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São Paulo
Vida, 2009.
Percepção exegética
Visão geral
I) Aprender a terceira e última declinação, a saber, raízes que terminam em
consoante;
II) Aprender o paradigma mestre das terminações de casos;
III) Aprender a sétima regra dos substantivos, o quadro das oclusivas e o efeito
que um sigma tem sobre ele;
IV) A oitava regra dos substantivos.
Introdução
Um passeio importante
Formas
1
No paradigma a seguir, não é listada uma raiz que termina em delta. Estas palavras seguem o mesmo
modelo que as que terminam em tau.
Nominativo singular – evlpi,j Nominativo plural – evlpi,dej
Genitivo singular – evlpi,doj Genitivo plural – evlpi,wn
Dativo singular – evlpi,di Dativo plural – evlpi,si(n)
Acusativo singular – evlpi,da Acusativo plural – evlpi,daj
2
O iota consonantal parece igual a qualquer iota. Antes do período do Novo Testamento era um caractere
diferente. Ele caiu em desuso e a vogal iota adotou algumas de suas funções. Isto é importante, pois os iotas
nem sempre se comportam de maneira regular. É chamado de consonantal porque o caractere antigo
compartilhava das características de vogal e consoante. Fica escrito nas gramáticas como iꞈ.
3
Iota consonantal. Este tipo de substantivo de terceira declinação é fácil de declinar, basta ter consciência
de que a vogal da raiz está mudando entre iota e épsilon, enquanto as terminações dos casos são consistentes
entre si. Se a terminação do caso começa com vogal, a vogal final da raiz é épsilon. Se a terminação do
caso começa com consoante, a vogal final da raiz é iota. No dativo plural, um épsilon antecede um sigma.
4
A terminação do caso é sigma, e kapa mais sigma formam csi (k + s x).
5
Quando a raiz tem tau, tal letra cai quando seguida por um sigma (carit + j ca,rij).
6
Nenhuma terminação é usada, e a consoante final da raiz, que é tau, cai, porque um tau não pode ficar no
fim de uma palavra.
GENITIVO SINGULAR sark o,j7 ca,rit oj ovno,mat oj pi,ste wj8
DATIVO9 sark i, ca,rit i ovno,mat i pi,ste i
ACUSATIVO sa,rk a ca,rit a10 o;noma 11 pi,sti n12
7
Na primeira declinação, a terminação do caso genitivo singular é sigma (grafh/j). Na segunda declinação,
é ómicron, e, quando tal ómicron se contrai com o ómicron da terminação da raiz, formam ou (*logo + o
lo,gou). Esta é uma leve simplificação. Portanto, a terminação do caso na terceira declinação é oj. Não
se deve confundir esta com a vogal final da raiz da segunda declinação, nem com a terminação do caso
nominativo singular (por exemplo: lo,goj).
8
Pensar em wj como um oj alongado.
9
O iota não fica subscrito na terceira declinação como na primeira e segunda, porque ele só pode ser
subscrito debaixo de uma vogal.
10
Em poucos casos, tal palavra, e outras semelhantes a ela, podem ter um acusativo singular em nü (ca,rin).
11
Todos os substantivos terminados em –ma são neutros. Este é um dos poucos padrões consistentes na
terceira declinação. Como todos os substantivos neutros, as formas do nominativo e acusativo sempre são
idênticas.
12
Tal padrão específico de substantivos de terceira declinação emprega nü como terminação do caso
acusativo singular.
13
A maneira de discernir a diferença entre tal forma e o nominativo singular é verificar se a raiz está
presente (por exemplo: *onomat). Se estiver (o`no,mata), estará no plural. Se não, estará no singular (por
exemplo: o;noma,).
14
A terminação do caso nominativo é igual à de ca,ritej (piste + ej pi,steij). O acusativo plural usa a
mesma terminação de caso que o nominativo plural, como se a palavra fosse neutra.
15
A terminação de caso wn não engole a vogal final da raiz, como acontece na primeira e segunda
declinação. Trata-se da evidência de que o épsilon substituiu o iota consonantal.
16
Qualquer mudança no nominativo singular também está presente no dativo plural, uma vez que as duas
terminações de casos começam com sigma. A terminação de caso é si, o inverso da terminação da primeira
e segunda declinação. O nü entre parênteses, após cada uma destas formas é um nü móvel.
17
A terminação do caso nominativo é igual à de ca,ritej (piste + ej pi,steij). O acusativo plural usa a
mesma terminação de caso que o nominativo plural, como se a palavra fosse neutra.
Função. Os substantivos de todas as declinações funcionam da mesma maneira,
o que muda é a forma.
Reconhecimento das terminações dos casos. Não memorizar os paradigmas da
tabela acima, mas, sim, as terminações no quadro mestre das terminações de casos, vendo
qual é a aparência das terminações de casos quando estão ligadas a um substantivo.
Estudar cuidadosamente, notando o que há em comum umas com as outras e com a
primeira e segunda declinação. Há outros padrões na terceira declinação, mas conhecendo
os que estão no quaro a seguir, os demais serão fáceis de serem reconhecidos.
Nominativo i i a ej a23
Genitivo Plural wn wn wn wn wn
Dativo ij ij ij si(n)24 si(n)
Acusativo uj25 j a aj26 a
Fonte: Adaptado de MOUNCE, William D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática. São
Paulo Vida, 2009.
18
Estar preparado para as mudanças da letra final da raiz (regra 8).
19
A terminação é ómicron, que se contrai com a vogal da raiz final e forma ou (regra 5).
20
A vogal se alonga (regra 5) e o iota fica subscrito (regra 4).
21
Por terminarem as raízes de terceira declinação em consoante, o iota não pode ficar subscrito, como na
primeira e segunda declinação. Por isto, ele permanece na palavra.
22
A terminação de caso alterna-se entre alfa e nü.
23
Em contraste com a primeira e segunda declinação, tal alfa é uma terminação do caso, não uma vogal
alterada da raiz. A situação do acusativo plural é idêntica.
24
O nü é um nü móvel. A terminação si é uma versão invertida de ij, encontrada na primeira e segunda
declinação.
25
A terminação da primeira e segunda declinação é nj, mas o nü cai por conta do sigma que vem depois
dele. Na primeira declinação, o alfa se une ao sigma (*wra + nj w[raj), mas, na segunda declinação, o
ómicron da raiz final se alonga em ou (regra 5; logonj logoj lo,gouj).
26
Em contraste com a primeira declinação (por exemplo: w[ra), o alfa aqui fez parte da terminação do caso.
Todos os substantivos com raiz que termina em mat são neutros (por exemplo:
o;noma).
Todos substantivos com raiz que termina em iota consonantal são femininos (por
exemplo: pi,stij).
É importante memorizar o gênero dos substantivos, especialmente se são neutros,
por conta de suas características específicas.
O artigo é especial na terceira declinação. Embora o substantivo mude de forma,
o artigo sempre permanece o mesmo. tw/| sempre continua sendo tw/|, independente de o
substantivo que modifica estar na primeira, segunda ou terceira declinação.
A maioria dos substantivos é modificada pelo artigo, o que facilita a determinação
do gênero do substantivo.
A sétima regra de oito dos substantivos está no quadro a seguir, o qual deve ser
memorizado. É útil repeti-lo da esquerda para a direita e em todos os outros sentidos27.
27
Há títulos para as colunas. p, k e t são surdos, porque a laringe não é usada em sua pronúncia. b, g e d são
sonoros, porque a laringe é usada. Com os dedos colocados na laringe, o indivíduo pode falar as letras
anteriores, bem como sentir a laringe vibrar ao pronunciar as oclusivas sonoras f, c e q, que são aspiradas.
A aspiração áspera também é um som gutural.
também será importante para o estudo dos verbos, de maneira que o tempo dedicado aqui
evitará horas de frustrações mais tarde.
Uma oclusiva é uma consoante cujo som é formado por meio de retardar ou
impedir totalmente o fluxo do ar pela boca28.
As oclusivas são divididas em três classificações:
I) Labiais. p, b e f são formadas por meio do uso dos lábios para impedir
momentaneamente o fluxo do ar, o que é essencial para criar o som. O estudante pode
tentar dizer p sem deixar os lábios se tocarem;
II) Velares. k, g e c são formadas empurrando a parte central da língua contra a
parte mole do céu da boca29;
III) Dentais. t, d e q são formadas ao tocar a língua contra a parte traseira dos
dentes30.
Oclusivas com um s. Sempre que uma oclusiva e um sigma se encontram, os
resultados são previsíveis. É necessário aprender as mudança, pois elas são encontradas
frequentemente.
*skolop + s sko,loy31
*sark + si sa,rxi
*carit + s ca,rij32
28
Na coluna final de oclusiva, f, c e q não são tecnicamente oclusivas, mas aspiradas, porque o fluxo do ar
não é interrompido, apenas retraído. Entretanto, por se encaixarem bem no padrão, é mais fácil considerá-
las como oclusivas.
29
Alguns estudiosos usam palatais para descrever estas três consoantes, porque a parte mole do céu da
boca é o palato.
30
Na verdade, não são os dentes, mas a lombada alveolar atrás dos dentes que é usada, mas o termo dentes
é mais fácil de ser associado com dental.
31
Há sete substantivos no Novo Testamento cujas raízes terminam em p, mas muitas raízes terminam em
kapa ou tau.
32
Na verdade, a dental forma um sigma, e o sigma duplo se simplifica em sigma único (carit + j sj
ca,rij).
logo + nj lo,gouj33
Já que uma dental também cai quando seguida por um sigma, a combinação ntj
também virará sigma.
pant + j pa/j
Regra 8: um tau não pode ficar no fim de uma palavra; logo, ele cairá. A raiz do
termo que significa nome, por exemplo, é *ovnomat. Não é usada terminação de caso no
nominativo singular. Logo, o tau cai: *onomat + - o;noma.
Esta é a regra final para as terminações dos casos.
pa/j
TABELA: Paradigma.
3ª declinação 1ª declinação 3ª declinação
Masculino Feminino Neutro
NOMINATIVO pa/j36 pa/sa pa/n37
GENITIVO SINGULAR panto,j pa,shj panto,j
DATIVO panti, pa,sh| panti,
ACUSATIVO pa,nta pa/san pa/n
33
Em substantivos de segunda declinação, o ómicron final se alonga em ou para compensar a perda do nü.
34
3-1-3 significa que masculino e neutro seguem a terceira declinação, enquanto o feminino segue a
primeira. Em português, todo também pode ser pronome indefinido ou advérbio. Dependendo do contexto,
quando usado como pronome indefinido, pa/j pode ser traduzido como cada.
35
Há alteração porque o iota consonantal foi acrescentado para formar a raiz feminina, e nt + iota
consonantal forma pa/j.
36
O nt cai antes do sigma.
37
Não é usada terminação de caso, e um t não pode aparecer no fim de uma palavra, ele cai.
DATIVO pa/si(n)38 pa,saij pa/si(n)
ACUSATIVO pa,ntaj pa,saj pa,nta
Fonte: Adaptado de MOUNCE, William D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática. São
Paulo Vida, 2009.
A mudança do alfa para êta no genitivo e dativo do feminino singular podem ser
inesperados para o estudante. Se a palavra da primeira declinação tem raiz que termina
em alfa, e a letra anterior é épsilon, iota ou rô, formará o genitivo e o dativo com alfa.
De outra forma, o alfa mudará para êta.
ea aj
ia aj
ra aj
Por pa/j ser adjetivo, pode funcionar substantivamente. Quando isto ocorre, pode
pedir um termo adicional na tradução, como pessoas ou coisas, algo que nem sempre é
exigido no português. Diferente de outros adjetivos, pa/j geralmente fica na posição
predicativa quando modifica um substantivo.
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38
O nt cai antes do sigma. Ocorre o mesmo no dativo plural neutro.
Há casos em que o significado do artigo parece mudar. Quando a expressão o` de,
é lida, o artigo é traduzido como um pronome pessoal: mas ele39.
Resumo
Vocabulário
39
O artigo grego é uma forma enfraquecida do pronome demonstrativo e, por isto, é usado com vários
significados diferentes.
Atentar para memorizar o nominativo, genitivo e artigo para cada substantivo da
terceira declinação. Geralmente, os léxicos apresentam só as letras finais da forma
genitiva do substantivo da terceira declinação, mas, aqui, é apresentada a forma completa
do genitivo.
a[gioj, -i,a, -ion – adjetivo: santo (*a`gio/a; 2-1-2)40; substantivo plural: (os) santos
avnh,r, avndro,j, o`41 – homem, marido, macho (*avndr)42
eiv – se43
ei-j, mi,a, e[n44 – um (*en/*mia; 3-1-3)45
h;dh – agora, já
o;noma, ovno,matoj, to, – nome, reputação (*onomat)46
pa/j, pa/sa, pa/n – singular: todo, cada (*pant/pasa; 3-1-3)47; plural: todos
path,r, patro,j, o`48 – pai (*patr)49
peri, – genitivo: concernente a, a respeito de, acerca de, sobre50; acusativo: ao redor de
pi,stij, pi,stewj, h` – fé, crença (*pisti)51
40
Os hagiógrafos (a`gio,grafa) são os escritos sagrados, a terceira e última parte do cânon judaico.
Hagiolatria é a adoração dos santos.
41
No apêndice há o paradigma completo deste termo (n-3f[2c], um exemplo do sistema de códigos para as
classes de substantivos, explicado na introdução ao léxico). É semelhante ao modelo path,r.
42
Andrógino (avndro,gunh) é um ser masculino e feminino, isto é, um hermafrodita.
43
Tal palavra não é e=i, que significa tu és. Observar a acentuação, visto que eiv não tem seu próprio acento.
Como eva,n, eiv sempre introduz uma oração subordinada, por isto o sujeito principal não será encontrado,
nem seu verbo principal, na oração introduzida por eiv. Na nomenclatura gramatical portuguesa, tal termo é
definido como numeral.
44
Este termo tem uma aspiração áspera no masculino e neutro. Isto ajuda a diferenciar das preposições eivj
e evn. Tal adjetivo segue o modelo 3-1-3, e o masculino e neutro seguem a terceira declinação, enquanto o
feminino segue a primeira. A raiz é e`n e é da terceira declinação.
Nominativo singular ei/j mi,a e[n
Genitivo singular e`no,j mia/j e`no,j
Dativo singular e`ni, mia/| e`ni,
Acusativo singular mi,na mi,na e[n
No nominativo masculino, quando o nü da raiz cai por causa do sigma, o épsilon se alonga para ei, a fim
de compensar a perda (en + j ej ei-j)
45
Hendíadis é uma figura de linguagem em que dois substantivos descrevem uma só coisa. Vem da
expressão e]n dia, duoi/n, que significa uma só coisa por meio de duas. O henoteísmo é a crença em um só
Deus sem deixar de admirar a existência de outros deuses.
46
Onomatopeia (onomatopoii,a) indica a formação de uma palavra a partir da reprodução aproximada, com
os recursos de que a língua dispõe, de um som natural a ela associado, como bum ou psiu.
47
Panteísmo é a crença de que Deus está em todas as coisas.
48
Cf. padrão da declinação deste termo no apêndice.
49
Patriarca (patria,rchj) é o pai e chefe de uma família ou tribo.
50
O iota final entra em elisão só quando a palavra seguinte começa com um iota. Perímetro (peri,metroj) é
a delimitação ao redor de um objeto ou área.
51
Pistologia é o estudo da fé.
pneu/ma, -matoj, to, – espírito, Espírito
sa,rx, sarko,j, h` – carne, corpo (*sark)52
Si,mwn, -wnoj, o` – Simão
su,n – dativo: com53
sw/ma, -matoj, to, – corpo (*swmat)54
te,knon, -ou, to, – criança, filho, descendente (*tekno)55
tij, ti56 – alguém/algo (*tin; 3-3); determinada pessoa/coisa, qualquer pessoa/coisa
ti,j, ti, – quem? o quê? qual? por quê? (*tin; 3-3)57
u[dwr, u[datoj, to,58 – água (*u`dat)59
fw/j, fwto,j, to, – luz (*fwt)60
ca,rij, ca,ritoj, h` – graça, favor, bondade, benignidade (*carit)
52
Sarcófago (sarkofa,goj) é um caixão de pedra. Na Grécia, era feito de pedra calcária, a qual, segundo se
acreditava, consumiria ou comeria (fage,w) a carne.
53
Sin é um prefixo comum. Sinagoga (sunagwgh,) é um local aonde as pessoas vão juntas. Sinérese
(sunai,resij) é a contração de dois sons em um só ou a mudança de um hiato para um ditongo.
54
Uma enfermidade psicossomática é uma enfermidade física provocada por processos
psíquicos/emocionais. Somatologia é o estudo do corpo.
55
Tecnonímia é o costume de dar o nome ao pai da criança: pai de fulano.
56
Esta e as duas palavras que se seguem são idênticas quanto à forma, com exceção do acento. Cf.
paradigma no apêndice. Esta é uma das situações em que conhecer os acentos é importante. O termo tij
fica com ou sem acento na primeira sílaba. É o pronome indefinido. O termo ti,j é sempre acentuado em
sua primeira sílaba. É o pronome interrogativo. Ambos são adjetivos 3-3, porque usam o mesmo modelo
da terceira declinação para o masculino e feminino (ti,j) e a terceira declinação para o neutro (ti,).
57
Quando tal termo significa por quê?, geralmente estará no neutro (ti,).
58
Esta é uma classe diferente de substantivos da terceira declinação. Por ser neutro, tem a mesma forma no
nominativo e acusativo singular. Todas as demais formas são construídas de modo regular da raiz *u`dat
(cf. n-3c[6c], no apêndice).