caso do dativo plural também terminar em sigma.
Isto é uma simplificação da questão, mas torna o aprendizado mais fácil.

Um passeio importante

A seguir há a explicação da terceira declinação, usando a raiz *sark como


exemplo:
I) Nominativo singular. A terminação normal do caso nominativo singular é
sigma. Quando se acrescenta a raiz, a combinação kj é reescrita como x (sark + j sa,rx);
II) Genitivo singular. A terminação do caso genitivo singular para os substantivos
é sigma, enquanto que para substantivos de segunda declinação realmente é ómicron, que
é contraído com a vogal final da raiz para formar ou, *logo + o  lo,gou. Juntando estas
duas terminações do caso, há a terminação do caso para a terceira declinação: oj (sark +
oj  sarko,j);
III) Dativo singular. A terminação do caso dativo singular é a mesma para as
demais declinações: iota. Devido a toda raiz da terceira declinação terminar em
consoante, não com vogal longa, o iota não pode ficar subscrito (sark + i  sarki,);
IV) Acusativo singular. A terminação do caso acusativo singular é diferente para
a terceira declinação: alfa (sark + a  sa,rka);
V) Nominativo plural. A terminação do caso nominativo plural é diferente para a
terceira declinação: ej (sark + ej  sa,rkej);
VI) Genitivo plural. A terminação do genitivo plural, como sempre, é consistente:
wn (sark + wn  sa,rkw/n);
VII) Dativo plural. A terminação do caso dativo plural para substantivos da
terceira declinação é o inverso da primeira e segunda declinação: si (n). Por começar com
sigma, qualquer mudança no nominativo singular também ocorre aqui: sark + si (n) 
sarxi, (n);
VIII) Acusativo plural (não singular – p. 92). A terminação do caso acusativo
plural é diferente para a terceira declinação: aj (sark + aj  sarka,j). Tal terminação não
deve ser confundida com uma palavra da primeira declinação, onde o alfa faz parte da
raiz.

Formas

As palavras da terceira declinação são categorizadas segundo a última consoante


da raiz. A seguir, há quatro paradigmas das classes mais frequentemente usadas dos
termos da terceira declinação:
I) Raízes que terminam com kapa: 17 palavras no Novo Testamento;
II) Raízes que terminam com tau ou delta: 45 palavras no Novo Testamento1;
III) Raízes que terminam com mat: 149 palavras no Novo Testamento;
IV) Raízes que terminam com iota consonantal (iꞈ)2: 45 palavras no Novo
Testamento;
A terminação do caso e a raiz são separadas para enfatizar as semelhanças com a
primeira e segunda declinação.

TABELA: Principais raízes dos substantivos de 3ªdeclinação


3ª DECLINAÇÃO
Raiz em k Raiz em t/d Raiz em mat Raiz em iꞈ3
*sark *carit *onomat *pisti
NOMINATIVO sa,rx4 cari j5 o;noma6 pi,sti j

1
No paradigma a seguir, não é listada uma raiz que termina em delta. Estas palavras seguem o mesmo
modelo que as que terminam em tau.
Nominativo singular – evlpi,j Nominativo plural – evlpi,dej
Genitivo singular – evlpi,doj Genitivo plural – evlpi,wn
Dativo singular – evlpi,di Dativo plural – evlpi,si(n)
Acusativo singular – evlpi,da Acusativo plural – evlpi,daj
2
O iota consonantal parece igual a qualquer iota. Antes do período do Novo Testamento era um caractere
diferente. Ele caiu em desuso e a vogal iota adotou algumas de suas funções. Isto é importante, pois os iotas
nem sempre se comportam de maneira regular. É chamado de consonantal porque o caractere antigo
compartilhava das características de vogal e consoante. Fica escrito nas gramáticas como iꞈ.
3
Iota consonantal. Este tipo de substantivo de terceira declinação é fácil de declinar, basta ter consciência
de que a vogal da raiz está mudando entre iota e épsilon, enquanto as terminações dos casos são consistentes
entre si. Se a terminação do caso começa com vogal, a vogal final da raiz é épsilon. Se a terminação do
caso começa com consoante, a vogal final da raiz é iota. No dativo plural, um épsilon antecede um sigma.
4
A terminação do caso é sigma, e kapa mais sigma formam csi (k + s  x).
5
Quando a raiz tem tau, tal letra cai quando seguida por um sigma (carit + j  ca,rij).
6
Nenhuma terminação é usada, e a consoante final da raiz, que é tau, cai, porque um tau não pode ficar no
fim de uma palavra.
GENITIVO SINGULAR sark o,j7 ca,rit oj ovno,mat oj pi,ste wj8
DATIVO9 sark i, ca,rit i ovno,mat i pi,ste i
ACUSATIVO sa,rk a ca,rit a10 o;noma 11 pi,sti n12

NOMINATIVO sa,rk ej ca,rit ej ovnomat a13 pi,ste ij14


GENITIVO PLURAL sark w/n cari,t wn ovnoma,t wn pi,ste wn15
DATIVO16 sark i,(n) ca,ri si(n) ovno,ma si(n) pi,ste si (n)
ACUSATIVO sa,rk aj ca,rit aj ovnomat a pi,ste ij17
Fonte: Adaptado de MOUNCE, William D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática. São
Paulo Vida, 2009.

Logo abaixo, há o quadro mestre das terminações de casos. Na primeira e segunda


declinação, o masculino e feminino estão separados entre si. Mesmo sendo semelhantes
entre si, há algumas diferenças. Na terceira declinação, no entanto, são quase idênticos
entre si. Há mais semelhanças entre o masculino e feminino do que entre masculino e
neutro, já que no nominativo e acusativo o masculino e neutro são sempre diferentes entre
si. Aprendendo bem tal paradigma, quase todas as formas dos substantivos serão
discernidas.

Características dos substantivos da terceira declinação

7
Na primeira declinação, a terminação do caso genitivo singular é sigma (grafh/j). Na segunda declinação,
é ómicron, e, quando tal ómicron se contrai com o ómicron da terminação da raiz, formam ou (*logo + o
 lo,gou). Esta é uma leve simplificação. Portanto, a terminação do caso na terceira declinação é oj. Não
se deve confundir esta com a vogal final da raiz da segunda declinação, nem com a terminação do caso
nominativo singular (por exemplo: lo,goj).
8
Pensar em wj como um oj alongado.
9
O iota não fica subscrito na terceira declinação como na primeira e segunda, porque ele só pode ser
subscrito debaixo de uma vogal.
10
Em poucos casos, tal palavra, e outras semelhantes a ela, podem ter um acusativo singular em nü (ca,rin).
11
Todos os substantivos terminados em –ma são neutros. Este é um dos poucos padrões consistentes na
terceira declinação. Como todos os substantivos neutros, as formas do nominativo e acusativo sempre são
idênticas.
12
Tal padrão específico de substantivos de terceira declinação emprega nü como terminação do caso
acusativo singular.
13
A maneira de discernir a diferença entre tal forma e o nominativo singular é verificar se a raiz está
presente (por exemplo: *onomat). Se estiver (o`no,mata), estará no plural. Se não, estará no singular (por
exemplo: o;noma,).
14
A terminação do caso nominativo é igual à de ca,ritej (piste + ej  pi,steij). O acusativo plural usa a
mesma terminação de caso que o nominativo plural, como se a palavra fosse neutra.
15
A terminação de caso wn não engole a vogal final da raiz, como acontece na primeira e segunda
declinação. Trata-se da evidência de que o épsilon substituiu o iota consonantal.
16
Qualquer mudança no nominativo singular também está presente no dativo plural, uma vez que as duas
terminações de casos começam com sigma. A terminação de caso é si, o inverso da terminação da primeira
e segunda declinação. O nü entre parênteses, após cada uma destas formas é um nü móvel.
17
A terminação do caso nominativo é igual à de ca,ritej (piste + ej  pi,steij). O acusativo plural usa a
mesma terminação de caso que o nominativo plural, como se a palavra fosse neutra.
Função. Os substantivos de todas as declinações funcionam da mesma maneira,
o que muda é a forma.
Reconhecimento das terminações dos casos. Não memorizar os paradigmas da
tabela acima, mas, sim, as terminações no quadro mestre das terminações de casos, vendo
qual é a aparência das terminações de casos quando estão ligadas a um substantivo.
Estudar cuidadosamente, notando o que há em comum umas com as outras e com a
primeira e segunda declinação. Há outros padrões na terceira declinação, mas conhecendo
os que estão no quaro a seguir, os demais serão fáceis de serem reconhecidos.

TABELA: Terminações de casos.


QUADRO MESTRE DAS TERMINAÇÕES DE CASOS
1ª e 2ª declinação 3ª declinação
Masculino Feminino Neutro Masculino/Feminino Neutro
Nominativo j ‐  n j ‐ ‐18
Genitivo Singular u 19 j u oj oj
Dativo i20 i i i21 i
Acusativo n n n a/n22 ‐

Nominativo i i a ej a23
Genitivo Plural wn wn wn wn wn
Dativo ij ij ij si(n)24 si(n)
Acusativo uj25 j a aj26 a
Fonte: Adaptado de MOUNCE, William D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática. São
Paulo Vida, 2009.

Gênero. Como os substantivos da primeira e segunda declinação, os substantivos


de terceira declinação também têm gênero, o qual pode ser de difícil determinação, porque
os padrões flexionais não são tão distintos como os da primeira e segunda declinação. Há,
entretanto, alguns poucos padrões.

18
Estar preparado para as mudanças da letra final da raiz (regra 8).
19
A terminação é ómicron, que se contrai com a vogal da raiz final e forma ou (regra 5).
20
A vogal se alonga (regra 5) e o iota fica subscrito (regra 4).
21
Por terminarem as raízes de terceira declinação em consoante, o iota não pode ficar subscrito, como na
primeira e segunda declinação. Por isto, ele permanece na palavra.
22
A terminação de caso alterna-se entre alfa e nü.
23
Em contraste com a primeira e segunda declinação, tal alfa é uma terminação do caso, não uma vogal
alterada da raiz. A situação do acusativo plural é idêntica.
24
O nü é um nü móvel. A terminação si é uma versão invertida de ij, encontrada na primeira e segunda
declinação.
25
A terminação da primeira e segunda declinação é nj, mas o nü cai por conta do sigma que vem depois
dele. Na primeira declinação, o alfa se une ao sigma (*wra + nj  w[raj), mas, na segunda declinação, o
ómicron da raiz final se alonga em ou (regra 5; logonj  logoj  lo,gouj).
26
Em contraste com a primeira declinação (por exemplo: w[ra), o alfa aqui fez parte da terminação do caso.
Todos os substantivos com raiz que termina em mat são neutros (por exemplo:
o;noma).
Todos substantivos com raiz que termina em iota consonantal são femininos (por
exemplo: pi,stij).
É importante memorizar o gênero dos substantivos, especialmente se são neutros,
por conta de suas características específicas.
O artigo é especial na terceira declinação. Embora o substantivo mude de forma,
o artigo sempre permanece o mesmo. tw/| sempre continua sendo tw/|, independente de o
substantivo que modifica estar na primeira, segunda ou terceira declinação.
A maioria dos substantivos é modificada pelo artigo, o que facilita a determinação
do gênero do substantivo.

Quadro das oclusivas

Regra 7: quadro das oclusivas

A sétima regra de oito dos substantivos está no quadro a seguir, o qual deve ser
memorizado. É útil repeti-lo da esquerda para a direita e em todos os outros sentidos27.

TABELA: Quadro das oclusivas.


QUADRO DAS OCLUSIVAS
Labiais p b f
Velares k g c
Dentais t d q
Fonte: Adaptado de MOUNCE, William D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática. São
Paulo Vida, 2009.

Tal quadro é importante devido às oclusivas se comportarem da mesma maneira.


O que ocorre com uma raiz terminada em tau acontece com uma raiz terminada em delta,
porque tau e delta são igualmente dentais. Aprendendo o padrão, fica fácil prever o que
ocorrerá. É mais fácil assim do que decorar tabelas de mudanças específicas. Este quadro

27
Há títulos para as colunas. p, k e t são surdos, porque a laringe não é usada em sua pronúncia. b, g e d são
sonoros, porque a laringe é usada. Com os dedos colocados na laringe, o indivíduo pode falar as letras
anteriores, bem como sentir a laringe vibrar ao pronunciar as oclusivas sonoras f, c e q, que são aspiradas.
A aspiração áspera também é um som gutural.
também será importante para o estudo dos verbos, de maneira que o tempo dedicado aqui
evitará horas de frustrações mais tarde.
Uma oclusiva é uma consoante cujo som é formado por meio de retardar ou
impedir totalmente o fluxo do ar pela boca28.
As oclusivas são divididas em três classificações:
I) Labiais. p, b e f são formadas por meio do uso dos lábios para impedir
momentaneamente o fluxo do ar, o que é essencial para criar o som. O estudante pode
tentar dizer p sem deixar os lábios se tocarem;
II) Velares. k, g e c são formadas empurrando a parte central da língua contra a
parte mole do céu da boca29;
III) Dentais. t, d e q são formadas ao tocar a língua contra a parte traseira dos
dentes30.
Oclusivas com um s. Sempre que uma oclusiva e um sigma se encontram, os
resultados são previsíveis. É necessário aprender as mudança, pois elas são encontradas
frequentemente.

TABELA: Oclusivas com s.


OCLUSIVAS COM s
Labial + s  y
Velar + s  x
Dental + s  s
Fonte: Adaptado de MOUNCE, William D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática. São
Paulo Vida, 2009.

*skolop + s  sko,loy31
*sark + si  sa,rxi
*carit + s  ca,rij32

n + s. O nü cai quando seguido por sigma.

28
Na coluna final de oclusiva, f, c e q não são tecnicamente oclusivas, mas aspiradas, porque o fluxo do ar
não é interrompido, apenas retraído. Entretanto, por se encaixarem bem no padrão, é mais fácil considerá-
las como oclusivas.
29
Alguns estudiosos usam palatais para descrever estas três consoantes, porque a parte mole do céu da
boca é o palato.
30
Na verdade, não são os dentes, mas a lombada alveolar atrás dos dentes que é usada, mas o termo dentes
é mais fácil de ser associado com dental.
31
Há sete substantivos no Novo Testamento cujas raízes terminam em p, mas muitas raízes terminam em
kapa ou tau.
32
Na verdade, a dental forma um sigma, e o sigma duplo se simplifica em sigma único (carit + j  sj 
ca,rij).
logo + nj  lo,gouj33

Já que uma dental também cai quando seguida por um sigma, a combinação ntj
também virará sigma.

pant + j  pa/j

Regra 8: um tau não pode ficar no fim de uma palavra; logo, ele cairá. A raiz do
termo que significa nome, por exemplo, é *ovnomat. Não é usada terminação de caso no
nominativo singular. Logo, o tau cai: *onomat + -  o;noma.
Esta é a regra final para as terminações dos casos.

pa/j

pa/j é um adjetivo do tipo 3-1-334 e é, frequentemente, usado como palavra-


paradigma da terceira declinação. O radical do termo é *pant, que, no feminino, é alterado
para pasa35. Diante de todas as informações apresentadas até aqui, o estudante deve tentar
escrever o paradigma completo deste termo sem olhar para a tabela abaixo. Se conseguir,
significa que está progredindo bem.

TABELA: Paradigma.
3ª declinação 1ª declinação 3ª declinação
Masculino Feminino Neutro
NOMINATIVO pa/j36 pa/sa pa/n37
GENITIVO SINGULAR panto,j pa,shj panto,j
DATIVO panti, pa,sh| panti,
ACUSATIVO pa,nta pa/san pa/n

NOMINATIVO pa,ntej pa/sai pa,nta


GENITIVO PLURAL pa,ntwn pasw/n pa,ntwn

33
Em substantivos de segunda declinação, o ómicron final se alonga em ou para compensar a perda do nü.
34
3-1-3 significa que masculino e neutro seguem a terceira declinação, enquanto o feminino segue a
primeira. Em português, todo também pode ser pronome indefinido ou advérbio. Dependendo do contexto,
quando usado como pronome indefinido, pa/j pode ser traduzido como cada.
35
Há alteração porque o iota consonantal foi acrescentado para formar a raiz feminina, e nt + iota
consonantal forma pa/j.
36
O nt cai antes do sigma.
37
Não é usada terminação de caso, e um t não pode aparecer no fim de uma palavra, ele cai.
DATIVO pa/si(n)38 pa,saij pa/si(n)
ACUSATIVO pa,ntaj pa,saj pa,nta
Fonte: Adaptado de MOUNCE, William D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática. São
Paulo Vida, 2009.

A mudança do alfa para êta no genitivo e dativo do feminino singular podem ser
inesperados para o estudante. Se a palavra da primeira declinação tem raiz que termina
em alfa, e a letra anterior é épsilon, iota ou rô, formará o genitivo e o dativo com alfa.
De outra forma, o alfa mudará para êta.

ea  aj
ia  aj
ra  aj

Por pa/j ser adjetivo, pode funcionar substantivamente. Quando isto ocorre, pode
pedir um termo adicional na tradução, como pessoas ou coisas, algo que nem sempre é
exigido no português. Diferente de outros adjetivos, pa/j geralmente fica na posição
predicativa quando modifica um substantivo.

Categorias

Os adjetivos são divididos em quatro categorias básicas, dependendo da


declinação que segue, e se as formas masculina e feminina são iguais ou diferentes. O
masculino e o neutro sempre seguem a mesma declinação. Eis as quatro categorias:

TABELA: Categorias dos adjetivos.


CATEGORIA MASCULINO FEMININO NEUTRO
2-1-2 2ª declinação 1ª declinação 2ª declinação
3-1-3 3ª declinação 1ª declinação 3ª declinação
2-2 2ª declinação 2ª declinação 2ª declinação
3-3 3ª declinação 3ª declinação 3ª declinação
Fonte: Adaptado de MOUNCE, William D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática. São
Paulo Vida, 2009.

Artigos

38
O nt cai antes do sigma. Ocorre o mesmo no dativo plural neutro.
Há casos em que o significado do artigo parece mudar. Quando a expressão o` de,
é lida, o artigo é traduzido como um pronome pessoal: mas ele39.

Resumo

I) Substantivos cujas raízes terminam com uma consoante empregam terminações


de casos da terceira declinação;
II) Para encontrar a raiz de um substantivo de terceira declinação, é necessário
buscar a forma do genitivo singular e omitir a terminação do caso;
III) Para memorizar o gênero de um substantivo de terceira declinação, é
necessário memorizar a forma lexical junto com o artigo. Fazer isto é importante para um
substantivo neutro;
IV) Memorizar o quadro mestre de terminações de casos é importante;
V) Regra 7: quadro das oclusivas.

TABELA: Oclusivas com s.


OCLUSIVAS COM s
Labial + s  y
Velar + s  x
Dental + s  s
Fonte: Adaptado de MOUNCE, William D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática. São
Paulo Vida, 2009.

VI) Labial + s formam y. Velar + s formam x. Dental + s formam s;


VII) Nü e nt caem antes do sigma;
VIII) Regra 8: o tau não pode aparecer no fim da palavra, ele cai;
IX) A expressão o` de, pode ser traduzida da seguinte maneira: mas ele. Também,
pode ser traduzido por um pronome, que substitui o substantivo: mas, o qual.

Vocabulário

39
O artigo grego é uma forma enfraquecida do pronome demonstrativo e, por isto, é usado com vários
significados diferentes.
Atentar para memorizar o nominativo, genitivo e artigo para cada substantivo da
terceira declinação. Geralmente, os léxicos apresentam só as letras finais da forma
genitiva do substantivo da terceira declinação, mas, aqui, é apresentada a forma completa
do genitivo.

a[gioj, -i,a, -ion – adjetivo: santo (*a`gio/a; 2-1-2)40; substantivo plural: (os) santos
avnh,r, avndro,j, o`41 – homem, marido, macho (*avndr)42
eiv – se43
ei-j, mi,a, e[n44 – um (*en/*mia; 3-1-3)45
h;dh – agora, já
o;noma, ovno,matoj, to, – nome, reputação (*onomat)46
pa/j, pa/sa, pa/n – singular: todo, cada (*pant/pasa; 3-1-3)47; plural: todos
path,r, patro,j, o`48 – pai (*patr)49
peri, – genitivo: concernente a, a respeito de, acerca de, sobre50; acusativo: ao redor de
pi,stij, pi,stewj, h` – fé, crença (*pisti)51

40
Os hagiógrafos (a`gio,grafa) são os escritos sagrados, a terceira e última parte do cânon judaico.
Hagiolatria é a adoração dos santos.
41
No apêndice há o paradigma completo deste termo (n-3f[2c], um exemplo do sistema de códigos para as
classes de substantivos, explicado na introdução ao léxico). É semelhante ao modelo path,r.
42
Andrógino (avndro,gunh) é um ser masculino e feminino, isto é, um hermafrodita.
43
Tal palavra não é e=i, que significa tu és. Observar a acentuação, visto que eiv não tem seu próprio acento.
Como eva,n, eiv sempre introduz uma oração subordinada, por isto o sujeito principal não será encontrado,
nem seu verbo principal, na oração introduzida por eiv. Na nomenclatura gramatical portuguesa, tal termo é
definido como numeral.
44
Este termo tem uma aspiração áspera no masculino e neutro. Isto ajuda a diferenciar das preposições eivj
e evn. Tal adjetivo segue o modelo 3-1-3, e o masculino e neutro seguem a terceira declinação, enquanto o
feminino segue a primeira. A raiz é e`n e é da terceira declinação.
Nominativo singular ei/j mi,a e[n
Genitivo singular e`no,j mia/j e`no,j
Dativo singular e`ni, mia/| e`ni,
Acusativo singular mi,na mi,na e[n
No nominativo masculino, quando o nü da raiz cai por causa do sigma, o épsilon se alonga para ei, a fim
de compensar a perda (en + j  ej  ei-j)
45
Hendíadis é uma figura de linguagem em que dois substantivos descrevem uma só coisa. Vem da
expressão e]n dia, duoi/n, que significa uma só coisa por meio de duas. O henoteísmo é a crença em um só
Deus sem deixar de admirar a existência de outros deuses.
46
Onomatopeia (onomatopoii,a) indica a formação de uma palavra a partir da reprodução aproximada, com
os recursos de que a língua dispõe, de um som natural a ela associado, como bum ou psiu.
47
Panteísmo é a crença de que Deus está em todas as coisas.
48
Cf. padrão da declinação deste termo no apêndice.
49
Patriarca (patria,rchj) é o pai e chefe de uma família ou tribo.
50
O iota final entra em elisão só quando a palavra seguinte começa com um iota. Perímetro (peri,metroj) é
a delimitação ao redor de um objeto ou área.
51
Pistologia é o estudo da fé.
pneu/ma, -matoj, to, – espírito, Espírito
sa,rx, sarko,j, h` – carne, corpo (*sark)52
Si,mwn, -wnoj, o` – Simão
su,n – dativo: com53
sw/ma, -matoj, to, – corpo (*swmat)54
te,knon, -ou, to, – criança, filho, descendente (*tekno)55
tij, ti56 – alguém/algo (*tin; 3-3); determinada pessoa/coisa, qualquer pessoa/coisa
ti,j, ti, – quem? o quê? qual? por quê? (*tin; 3-3)57
u[dwr, u[datoj, to,58 – água (*u`dat)59
fw/j, fwto,j, to, – luz (*fwt)60
ca,rij, ca,ritoj, h` – graça, favor, bondade, benignidade (*carit)

É comum estudantes pararem de memorizar o vocabulário, pois há muitas regras


gramaticais a serem aprendidas. Mesmo lutando com a gramática, o aluno deve ficar em
dia com o vocabulário e continuar com suas revisões. Conhecer bem a gramática não
serve ao propósito se o leitor não sabe o que as palavras indicam, o texto não poderia ser
traduzido.

52
Sarcófago (sarkofa,goj) é um caixão de pedra. Na Grécia, era feito de pedra calcária, a qual, segundo se
acreditava, consumiria ou comeria (fage,w) a carne.
53
Sin é um prefixo comum. Sinagoga (sunagwgh,) é um local aonde as pessoas vão juntas. Sinérese
(sunai,resij) é a contração de dois sons em um só ou a mudança de um hiato para um ditongo.
54
Uma enfermidade psicossomática é uma enfermidade física provocada por processos
psíquicos/emocionais. Somatologia é o estudo do corpo.
55
Tecnonímia é o costume de dar o nome ao pai da criança: pai de fulano.
56
Esta e as duas palavras que se seguem são idênticas quanto à forma, com exceção do acento. Cf.
paradigma no apêndice. Esta é uma das situações em que conhecer os acentos é importante. O termo tij
fica com ou sem acento na primeira sílaba. É o pronome indefinido. O termo ti,j é sempre acentuado em
sua primeira sílaba. É o pronome interrogativo. Ambos são adjetivos 3-3, porque usam o mesmo modelo
da terceira declinação para o masculino e feminino (ti,j) e a terceira declinação para o neutro (ti,).
57
Quando tal termo significa por quê?, geralmente estará no neutro (ti,).
58
Esta é uma classe diferente de substantivos da terceira declinação. Por ser neutro, tem a mesma forma no
nominativo e acusativo singular. Todas as demais formas são construídas de modo regular da raiz *u`dat
(cf. n-3c[6c], no apêndice).

Nominativo singular u[dwr Nominativo plural u[data


Genitivo singular u[datoj Genitivo plural u[data
Dativo singular u[dati Dativo plural u[dasi(n)
Acusativo singular u[dwr Acusativo plural u[data
59
Hidrologia é o estudo da água. Hidráulico (u[draulij) se refere a algo operado pela água.
60
Uma fotografia é um retrato desenhado pela luz.

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