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Agricultura Biológica
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Índice
1. Formas de agricultura: convencional e biológica 4
2. Caracterizar o Modo de Produção Biológico 5
2.1 Distribuição a nível Mundial 5
2.2. Princípios de produção Biológica nas explorações 6
3. Vantagens e desvantagens da agricultura biológica no quadro da
horticultura por comparação com a agricultura convencional 6
4. Efeitos da agricultura nas características e na qualidade dos produtos 7
5. As exigências do mercado: a qualidade e a regularidade 8
6. Controlo do modo de produção biológico 8
7. Relação solo-planta-clima-ambiente 12
8. Ecologia e conceito de população, habitat, comunidade biótica e
Ecossistema 14
8.1. Homem como agente modificador de ecossistemas 16
9. Planificação da sementeira/plantação/propagação, em modo de produção
biológica 17
9.1. Características das culturas - exigências edafo-climáticas, nutritivas,
formas de propagação e variedades utilizadas 17
9.2. Datas de sementeira e de plantação 25
9.3. Pragas, doenças mais vulgares e plantas companheiras e antagónicas 28
9.4. Auxiliares 30
9.5. Tratamentos fitossanitários autorizados e homologados 34
Bibliografia 37
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Introdução
O Modo de Produção Biológico é um sistema global de gestão das explorações
agrícolas e de produção de géneros alimentícios que combina as melhores práticas
ambientais, um elevado nível de biodiversidade, a preservação dos recursos naturais, a
aplicação de normas exigentes em matéria de bem-estar dos animais e método de
produção em sintonia com a preferência de certos consumidores por produtos obtidos
utilizando substâncias e processos naturais.
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1. Formas de agricultura: convencional e biológica
A decisão de enveredar pelos métodos alternativos da Agricultura Biológica dependerá
da necessidade, mais ou menos sentida pelos agricultores, de explorar opções que
possam responder satisfatoriamente aos problemas provocados por práticas e técnicas
ditas convencionais, mas, também, da confiança de que seja esta a melhor alternativa
para o futuro, quer do ponto de vista económico-financeiro (onde se pesam os prós e
os contras de investimentos que se podem revelar de risco), quer do pondo de vista
ético (onde pesam os novos valores ecológicos que reequacionam posicionamentos
produtivistas mais antropocêntricos).
O objecto de aproximar as formas como abraçam os agricultores os propósitos
implícitos no modo de produção biológica, focalizando, nomeadamente, em que
medida se mostram importantes para as suas opções:
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Esta será, portanto, a oportunidade para tentar encontrar relações entre
consciencialização ecológica e empenhamento numa agricultura mais sustentável,
mais equilibrada e que represente, de facto, uma alternativa à agricultura intensiva
que, para os defensores dos métodos biológicos, terá levado: a uma dependência
excessiva de agro-químicos e do poder económico-financeiro transnacional; a uma
procura de produtividade impulsionada, basicamente, pela demanda da multiplicação
do lucro e de mais-valias; ao domínio arrogante da natureza, esquecendo os limites e a
necessidade de preservar os equilíbrios ecológicos, a biodiversidade e a complexidade
dos ecossistemas naturais.
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A utilização racional dos recursos deve conduzir ao estabelecimento de uma fileira de
produção, de preparação e de distribuição que seja socialmente justa e
ecologicamente responsável. O conceito de Agricultura Biológica foi legalmente
instituído pelo Regulamento CE 2092/91, que até hoje tem vindo a sofrer diversas
alterações e, derrogações, para além de ter sido complementado com outros
Regulamentos e Anexos ao documento original.
Nesse tipo de produção, por exemplo, utilizam-se apenas sistemas naturais para
combater pragas e fertilizar o solo. Um exemplo é o controle biológico, que utiliza
técnica que se utiliza nos meios naturais para diminuir a população de organismos
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ofensivos, e o uso do húmus e estercos animais, que aumentam a fertilidade do solo.
Além disso, é empregada tecnologias para análise do solo, clima e água.
Além de não prejudicar o meio ambiente, a agricultura biológica traz como vantagens
o equilíbrio microbiológico do solo, sem degradar a biodiversidade, já que utiliza a
rotação de culturas, adubação verde e a compostagem, que ajudam a impedir o
desaparecimento de muitas espécies.
Desvantagens:
Por outro lado, tanto o consumo quanto a oferta desses produtos em muitos locais
não é tão grande por causa dos altos preços, em média de 10% a 40%, se comparados
aos convencionais. O motivo dessa diferença é que estes alimentos são produzidos em
menor escala, levam mais tempo para serem colhidos e necessitam de mais mão-de-
obra.
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O Modo de produção biológica rege-se pelo Regulamento (CE) n.º 834/2007 do
Conselho, de 28 de junho de 2007, que estabelece os requisitos de base no que
respeita à produção, à rotulagem e ao controlo dos produtos biológicos. Este
regulamento estabelece o quadro jurídico aplicável à produção, distribuição, controlo
e rotulagem dos produtos biológicos que podem ser produzidos e comercializados na
União Europeia (EU). No Regulamento (CE) n.º 889/2008 da Comissão são
estabelecidas as normas de execução do Regulamento (CE) n.º 834/2007 para a
produção vegetal e animal.
Primeiramente temos que ter em atenção a execução dos princípios da produção em
modo Biológico, já apresentados, depois teremos que iniciar a conversão do método
de produção.
Antes de iniciar a atividade no novo modo de produção, o produtor elabora uma
avaliação prévia que identifica as áreas de risco de contaminação, os antecedentes de
aplicação de fertilizantes e de produtos fitofarmacêuticos, as análises de terra e água
realizadas e deve cumprir os requisitos:
- Este modo de produção constitui uma actividade ligada à terra, pelo que os animais
devem dispor de uma área de movimentação livre, devendo o seu número por unidade
de superfície ser limitado de forma a garantir uma gestão integrada da produção
animal e vegetal na unidade de produção, minimizando-se assim todas as formas de
poluição, nomeadamente do solo, das águas superficiais e dos lençóis freáticos. A
importância do efectivo deve estar estreitamente relacionada com as áreas
disponíveis, de modo a evitar problemas de erosão e desgaste excessivo da vegetação
e a permitir o espalhamento do estrume animal, a fim de evitar prejuízos ambientais;
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1. Selecção das raças ou estirpes de animais adequadas;
2. Aplicação de práticas de produção animal adequadas às exigências de cada
espécie, fomentando uma elevada resistência às doenças e prevenção de
infecções;
3. Utilização de alimentos de boa qualidade, juntamente com o exercício regular e
o acesso à pastagem, com o objectivo de incentivar as defesas imunológicas
naturais do animal;
4. Garantia de um encabeçamento adequado, evitando desse modo a
sobrepopulação e os problemas que daí podem decorrer para a saúde dos
animais;
5. No entanto, os animais doentes ou feridos, devem ser devidamente tratados;
O Plano de conversão, inclui uma avaliação prévia da área que irá ser utilizada, para a
exploração vegetal: tomamos em consideração o esquema das parcelas e a sua
ocupação cultural, técnicas de cultivo, plano de fertilização, plano de gestão da água e
técnicas de rega, proteção do solo e das variedades de plantas; nas explorações
animais, devemos tomar em consideração os efetivos pecuários, espécies e raças,
instalações, bem-estar animal, maneio animal e alimentação animal, profilaxia e saúde
animal, gestão de efluentes, produtos, produção e destino da produção.
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Para avançar com o registo em modo de produção biológica, o produtor terá que
realizar o seu registo junto da Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural,
é obrigatório fazer a declaração da área a explorar em modo de produção biológico.
Tem que estar associado numas das associações autorizadas pelo Ministério da
Agricultura que controlam e regulam todos os processos junto das empresas
produtoras agrícolas.
Estas são:
- agricert
- sativa
- certis
- sgs Portugal
- certi planet
- trad. e Qualidade
- codimaco
- naturalfa
- ecocert Portugal
- apcer
http://www.dgadr.gov.pt/sustentavel/modo-de-producao-biologico
Por exemplo a SGS Portugal, realiza os controlos desta forma resumida: Para a
certificação do Modo de Produção Biológico, o trabalho desenvolvido pela SGS baseia-
se no desenvolvimento de um Plano de Controlo da produção com a realização de
Controlo Documental, Inspeções e Ensaios Laboratoriais que visam verificar o
cumprimento da legislação, da rastreabilidade e ainda a recolha e análise de amostras
para avaliação da qualidade dos produtos. Estas atividades são efetuadas ao longo de
um processo de certificação que inclui:
- Diagnóstico, através de uma auditoria inicial;
- Acompanhamento anual com auditorias em campo;
- Intervenções extraordinárias sem periodicidade definida. Durante as auditorias, as
amostras são recolhidas, devidamente seladas e identificadas pelos técnicos da SGS e,
posteriormente, enviadas para laboratório acreditado selecionado pelo operador. Os
parâmetros a analisar são os definidos na legislação/ regulamentação aplicável e em
vigor à data da sua realização.
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Para uma informação mais detalhada poderá consultar:
http://www.naturalfa.pt/content/documents/guia-para-o-produtor-biologico.pdf
7. Relação solo-planta-clima-ambiente
Segundo Monte, José; Zonta, Everaldo, o Solo constitui o suporte das plantas, segundo
a definição (ISO 11074-1, 1/08/1996) “é a camada superficial da crosta terrestre, constituída
por partículas minerais, matéria orgânica, água, ar e organismos vivos.”
O solo é classificado quanto á sua textura, composição, matéria orgânica, elementos
químicos, água,….
Quanto á textura, refere-se à distribuição percentual (%) das partículas: areia, silte e
argila, em uma porção de terra.
Solo argiloso é um solo que tem predominância de partículas de argila, mas também
podem ter partículas de silte e areia.
Solo arenoso é um solo que tem predominância de partículas de areia, mas também
podem ter partículas de silte e argila em menor proporção.
Os solos argilosos normalmente retêm mais água que os solos arenosos, pois possuem
mais poros de tamanho pequeno, que são denominados de microporos. Ao contrário,
os solos arenosos possuem maior quantidade de poros de tamanho grande que são os
macroporos, não sendo capazes de reter água como os argilosos.
Normalmente, em condições idênticas de clima; topografia; quantidade de matéria
orgânica, os solos argilosos são mais férteis “melhores” do que os arenosos, e segundo
NETO et al, 1994 os solos de textura média são do ponto de vista físico, mais
adequados ao uso agrícola.
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A matéria orgânica pode indicar a quantidade de nutrientes existentes na camada
superficial do solo, sendo também importante, para muitas outras propriedades do
solo.
A matéria organica, libera lentamente nutrientes para as plantas, tais como: Azoto(N),
fósforo (P) e Potássio (K) e outros micronutriente.
Aumenta a capacidade de retenção de água do solo; Melhora a estrutura do solo.
É possível incorporar matéria orgânica do solo, através de práticas agrícolas, tais como:
adubação orgânica, adubação verde, plantio direto e eliminação da queimada, pois a
matéria orgânica do solo, juntamente com a vegetação rasteira (plantas),facilita a
entrada da água no solo, diminuindo o volume da enxurrada, consequentemente
diminuindo as perdas de solo por erosão.
Ciclo da água
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Entre os gases do efeito estufa que estão aumentando de concentração o (CO2), o
CH4e o N2O são os mais importantes.
Ecologia é um ramo da Biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o meio
ambiente onde vivem, bem como a influência que cada um exerce sobre o outro.
A palavra ecologia vem de duas palavras gregas : Oikós que quer dizer casa, e logos
que significa estudo. Ecologia significa, literalmente a Ciência do Habitat. (Significados)
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e que por eles são afetados – em nível de comunidades, como mostra na imagem a
baixo. (Peroni, Nivaldo)
Conceito de População um conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que vive em uma
determinada área em um determinado momento. Essa área pode ser a distribuição normal
desses organismos ou então um limite escolhido por um pesquisador que estuda aquele grupo
de seres. Sendo assim, uma população pode ser também um grupo de indivíduos da mesma
espécie que está sendo estudado. (Ma. Vanessa dos Santos)
Conceito de comunidade As comunidades, por sua vez, podem ser definidas como um
conjunto de populações em um determinado lugar e em um determinado espaço de tempo.
Essas diferentes populações, no entanto, não se distribuem de igual maneira, sendo algumas
espécies abundantes e outras raras. (Ma. Vanessa dos Santos)
Conceito de habitat, HABITAT- é o lugar específico onde uma espécie pode ser encontrada,
isto é, o seu "ENDEREÇO" dentro do ecossistema. Exemplo: Uma planta pode ser o habitat de
um inseto, o leão pode ser encontrado nas savanas africanas, etc. (Cassini Túlio)
Conceito de biótica BIÓTOPO- Área física na qual determinada comunidade vive. Por
exemplo, o habitat das piranhas é a água doce, como, por exemplo, a do rio Amazonas ou dos
rios do complexo do Pantanal o biótopo rio Amazonas é o local onde vivem todas as
populações de organismos vivos desse rio, dentre elas, a de piranhas. (Cassini Túlio)
Conceito de ecossistema
Conjunto formado por uma biocenose ou comunidade biótica e fatores abióticos que
interatuam, originando uma troca de matéria entre as partesvivas e não vivas. Em
termos funcionais, éa unidade básica da Ecologia, incluindo comunidades bióticas e
meio abiótico influenciando-se mutuamente, de modo a atingir um equilíbrio.
O termo "ecossistema" é, pois,mais geral do que "biocenose", referindo a interação
dos fatores que atuam sobre esta e de que ela depende. (Cassini Túlio)
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8.1. Homem como agente modificador de ecossistemas
Segundo, Monte, José; Zonta, Everaldo Com o aumento da população mundial, surge a
necessidade de aumento da produção de alimentos, tais como: milho, arroz, feijão,
café, carnes, entre outros. Para ocorrer esse aumento de produção, é necessário
aumentar a área plantada ou aumentar a produção na mesma área que vem sendo
cultivada. As práticas agrícolas no mundo têm na maioria das vezes, sido realizadas das
mais inadequada, resultando em agressões aos elementos naturais; como as florestas,
o solo e a água.
No momento da preparação do solo para o plantio, usa-se o trator com os arados para
cortar a terra, passando sobre ela em seguida, a grade para quebrar os torrões
deixados pelo arado.
Essa técnica de cultivo, utilizada de forma intensa, deixa a terra exposta à ação da
chuva, do vento e do sol.
Com isso, ocorre de forma acelerada a erosão do solo. A principal consequência disso é
o aumento da degradação do meio ambiente.
Atualmente pode-se observar a degradação do solo em diversos processos, tais como:
redução de sua fertilidade natural; diminuição da matéria orgânica; perda de solo por
erosão hídrica (causada pelas chuvas) e eólica (causada pelo vento); contaminação do
solo por resíduos urbanos e industriais (inclusive lixo); alteração do solo para obras
civis (cortes e aterros); exploração mineral.
É mais económico manter do que recuperar recursos naturais, sendo a sua
recuperação lenta, necessitando de um planeamento e de um investimento continuo,
até se quase atingir a sua forma natural. (Monte, José; Zonta, Everaldo)
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9. Planificação da sementeira/plantação/propagação, em modo
de produção biológica
Começamos por remeter numa primeira faze, para os princípios da agricultura
biológica, que nos dão directrizes essenciais para quem queira iniciar a produção em
média/grande escala e mesmo para a escala de produção familiar.
Temos que ter em conta também que todas as operações que realizarmos, têm que ter
presentes todos os pontos mencionados anteriormente, pois são eles que nos dão a
consciência da forma como todos os processos têm que ser realizados.
Neste ponto iremos apresentar de uma forma mais detalhada as técnicas e processos
de produção em modo de produção biológica na agricultura.
Cada planta necessita das condições óptimas de solo (matéria orgânica, temperatura,
humidade, arejamento e reacções de Ph), assim como condições a nível ambiental,
(temperatura, humidade, e luz), para que o sucesso do seu desenvolvimento seja
assegurado.
Desta forma antes de iniciar a cultura de determinadas plantas, devemos conhecer
bem cada tipo de planta e as suas exigências a nível do solo e a nível ambiental.
Os nutrientes são uma parte muito importante para o desenvolvimento das plantas, os
3 elementos fundamentais, macronutrientes são: Azoto, Fosforo e Potássio, (NPK).
Estes elementos são necessários, em conjunto com o Carbono, Hidrogénio e o
Oxigénio, para a formação de todos os órgãos das plantas. Assim como os elementos
secundários micronutrientes: o cálcio, o enxofre e o magnésio, que são exigidos em
quantidades razoáveis. Por fim há elementos que são essenciais em quantidades
residuais, os Oligoelementos, onde se incluem o ferro, o boro, o molibdénio e o
cobalto.
O Azoto é necessário onde e quando se pretende antecipar o crescimento das plantas.
A deficiência de Azoto em condições assimiláveis é denotada por um desenvolvimento
vagaroso e definhado, assim como uma coloração, verde-pálida das folhas. Em geral é
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absorvido pelas plantas em forma de nitratos ou sais de amónio. O papel do Azoto na
planta é predominante como um elemento básico responsável pelas proteínas,
substâncias necessárias ao desenvolvimento dos tecidos das plantas e por
consequência ao seu desenvolvimento.
O papel do potássio está associado às reacções químicas que acontecem nas células,
essencialmente a fotossíntese e com a disponibilidade de alimento à planta. Esta acção
explica a sua associação geral com o crescimento foliar. A sua deficiência, manifesta-se
em geram com o amarelecimento das margens das folhas. Á medida que essa
descoloração avança para o limbo, as margens vão adquirindo uma tonalidade parda e
evidenciam queimaduras.
O Fosforo, sobretudo usado sob a forma de fosfato, desempenha dois papéis,
importantes no crescimento da planta. Em primeiro lugar, trata-se de um elemento
essencial das proteínas muito especializadas que forma os cromossomas. Em segundo
lugar, é a base sob a qual a energia necessária para o crescimento e para o
desenvolvimento da planta é captada, transportada e libertada nas várias reações
químicas que ocorrem no interior das células das plantas. A deficiência do Fosforo
evidencia-se por características de crescimento definhado, associado a descoloração
das folhas, que adquirem uma coloração purpura ou vermelha.
Quanto ao micronutrientes, estes não têm indícios de carências, pois a planta
necessita deles em muito pouca quantidade, os únicos quer possam causar problemas
são o ferro e o magnésio. No caso do magnésio como é responsável pela coloração
verde das folhas, a sua escassez, provoca o amarelecimento das folhas mais velhas,
quanto ao ferro, a sua deficiência é caracterizada pelo amarelecimento das folhas,
embora as nervuras permanecem verdes.
Como ilustra a imagem, podemos observar a carências dos vários nutrientes na planta:
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Processo de nutrição de plantas e culturas
O uso correcto dos adubos autorizados para a agricultura biológica, nos processos de
nutrição das plantas e culturas é essencial para a rentabilidade do uso dos mesmos por
parte das plantas.
Os adubos assumem grande importância pois asseguram que as plantas dispõem dos
elementos de nutrição em quantidade suficiente.
Princípios da fertilização
Após, toda esta análise visual das plantas devemos proceder a uma análise do solo.
Para se proceder à análise de solos é necessário efectuar, em primeiro lugar, a colheita
de amostras na parcela. A principal preocupação nesta tarefa é garantir que a amostra
enviada ao laboratório seja representativa da área a analisar. O primeiro passo inicia-
se com a definição de zonas homogéneas na parcela (tipo de solo, tipo de vegetação,
problemas visíveis,..). Posteriormente devem colher-se várias subamostras em cada
zona homogénea da parcela, juntá-las num recipiente e, no final, misturá-las muito
bem para, a partir daí, se proceder à elaboração da amostra composta que será
entregue no laboratório.
A profundidade de colheita andará à volta dos 20 cm para espécies anuais ou para
parcelas com relva, ou cerca de 30 a 40 cm para árvores e arbustos de maior porte.
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A seguir ao envio das amostras para analise e posterior análise dos resultados
devemos proceder às correcções nutricionais, aqui os fertilizantes têm um papel
importante na correcção do valor dos nutrientes nas plantas.
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designa por húmus; outras, com valores bastante superiores, são sede de uma
actividade microbiana mais ou menos intensa em condições adequadas de
temperatura, de humidade e arejamento, decompondo-se ou mineralizando-se mais
rapidamente que o húmus em que, progressivamente, se vão transformando.
Simultaneamente com a mineralização do azoto orgânico ocorre um processo inverso,
a imobilização do azoto mineral, traduzido pela absorção deste, no todo ou em parte,
pelos próprios microrganismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica.
O saldo destes dois processos, no que toca à disponibilização de azoto mineral para as
culturas, será negativo. : Dias, J. C. Soveral
Estrumes 20 - 30
Estrume de cavalo 22 - 25
Estrume de ovino 20 - 25
Estrume de aves 10 - 15
Estrume de galinhas 5
poedeiras
Dejectos frescos de 7
galinha: criação em bateria
Dejectos frescos de 13
galinha: criação no solo
Estrume de perus 11
Composto de resíduos de 10
jardim
Composto de resíduos 12 - 18
21
sólidos urbanos
Palha de centeio 77
Palha de milho 50 - 55
Bagaço de uva 20 - 25
Bagaço de azeitona 16 - 32
Caruma 50
Fetos 15 - 20
Giesta 15 - 20
Fonte: Dias, J. C. Soveral ,Código de boas práticas agrícolas, Laboratório químico-agrícola rebelo da silva
Variedades utilizadas
Com a consequente modernização da agricultura, as culturas tradicionais, com as
variedades regionais, associadas às culturas dos minifúndios, foram esquecidas, em
detrimento de culturas mais rentáveis.
Hoje com o despertar do interesse do consumidor, por produtos agrícolas
provenientes de uma agricultura mais sustentável, e com menos resíduos químicos em
prol da saúde e bem-estar, os produtores começaram a voltar-se para as culturas
anteriormente esquecidas, com maior valor endógeno, de qualidade, mais resistentes
e adaptadas aos sistemas de minifúndio dominates, potenciando o valor destas
variedades, satisfazendo estas novas exigências de consumo.
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Exemplo de rotação das culturas
Precedentes Precedentes a
Culturas a instalar Observações
favoráveis evitar
Alfaces e Alho, alho-francês, Alface, beterraba,
alcachofras batata e cebola couve e nabo
Abóbora, aipo,
Alho, alho-francês,
cenoura, couves,
Coube e nabo cebola e espinafre Rotação 5 anos
feijão, melão, nabo,
pepino e tomate
Abóbora, batata,
Batata, beringela, Alho, alho-francês e
beringela, melão,
pimento e tomate cebola
pepino, pimento e
tomate
Couve, nabo,
ervilha, favas, Alho, alho-frances,
Alho, Alho-francês
feijão, batata, beterraba, cebola e
e Cebola
berigela, pimento, milho
tomate
Alho, alho-francês,
Ervilha, fava, feijão Ervilha, fava, feijão
cebola
Aveia, beterraba,
Milho Milho, batata
couve, linho
Fonte: Manual de Agricultura Biológica (2002)
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(Cucurbita
Abóbora fruto 20 110 28 125
maxima)
(Apium
Aipo raízes 18 130 50 200
graveolens)
(Latuca
Alface folhas 25-35 63-88 25-35 150-210
sativa)
(Allium
Alho bolbos 10-14 111-182 43-174 80-415
sativum)
(Allium
Alho francês bolbos 15-50 50-167 30-100 60-200
porrum)
(Oryza
Arroz grão 4-10 49-122 24-60 44-111
sativa)
(Avena
Aveia grão 1-4 23-90 10-40 28-110
sativa)
Batata (Solanum
tubérculos 15-60 75-300 35-141 158-630
primor tuberosum)
Batata (Solanum
tubérculos 15-60 75-300 33-133 133-533
temporã tuberosum)
Beterraba (Beta
raízes 40-65 132-275 48-116 258-572
de mesa vulgaris)
Beterraba (Beta
raízes 50 150 50 250
forrag. vulgaris)
(Allium
Cebola bolbos 15-50 45-150 24-80 66-220
cepa)
(Daucus
Cenoura raízes 15-50 72-240 28-93 111-370
carota)
(Secale
Centeio grão 1-4 33-133 10-40 27-107
cereale)
(Brassica
Couve inflorescênci
oleracea 20 90 34 84
bróculos as
var. italica)
Couve (Brassica folhas e
35 190 90 180
comum oleracea) talos
(Brassica
inflorescênci
Couve flôr oleracea 25 170 70 220
as
var. botrytis)
(Brassica
Couve oleracea folhas e
11 45 16 39
galega var. talos
acephala)
Couve (Brassica folhas e
40 320 80 300
lombarda oleracea) talos
Couve (Brassica folhas e
35-50 250 85 250
repolho oleracea talos
24
var.
capitata)
(Pisum
Ervilha vagem 7-10 438-625 105-150 228-325
sativum)
Fava (Vicia faba) vagens 10-14 120 30 80
(Phaseolus
Feijão verde vagens 4,5 135-219 8-13 58-62
vulgaris)
(Cucumis
Melão fruto 20-24 49-122 17-23 112-229
melo)
Milho grão (Zea mays) grão 3-16 83-440 31-165 65-347
Milho planta
(Zea mays) 40-90 98-220 40-91 133-300
forragem inteira
(Fragaria x
Morango fruto 25-50 108 70 190
ananassa)
(Brassica
Nabo raíz 20-30 100 60 100
napus)
(Cucumis
Pepino fruto 15-30 47-50 13-40 65-80
sativus)
(Capsicum
Pimento fruto 41-54 183-201 47-56 269-277
annum)
(Petroselium planta
Salsa 20 55 20 120
sativum) inteira
(Lycopersicu
Tomate m) fruto 20-70 63-220 17-60 91-320
esculentum)
(Triticum
Trigo grão 3-8 62-166 26-70 60-160
aestivum)
Vinha (Vitis vinifera) fruto 10 80 30 100
Fonte: Dias, J. C. Soveral ,Código de boas práticas agrícolas, Laboratório químico-agrícola rebelo da silva
MARÇO
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beterraba, cebola, francês, cebola, chicória, cebola, couves, tomate
chicória, ervilha, couves, pepino*,
espinafres, feijão, pimento, melão*, tomate
melancia**, nabiças,
nabo, rabanete, salsa,
tomate
ABRIL
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
26
feijão, nabiças, nabo,
rabanete, salsa
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
JANEIRO
FEVEREIRO
27
rabanete, repolho, salsa
Fonte: Agrobio
ácaros, afídeos,
escaravelho,
gorgulho, larvas Alface, cenoura,
Alho, alho francês,
mineiras, mosca couve, milho, nabo,
Ervilha batata, cebola, feijão,
brana, tripes, pepino, rabanete,
tomate
antracnose, rábano
ferrugem, fusariose,
míldio, oídio
afídeos, alfinete,
gorgulho, lagarta,
mosca branca, tripes,
Batata, milho, Alho, beterraba,
Feijão verde antracnose,
rabanete cebola
ferrugem, fusariose,
oídio, podridão
branca e cinzenta
Ácaros, afídeos,
alfinete, mosca
roscas, tripes,
Aipo, alface,
nematodes, Batata, rábano,
Pepino beterraba, cebola,
alternária, rabanete
ervilha, feijão, milho
antracnose,
fusariose, míldio,
oídio
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Abóbora Afídios, Cochonilhas Chicória, Feijão verde Batata, Tubérculos
septoriose,
Aipo, alface, cenoura,
cercosporiose Beterraba, ervilha,
Alho francês cebola,couve,
Sclerotinia, míldio, feijão
morango, tomate
vírus do mosaico.
ácaros, afídios,
alfinete, tripes,
Alface, beterraba,
podridão do bolbo, Couves, ervilhas,
Cebola cenoura, morango,
antracnose, feijões
pepino, tomate
fusariose, míldio,
ferrugem, viroses.
Alface, beterraba,
Tripes, piolho,
Alho couve, morango, Ervilha, feijão
Fusariose, ferrugem,
tomate
Aipo, cebola,
cenoura, couve,
Pulgão, lagarta,
Alface feijão, morango, nenhuma
tesourinha
pepino, rabanete,
tomate
Afídeos, mosca,
nemátodes,
Alface, batata,
ferrugem branca,
beterraba, couve,
podridão cinzenta,
Espinafre feijão morango, nenhuma
antracnose,
nabo, rábano,
fusariose, míldio,
rabanete, tomate
murchidão das
plântulas.
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oídio
Fonte: http://agriculturabiologica.pmvs.pt/blog/2014/08/28/calendario-agricola-pragas-e-
plantas-companheiras/
9.4. Auxiliares
“Os insectos auxiliares constituem um recurso natural gratuito e renovável, presente
em todas as culturas.
O seu elevado valor e acção benéfica na limitação e controlo das pragas, deve ser tido
em conta ao planear a protecção fitossanitária de cada cultura. Devem ser tomadas
todas as medidas, a nível de cada parcela de terreno ocupado pelas mais diversas
culturas, para a protecção e aumento das populações de Insectos Auxiliares.
Coccinelídeos
Adulto de joaninha-de-2-pontos (Adalia bipunctata - 4-5 mm). Canto superior direito: ovos - tamanho real
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Larva de joaninha do género Scymnus, comendo afídeos. Canto superior direito: tamanho real
Crisopídeos
Crisopa verde: esquerda adulto (20 a 30 mm); centro larva (15 mm) comendo afídeos; direita ovos em tamanho
real.
Antocorídeos
“Insectos de corpo achatado. A maior parte das espécies é muito ágil e desloca-se
rapidamente. Embora tenham asas, voam pouco e vivem escondidos no meio da
folhagem. Os mais abundantes predadores desta família agrupam-se nos géneros Orius
e Anthocoris. São predadores de ácaros, de psilas, de pequenas larvas de borboletas,
afídeos, thrips e cicadelídeos em vinhas, pomares, milho e hortícolas e em muitas
culturas em estufa. Algumas espécies do género Orius são produzidas em laboratórios
e utilizadas em Luta Biológica contra pragas das estufas e dos pomares.” Carlos
Coutinho
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Esquerda Orius adulto comendo uma thrips (2 a 4 mm). Direita ninfa de Orius em tamanho real.
Cecidomídeos
“Insectos de duas asas, donde provém o nome da ordem em que estão agrupados.
Como insectos auxiliares têm interesse as famílias dos Sirfídeos, dos Cecidomídeos e
dos Taquinídeos. Estes últimos são moscas parasitas de lagartas de Lepidópteros,
Coleópteros e outros tipos de insectos.
Os Sirfídeos são importantes predadores de afídeos, em culturas arbóreas, hortícolas e
cereais. As cecidómias são predadoras de afídeos. No entanto, também são capazes de
se alimentar de outras presas, como ácaros e cochonilhas.” Carlos Coutinho
Sirfídeo
Ovo de sirfídeo (2 mm). Sirfídeo adulto (15 a 20 mm). Em cima larva de sirfídeo (10-20 mm).
Em baixo ninfa em forma de gota (15 mm).
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Taquinídeo (4 a 5 mm)
Heminópteros
“Entre os Himenópteros, a ordem a que pertencem também as formigas e as abelhas,
contam-se elevado número de espécies que parasitam outros insectos. Estes pequenos
auxiliares, cujo tamanho normalmente não vai além de 2 ou 3 mm, parasitam com
grande eficácia afídeos, cochonilhas, ovos de lepidópteros (borboletas), cigarrinhas,
thrips e outras. As fêmeas destes minúsculos insectos depositam os ovos no corpo das
vítimas. O posterior desenvolvimento das larvas provenientes destes ovos no corpo do
insecto parasitado acaba por o matar, impedindo assim a proliferação de muitas
pragas. Alguns Himenópteros, como os tricogramas.” Carlos Coutinho
Pragas parasitadas
Afídeos parasitados por diferentes espécies de himenópteros. Tamanho real: 2,5 mm.
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Cochonilha farinosa (Pseudococcus sp. - 3 mm) destruída por himenópteros parasitas. Vêem-se os
orifícios de saída
“Os Insectos Auxiliares são muito sensíveis aos insecticidas. É necessário, na prática da
Protecção das Culturas, considerar a sua presença, a fim de adaptar os programas de
luta contra as pragas. As sebes, os bosques, beiradas de campos e taludes revestidos
de vegetação espontânea, constituem reservatórios de auxiliares, a partir dos quais
estes insectos podem colonizar as culturas vizinhas. A vegetação natural existente e
mantida nas imediações dos terrenos cultivados, nos caminhos e muros, proporciona
também alimentação para os auxiliares, nos períodos em que o alimento é pouco
abundante no interior das culturas. Estes locais fornecem igualmente bons abrigos
para a passagem dos períodos desfavoráveis do Inverno.
Os pomares, vinhas e outras culturas rodeadas de sebes vivas e de bosques ou floresta
apresentam grande diversidade e densidade de Insectos.” Carlos Coutinho
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Cercosporiose Sulfato de cobre cristal AGROQUISA
Crivado Sulfato de cobre mackechnie M. CARDOSO
Gomose Sulfato de cobre neve AGROQUISA
Lepra Sulfato de cobre parra AGROQUISA
Míldio Sulfato de cobre combi SAPEC
Moniliose Sulfato de cobre CADUBAL
Pedrado Calda Bordalesa Quimigal AGROQUISA
Pinta negra Calda Bordalesa Valles IND. VALLÉS
Podridão do pedúncul Calda Bordalesa Caffaro 20 ISAGRO SPA
Sarna ou verruga Calda Bordalesa AVENTIS
Podridão das raízes Calda Bordalesa SELECTIS
Enxofre (Fungicida,
EPAGRO
Acaricida, Repulsivo) Oídio Enxofre molhável
Pedrado Flor de ouro SELECTIS
Escoriose
Erinose
Azadiractina
(insecticida) Afídeos Align QUIMAGRO
Bichado da fruta Nimoil EIBOL
Fonte: DRAPN
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SUBSTÂNCIA ACÇÃO
Areia quartizitica Repulsivo
Sabão de potassa Insecticida
Gelatina Insecticida
Lecitina Fungicida
Pó de rocha ou argila Insecticida
Cera de abelhas Feridas de podas e
(protecção) enxertias
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Bibliografia
- http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/vantagens-e-desvantagens-
da-agricultura-organica/
- https://alimentacaosaudavelesustentavel.abae.pt/wp-
content/uploads/2015/12/Qualidade.pdf
- http://www.naturalfa.pt/content/documents/guia-para-o-produtor-biologico.pdf
- http://www.dgadr.gov.pt/sustentavel/modo-de-producao-biologico
- http://r1.ufrrj.br/cfar/d/download/Relacao%20solo%20agua%20planta.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2946842/mod_resource/content/4/Provinha
%201%20%28cap%C3%ADtulo%201%29.pdf
- http://www.fec.unicamp.br/~caxd/falcetta/_resumos/bio10.pdf
- http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecologia/ecologia.php
- http://biologianet.uol.com.br/ecologia/populacao-comunidade.htm
- https://www.significados.com.br/ecologia/
-
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2946842/mod_resource/content/4/Provinha
%201%20%28cap%C3%ADtulo%201%29.pdf
- http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecologia/ecologia.php
-http://www.drapc.min-
agricultura.pt/base/documentos/variedades_regionais_agricultura_biologica.pdf
- http://www.agrobio.pt/pt/calendario-de-sementeiras.T906.php
- http://agriculturabiologica.pmvs.pt/blog/2014/08/28/calendario-agricola-pragas-e-
plantas-companheiras/
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