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2. ESTADO DE MINAS ( ) Sexta-feira, 25 de maio de 2018 .

O TransMatriarcado de Pindorama
No Manifesto antropófago, Oswald de Andrade ataca a lógica patriarcal, que institui a herança e a propriedade privada e defende a potência feminina que favorece o coletivo
as contribuições do pensador austríaco refletindo sobre o dam executar quem desafia seu co-
BEATRIZ AZEVEDO* papel atribuído à mulher, tema tão caro a Oswald na sua mando. No Brasil o patriarcado é

“Só um poeta defesa do matriarcado. Lembremos, no entanto, que, em


Totem e tabu (1913), expõe-se uma teoria baseada na hipó-
machista, misógino e feminicida. A
“vaccina antropofágica” quer atuar

E
tese da horda primeva e no complexo de Édipo. Os protago- contra as escleroses urbanas e con-

é capaz de ser m 11 de janeiro de 1928 a pintora Tarsila


do Amaral, então casada com o poeta
Oswald de Andrade, prepara em seu ateliê
nistas do texto de Freud são, sempre, homens. O pai prime-
vo, os filhos, e a narrativa do assassinato do pai pelos filhos.
Levando em consideração que Freud afirma que o ato de
servatórios, contra males catequis-
tas e ideias cadaverizadas, contra a
inveja, a usura, a calúnia e o assassi-
mulher assim” um quadro para presentear o marido em
seu aniversário. Pés gigantes, cabeça pe-
devorar o pai teria sido o fundamento da sociedade, da mo-
ral e da religião, fica evidente o interesse de Oswald de An-
nato, “peste dos chamados povos
cultos e cristianizados”. O Matriar-
quena, fundo azul, um cacto verde e um drade em se contrapor a essa linha de pensamento. cado de Pindorama luta contra a
■ Oswald de Andrade sol de abacaxi, o quadro com a figura exó- A figura masculina, para Freud, está sempre muito realidade social vestida e opressora,
tica não tinha ainda um nome. Oswald, mais em evidência, a sexualidade masculina é o padrão; o e quer uma sociedade “sem os com-
surpreso e fascinado com a imagem, sugeriu batizá-lo de feminino permanece um enigma. Nesse sentido, pode-se plexos cadastrados por Freud”.
“antropófago”. Tarsila então correu para buscar o dicioná- inferir que Freud trabalha com uma “superioridade onto- O arsenal feminino e indígena
rio de Tupi que tinham em casa, organizado por Montoya, lógica” (na acepção de natureza inerente ao ser) do mas- vai aparecer no Manifesto como
e lá começou a vasculhar até que encontrou as palavras culino e do falo. Oswald, ao contrário, parece nutrir a ideia reação à estabilidade das forças
aba, significando “homem” e poru, “comer”. Tarsiwald – de uma “superioridade ontológica” do feminino, tanto na masculinas, estabilidade esta que
como era chamado por Mário de Andrade o casal frisson sua defesa do matriarcado como em sua vertente lírica, vem sendo mantida pelo recalque
da pauliceia desvairada nos anos 20 – Tarsila e Oswald jun- quando escreve: “Esta noite tenho o coração menstruado. produtor dos complexos da civiliza-
tos criaram o título Abaporu (o homem que come) para o Sinto uma ternura nervosa, materna, feminina, que se ção. Vislumbramos no Manifesto
quadro que se tornou emblemático da arte brasileira mo- desprega de mim como um jorro lento de sangue. Um um arco que vai do selvagem ame-
derna, recebeu a maior oferta em leilão para uma pintura sangue que diz tudo porque promete maternidades. Só ríndio, das índias estupradas pelo
brasileira, foi comprado pelo Museu Malba de Buenos Ai- um poeta é capaz de ser mulher assim”. colonizador, ao escravo negro, todos
res, e encontra-se agora exposto no MoMA em Nova York, Apesar de questionar o patriarcado, penso que Freud abusados pelo sadismo colonial.
na mostra Tarsila do Amaral: Inventing modern art in Bra- acaba por fazer, digamos assim, uma crítica “patriarcal” Oswald sabe que o Brasil é o país
zil, sob curadoria de Luis Pérez-Oramas. do patriarcado. Muito diferente de Oswald, que procurou mais atrasado do mundo, o último
A cabeça apoiada na mão, à maneira de um Pensador fazer uma crítica “matriarcal” do patriarcado. Em compa- a abolir sua escravidão, que, em ver-
tropical, certamente me inspira a ver no Abaporu uma ração com a filosofia antropofágica do poeta brasileiro, a dade, nunca foi abolida. O poeta viu,
aposta no pensamento selvagem não domesticado, que teoria freudiana me parece, em última análise, uma teoria exatamente no índio e na mulher, a
seria a base para a criação do Manifesto antropófago de falocêntrica e patriarcal. potência vital capaz de abalar as es-
Oswald de Andrade, escrito a partir deste presente de Tar- truturas patriarcais desta civilização
sila, e publicado meses mais tarde, em maio de 1928, no equivocada em que vivemos. No
primeiro número da Revista de Antropofagia. SUPEREGO TRIBAL texto Variações sobre o Matriarca-
Neste ano de 2018, em que celebramos os 90 anos do do, Oswald vai invocar a força das
Manifesto de Oswald, como falar da potente utopia do Deixando evidente que sua visão da antropofagia é Amazonas: “Evidentemente, a pala-
Matriarcado de Pindorama, diante da realidade vivida pe- pós-freudiana e que não acata a teoria de Freud, Oswald vra Matriarcado traz consigo a ideia
los corpos femininos neste Pau Brasil que golpeou a de- pergunta: “Que sentido teria num matriarcado o comple- Brasiliae terrae, gravura de Fernando Tavares inspirada em Oswald de Andrade de predomínio materno. Seria Ma-
mocracia, arrancou a primeira presidenta mulher do po- xo de Édipo?”. triarcado o fabuloso poderio atri-
der, e executou Marielle em plena via pública? Segue a argumentação de Oswald no texto “A psicolo- buído às Amazonas, no Brasil Co-
O instigante tema das liberdades individuais e coletivas, gia antropofágica”, evidentemente com as características lombiano”. Para Oswald, os princí-
do feminino, das questões atuais de gênero, e da política de seu humor iconoclasta: “Cabe a nós antropófagos fa- de Oswald, o patriarcado representa tanto a propriedade pios femininos e tribais são as bases da liberdade e igual-
contemporânea dos corpos inspira a reflexão no fluxo da zer a crítica da terminologia freudiana, que atinge profun- como a pátria. Se Marx, tematizando a luta de classes, dade universais que devem prevalecer frente ao mundo
utopia do Matriarcado de Pindorama e da Antropofagia. damente a questão. O maior dos absurdos é, por exemplo, opõe burguesia e proletariado, Oswald vai opor o patriar- capitalista. O corpo feminino é vital, potente e criador.
Em seu tempo, para abordar a passagem ancestral do chamar de inconsciente a parte mais iluminada pela cons- cado ao matriarcado, na mesma simetria de polarizações. Oswald de Andrade, aproximando-se do pensamento
Matriarcado ao Patriarcado, Oswald, via Nietzsche e Bacho- ciência do homem: o sexo e o estômago. Eu chamo a isso Mais adiante, Oswald dirá, no aforismo 25 do mesmo de Nietzsche, defende a sua antropofagia na perspectiva
fen, cita a Oresteia, trilogia de Ésquilo. Na sua interpretação de ‘consciente antropofágico’”. Manifesto antropófago, que “já tínhamos o comunismo”, religiosa, vital, com o mesmo valor atribuído pelo filóso-
da tragédia, Oswald diz: “O matriarcado tomba ante o voto Dando um último diagnóstico, doutor Oswald afirma: aludindo à vivência tribal dos tupis no século 16, muito fo ao dionisismo. O almejado “instinto da vida”, que Niet-
de Minerva que absolve Orestes matricida. Com o matriar- “Seria necessário revisar Freud e seus epígonos despindo- anterior à formulação da teoria marxista, no século 19. Ou zsche encontrou na Grécia Antiga, Oswald de Andrade si-
cado cai a propriedade comum do solo e inicia-se dialetica- os, em rigorosa psicanálise, dos resíduos vigentes da for- seja, parece que Oswald quer afirmar no seu manifesto tuou-o em seu “Matriarcado de Pindorama”.
mente o ‘progresso’ – a propriedade privada, fortalecida mação cristã-ocidental de que todos derivaram”. que a “contribuição brasileira” determinará sua visão A crítica ao catolicismo, que aparece em Nietzsche perso-
desde então pelo direito paterno e pela herança”. Na utopia antropofágica do poeta paulista, a civiliza- diante dos marcos históricos. Os tupis, no século 16, já se- nalizadanamanutençãodotabudasexualidade,emOswald
Na sua tese A crise da filosofia messiânica, Oswald con- ção patriarcal, doente por natureza, deveria se inspirar na riam comunistas antes de Marx, assim como a língua dos surge materializada no tabu da antropofagia. Penso que a
cluirá: “Estava aí assinalada a revolução que, na Grécia, cultura matriarcal das tribos ameríndias: “Numa socieda- ameríndios já teria sido surrealista antes das vanguardas centralidade do corpo – morada tanto do tabu da sexualida-
destronava a mãe do seu poderio incontestável. De ora de onde a figura do pai se tenha substituído pela da socie- europeias do início do século 20. de como do tabu da antropofagia – é o que mais une a visão
em diante seria aceito na Hélade o direito paterno e suas dade, tudo tende a mudar. Desaparece a hostilidade con- No Brasil, o principal ataque de Oswald é com relação à transgressora de Oswald de Andrade à de Nietzsche.
consequências. Fundava-se assim o instituto da herança tra o pai individual que traz em si a marca natural do ar- colonização e às tentativas de catequização. Para o poeta Na sua Verdade tropical, Caetano Veloso responde ao
patrilinear. Não quer isso dizer que o patriarcado tivesse bítrio. No Matriarcado é o senso do superego tribal que se paulista, “O jesuíta deixou entre nós uma psique neuras- psicanalista Contardo Caligaris, que teria afirmado que o
sido uma invenção grega, mas foram os gregos, através de instala na formação da adolescência. Numa cultura ma- tênica”; “as religiões de salvação desidentificam, levando Brasil se ressente da falta do “nome-do-pai”. O músico
Ésquilo, que definitivamente fixaram as transformações aos piores desvios – catolicismos, teosofia, puritanismo, baiano, refazendo o percurso da Tropicália e de sua gera-
da era matriarcal para a do poder paterno”.
triarcal, o que se interioriza não é mais a figura hostil do
pai-individuo, e, sim, a imagem do grupo social. Nessa comunismo ideológico”. ção, faz uma veemente defesa da filosofia de Oswald de PALIMPSESTO
Em A marcha das utopias, estabelecendo as diferenças confusão que o Patriarcado gerou, atribuindo ao padrasto O humor Oswaldiano revela toda a hipocrisia da coloni- Andrade: “Esse ‘antropófago indigesto’, que a cultura bra-
entre o matriarcado e o patriarcado, Oswald diz que o ma- – marido da mãe o caráter de pai e senhor, é que se fixa- zação: “Parece uma piada grotesca o fato de os jesuítas que sileira rejeitou por décadas, e que criou a utopia brasileira Antropofagia palimpsesto selvagem,
triarcado “tem presidido à pacífica felicidade dos povos ram os complexos essenciais da castração e de Édipo”. aqui aportaram fazerem traduzir o Decálogo para o tupi. de superação do messianismo patriarcal por um matriar- livro de Beatriz Azevedo, autora do
marginais, dos povos a-históricos, dos povos cuja finali- Em sua enorme capacidade de síntese, Oswald afirma, Soa como uma bufoneria de mau-gosto a insistência de se cado primal e moderno, tornou-se para nós o grande pai”. artigo destas páginas, é uma
dade não é mais do que viver sem se meterem a conquis- categórico: “Freud é apenas o outro lado do catolicismo. querer incutir no índio nu, polígamo e ocioso o respeito à Caetano continua: “Tal como a vejo, a antropofagia é detalhada análise sobre o Manifesto
tadores, donos do mundo e fabricantes de impérios”. Como Marx é o outro lado do capitalismo”. No manifesto mulher do próximo (Nono Mandamento) e a guarda do do- antes uma decisão de rigor do que uma panaceia para re- antropófago. Foi o último trabalho
Mesmo com as palavras “ma- mingo para o descanso (Terceiro Mandamento)”. solver o problema da identidade do Brasil. A poesia límpi- publicado pela extinta editora Cosac
triarcado” e “Pindorama”, primor- Com a colonização e a catequização, aconteceu o pior da e cortante de Oswald é, ela mesma, o oposto de um Naify, em 2016, com arte gráfica de
dialmente associadas ao passado ar- para o Brasil: “Estavam instituídos na selva matriarcal o complacente ‘escolher o próprio coquetel de referências’.
Tunga (1952-2016). Esgotado há
caico, para Oswald de Andrade o trabalho escravo, a divisão da sociedade em classes e a he- A antropofagia, vista em seus termos precisos, é um mo-
Matriarcado de Pindorama é uma rança”. Diante da colonização e do patriarcado personifi- do de radicalizar a exigência de identidade (e de excelên- tempos, o livro ganhará reedição
formulação contemporânea, que cado no Estado, em Deus, no pai, na nação e no capitalis- cia na fatura), não um drible na questão”. pela Edições Sesc SP, com o mesmo
aponta para o futuro. mo, a Antropofagia vai se inspirar no ameríndio tribal, no Antropofagia é uma concepção de mundo. Uma pers- projeto gráfico. O lançamento está
O alvo da antropofagia oswaldia- corpo nu, na existência livre, sem deus, sem propriedade, pectiva original para olhar a história do Brasil e do mundo. previsto para o fim de julho, na Festa
na sempre foi “a velha luta contra o sem legislação e sem gramática. Proposta de subversão dos valores patriarcais, visa à in- Literária de Paraty (Flip).
autoritarismo, expresso na imagem versão do vetor colonial. A Antropofagia quer que o Brasil
do pai e nos sistemas sociais que a deixe de ser território explorado pelo colonizador e con-
prolongam, contra os quais fez a SEM VERGONHA sumidor passivo dos modismos internacionais, deixe de
apologia do matriarcado”, como
bem lembrou o critico literário An-
ser “importador de consciência enlatada”, e passe a ser um
país criador de uma “poesia de exportação”.
OSWALDIANAS
Segundo Oswald, “o índio não tinha o verbo ser. Daí ter
tonio Candido. escapado ao perigo metafísico que todos os dias faz do ho- No Manifesto antropófago de 1928, Oswald articula sua
As obras que ilustram estas páginas
Oswald associou sua visão do pa- mem paleolítico um cristão de chupeta, um maometano, relação com o Brasil, o mundo, o outro, em sentido pro-
pel feminino à filosofia do matriar- fundo. Mais que compreender a antropofagia ritual entre foram reproduzidas do livro
um budista, enfim um animal moralizado. Um sabiozi-
cado, chegando a inspirar a Candido os tupis, Oswald inventou o seu próprio mito, engendrou Oswaldianas, de Fernando Tavares,
nho carregado de doenças”.
o uso da palavra “feminista” para Na Revista de Antropofagia, publicada em SP em 1928 uma trama conceitual e ritualizou a sua poética. Enquan- composto em tipografia a partir de
descrever o autor no ensaio “Os dois e 1929, Oswald de Andrade costumava assinar artigos com to formação de sentidos, literatura e arte, o uso da ima- textos do poeta publicados na
Oswalds”: “Havia nele o respeito pe- pseudônimos. Ele misturou os nomes de Freud e Friederi- gem antropofágica é alegórico. O autor não voltou apenas Revista de Antropofagia (1928-
la mulher num plano essencial. Daí ch Nietzsche para criar a personagem chamada Freuderi- ao passado tribal, mas simultaneamente projetou no fu- 1929). A edição de apenas 30
o fervor com que preconizava a sua co. Em outro momento, faz uma homenagem a Karl Marx turo utópico a sua visão do matriarcado. exemplares foi impressa
liberdade e valorizava o seu papel. associando o nome ao ato de mastigar, peculiar dos antro- Oswald criou um território e seu tempo mito-poético: manualmente na Oficina Goeldi, em
Verdadeiro precursor, Oswald que- pófagos, criando o pseudônimo de Marxillar. É exatamen- o “Matriarcado de Pindorama”. O Matriarcado é uma pos- Belo Horizonte, com projeto gráfico
ria vê-la como eixo da sociedade, re- te Marxillar quem vai explicar: “O índio é que era são. O sibilidade sempre aberta, não está inscrito em uma tem- de Mario Drumond e impressão de
montando para justificar-se a teo- índio é que é o nosso modelo. O índio não tinha polícia, poralidade, mas é um movimento de criação permanen-
Romeu Bessa. A rara publicação é de
rias mais ou menos válidas sobre o não tinha recalcamentos, nem moléstias nervosas, nem te. O Matriarcado de Pindorama é um território mitopoé-
matriarcado, que lhe serviram co- tico, um devir selvagem onde o pensamento não é do- 1981, ano 427 da deglutição do bispo
delegacia de ordem social, nem vergonha de ficar pelado,
mo ponto de apoio para condenar o mesticado, é uma terra do porvir, onde vigora a invenção, Sardinha.
nem luta de classes, nem tráfico de brancas, nem Ruy Bar-
patriarcalismo autoritário e abrir a bosa, nem voto secreto, nem se ufanava do Brasil, nem era a alegria e a liberdade. Liberdade que, neste 2018, ainda
perspectiva de um estado de coisas aristocrata, nem burguês, nem classe baixa. Porque será? precisaremos conquistar. Afinal, “a nossa independência
onde a preponderância feminina O índio não era monogamo, nem queria saber quem ainda não foi proclamada”.
permitiria a igualdade econômica e eram seus filhos legítimos, nem achava que a família era Mas como “a gente escreve o que ouve, nunca o que EM CATÁLOGO
o fim da violência. Convenhamos a pedra angular da sociedade”. houve”, encerro meu texto desejando para aqui e agora a
que a ser o Barba Azul da lenda, Na sua tese, Oswald de Andrade defende, portanto, o transvaloração de todos os valores, a subjetividade plural Em 2017, a Companhia das
Oswald seria um curioso Barba Azul indígena e a mulher, contra as injunções do patriarcado. e libertária, as infinitas possibilidades abertas pela escuta Letras/Penguin lançou Manifesto
familiar e feminista”. Oswald cita Simone de Beauvoir como grande escritora e da percepção além da consciência, do sensorial além da antropófago e outros textos. Sintética
O aforisma 6 do Manifesto antro- autora do “evangelho feminista”, o livro O segundo sexo. lógica, a insurreição cosmopolítica e o “transMatriarcado”
e cuidadosa compilação de escritos
pófago de Oswald de Andrade diz: Sobretudo, traça um painel histórico dos arquétipos ne- de todo Pau Brasil.
“Estamos fatigados de todos os ma- de Oswald de Andrade produzidos
gativos associados ao feminino: “Na Gênese, Eva é a cul-

*
ridos católicos suspeitosos postos entre 1922 e 1931, inclui o Manifesto
pada, na Grécia homérica é Pandora que dispersou sobre
em drama. Freud acabou com o o mundo todos os males saídos de sua concha. Nas duas da poesia pau brasil (1924), excertos
enigma mulher e com outros sus- versões, ambas patriarcais, a Idade de Ouro, que mais tar- da Revista de Antropofagia e um do
tos da psicologia impressa”. de Ovídio cantaria, refulge na saudade do homem redu- Beatriz Azevedo é doutora em Artes pela Unicamp e mestre semanário político O Homem do
Ao longo do Manifesto, Oswald, zido a escravo pelo Patriarcado”. em literatura comparada pela USP. Estudou música e dramaturgia Povo. Os organizadores Jorge
ao mesmo tempo, incorpora e ques- A Antropofagia denuncia a eterna manipulação para e gravou antroPOPhagia ao vivo em Nova York (Biscoito Fino) Schwartz e Gênese Andrade
tiona ideias de Freud. No aforismo manter a mulher fora da prática política. Aqui, o patriarca- e autora de Antropofagia palimpsesto selvagem (Cosac Naify). enfatizaram marcas da produção do
citado, em particular, ele menciona Página da Revista de Antropofagia de 1928, com o Manifesto e o desenho de Tarsila do é o do latifúndio, da oligarquia, dos coronéis que man- Site www.beatrizazevedo.com. escritor: síntese, argúcia e humor.

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