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Exemplo: Cena 06
Parte 1 (na técnica de Stanislavski isso é chamado de “Unidade” no termo da antiga preparação do
ator. No “trabalho do ator” chama-se “Corte”. Unidade/Corte nada mais é do que um setor da cena
ou do espetáculo em que há um acontecimento importante.
Severina:
Parte 2
Gato
Aprofundamento:
Estabelecida a partitura básica precisa se perguntar como se realiza ela na “realidade”. Se não fosse
num teatro, se fosse uma vida existente na realidade, como você faria? A primeira fase você deve
ignorar a “plateia” e o “lado certo do palco”. Usando o exemplo do gato, da partitura dele, como
você “Chamaria atenção” de alguém pra desviar a atenção dela de outra coisa? (ação física +
tarefa/objetivo). Seja coerente, seja lógico e, também, simples. Sem teatralidade (não tente
impressionar na ação, só tente realizá-la). Leve a lógica ao máximo possível. Uma vez estabelecida
a ação básica de, usando o exemplo, “Chamar a atenção para desviar a atenção” é hora de
aprofundar. Como eu aprofundo? Compreendendo e trabalhando maias circunstâncias que
modificam a ação. Uma circunstância muito importante é achada quando se pergunta “Por que faço
o que faço?”. Pq quero chamar a atenção pra desviar a atenção? O que fez com que essa vontade
surgisse em mim/personagem?
O gato pode querer desviar a atenção porque quer mostrar algo que ele considera mais importante.
Ou quer desviar a atenção porque precisa enganar pra atignir um outro objetivo maior. É preciso
definir claramente este porque e experimentá-lo na prática. Se eu defino o porque como “Desviar a
atenção para chamar a atenção para....uma memória que eu queira que ela acesse, uma memória do
pai” isso modifica a ação básica anterior, aprofunda. A ação NECESSARIAMENTE tem de ser
modificada com o acréscimo desse detalhamento. Se por um acaso eu realizei a ação básica
“Desviar a atenção” do mesmo jeito nos dois casos eu ainda não encontrei a Adaptação correta.
Exemplo:
O ator realiza a ação de Desviar a atenção de Severina. (partitura básica). No jogo de cena (a
improvisação) ele descobre que se dançar pra ela e convidá-la a dançar se estabelece um ótimo
desvio de cena. Criou-se assim o Alicerce da cena. Agora começa a fase de “aprofundamento”. Ele
volta e decide que o Gato quer desviar a atenção de Severina porque se ela se atentar a janela pode
querer ir embora do mundo imaginário e ele ser apagado de uma vez por todas.
Voltando a improvisação o ator sente a necessidade com o acréscimo dessa circunstância (ele vai ser
apagado) e dança de forma ridícula e frenética na frente de Severina que cai na gargalhada.
A ação foi modificada pois, na primeira vez, embora o ator tenha dançado ele havia dançado de
forma mais suave, Severina chegou a se divertir, mas com a dança “ridícula” ela entrou em um
estado mais intenso de divertimento.
Cada circunstância altera o modo da ação acontecer. Necessariamente.
Toda Ação possui em si elementos interiores e exteriores. Sem isso ela não possui organicidade.
Por exemplo, vamos imaginar o Ato de Planejar um assalto. “Interiormente falando” se pensa no
plano, se visualiza a situação, o local onde acontecerá o assalto, pensa em como explicar para seus
parceiros (imagine um grande assalto com um grupo). Há também muitas ações “exteriores”. Talvez
seja necessário por tudo num papel (anotar o plano), escrever em um quadro pra explicar para os
companheiros. Ir até o local onde ocorrerá o assalto (quantas ações físicas exteriores são necessárias
pra fazer tudo isso?).
É na junção da Ação Interior e da Exterior é que nasce a Partitura Física Total que vai dar base a
uma Ação Orgânica. Mesmo ações teoricamente monolocalizadas possui elementos das duas
esferas.
Pensar na pessoa amada, por exemplo, pode parecer puramente interior, mas há uma porção de
ações exteriores possíveis. O próprio ato de pensar costuma a movimentar os olhos. As vezes a
pessoa que pensa na pessoa amada pode sorrir, ou franzir a testa. Suspirar.
O contrário também é totalmente cabível. O ato de golpear alguém numa briga tende a ser
“puramente exterior”. Mas pra isso você precisa, minimamente, “achar” o ponto em que vai acertar
(um “cálculo” interno).
É importantíssimo que ao se escrever a Ação na Partitura se pense nessas duas esferas pra que a
Ação não se torne manca em comparação a como ela seria “na vida real”.