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MEDIDOR TIPO CORIOLIS (MÁSSICO)

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Esse medidor é do tipo mássico (vazão mássica), pois é um sensor de massa específica
(“densidade”) e se baseia no efeito de aceleração de Coriolis, que define que um fluido ao passar
através de um tubo que vibra a uma determinada freqüência, irá acelerar ou desacelerar assim
que o fluido passa pelo ponto inicial e pelo final da amplitude da freqüência. O efeito de
aceleração e desaceleração causa deformações no tubo de medição, e foi descoberto pelo
cientista francês Gaspard Gustave de Coriolis (1792-1843).

Diversas concepções de desenhos de tubos de medição foram desenvolvidas (ver Figura 4.21 e
Figura 4.22), por exemplo:

• Tubo em hélice – Bailey-Ficher & Porter


• Tubo reto simples – Krohne
• Tubo Omega – Rheonik, Schlumberger
• Tubo em “S” – Smith
• Tubo “U” invertido – Foxboro
• Tubo em “B” – ABB K-Flow
• Tubo reto duplo – Endress+Hauser, Honeywell, Schlumberger
• Tubo em “U” – Micro-Motion
• Tubo oval modificado – Danfoss
• Tubo em raquete – Bupp & Reuter
• Tubo em “Z”- Krohne

Figura 4.21 – Exemplos de Concepções do Medidor Coriolis

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 17


Figura 4.22 – Exemplo de Medidores Tipo Coriolis

Para melhor entendimento, a Figura 4.23A mostra um tubo em forma de “U” que, em condições
de fluxo zero, é submetido a forças eletro-magnéticas induzidas pelo próprio instrumento e
adquire um movimento oscilatório em torno do eixo principal do instrumento (normalmente o
eixo da linha principal). Quando o fluido passa pelo tubo, a combinação das velocidades angular
e linear dá origem à aceleração de Coriolis (Figura 4.23B), sendo que as forças resultantes têm a
direção perpendicular ao tubo. As forças geradas produzem uma torção (Figura 4.23C) no tubo.

Figura 4.23 – Efeito Coriolis num Tubo em “U”


(A) Movimento Oscilatório com Fluxo Zero
(B) Forças do Fluido Reagindo à Vibração do Tubo
(C) Deformações do tubo decorrentes de forças de Coriolis

O módulo da força de Coriolis gerada é pequena e, de acordo com a Segunda Lei de Newton, tal
força em cada ponto do tubo é igual ao dobro da massa de um elemento pontual que se desloca
(tubo + fluido) vezes a velocidade do elemento vezes a velocidade angular do tubo naquele
ponto. Alguns fabricantes optaram por dispor o instrumento de dois tubos idênticos realizando a
mesma função, porém em movimento oscilatório oposto, de forma a aumentar a amplitude da
oscilação (ver Figura 4.24).

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 18


Figura 4.24 – Duplo Tubo para Amplificação do Efeito Coriolis

As variáveis primárias medidas são: freqüência natural do tubo, defasagem de tempo entre os
dois sinais de detecção de posição dos tubos e a temperatura do tubo. Deste modo, é
essencialmente um medidor de densidade, daí a massa total do sistema é dada por:

MassaTotal ( M ) = MassaTUBO + MassaLÍQUIDO [4.8]

MassaLÍQUIDO = ρV [4.9]

e, após substituição, a massa específica é expressa por:

K MassaTUBO
ρ= − [4.10]
4π f V
22
V

onde K é uma constante relativa ao material do tubo, V é o volume do tubo e f é a freqüência


natural do sistema. A massa específica medida é função da freqüência ao quadrado:

1
ρ∝ [4.11]
f2

A vazão mássica é obtida pela defasagem (∆T na Figura 4.23) entre os sinais dos detectores de
posição instalados respectivamente à esquerda e à direita do arranjo de tubos. No caso do
medidor estar em condição de vazão zero (No Flow), os sinais dos dois detectores estão em fase,
com conseqüente ∆T = 0. Quando há vazão dos tubos (Flow), a vazão mássica será proporcional
ao ∆T medido. A vazão volumétrica pode também ser obtida uma vez que os valores de vazão
mássica e de massa específica do fluido estão disponíveis em linha internamente ao medidor.
Observa-se que, caso se queira corrigir as vazões para as condições de referência, é necessária a
instalação de transmissores de pressão e de temperatura externos ao medidor (deve ainda ser
analisada a necessidade de um computador de vazão já que muitos modelos não executam as
funções de correção).
Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 19
Dado a grande diversidade de desenhos (Figura 4.20), há dúvidas sobre como escolher qual o
modelo mais adequado para uma determinada aplicação. Nos medidores com tubo simples
(Figura 4.24) a oscilação do tubo tem de ser equalizada por meio de recursos internos adicionais.
Já os tubos curvos são mais empregados para evitar problemas de temperatura (a curva absorve
as expansões e contrações do material devido às mudanças na temperatura, garantindo assim que
deformações ou estresse possam afetar negativamente as oscilações). Entretanto, os tubos curvos
requerem mais espaço e são mais difíceis de se limpar.

Figura 4.24– Medidor Coriolis do tipo tubo simples

CARACTERÍSTICAS (MEDIDOR CORIOLIS)

É ao mesmo tempo um medidor de vazão mássica e medidor de massa específica (“densidade”),


daí a medição de vazão volumétrica ser também disponível. Esse medidor é praticamente
independente das variações das propriedades do fluido (temperatura, pressão, massa específica e
viscosidade).

Normalmente apresenta uma incerteza de ± 0.15% v.i. e rangeabilidade de 20:1. Para vazões
muito baixas, a performance do instrumento é degradada (ver Figura 4.24).

Figura 4.24 – Incerteza Típica para um Medidor Tipo Coriolis

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 20


É também utilizado para a medição de BS&W a partir do conhecimento prévio das massas
específicas do óleo e da água produzida utilizados (geralmente constantes e nas condições de
referência). Alguns modelos disponibilizam a medição de temperatura do tubo (não confundir
com a temperatura do fluido).

O API aprovou em 2002 uma norma específica para a medição por efeito Coriolis: API – MPMS
– Chapter 5 – Metering, Section 6 - Measurement of Liquid Hydrocarbons by Coriolis Meters,
que abrange desde óleo cru até hidrocarbonetos acabados, além de “fluidos em fase densa” como
GLP, NGL e etileno. Inclui recomendações de instalação e operação, procedimentos de prova e
formatos de relatórios de prova.

Já a ISO-10790 Measurement of Fluid Flow on Closed Conduits – Guidance to the Selection,


Installation and Use of Coriolis Meters (mass flow, desnsity and volume flow measurements)
(1999 e Amendment 2003) estabelece os requisitos de projeto para líquidos e gases.

O INMETRO tem a sua Portaria 113/97 “Medidores Mássicos” que trata dos requisitos para a
aprovação de modelo de medidores deste tipo (devido à aplicação de GNV).

Tem sido aplicado em praticamente todas as áreas, sendo que, na indústria do petróleo,
principalmente no mercado de derivados de petróleo, inclusive em processos de revamp,
substituindo os medidores do tipo deslocamento positivo e turbina.

As limitações estão basicamente no tamanho máximo de 6” (há casos de diâmetros maiores, por
ex. 10”, porém as dimensões do instrumento são demasiadas) e perda de carga de moderada a
alta, dependendo das condições do fluido e processo. Devido a essa perda de carga significativa,
alguma preocupação deve ser focada na eventual presença de gás ou mesmo separação de gás
dentro do instrumento. Segundo alguns experimentos, a presença de gás de até 5% (na saída) não
deve alterar o funcionamento do medidor, uma vez que o gás pode estar disperso no óleo, em
forma de pequenas bolhas.

A instalação recomendada nas aplicações de líquidos e de forma a evitar acúmulo de gás é a


horizontal “para baixo”, ou seja, no caso do medidor do tipo tubo em “U”, por exemplo, o tubo
deve ser tal que fique na posição com a curvatura em direção ao solo. O oposto é válido para gás
com condensado.

Como é um sistema que opera com base em oscilações de pequena amplitude, é recomendável
evitar qualquer fonte de vibração mecânica na tubulação adjacente ao instrumento.

Segundo os fabricantes, não há a necessidade de trechos retos a montante e a jusante, nem de um


bom perfil de escoamento desenvolvido para se obter a ótima performance. Por exemplo, curvas
de tubulação próximas ao medidor não interferem no desempenho do mesmo.

Uma característica intrínseca dos medidores do tipo Coriolis é o fato de que o sinal de saída em
pulsos é “fabricada” pela eletrônica, ou seja, os pulsos são gerados após o cômputo da vazão (um
certo tempo após o fluido ter percorrido o interior do medidor).

CALIBRAÇÃO (MEDIDOR CORIOLIS)

Os mesmos procedimentos de calibração relativos aos medidores do tipo deslocamento positivo


e turbina são válidos para o medidor tipo Coriolis.

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 21


Uma vez que as condições de instalação sejam estáveis, uma preocupação normal é o possível
desgaste interno da parede interna dos tubos sensores devido à erosão ou mesmo incrustação nos
mesmos.

Quando utilizado como medidor de BS&W (ver Capítulo 5) é fundamental observar a variação
do tipo de óleo utilizado, uma vez que os valores de densidade do óleo e da água são carregados
como constantes na programação do mesmo.

É importante frisar que o medidor Coriolis, sendo um medidor mássico, deve ser calibrado em
volume, de modo a atender à classe correspondente da OIML (Tabela 4.3), pois certamente a
incerteza de medição em vazão mássica será melhor do que a incerteza em vazão volumétrica.

A operação de provação deve ser tal que o medidor Coriolis esteja com a saída configurada para
“pulsos” para facilitar os cálculos de repetitividade.

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 22


MEDIDOR TIPO ULTRA-SÔNICO

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

O medidor tipo ultra-sônico se baseia na propagação de ondas de ultra-som, emitidas a


freqüências na faixa de 150 kHz a 4 MHz através do fluido, sendo necessário pelo menos um par
de transdutores. Há dois métodos mais utilizados comercialmente: (a) efeito Doppler, e (b)
tempo de trânsito (transit time), sendo esse último o mais utilizado na indústria do petróleo.

O medidor baseado em efeito Doppler funciona transmitindo um sinal de freqüência constante no


fluido. Bolhas, sólidos em suspensão ou redemoinhos no fluido fazem com que o sinal seja
refletido ou disperso de volta ao transdutor receptor. Se o fluido estiver em movimento, haverá
uma variação na freqüência do sinal recebido. A diferença entre as freqüências dos sinais
transmitido e recebido será proporcional à velocidade do meio.

O princípio denominado tempo de trânsito utiliza dois transdutores posicionados nos lados
opostos da tubulação que enviam e recebem sinais acústicos através do fluxo, de modo alternado
a favor e contra o fluxo (ver Figura 4.25), baseando-se no fato que uma onda sonora movimenta-
se mais rapidamente na mesma direção do fluxo do que uma outra propagada contra o fluxo.

Figura 4.25 – Configuração Básica do Medidor Baseado em Tempo de Trânsito

O transdutor emissor gera um sinal pulsado numa direção definida (trajetória) e o transdutor
receptor registra o tempo de chegada do mesmo sinal. Após essa operação, o transdutor receptor
é colocado a operar como emissor, gerando um sinal pulsado na direção oposta, e o primeiro
transdutor também registra o tempo de chegada do segundo sinal. A diferença entre os dois
períodos de tempo medidos é correlacionada com a velocidade do fluido.

O tempo de trânsito na direção a favor do fluxo é dado por:


L
t favor = [4.12]
c − vm ( x). cos(β )

onde c é a velocidade do som, L é a distância entre os dois transdutores, β é o ângulo entre a


linha do feixe e o eixo do tubo e x um ponto qualquer ao longo de L. O tempo de trânsito na
direção contra o fluxo é dado por:
L
tcontra = [4.13]
c + vm ( x). cos( β )

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 23


Combinando-se as duas equações acima, vem a fórmula para a velocidade média vm (x):

L.(tafavor − tcontra )
vm ( x) = [4.14]
2.tafavor .tcontra . cos( β )

As fórmulas definidas acima apresentam uma independência das propriedades do fluido (massa
específica, viscosidade, etc.) quando se deseja medir a velocidade média ao longo da trajetória
do feixe ultra-sônico. Entretanto, quando se deseja relacioná-la com a velocidade média do
fluido na seção transversal (e, portanto, a vazão), é reconhecida a necessidade de correções
adicionais para o Número de Reynolds e para a dilatação do corpo do medidor, sendo tais
correções já bem estabelecidas na área de medição de líquidos.

Num medidor tipo multi-feixes, como por exemplo, o de 5 feixes, a velocidade média u m
computada pelo medidor será:

1 5 (u + u ) (u + u 4 ) u
um = ∑ wi .u i = A. 1 5 + B. 2 + C. 3 [4.15]
2 i =1 2 2 2

onde:

u i : velocidade média ao longo da trajetória i medida por cada feixe do medidor;


wi : função peso da variável independente para a integração Gauss-Legendre;
A : parâmetro relacionado ao regime de escoamento laminar;
B, C : parâmetros relacionados aos regimes de escoamento de transição e turbulento.

A vazão indicada pelo medidor em operação, Q, é calculada multiplicando-se a velocidade média


indicada pelo medidor, u m , Eq. [4.13], pela área da seção transversal e por três fatores de correção
denominados KRe, Kb e MF.

π .D 2
Q = MF × K Re × K b × × um [4.16]
4

onde:

KRe : parâmetro de correção da velocidade devido ao Número de Reynolds;


Kb : parâmetro para corrigir a expansão térmica do corpo do medidor, que é função da
temperatura de operação e do coeficiente de dilatação linear do material;
MF : “Meter Factor” (ou Fator do Medidor), obtido do certificado de calibração do medidor.

Dependendo do modelo adotado pelo fabricante, a correlação entre as velocidades indicadas pelo
medidor e o número de Reynolds, e consequentemente, KRe, é obtida pelos os parâmetros A e B,
como por exemplo:

u2 + u4
A= [4.17]
u3

u2 + u 4
B= [4.18]
u1 + u5

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 24


Desta maneira, podem-se criar correlações empíricas que relacionam os parâmetros A e B para um
dado Número de Reynolds e sua faixa. Estas correlações são inseridas no software do fabricante,
completando-se assim, o processo denominado de “Fingerprint” (espécie de identidade do
medidor contendo suas características intrínsecas).

De modo geral, um medidor de multi-feixes ou multi-trajetórias consegue (ao contrário de um


medidor mono-feixe):

• Reduzir os erros devido ao efeito do escoamento transversal antes da entrada no medidor;


• Reduzir erros devido aos efeitos da instalação;
• Otimizar o desempenho para toda a faixa do número de Reynolds;
• Reduzir a incerteza de medição com dados em excesso e otimização da posição dos feixes
acústicos;
• Diagnosticar a não idealidade do escoamento.

O medidor ultra-sônico fornece a cada instante um diagnóstico sobre o perfil de velocidade do


escoamento e eventualmente um alarme para alertar sobre a qualidade da medição. Os seguintes
diagnósticos são dados:

• Assimetria (X1): O medidor compara o escoamento da metade superior da tubulação com a


inferior. Idealmente este valor se aproxima de 1.
u + u2
X1 = 1 [4.19]
u 4 + u5
• Escoamento cruzado (X2): O medidor compara as velocidades em dois planos em ângulo reto,
duas velocidades em cada um. Idealmente, este valor se aproxima de 1.
u + u4
X2 = 1 [4.20]
u 2 + u5
• Turbilhonamento (X3): O medidor compara as trajetórias internas com as externas, como um
indicador do turbilhonamento. Idealmente, deve se aproximar de 1,17.
u + u4
X3 = 2 [4.21]
u1 + u 5
• Rugosidade (X3): O medidor pode detectar um aumento da rugosidade pelo seu efeito no perfil
de velocidade. O mesmo parâmetro, Eq. [4.21], pode ser utilizado. Se o perfil não varia com o
tempo, a rugosidade provavelmente permaneceu constante.

• Estratificação do escoamento: Provoca diferentes valores para a velocidade do som. A


velocidade mínima de medição é cerca de 0,1 m/s, pois provoca uma estratificação do escoamento
pelas correntes de convecção natural, aumentando a incerteza de medição.

• Turbulência: O medidor calcula a intensidade de turbulência pelo valor médio quadrático das
flutuações de velocidade. Este valor pode ser comparado com o esperado, podendo diagnosticar
distorções no perfil.

CARACTERÍSTICAS (MEDIDOR ULTRA-SÔNICO)

Os medidores do tipo ultra-sônico podem ser fabricados em carretéis (spool) com um ou até 6
pares de transdutores (multibeam) ou fornecidos com um par de transdutores para instalação
externa ao tubo em braçadeiras (clamp-on) ou com tomadas de processo (sensores “molhados”),
Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 25
conforme pode ser observado na Figura 4.26. A escolha entre um tipo ou outro é apenas uma
questão de custo/benefício, pois o do tipo carretel possui melhor incerteza de medição e maior
custo, enquanto o de instalação externa se destina a serviços onde não é possível a parada do
processo e/ou a incerteza de medição não necessite ser a melhor possível.

Figura 4.26 – Exemplos de Medidores Ultra-sônicos do Tipo Tempo de Trânsito


(A) carretel com um feixe;
(B) carretel com 6 feixes;
(C) instalação externa ao duto (clamp-on);
(D) carretel com 4 feixes, um feixe por plano;
(E) disposição dos feixes (cordal ou diametral)

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 26


Em termos de normalização, o API tem o MPMS Chapter 5.8 Measurement of Liquid
Hydrocarbons by Ultrasonic Flowmeters Using Transit Time Technology, que prevê a
utilização de medidores do tipo carretel (spool type) e de no mínimo 2 feixes. Já a ISO-12765
Measurement of Fluid Flow in Closed Conduits – Methods using Transit-Time Ultrasonic
Flowmeters (1998) estabelece os requisitos de projeto tanto para líquidos como gases.

No Brasil, já se aplica esta tecnologia, principalmente nos sistemas de grandes diâmetros, altas
vazões e incertezas compatíveis com os níveis requeridos para transferência de custódia e
medição fiscal.

A incerteza da medida de vazão dependerá da velocidade do fluxo, diâmetro do duto e da média


da viscosidade. A velocidade do fluido geralmente é limitada a 13 a 18 m/s, com rangeabilidade
de 10:1 a 20:1. A Figura 4.27 mostra um exemplo de calibração desse tipo de medidor em várias
viscosidades. Valores típicos de incertezas vão desde ± 0.15% v.i. para os modelos mais exatos
até ± 2% para os modelos menos sofisticados. É evidente que em baixas velocidades a
performance do instrumento é degradada, o mesmo acontecendo em situações de muito alta
velocidade.

0.3
1.5 cSt (3.7.00) 20 cSt (4.7.00)
40 cSt (5.7.00) 20 cSt (6.7.00)
1.5 cSt (7.7.00)
0.2

0.1
Error (%)

0
0 20 40 60 80 100 120

-0.1

-0.2

-0.3
Flow rate (l/s)

Figura 4.27 – Calibração do Medidor KROHNE (Altosonic V) de 5 feixes em diferentes condições

Podem ser aplicados em diâmetros de 1 a 54”. Outra diferença entre fabricantes é a tensão
elétrica aplicada nos sensores, que pode variar de 15 até 300 V.

Na literatura há recomendações que o fluido a ser medidor seja relativamente limpo, pois a
presença de partículas poderia desviar o feixe, levando à perda da leitura.

Os modelos do tipo carretel ou de instalação externa (sensores “molhados”) podem ter problemas
de fluxo contrário na cavidade da parede interna do tubo (onde está instalado o sensor) ou
mesmo deposição de sujeira neste ponto. Por outro lado, os do tipo braçadeira (clamp-on) podem
apresentar problemas de reflexão do feixe na parede do tubo.

De modo geral, consta na literatura que os instrumentos do tipo mono-feixe são mais afetados
que os do tipo multi-feixe quando há perfil de fluxo assimétrico ou swirling (rotação). Relatos
mostram que, para medição de líquidos, o emprego de 5 feixes de medição apenas resolveriam
1% do problema. Por outro lado, o desvio de 1 grau no feixe causaria um erro na medição de
3.4%. Um medidor tipo clamp-on calibrado para um determinado tipo de líquido, quando usado

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 27


com outros diferentes tipos de líquidos, causa um efeito de reflexão em ângulos de 19 a 26º no
feixe.

Como a fórmula definida em [4.14] acima presume uma velocidade média ao longo da distância
entre os dois transdutores, é importante que a distribuição da velocidade (ou perfil de velocidade)
seja simétrica dentro da seção de medição. Um exemplo de como tornar o perfil de velocidade
mais simétrico possível é a simples redução do diâmetro interno do tubo (“confusor” no caso da
KROHNE), conforme pode ser observado na Figura 4.28.

Figura 4.28 – Redução do diâmetro interno (Confusor) e Medidor Altosonic V da Krohne

Os fabricantes sugerem que o uso de 10 D de trecho reto a montante e 5 D a jusante é suficiente


para um nível de incerteza de 1% na medição. No entanto, testes no NEL demonstraram que
erros da ordem de 10% podem existir quando utilizados 10 D a jusante de uma dupla curva de
tubulação em instrumentos do tipo mono-feixe. Esses mesmos testes sugeriram que instrumentos
do tipo mono-feixe necessitariam de 30-40 D, os de duplo-feixe 15-20 D e somente os do tipo
multi-feixe poderiam ser satisfatórios com trechos menores.

Um parâmetro fundamental é a viscosidade do líquido e, para o adequado dimensionamento do


medidor, devem ser verificados junto ao fabricante seus limites de aplicação (ou consultar as
Portarias de Aprovação de Modelo do INMETRO).

Uma característica intrínseca dos medidores do tipo ultra-sônico é o fato de que o sinal de saída
em pulsos é “fabricada” pela eletrônica, ou seja, os pulsos são gerados após o cômputo da vazão
(um certo tempo após o fluido ter percorrido o interior do medidor).

CALIBRAÇÃO (MEDIDOR ULTRA-SÔNICO)

O medidor ultra-sônico deve ter o mesmo procedimento de calibração de um medidor tipo


turbina ou deslocamento positivo ou Coriolis. É importante ressaltar que todo medidor ultra-
sônico deve ter associado um transmissor de pressão e um de temperatura que devem ser também
calibrados periodicamente.

Deve ser verificado junto ao fabricante se o medidor é apto a ser calibrado contra um provador do
tipo compacto (dado que problemas de repetitividade podem acontecer). O API MPMS Chapter
5.8 recomenda o volume sugerido para o provador (de forma a se obter uma incerteza de medição
de ± 0,027% no fator do medidor) conforme Tabela 4.6.

A operação de provação deve ser tal que o medidor ultra-sônico esteja com a saída configurada
para “pulsos” para facilitar os cálculos de repetitividade.

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 28


Volume do provador vs. tamanho do medidor
Diâmetro nominal do 5 corridas 8 corridas 10 corridas
medidor 0,05% 0,09% 0,12%
polegadas (mm) Tamanho do provador (bbl)
4 (100) 33 15 10
6 (150) 73 34 22
8 (200) 130 60 40
10 (250) 203 94 62
12 (300) 293 135 89
14 (350) 399 184 121
16 (400) 521 241 158
Tabela 4.6 – Volume sugerido para o provador

OUTROS TIPOS DE MEDIDORES

PRESSÃO DIFERENCIAL

• Placa de Orifício

Também conhecidos como sistemas “deprimogênios”, sua função é criar uma diferença de
pressão ∆p que seja relacionada à vazão Q, através de uma equação do tipo:

Q = K ∆p [4.22]

onde o valor de K inclui os parâmetros próprios da placa, da configuração física da instalação e


das características do fluido medido.

A Figura 4.29 apresenta exemplos de placa de orifício, que são aplicadas conforme as condições
do fluido. Como vantagem principal vem a simplicidade de instalação, robustez, fácil realização
e de custo relativamente baixo.

Figura 4.29 – Exemplos de Placa de Orifício

A equação de Bernoulli generalizada a uma corrente fluida mostra que para variações de
velocidades correspondem variações de pressões. A inserção de uma placa de orifício numa linha
provoca variações bruscas de seção de passagem e variações correspondentes de velocidade e
pressão. Conforme pode ser observado na Figura 4.30, a passagem de fluido por uma placa de
orifício provoca um grande efeito próximo a um turbilhonamento.

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 29


Figura 4.30 – Foto de um Experimento para Análise do Escoamento do Fluido
em uma Placa de Orifício

A utilização de placas de orifício em medição de óleo cru não é recomendada devido aos
evidentes problemas que podem ocorrer:

- desgaste do bordo devido à erosão (que causa um aumento no coeficiente de descarga e sub-
avaliação na vazão medida);
- deformação da placa devido à sobre-pressão ou estresse por temperatura;
- perda de simetria da parede interna a montante, bem como incrustação;
- presença de sólidos em suspensão;
- desalinhamento da placa;
- entupimento parcial das tomadas de pressão.

• Venturi

Os dispositivos do tipo Venturi (Figura 4.31) são, dentre os do tipo pressão diferencial, os mais
adequados para óleo cru (são inclusive utilizados em medidores multifásicos), dado que a perda
de carga ao longo do dispositivo é gradual, embora problemas como a perda de simetria com o
tempo, a incrustação na parede interna a montante e entupimento parcial das tomadas de pressão
possam ocorrer. Qualquer problema de deformação ou incrustação na garganta do Venturi,
acarreta um decréscimo no coeficiente de descarga, o que leva a uma sobre-avaliação da vazão
medida.

Figura 4.31 – Dispositivos do Tipo Venturi

• V-Cone

Os dispositivos do tipo V-Cone (Figura 4.32 A & B) ainda são considerados como nova
tecnologia e seu uso é mais empregado na área de gás natural. A concepção se baseia no fato do
cone, devido à sua geometria simétrica em relação à parede do tubo, poder condicionar o fluxo
no sentido de uniformizar o perfil de velocidade assim que a frente atinge a área formada pela
menor coroa (que seria equivalente à área do orifício).

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 30


Trata-se de um dispositivo inicialmente patenteado pela McCrometer que praticamente não
necessita de trechos retos a montante nem a jusante. Também alega vantagens quando operado
com gás úmido (dado que não retém o condensado em suas imediações) e fluidos sujos ou
abrasivos, apresentando uma incerteza de medição de ± 0.5% v.i. e rangeabilidade de 10:1.

Figura 4.32 A & B – Dispositivo Tipo V-Cone

VORTEX

Embora seja um fenômeno há muito conhecido, os vórtices (vortex) tiveram uma aplicação
muito recente na medição de vazão. Os vórtices, ou turbilhões, aparecem quando se introduz um
obstáculo, ou quando se provoca uma determinada mudança de direção no escoamento de um
fluido. Como exemplo, pode-se considerar uma barra de pequeno diâmetro colocada
transversalmente ao eixo do tubo (ver Figura 4.33).

Para velocidades muito baixas, as linhas fluidas acompanharão a forma do obstáculo não
havendo nenhum turbilhão. Quando a velocidade de escoamento aumentar, as linhas não poderão
mais acompanhar a forma do obstáculo e se separarão de seu contorno. Esta separação provoca o
aparecimento de velocidades locais mais elevadas, correspondendo a zonas locais de baixa
pressão, resultando em tendências à reversão de direção com conseqüente aparecimento de
turbilhões: os vórtices.

Figura 4.33 – Efeito Vortex Devido ao Obstáculo ao Fluxo e medidores do tipo Vortex

Um vórtice se forma inicialmente de um lado do obstáculo e, posteriormente, do outro lado,


formando uma seqüência de turbilhões à jusante do mesmo. O número de Strouhal, uma
constante adimensional usada para fenômenos oscilatórios, aplica-se também à freqüência de
sucessão de turbilhões, conforme se segue:

f .d
S= [4.23]
V

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 31


onde f é a freqüência da sucessão de turbilhões, d é uma dimensão do obstáculo e V é a
velocidade do fluido.

São utilizadas várias técnicas para detectar a freqüência dos turbilhões, entre elas: térmico, ultra-
sônico e pressão estática, sendo esse último o mais utilizado. A incerteza varia conforme o
fabricante, podendo atingir 1% v.i. e rangeabilidade de 15:1. Comercialmente há disponibilidade
para diâmetros de 1 a 8”, havendo alguma limitação de velocidade (algo em torno de 6 m/s para
líquidos). Os sensores do tipo Vortex podem sofrer danos devido à aderência de sólidos ou
mesmo erosão ou entupimento parcial das tomadas de pressão.

MAGNÉTICO

Embora os medidores do tipo magnético não possam ser utilizados em óleo cru, sua aplicação é
recomendada nos sistemas de água produzida, pois para este tipo de medidor funcionar, é preciso
que o fluido possua alta condutividade elétrica.

Esses medidores foram desenvolvidos como uma aplicação particular da Lei de Faraday
referente à tensão elétrica provocada por um condutor em movimento (neste caso, o fluido) num
campo magnético. Os elementos do medidor são arranjados de forma que a direção do fluxo seja
normal ao campo magnético. O movimento do fluido atravessando o campo magnético induz
uma força eletromagnética no fluido numa direção normal à do campo magnético e à direção
média das partículas do fluido. Um par de eletrodos é instalado em contato com o fluido no
plano diametralmente normal ao do campo magnético (ver Figura 4.34) e conectado a um
voltímetro especial, onde o valor da fem (força eletro-motriz) é medida, e seu valor é dado pela
seguinte expressão:

e = B.l.V [4.24]

onde e é a fem (em volt), B é a densidade de fluxo (em weber/m2), l a distância entre os eletrodos
(em m) e V a velocidade do fluido (em m/s).

Figura 4.34 – Seção Típica e Medidor Magnético

A vazão volumétrica é então dada pela fórmula:

πD 2 π D2 e
Q= .V = . . [4.25]
4 4 l B

A incerteza na medição de vazão pode alcançar 0.5% v.i. e é independente da viscosidade e da


massa específica do fluido. Os produtos e derivados de petróleo estão abaixo dos limites práticos
de medição, devido aos seus baixos níveis de condutividade, assim com os gases, a não ser que
sejam ionizados.

Cap. 5 - MEDIÇÃO DE PETRÓLEO EM LINHA FL. 32

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