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Paula Gomes
Universidade Lusíada de Lisboa e ISCAL
Manuela Sarmento
Universidade Lusíada de Lisboa e Academia Militar
1. Introdução
1
Decreto-Lei n.º 232/97, de 3 de Setembro.
2
Decreto-Lei n.º 26/2002, de 14 de Fevereiro.
3
Decreto-Lei n.º 26/2002, de 14 de Fevereiro.
4
Circular de 5 de Janeiro de 2004.
5
Circular de 11 de Abril de 2007.
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Sistema de Informação Contabilística utilizado pelos Serviços Integrados que apenas
dispõem de contabilidade orçamental.
7
Rede Integrada de Gestão Orçamental e dos Recursos do Estado (RIGORE).
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Sistema de Informação de Gestão Orçamental utilizado pelos Serviços e Fundos Autó-
nomos.
Decreto-Lei n.º 155/92, de 28 de Julho. Refira-se que artigo 45.º da LEO respeita
à assunção de compromissos e o artigo 10.º refere-se à contabilidade de compro-
missos ou encargos assumidos.
Salienta-se que o Decreto-Lei que estabelece as normas de execução do
OE para 20119 não utiliza a expressão “encargos assumidos” mas sim “compro-
missos” reforçando, no artigo 11.º, a necessidade de os serviços e organismos
da administração central registarem todos os compromissos correspondentes a
despesas certas, líquidas e exigíveis programadas para o ano de 2011, nos ter-
mos dos artigos 10.º e 11.º do Decreto-Lei n.º 155/92, de 28 de Julho, ainda que a
obrigação de pagamento não tenha ainda sido gerada.
No entanto, também estes Decretos-Lei não ajudam a esclarecer a questão
dado que preconizam que os serviços integrados e os serviços e fundos autó-
nomos são responsáveis por proceder ao registo da informação sobre os EANP,
incluindo o saldo das dívidas inicial e a transitar. O Decreto-Lei n.º 29-A/2011
no artigo 44.º n.º 4 acrescenta, ainda, que a “informação prestada nos termos do
presente artigo deve ser consistente com o registo de compromissos a que se
refere o artigo 11.º”.
A Circular n.º 1339 salienta que a informação referente aos EANP se des-
tina a ser utilizada na compilação das contas das Administrações Públicas para
efeitos do Procedimento dos Défices Excessivos, bem como a dar cumprimento
ao Programa “Pagar a Tempo e Horas”, o qual estabelece um conjunto de medi-
das visando a diminuição do prazo médio de pagamento a fornecedores.
Mais uma vez está criada a confusão quanto ao que se entende por encar-
gos assumidos. De facto, no âmbito do Programa “Pagar a Tempo e Horas” 10 os
EANP correspondem às dívidas de curto prazo a fornecedores. No entanto, o
Inventário de Fontes e Métodos português relativo à compilação dos dados no
âmbito do Procedimento dos Défices Excessivos (INE, 2007) estabelece a neces-
sidade de ajustar a informação numa base de caixa para uma base de acréscimo
dado que nem todos os serviços implementaram o POCP, o que é feito através
de informação recolhida de Entidades Estatais. Os principais ajustamentos efec-
tuados na despesa para a aproximar à especialização do exercício são efectua-
dos adicionando à despesa paga os compromissos assumidos a pagar e retiran-
do os pagamentos de compromissos assumidos em anos anteriores.
De acordo com o INE (2007) tem que se passar de uma base de caixa para
uma de compromissos, estabelecendo-se que os compromissos de anos ante-
riores correspondem às obrigações vencidas em anos anteriores. Apesar da re-
ferência a “compromissos” parece assumir-se a definição estabelecida em 2004
respeitante a dívidas vencidas e não pagas. No entanto, salienta-se que estes são
os procedimentos actualmente em vigor e o conceito actual da DGO já não é o
de dívidas vencidas, incluindo-se também as vincendas, pelo que se sugere uma
9
Decreto-Lei n.º 29-A/2011, de 1 de Março.
10
Resolução do Conselho de Ministros n.º 34/2008, de 22 de Fevereiro.
Critério de
Fonte Encargos assumidos e não pagos
reconhecimento
Critério de
Fonte Encargos assumidos e não pagos
reconhecimento
Critério de
Fonte Encargos assumidos e não pagos
reconhecimento
Circular Série A Os serviços e organismos devem assegurar
n.º 1351, de 14 o adequado registo de pagamentos que
de Maio de 2009, respeitem a compromissos assumidos em Compromissos
DGO anos anteriores.
Critério de
Fonte Encargos assumidos e não pagos
reconhecimento
Os serviços e organismos deverão assegurar
o adequado registo de pagamentos que
Circular Série A
respeitem a compromissos assumidos em
n.º 1333, de 11
anos anteriores, com a devida especificação, Compromissos
de Abril de 2007,
em termos de classificação económica,
DGO
oportunamente divulgada pela Circular
Série A n.º 1306, de 5 de Janeiro de 2004.
Até 2003 utilizava-se a actividade 198
“Despesas de anos anteriores” para
evidenciar o pagamento das despesas
Circular Série A relativas a compromissos de anos anteriores.
n.º 1306, de 5 de As despesas de anos anteriores a serem
Janeiro de 2004, Facturas vencidas
realizadas em 2004 apenas podem estar
DGO associadas a dívidas vencidas e não pagas
em 2003 (facturas cujo prazo de pagamento
findasse até 31 de Dezembro de 2003) e que
transitaram para 2004.
11
Decreto-Lei n.º 26/2002, de 14 de Fevereiro.
12
Decretos-Leis n.os 112/88, de 2 de Abril, e 450/88, de 12 de Dezembro, classificação
económica das despesas e receitas públicas, respectivamente.
5. O Período Complementar
13
Lei n.º 91/2001, de 20 de Agosto e alterações posteriores.
14
Serviços integrados (SI).
15
Respeita aos princípios e regras orçamentais.
gerência em nenhum artigo da LEO, foi este o adoptado como base conceptual
de construção do orçamento. A opção pelo sistema de gerência parece dever-se
(Pinto e Santos, 2005: 60):
Ao controlo mais fácil da tesouraria, a qual se reveste de uma importân-
cia crucial numa economia com défices excessivos e sucessivos. No entanto, esta
opção levanta alguns problemas na elaboração das contas nacionais, nomeada-
mente no que concerne às obrigações de anos findos (uma vez que devem estar
contidos nesses anos económicos e não no de pagamento) e às cobranças efectua-
das em anos diferentes daqueles em que foram liquidadas.
Ao fecho mais célere da Conta Geral do Estado (CGE), uma vez que é
mais fácil e rápido fechar contas por tesouraria do que por conta corrente com
diversas entidades.
De um ponto de vista económico-financeiro, a regra da anualidade resulta
da necessidade de a programação e controlo das actividades ser efectuada de
acordo com uma determinada perspectiva temporal. Torna-se, no entanto, ne-
cessário considerar horizontes temporais mais vastos pelo que os orçamentos do
SPA podem integrar programas, medidas e projectos ou acções que impliquem
encargos plurianuais16.
Apesar de o orçamento ser anual a lei admite a possibilidade de se consid-
erar um período complementar17 para efectivação dos pagamentos e dos crédi-
tos originados ou autorizados no respectivo ano económico (este último só será
aplicável aos serviços integrados (SI)18), até à data que for indicada em cada ano
no Decreto-Lei de execução orçamental. Estes têm operacionalizado o período
complementar sustentando um sistema que compreende regimes diferentes de
inscrição das receitas e das despesas na CGE. De facto, no âmbito da legislação
aplicável ao orçamento19 o sistema apresenta as seguintes características:
Não são consideradas na CGE as despesas que não possam ser proces-
sadas, liquidadas e pagas até 7 de Janeiro. São, ainda, consideradas caducadas
todas as autorizações de despesa cujo pagamento não tenha sido efectivado até
à mesma data.
A generalidade das receitas entra na CGE quando a sua efectivação se re-
alize até 19 de Janeiro, relativamente a créditos originados ou autorizados até 31
de Dezembro. No que concerne às receitas resultantes do endividamento público
não se encontra referência ao respectivo período complementar (a Lei n.º 7/98,
de 3 de Fevereiro, determina que “o endividamento público directo autorizado
em cada exercício orçamental poderá ser efectivado no exercício subsequente”).
Deste modo, também o prazo de 19 de Janeiro será aplicável a este tipo de recei-
16
Artigo 4.º, n.º 3, da LEO.
17
Artigo n.º 7, do Decreto-Lei n.º 155/92, de 28 de Julho.
18
Artigo n.º 52, do Decreto-Lei n.º 155/92, de 28 de Julho.
19
Para a execução orçamental de 2011 foi publicado o Decreto-Lei n.º 29-A/2011, de 1 de
Março.
6. Conclusões
patrimonial.
Em simultâneo, a compilação das contas das Administrações Públicas para
efeitos do Procedimento dos Défices Excessivos tem-se baseado na necessidade
de serem efectuados um conjunto de ajustamentos à informação reportada numa
base de caixa (dado que muitos serviços ainda não adoptaram a contabilidade
patrimonial) de modo a ajustá-la a uma base de acréscimo. No entanto, o INE uti-
liza a informação recolhida com base no conceito de EANP para proceder àqueles
ajustamentos, quando as regras estabelecidas indicam que a correcção a efectuar
deveria basear-se nos compromissos que ficam por pagar (que devem ser so-
mados à despesa paga) e nos compromissos pagos de anos anteriores (que deve
ser retirada àquela despesa). As próprias fontes do INE são confusas dado que
parecem ter tentado integrar a alteração introduzida pela DGO com a Circular
n.º 1306, no sentido de considerar apenas as facturas vencidas e não pagas. No
entanto, aquele conceito já foi alterado pela Circular n.º 1339 e não se procedeu
a qualquer alteração daquele documento metodológico. Acresce ainda o facto
de aquele documento manter o conceito de compromissos quando não é esta a
informação que tem sido recolhida pela DGO quanto aos EANP, apesar de ela
própria parecer confundir constantemente os conceitos de compromissos com o
de EANP, quando “claramente” estabeleceu que o segundo se reporta aos valores
efectivamente em dívida pelos serviços.
Salienta-se que a informação reportada pelos Relatórios do Orçamentos do
Estado e das Contas Gerais do Estado não é clara dado que os valores apresen-
tados como referentes a despesas pagas de anos anteriores e contribuindo para
o ajustamento das contas públicas para as contas nacionais respeitam a compro-
missos de anos anteriores, quando não é certo (e, até, muito pouco provável) que
seja essa a base daquela informação.
Também o documento metodológico do INE deve estabelecer de forma clara
quais são os métodos de conversão da despesa pública em despesa nacional dado
que não existe correspondência entre a metodologia estabelecida e a informação
recolhida e utilizada para efectuar aqueles ajustamentos.
Continuam a verificar-se situações em que os valores dos imobilizados não
estão reconhecidos como despesas de capital (mas em despesas correntes) o que
limita a determinação do valor de “formação bruta de capital fixo” ao nível das
contas nacionais. Tenha-se presente que ainda existem muitas entidades cuja in-
formação financeira se limita à contabilidade orçamental.
A existência de um período complementar para efectivar pagamentos e rece-
bimentos, com datas diferentes para cada um deles e aplicáveis apenas a deter-
minados organismos do SPA traduz-se numa incoerência do sistema financeiro
dado que movimentos entre entidades do SPA podem ser reportados em anos
económicos diferentes. Acresce ainda o facto de o período complementar não ser
aplicável às regiões autónomas ou às autarquias locais o que poderá conduzir a
que, nas contas nacionais, sejam consideradas valores de receitas e despesas que
não respeitam ao mesmo período de tempo.
Referências
Legislação
Circular Série A n.º 1364, de 11 de Março de 2011. DGO. Instruções sobre a forma
de prestação da informação respeitante aos Encargos Assumidos e Não Pagos.
Circular Série A n.º 1363, de 9 de Março de 2011. DGO. Instruções complemen-
tares ao Decreto-Lei de Execução Orçamental para 2011.
Circular Informativa n.º 20/SG, de 1 de Agosto de 2008. Secretaria-Geral do
Ministério da Saúde. Encargos Assumidos e Não Pagos.
Circular Série A n.º 1360, de 12 de Agosto de 2010. DGO. Instruções para prepa-
ração do Orçamento do Estado para 2011.
Circular Série A n.º 1359, de 23 de Junho de 2010. DGO. Instruções complemen-
tares ao Decreto-Lei de Execução Orçamental para 2010.
Circular Série A n.º 1354, de 4 de Dezembro de 2009. DGO. Instruções para pre-
paração do Orçamento do Estado para 2010.
Circular Série A n.º 1351, de 14 de Maio de 2009. DGO. Instruções complemen-
tares ao Decreto-Lei de Execução Orçamental para 2009.
Circular Série A n.º 1345, de 6 de Janeiro de 2009. DGO. Imposto sobre o Valor
Acrescentado (IVA) - Contabilização.
Circular Série A n.º 1343, de 1 de Agosto de 2008. DGO. Instruções para prepara-
ção do Orçamento do Estado para 2009.
Circular Série A n.º 1339, de 1 de Abril de 2008. DGO. Instruções para a forma de
prestação da informação respeitante aos Encargos Assumidos e Não Pagos.