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ISBN: 978-85-68074-22-0
Direitos Reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem
autorização expressa dos organizadores.
Comitê Organizador.
Apresentação
Esse e-book representa a compilação dos trabalhos apresentados no I
Congresso de Pós-Graduação Profissional em Educação – I ConProEduc e II
Seminário de Educação Inclusiva da Região do ABCDMRR – II IncluiEduc -
realizados na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (SP) nos dias 21
e 22 de setembro de 2017.
Os Organizadores.
Sumário
A CONSTITUIÇÃO DOS SIGNIFICADOS E SENTIDOS ACERCA DA BASE NACIONAL
COMUM CURRICULAR DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE UMA REDE
FEDERAL DE ENSINO ............................................................................................................... 1
A CONSTITUIÇÃO IDENTITÁRIA DOCENTE E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA ................ 18
A CONSTRUÇÃO DO EMBASAMENTO TEÓRICO NA PESQUISA SOBRE A PRÁTICA
DOCENTE REFLEXIVA EM EDUCAÇÃO MUSICAL .......................................................... 32
A CRIANÇA DALTÔNICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ..................................................... 52
A DIMENSÃO AFETIVA: O QUE OCORRE NAS RELAÇÕES ENTRE GESTÃO E
PROFESSORES? ........................................................................................................................ 65
A EVASÃO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE TÉCNICA .................. 78
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS DESAFIOS EM
SALA DE AULA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I .......................... 98
A HISTÓRIA DA MINHA ESCOLA ...................................................................................... 113
A IMPORTÂNCIA DA COMPETÊNCIA PEDAGOGICA PARA UM GESTOR ESCOLAR
................................................................................................................................................... 127
A INCLUSÃO E A DISCRIMINAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR .................................. 139
A PERCEPÇÃO DOS EDUCADORES QUANTO AO SEU PAPEL NA PROMOÇÃO DE
HÁBITOS E ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS NO AMBIENTE ESCOLAR ..................... 156
A PLATAFORMA FOCO APRENDIZAGEM E O ENSINO DE LEITURA: RELATO DE
UMA EXPERIÊNCIA DE INTERVENÇÃO........................................................................... 176
A REGULAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL: UM ESTUDO INICIAL
DAS RECENTES ALTERAÇÕES ........................................................................................... 190
A REUNIÃO DE PAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA CONTRIBUIÇÃO NA
RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA .......................................................................................... 202
―AGORA É PRA VALER!‖ ..................................................................................................... 214
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL ................................. 228
ALFABETIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO:
POSSÍVEIS RELAÇÕES ......................................................................................................... 250
APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO MINIMAMENTE INVASIVA – O EXEMPLO DO
PROJETO "BURACO NA PAREDE"...................................................................................... 260
ARTE, CULTURA E INCLUSÃO: VIVÊNCIAS INCLUSIVAS COM ARTE NA CRECHE
................................................................................................................................................... 284
A REGULAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL: UM ESTUDO INICIAL
DAS RECENTES ALTERAÇÕES ........................................................................................... 299
AS TIC NA EDUCAÇÃO: CONCEPÇÕES DOCENTES SOBRE O EMPREGO DAS
FERRAMENTAS DIGITAIS GOOGLE FOR EDUCATION E O PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM ................................................................................................................... 311
ASPECTOS LEGAIS DA FORMAÇÃO DO GESTOR ESCOLAR ....................................... 330
BIG FIVE INVENTORY: RELATO DE EXPERIÊNCIAS DO INSTRUMENTO DE
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS ................................................... 346
CONHECENDO O PROFESSOR SURDO: A PROFISSIONALIDADE DOCENTE DE UM
GRUPO DE PROFESSORES SURDOS DO INES (INSTITUTO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO DE SURDOS) .................................................................................................... 356
CONSTRUÇÃO DE DIÁRIOS DE AULA: UMA PROPOSTA PARA FORMAÇÃO
CONTINUADA DO PROFESSOR .......................................................................................... 371
CUIDAR E O EDUCAR NAS CRECHES MUNICIPAIS DE MAUÁ: DESAFIOS DO
PROFESSOR COORDENADOR PEDAGÓGICO .................................................................. 386
DE DEFICIENTE À APRENDENTE: UM ESTUDO SOBRE O USO DAS TECNOLOGIAS
ASSISTIVAS NA EDUCAÇÃO .............................................................................................. 409
DESAFIOS ENFRENTADOS PELO PROFESSOR MULTIFUNCIONAL ........................... 430
DISPOSITIVOS MÓVEIS E CULTURA DIGITAL: PHUBBING NO CONTEXTO
ESCOLAR................................................................................................................................. 448
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A PRÁTICA DE PROFESSORES RIBEIRINHOS NA
AMAZÔNIA AMAPAENSE .................................................................................................... 463
EDUCAÇÃO INFANTIL: PESQUISAS DEFENDIDAS NO PROGRAMA DE MESTRADO
PROFISSIONAL DA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO (UNINOVE) - 2013 a 2017 .... 481
EDUCAÇÃO MUSICAL: UMA TRILHA PAUTADA NO CONTEXTO DE ÉPOCA ......... 496
EM DEFESA DE UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE QUALIDADE: O ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) E A DOCÊNCIA COMPARTILHADA .......... 511
ESCOLA DIFERENTE? NÃO! ESCOLA INOVADORA: UM NOVO CAMINHO PARA
EDUCAÇÃO............................................................................................................................. 529
ESPAÇOS EDUCATIVOS NA CRECHE: TECENDO HISTÓRIAS E PROJETANDO
LUGARES ................................................................................................................................ 542
EVASÃO ESCOLAR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR:
NARRATIVAS E DESAFIOS PEDAGÓGICOS .................................................................... 557
FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR X INTERDISCIPLINARIDADE Práticas direcionadas ao
aluno com deficiência intelectual .............................................................................................. 563
FORMAÇÃO CONTÍNUA PARA UMA PRÁTICA INCLUSIVA POR MEIO DE JOGOS
PEDAGÓGICOS....................................................................................................................... 584
FORMAÇÃO CONTINUADA PEDAGÓGICA AOS DOCENTES DA ÁREA DE
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ...................................................................................... 595
FORMAÇÃO DOCENTE: CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO PARA O FUTURO PROFESSOR ........................................................ 603
FORMANDO PROFESSORES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA:
RELATO DE EXPERIÊNCIA.................................................................................................. 619
INCLUINDO NOVOS DESAFIOS ÀS PRÁTICAS DOCENTES: UM RELATO SOBRE A
FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA ATUAREM COM ESTUDANTES COM
DEFICIÊNCIA VISUAL .......................................................................................................... 632
INCLUSÃO DIGITAL DA TERCEIRA IDADE – uma realidade: A EXPERIÊNCIA DA
UNASP campus SP ................................................................................................................... 649
INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL AO ENSINO MÉDIO: quando falam os
professores................................................................................................................................. 657
LITERATURA PARA QUÊ? A FAVOR DE QUEM? - MEDIAÇÃO DE LEITURA
LITERÁRIA EM SALAS DE LEITURA DA REDE MUNICIPAL DE SÃO PAULO ........ 672
MÚSICA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DE
EDUCADORES EM AMBIENTE VIRTUAL ......................................................................... 686
MUSICALIZAÇÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA: UMA EXPERIÊNCIA DOCENTE ......... 702
NEOLIBERALISMO E EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL. CONSIDERÇÕES ACERCA DO
DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES EDUCATIVAS EM EQUIPAMENTOS CULTURAIS
DO ESTADO DE SÃO PAULO ............................................................................................... 717
NIETZSCHE E A FORMAÇÃO (BILDUNG) DE FORMADORES: UMA RELEXÃO SOBRE
SEUS AFORISMOS E METÁFORAS..................................................................................... 737
O DESAFIO DO PROFESSOR FRENTE ÀS NOVAS TECNOLOGIAS PARA
APRENDIZAGEM: OS DISPOSITIVOS MÓVEIS ................................................................ 752
O ENSINO DA MATEMÁTICA E O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO
CIENTIFICO NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL .................................... 765
O ENSINO PERSONALIZADO COMO POSSIBILIDADE DE ACESSO, ADAPTAÇÃO,
MOBILIDADE E TRANSFORMAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I ......................... 778
O GESTOR ESCOLAR E A INSERÇÃO DO PROFESSOR INICIANTE ............................. 790
O GESTOR ESCOLAR E SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA - DESAFIOS ENTRE TEORIA
E PRÁTICA .............................................................................................................................. 805
O LUGAR DO PENSAMENTO CIENTÍFICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...................... 822
O PORTFÓLIO COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FORMATIVA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL ................................................................................................................................ 835
O PROCESSO DE MEDIAÇÃO CULTURAL PARA FORMAÇÃO PESSOAL E
PROFISSIONAL. A PEDAGOGIA CULTURAL COMO ESTRATÉGIA FORMATIVA
DOCENTE ................................................................................................................................ 856
O PROFESSOR E A PRÁTICA REFLEXIVA: UMA PERSPECTIVA DE AÇÃO
ARTICULADA AO PENSAMENTO ...................................................................................... 872
OS OBJETOS TRANSICIONAIS E SUA IMPORTÂNCIA PARA OS BEBÊS NA CRECHE
................................................................................................................................................... 883
PEER INSTRUCTION: UMA ANÁLISE DA EFICÁCIA DA METODOLOGIA EM CURSOS
SUPERIORES DA ÁREA DE HUMANAS ............................................................................. 896
PERFIL DO INGRESSANTE NO CURSO SUPERIOR TECNOLÓGICO EM MARKETING
E SUAS EXPECTATIVAS COM RELAÇÃO À FORMAÇÃO ............................................. 915
POLÍTICAS E PROPOSTAS DE FORMAÇÃO DOCENTE: PROGRAMA ESCOLA DE
FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PROFESSORES DO ESTADO DE SÃO PAULO
– ―PAULO RENATO SOUZA COSTA‖ ................................................................................. 931
POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM ESTUDO COM A
PERSPECTIVA DO PROFESSOR SOBRE A INCLUSÃO DOS ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE
ENSINO REGULAR DE SANTO ANDRÉ. ............................................................................ 946
PROJETO VIVENDO AS DIFERENÇAS ............................................................................... 959
REFLEXÃO NARRATIVA E ANÁLISE DA MINHA PRÁTICA COMO DOCENTE ........ 973
REFLEXÕES SOBRE A INCLUSÃO, A DIVERSIDADE E A PESSOA COM ALTAS
HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO ....................................................................................... 992
SARAU DOS CONTOS DE FADA NA ALFABETIZAÇÃO .............................................. 1012
SEQUÊNCIAS DE ENSINO INVESTIGATIVO: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO
1º ANO INICIAL DO ENSINO FUNDAMENTAL I ............................................................ 1027
SOMOS IGUAIS NAS DIFERENÇAS .................................................................................. 1039
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA ESCOLARIZAÇÃO EMANCIPADORA
EM CONSTRUÇÃO ............................................................................................................... 1051
UM ENSAIO SOBRE A TEMÁTICA INDÍGENA NO ENSINO DE HISTÓRIA ............... 1065
UM ESTUDO SOBRE AS AÇÕES FORMATIVAS PARA DOCENTES PROPOSTAS PELO
CENTRO PAULA SOUZA NO 1º SEMESTRE 2017 ........................................................... 1078
A TRANSVERSALIDADE DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO SISTEMA DE ENSINO:
COMO É OFERECIDO O AEE NAS ESCOLAS? 1083
I ConProEduc e II IncluiEdu 1
RESUMO
será a única fonte. A pesquisa será descritiva, com abordagem qualitativa. A população
será composta por professores de Educação Física de uma determinada rede Federal de
ensino. A coleta de dados será feita através de dois instrumentos, em primeiro momento
por meio de questionário e em segundo momento através de uma entrevista semi-
estruturada, com três professores selecionados. Os dados obtidos através dos
instrumentos serão transcritos e analisados de acordo com a proposta dos Núcleos de
Significação, com auxílio do software IRaMuTeQ, e assim, serão gerados quadros
interpretativos. Por fim, espera-se que os resultados nos auxiliem a interpretar e
compreender o processo de constituição dos significados e sentidos que os professores
de Educação Física da rede que será estudada atribuem a BNCC, para que assim,
possamos compreender a forma única como cada professor irá se apropriar do conteúdo
desse documento para futuramente construir e desenvolver o currículo da rede
pesquisada.
INTRODUÇÃO
Quando o assunto é sobre o que deve ser ensinado e aprendido na escola gera
sempre grande repercussão em todas as esferas; dentre os especialistas da educação,
políticos, mídias e sociedade no geral. Todos têm seu ―palpite‖, seja ele dentro das
universidades e escolas, com grandes embasamentos e discussões, seja ele nas ruas,
portas de escolas, cafés, empresas e almoços de família.
Percebemos que todos sentem necessidade em opinar sobre os conhecimentos
que serão construídos nas escolas. Ora porque acreditam fielmente que a educação
(escola) é o futuro do país, e ela por si só poderá fazer o país rumar para o pleno
desenvolvimento econômico e social; ou porque ficam estarrecidos com as informações
sobre os resultados dos alunos nas avaliações que ―medem‖ a qualidade da educação
brasileira, principalmente quando comparadas aos resultados de outros países, na
maioria das vezes desenvolvidos, com realidades, histórias e culturas completamente
diferentes das do Brasil.
I ConProEduc e II IncluiEdu 3
diferentemente das versões anteriores foi entregue sem a versão do Ensino Médio, no
site do MEC diz que a terceira versão do Ensino Médio irá ser produzida com base na 2ª
versão do documento ―nos próximos meses‖ (BRASIL, 2017).
Dessa forma, pensando-se que a BNCC servirá como orientadora na construção
dos currículos, e os mesmo são cotidianamente postos em ação principalmente pelos
professores; seres humanos que transformam a natureza e a si mesmos durante suas
atividades, é de fundamental importância que se entenda que esse processo humano é de
produção cultural, social e pessoal e tem como elemento constitutivo os significados
(AGUIAR, 2006)
Para tanto, pensar na BNCC sendo colocada em ação nas escolas pelos
professores, requer pensarmos em uma atividade humana, sempre cheia de sentidos e
significados, pois no agir humano o homem realiza atividades internas e externas
operando com os significados. Esses significados são produções históricas e sociais que
permitem a comunicação e a socialização de nossas experiências (AGUIAR, 2006). Os
significados configuram-se como uma possibilidade de comunicação mais universal,
são compartilhados de modo mais equitativos nos diálogos porque sua origem é
convencional. Entendidos como produções históricas e sociais, os significados, se
constituem, dialeticamente pela marca da afirmação e da contradição. ―Ao mesmo
tempo em que se afirmam como estáveis, os significados se modificam e superam suas
características relacionais com o pensamento; portanto são um processo dialético e
complexo‖ (SOARES, 2006, p. 54).
O sentido é inconstante, complexo e móvel - em cada contexto pode expressar
variadas formas de pensamento, visto assim o sentido da palavra é inesgotável. O
sentido é muito mais amplo, pois constitui a articulação dos eventos psicológicos que o
sujeito produz perante a realidade. Refere-se a necessidades que, muitas vezes, ainda
não se realizaram, mas que mobilizam o sujeito, constituem o seu ser e geram formas
singulares de colocá-lo na atividade (AGUIAR, 2006). Os sentidos constituem-se assim,
―a partir de complexas reorganizações e arranjos, em que a vivência afetiva e cognitiva
do sujeito, totalmente imbrincadas na forma de sentidos, é acionada e mobilizada‖
(AGUIAR et.al., 2009, p.63). Essas mobilizações dependerão do momento específico de
cada sujeito, bem como, da história social e subjetiva dos mesmos. Assim,
compreendemos que os sentidos dizem respeito mais a singularidade, portanto, ―são
mais flexíveis, fluidos e com maior propriedade expressam a síntese afetiva e cognitiva,
I ConProEduc e II IncluiEdu 5
PROBLEMA
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
MÉTODOS
métodos já aceitos. Vigotski enfoca o método, como o processo pelo qual se estuda a
constituição sócio- histórica do ser humano. Assim, baseado no materialismo histórico-
dialético, Aguiar (2105) com base em Vigotski apresenta um novo método em
Psicologia. Trata-se de um método que ao considerar a dinâmica do desenvolvimento
humano, atrelado a história, tenta apreender os processos internos, que para tal é preciso
exterioriza-los, é preciso ―observar o não observável [...]‖ (AGUIAR, 2015, p.158). Um
método que ultrapassa a visão simplista do conhecimento, que é assim, capaz de revelar
sua complexidade.
Esse método procura estudar um ser humano que, ao pensar, sentir e agir sobre a
realidade é por ela transformado, sem por ela ser diluído. Trata-se, portanto, de um
método de estudo definido por princípios essencialmente históricos, dialéticos e
complexos.
Portanto, com base nesse método a pesquisa caracterizar-se há como um
processo qualitativo e de caráter transversal, ou seja, apenas uma determinada amostra
em um determinado momento.
TIPO DE PESQUISA
socialmente, não de forma linear e sim de forma que integra simultaneamente ambas as
subjetividades.
As subjetividades social e individual constituem dois níveis que se integram na
definição qualitativa do subjetivo, e que, ao mesmo tempo, são momentos constantes de
tensão e contradição que atuam como força motriz do desenvolvimento em ambas as
instâncias da subjetividade (GONZÁLEZ REY, 2002).
―Portanto, a abordagem qualitativa no estudo da subjetividade, volta-se para a
elucidação, o conhecimento dos complexos processos que constituem a subjetividade e
não tem como objetivos a predição, a descrição e o controle‖ (GONZÁLEZ REY, 2002,
p.48). O objeto de estudo está associado à sua natureza ontológica, que se define em
termos de sentidos subjetivos e processos de significação, e nos conduz à definição de
unidades complexas para seu estudo.
O grande desafio do estudo da subjetividade é que não temos como acessá-la de
forma direta, mas apenas por meio dos sujeitos em que surge integrada de forma
diferenciada. Assim, frequentemente, os indicadores relevantes da
constituição/integração subjetiva surgem só de maneira indireta, muito além da
consciência do sujeito. Dessa forma, essa expressão indireta é facilitada à medida que o
sujeito se expressa de maneira aberta e complexa, sem restrições impostas pelos
instrumentos (GONZÁLEZ REY, 2002).
Portanto, adiante, passaremos a explicação da população e instrumentos que
constituirão essa pesquisa.
POPULAÇÃO
se participam da Comissão da BNCC dentro do seu câmpus (os câmpus possuem uma
comissão de trabalho, discussão e pesquisa sobre a BNCC), saber quais atuam na
educação básica e obter algumas informações iniciais sobre os significados e sentidos
que atribuem a BNCC.
Cabe expor, que concordamos com González Rey (2005), quando diz que em
uma pesquisa qualitativa, o número ideal de participantes selecionados é definido pelas
próprias demandas qualitativas do processo de construção de informação intrínseco à
dada pesquisa, ou seja, não é o tamanho do grupo que define os procedimentos de
construção do conhecimento, mas sim, as exigências de informação quanto ao modelo
em construção que caracteriza a pesquisa.
A partir das respostas dos participantes ao questionário, serão selecionados três
docentes para participarem de uma entrevista semi-estruturada, pois entendemos que os
sujeitos individuais selecionados, serão uma via essencial para o aprofundamento das
informações necessárias para a construção da pesquisa. Como critério de seleção para a
entrevista, utilizaremos principalmente as respostas às perguntas do questionário
referentes à docência no curso Técnico integrado ao Ensino Médio, conhecimento
(leitura) das versões da BNCC, participação na comissão da BNCC do câmpus e
participação e /ou interação na discussão da BNCC em grupos de pesquisa e/ou estudos
relacionados fora do câmpus da rede de ensino federal. Os que cumprirem com maior
número dos pré-requisitos acima serão os professores selecionados para a pesquisa. Se
ainda assim, tivermos um número grande de professores que cumprem todos critérios
acima, utilizaremos como meio de seleção para a entrevista: maior tempo de atuação na
Educação Básica e maior tempo de docência no Ensino Médio dentro da rede federal
respectivamente.
INSTRUMENTOS
González Rey (2005, p.42) define instrumento como ―toda situação ou recurso
que permite ao outro expressar-se no contexto de relação que caracteriza a pesquisa.‖O
instrumento é uma ferramenta interativa, suscetível de multiplicidade de usos dentro do
processo de pesquisa. A informação que o instrumento proporciona, geralmente
encontra primeiro seu sentido no cenário do sujeito estudado, e são as construções
I ConProEduc e II IncluiEdu 10
teóricas e ideias que se desenvolvem ao longo do processo que podem adquirir sentido
na teoria geral adotada (GONZÁLEZ REY, 2002).
Para tanto, na realização desta pesquisa, serão utilizados dois instrumentos para
a obtenção dos dados: um questionário que será aplicado a todos os professores de
Educação Física da rede federal e uma entrevista semi-estruturada para três desses
professores. Ressalto, que corroboramos com González Rey (2005), quando esse afirma
que, numa pesquisa qualitativa, deve-se compreender o instrumento como um meio pelo
qual vamos provocar a expressão do participante – assim ele representará uma fonte de
informação e será usado como estímulo para a busca de palavras com significados na
dada pesquisa.
Portanto, entendemos o instrumento como um momento de comunicação entre
pesquisador e o participante, o qual estimulará a reflexão dos participantes sobre as
questões relativas à BNCC.
Nesse item, abordamos como pretendemos analisar os dados, que serão gerados
a partir das respostas dos sujeitos aos instrumentos. Os questionários e entrevistas serão
transcritos para a análise que descreveremos a seguir.
Com base em Aguiar (2006; 2015), afirmamos que as palavras com significados
(geradas através dos instrumentos) serão nossa unidade de análise, uma vez que essas
compreendem as propriedades do pensamento, por se constituir numa mediação deste.
Assim, como a autora, acreditamos que é pela linguagem que o pensamento se
materializa e manifesta os aspectos da subjetividade do indivíduo.
Dessa forma, sendo as falas dos sujeitos nossa unidade de análise nessa
pesquisa, acreditamos que por meio delas poderemos apreender aspectos sociais,
históricos, culturais, afetivos, cognitivos e volitivos da subjetividade e assim,
caminharmos na busca dos significados e sentidos constituídos pelos sujeitos acerca da
BNCC. Contudo, Aguiar (2015) observa que as falas dos sujeitos não contêm essa
totalidade de aspectos, e essa só pode ser apreendida, em um processo, o qual o papel do
pesquisador não é apenas descrever a realidade, e sim explica-la em sua complexidade.
Assim, fica exposto, que corroborando com Aguiar (2015) caberá a nós nessa
pesquisa, ultrapassar as aparentes formas de significação e ir em busca das
determinações históricas e sociais que se configuram para o sujeito como motivações e
/ou necessidades para chegar ao sentido atribuído por ele. Pois o sentido, como afirmou
Vigotski (2009) é mais amplo que o significado, o qual é apenas uma das zonas do
sentido, a mais estável e fixa.
Dessa forma, abaixo, passamos a detalhar como trabalharemos na Perspectiva
Sócio-Histórica para a explicação e interpretação dessa realidade complexa e dinâmica
I ConProEduc e II IncluiEdu 12
1
IRaMuTeQ é um software livre ligado ao R para análise de dados textuais, desenvolvido pelo
Laboratoire d'Études et de Recherches Appliquées en Sciences Sociales (LERASS) da Universidade de
Toulouse.
I ConProEduc e II IncluiEdu 13
diferentes, ou seja, as palavras maiores são aquelas que detém certa importância no
corpus textual (RATINAUD, 2009).
A segunda fase, iniciaremos quando concluirmos o levantamento dos pré-
indicadores, que, a partir de critérios, como similaridade, complementaridade e/ou
contraposição passam a ser aglutinados por conteúdos temáticos diversos, formando
assim, os indicadores, (AGUIAR; OZELLA, 2006).
Terminada a segunda fase, iniciaremos o processo de articulação dos
indicadores, constituindo assim, a terceira fase, a qual faremos a construção dos núcleos
de significação. Portanto, os núcleos de significação, são o resultado do processo de
articulação dos indicadores que apresentam conteúdos temáticos (pré-indicadores)
semelhantes, complementares e até contraditórios (SOARES, 2011). Por isso, ―[...] essa
é a fase que mais se distancia do empírico e se aproxima da realidade concreta, isto é,
dos sentidos que o sujeito constitui para a realidade na qual atua.‖(AGUIAR; SOARES;
MACHADO, 2015, p.62).
De acordo com Aguiar e Ozella (2006), os núcleos de significação devem ser
construídos de modo a sintetizar as mediações constitutivas do sujeito; mediações essas
que constituem o sujeito no seu modo de pensar, sentir e agir. Esses núcleos devem
expressar aspectos essenciais do sujeito, devem superar tanto os pré-indicadores como
os indicadores. Devem, assim, ser entendidos como um momento superior de abstração,
o qual, por meio da articulação dialética das partes – movimento subordinado à teoria,
avança em direção ao concreto pensado, às zonas de sentido.
Sistematizados os núcleos de significação, passa-se para uma nova fase da
análise, mais complexa e profunda. Passaremos então, para o aprofundamento da análise
e o avanço em relação ao empírico. Buscaremos superar o empírico e atingir o nível
interpretativo dos dados, assim, começando a análise dos núcleos por um processo intra-
núcleo, avançando para uma articulação inter-núcleos. Esse procedimento mostrará
semelhanças e/ou contradições que vão novamente revelar o movimento do sujeito.
Dessa forma, para essa análise dos dados e consequente interpretação dos
mesmos, serão criados quadros com os pré-indicadores, indicadores e núcleos de
significação, assim, conseguiremos discorrer sobre os futuros resultados a partir desses
quadros.
Por fim, deixamos claro, que é através desse processo construtivo-interpretativo,
articulado à perspectiva histórica- dialética que pretendemos nos aproximar de certas
zonas de sentidos dos sujeitos.
I ConProEduc e II IncluiEdu 14
RESULTADOS ESPERADOS
REFERÊNCIAS
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20112014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em:
13 mai. 2017.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
INTRODUÇÃO
Como profissional da área educacional observo que muitos docentes conseguem
desenvolver um trabalho com os alunos que compreendem o conteúdo sem dificuldades
que sejam oriundas de problemas cognitivos, mas me questiono como será o trabalho
deste docente com as pessoas que apresentam necessidades educativas especiais. Vale
ressaltar que os documentos do MEC empregam o termo ‗necessidades educativas
especiais‘, mas, para este trabalho, utilizaremos a terminologia ―pessoa com‖
deficiência ou dificuldade de aprendizagem, entre outros, com exceção das citações ou
das referências colocadas no texto que venham do órgão público em questão.
A rotina escolar, as pesquisas acadêmicas e a legislação nos mostram que para
trabalhar e se manter no meio educacional, faz parte da tarefa diária encontrada nas
escolas trabalhar com a diversidade. Essa é uma grande dificuldade encontrada pelo
docente que atuam num cenário vivo e mutável e vivencia situações em que não há
respostas prontas (FURLANETTO, 2007).
Cada educando apresenta características peculiares que precisam ser respeitadas
pela sociedade e pela escola. Apesar de ser um espaço importante que atende a várias
demandas, percebe-se que a escola se encontra perdida em práticas padronizadas e
antiquadas e o professor, mesmo que iniciante, muitas vezes, repete essas práticas e não
considera a diversidade da sala de aula caracterizada pela multiplicidade e pela
heterogeneidade dos alunos. Barbosa (2007, p. 1064) aponta que [...] ―as mudanças nas
sociedades ocidentais transformaram radicalmente os processos de socialização nos
últimos anos, e as visões mais conservadoras vêm sendo permanentemente
questionadas‖.
A diversidade abarca diferenças sociais, econômicas, culturais, de gênero e
dificuldades de aprendizagem, além de deficiências, transtorno global do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (MAGALHÃES e CARDOSO,
2011). Vários docentes, assim como alunos, percebem a importância da inclusão na
escola, mas não sabem como lidar com ela dentro da sala de aula porque, para eles, fica
I ConProEduc e II IncluiEdu 19
a dúvida sobre como e o que ensinar às pessoas com deficiências. Isso os leva a não
aceitar a inclusão ou aceitá-la no discurso e rejeitá-la na sua prática cotidiana. Baseiam-
se, muitas vezes, numa generalização indevida ao caracterizar a pessoa como a própria
deficiência, ao invés de vê-la como uma condição, subjugando-o como ineficiente por
completo, pois são relações vividas com o estereótipo e não com a pessoa. (AMARAL,
1998).
A inclusão é amparada pela Constituição Federal de 1988, pela Lei de Diretrizes
e Bases que têm como objetivo a promoção do bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. O Estatuto da
Criança e do Adolescente – ECA – que enfatiza no artigo 53, incisos I e II que as
crianças e adolescentes têm direito à educação que os prepare para o exercício da
cidadania, além de assegurar-lhes sua permanência na escola regular.
Outro marco legal expressivo para a inclusão é a Resolução nº 02/01 que institui
as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica e confirma a
necessidade de oferecer aos docentes formação adequada para que este possa trabalhar
com a diversidade no ambiente escolar.
Com grande importância para a educação especial e inclusiva a Política Nacional
de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva enfatiza a formação do professor para o
atendimento educacional especializado, denominado professor especialista e a formação
do professor de ensino regular, designado professor generalista. Este documento traz
novos posicionamentos e conceitos em relação à educação inclusiva e reafirma ações e
normas destacadas anteriormente. Seu objetivo é assegurar a inclusão escolar de alunos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação no sistema regular de ensino, da educação infantil até a
educação superior.
A Política Nacional mencionada anteriormente define cada grupo formador do
público da educação especial:
Considera-se pessoa com deficiência àquelas que têm
impedimentos de longo prazo, de natureza física,
intelectual ou sensorial, que em interação com diversas
barreiras podem ter restringida sua participação plena e
efetiva na escola e na sociedade.
As pessoas com transtornos globais do desenvolvimento
são aquelas que apresentam alterações qualitativas das
interações sociais recíprocas e na comunicação, um
repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado
I ConProEduc e II IncluiEdu 20
tem contato direto com a situação que está sendo estudada e precisa perceber as
manifestações e as interações decorrentes da situação em si, além de notar as reações
das pessoas e os aspectos cotidianos frente ao problema proposto.
Para este trabalho, a ideia foi limitar-se a um único sujeito de pesquisa para que
pudéssemos nos aprofundar em sua constituição identitária de modo a enfatizar as
histórias de vida e as tensões entre formação e prática docente relacionadas à educação
inclusiva. Os critérios escolhidos para determinar o sujeito de pesquisa foram:
A) Formação em Pedagogia;
B) O tempo de exercício na profissão, que poderia variar de 02 a 08 anos de
experiência;
C) Inserção no ensino regular básico, público ou privado;
D) Ter, ou ter tido, pelo menos um aluno com deficiência em sua sala de aula e
A entrevista foi selecionada como instrumento para a coleta de dados por
desempenhar um papel importante nas atividades humanas e pela interação que permeia
a técnica (LÜDKE e ANDRÉ, 1986). A escolha pela entrevista semiestruturada como
instrumento foi feita por se tratar de um recurso em que não há imposição de questões, o
que nos permitiu extrair concepções e opiniões do docente de modo a resgatar seu
caminho em relação ao desenvolvimento profissional e pessoal, além constatarmos
como ele percebe a inclusão.
Foi empregada também a técnica de entrevista recorrente, procedimento que
permite a construção do conhecimento sobre a situação analisada. O pesquisador e o
pesquisado retornam ao material produzido, transformando-o e modificando as
informações coletadas à medida em que as entrevistas são realizadas, voltando ao
material original para consulta sempre que necessário. (SADALLA et al, 2005)
Com o objetivo de nos aprofundarmos sobre o assunto e não desviarmos o foco
pretendido nesta pesquisa, as questões elaboradas e organizadas seguindo os seguintes
critérios:
1) a Trajetória Profissional Docente;
2) as Crises Identitárias e suas rupturas;
3) a formação para a inclusão na Formação Inicial/ graduação;
4) o incentivo e/ou o descaso dos Professores Formadores frente à inclusão,
5) as Reflexões que as experiências proporcionaram aos docentes em relação aos
alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/
superdotação;
I ConProEduc e II IncluiEdu 22
REFERENCIAL TEÓRICO
Dentre as atribuições que lhe são feitas, o indivíduo pode recusar essa identidade
e se constituir de outra maneira, mas, quando há perturbações nessa incorporação,
ocorre uma cisão, um desequilíbrio, que Dubar (2009) nomeia de crise. Para o autor,
crise tem sentidos múltiplos: ―fase difícil atravessada por um grupo ou indivíduo‖e
―período decisivo ou perigoso da existência‖ (p.20).
I ConProEduc e II IncluiEdu 24
A expressão crise remete à ideia de ruptura e, por sua vez, remete à ideia de uma
modificação mais ampla que poderá afetar, ao mesmo tempo, os comportamentos
econômicos, as relações sociais e as subjetividades individuais.
Os momentos de crise e as rupturas fizeram parte da carreira e da prática docente
apontados pela professora, assim como as reflexões que a prática inclusiva lhe
proporcionou e as situações do cotidiano escolar com as peculiaridades que seus alunos
apresentavam. Apontou, também, algumas situações em relação à formação inicial e
sobre como os professores formadores atuam em relação à educação especial e inclusiva
na graduação; sobre como as ocorrências cotidianas, tanto pessoais quanto profissionais,
são determinantes na relação com o outro[...]. (DUBAR, 2009)
RESULTADOS
colocados na formação inicial, mas o fato de ter havido uma atribuição em relação à
inclusão não significa que haverá uma pertença por parte dos futuros professores.
Muitos conteúdos não foram aprofundados na graduação e, como consequência,
encontramos docentes em crise, e nem todos têm desenvolvidas e até mesmo, a
oportunidade de desenvolver, na sua constituição identitária, características reflexivas
para se apropriar dos atos de atribuições apresentados na formação inicial docente,
tornando-os atos de pertencimento. Atos atribuídos como por exemplo, adaptar
atividades para atingir todos os públicos, é da pertença do professor quando há a
compreensão na importância de oferecer a todos os alunos as atividades que todos se
beneficiarão.
Numa formação inicial em que muitos conceitos foram expandidos de forma
ínfima, podemos esperar que os processos multidimensionais tenham sido pouco
trabalhados e a consciência e a intencionalidade do professor tenham sido formadas de
modo superficial. Sabemos que as dimensões são desenvolvidas em todo processo
formador docente, mas, na graduação, em que são atribuídas características tão
fundamentais para o docente atual, poderiam ser oferecidos elementos visando
proporcionar saberes aos graduandos para que o futuro docente se beneficiasse das
experiências da formação inicial e desenvolvesse as dimensões propostas por Placco
(2008), que auxiliariam as pertenças para o papel do professor inclusivo.
Segundo Furlanetto (2007), a resistência à mudança é uma resistência ao
crescimento, pautada na crença de que a transformação pode destruir algo construído;
para crescer é preciso ter coragem de olhar e ver; ouvir e escutar, conhecer e
experimentar, pensar a respeito e fazer, o que significa que algo, ao ser destruído,
possibilita o construir, o recriar, o reinventar-se.
Diante da dualidade constante entre atos de atribuições e de pertenças que
permeiam a carreira docente, a professora se apropria de aspectos do papel do professor
inclusivo e, em alguns momentos, de aspectos do papel do professor tradicional, pois o
cenário no qual a docente, sujeito desta pesquisa, está inserida, tem como base as crises
identitárias, pois, para onde se olhe, está instaurada uma crise decorrente das oscilações
e contradições constantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
I ConProEduc e II IncluiEdu 28
REFERÊNCIAS
RESUMO
ABSTRACT
I ConProEduc e II IncluiEdu 33
The reflection on the teaching practice is a subject that has been discussed
recently in academic research. As far as teaching practice in music is concerned, this
discussion gains new insights as the municipalities are adapting to the LDB changes,
with Law 11.769/08, which makes music education compulsory in basic education, and
with the Law 13.278/16, which ensures that not only music, but other artistic
expressions become the content of basic education. With the implementation of these
legislations, especially with regard to the first mentioned, which includes the teaching
of music, schools and municipalities begin to adapt, in order to offer music lessons for
basic education. To do this, each municipality has articulated its plans in different ways,
and also, bringing a new professional to the interior of schools and classrooms: the
music teacher. In the intention to carry out a research in which the direction of the look
is directed to the teaching practice of teachers of the municipal network of a
municipality of the country of São Paulo, we are developing a research on the theme of
music education and teaching practices in music, aiming the analysis of the Practices of
music teachers and how teachers themselves reflect on those practices. We present here
the bibliographical revision carried out so far, which will be the basis for the analysis of
the data that will be collected for the elaboration of a dissertation in the program of
Professional Masters in Education by the University of Taubaté.
INTRODUÇÃO
O suíço Emile-Jacques Dalcroze, que viveu dos anos 1865 a 1950, teve em suas
ideias pedagógicas uma ênfase na presença do movimento corporal articulado com a
escuta musical.
Fonterrada (2008,p.123) aponta que uma das preocupações do trabalho de
Dalcroze, é ―a educação musical e a necessidade de sistematização das condutas, em
que música, escuta e movimento corporal estivessem estreitamente ligados e
interdependentes‖Para isso, desenvolveu um sistema de educação musical conhecido
como ―Rythmique‖, em que articula o movimento e a música.
Uma segunda preocupação do trabalho de Dalcroze, dizia respeito à uma questão
de organização do povo, liderança, união de massa. Fonterrada (2008) descreve esse
ideal como sendo, para Dalcroze:
[...] a união dos indivíduos, num processo que
caminha em direção ao coletivo; para ele, caberia à arte
esse papel aglutinador, graças à sua capacidade de
suscitar, nos indivíduos, a expressão de sentimentos
comuns.[...](FONTERRADA, 2008, p. 124)
I ConProEduc e II IncluiEdu 37
2
Sequência de gestos manuais utilizada na aprendizagem de alturas musicais. No Brasil, Villa-Lobos
utilizou-se também desta técnica em seu trabalho com a educação musical na década de 1930.
I ConProEduc e II IncluiEdu 38
Sendo assim, para Schafer, tudo a nossa volta é considerado um evento musical,
basta que o professor interaja com isso e proporcione aos alunos a conscientização dessa
realidade, de forma a que possam utilizar-se de todos os eventos sonoros para a
apropriação musical, composição, improvisação e apreciação.
Nesse sentido, a figura do professor é papel indispensável e imprescindível para
uma educação musical crítica, consciente e dialógica.
Para Schafer,(2011, p.270), não há mais professores, apenas uma comunidade de
aprendizes.‖ e assim também, nos remetemos a Paulo Freire (2011), quando discute que
não há docência sem discência, para ambos, o papel do professor não é o de mero
transmissor de conteúdos e detentor de saberes, diferente disso, Schafer (2011, p. 270)
destaca que:
[...] o professor precisa continuar a aprender e
crescer com seus alunos. Naturalmente o professor é
diferente, mais velho, mais experiente, mais calcificado. É
o rinoceronte na sala de aula, mas isso não significa que
ele deva ser coberto com couraça blindada. O professor
precisa permanecer uma criança(grande), sensível,
vulnerável e aberto a mudanças.
Essa metáfora do rinoceronte vem contribuir com a noção de que quando Freire
(2011) aponta que não há saber mais, ou saber menos, há saberes diferentes, o professor
deve estar incluído nessa afirmação, não somente os alunos. Todos, de formas
diferentes, estão em busca do fazer musical consciente, claro que com mais
―calcificação‖ por parte do professor.
A proposta de educação musical de Schafer, como já havia mencionado
anteriormente, não é pré-definida e estabelecida em moldes, mas é uma ideia de
construção: À medida que avanço, minha filosofia de educação musical muda‖.
(SCHAFER, 2011, p. 270).
Entretanto, não porque essa imutabilidade seja algo valorizado e parte do
processo, para Schafer (2011), o professor pode seguir passos metodológicos que
contribuem para a conscientização dos alunos na percepção do mundo sonoro e musical
presente à nossa volta. Em suas obras, (2009 e 2011) o autor sempre destaca exemplos
de atividades realizadas, no passo a passo, mais voltado para uma ideia de guia do que
de método, mas que contribui para a prática docente em educação musical e,
obviamente, para análises e reflexões na pesquisa sobre a prática reflexiva do professor
de música.
I ConProEduc e II IncluiEdu 42
1 - Educação Musical:
Olhando e construindo na
Cláudia Ribeiro Bellochio 2001
formação e ação de
professores
2 - Música e escola: um
Mônica Zewe Uriarte 2004
diálogo com a diversidade
3 - O processo de
aprovação da Lei
11.769/2008 e a Sérgio Figueiredo 2010
obrigatoriedade da música
na educação básica.
4 - A reflexão sobre a
prática na pesquisa e
Viviane Beineke 2012
formação do professor de
música
TITULO DA
AUTOR ANO / INSTITUIÇÃO
DISSERTAÇÃO / TESE
(Dissertação) UFRGS
2011
2 - O educador musical na
Myrna Valéria C. de
escola regular em Belo
Oliveira
Horizonte. (Dissertação)
UFMG
3 - Música na Educação
Infantil: Estratégias, 2013
propostas e concepções de
ensino de música em Cíntia Dutra Tavares
escola de ensino regular do
município de Vitória (ES). UFMG
(Dissertação)
educar, sobre o que é ser professor, pois só com a compreensão global da função
docente podemos chegar à especificidade do professor de música.
Desse modo, realizamos concomitantemente com a pesquisa sobre educação
musical e práticas docentes em música, uma pesquisa sobre autores que abordam a
questão da prática reflexiva.
Autores como SCHÖN (1992), CUNHA (1994), IMBERNÓN (2000), FREIRE
(2011) e TARDIF (2014), discorrem sobre a função docente reflexiva e dos saberes que
envolvem seus trabalhos em sala de aula. Nessa linha, Tardif (2014) aponta para a
necessidade de se estudar os saberes docentes, pois:
O saber dos professores é o saber deles e está relacionado
com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência
de vida e com a sua história profissional, com as suas
relações com os alunos em sala de aula e com os outros
atores escolares na escola, etc. Por isso é necessário
estudá-lo relacionando-o com esses elementos
constitutivos do trabalho docente. (TARDIF, 2014 p. 11)
Dessa maneira, quais são os saberes dos professores de música para a educação
infantil, que não necessariamente têm conhecimentos específicos em música, em
decorrência de uma não exigência? Como os professores de música entendem sua
prática e avaliam os desempenhos, tanto dos alunos e especialmente o deles próprios?
Tardif (2014) acredita que o saber dos professores é um saber social, pois se dá no
estabelecimento das relações entre professor e aluno. Desse modo, compreendemos que
essa afirmação será fundamental no momento de conduzir nossa pesquisa.
Freire (2011) nessa perspectiva, também acrescenta que o ato de educar não é
neutro, e que os saberes não são maiores ou menores em uns ou outros sujeitos, o que
existem são saberes diferentes, ou seja, na dimensão de nossa pesquisa, podemos
considerar que mesmo que o professor não seja um especialista em música, ele de
alguma maneira está estabelecendo relações com os alunos, o que nos move é saber
quais são essas relações e como os professores refletem sobre elas. Freire (2011)
também acredita que:
Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática. O pensar
certo sabe, por exemplo, que não é a partir dela como um
dado que se conforma a prática docente crítica, mas sabe
também que sem ele não se funda aquela. A prática
docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o
movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar
sobre o fazer. (FREIRE, 2011, p.39)
I ConProEduc e II IncluiEdu 46
Desse modo, pensar certo é refletir sobre a prática, e nessa ideia, Schön (1992)
traz considerações que destacam que o professor que reflete sobre sua prática tem a
tarefa de encorajar seus alunos, reconhecer e valorizar as dúvidas, desse modo, o
professor também se colocará em papel de questionamento, assim, o movimento de
construção de conhecimento se dá.
Imbernón (2000) também nessa linha de pensamento, coloca que o professor não
deve se colocar na situação de técnico, sem falhas e puramente conhecedor das ciências,
mas sobretudo como um facilitador de aprendizagens que colabora para a interação dos
alunos com o objeto do conhecimento.
Essa somatória de ações e reflexões por parte do professor o configuram num
profissional atento à diversidade da sala de aula e consequentemente podemos
considerar que são atitudes para uma boa postura docente. Sobre essa qualidade
docente, Cunha (1994) apresenta sua pesquisa que vem buscar identificar do que se
constitui a prática de bons professores, quais os critérios para um professor ser
considerado ―bom‖ e quais os sentidos para ―bom‖. Sobre isso a autora afirma que:
Sendo assim, entendemos que para a análise dos dados coletados para uma
pesquisa sobre a prática reflexiva de professores de música da educação infantil,
encontraremos suporte nas referências para identificarmos boas práticas e bons
professores, bem como seus saberes docentes, a influência do ambiente e as interações
estabelecidas entre professores e alunos.
METODOLOGIA
RESULTADOS
I ConProEduc e II IncluiEdu 48
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática.4ª ed. Campinas, SP:
Papirus, 1994. ( Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico)
I ConProEduc e II IncluiEdu 50
ILARI, Beatriz. Shinichi Suzuki: A educação do talento. In. MATEIRO, Teresa; ILARI,
Beatriz (Org.) Pedagogias em Educação Musical, Curitiba, SP: InterSaberes, 2012.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 17. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2014.
INTRODUÇÃO
Este texto tem por objetivo refletir sobre as contribuições que os estudos sobre
daltonismo podem oferecer à prática pedagógica de professores de Educação Infantil.
A metodologia escolhida para a pesquisa será de cunho qualitativo, do tipo
intervenção pautada na pesquisa-ação, cujos instrumentos de coleta de dados serão:
observação, orientação e entrevistas com professores de uma Escola de Educação
Infantil (EMEI), localizada no município de São Paulo, que atende crianças de 4 a 5
anos e 11 meses, além da análise dos documentos oficiais.
Como objetivos específicos, elencamos verificar o que o professor de Educação
Infantil entende por daltonismo e averiguar se os docentes reconhecem a necessidade de
formação continuada para a contextualização e reflexão das práticas pedagógicas
inclusivas, a fim de atenderem crianças daltônicas.
Buscamos responder as seguintes perguntas:
I ConProEduc e II IncluiEdu 53
pessoa que se locomove bem com as suas pernas, sentar-se numa cadeira de rodas e sair
pela cidade, na tentativa de compreender um mundo que não é o seu.
Essa pesquisa pretende ainda, revelar um novo olhar sobre o daltonismo na
educação mas, de maneira singular, na Educação Infantil.
Diante do exposto, fizemos um levantamento de teses e dissertações que vem ao
encontro do nosso objeto no Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(Ibict), por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e um
levantamento no site da Scientific Eletronic Library Online (Scielo) no período de 2013
a 2017, somente na área da educação, utilizando as seguintes palavras-chave: Crianças
daltônicas, Daltonismo, Educação Infantil, Discromatopsia, Acromatopsia. Nada que se
aproximasse do objeto pesquisado foi encontrado.
Continuamos nossa procura pelos mecanismos de busca do Google e
encontramos o trabalho de graduação em Artes de Gruchouskei (2016), disponível na
Biblioteca Depositária da Universidade Federal do Paraná, este sim, compatível com
nosso objeto a ser pesquisado. A autora descreve um estado de atenção e compromisso
inerente à função do magistério quando diz que ―nós, profissionais da área da educação,
devemos estar atentos e abertos aos sinais emitidos por nossos alunos‖.
(GRUCHOUSKEI, 2016, p.18).
Mesmo que esses sinais sejam velados, a percepção docente deverá ser capaz de
compreender, numa profundidade cada vez maior, os equívocos e as tentativas de
acertos das crianças, reconhecendo a diferença entre o teor criativo das práticas
artísticas e das brincadeiras e o insucesso na execução das tarefas.
A presente pesquisa adotará uma abordagem qualitativa do tipo intervenção
pautada na pesquisa-ação. Para Severino (2016, p.127), ―a pesquisa-ação é aquela que,
além de compreender, visa intervir, com vistas a modificá-la‖.
Assim sendo, a pesquisa-ação aponta para o estudo do objeto durante o processo
de pesquisa, ao mesmo tempo que envolve os diversos atores, numa mudança da prática
até então tida como ideal.
O instrumento de coleta de dados acontecerá em quatro etapas:
REFERENCIAL TEÓRICO
Uma pessoa pode ser daltônica por hereditariedade ou por doença adquirida,
conforme nos informa Caliari:
Pessoas normais são tricromatas, pois possuem na retina os cones para as cores
vermelho, verde e azul, conseguindo distinguir todas elas.
Para casos onde existe a suspeita de daltonismo ou discromatopsia, os
oftalmologistas comumente aplicam testes para a confirmação ou não da suspeita.
Entre os muitos testes de denominação, as lâminas de Ishihara são as mais
utilizadas.
É um teste de fácil e rápida realização. Serve para identificar as deficiências para
as cores verde e vermelha, e também para identificar a acromatopsia, caso onde o
indivíduo não consegue distinguir nenhuma das cores, apenas preto e branco e suas
nuances.
Lâminas de Ishihara
I ConProEduc e II IncluiEdu 57
Fonte: https://apps.carleton.edu/campus/library/exhibitions/current/past/exhibition-
archives/exhibitions2012-2013/
Fonte: https://www.losreplicantes.com/articulos/asi-ven-mundo-personas-
daltonicas/
desenvolvimento pleno e integral das crianças. Mais que isso, um trabalho que inclua,
que dê sentido de pertencimento ao grupo.
Para a fundamentação do trabalho de pesquisa, adotamos autores que nos
ajudarão a entender a inclusão de crianças na Educação Infantil, bem como o que se
espera dessa etapa da educação básica, com relação inclusive, ao papel do professor.
Também serão utilizados como referencial, os documentos oficiais como a
Constituição da República Federativa do Brasil (1998), que define o direito à educação
de todo aluno na rede regular de ensino, a Declaração de Salamanca (1994) que declara
que a escola inclusiva tem como base que todas as crianças aprendam juntas,
independente do tipo de dificuldade, limitação ou diferença existente entre elas, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – lei n. 9394/96) que assegura currículo,
métodos, recursos, organização do trabalho e especialização de professores para o
atendimento dos alunos e por último, a Política Paulistana de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (2016), sendo que neste último, observando o
princípio:
Do currículo emancipatório, inclusivo, relevante e
organizador da ação pedagógica na perspectiva da
integralidade, assegurando queas práticas, habilidades,
costumes, crenças e valores da vida cotidiana dos
educandos e educandas sejam articulados ao saber
acadêmico. (Decreto 57.379, Art 1º, ítem VII).
Fonte: http://becre-esct.blogspot.com.br/2011/05/iii-conferencia-de-design-
grafico.html
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MANTOAN, Maria Teresa Edler. Inclusão Escolar: o que é? Por que? Como fazer?
São Paulo: Sammus, Edição Kindle, 2015.
MEUX, Patrice de Laage de. Oftalmologia Pediátrica. São Paulo: Tecmedd, 2007.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. Educação infantil: fundamentos e métodos.
São Paulo: Cortez, 2013.
POZAS, Denise. Criança que brinca mais aprende mais: a importância da atividade
lúdica para o desenvolvimento cognitivo infantil. Rio de Janeiro: Senac, 2012.
SÁTIRO, Angélica. Brincar de Pensar: com crianças de 3 e 4 anos. São Paulo: Ática,
2012.
INTRODUÇÃO
unidades escolares, uma vez que o diálogo e o respeito estabelecido entre coordenador
pedagógico e professores é primordial para que o trabalho pedagógico desenvolvido
seja construído entre todos os participantes, de maneira prazerosa, produtiva e de fato
concreta para a prática pedagógica com as crianças.
A metodologia utilizada é de cunho qualitativo e os instrumentos de coleta de
dados são a observação do cotidiano da coordenadora pedagógica em diferentes espaços
do CEI e entrevista semiestruturada com as professoras, assim preocupando-se com o
aprofundamento e compreensão do tema pesquisado com determinado grupo social.
Lüdke e André (2014) destacam que a pesquisa qualitativa se dá em ambiente natural,
sendo este a fonte direta de dados, na qual o principal instrumento é o pesquisador.
O referencial teórico utilizado para fundamentar a categoria dimensão afetiva
está pautado nas ideias de Paulo Freire (2004, 2015), uma vez que, em suas obras,
destaca as relações entre os sujeitos como foco principal do aprendizado e
transformação de práticas pedagógicas. Para fundamentar a categoria educação infantil
e a história do coordenador pedagógico, Kuhlmann Jr (1998); Kramer (1999), que
pontuam as diversas questões históricas desse segmento educacional, como avanços nas
políticas públicas que definiram o cargo de professor e coordenador no CEI.
Para tanto, consideramos o contexto histórico da educação infantil, assim como a
estrutura legal que rege os profissionais deste âmbito. Ainda buscando compreender
dentro do contexto educacional a dimensão afetiva.
A DIMENSÃO AFETIVA
Para o autor, a prática educativa deve ser alegre, afetiva, que considera os
sentimentos, os desejos e os sonhos dos envolvidos. As relações devem ser construídas
pensando na capacidade de ouvir, refletir e discutir considerando o nível de
compreensão do outro. E com essa postura, sempre refletir sobre sua atuação no mundo.
Assim, pontua que nos momentos de reflexão deve-se buscar perceber o outro,
entender seu cotidiano e sua inserção na unidade. É fazendo a leitura do espaço, de suas
vivências, de onde vem, suas crenças e acolhendo seus sentimentos que se dará o
conhecimento na inteireza de si e do outro.
Vieira (2005), também ressalta que é preciso momentos de reflexão dos
sentimentos dos envolvidos na ação educacional cotidiana e afirma:
A educação infantil paulistana, teve seu início com os Parques infantis de Mario
de Andrade, em 1935, à época, diretor do Departamento de Cultura da Cidade. Estes
espaços garantiam o brincar e o espaço amplo permitia a criação da cultura da infância e
o contato diário com a natureza. Na década de 1950 houve a expansão desses parques,
buscando atender crianças mais afastadas do centro da cidade.
Em 1970, os Parques Infantis passam a ser denomidados Escolas Municipais de
Educação Infantil (EMEI), e nos anos 1980, a Educação Infantil vive a concepção de
educação compensatória e preparatória para o Ensino Fundamental.
Nessa época, a distinção entre creche e pré-escola se dava ora pela idade das
crianças, a creche atenderia crianças de 0 a 3 anos e a pré-escola de 4 a 6; ora pelo
funcionamento, a creche com horário integral e a pré-escola meio período, ora pela
I ConProEduc e II IncluiEdu 70
categoria para Freire (2004), é essencial no processo de vivência entre os sujeitos que
ensinam e aprendem mutuamente.
Vieira (2005), em livro voltado para o cotidiano do coordenador pedagógico na
escola ressalta:
necessitam do auxílio da coordenadora, uma vez que elas não se sentem ouvidas e/ou
respeitadas nesse espaço, pois dizem que falta acompanhamento do trabalho realizado
como um todo, seja nos registros, no planejamento, na execução de tarefas e ou nos
momentos de Planos Especiais de Ação (PEA).
Os PEA são momentos de formação continuada em serviço, acontecem três
vezes durante a semana, uma hora antes ou depois da jornada, no qual a coordenadora é
responsável por organizar e apresentar às professoras um plano de estudo que é definido
no início do ano letivo em conjunto com a equipe docente. Esse plano é
necessariamente condizente com o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da unidade.
As professoras dizem que têm pouco espaço para opinar sobre determinado
assunto e ou fazer trocas de experiências. E que a coordenadora se recusa a participar
das festas da unidade, pois não configura como um trabalho pedagógico, além de
ressaltar que apresenta dificuldades em momentos de divergência de opiniões e por isso
não permite espaço para discussões mesmo se tratando de assuntos pertinentes à
formação dos professores.
Se observarmos as atribuições definidas no decreto anteriormente citado, a
coordenadora tem deixado de articular o projeto de trabalho definido com o grupo. E
essa ação de pensar, planejar, avaliar juntamente com a equipe, também aparece fora de
contexto de acordo com as falas das professoras.
Embora nas atribuições destinadas à coordenadora não especifique o diálogo, o
respeito, o cuidado em ouvir e se atentar para as necessidades das professoras,
subentende-se que no fazer junto com a equipe, essas ações intrínsecas da dimensão
afetiva, estivessem contempladas no cotidiano no CEI, porém ao observar as tomadas
de decisões da coordenadora frente as professoras, fica claro que isso não ocorre. A
coordenadora busca certa distância dos sujeitos, em alguns momentos diz que seu
compromisso é com a formação das professoras.
Outra fala das professoras que nos faz pensar na dificuldade nas relações entre
os sujeitos, é a questão do preconceito. Afirmam que presenciaram cenas de agressões
verbais com professoras em razão da cor, credo e ou opção sexual.
Em muitos momentos as professoras colocam que a coordenadora parece ter
bastante conhecimento e que embora esteja, apenas cinco anos na função, tem muitos
anos de experiência como professora, porém tem dificuldade em estabelecer diálogo
com as pessoas, sempre se colocando como superior aos outros, mesmo com os pais e
demais funcionários da instituição Segundo as docentes entrevistadas a relação
I ConProEduc e II IncluiEdu 75
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
_______, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2015.
KUHLMANN JR., M., Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Porto
Alegre: Mediação, 1998.
I ConProEduc e II IncluiEdu 77
RESUMO
INTRODUÇÃO
Torna-se importante destacar que cada ano que passa o assunto evasão escolar
torna-se preocupante em todos os graus de ensino e em diferentes sistemas
I ConProEduc e II IncluiEdu 79
educacionais. Mas é preciso considerar que no momento que se fala a respeito de evasão
escolar é preciso estar atento que não se pode só unicamente mencionar a propósito ao
ato de evadir, fugir, desistir, pois é importante saber se existe um vasto conjunto de
multíplices facetas nem sempre bem compreendidas para que essa evasão aconteça.
Quando se fala, por exemplo, em evasão escolar de curso técnico que é o objeto
deste artigo destaca-se que em outros países do mundo este assunto na literatura é
debatido por diferentes autores. Mas o problema é que no Brasil, a realidade sobre
evasão de cursos técnicos é oposta, porque se torna relevante destacar que não existem
muitos estudos sobre o assunto. Sendo assim segundo entendimento de Machado e
Moreira (2009, p. 3):
Deste modo este artigo tem como objetivo principal evidenciar motivos que
levam a evasão escolar na educação profissionalizante técnica.
Este tema justifica-se, pois é de grande importância tanto para os
estabelecimentos de ensino quanto para governo e alunos entender qual o motivo que
contribui para a evasão, sobretudo num curso técnico, e mostrando esses motivos assim
torna-se quem sabe possível traçar objetivos e estratégias para lidar com a temática
dentro de uma escola.
Quando se aborda o tema da evasão escolar é possível observar que tem sido
explorado de maneira expressiva, porém, tais estudos se limitam ao ensino Fundamental
ou Médio. Importante destacar, que são poucos os estudos que se preocupam com a
evasão na educação profissional e com o nível técnico, sendo esta a razão que me levou
a realizar essa pesquisa.
A realização deste trabalho demandou o uso de revisão bibliográfica, de forma
qualitativa a qual leva à constituição do quadro teórico, do conjunto de definições,
princípios, categorias etc. A coleta de dados foi procedida por meio de artigos, livros e
I ConProEduc e II IncluiEdu 80
Os autores afirmam o que acontece desde de aquela época até os dias de hoje , a
educação profissionalizante técnica é oferecida aos menos favorecidos, no decorrer
deste artigo isto poderá ser notado facilmente pelo leitor.
A chegada da família real, em 1808, fez com que fosse criado o colégio das
fábricas, primeiro estabelecimento público com o objetivo de atender à educação de
artistas e aprendizes vindos de Portugal. O autor prossegue dizendo que foi Nilo
Peçanha, governador do Rio de Janeiro que instaurou o ensino técnico no Brasil, por
meio do decreto nº 787/1906, que criou quatro escolas profissionais no estado em
questão, sendo três dedicadas ao ensino de ofícios e uma de ensino agrícola.
Em 1906 instaurou-se oficialmente o ensino técnico-industrial no país. Em 1909,
Peçanha assume a presidência do Brasil e assina o decreto nº 7.566, que foi responsável
pela criação de dezenove escolas de aprendizes e artífices em diferentes unidades
federativas, direcionadas ao ensino profissional, primário e gratuito, tendo portando
mais de cem anos de existência essa modalidade de ensino, que passou por várias
mudanças ao longo do tempo.
Segundo Garcia (2000) até 1927, quando o projeto Fidélis Reis foi apresentado,
não houve grande avanço no ensino técnico. O projeto em questão propunha a oferta
obrigatória do ensino profissional no Brasil. Posteriormente, em 1930 foi criado o
Ministério da Educação e Saúde Pública, estruturando a Inspetoria do Ensino
Profissional Técnico, que tinha como atribuição a supervisão das escolas de aprendizes
e artífices, que anteriormente eram atreladas ao Ministério da Agricultura.
A dita inspetoria, conforme o autor, transformou se em Superintendência do
Ensino Profissional, em 1934, um período que iniciou uma importante ampliação do
ensino industrial no país, gerando a criação de novas escolas industriais e a inserção de
novas especializações nas escolas já existentes.
Segundo Kuenzer (2000) a educação apresenta um campo definido e um
desenvolvimento histórico muito peculiar, o que não é impeditivo para que seja
integrada a outras práticas sociais, como o trabalho, o que desencadeou a educação
profissional de nível médio no Brasil. Kuenzer (2000) comenta que os cursos técnicos
atrelados ao ensino médio, sempre foram o cerne do ensino técnico no país, pretendendo
oferecer formação profissional aos jovens que se encontram na fase final do ensino
básico. Sendo assim o autor Kuenzer (2000) aponta que a formação profissional passa a
ser relatada no país a partir de 1909, por meio da criação de escolas de artes e ofícios.
I ConProEduc e II IncluiEdu 82
Tais escolas que não foram criadas com o objetivo oficial de atender às
demandas de desenvolvimento industrial, que eram praticamente inexistentes nessa
época. Essas escolas sugiram sim com a finalidade moral, a fim de retirar das ruas os
jovens que não tinham lugares determinados na sociedade e colocar os mesmos numa
profissão.
De acordo com Kuenzer (2000) a proposta inicial da educação profissional
surgiu no Brasil em formato moralista e paternal, as propostas seguintes foram incluídas
no processo de produção e não possibilitavam o acesso ao ensino superior. Nesse
período da história, existia uma perspectiva dualista da educação profissional, acentuada
uma vez que os alunos frequentadores do curso profissional, não são os mesmos que
frequentam o ensino propedêutico, direcionado ao ensino superior.
profissional, acentuada uma vez que os alunos frequentadores do curso profissional, não
são os mesmos que frequentam o ensino propedêutico, direcionado ao ensino superior.
Oliveira (2004) destaca em um de seus artigos que a empregabilidade acabou se
tornando um dos maiores enfoques da educação a partir da década de 1990, já que as
políticas sociais que tinham como objetivo conter a pobreza funcionava,
majoritariamente, como políticas compensatórias. Para o autor, a transformação da
produção equânime era o argumento central das reformas no campo educacional que
eram implantadas no governo de Fernando Henrique Cardoso:
Quando se fala em cursos técnicos Ramos (2005), destaca que é preciso ficar
atento ao disposto nos arts. 394 e 405 da LDB nº 9.394/97, e assim será possível notar
que o decreto nº 5.154/04 passa a defender a integração da formação geral/propedêutica
à formação profissional/técnica, o que parte de eixos que orbitam sobre: trabalho,
ciência, cultura e tecnologia. Tomando o trabalho como o princípio educacional, assim
como as categorias da ciência, de cultura e da tecnologia.
Torna-se importante deixar claro que para adolescentes e jovens os cursos
técnicos quando concluídos, sobretudo nos dias atuais consegue que seja possível
ampliar as possibilidades de inserção no mercado de trabalho e torna mais promissor o
futuro da nova geração. Por outro lado o empresário, que motiva seus funcionários para
estes cursos, além de cumprir sua função social, contribuirá para a formação de um
profissional mais capacitado para as atuais exigências do mercado de trabalho e com
visão mais ampla da própria sociedade. Consequentemente vale destacar que isso é
avaliado como sendo mais que uma obrigação legal, portanto, a aprendizagem é uma
ação de responsabilidade social e um importante fator de promoção da cidadania,
redundando, em última análise, numa melhor produtividade.
Considera-se que por muitas vezes a evasão de cursos técnicos conforme
pesquisa realizada com Veloso e Almeida (2001, p.44) com coordenadores de cursos da
Universidade Federal de Mato Grosso, em muitos casos trazem motivos de acontecer e
sendo assim o aluno evadido é aquele estudante que não fez curso preparativo para
entrar na faculdade, procurou vestibular em escolas com menor ação para avalizar o
ingresso; evidencia falta de organização para seguir as disciplinas fundamentais, devido
a um Ensino Médio de baixa qualidade; a escolha do curso foi feita sem dados
suficientes, o que determina uma reversão de probabilidades e uma frustração; o seu
grau socioeconômico o incentiva para o mercado de trabalho em procura de renda. Isso
sem dúvida vem ao encontro da pesquisa em andamento, o que se observa é vários
alunos abandonando o curso por falta de informações sobre o mesmo, a escola deve
proporcionar que o candidato ao curso possa ter todas as informações referentes ao
mesmo.
Destaca-se que tratando sobre a evasão de cursos técnicos é preciso mencionar
que durante a abertura do Fórum de Evasão na Educação de 2011 uma observação foi
realizada pela Tathiane Eneas de Arruda, diretora de Graduação do Instituto Federal de
I ConProEduc e II IncluiEdu 88
Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), ela destacou que em se tratando
de cursos técnicos o número de alunos evadidos é avaliado como sendo maior
geralmente no segundo semestre do curso, e isso acontece devido cada vez mais o
mercado disponibilizar empregos temporários durante esse período, sendo assim,
conforme entendimento de Tathiane, “[...] por serem alunos do Instituto Federal,
conseguem trabalho facilmente, mas acabam ficando retidos e chegam atrasados na
aula, até que não consegue conciliar e abrem mão do curso por já estarem inseridos no
mercado”.
Uma questão relevante é destacada por diferentes autores e como exemplo
menciona-se Luscher e Dore (2011), que por sua vez consideram que, a evasão na
educação profissional de nível médio em muitos casos irá representar oportunidades de
experimentação profissional mobilidade, mas ao mesmo tempo para outros pode
representar instabilidade e falta de orientação quanto aos rumos profissionais que se
deseja seguir.
Por sua vez Batista (2009, p.06) tem uma visão um pouco além do que vem
sendo mencionado, pois no entendimento dele é preciso estar atento porque o problema
da evasão escolar por muitas vezes “transpõe os muros da escola, uma vez que reflete
as profundas desigualdades sociais do Brasil, constituindo assim um problema de
ordem social”. Deste modo, ainda segundo Batista (2009), não se pode esquecer que é
preciso trazer soluções, pois o jovem evadido estará condenado a atuar à margem do
mercado de trabalho, desempenhado funções de baixa remuneração e por muitas vezes
em condições precárias de trabalho e na falta de registros e seguridade social, e tudo
isso com certeza será o reflexo da informalidade.
I ConProEduc e II IncluiEdu 89
Portanto quando se trata da evasão escolar Dore (2013) destaca que é preciso
que aja prevenção para diminuir á evasão pois faz-se imprescindível compreender,
orientar e acompanhar o aluno no momento em que realiza a sua primeira escolha no
campo da formação profissional. Vale ressaltar que isso pode levar á possível
significativa redução das taxas de abandono e/ou outros tipos de fracasso escolar.
Portanto considera-se que á prevenção é avaliada como sendo de fundamental
importância para o aluno e para a sociedade, pois não se pode esquecer que a evasão
vem cada ano sendo destacada por ser uma das principais razões para a baixa
qualificação e habilitação profissionais.
CONCLUSÃO
Constatou-se que pode passar anos que a educação para as pessoas é avaliada
como sendo essencial, sobretudo para a entrada no mercado de trabalho, pois destaca se
que a educação vem se tornando comercial, vendo-se na precisão de atender a um
mercado capitalista cada vez mais exigente, sendo esse, um dos centrais fatores da
procura pelos cursos técnicos, mesmo assim vários desafios devem ser vencidos e a
educação profissionalizante técnica não deve ser vista como uma modalidade à margem
da sociedade e sim como um curso fundamental para a inserção no mercado de trabalho,
bem como para a continuação dos estudos.
Observou-se no decorrer do trabalho que quando o assunto é evasão escolar isso
infelizmente acontece em todos os níveis de ensino, tanto no ensino fundamental, como
ensino médio, mas notou-se que por outro lado como esses cursos são obrigatórios para
a sequência dos estudos a evasão é bem menor, enquanto na educação técnica a evasão é
considerada bem maior, e um dos motivos é porque não é um curso obrigatório, o aluno
está buscando uma qualificação profissional.
Verificou-se também que é preciso entender as causas da evasão escolar e pode-
se dizer que são variadas como exemplo menciona-se, condições socioeconômicas,
I ConProEduc e II IncluiEdu 94
REFERÊNCIAS
BATISTA, Santos Dias, SOUZA, Alesxsandra Matos, OLIVEIRA, Júlia Mara da Silva.
A evasão escolar no ensino médio: um estudo de caso. Revista Profissão Docente,
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FRIGOTTO, G.; et al. (org.). Ensino Médio Integrado: concepção e contradições. São
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proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2000.
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House.
NERI, Marcelo. Motivos da Evasão Escolar. Brasília: Fundação Getulio Vargas, 2009.
MANUAIS PESQUISADOS
RESUMO
ABSTRACT
The present research aims to analyze the challenges that teachers face in the
classroom in the initial years of elementary education, in how to deal with students with
special needs and students of regular education in the same physical space. This work
constitutes a qualitative bibliographical research that deals with aspects related to
Resolution nº 4 of 02/10/2009 - AEE / MEC, which provides the characteristics of
students in special education, as well as some of the proposals established by the Public
Policies that Direct the obligations accepted by the public or private schools and the
teacher training in this perspective. Through theorists we will discuss the formation of
teachers and the deficiency in pedagogical actions and practices and their discourses in
relation to special education.
I ConProEduc e II IncluiEdu 99
INTRODUÇÃO
práticas de um modo geral, além disso, o que deveria ser tratado como disciplina passa a
ser entendido por ―atividades complementares‖. Para a autora:
Outro fator apontado que merece reflexão, na prática educativa aos alunos de
inclusão, seria a falta do acesso pelo professor ao quadro médico, psicológico,
neurológico ou qualquer profissional especializado que atenda ao aluno. As informações
básicas necessárias que auxiliam na assistência educacional, isto é, quando os alunos
têm um atendimento diferenciado fora do âmbito escolar, o acesso do professor a tais
informações daria oportunidade e orientação as possíveis ações pedagógicas em
entender e atender aos alunos com necessidades especiais.
Pois, alunos da educação inclusiva pode não ter a oportunidade em contar com
um apoio na área da saúde necessário para o seu desenvolvimento, o que de certa forma,
auxiliaria o docente do ensino regular em suas práticas e ações pedagógicas específicas
para o atendimento dos alunos especiais. Bueno (2016, p. 191) ―Além disso, essas
políticas de inclusão redundaram na quase extinção de programas de formação de
professores especializados‖.
Partindo por outra vertente os alunos, mesmo que no ensino regular, apresentam
certas dificuldades de aprendizagem, por exemplo. Neste sentido, alunos podem ser
considerados ―fracassados‖ pelo mais diversos motivos, que não necessariamente fazem
parte da educação inclusiva. (Glat e Nogueira, 2003). Sendo assim, podemos analisar a
possibilidade em que muitos alunos no ensino regular são apontados como ―especiais‖,
julgados pelo sistema educacional ou por professores que podem não estarem atentos a
esse público que participam de suas rotinas escolares.
Desta forma, o professor deve ter o olhar para seus alunos de forma singular e
não coletiva. Em algumas situações em sala de aula, o docente não está atento às
características de cada aluno, quando existem possibilidades de alunos no conceito de
―exclusão‖ que possivelmente se tornará uma ―inclusão‖ em outra instituição, muitas
vezes por consequências em seu comportamento, que acontecem por diversos motivos
sociais, financeiros, culturais entre outros. Neste caso, a inclusão se dará por outros
motivos que não necessariamente a deficiência intelectual, mental, física ou sensorial.
De certo modo, os alunos considerados alunos ―especiais‖ sem algumas das
deficiências: intelectual, física, mental, sensorial entre outras, não estão nas propostas
I ConProEduc e II IncluiEdu 105
das políticas públicas, mas eles estão nas salas de aula e por muitas vezes o professor
não tem a formação necessária para identificá-los. Evidentemente, que este não é o foco
da pesquisa, mas uma visão paralela e nos leva a uma reflexão.
Sendo assim, o contexto desta pesquisa tem um foco relevante na formação do
professor, que deveria ser assegurada por meio de programas de capacitação e
aperfeiçoamento profissional, buscando resgatar as lacunas deixadas pelos cursos de
licenciatura em pedagogia. Para Glat e Nogueira (2003, p. 140) ―Não basta à
promulgação de leis que determinem a criação de cursos de capacitação básica de
professores, nem a obrigatoriedade das matrículas nas escolas públicas‖. Devemos
compreender a possiblidade em recuperar e ampliar a inserção dos alunos especiais na
sociedade com o objetivo em reduzir os preconceitos, e o docente é uma peça essencial
nesse processo social complementando um ciclo harmonioso na cidadania.
Segundo Gatti (2010) a formação de professores necessita ser reestruturada de
forma revolucionária, e não fragmentada como acontece atualmente, o excesso de
emendas já não comportam as situações no âmbito escolar, assim como os currículos
devem ser direcionados e articulados para alcançar os objetivos que foram propostos
pelas políticas públicas que determinam as regras de atuação nas escolas. A autora
afirma que:
Neste sentido, o docente exposto aos desafios em não saber como lidar com a
situação, evidenciando a necessidade em conhecer e incorporar o processo do ensino e
da aprendizagem como algo individual e significativo para o desenvolvimento do
sujeito em questão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
busca por conhecimentos específicos. Para Libâneo (2013, p. 27) ―A organização dos
conteúdos da formação do professor em aspectos teóricos e práticos de modo algum
significa considerá-los isoladamente. São aspectos que devem ser articulados‖.
Vale ressaltar que no processo proposto pelas políticas públicas em inserir e
integrar os alunos com necessidades especiais ao contexto social, demanda de um
processo que engloba toda a equipe escolar, sobretudo o trabalho afetivo em trazer as
crianças do ensino regular em aceitar e auxiliar no desenvolvimento do novo colega de
sala, ou seja, a criança com alguma deficiência, seja ela qual for, deve ser acolhido e
compreendido em suas limitações e principalmente respeitado pelo grupo. Estamos
diante de uma nova realidade, como afirma o autor:
REFERÊNCIAS
_________. Presidência da República – Casa Civil. Lei 13.005. (2014). Aprova o Plano
Nacional de Educação (PNE). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso
em 22/07/2017.
INTRODUÇÃO
resgatar a história da escola para responder às indagações sobre a sua origem, bem
como a valorização deste espaço como patrimônio histórico e cultural, de convivência,
que pertence a comunidade escolar e local.
OBJETIVOS
Objetivos Gerais
Objetivos Específicos
METODOLOGIA
O estudo sobre a Escola faz parte do currículo escolar. Atrelado a isto o grupo de
alunos sinalizou a percepção sobre a falta de cuidado com este espaço. O desafio foi
buscar uma forma de pesquisar o assunto de forma participativa e crítica, ou seja, que os
alunos fossem em busca do conhecimento e que refletissem sobre ele.
I ConProEduc e II IncluiEdu 115
Neves (2012), coloca que uma boa estratégia para a organização dessas situações
coletivas é o registro das conclusões ao longo da discussão. A medida que apareçam
falas dos alunos que revelam a compressão do tema proposto, o professor pode ser o
escriba do grupo. Nos momentos de registros escrito, o professor assume o papel de
organizar as ideias e oferecer forma escrita para elas. Para esta autora, tais conclusões
devem assegurar a compreensão do desenvolvimento do trabalho, o significado da aula,
dos conteúdos que estão sendo desenvolvidos e serão avaliados. Para o professor, essas
conclusões são importantes para a articulação dos conceitos na ordenação dos
conteúdos.
REFERENCIAL TEÓRICO
RESULTADOS OBTIDOS
O projeto proposto com a intenção de fazer História, ou seja, com o desafio dos
próprios alunos buscarem respostas para os seus questionamentos, seguiu as etapas
planejadas. A coleta de dados na observação do ambiente, entrevista e em documentos
históricos, proporcionou ao grupo autonomia e autoestima ao contar suas descobertas,
hipóteses e conclusões. Os registros escritos, fotos e desenhos possibilitaram uma
reflexão sobre as informações, e digo, uma transformação referente aos conhecimentos
prévios e ao novo conhecimento que foi partilhado e reelaborado. Os alunos, mesmo
com os seus 7 e 8 anos, foram pequenos historiadores, construindo um outro significado
para a escola na qual fazem parte. O papel do professor, como mediador, é de extrema
importância, para orientar o caminho, intervir com questionamentos, dar voz a todos e
mediar as discussões, também incentivar e demonstrar que são capazes e atuantes no
processo de ensino e aprendizagem.
Gil e Almeida (2012) destacam que para avaliar habilidades referentes a pratica
de história como: perceber-se como sujeito histórico, relacionar conteúdos, as
permanências e transformações no tempo, expressar compreensão dos conhecimentos
construídos, produzir textos e análises emitindo opiniões e relações sobre os conteúdos
abordados, se faz necessário que o trabalho pedagógico seja desenvolvido por meio de
atividades problematizadoras, que possibilitem a discussão da historicidade e da
diversidade das práticas culturais. Para as autoras os procedimentos que contribuem
para pensar historicamente, superando o ensino reprodutor e transformando a sala de
aula em um espaço de investigação. Nesse sentido, elegemos a pesquisa com ênfase em
entrevistas, roda de conversa, problematizações, levantamento de hipóteses e produção
escrita, que exigem do aluno um conjunto de operações que subsidiam a avalição do
professor.
Este projeto possibilitou conhecer a história da escola, a memória local dos
entrevistados, que passou a fazer parte dos conhecimentos dos alunos. Tiveram a
oportunidade de pensar historicamente e perceber a escola como um bem cultural e
I ConProEduc e II IncluiEdu 122
Para Freire (1996, p. 154) ―O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura
com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade,
como inconclusão em permanente movimento na História. ‖
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES
Com este projeto buscou –se articular o estudo sobre a escola, presente no
currículo escolar, com as indagações feitas pelos alunos sobre este espaço. Foram
questionamentos atuais, que nos remeteram a pesquisar o passado, a memória da escola,
para compreender e buscar respostas para questões presentes.
O projeto, com o objetivo de utilizar práticas de pesquisa no ambiente escolar
para buscar respostas sobre a história da escola, atingiu seu objetivo e possibilitou que o
aluno se reconhecesse como atuante no espaço escolar, colaborando na reconstrução da
sua memória e a reconhecendo como um acervo cultural.
Assim, a escola pode ser interpretada como um acervo cultural, pois é um espaço
que possui uma memória que precisa ser reconhecida, que esta memória testemunha a
história da comunidade, do bairro, e que esta deve ser preservada, pois fornece
elementos para a construção da identidade histórico social dos seus participantes.
Importante destacar, que na busca de se reconhecer como sujeito histórico,
observa se também muitos outros agentes, como adultos, crianças, idosos, nas usas
diferentes atuações na sociedade, na variedade de etnias, no tempo e no espaço. Todos
podem contribuir para a construção da História, seja ela local e de âmbito nacional, não
apenas os heróis nacionais, mas os sujeitos que fazem no cotidiano a História acontecer.
Freire (2017, p. 128)), cita: ―Através de sua permanente ação transformadora da
realidade objetiva, os homens, simultaneamente, criaram a história e se fazem seres
histórico- sociais‖.
Considerando que todos que atuam e utilizam a escola contribuem para a
construção da sua história, devemos investir em atividades escolares que tragam a
comunidade escolar e local reconhecendo este espaço como seu. Projetos pedagógicos
em que possibilitem a abertura da escola para a integração destes segmentos é uma
possibilidade de se encontrar e reencontra-se neste espaço público, espaço de
convivência e construção de conhecimento.
A busca de uma metodologia que oportunizasse os alunos a pesquisar dados,
fontes histórias, possibilitou a construção do conhecimento de forma dinâmica,
I ConProEduc e II IncluiEdu 125
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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NEVES, Ana Maria Bergamin, Interações: raízes históricas brasileiras. São Paulo:
Blucher, 2012.
INTRODUÇÃO
A COMPETÊNCIA PEDAGÓGICA
Prado, Silva e Silveira (2012) complementa que competência para condução das
atividades educacionais é fundamental para a atuação do gestor escolar assim como ter
conhecimentos técnicos da área pedagógica e da legislação educacional. O Gestor
Escolar precisa ter o conhecimento da legislação em seu aspecto pedagógico, já que
I ConProEduc e II IncluiEdu 130
compreende sua essência, deve se utilizar dela para melhorar a qualidade de sua atuação
(LOCCO; LEMES, 2008).
O Gestor Escolar é considerado o elemento fundamental para o processo
educacional de qualquer Escola. Toda a comunidade, isso inclui pais, alunos, equipes
pedagógicas e administrativas, funcionários, e especialistas em educação, dependem das
decisões finais do gestor. Deve partir do gestor o ideal de caminho para a qualidade do
ensino. É ele que articula o conhecimento e formação de valores da instituição. É ele
quem decide, com o apoio de todos, as questões da formação dos alunos. A ação do
gestor dentro do aspecto pedagógico é de extrema importância, pois é ele que
acompanha e controla os problemas que interferem no processo educacional. Para isso é
necessário que ele pense, reflita e desenvolva, em conjunto, ações apropriadas para que
seja cumprido, com efetividade, a aprendizagem dos alunos. O gestor também é a
pessoa que enfrenta os maiores desafios da Instituição de ensino. Ele conduz as
atividades, os planejamento, a organização, a coordenação e o controle. Ele inicia as
praticas pedagógicas democráticas estabelecendo a unidade escolar e a ordem da
Instituição de ensino. Dentro da articulação pedagógica ele assume um papel
fundamental para estimular os professores a se desenvolverem favorecendo a
oportunidade dos estudantes de receber um ensino de aprendizagem favorável. É
imprescindível a atuação do gestor na dimensão pedagógica, sendo um facilitador do
processo de ensino e aprendizagem. Ele precisa está por dentro de como é a realidade
dos educandos dentro dos aspectos, sociais, familiares, pessoais e escolares. Ele deve
possibilitar o permanente diálogo, sabendo ouvir e mantendo uma postura colaborativa
(LOCCO; LEMES, 2008).
Culturalmente falando, o diretor tem se distanciado das pratica pedagógicas e
ficando somente com a parte da gestão financeira e com os aspectos burocráticos.
Para que essa cultura acabe é preciso que todos compreendam que estão a
serviço da melhoria da qualidade do ensino e que essa melhoria só vai acontecer dentro
de uma ação conjunta e colaborativa (LÜCK, 2009). Dentro desse processo faz-se
necessário o monitoramento e a avaliação do trabalho pedagógico, sendo um fator
primordial para que o gestor escolar tenha condição de acompanhar a evolução das
aprendizagens, garantindo a realização dos objetivos educacionais propostos (SILVA,
2014). Segundo Luck (2013, p.26)
O monitoramento das atividades era visto como uma ação de vigiar do gestor
escolar em relação as ações dos professores, onde avia uma cobrança produzindo mais
efeitos negativos do que positivos. Sendo assim, a liderança do gestor escolar é de muita
importância para a construção dessa nova cultura escolar, que é guiada por grandes
expectativas em relação a aprendizagem dos alunos por parte dos professores. O gestor
escolar não só pode como deve realizar o monitoramento da aprendizagem. Ele deve
indicar quais são os índices de aprendizagem alcançados pelos alunos em determinados
períodos. Deve, também, buscar juntamente com a equipe de professores estabelecer
metas a curto e médio prazo, traçar estratégias de aprendizagem e realizar feedback ao
professor sobre o trabalho que está sendo feito e sobre as outras ações (SILVA, 2014).
Para Luck (2013), quando o gestor realiza feedback ele está estimulando o
profissional a repensar suas práticas e a aumentar suas expectativas com relação ao
aprendizado dos alunos, ou seja, estamos falando do gestor escolar que pratica uma
liderança compartilhada, que não visto como um fiscalizador do trabalho do professor e
sim como um ajudador, realizando um trabalho de parceria.
Um gestor escolar que foca nos objetivos da sua escola promove uma equipe
escolar com foco que busca estratégias para vencer os desafios cotidianos, pois é
importante que os professores tenham altas expectativas de aprendizagem dos seus
alunos e que confiem que os alunos são capazes. Eles devem buscar melhorar suas
estratégias e técnicas de ensino na busca por melhores resultados (SILVA, 2014). Para
Prado e Prado (2001) deve ser parte presente na atividade do diretor o envolvimento
com a comunidade, com todos os funcionários da escola e com os professores. Os
trabalhos que dão destaque a gestão democrática, exigem do diretor o desenvolvimento
das competências técnicas, políticas e pedagógica.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Uma escola que se define como inclusiva deve acolher as diferenças e favorecer
a aprendizagem para todos os estudantes, respeitando sua diversidade decorrente de
idade, gênero, etnia, condição de imigrante, língua, religião, deficiência, ruralidade,
identidade, orientação sexual, pobreza, deslocamento, encarceramento, ou qualquer
outra diferença. Henriques (2012, p. 9) declara que:
I ConProEduc e II IncluiEdu 141
matriculados nas escolas, que as salas de aulas tenham número reduzido de alunos, que
os professores apresentem a formação exigida por lei, que os alunos atendam às
atividades propostas, mesmo que todos os elementos necessários para que a
aprendizagem se efetive estejam presentes, a relação pedagógica não se efetiva de forma
adequada, pois a educação, apesar de ser vista como aspecto fundamental para a
diminuição das desigualdades sociais, ainda é deficiente. Os professores, a quem é
atribuída a ação de contemplar as diferenças culturais na sua prática pedagógica, podem
não evidenciar essa ação, pois têm internalizado o senso comum da desigualdade, das
diferenças culturais.
O livro didático, por exemplo, pode ser um veículo de expansão de estereótipos
não percebidos pelo professor. Conforme Silva (2005), este material pedagógico muitas
vezes constitui-se para os alunos das classes populares como única fonte de leitura; e
para o professor que atende nas escolas destes estudantes, é o material que supre as
dificuldades pedagógicas. E é possível observar neste material que o homem branco
ainda é o representante da espécie mais frequente nas histórias. Segundo Rosemberg
(1985), o homem branco é o que recebe um nome próprio, que se reveste da condição de
normal. Neste sentido, Silva (2005, p. 22) declara que cabe uma formação específica
para o professor com o objetivo de fundamentá-lo para uma prática pedagógica com as
condições necessárias para ―identificar e corrigir os estereótipos e a invisibilidade
constatados nos materiais pedagógicos, especificamente nos textos e ilustrações dos
livros didáticos‖.
Dentre as atividades possíveis que o professor pode realizar diante da
identificação de estereótipos negativos presentes no material didático, Silva (2005)
enumera a importância de ser trabalhada a visibilidade da diversidade de papéis e
funções, pois a invisibilidade da diversidade dos papéis e funções exercidos tanto por
homens e mulheres negros, quanto outros, nos textos ou nas ilustrações dos livros
didáticos pode ser corrigida, solicitando-se à criança que identifique a importância das
profissões estigmatizadas, mostrando a sua utilidade para a sociedade.
Neste sentido, Klinberg (1966) afirma que a presença dos estereótipos negativos
nos materiais pedagógicos e especificamente nos livros didáticos pode promover a
exclusão, a cristalização do outro em funções e papéis estigmatizados pela sociedade, a
autorrejeição e a baixa autoestima, que dificultam a organização política do grupo
estigmatizado. Quanto mais as crianças tiverem conhecimento de que os argumentos
usados para provar a inferioridade de outros forem desmentidos, mais fortemente
hábitos e atitudes de aceitação e integração do diferente irão desenvolver. Os
estereótipos geram os preconceitos, que se constituem em um juízo prévio a uma
ausência de real conhecimento do outro.
O preconceito, segundo Pereira (2007), é uma atitude psicológica, um conceito
formado antes de se ter os conhecimentos necessários; é uma opinião formada
antecipadamente, sem maior ponderação. Construções preconceituosas internalizadas e
legitimadas deturpam a formação das identidades. Assim, Fernandes e Souza (2016)
afirmam que abrir-se para a construção das identidades é primordial para um diálogo
transformador e humanizador. Respeitar as diferenças favorece os diálogos entre os
indivíduos de diferentes grupos étnico-raciais, de diferentes classes sociais, com
diferentes aparências, e permite desconstruir estereótipos e preconceitos em relação à
sua identidade, adquirindo o sentimento de pertencer.
As autoras Fernandes e Souza (2016), declaram ainda que a identidade é um
processo permanentemente inacabado, construído em interação e diálogo estabelecidos
com os outros e que se manifesta através da consciência da diferença e contraste com o
outro. Nascimento (2003, p. 32) também afirma que ―O sujeito se constrói a partir de
marcas diferenciais provindas dos outros‖. Entretanto, o preconceito dificulta este
diálogo entre os diferentes grupos que compõem a sociedade, dificulta o respeito às
diferenças; portanto, dificulta a formação das identidades.
Atualmente houve uma ampliação do debate acerca das diferenças e combate ao
preconceito. No entanto, mesmo após os debates de inclusão, há dificuldades para a sua
concretização. Infelizmente, como afirmam Fernandes e Souza (2016, p. 117), ―não são
muitos os espaços que se abrem a discussões em torno da diversidade e do combate à
discriminação e preconceito‖. Conforme as autoras, as diferenças ainda são vistas com
desconfiança. O silêncio ainda é visto como defesa e não como viabilizador de
preconceitos e discriminações (a discriminação ocorre quando o preconceito se
I ConProEduc e II IncluiEdu 145
Guimarães (2002) notou em um estudo sobre insultos raciais, que muitos negros
recebiam xingamentos referentes à sexualidade e animalização disfarçados em
brincadeiras. O racismo sutil não é direto, não está diretamente relacionado com o
conceito de raça, mas por múltiplas vias indiretas. ―No reino da sutileza é mais difícil
lutar contra o preconceito‖, conforme assevera Nunes (2014). Este tipo de preconceito é
frio, distante, e indireto segundo Pettigrew e Meertens (apud NUNES, 2014). O racismo
contra os negros ainda é um fenômeno complexo e multideterminado.
Contudo, este não é o único grupo que sofre algum tipo de preconceito ou
discriminação. Há aqueles que enfrentam algum tipo de exclusão social em relação a
questões de gênero, orientação sexual, cultural, regional, religiosa, de situação de rua,
de condições físicas ou psíquicas, de camadas populares que carregam histórias de vida
de negação dos seus direitos de acesso e permanência na escola, que também
apresentam dificuldades de aprendizagem; jovens, adultos e idosos que não tiveram a
oportunidade de iniciar ou interromperam seu processo de aprendizagem escolar.
Pessoas que tiveram o direito à educação negado por falta de vagas, por inadequações
no sistema de ensino, ou por condições socioeconômicas desfavoráveis, perpetuando
uma dívida social pela privação do acesso à escrita e leitura, bens sociais importantes
para se apresentarem de forma significativa na sociedade. (BRASÍLIA, 2014; SOARES,
2005).
A aquisição de saberes e competências são indispensáveis para a vida em
sociedade e para o trabalho. Portanto, barreiras que dificultam o acesso à leitura e à
escrita têm prejudicado a qualidade de vida de jovens, adultos e idosos; justamente
neste momento em que o acesso aos saberes e aos meios de obtê-los representa uma
separação entre as pessoas, aumentando ainda mais atitudes de preconceito,
discriminação e exclusão. O Parecer CNE/CEB 11/2000 (p. 9) demonstra a relação da
aquisição de conhecimentos básicos e trabalho com o processo de desigualdade que se
instaura para aqueles que se veem desprovidos de bens básicos como a leitura e a
escrita:
Entretanto, até os anos de 1990, a maior parte das pesquisas sobre a EJA
homogeneizou os sujeitos de aprendizagem sob a condição e o rótulo genérico de
I ConProEduc e II IncluiEdu 148
dos jovens e adultos inseridos no processo educacional, bem como de estudantes com
necessidades educacionais especiais, principalmente nesta modalidade de ensino.
Com a política da Educação Inclusiva e após a assinatura da Declaração Mundial
sobre Educação para Todos em 1990, também os estudantes deficientes e os
superdotados têm assegurado o direito de frequentar a rede regular de ensino e de
conviver com os demais alunos. Desta forma a escola garante o direito básico à
educação para os alunos deficientes e superdotados e se torna mais democrática e torna
mais amplo o respeito à diversidade (BRASIL, 2010). A entrada das crianças com
necessidades educativas especiais na escola, verdadeiramente representou um marco
social, fruto de uma enorme conquista histórica, todavia ainda há muito a fazer para a
construção de uma escola efetivamente inclusiva e comprometida com a diversidade.
Porém, apesar de apresentar significativos avanços no processo de inclusão de
estudantes deficientes, a educação ainda apresenta formas de exclusão e seletividade
que podem ser verificadas por análises feitas por Meletti (2014), Kassar, Serafim e
Françozo (2014), revelando ainda a ineficácia de nosso processo educativo: crianças
deficientes se concentram nos primeiros anos do Ensino Fundamental; há grande
defasagem entre a idade dos alunos deficientes e o ano de sua escolaridade; e, a taxa de
defasagem idade/série é maior entre os alunos deficientes.
Devido a esta defasagem idade/série que os estudantes deficientes apresentam
em sua trajetória de escolarização, jovens e adultos com necessidades educacionais
especiais buscam através da inclusão na EJA a continuação de seus estudos, visando à
possiblidade de inserção no mundo do trabalho. Este aspecto, segundo Fantacini e
Campos (2017), reflete os caminhos e os desafios a serem superados pela educação
inclusiva.
Há avanços na legislação na garantia do direito à educação de qualidade para os
estudantes deficientes; porém, melhores condições precisam ser efetivadas. Os serviços
educacionais precisam ser repensados para garantir o reconhecimento dos direitos e
necessidades destes alunos, incluindo a modalidade EJA. São relevantes novos estudos
na área a fim de se conhecer e compreender como têm ocorrido os processos
educacionais para estes educandos. Siems (2012, p. 67) declara que não se trata de
compensar o insucesso educacional na EJA, mas do atendimento às necessidades
específicas dos indivíduos que ―buscam, na educação, caminhos para a construção de
sua caminhada no interior da sociedade, aí incluídas as perspectivas de formação e
qualificação para o mundo do trabalho‖.
I ConProEduc e II IncluiEdu 150
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante deste cenário no qual é possível observar que o cotidiano escolar está
marcado pelo paradoxo entre o proposto e o praticado, a Educação Inclusiva tem
assumido um papel importante em debates e pesquisas tanto sobre a sociedade brasileira
contemporânea quanto sobre o papel da escola na superação da exclusão educacional e
social, reconhecendo que ―as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino
evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas
para superá-las‖ (BRASIL, 2008, p. 5).
Neste sentido, destaca-se que houve avanços na legislação e nas políticas
educacionais, bem como na bibliografia da área. No entanto, ainda é um processo em
construção. É tarefa de todos, numa ação política, cultural, social e pedagógica
mundialmente desencadeada em defesa do direito de todos à educação, à aprendizagem,
sem nenhum tipo de preconceito, segregação, discriminação ou exclusão baseada nas
diferenças.
A organização de escolas numa perspectiva inclusiva implica em mudanças
estruturais e culturais para que todos os alunos tenham suas necessidades específicas
atendidas. Para a efetivação do direito de todos à educação é necessária a existência de
escolas em número suficiente para acolher a todos os cidadãos e que ninguém seja
excluído. O professor precisa receber formação que o capacite a identificar e combater
qualquer atitude discriminatória, a utilizar o livro didático de forma crítica, como
gerador de consciência crítica.
Em educação, o desafio para esse milênio consiste em fazer com que as
diferenças sejam consideradas no processo ensino-aprendizagem. Os currículos, a
I ConProEduc e II IncluiEdu 151
REFERÊNCIAS
BIKO, Steve. Escrevo o que eu quero. Tradução Grupo Solidário São Domingos. São
Paulo: Editora Ática, 1990.
CARVALHO, Rosita Edler. A escola inclusiva como a que remove barreiras para a
aprendizagem e para a participação de todos. In: GOMES, Márcio (org.) et al.
Construindo as Trilhas para a Inclusão. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
GOHN, M.G. Movimentos Sociais e Educação. São Paulo: 6ª ed, Cortez, 2004.
PÉREZ, Juan Antonio; DASI, Francisco. Nuevas Formas de Racismo. In: MORALES,
J. Francisco; OLZA, Miguel (Organizadores). Psicología Social y Trabajo Social
Madrid: McGraw-Hill, p. 202-223, 1996.
RESUMO
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Tipo de pesquisa
Sujeitos
A faixa etária dos participantes variou dos 21 aos 72 anos, sendo que a maior
parte dos professores se situa na faixa etária entre os 30 e 49 anos.
A grande maioria dos professores respondentes tem formação superior, com
cerca de 55,19% dos participantes, sendo que 33,88% também possuem pós-graduação
(Figura 1).
sendo que a maior parte dos professores participantes na pesquisa é da rede particular,
representando 83% do total, e cerca de 17% são professores da rede pública. No estudo
conduzido por Bógus e Santos (2007), sobre a percepção dos educadores sobre a escola
promotora da saúde, a maior parte dos respondentes eram do Ciclo 2, do Ensino
Fundamental.
Instrumentos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 4 – Papel dos profissionais da escola quanto às atividades de promoção da saúde na escola
devem ser abordados nos conteúdos das disciplinas de Ciências e Biologia, por exemplo
(Figura 5).
Figura 5 - Forma de abordagem dos temas relacionados com saúde nas atividades escolares
Figura 6 – Posição dos professores sobre a promoção da saúde no âmbito escolar, para melhoria das
condições de saúde da comunidade escolar, por meio da educação para a saúde
Figura 7 – Posição dos professores sobre a sua responsabilidade pela inclusão do tema
transversal saúde nas disciplinas que lecionam
I ConProEduc e II IncluiEdu 168
Figura 8 – Posição dos professores sobre a necessidade da participação dos alunos e pais na discussão e
definição de quais comportamentos devem ser trabalhados para a promoção da saúde
No questionário foi apresentada aos professores uma questão aberta sobre o seu
entendimento do termo ―escola promotora da saúde‖. Entre as respostas dos 135
respondentes podemos notar que, de maneira geral, os professores entendem os
princípios envolvidos nesse termo, especialmente a importância do papel da escola para
influenciar a comunidade escolar e as famílias dos alunos a adotar um estilo de vida
saudável. No entanto, a escola parece ser vista por esses respondentes como uma
entidade dissociada dos seus professores, e a ideia de ação educativa para atingir esses
objetivos se restringe a eventos esporádicos sobre o tema, como feiras de ciências e
semanas culturais.
Quanto à participação dos professores em ações de formação sobre o tema da
escola promotora da saúde, pudemos apurar que a grande maioria nunca participou
desse tipo de formação (64,71%), enquanto 18,3% chegou a participar há menos de um
ano e 11,76%, entre 1 a 5 anos.
I ConProEduc e II IncluiEdu 170
Percepção dos professores quanto ao uso dos recursos naturais para a promoção
da saúde
adequada (80,85%), seguida do exercício físico com 52,48%. Ainda merecem destaque
a moderação, com 26,24% e a espiritualidade, com 25,53%. (Figura 14)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
humano, São Paulo, v.17, n.3, p.1-10, dez. 2007. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0104-12822007000300013&script=sci_artt
ext>. Acesso em: 25 nov. 2014.
USA. The U.S. National Archives & Records Administration. The Declaration of
Independence: A Transcription. 1776. Disponível em:
<http://www.archives.gov/exhibits/charters/declaration_transcript.html>. Acesso em 7 maio
2014.
WEF. Well-being and Global Success. Geneva, 2012. World Economic Forum.
Disponível em:
<http://www3.weforum.org/docs/WEF_HE_GAC_WellbeingGlobalSuccess_Report_20
12.pdf>. Acesso em 1 set. 2015.
INTRODUÇÃO
MÉTODO
3
A experiência foi realizada na sala de aula da/pela professora-pesquisadora, uma das autoras deste
artigo, por isso, quando se trata de uma ação muito específica da professora, utilizamos a primeira pessoa
do singular, em outros momentos, optamos por utilizar o plural majestático (nós).
I ConProEduc e II IncluiEdu 177
Este trabalho foi realizado em uma escola pública estadual localizada no ABC
Paulista, tendo como participantes alunos de duas turmas de 6º anos, onde atuo como
professora de Língua Portuguesa. Para o desenvolvimento do trabalho seguimos os
pressupostos da pesquisa intervenção que, de acordo com Damiani, Rochefort, Castro,
Dariz e Pinheiro (2013, p. 62), envolve planejamento e implementação de uma
intervenção e a avaliação de seus efeitos. Por isso, nosso trabalho foi organizado em
dois momentos: o da intervenção e o da avaliação da intervenção.
Desse modo, buscamos evidenciar como as ações e intervenções realizadas pelo
professor de Língua Portuguesa podem gerar aprendizagem dos alunos em leitura e
como o professor de Língua Portuguesa pode administrar, monitorar, intervir e refletir
sob os resultados disponíveis na PFA para promover progressos na aprendizagem dos
alunos em leitura.
4
Termo utilizado na organização dos Cadernos do aluno e do professor para a sequência de atividades
sobre um determinado tema/conteúdo.
I ConProEduc e II IncluiEdu 179
5
Neste trabalho vamos utilizar a expressão ―gêneros textuais‖, pois não é nosso objetivo aqui entrar na
discussão teórica que diferencia os termos ―gêneros do discurso‖ e gêneros de textos/textuais‖.
I ConProEduc e II IncluiEdu 180
8
Disponível em < https://spiral.ac/teacher/apps/view/849078>
I ConProEduc e II IncluiEdu 184
Alguns dias depois, os alunos foram avaliados novamente, dessa vez pela a AAP
do 2º bimestre. Nessa, em relação à primeira, houve uma pequena diversificação dos
gêneros de textos: conto, miniconto, crônica, trecho de romance, fábula, charge, história
em quadrinho ou letra de música. Novamente, fizemos a leitura dos dados e
percebemos que as habilidades recorrentes tiveram novos resultados nas turmas,
conforme evidencia o quadro 2 a seguir.
Sendo assim, diante dos novos resultados, foi possível constatar que alcançamos
a meta de evolução de 10% sobre as duas habilidades, uma vez que no primeiro caso a
evolução foi de 17% e no segundo 37%.
Esses resultados do desempenho dos alunos nessas habilidades nos serviram
para nortear o planejamento da segunda intervenção. Diante dos resultados da AAP do
2º bimestre, fizemos um novo tipo de intervenção, desta vez com uma maior
diversificação gêneros textuais, tais como: letra de música, crônica, fábula, lenda e
trecho de história em quadrinhos.
Quanto aos agrupamentos dos alunos, mantivemos a mesma organização de cada
uma das turmas em 8 grupos de estudo, desta vez conforme desempenho na AAP do 2º.
bimestre.
Estabelecemos uma nova meta de avançar mais 5% em cada uma das
habilidades, e elaboramos novos objetivos e ações de intervenção, isto é, outro plano de
ação. Mais uma vez, sem interromper ou comprometer totalmente a programação do
bimestre vigente, pois ao término deste haveria uma terceira avaliação de habilidades
relacionadas ao conteúdo do 3º bimestre, realizamos as seguintes intervenções:
I ConProEduc e II IncluiEdu 185
que, por serem habilidades distintas em cada bimestre, não foi possível mensurar os
seus efeitos ao término do ano letivo, em todas as habilidades trabalhadas.
Em consequência, da terceira edição de 2017 ocorrer no 4º bimestre e não haver
a aplicação de outra prova, então, consideramos para análise de efeitos das intervenções
realizadas no processo de recuperação, a partir da experiência do uso da PFA no ano
letivo de 2017, os resultados da AAP do 3º bimestre da turma de 6ºs anos, mais
especificamente nas duas habilidades que se repetiram nas três versões da AAP.
RESULTADOS OBTIDOS
Desta forma, pode-se compreender, com base nos resultados, que houve uma
evolução nessas duas habilidades recorrentes nas AAPs 2017 nas turmas de 6º anos
realizaram. Embora o resultado da habilidade Reconhecer os elementos da narrativa em
um texto na 3ª AAP tenha sido inferior ao da 2ª AAP, devemos considerar que o nível
10
Refere-se ao percentual dos alunos d turmas dos 6º anos que obtiveram êxito nas habilidades elencadas.
11
Ao término do 3º bimestre de 2016.
I ConProEduc e II IncluiEdu 187
de dificuldade exigido pela questão foi mais elevado e que se compararmos ao 1ªAAP
(sobre o mesmo nível de dificuldade) percebemos que também houve uma grande
evolução. Esse fato sinaliza que o uso da PFA contribuiu para que pudéssemos realizar
diagnósticos, e melhor planejar, ações de intervenção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANEXO 1
ANEXO 2
14. As três personagens na história estão tomando banho, mas não da mesma forma. Explique.
I ConProEduc e II IncluiEdu 190
RESUMO
INTRODUÇÃO
Segundo Araújo Jr. et al., ―no que cerne as políticas educacionais e dos sistemas
de avaliação, a modalidade a distância traz novos elementos que devem ser
considerados nos sistemas de regulação e supervisão e na avaliação da Educação
Superior‖ (ARAÚJO JR. et al., 2016, 41).
Esses elementos que tangem a nova legislação da Educação a Distância no
Brasil favorecem a expansão do ensino superior?
Como as universidades devem se organizar para realizar a Gestão dos Polos,
para que se mantenha a qualidade do ensino?
O objetivo deste artigo é analisar as alterações ocorridas em 2017 na regulação
da educação a distância no Brasil. A metodologia utilizada será a pesquisa descritiva,
por meio de análise documental da legislação da educação a distância no Brasil.
articulados com os polos ou independentes deles, pois são vinculados aos cursos por
meio de parcerias firmadas pelas próprias Instituições de ensino.
A Portaria Normativa n.º 11 de 20 de junho de 2017, normatiza o polo como
unidade acadêmica e operacional descentralizada, no pais ou no exterior, para o
desenvolvimento de atividades presenciais relativas aos cursos superiores.
A identificação da IES responsável deve ser bem explicita no polo que deve
apresentar e manter infraestrutura física, tecnológica e de pessoal compatível ao
quantitativo de alunos matriculados.
3 50
4 150
5 250
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
JACOB, Edgar. O credenciamento "por decreto" para EAD. Disponível em: <
http://www.jacobsadvogados.com.br/single-post/2017/06/13/O-credenciamento-por-
decreto-para-EAD>. Acesso em 05 set. 2017.
I ConProEduc e II IncluiEdu 201
INTRODUÇÃO
trabalhavam. A partir daí, foram feitas pelos empresários algumas creches, para seus
funcionários.
A autora relata que com o passar do tempo, essas reivindicações foram sendo
destinadas ao Estado, e no ano de 1922, no Rio de Janeiro, ocorreu o Primeiro
Congresso Brasileiro de Proteção a infância, surgindo as primeiras regulamentações
para o atendimento das crianças.
Outro fator significativo na história, aconteceu em 1932 com o Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova, defendendo vários pontos, dentre eles, a educação como
função pública. Todavia, as creches eram vistas como paliativos contra os efeitos
nocivos do capitalismo monopolista.
Neste contexto, entidades filantrópicas laicas e religiosas tornaram-se
responsáveis pelas creches fora das indústrias, mantendo ainda características
assistenciais. Essas características estenderam-se pelos anos, contudo no ano de 1961, a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), resguardava que a educação
pré-primária para crianças até 7 anos, ocorreria em escolas maternais ou jardins de
infância. Além de acrescentar que empresas deveriam manter sozinhas, ou em
colaboração com poderes públicos, instituições de educação pré-primária. A
municipalização das escolas ocorreu na década de 190, pois a demanda aumentou
consideravelmente , entretanto ― [...] o descrédito da educação pré-escolar enquanto
política educacional com maior impacto continuou perdurando.‖(OLIVEIRA, 2011,
p.111).
Somente após a homologação da Constituição Federal de 1988, iniciou-se no
Brasil novo olhar em relação a educação infantil, garantindo em seu artigo 208 que
crianças de 0 a 6 anos fossem atendidas em creches e pré-escolas. Outro marco
importante, foi o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), consolidando o que foi
conquistado como direitos das crianças na Constituição Federal. Soma-se a isso, a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB- lei n. 9394/96) estabelecendo a
educação infantil como etapa inicial da educação básica.
Além disso, foi colocada a função sociopolítica e pedagógica, que encontramos no
artigo 7 da Resolução CNE/CEB nº05/09, segundo Oliveira, (2011, p. 121),
famílias, visando o melhor conhecimento das crianças e, portanto, uma maior qualidade
para o trabalho pedagógico.‖ (KRAMER, 1989, p. 100).
Primeiramente, acompanhamos a professora em sua primeira reunião de pais do
ano de 2017, precisamente no mês de fevereiro. Observamos como tudo procedeu e
anotamos detalhadamente como a reunião aconteceu, de que forma o espaço estava
organizado, se ocorreu receptividade para as famílias, se houve diálogo entre escola e
família, entre outros detalhes. Após estas anotações, duas mães de alunos da sala foram
convidadas a realizarem uma entrevista, respondendo a 10 questões referentes a reunião
ocorrida.
As mães aceitaram o convite, demonstraram-se ansiosas para responderem as
perguntas. As entrevistas foram bastante ricas e, posteriormente, deram sugestões para
adaptações nas próximas reuniões. Como exemplo, as mães sugeriram que fossem
criados momentos em que os pais pudessem dialogar com a professora e com os outros
pais, pois muitos pareciam sentir-se ―sem jeito‖ para expor suas ideias e realizar suas
críticas e/ou sugestões. Também relataram, sobre a importância da professora explicitar
o trabalho pedagógico realizado com as crianças, sendo assim Galuzzi (2009, p. 126)
faz algumas contribuições importantes:
Desta forma, com estudo, respaldo científico, as famílias sentirão que suas
crianças estão ―nas mãos‖ de profissionais preocupados em se aperfeiçoarem e
responsáveis em seu papel de educadores.
Segundo Szymanski (2003), é de muita relevância, que os professores reconheçam
qual o referencial de família que eles próprios possuem, para ter conhecimento de seus
conceitos e também dos pré conceitos atrelados a este assunto. Isso deve ser feito,
principalmente para que não queiram colocar as famílias de seus alunos em modelos já
formados. Isso é importante, para que as opiniões, experiências e as diferentes culturas
das famílias das crianças sejam aceitas democraticamente, e durante as reuniões de pais,
todos permaneçam com os mesmos direitos e respeitados.
I ConProEduc e II IncluiEdu 210
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da pesquisa mencionada ainda não ter sido concluída, observamos que os
resultados preliminares já nos mostram que as intervenções realizadas foram bastante
proveitosas e chamam a atenção por sua capacidade de trazer integração entre família e
escola.
Percebemos como as intervenções durante as reuniões proporcionaram mudanças,
deram um novo formato para a reunião de pais da professora de educação infantil. O
trabalho pedagógico também foi beneficiado, pois envolveu tanto as crianças, como as
famílias puderem conhecer melhor sobre os projetos trabalhados e sentiram-se à
vontade, para opinar e participar ativamente.
Com as entrevistas, as mães tiveram o direito de serem ouvidas e suas falas
acolhidas. Foi interessante, como entre uma entrevista e outra, as melhorias realizadas
nas reuniões terem sido relatadas com alegria e reconhecimento pelas mães, além
destas, terem sua autoestima elevada, por terem a oportunidade de falar abertamente,
sem restrições ou imposições.
Observando o histórico da educação infantil no Brasil, podemos visualizar como
esta importante etapa da educação básica sempre foi excluída, e tratada sem a
importância devida, ausente de respaldo pedagógico. O cunho assistencialista, voltado a
cuidados da saúde, higiene e alimentação sempre teve um destaque, quando o assunto
I ConProEduc e II IncluiEdu 211
É possível que as reuniões de pais sejam mais valorizadas, obtenham uma maior
finalidade, conferindo que sua função no trabalho da escola, conquiste o
reconhecimento que deve ter diante de toda comunidade escolar. E principalmente, que
a partir deste exemplo, desta situação de aprendizagem, outros profissionais também
acreditem na importância das reuniões de pais em que atuam, evoluam, contribuindo
para uma educação de maior qualidade, para todos que fazem parte do processo.
Assim, compreendemos que realizar uma reunião de pais de qualidade é possível e
traz inúmeros benefícios para a prática pedagógica dos professores. Acreditamos, que
somente transformando práticas já ―acomodadas‖ historicamente, e que não condizem
mais com a realidade de mundo, em que vivem as crianças que estão nas escolas de
educação infantil, o trabalho na escola possa fluir melhor. Pois a relação família e
escola, que em vários casos se perdeu, pode acontecer na prática, quando a escola
repensa seu lugar na sociedade e retira de si uma autoridade, que deve ser trabalhada em
conjunto com as famílias.
São de situações assim que a educação necessita, que muitos teóricos relatam e
que a sociedade pede em suas reivindicações.
REFERÊNCIAS
______. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d´Água,
1998.
GALUZZI, C.S.P. Propostas para reuniões de pais. São Paulo: Edicon, 2004.
KRAMER, Sônia. (Org.). Com a pré-escola nas mãos: uma alternativa curricular
para a educação infantil.São Paulo: Ática, 1989.
I ConProEduc e II IncluiEdu 213
INTRODUÇÃO
12
Aqui não se trata apenas de considerar o reducionismo como procedimento científico cartesiano, mas
sobretudo, tecer uma crítica aos processos validativos que reduzem as experiências de conhecimento a
meros objetos e dados para serem manipulados estatisticamente disposto, por assim dizer, numa dimensão
infracriadora. Para estabelecer essa crítica adotamos como referência o conceito de ―âmbito‖ proposto por
Alfonso López Quintás. Cf. LÓPEZ QUINTÁS, A. Inteligência criativa: descoberta pessoal dos valores.
São Paulo: Paulinas, 2004, p. 105.
I ConProEduc e II IncluiEdu 215
Na década de 70, já anunciava que a Educação Física deveria avançar das explicações
anátomo-fisiológicas para um conceito do ser que estivesse situado numa outra
categoria de compreensão, e que fosse capaz de revelar outros horizontes para o humano
em movimento, possivelmente numa relação entre o bios e a cultura, onde já
13
prenunciava uma ―ciência do movimento humano‖, ou ―quinantropologia‖ , o que
mais tarde viria a ser a CMH.
Com esse posicionamento, Manuel Sérgio já delineava um percurso a partir da
epistemologia para configurar um paradigma atualizado no qual propõe abandonar o
modelo da racionalidade clássica. Para tal construção, vai ao encontro de um novo
conceito de homem, abrindo caminho para uma antropologia-filosófica contemporânea.
Ao rejeitar todo tipo de fragmentação ou dualismo que compreenda o ser
humano e, ao mover-se para além dos condicionantes biológicos (por isso o movimento
da transcendência), há um movimento de aproximação e encontro com a
fenomenologia-hermenêutica, onde se é capaz de superar o rígido dualismo cartesiano
res cogitans/res extensa (SÉRGIO, 1994, p.17). Ao aproximar-se da experiência do
corpo-próprio (Merleau Ponty), considerando o mundo vivido que vai além da relação
dual sujeito-objeto, Manuel Sérgio destaca a perspectiva de Edgar Morin e a dialética
que figura o ser humano físico, biológico e antropossociológico, condição que
possibilita a ―physis organizada e organizadora, produtora e autoprodutora‖ (SÉRGIO,
1994, p.20).
Há uma aproximação também do pensamento de Arnold Gehlen14 que, por
apresentar o homem como um ser que se reconhece ―carente‖ e, por isso, move-se em
busca de superação, revela-se a possibilidade de transfiguração do útil e do necessário
para a sobrevivência. Manuel Sérgio destaca nessa busca o ser práxico, em suas
13
Assim Manuel Sérgio (1995, p. 16) pensava o conceito de ―Quinantropologia – Cinantropologia‖: ―A
Cinantropologia, seguindo mais uma definição real do que nominal, será então a ciência que estuda o
comportamento motor do indivíduo e da coletividade, em ordem de desenvolvimento global da pessoa
humana e fundamentada nas leis biológicas e na dimensão cultural. A motricidade humana é, por essência
tão irredutível a um intelectualismo idealista, na peugada do cogito cartesiano, como o empirismo
naturalista que faz do homem o produto de influências físicas, fisiológicas, sociológicas, etc. É
impensável falar-se de uma cinantropologia que não seja intencional, intersubjetiva e não reflita a
interioridade e exterioridade humanas‖.
14
Arnold Gehlen (1904 - 1927), considerado um dos fundadores da moderna antropologia filosofia, tem
suas ideias sobre o homem, orientado Manuel Sérgio em suas reflexões. Podemos destacar a condição do
homem saber-se carente, ou seja, um "ser de carências" e, por esse motivo, que o ser humano é um ser
de ação. Num nível básico, a ação humana frente à condição de carência corresponde aos atos necessários
à transformação do ambiente em benefício a sobrevivência. Segundo Gehlen o ser humano se distingue
dos animais por ser ―aberto ao mundo‖, é estimulado pelo meio ambiente mais este não o determina. A
não relação altamente especializada do humano frente às circunstâncias o obriga a construir uma
―segunda natureza‖, ou seja, a cultura.
I ConProEduc e II IncluiEdu 217
palavras: ―é pela cultura que o ser humano adapta e adapta-se. Ser carente – ser práxico,
mas ser práxico porque dotado de inteligência inventiva e de linguagem‖ (SÉRGIO,
1994, p. 22). Ao estudar as antropologias mais atualizadas, já que encontrar o homem
novo foi o ponto de partida de sua formulação epistemológica da motricidade humana,
Manuel Sérgio conclui que o conjunto dessas referências defende a interação da
natureza-cultura, do corpo-alma, entre outras superações dualistas para revelar o homem
em sua complexidade. Daí resulta que a totalidade humana, em seu entendimento, é
corpo-alma-desejo-natureza-sociedade (SÉRGIO, 2003, p.43).
Diante dessa posição, Manuel Sérgio destaca que o homem não é um estado,
mas sim, um estar sendo, ―um processo de transcensão ininterrupta‖ (SÉRGIO, 1994,
p.25).
15
MERLEUA-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fonte, 2011.
I ConProEduc e II IncluiEdu 218
16
SANTOS, S.O. O ser-motrício. Revista International Studies on Law and Education. Cemoroc/EDF-
USP e Univ. do Porto, nº 27, setembro-dezembro de 2017, p. 37-48. Disponível em:
http://www.hottopos.com/isle27/37-48Sergio.pdf
I ConProEduc e II IncluiEdu 219
99). Para que tenha o devido reconhecimento social, e se evidencie como uma disciplina
científica foi necessário assegurar certa legitimidade e uma possível construção de
identidade.
modelo cartesiano, mas a partir da ação, dos sentidos, das múltiplas linguagens e das
temáticas situacionais.
Para configurar a Paideia criada a partir da CMH, vamos dividi-la em três
estruturas referencias: 1) O ser de aprendizado compreendido como ser-motrício; 2)
Algumas essências para os atos educativos17 ; 3) Os temas orientadores para uma
educação a partir da CMH:
Práxis criadora;
Imaginação;
Transfiguração de realidades;
Desejabilidade de transcendência e busca da plenitude;
Inteligência consciente – presencialização do ato intencional;
Vislumbrar possíveis de ação, projetar e projetar-se;
Possibilidades de interpretação em distintas realidades;
Expressão por múltiplas linguagens;
Narratividade; Metáforas; Historicidade;
Explorar a matriz sensível da corporeidade;
(Re) configuração valorativa e ética da ação;
Compreender a si mesmo em ato/situação;
Afeto; Vínculo; Emoção;
Coimplicação/ Encontro.
É evidente que cada uma dessas terminologias, nas três grandes estruturas
referenciais, mereceria um desdobramento compreensivo próprio, mas que não será
objeto de estudo abordado nesse artigo. O que desejamos destacar é a real possibilidade
de referenciar a formação de professores pelo paradigma da CMH.
19
Cf. SANTOS, S.O. A educação do ser-motrício e a práxis criadora. Tese de doutorado. UMESP –
Universidade Metodista de São Paulo, 2016. Disponível em:
http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1590/2/SergioSantos.pdf , p. 287.
I ConProEduc e II IncluiEdu 224
motrícia. Consideramos esse fenômeno como condição encarnada do qual o ser que
implica-se em interatuar com o outro num processo educativo, não pode ―se livrar‖ só
porque, ―racionalmente‖, assumiu a função formadora.
Dentro dessa compreensão o (a) educador (a) tem um papel fundamental: o
desenvolvimento da consciência de que organiza e propõe situações de vivências
corporais aos seus educandos (as) de acordo com o conjunto e a complexidade das
dimensões motrícias (ação-sentido-valor-relação-situação) experienciadas em sua
própria vida. Tais dimensões ultrapassam os domínios reflexivos da ação de ensinar e
criam um espaço educativo de inter-relacionamento afetivo e coimplicado, que envolve
os processos de co-moção , mimese e empatia que chamamos de ―atmosfera ou âmbito
da experiência educativa‖. Porém, na maioria dos casos, os (as) educadores (as) do ser-
motrício não são conscientes do potencial formativo dessa essência.
O conjunto de orientações apresentadas, desde a matriz teórica e seus
desdobramentos metodológicos, tem permitido o desenvolvimento de ações relevantes
em diferentes realidades educativas. Compreendemos esse processo como ―abertura de
horizontes‖, não necessariamente um conjunto de resultados delimitados por coleta de
dados, mas um deslocamento consistente de ações e sentidos que envolvem alguns
grupos de profissionais da educação. Uma vez tenham compreendido o potencial
formativo das incursões expostas, seus integrantes são motivados a promover
ressonâncias em seus espaços cotidianos de trabalho, atualmente mapeados por projetos
como:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO
conta é o direito que todo cidadão tem que ter a sua disposição, ensino educativo e que
esteja preparado para lidar com seus problemas. A inclusão deve estar presente nas
diretrizes escolares de modo que os professores possam estar preparados para tal tarefa,
o que na prática não está ocorrendo, pois, alguns professores têm relatado dificuldade
em assumir tal responsabilidade. Ao final do processo chegou-se afirmação de que a
construção da aprendizagem é um processo que acontece entre o aprendente e o objeto
de conhecimento. Pode-se concluir que a formação do docente deve primar por
princípios construtivos baseados em cooperação, aprimoramento dos profissionais
envolvidos, qualidade na infraestrutura da escola, de modo que a inclusão ocorra de
maneira natural.
ABSTRACT
This article points out the importance of the literacy process in the inclusion of special
needs students, seeking to value these students in our contemporary and globalized
society and empower them as active citizens in a more egalitarian world;their inclusion
is accomplished in the school‘s socializing role. The objective here is to propose a
qualitative analysis ofsome important considerations from the main authors reviewed
who have devoted themselves to dealing with aspects relating to this issue. The
interpretation and review of this literature allowed a greater understanding of the theme
and the systematization of its contents. The main focus is toshow that, in a world so
superficial in terms of literacy, it is necessary to encouragea change to this framework
so that future generations may have their worldly skills born out of critical thinking and
beable to change their trajectory, their self-construction. This is why there is a great
need to invest in educators, giving them the means to pursue their work with more
dignity and courage. This line of thought, along with the analysis and
recontextualization of this study, enabled the researchers to understand that literacy is
not determined by the simple fact of knowing how to read and write, particularly for
individuals with special conditions—that is,in order for special needs students to feel
comfortable in the school environment, the school must provide conditions to receive
them without any distinctions. Regardless of the degree of difficulty, what must be
taken into account is the right of every citizen to have educationalteachingat their
I ConProEduc e II IncluiEdu 230
disposal that is prepared to deal with their particularities. There must be inclusion in the
educational guidelines so that teachers can be prepared for this task, which is currently
not the case, since some teachershave reported difficulty in taking on such
responsibility. At the end of this analysis it was assertedthat learning is a process that
happens between the learner and the object of knowledge. We can conclude that the
training of the teacher should strive to follow constructive principles based on
cooperation, improvement of the professionals involved, and quality in the school
infrastructure, so that inclusion can occur naturally.
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Ensino e aprendizagem
essencial é saber distinguir o que ler de modo que o processo de socialização e educação
seja mais significativo. (CALIGARI, 1990).
É importante discutir e delinear outras funções para a leitura. A função social da
leitura se vincula à conscientização ou politização dos brasileiros, aos movimentos da
luta por uma sociedade melhor. Para tanto, há que se pensar nas condições concretas dos
profissionais da educação, às lutas por melhores salários e melhores condições para
ensinar, que proporcionarão aos professores um horizonte de melhoria e transformação
no ensino da leitura.
A criança está inserida num contexto social em que a tecnologia invade e
redimensiona a realidade, proporcionando situações que muitas vezes acabam
distorcendo valores e incutindo certos padrões sociais, que nem sempre primam pela
dignidade e pela vida. Essa é, na verdade, a grande luta de nossos tempos fazendo com
que o ser humano encontre o verdadeiro significado da vida. (FERREIRO,1985).
Nesse sentido, é importante que a criança aprenda a se conhecer e a se entender.
Só assim será capaz de se relacionar com outros de forma a encontrar significado para a
sua existência.
Sem o hábito de leitura, o homem acaba isolado, desvinculado da sociedade e de
seu ambiente. Lendo, ele encontra um novo mundo, diferente do qual ele está inserido,
pois pode fazer viagens que jamais imaginou, conhecer o desconhecido, permanecer ou
sair de lugares no momento que achar oportuno. Somente o fantástico mundo da leitura
é capaz de proporcionar ao leitor viagens incríveis e sensacionais sem sair de casa.
(YUNES, 1984).
Com isso, é possível perceber a grande responsabilidade e influência do
professor na concepção da leitura na escola, pois, a maneira pela qual o professor
concebe o processo da leitura, orienta todas as ações de ensino em sala de aula. (SILVA,
1986).
Se for concebida por simples decodificação, as atividades serão organizadas
visando ler por ler, memorizar, repetir e copiar ideias. Se conceber por ato de interagir
com o texto, as atividades serão criativas oportunizando os alunos a recriar, refletir,
analisar, inferir, levando-o a ler diversas formas de leitura.
Inclusão
I ConProEduc e II IncluiEdu 238
A literatura relata que até o início do século XV as crianças que nascessem com
algum problema de saúde eram atiradas nos esgotos da Cidade Antiga de Roma.
Posteriormente, na idade média, os considerados deficientes eram encontrados
facilmente nos abrigos das igrejas. Entre os séculos XVI ao XIX os deficientes viviam
isolados do resto da população, em locais como albergues, conventos e asilos, até
surgirem os hospitais psiquiátricos que faziam atendimento especializado em pessoa
com necessidades especiais. Já no século XX, os direitos destas pessoas passaram a ser
respeitados pela sociedade, e tal fato culminou com a criação da Declaração dos
Direitos Humanos no ano de 1948. (HOFFMANN, 1995).
Aqui no Brasil, Segundo Mazzotta (2003, p. 15), a ―inclusão data de poucos
anos, e tal fato se exteriorizou pela evolução da sociedade e dos direitos civis, e das
políticas protecionistas instaladas neste último século‖.
Um dos maiores desafios para inclusão social plena das pessoas com deficiência
foi o acesso ao sistema regular de ensino, sendo esta considerada como a garantia de
direitos e o exercício da cidadania. Após uma longa trajetória de busca por políticas de
inclusão para as pessoas com deficiência, na atualidade, podemos contar com um
considerável número de legislações que visam garantir a inclusão nos diversos setores
da sociedade. ―A Educação Inclusiva é o resultado de muitos estudos teóricos e práticos,
bem como discussões que tiveram a participação e apoio de organizações de pessoas
com deficiência e educadores.‖ (KUSS, 2016, p. 27).
Em 1950 a inclusão começa a ser tratada com maior preocupação pelos
legisladores. Atualmente por iniciativa de vários órgãos o atendimento aos sujeitos com
necessidades especiais visa à sua inserção na sociedade. (BEYER, 2005).
Para Mazzotta (2003, p. 16), os indivíduos com necessidades especiais requerem
uma proteção com relação aos aspectos sociais e civis, a qual foi postulada na
Constituição Brasileira de 1967.
A legislação brasileira se atentou a inserir em seus dispositivos legais, normas
que exijam a inclusão das pessoas com necessidades especiais. A Educação Inclusiva
abrange a integração escolar, a qual é um recurso contra a discriminação, abuso e
abandono. A inclusão refere-se a intervenções necessárias para a criança com
deficiência acompanhar a escola e superar-se. (SELAU, 2007, p. 45).
A Educação Inclusiva abandona a ideia de que a criança tem que ser normal para
contribuir. A Escola deve resgatar o seu papel de ensinar, aprender com a diferença e
despertar o desejo de todos de aprenderem com as novidades que eles carregam consigo,
I ConProEduc e II IncluiEdu 239
considerando o potencial que poderá ser desenvolvido pelas crianças, e não ficando
circunscritas as suas dificuldades. O acesso ao saber deve ser garantido a todos, de
forma objetiva, adequada, especialmente àqueles com deficiência, para que se assegure
realmente a igualdade de oportunidades entre os alunos considerados especiais e
normais. (HONORA; FRIZANCO, 2008).
Conforme Fonseca (2007, p. 39), independente ou paralelamente a existência da
Escola Inclusiva cabe a cada cidadão a responsabilidade pela construção e manutenção
da Sociedade Inclusiva, a qual deverá refletir o tipo de escola que será oferecida a todos.
Ao dispor sobre o conceito de necessidades especiais, parte do papel da escola e
da educação escolar, promover de forma intencional, o desenvolvimento de certas
capacidades, a apropriação de conteúdos da cultura, fundamentais para as pessoas se
tornarem membros ativos dessa cultura, que no Brasil, chama-se construção da
cidadania. (ARANHA, 2004, p. 23).
Para Mantoan (2005, p. 25) ―inclusão pode ser entendida como o processo que
visa capacitar e reconhecer as diferenças entre os cidadãos, de modo que todos possam
compartilhar suas experiências‖.
Os alunos que chegam à escola regular são responsabilidade de todos os
educadores, e não apenas do profissional que se interessa pela Educação Especial.
(BOLONHINI JR., 2004).
Martins (2012) compreende que as escolas são espaços em que a construção do
conhecimento, as relações estabelecidas e as práticas desenvolvidas podem ser
semeadas e cultivadas de forma democrática e inclusiva.
O processo de aprendizagem dos alunos com necessidades especiais
normalmente é lento, em função das próprias características desta condição: adaptação
social inadequada, capacidade reduzida para o aprendizado e lentidão do processo de
maturação. As etapas no processo de aprendizagem são: motivação, objetivo,
preparação, obstáculo, resposta, reforço e generalização. (BEYER, 2005, p. 44).
A fim de que o processo de aprendizagem se efetue de forma favorável, é
importante considerar ou criar princípios facilitadores como: oferecer experiências de
sucesso, passagem lenta de uma etapa para a outra, proceder de modo sistemático, entre
outros. As condições para a inclusão de alunos com necessidades especiais em relação
ao ensino estão legalmente criadas, mas é evidente que a escola regular não está
preparada para recebê-lo. A presença de um aluno especial no ensino regular cria novas
necessidades e exigências.
I ConProEduc e II IncluiEdu 240
diálogo com sua ação, com a própria situação e em seguida vê-se como necessário a
reconstrução mental da ação. (OLIVEIRA, 2002).
A exclusão não recai somente em alunos deficientes, recai também em alunos
desfavorecidos economicamente, e que necessitam em muitos casos trabalhar para
custear seus estudos.
O desafio de aprendizagem na vida de uma criança deve transcorrer de forma
normal para que estes problemas não influenciem no seu aprendizado, há quem
considere o período escolar como ameaçador na vida do estudante, entretanto, não se
pode esquecer a importância do estudo na formação do caráter do cidadão, e os
benefícios que este pode trazer a vida de qualquer um. Os alunos considerados especiais
em virtude de problemas físicos ou mentais são os que requerem maior cuidado por
parte dos Entes Governamentais, responsáveis pela criação das diretrizes escolares.
(JOSÉ; COELHO, 2002).
Como forma de evitar que esse aluno entre nessa estimativa negativa é
necessária tratar a inclusão com seriedade por parte dos responsáveis, de modo que as
pessoas colocadas nessa categoria possam ter o mesmo tratamento igualitário
dispensado aos alunos considerados normais, essa desigualdade deve permitir ao aluno
condições de aprendizado segundo sua capacidade. (LEITE, 2009, p. 64).
A qualidade é à base do ensino escolar, e deve ser assumida pelos responsáveis
durante a elaboração das diretrizes, e por aqueles responsáveis por colocar essas ações
em prática. A inclusão proporciona a integração entre seus alunos de modo que as
práticas discriminatórias não ocorram. (MARTÍNEZ; TACCA, 2011).
Segundo Aranha (2004, p. 27) ―a inclusão deve democratizar o ensino escolar de
modo que as pessoas envolvidas nesse processo possam conversar entre si, analisar,
discutir e propor soluções para os problemas enfrentados pela escola‖.
A participação e interação das pessoas envolvidas nesse processo devem
convergir para o mesmo sentido, qual seja, o de melhoria dos níveis educacionais. A
inclusão deve promover entre os alunos, interação e não exclusão, o ensino deve ser
transmitido de forma igualitária na medida estabelecida pela desigualdade, pois, aquele
considerado especial irá apresentar maior dificuldade de aprendizado, mas nem por isso
deva ser considerado excluído.
Deficiência de aprendizagem
I ConProEduc e II IncluiEdu 242
aprendizagem podem ser mais ou menos inteligentes do que a maioria das outras
crianças, mas, elas irão apresentar dificuldade na aprendizagem da leitura, escrita,
ortografia, raciocínio, organização de informações. (HONORA; FRIZANCO, 2008).
De um modo generalista se pode dizer que os indivíduos com dificuldades de
aprendizagem são alunos medianos, em que, muitas vezes, parece existir uma diferença
entre seu sucesso potencial e seu real sucesso alcançado. É por isso que a dificuldade de
aprendizagem é referida como uma deficiência oculta. (BEYER, 2005).
A dificuldade de aprendizagem possui correlação com outros termos tais como
distúrbios de aprendizagem, transtornos de aprendizagem e problemas de aprendizagem,
onde, cada um desses possui características próprias, sendo, porém, todos responsáveis
pelo não aprender ou aprender de forma parcelada ou desestruturada. (NUNES et al.,
2000).
Valorizar o indivíduo, respeitando suas diferenças é uma tarefa não só das
Instituições Educacionais, mas também da sociedade como um todo, devendo cada
cidadão estar atento ao papel fundamental na participação dessa mudança de
paradigmas.
METODOLOGIA
RESULTADOS
CONCLUSÃO
Dessa forma, conclui-se que não é uma tarefa fácil encontrar uma escola de
qualidade e com bons profissionais, quando o assunto é matricular uma criança especial.
Mas nos dias atuais o número de crianças que possuem algum tipo de deficiência
aumentou muito, e isso fez com que se criassem melhorias nas escolas.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Janete M. Lins de. A educação como política pública. 3ª Ed. Campinas,
SP: Autores Associados, 2004.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: fundamentos e métodos. 1ª Ed. São
Paulo: Cortez, 2002.
SELAU, B. Inclusão na sala de aula. Porto Alegre: Editora Evangraf Ltda., 2007.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. O ato de ler. Fundamentos psicológicos para uma
nova pedagogia de leitura. 4ª Ed. Editora Cortez. Campinas. São Paulo, 1986.
Bárbara Francischini
Ana Silvia Moço Aparício
Maria de Fátima Ramos de Andrade
Universidade Municipal de São Caetano do Sul
RESUMO
O presente artigo faz parte de uma pesquisa que tem como objetivo geral
analisar estratégias de ensino que colaboram para o desenvolvimento do pensamento
científico no processo de alfabetização. Como caminho metodológico, na primeira
etapa, faremos um levantamento quantitativo e qualitativo, com aplicação de
questionário – questões fechadas e abertas - com os professores que atuam nos dois
primeiros anos do Ensino Fundamental. Na sequência, entrevistaremos professores que
tenham, em suas práticas, intenções de fazer com que seus alunos desenvolvam uma
postura investigativa. Por fim, feita a entrevista, os professores serão convidados a
realizarem, colaborativamente, a construção e validação de sequências didáticas, na área
da alfabetização, que propiciem o desenvolvimento do pensamento científico. O
trabalho encontra-se em desenvolvimento, na fase de revisão da literatura, levantamento
e estudo bibliográfico sobre a temática proposta. Espera-se, com o presente estudo,
destacar e futuramente difundir acerca da importância do desenvolvimento do
pensamento científico no processo de alfabetização e durante o percurso escolar do
aluno.
INTRODUÇÃO
ministrado pelo docente um olhar mais investigativo, científico poderá ser desenvolvido
ou não.
Nesse sentido, se a intenção é a apropriação de conteúdos que colaborem no
desenvolvimento do pensar cientificamente, que façam com que os alunos consigam
refletir, propor soluções sobre problemas e questões atuais, de forma a trabalhar e
cooperar socialmente, as decisões do que queremos ensinar e como isso ocorrerá são de
extrema importância. Ao refletir sobre a minha prática, pude perceber que dependendo
do como ensino, do papel que assumo no contexto da sala de aula, a criança pode ou
não desenvolver o pensamento científico. Logo, pensar as estratégias de ensino que
colaborem para o desenvolvimento do pensamento científico, é pensar no papel do
professor e nos procedimentos didáticos, é assumir uma concepção de educação e de
escola.
Tendo em vista essas preocupações, a pesquisa que deu origem a esse artigo
intenciona investigar que estratégias de ensino, no processo de alfabetização, colaboram
no desenvolvimento do pensamento científico? Como desenvolver o pensamento
científico no processo de alfabetização? É possível pensar cientificamente quando a
criança está aprendendo a ler e escrever?
Na minha experiência profissional, na docência, observo que ainda temos muita
dificuldade de conceber um ensino que privilegie o desenvolvimento do pensamento
científico. Vejo alunos muito curiosos, atentos e interessados em aprender a escrever.
Sinto no olhar deles vontade de buscar o conhecimento, de compreender como o
sistema alfabético funciona, enfim, como construímos a escrita. Alfabetizar sem abrir
mão do desenvolvimento do pensamento científico poderia ser um caminho a ser
trilhado.
Ao discutir o desenvolvimento do pensamento científico na fase de
alfabetização, poderíamos considerar as práticas dos docentes que despertam a
inquietação de conhecer o mundo num olhar mais investigativo, incentivando o discente
a ter vontade de buscar sempre mais, de pesquisar e assim entender melhor o seu
entorno. O pensamento científico é algo que se ensina e se aprende de forma planejada.
Um dos elementos é estimular os estudantes para que saibam refletir, resolver
problemas, enfim, fazer com que sejam cidadãos mais críticos e participativos. Pensar
cientificamente é defender um ponto de vista, é saber argumentar de modo a despertar a
busca de outras informações com assertividade, não apenas acumular informações é
explorar e compreender melhor o mundo.
I ConProEduc e II IncluiEdu 252
REFERENCIAL TEÓRICO
A autora Délia Lerner, em sua obra Ler e escrever na escola; o real, o possível e
o necessário, discorre sobre os desafios de ensinar numa perspectiva que considere o
desenvolvimento do pensamento crítico, ou seja, que colabore no desenvolvimento do
pensamento científico. Um leitor que não apenas pratique a leitura e a escrita, mas que
possa entender e buscar sempre mais estímulos para um pensamento mais amplo, que
busque soluções para os problemas, que entenda o mundo em sua volta. A autora afirma
que o desafio da escola é:‖ formar seres humanos críticos, capazes de ler entrelinhas e
de assumir uma posição própria frente à mantida, explicita ou implícita, pelos autores
dos textos com os quais interagem.‖ (LERNER, 2002, p 27)
Desta forma, para Lerner (2002), práticas mecânicas em sala de aula, ou seja,
aquelas que não visam estimular/mediar a construção do pensamento crítico pela
criança, são práticas descontextualizadas que bloqueiam o desenvolvimento da leitura e
escrita nos discentes, pelo fato de os alunos não encontrarem sentido nesta prática, logo,
eles tornam meros copistas acríticos.
Como dito anteriormente, pensar cientificamente é algo que se aprende; não
nascemos com olhar científico. Paulo Freire (2004), em sua obra Pedagogia da
autonomia, afirma que a escola poderia propiciar condições para que a curiosidade
espontânea, presente na criança, se transformasse em curiosidade epistemológica. Esse
processo é complexo, carrega uma concepção de educação e de escola.
O autor ainda cita que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção ou a sua construção, ensinar requer uma reflexão
crítica sobre a prática. O docente precisa buscar novos conhecimentos sempre usando
materiais teóricos para melhorar cada vez mais sua prática, para Freire, a teoria e a
prática são fundamentais para o docente. Ele fala também da importância de pesquisar,
não há ensino sem pesquisa, nem pesquisa sem ensino, Pesquisa para conhecer o que
ainda não conheço e para comunicar o novo. Nesse sentido, podemos inferir que Paulo
I ConProEduc e II IncluiEdu 253
Santos (2007) cita que por volta dos anos de 1950, com o lançamento do
primeiro satélite artificial, grande parte dos Estados Unidos se atentou e se preocupou
em formar cientistas com a finalidade de preparar os cidadãos a pesquisar, investigar,
como os cientistas fazem. Logo depois, houve um episódio que começou a preocupar os
educadores, o meio ambiente, mais um motivo para formar cidadãos pensantes,
pesquisadores e agora, com o foco na ciência, tecnologia e sociedade.
O pensamento científico é um conhecimento em que não entra fantasia,
preconceito, enfim, quando falamos em pensamento científico, falamos de pesquisa, de
buscar o conhecimento de entender melhor o mundo. Pensamento científico é algo que
podemos desenvolver na rotina do dia a dia, são dúvidas que aparecem e que temos a
iniciativa e a curiosidade em resolver, surgindo assim, perguntas para tentar resolver e
fazendo nos levar a buscar verdades e os ‗porquês‘ das coisas. Pensar cientificamente,
requer pensar e buscar soluções através de pesquisas e isso é algo válido, pois quando
aprendemos a pesquisar, construímos mais conhecimentos e informações, com isso,
temos mais autonomia intelectual.
Antigamente se pensava que o conhecimento da criança desenvolvia-se por meio
de repetições. Delval (2005) cita em sua obra alguns estudos de Piaget em que observa o
estudante em sala de aula e leva a conclusão de que o conhecimento é construído. Deval
comenta que o ser humano já vem com uma aprendizagem e um conhecimento prévio
antes de entrar na escola mas, é na escola que o cidadão começa a ser induzido para o
pensamento científico, por meio de aprendendizagem mais prazerosa, pois sabe o que
está aprendendo e tem o interesse de procurar, pesquisar mais. ―O aprendizado só é
possível com a existência das pré-estruturas necessárias à sua produção. A formação de
novos conhecimentos, por sua vez, modificará essas estruturas‖ (DELVAL,2005, p.9)
I ConProEduc e II IncluiEdu 255
Delval (2005) cita que o ser humano é o único ser pensante, capaz de
desenvolver vários comportamentos, viver em diversas situações na sociedade e em
diversos ambientes. Fazer pesquisas é saber defender um ponto de vista, é saber
argumentar, é despertar a busca de outras informações com qualidade, é explorar e
compreender melhor o mundo. Essa dinâmica, ao discutirmos o papel do professor,
pressupõe um ensino que desperte o interesse no aluno, de construir o conhecimento.
Por isso, o papel do professor na construção do conhecimento é ao mesmo tempo muito
importante e muito cautelosa. Uma vez que o professor não pode pesquisar pelo
estudante, ou seja, o professor precisa se atentar no seu papel de mediador, fazer que o
estudante descubra, pesquise e investigue por si só, para que então consiga questionar,
construir ideias, conceitos, etc.
Salvador (1994) também defende a teoria de Piaget e ainda afirma que o
conhecimento do estudante precisa ter uma relação com o professor. Essa relação é a
vontade de incidir na aprendizagem do estudante, o professor precisa provocar interesse
no aluno, de construir o conhecimento. Por isso, o papel do professor na construção do
conhecimento é muito importante e exige postura cautelosa, uma vez que o professor
não pode pesquisar pelo estudante, ou seja, o professor é mediador, fazer que o
estudante descubra, pesquise e investigue por si só, para que então consiga questionar,
construir ideias, conceitos, etc.
Salvador (1994), ao discutir sobre a construção do conhecimento, afirma a
importância do papel do professor nesse processo, uma vez que ele é responsável por
intervenções que contribuem para o aprendizado do aluno. Não se pode pensar em uma
sala de aula em que o docente é responsável por transmitir conhecimento e o discente
um mero espectador da transmissão do docente. Essa prática gera uma relação muito
distante do professor e aluno e pouco contribui para o aprendizado
É preciso ter como base o engajamento do professor, a motivação e o
protagonismo do discente. O estudante com autonomia, autor da própria vida acadêmica
e os professores mediadores do processo ensino-aprendizagem.
Desenvolver o pensamento científico é compreender e interpretar as questões
propostas, saber usar estratégias para uma pesquisa e com isso possibilita ao sujeito,
construir argumentos fora do senso comum.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
ALGUNS ACHADOS
REFERÊNCIAS
I ConProEduc e II IncluiEdu 258
DELVAL, Juan. Aprender a aprender/Juan Delval; tradução Jonas Pereira dos Santos.
Campinas, SP: Papirus, 2005.
INTRODUÇÃO
Problema
Objetivos
Por sua vez Jarvis (2009) também nos apresenta a interação como uma das
formas de aprendizagem, dividindo estas interações em duas vertentes: a externalização
e a internalização. Processos que ocorrem principalmente por meio da fala, mas que
podem ser mediados tanto pela escrita, pela produção de imagens, pela comunicação de
forma geral. Em interações que acontecem em duas vias, independente de seu meio, seja
ele físico ou virtual.
Tanto a educação formal quanto a informal tem como objetivo a transmissão de
conhecimentos, que a primeira tem como características mais latentes a rigidez e a
normatização do planejamento, ordenamento e controle, enquanto a segunda se refere à
qualquer atividade educacional que se organize exteriormente ao sistema formal de
educação. (DANGWAL; e KAPUR, 2009a)
Esta organização não formal da educação, com o foco em interações, vão ao
encontro da definição de aprendizagem apresentada por Rogers (1977):
Metodologia
SOBRE O PROJETO
ENCAMINHAMENTOS FUTUROS
Para esta coleta foram adaptados testes em que eram apresentados 77 ícones
comuns em um ambiente Windows e era solicitado que se descrevesse o que cada um
deles significava.
O teste que foi administrado, no próprio escritório dos pesquisadores, com
pessoas acostumadas a utilização de computadores para o desenvolvimento de suas
atividades profissionais, apresentou resultados de acerto de cerca de 70% dos ícones. A
familiaridade com programas específicos apresentava um maior índice de acerto nos
ícones a eles relacionados. O teste foi batizado de "Inventário de Associação de Ícones".
Comparado com instrumentos estabelecidos para este tipo de análise a ferramenta media
em cerca de vinte minutos o que testes padronizados faziam em cerca de duas horas,
com 98% de similaridade.
Estas informações são apresentadas com maior detalhamento em artigo
publicado no AJET, volume 21, número 3, de 2005, intitulado ―Acquisition of
computing literacy on shared public computers: children and the ‗hole in the wall‖
(Aquisição de letramento computacional em computadores públicos compartilhados:
crianças e o ‗buraco na parede‘). Neste trabalho são apresentadas as adaptações
realizadas nos testes de associação de ícones, utilizados como ferramenta de
mensuração.
Para a aplicação dos testes foram utilizados três grupos distintos de crianças, o
grupo focal selecionado, um grupo de usuários frequentes, que apesar de não fazerem
parte do grupo focal faziam uso frequente das estações de aprendizagem, e grupos de
controle, selecionados em vilarejos próximos, com similaridades socioeconômicas e que
não haviam tido acesso aos computadores.
Para a comparar estes resultados foram avaliados grupos de crianças
regularmente matriculadas em escolas, na mesma faixa etária dos usuários das estações
de aprendizagem, mas que tinham aulas de informática em seu currículo regular. E um
segundo grupo de alunos do ensino tradicional, matriculados para um curso de um ano
em tecnologia da informação no NIIT em Nova Délhi.
De acordo com os resultados apresentados o grupo focal inicia com os resultados
mais baixos, em 6.65%, tendo 10,44% e 11,96% para a escola regular e para o curso de
tecnologia da informação, respectivamente. No terceiro mês de avaliação os resultados
são bastante similares, em 22,12%, 24,01%, e 23,73% para o grupo focal, escola regular
e alunos de tecnologia da informação, respectivamente e no oitavo mês o grupo focal
havia atingido 38,18% de aproveitamento e os alunos de tecnologia da informação
I ConProEduc e II IncluiEdu 271
haviam atingido 49,17%. Não são apresentados resultados para os alunos da escola
regular no oitavo mês, mas estes devem estar entre os resultados dos outros dois grupos.
Os grupos focais foram testados durante nove meses e os resultados foram
comparados com os grupos de controle e outros usuários frequentes. Estimativas de que
40mil crianças utilizaram estes computadores e muitas dessas crianças alfabetizaram-se
digitalmente por conta própria (computer literate). A pontuação nos testes era de
incríveis 40% após o período de nove meses (MITRA, 2005; MITRA, 2012).
Com isto obtiveram provas da aprendizagem auto regulada, e desta vez sabiam
que isto seria possível com qualquer criança em qualquer lugar do mundo. Decidiram
chamar este metodo de Educação Minimamente Invasiva (Minimally Invasive
Education). O resto do mundo ainda o chama de "buraco na parede" (MITRA, 2012).
Nas conclusões de trabalho apresentado por Ritu Dangwal (2005) são apontados
que a maioria das crianças desenvolveram seu letramento digital por conta própria,
ampliaram significativamente sua maturidade intelectual, melhoraram sua performance
escolar e a performance em testes aplicados junto ao programa. Considerando que tanto
a família como a relação com os pares são de grande importância para o
desenvolvimento das crianças nesta etapa de pré-puberdade e puberdade.
TRANSFORMAÇÃO
internet. As crianças sabiam disto, pois, cada quiosque continha um aviso de que o
conteúdo era monitorado. (MITRA, 2012)
Através das observações que foram realizadas durante o desenvolvimento do
projeto, como nos é apresentado na obra ―Beyond the Hole in the Wall: Discover the
Power of Self Organized Learning‖ (2012) (Além do Buraco na Parede, em tradução
nossa), Mitra apresenta a observação de um processo de aprendizagem, desenvolvido
pelas crianças, bastante similar em todas as frentes do projeto, anteriormente
apresentado e que pode ser simplificado da seguinte forma: 1. Descoberta > 2.
Compartilhamento > 3. Novas descobertas > 4. Novo compartilhamento > 5. Definições
> 6. Memorização > 7. Saber ou não saber > 8. Patamar > 9. Intervenção.
Com estas diretrizes em mente, posteriormente foi consolidada a ideia dos Self
Organized Learning Environment (Ambientes de Aprendizagem Auto Organizados) ou,
simplesmente, SOLE.
UTILIZAÇÃO E APRENDIZAGEM
as crianças estavam aprendendo, como elas estavam aprendendo, de quem elas estavam
aprendendo e como elas se sentiam sobre a estação de aprendizagem e suas experiências
com o ―buraco na parede‖.
Foi constatado, através destas observações, que o aprendizado acontecia em
grupos através da interação entre as crianças e com as estações de aprendizagem.
Grupos que eram tipicamente heterogêneos em sua natureza, misturando meninos e
meninas com idades diferentes. A utilização dos diários permitiu acompanhar o uso que
as crianças faziam das estações, através destes registros era possível acompanhar o uso
dos computadores, como aplicativos utilizados, sites visitados e indicações sobre quem
os havia ensinado ou se haviam descoberto algo por conta própria. Foi possível
perceber, com base nos diários, o que as crianças queriam aprender, porque elas
queriam aprender e de quem elas queriam aprender.
Com estas observações foi determinado que a faixa etária das crianças variava
entre os oito e os quatorze anos de idade.
ESTABELECENDO LIMITES
SOLE
livre e seguro e um mediador amigável, grupos de crianças podem ser aprovadas nos
exames de conclusão de estudos (como o ENEM) por conta própria. Situação que existe
apenas como hipótese, pois estudos abordando esta possibilidade não foram
identificados.
Em 2010 Bret Millot e Paul McKena (diretores de duas escolas de Melbourne,
Austrália) adotaram o método e levaram a ideia de SOLE além, integrando-a a
metodologia escolar, Considerando que um SOLE vai funcionar em uma escola se o
diretor quiser.
A utilização de SOLEs pode abrir portas para assuntos que tipicamente não
fazem sentido para as crianças. É apontado como exemplo o Teorema de Pitágoras,
sobre o qual diferentes grupos de crianças, em diferentes locais, trabalharam de formas
diferentes, mas obtiveram resultados corretos. Estas diferentes abordagens eram
provenientes de diferentes perguntas, que geravam bastante debate e argumentações
animadas. Estes debates e argumentos abrem a porta para a aprendizagem.
PROBLEMAS NA PAREDE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto Hole in the Wall ou Buraco na Parede, foi uma iniciativa ousada que
instalou computadores conectados à internet em áreas públicas, principalmente da Índia,
para serem utilizados por crianças sem a supervisão ou a instrução de adultos. Ao
pensarmos em algo parecido, considerando a realidade brasileira, as primeiras perguntas
que nos vinham à mente eram sobre o risco de vandalismo e as possibilidades de mal
uso dos terminais, principalmente pelo acesso a conteúdos indevidos ou inadequados.
As estações foram pensadas de forma a reduzir as possibilidades de vandalismo
e de favorecer a utilização por crianças, que eram o público alvo do projeto. Para isso
foram criadas soluções como mouses de estado sólido, adequações de altura e barreiras
de proteção. Estas medidas foram tomadas para, ao mesmo tempo, tornar as estações
atraentes para as crianças e dificultar a utilização por adultos.
As atividades do projeto foram desenvolvidas como pesquisa entre os anos de
1999 e 2004, quando foi formado o Hole in the Wall Education Ltd (Buraco na Parede
Educação Ltda. Tradução nossa), que se esforça para oferecer acesso digital através de
quiosques equipados com computadores em parques de escolas e em instalações fora
das escolas.
Enquanto o programa abordado busca a inclusão e o letramento digital, nossa
investigação estava mais centrada nos conceitos de educação minimamente invasiva, no
qual as crianças aprendem com o mínimo de interferência de professores ou outros
adultos, e também o conceito de educação auto organizada, proveniente da interação das
crianças com os computadores e com as outras crianças que frequentavam os quiosques,
ou ambientes de aprendizagem.
Também como, e se, estes conceitos poderiam auxiliar na educação formal
regular, oferecendo um novo modelo pedagógico teórico que pudesse, posteriormente,
ser levado a campo para a observação do desenvolvimento e dos resultados alcançados.
As iniciativas de avaliação comparativa utilizadas durante o período de
realização do projeto nos mostraram que, em áreas específicas, as crianças podem
aprender por conta própria o equivalente ao que aprendem as crianças que frequentam a
rede pública de ensino em escolas dentro ou abaixo da média de qualidade do ensino
nacional na Índia. Enquanto em situações nas quais um adulto, sem instrução formal nos
conteúdos trabalhados ou sobre metodologias de ensino, era designado para acompanhar
as crianças e atuar como um mediador amigável entre as crianças e o conhecimento, os
I ConProEduc e II IncluiEdu 280
resultados obtidos eram similares aos apresentados por crianças que frequentavam
escolas privadas, acima da média de qualidade de ensino da Índia. Reforçando a teoria
de Vygotski da zona de desenvolvimento proximal.
Nas situações em que as crianças tinham completa liberdade para utilizarem os
computadores, as atividades realizadas sempre estavam relacionadas ao download e
utilização de jogos, softwares de desenho e ilustração, ouvir músicas e assistir à trailers
de filmes. De forma geral, a proposta do projeto era atingida, o letramento digital, mas
estas crianças não estavam buscando conhecimentos escolares que pudessem lhes ajudar
a melhorar suas notas e seu rendimento. Isto acontecia quando existia mediação, fosse
esta realizada por uma pessoa ou por programas e conteúdos específicos que fossem
disponibilizados nos computadores e tivessem seu uso incentivado.
Sem a apresentação de objetivos não havia nenhuma forma de direcionamento
de conteúdos que não fosse o interesse individual de cada criança, por mais que elas
compartilhassem o aprendizado sobre as funções do computador e sua utilização.
Tais iniciativas, dentro do grupo de crianças, determinam que elas podem, sim,
aprender por conta própria e compartilhar este aprendizado com seus pares, ensinando e
aprendendo em grupo.
Explorar a bibliografia sobre o projeto Buraco na Parede nos permitiu perceber
que é, sim, possível que as crianças aprendam por conta própria, mas que desenvolverão
uma aprendizagem muito mais eficiente se esta for mediada. Que, sem a existência de
mediação ou a orientação para alguns objetivos, as crianças aprenderiam apenas aquilo
que lhes interessa, e grande parte destes interesses não corresponde aos itens do
currículo escolar. A utilização de computadores com acesso à internet se apresenta
como uma ferramenta poderosa para a aprendizagem, principalmente se sua utilização
for bem orientada.
O verdadeiro interesse aqui é favorecer a autonomia dos estudantes, favorecer
sua atuação como sujeitos ativos do processo educativo, com a possibilidade de
escolherem os métodos que consideram mais favoráveis para sua aprendizagem,
adequarem melhor o tempo escolar ao seu tempo de aprendizagem e incentivar a
participação ativa nos processos democráticos da escola, inclusive na seleção dos
processos avaliativos. Os pressupostos apresentados pelo projeto Buraco na Parede nos
parecem interessantes para subsidiar esta abordagem.
I ConProEduc e II IncluiEdu 281
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FLICK, U. Uma introdução a pesquisa qualitativa. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
MITRA, S. Beyond the Hole in the Wall: Discover the Power of Self-Organized
Learning. Estados Unidos. TED Conferences LLC. 2012. E-book
MITRA, S. Minimally Invasive Education for mass computer literacy. Presented at the
CRIDALA 2000 conference, Hong Kong, 21-25 June, 2000b. Disponível em:
<http://www.hole-in-the-wall.com/docs/Paper01.pdf> Acessado em 16/05/2016.
MITRA, S; RANA, V. Children and the Internet: experiments with minimally invasive
education in India. British Journal of Educational Technology. Oxford. Vol.32, n.2,
p.221–232. 2001. Disponível em: <http://www.hole-in-the-wall.com/docs/Paper03.pdf>
Acessado em 16/05/2016.
INTRODUÇÃO
Este artigo: ―Arte, Cultura e Inclusão: vivências inclusivas com arte na creche‖,
é uma pesquisa em estudo que foi apresentada no I ConProEduc e II IncluiEduc20 que
tem como objetivo dialogar sobre a importância do protagonismo infantil e tendo os
espaços educativos dentro de uma proposta de escola inclusiva desde a creche, pois
acreditamos que estes ambientes são ricos em aprendizagens significativas e podem
favorecer diferentes tipos de interações e que o (a) professor (a) tem papel fundamental
como organizador (a) dos espaços onde ocorre o processo de construção de
conhecimento e baseia-se na escuta, no diálogo e na observação de necessidades e
interesses expressos pelas crianças, transformando-se em objetivos pedagógicos.
A pesquisa de mestrado profissional em educação, em andamento, com
contribuições pedagógicas constituirá em uma pesquisa-ação no município de Santo
André com crianças de creche pública e é referente a artes visuais e brinquedos não
estruturados e pretende dar visibilidade ao protagonismo infantil nas tomadas de
decisões dentro da rotina da creche, tendo como disparador a arte e suas múltiplas
linguagens em diferentes espaços educativos, visando construir um ―lugar brincante‖,
que promova aventuras, descobertas, criatividade, desafios, aprendizagens e que desafie
a relação criança–criança, criança–adulto e consequentemente criança-adulto-espaço. O
espaço lúdico precisa ser dinâmico, vivo, ―brincante‖, explorável, transformável e
acessível para todos (as).
Os (as) pesquisadores (as) são professores (as) de creche e algumas das
inquietações de suas práxis pedagógicas são referentes as temáticas descritas neste
artigo como: arte e suas múltiplas linguagens, cultura e inclusão. Enfim, a construção de
20
I ConProEduc e II IncluiEduc - I Congresso de Pós-Graduação Stricto Sensu Profissional em Educação
– 2017- II Seminário de Educação Inclusiva
I ConProEduc e II IncluiEdu 285
uma escola inclusiva desde a creche implica em pensar e repensar seus espaços, tempos
e recursos pedagógicos voltados para as possibilidades de acesso, permanência e
qualidade de educação para as crianças nas diferentes relações sociais.
A criança se caracteriza pela diferenciação de um sujeito em tamanho e idade,
pois ainda está em processo de desenvolvimento em relação ao adulto. Não que o adulto
não continue se desenvolvendo, mas a criança passa, durante a infância, por um
processo de crescimento físico, pessoal e subjetivo bastante significativo em sua vida.
―As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem
e pensam o mundo de um jeito muito próprio‖ (BRASIL, 1998, p. 21). A designação
―criança‖, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil,
significa:
21
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira - (LDB 9394/96).
I ConProEduc e II IncluiEdu 286
diversidade, acolhendo (a), respeitando (a) e, acima de tudo, valorizando (a) como
elemento fundamental na constituição de uma sociedade democrática. E que a escola
seja realmente um lugar onde não são observadas diferenças, tais como, cor, credo, raça,
potencialidades, limites, etc., é preciso que realmente a escola seja um local de
aprendizagem da cidadania.
A história da educação infantil no Brasil nos remete ao surgimento das creches,
vinculadas à história da mulher trabalhadora, caracterizando se como uma instituição
substituta do lar materno. Durante o final do século XIX e início do século XX, essa
concepção assistencialista prevaleceu e o caráter educacional dessa faixa etária foi
desconsiderado. O estabelecimento da educação infantil como um direito de todas as
crianças só foi reconhecido com a Constituição Federal de 1988 e com a aprovação da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996.
O momento atual em que vivemos na creche é um número muito grande de
liminares por unidades escolares e estes fatos vão de encontro a toda proposta
pedagógica pensada no acolhimento, inserção das crianças, em seu protagonismo
infantil e educação com qualidade. Acredita-se que por meio das múltiplas linguagens
da arte as crianças possam se expressar e comunicar um pouco do que veem, pensam,
sentem, imaginam e toda a escola como um todo se que expressa artisticamente.
Diante dessa crise na ampliação do atendimento pela falta de vagas na creche e a
prática excludente do desserviço que vem acontecendo com a superlotação dos espaços
infantis e o colapso entre a necessidade das vagas para a comunidade e a proposta
educativa sobre a concepção de creche, criança, brincar e aprender, pretende-se
fomentar experiências em artes visuais inclusivas. Os referenciais teóricos se baseiam
nos estudos de Carla Rinaldi, Carolyn Edwards, Loris Malaguzzi, Luciana Esmeralda
Ostetto, Paulo Freire, Maria Teresa Mantoan, Romeu Kazumi Sassaki, ressaltando a
criança como protagonista, pensando que a arte é para uma educação transformadora
que propicia histórias de vida e experiências estéticas diversificadas, vivenciadas e
compartilhadas pelos objetos e suportes, onde a arte não está preocupada com o
produto final e nem em produzir novos talentos, mas sim com o empoderamento das
crianças e sua liberdade de expressar as linguagens que melhor possam manifestar sua
voz, alegria e encantamento pelo mundo das descobertas.
Tratando-se de um mestrado profissional, espera-se ao final da pesquisa elaborar
materiais em artes visuais, sugestão da produção de um ateliê com atividades e
I ConProEduc e II IncluiEdu 287
DESENVOLVIMENTO
formas de pensar, sentir e agir que nos fazem únicos e singulares e isso quer dizer que o
caminho da mudança também deve ser inclusivo.
O objetivo geral desta investigação, é conhecer e analisar as estratégias que
potencializam o Protagonismo Infantil utilizadas estimulada pela professora como
indicador da aprendizagem com as crianças para as crianças com três anos em escola
pública municipal em Santo André – São Paulo.
Assim como Rinaldi (2012), acredito ―que são precisamente a documentação e a
pesquisa que nos dão a força geradora que torna cada dia um dia especial‖ (p.181),
apresento as Estratégias da Investigação e da Documentação juntas nesta seção. Elas se
complementam, uma vez que, unidas, abrem espaço ao diálogo, ao pensamento e à
construção coletiva. As questões que norteadoras da pesquisa:
Quais Estratégias são utilizadas como potencializadoras do Protagonismo
Infantil na sala de aula?
Como as crianças se apresentam frente aos desafios propostos?
Como as crianças protagonizam seus argumentos nas situações em que se
encontram livres para realizarem aquilo que desejam sem o
direcionamento proposto?
Como se apresenta frente às situações em que as crianças manifestam o
protagonismo infantil?
Quais as possibilidades da arte na creche?
Como contribui com a aprendizagem das crianças?
Como transformar a escola em um grande ateliê?
Quais as melhores estratégias para revelar às crianças as diversas
linguagens expressivas do universo da arte?
Qual é o caminho para potencializar a criatividade e provocar o
conhecimento?
O espaço como o segundo educador?
atividades, que nos interessa enquanto criadora de uma verdadeira escola inclusiva na
exploração, na experimentação e na criação, onde as vozes das crianças são escutadas
no cotidiano escolar, em sua peculiar forma de ver, compreender e vivenciar a realidade.
(RINALDI, 2012, p. 184).
A arte aguça na criança a dimensão do sonho, da força de comunicação dos
objetos que a rodeia, da sonoridade da poesia, das criações musicais, das cores, formas,
gestos e luzes. Através dessas percepções, a arte possibilita a criança o desenvolvimento
de seu modo próprio de ver o mundo ou dar sentido, a desenvolver estratégias pessoais
para resolução de problemas e habilidades para construção de textos (BRASIL, 1997).
Segundo os PCN22 , a Arte desenvolve o pensamento, a percepção, a
sensibilidade, a imaginação e o lado artístico de cada criança. Compreender a
metodologia no Ensino de Artes, pode influenciar o desenvolvimento criativo da
criança.
22
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais.
I ConProEduc e II IncluiEdu 290
com diferentes materiais e nesse sentido, darem forma e expressão às suas múltiplas
linguagens. Enfim, a serem autores, criadores e sua relação dialógica com a linguagem
artística. (MALAGUZZI, 1999, p. 101).
A experiência estética é, também, uma experiência de liberdade, de
possibilidades de escolha. Conviver com novas descobertas de conhecimento e
vivências abre espaço para refletir sobre o exercício do olhar estético nesse processo de
transformação.
A arte, como linguagem e expressão de conhecimentos social e cultural que
possibilita às crianças exercer seu potencial imaginativo e criativo. Podemos pensar no
processo tanto artístico quanto inclusivo comparando-os com um caleidoscópio que
produz diante dos nossos olhos um número infinito de combinações, onde sua
configuração depende da composição formada por inúmeros pedacinhos coloridos.
Alimentar o universo imaginário das crianças, provocando o desejo que faz
mover a busca, implica tempo Chronos de espera. É preciso tempo Kairós para deixar as
coisas acontecerem. Sem isso, invariavelmente, haverá a impo¬sição de ritmos e no
âmbito da creche, falamos em ampliação dos repertórios vivenciais e culturais das
crianças como um dos objetivos a serem conquistados, assim como na necessi¬dade de
um trabalho que considere as múltiplas linguagens da infância.
Seria a arte instrumento de resistência e luta contra a exclusão, já que a mesma
permite diferentes formas de manifestação e expressão das crianças?
Freire (2001, p. 37), acredita que o ser humano é capaz de inventar e transformar
sua realidade.
Diante do exposto, faz-se necessário a descrição deste espaço educativo.
Segundo os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para a Educação Infantil, este deverá
ser:
também como estes espaços de nossa infância nos marcam profundamente, ou seja, o
fato é que influenciam definitivamente nossa maneira de vermos o mundo e de nos
relacionarmos com ele.
Inclusão e Arte trabalhadas juntas contribuem para o desenvolvimento das
crianças enquanto multiplicadores de conhecimentos culturais e sociais. Sabemos que a
presença, nas nossas escolas, de crianças de diversas origens culturais tem vindo a
diversificá-las, mas será que também não tem vindo a enriquecê-las? A diversidade
cultural presente na sala de aula, não será ela própria um fator de enriquecimento no
desenvolvimento global da criança?
A diferença na diversidade e coletivamente nos torna mais humanos? Devemos
aprender com as diferenças e serem elas nossos disparadores? Desigualdade existente
nos objetos, nas pessoas, nas culturas e sociedades, mas sobretudo dialogar com as
crianças a ouvir, a falar e a pensar sobre as diferenças e semelhanças, e a conhecer-se a
si mesmas e aos outros. Enfim, implica em reciprocidade e trocas na aprendizagem,
comunicação e socialização entre todas as crianças da unidade escolar, pois, nas
palavras de Buoro (2000, p. 39) ―Arte se ensina, Arte se aprende‖.
Por meio de uma diversidade de atividades, diálogos, questionamentos e de
leituras de imagens, que é possível ampliar as narrativas visuais das crianças, realizar
uma educação estética com construção de significados e de percepção de ―camadas‖ de
leituras: o que se vê, porque se vê assim, o que não é mostrado, o que quero mostrar e
como. Constatou-se que as crianças transformaram suas narrativas, se apropriaram de
códigos sem deixar de lado a imaginação e a capacidade criativa. (HOLM, 2005, p. 84).
Segundo Buoro (2000, p.10), a criança não pode compreender a Arte se não a
conhece. É tarefa do professor (a) sensibilizá-la.
Para Alves, (2004, p. 94), para se começar um trabalho com as artes visuais é
preciso que o (a) professor (a), instigue na criança um olhar voltado às coisas do seu
cotidiano, e passe a observar o belo que está ao seu redor, ou seja, a arte é expressão e
não imitação.
De acordo com Iavelberg (2003, p,16), sem fascinação pela arte é difícil
empreendermos uma educação continuada. É primordial que o (a) professor (a) esteja
estimulado (a) para envolver-se com o estudo e a reflexão da arte na creche, e que
amplie o pensar crítico, valorizando as atividades em sala de aula como forma de
impulsionar uma revolução estética capaz de influir na qualidade de vida das crianças
com as quais trabalha na creche.
Segundo Iavelberg (2003, p.9), a arte deve ser trabalhada considerando os três
eixos da aprendizagem, como produção da criança, apreciação das crianças pelos
trabalhos delas, dos colegas e dos artistas e a compreensão da arte integrada como
perspectiva histórica e cultural na sociedade.
Professores (as) de creche tem formação em magistério ou pedagogia e são
polivalentes, ou seja, trabalham com todas as áreas do conhecimento e não tem
formação específica em arte, então o que ele (a) ensina na creche? Por que ele (a) tem
que dar conta do ensino da arte na creche, já que para ensinar arte é indispensável que o
(a) professor (a) tenha vivência com a linguagem artística, conhecimentos teóricos e
práticos de arte, bem como saber promover a experiência estética?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Justiça. Lei Federal n.º 8.069, de 1990. Institui o Estatuto da
Criança e do Adolescente. Brasília, 1990.
_______. Escola para todos: Como Você Deve Comportar-se Diante de um Educando
Portador de Deficiência, CORDE, Brasília, 1997.
DEWEY, John. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
RESUMO
INTRODUÇÃO
Segundo Araújo Jr. et al., ―no que cerne as políticas educacionais e dos sistemas
de avaliação, a modalidade a distância traz novos elementos que devem ser
considerados nos sistemas de regulação e supervisão e na avaliação da Educação
Superior‖ (ARAÚJO JR. et al., 2016, 41).
Esses elementos que tangem a nova legislação da Educação a Distância no
Brasil favorecem a expansão do ensino superior?
Como as universidades devem se organizar para realizar a Gestão dos Polos,
para que se mantenha a qualidade do ensino?
O objetivo deste artigo é analisar as alterações ocorridas em 2017 na regulação
da educação a distância no Brasil. A metodologia utilizada será a pesquisa descritiva,
por meio de análise documental da legislação da educação a distância no Brasil.
A identificação da IES responsável deve ser bem explicita no polo que deve
apresentar e manter infraestrutura física, tecnológica e de pessoal compatível ao
quantitativo de alunos matriculados.
3 50
4 150
5 250
Com essas regras, era preciso esperar cerca de três anos para ter um pedido
limitado de aditamento de credenciamento de polos de apoio presencial com a
tramitação concluída pelo Ministério da Educação.
I ConProEduc e II IncluiEdu 307
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
JACOB, Edgar. O credenciamento "por decreto" para EAD. Disponível em: <
http://www.jacobsadvogados.com.br/single-post/2017/06/13/O-credenciamento-por-
decreto-para-EAD>. Acesso em 05 set. 2017.
RESUMO
INTRODUÇÃO
O século XXI é marcado pelos avanços tecnológicos, dada a presença das TIC
(Tecnologia da Informação e Comunicação) na sociedade, já sendo muito comum
observar o uso das tecnologias nas diversas atividades cotidianas da humanidade.
Nesse contexto, Moran, Masetto e Behrens (2013) e Leite et al. (2014) explicam
que as TIC atingiram a todos rapidamente, sendo irreversível e de fácil reconhecimento
sua presença nas áreas da atividade humana. Destacam, Mercado (1998) e Simião e
Reali (2002) que o reconhecimento de uma sociedade tecnológica é determinante para a
conscientização da necessidade das escolas assumirem seu papel nesse processo e
incluir em seu currículo habilidades e competências para lidar com as tecnologias.
Dessa forma, nasce a necessidade de inserção das TIC nas escolas como
ferramenta de apoio ao trabalho do professorado e as suas estratégias didático-
pedagógicas, contribuindo significativamente dentro do processo de ensino-
aprendizagem.
E, é nesse cenário que, em outubro de 2006 a empresa Google começa uma
movimentação para levar tecnologia às escolas, culminando em 2014 nas denominadas
ferramentas digitais Google for Education.
O recurso foi desenvolvido no intuito de contribuir com as atividades no meio
educacional, isto é, tem-se uma tecnologia específica dedicada à educação, sendo
necessário conhecer as opiniões dos professores acerca do recurso e seu reflexo sobre o
processo de ensino-aprendizagem.
Diante desse cenário, Perrenoud (2000, p. 138) menciona:
Problema
Objetivo
I ConProEduc e II IncluiEdu 314
Método
REFERENCIAL TEÓRICO
Esta seção apoia-se nas construções de Demo (2011), Leite et al. (2014),
Libâneo (2003), Moran, Masetto e Behrens (2013), Perrenoud (2000), Simião e Reali
(2002), Ferreira, Souza e Reis (2014), Junior, Lisbôa e Coutinho (2011) e do site oficial
da Google no intuito de apresentar as ferramentas Google for Education.
As TIC e a educação
RESULTADOS
Nesta seção serão tratadas as opiniões dos professores sobre o uso das TIC na
educação com foco sobre as ferramentas digitais Google for Education e seu reflexo no
processo de ensino-aprendizagem, a partir da construção dos grupos focais. Para tanto,
foram proposta dois questões para a discussão dos sujeitos da entrevista com vistas a
alcançar o objetivo deste estudo. Assim, as participações dos professores resultaram na
construção das categorias: ―Eu tenho usado‖ e ―Parcialmente‖.
Eu tenho usado
Quadro 1: Definição das categorias e segmentos ilustrativos sobre uso das ferramentas
Google for Education (N = número de participantes)
―Eu só utilizei o Docs para fazer edição de textos coletivos. [...] O Classroom,
é para mim mais um capital aquilo lá. É só pra colocar, é só um armário. E o...
Qual, que é o do banco de questões mesmo? Sempre esqueço. Google Forms. 3
Mas, volta naquilo que a gente comentou. É um medidor, ponto. Eu pelo
menos uso essas duas ferramentas.‖ (PA, 2017)
Assim, a professora apresenta que faz uso de muitos recursos que pertencem à
plataforma For Education, tais como o drive, Docs, Apresentações de acordo com a
necessidade de organização do seu trabalho, mas principalmente de acordo com os
objetivos da disciplina, dessa forma, ela consegue dinamizar o processo de ensino, onde
o aluno passa a atuar mais ativamente dentro das aulas e o professor é o responsável por
assegurar a aprendizagem, construindo intervenções quando necessário e,
especificamente em seu caso, produzindo as considerações finais do que foi
apresentado.
Nesse contexto, encontramos mais uma vez em Junior, Lisbôa e Coutinho (2011)
que o potencial educativo das ferramentas Google se apresenta entre outras formas no
processo de criação e publicação online dos trabalhos de maneira facilitada, o que pode
provocar nos alunos a vontade de tornar-se sujeito ativo na busca das informações e
conhecimento em processos por meio da interação e da aprendizagem colaborativa.
É visto assim o alinhamento das práticas empregadas pelos professores com
funcionalidades idealizadas para as ferramentas Google for Education. Para mais,
Junior, Lisbôa e Coutinho (2011) mencionam que os recursos viabilizam diversas
possibilidades de uso de caráter pessoal e pedagógico.
Em suma, podemos considerar que a escolha das ferramentas digitais Google
For Education pelos professores está atrelada necessidades percebidas em sala de aula
para auxiliar na compreensão dos conteúdos ministrados. Em uma correlação é possível
que esta seria a estratégia de ensino dos professores no emprego dos recursos para o
desenvolvimento de suas as aulas para assegurar que os objetivos de aprendizagem
sejam alcançados, além de facilitar a rotina de trabalho do professor.
Observa-se ainda que não há determinação de tempo específico para o emprego
dos recursos em aula, isto é, de acordo com a necessidade de trabalho imposta pelos
conteúdos a serem apresentados os professores recorrem ao uso dos aplicativos. É
estabelecido também que entre as finalidades de uso das ferramentas está à necessidade
o estímulo os alunos pela produção do saber e a construção de aulas mais dinâmicas.
Além disso, é possível constatar que entre as ferramentas digitais Google for
Education disponibilizadas certamente o ambiente Classroom é o recurso mais utilizado
pelos professores, pois é apresentado como a Sala de Aula Virtual, onde diversas tarefas
I ConProEduc e II IncluiEdu 325
Parcialmente
―Eu acho que é mais assim, se a gente utilizar em sala de aula é ensino. Se eu
disponibilizo que é o caso do Classroom é aprendizagem, mas, vou falar por
mim e talvez pelo ―PB‖ como a gente faz uma grande biblioteca, ela vai ser
um ponto de início para a aprendizagem, mas não a aprendizagem em si e, é
por isso que a aula acaba sendo importante‖ (PA, 2017).
―É, concordo que pela aprendizagem em si, não. Ou seja, como de repente um
jogo de ferramentas que você pode economizar em atividades práticas, tirar
cópias, pegar material, distribuir, aí sim, nesse ponto, aí sim‖ (PB, 2017).
―Na minha turminha também lá eu sinto mais efeito assim, quando eu passo
algum vídeo, alguma imagem, a gente fala, comenta sobre aquilo, do que eles
ficarem só visualizando na apostila‖ (PG, 2017).
―É com essas ferramentas a aula fica mais dinâmica, fica mais lúdica, mais
visual. Você consegue passar a informação de uma maneira mais consistente,
então você...‖ (PE, 2017).
para ele, somente em sala de aula, junto ao fazer docente, isto é, na presença do
professor que o ensino realmente acontece.
Ainda com base no segmento ilustrativo do quadro 2, o professor PB destaca sua
concordância com a fala de ―PA‖ e reforça que a ferramenta sozinha não produz a
aprendizagem, mas tem facilitado a rotina do professor quando se trata de atividades
antes eram demoradas e que em alguns casos, nem todos os alunos tinham acesso ou
portavam do material para o desenvolvimento da aula. Para ele, essa é a grande
vantagem que as ferramentas oferecem especialmente no caso da Classroom, o recurso
mais utilizado pelos professores.
O segmento ilustrativo do quadro 2, revela ainda que a professora PC defende
mais uma vez que as ferramentas auxiliam nas diversas atividades docentes, entre elas,
na construção do conhecimento, pois funciona como um mecanismo de suporte a
informação que o aluno deve ter acesso e que o professor desenvolverá em sala de aula,
promovendo o ensino e assegurando a aprendizagem efetiva, além de reforçar a
importância do professor em todo esse processo.
Em continuidade a discussão, o segmento ilustrativo presente no quadro 2,
revela que a professora PG assim como os professores PA e PB, baseia-se em sua
prática para falar das contribuições das ferramentas no processo de ensino-
aprendizagem, evidenciando que para ela o uso dos recursos áudio-visuais tem
facilitado a compreensão dos alunos para os assuntos tratados em sala e, principalmente
por dinamizar a aula em relação aos métodos tradicionais de aula.
Colaborando com a fala da professora PG, o professor PE reforça com base no
segmento ilustrativo do quadro 2, a importância dos recursos áudio-visuais para que os
alunos consigam assimilar os conteúdos trabalhados em sala, além de serem
apresentados como fator estimulante para a aula.
Dessa maneira, os professores revelam que as ferramentas auxiliam na
construção do conhecimento, mas que não geram sozinha a aprendizagem, pois em suas
práticas o emprego do recurso é sempre associado às ações em sala de aula, onde o
papel do professor é o do ator principal no processo da aprendizagem.
Ainda nesta discussão, enfaticamente a professora ―PF‖ (2017) diz que ―Sim‖
para as contribuições das ferramentas Google for Education no processo de ensino-
aprendizagem e traz uma experiência vivenciada para exemplificar a situação.
I ConProEduc e II IncluiEdu 327
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
LEITE, Lígia Silva, et al. Tecnologia educacional. 8ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014
INTRODUÇÃO
FORMAÇÃO INICIAL
protestos avassaladores. Nesse ínterim, a educação torna-se essencial como ato contínuo
e estável, requerendo das instituições que a promovem, a ação de se reinventar a cada
dia e buscar sempre a excelência em suas competências.
A Constituição Federal de 1988, versando já em seu artigo 6º sobre a educação,
alocou-a como um direito social e inerente ao cidadão. Sendo um direito de todos e
dever do Estado e da família, que juntamente com a colaboração da sociedade será
promovida e incentiva, sempre buscando o mais primoroso desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho
(art. 205 da CF/88).
A Constituição Imperial de 1824 instituiu a gratuidade da educação primária
para todos os cidadãos e anteviu a criação de colégios e universidades. Na Constituição
Republicana de 1891, houve a preocupação em discriminar a competência legislativa da
União e dos Estados em matéria educacional, cabendo aos Estados legislar sobre o
ensino secundário e primário e à União legislar sobre o ensino superior.
Instituindo uma nova fase da história constitucional brasileira, a Constituição de
1934 passou a proferir normas que exorbitam a temática tipicamente constitucional,
revelando a constitucionalização de direitos econômicos, sociais e culturais, e
estabelecendo a competência legislativa da União para delinear diretrizes da educação
nacional. Neste sentido, Gustavo de Resende Raposo afirma:
onde possa afirmar-se a gratuidade criadora das mais altas formas da cultura
universitária."
53).
Segundo essa deliberação, os cursos de especialização para formar profissionais
da educação deverão ser organizados obedecendo os seguintes critérios:
Essa deliberação foi específica para o estado de São Paulo. Somente em 2007, o
Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Educação e a Câmara de Educação
Superior, estabeleceram a Resolução n 1/ 2007 que fixou as normas para os cursos de
pós-graduação lato sensu, em nível de especialização, para todo o Brasil.
s
apenas por instituições devidamente credenciadas, para candidatos que possuam
diplomas em cursos de graduação (art.1º, § 3º). A duração dos cursos foi determinada
em um mínimo de 360 horas, além das horas destinadas à elaboração do Trabalho de
Conclusão de Curso - TCC (art. 5º). A avaliação do curso é realizada pelos órgãos
competentes (art. 2º) e 50% dos seus docentes devem ter título de mestre ou doutor (art.
4º).
Sobre os cursos de pós-graduação, o Parecer CFE no 977/65 afirma que um
programa eficiente de estudos ―é a condição básica para conferir à universidade um
I ConProEduc e II IncluiEdu 340
Fonte: Elaborado pelos autores a partir das resoluções sobre o funcionamento dos cursos e
ALBUQUERQUE (2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O gestor escolar, cuja formação dava-se nos termos da Resolução nº 02/69 até a
chegada das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Licenciatura em
Pedagogia (Resolução CNE, nº 1, de 15/05/2006), possui atualmente duas opções de
formação profissional, conforme disposto no artigo 64 da LDB: graduação no Curso de
Pedagogia ou em curso de pós-graduação.
Não é nosso objetivo discutir ou analisar os aspectos positivos ou negativos da
trajetória formativa do gestor, nem levantar debates sobre as políticas públicas de
formação docente. Visamos apenas descrever a legislação referente aos cursos que
podem atender as necessidades formativas do profissional. Entretanto, caso a formação
inicial do gestor no Curso de Pedagogia se evidencie insuficiente diante da demanda das
exigências da função, outros cursos podem complementar a formação. Fazendo uso das
palavras de Albuquerque (2010), ―não existe um curso único e ideal para a formação do
gestor‖, entretanto é necessário analisar as modalidades disponíveis, refletir, planejar,
questionar e construir projetos vinculados ao compromisso de aperfeiçoar a formação
profissional.
REFERÊNCIAS
______. Deliberação CEE n. 53, de 14 de dezembro de 2005, que fixa as normas para os
Cursos de Especialização que se destinam à formação de profissionais da Educação.
CASTRO, Alda Maria Duarte Araújo. Um salto para o futuro: uma solução na
capacitação do professor? 1998. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de
Pós-Graduação em Educação. Natal, UFRN, 2001.
CURY, Carlos Roberto Jamil. Quadragésimo ano do parecer CFE n. 977/65. Revista
Brasileira de Educação, v. 30, p. 7-20, 2005.
PIOVESAN, Flávia. Tema de direitos humanos. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
Santos (2014) define que o pioneirismo da proposta do Big Five por Gordon
Allport contou com o uso de análises fatoriais propostas por Spearman para descrever a
sugeriram características não cognitivas onde puderam ser agrupadas em cinco grandes
blocos.
Docilidade (simpático)
RESULTADOS OBTIDOS
CONSIDERAÇÕES
I ConProEduc e II IncluiEdu 354
REFERÊNCIAS
CARVALHO. Elma Julia Gonçalves de. SANTOS. Jane Eire Rigoldi. Praxis Educativa:
Ponta Grossa, p.775-794, v 11, n 3. Set/Dez 2016. Disponível em <
http://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/8959/5237>
Acesso em 10 abr 2017.
John, O. P., & Srivastava, S. (1999). The Big-Five trait taxonomy: History,
measurement, and theoretical perspectives. In L. A. Pervin & O. P. John (Eds.),
Handbook of personality: Theory and research (Vol. 2, pp. 102–138). New York:
Guilford Press.
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
RESULTADOS OBTIDOS
Professor no INES há vinte e sete anos, Vinícius ainda busca novas experiências
e procura fugir da rotina, conforme nos mostra Huberman (1989) quando explica a fase
de diversificação dos professores. Nela, as incertezas cedem lugar a um certo
dinamismo e à busca por novos desafios, que são acompanhados pela necessidade de
comprometimento com projetos coletivos e significativos, e que contribuem com a
manutenção do entusiasmo pela profissão.
Observa-se no caso desse sujeito a importância atribuída ao contato com outros
professores surdos e o quanto isso contribui com sua profissionalidade doente. Essa
aprendizagem na escola por meio de seus pares, como denomina Lieberman (apud
DAY, 2001), compõe um dos três cenários em que a aprendizagem ocorre, segundo a
autora. Os outros dois cenários são a instrução direta, composta pelas conferências,
cursos etc; a aprendizagem fora da escola, que são as parcerias, centros de
desenvolvimento profissional ou grupos informais; e, a aprendizagem na sala de aula,
no contato com os alunos.
Sendo o desenvolvimento profissional um contínuo na vida dos professores, é
importante considerar que a aprendizagem não acontece somente em processos formais.
Debater, refletir, ainda que seja em situações em que algumas dicotomias estejam
presentes, é fundamental para o desenvolvimento profissional do professor. No caso de
Vinícius, estamos diante do que Day (2001) chama de profissionalidade ampla, pois
esse sujeito se preocupa com a avaliação de seu trabalho, interessa-se por teorias e pelo
que está acontecendo ao seu redor relacionado ao seu campo profissional, e importa-se
com a promoção de seu próprio desenvolvimento por meio de um trabalho contínuo. Tal
fato foi ratificado por sua fala quando questionado sobre o que falta em sua formação
Dentre os apontamentos feitos por Nóvoa (2009) para validar o trabalho do bom
professor está a capacidade para o trabalho em equipe. Para o autor, ―os novos modos
de profissionalidade docente implicam um reforço das dimensões coletivas e
colaborativas, do trabalho em equipe, da intervenção conjunta nos projetos educativos
de escola‖. Vinícius demostra claramente em sua fala essa preocupação que vai além do
desenvolvimento de sua profissionalidade e a de com quem se relaciona.
Além do contato com professores surdos, S1 também possui bom
relacionamento com os professores novos e com os ouvintes da instituição
E novamente a Libras aparece na fala desse professor: ―se eles (os professores
ouvintes, inserção nossa) entram aqui e querem trabalhar aqui, que aprendam a Língua
de Sinais, e não ficar chamando o intérprete toda hora‖. Tardiff (2013) afirma que ―os
conhecimentos dos professores não são saberes teóricos; são conhecimentos enraizados
no trabalho e em suas experiências como professores‖. Victor retrata nessa sua fala
exatamente o que o autor destaca: suas experiências como professor de alunos surdos
apontam para a importância da comunicação eficiente com estes. Para S2 é fundamental
que os professores ouvintes da instituição aprendam a língua de seus alunos para que
lhes ofereçam uma boa contribuição.
Outro aspecto presente na fala desse sujeito e também citado por Tardiff é que
―os conhecimentos dos professores parecem também profundamente marcados pelo
contexto socioeducacional e institucional no qual exercem sua profissão‖. O INES é
uma escola de surdos e, portanto, deve preocupar-se em oferecer aos seus alunos uma
I ConProEduc e II IncluiEdu 362
envolvimento com todos esses aspectos quando diz que ―...nós, professores surdos,
sempre estamos em reuniões com os professores de outras áreas, de Ciências, de
Biologia, para que possamos colaborar e para que a aula seja melhor‖.
Victor demonstra o quanto desenvolveu-se profissionalmente na medida em que
ganhou experiência. Sua consciência profissional impulsionou um processo de mudança
e aperfeiçoamento de seu trabalho. Marcelo (2009), assim como Gatti (1996), Morgado
(2011) e Roldão (2005) afirmam que o desenvolvimento profissional do professor é um
processo contínuo, uma construção ao longo da carreira docente. O que S2 relata sobre
suas experiências ratifica o pensamento dos autores.
Dessa forma, é possível perceber que S2 tem construído sua profissionalidade em bases
sólidas, críticas e reflexivas, que contribuirão com a qualidade de seu trabalho e que
serão de grande importância para seus alunos e toda a comunidade do INES.
Luísa, a terceira entrevista (S3), é uma professora crítica, reflexiva acerca de sua
prática e de como melhorá-la. Fala de sua profissão com segurança, demonstra uma
visão ampliada dos desafios que enfrenta e de como eles se relacionam ao contexto
profissional em que está inserida.
Durante toda a entrevista manteve o sorriso no rosto, buscou na mente as
melhores respostas, as palavras que melhor representariam seu pensamento. Por
diversas vezes mencionou sua paixão por estudar, conhecer coisas novas, investir em
sua qualificação profissional. Quando questionada sobre o que mais contribui com seu
desenvolvimento profissional, a resposta foi imediata
individualmente os alunos etc. Schwab (apud Sacristán, 1999) afirma que ―uma parte do
conhecimento pedagógico possui um caráter eclético no que diz respeito à capacidade
de ordenar a prática‖. Luísa demonstra claramente essa variedade de tarefas as quais é
capaz de fazer, além de compreender a importância delas para sua prática.
A professora Luísa revela uma boa consciência sobre sua prática, mas não
desvaloriza a importância das contribuições teóricas, as quais busca como apoio ao
desenvolvimento de sua profissionalidade. Quando questionada acerca dos cursos que
fez, ela respondeu que havia feito vários: ―didática, Libras, poesia, literatura surda, às
vezes viajo, peço para o INES me liberar, e se eles me liberarem (aqui ela sorriu e disse
obaaaa!), eu vou estudar. Os cursos de extensão me ajudam bastante‖.
A entrevistada não se permite agir somente de acordo com suas convicções,
embora busque na socialização um importante apoio para suas decisões. Suas
dificuldades são enfrentadas com a segurança de quem conhece bem seus objetivos e
busca conquista-los por meio do aperfeiçoamento de sua prática. Ela afirma em sua fala
que as dificuldades não acabam, que continuam durante o desenvolvimento de seu
trabalho e que procura enfrentá-las com diálogo e reflexão.
Hoyle (apud Day, 2001) apresenta considerações que vão ao encontro das
alegações de Luísa. O autor fala de uma profissionalidade ampla, ―preocupada em
inserir o seu ensino na sala de aula num contexto educacional mais alargado,
comparando o seu trabalho com o de outros, avaliando, de forma sistemática, o seu
próprio trabalho e colaborando com outros professores‖ (p. 22).
Com base nessas concepções, o bom professor interessa-se por teorias, lê muito
acerca do seu campo de atuação, além de contribuir com a promoção de seu próprio
desenvolvimento profissional contínuo. As ações de Luísa mostram essa preocupação e
o quanto isso a auxilia no enfrentamento de seus desafios no exercício profissional.
Sacristán (1999) complementa esse pensamento quando afirma que ―os procedimentos
de autoanálise, de observação crítica da prática e a investigação na ação procuram
favorecer uma compreensão crítica da atividade docente, e não uma mera reprodução de
esquemas preestabelecidos‖.
A professora entrevistada não se limita a reproduzir práticas pedagógicas
descritas em suas leituras. Por sua vez, suas ações caminham na direção da análise, da
coerência, da progressão e do equilíbrio, buscando não somente ―o quê‖ e ―como‖
ensinar, mas principalmente o ―porquê‖ do que será ensinado. (DAY, 2001)
CONSIDERAÇÕES
Os resultados estão sendo organizados a partir dos dados colhidos nas entrevistas
com os sujeitos participantes.
A princípio, o que se pode perceber em relação aos três professores entrevistados
é que o desenvolvimento da profissionalidade docente destes acontece pautado,
principalmente, em formação continuada, relação interpares e reflexão sobre a prática.
Vinícius, Victor e Luísa dedicam seu tempo a cursos de aperfeiçoamento profissional,
conversam com outros professores sobre os desafios cotidianos de suas profissões,
procuram auxiliar seus colegas mais jovens e buscam melhorar suas práticas
continuamente.
Embora cada um dos entrevistados tenha sua própria vivência, sua própria
história, estas convergem para um caminho de aprendizagem e aperfeiçoamento
I ConProEduc e II IncluiEdu 368
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HUBERMAN, Michael. O ciclo de vida dos professores. In: NÓVOA, Antonio (Org.).
Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Editora, 2000.
NÓVOA, Antônio. Para uma análise das instituições escolares. In: ______. (Coord.). As
organizações escolares em análise. Lisboa: Publicações Dom Quixote: IIE, 1992, p.
13-43.
INTRODUÇÃO
conclusão do curso. Vale lembrar que não será só apenas com esta finalidade, mas para
que se consiga realizar um trabalho que contribua para o trabalho permanente do
professor público de uma determinada cidade do Vale do Paraíba.
Pensando num trabalho que não necessita de recursos materiais, porém de
observação apenas e de disposição para realizá-lo, a construção de diários de aula
promoverá análise das ações cotidianas, de forma a se tornar um hábito, com a intenção
de que isso colabore na formação de identidade docente, contando com a troca de
experiências, com as interações diversas entre os docentes participantes desta pesquisa,
a fim de que se promova o desenvolvimento de um trabalho docente e um ensino de
qualidade. A estes saberes construídos durante a formação permanente docente, Tardif
(2012, p. 49) denomina-os como saberes experienciais, em que
Somente o professor sabe das necessidades, do que lhe falta para melhoria do
seu desempenho de trabalho. Porém, talvez devido à condição de ―isolamento‖, em sala
de aula, o professor não acredite no seu potencial, na sua própria construção do
conhecimento. Além disso, dúvidas, incertezas, sucessos podem ficar sem respostas por
falta de comunicação com os pares e a troca de informações também poderiam ser
contribuições para sua formação.
Tardif (2012) declara que os professores são competentes para construir seu
próprio conhecimento, mas que por vezes foi considerado como um técnico que
reproduz algo elaborado por outro ou agente social, o qual luta pelos seus direitos, ao
mesmo tempo em que reproduz a cultura da classe dominante.
I ConProEduc e II IncluiEdu 376
A respeito dos conhecimentos, Day (2001) declara que o professor ―faz‖ uma
interação entre os advindos de sua história de vida, da fase profissional, do contexto da
sala, escolar, social e político, por meio do seu pensamento, da sua ação, e porque não
acrescentar a esta afirmação, por meio de um pensamento reflexivo.
Portanto, nota-se que o desenvolvimento profissional se efetiva no dia-a-dia, no
contexto da sala de aula, através da interação entre aluno-professor, definido por
Sacristan (1995), nesta linha de pensamento, o ensino como prática social por se
concretizar na interação entre professor e aluno e porque estes refletem a cultura e o
I ConProEduc e II IncluiEdu 377
contexto social aos quais estão inseridos. E por meio das interações, do momento da
aprendizagem, o professor adquire a experiência necessária para o desenvolvimento do
seu trabalho.
É nos desafios, nos dilemas, nas inseguranças que é preciso tomar decisões,
fazer acertos, modificar práticas, buscando inovação, transformação.
Além disso, Bradley (1991:2, apud, DAY, 2001) afirma que a formação contínua
deveria:
Percebe-se que não é uma atitude que demonstra nível de dificuldade, porém
exige disposição, vontade, determinação e compromisso com o trabalho docente e com
o alunado, em relação à aprendizagem deste e a formação profissional daquele. É
imprescindível que haja organização, pontualidade, disciplina, até mesmo um
planejamento com foco no que se deseja atingir.
Apesar de ser particularidade do ser humano, este tipo de reflexão não é nata, ou
seja, não acontece instantaneamente. Ela ocorre num contexto determinado,
especificamente neste trabalho, na sala de aula, para que ocorra seu desenvolvimento de
forma efetiva e significativa. Segundo Alarcão (2003), o professor reflexivo, nas
situações diversas, diante de algo imprevisto, busca soluções de modo inteligente,
flexível e criativo, num ciclo contínuo e permanente e, a partir destas, constroem-se
novos conhecimentos e novas práticas. Contreras (2002, p. 119), cita Schön a respeito
dos ―diálogos reflexivos com a situação‖, os quais propiciam análise reformulação e
busca por novas práticas por meio de experimentação e nova análise.
Conclui-se sobre o profissional reflexivo que há necessidade de se realizar uma
trabalho voltado à análise e mostrar-se disposto a mudanças, em especial na educação,
se este deseja e apresenta disposição para melhoria de sua prática, consequentemente,
resultando num ensino de qualidade.
I ConProEduc e II IncluiEdu 379
Também por meio desta metodologia, o docente desenvolve sua autonomia, que
segundo Imbernón (2010) facilita sua capacidade de reflexão sobre o que se faz, sobre o
que se acredita e pensa, capacitando-o com instrumentos ideológicos e intelectuais, para
melhor compreender, analisar e interpretar o contexto complexo da ação de ensinar.
registro das situações para que haja uma análise, uma reflexão. Há também a
necessidade de que isso se torne pontual, sistemático e ocorra de forma freqüente,
criando um ―habitus‖. Segundo Perrenoud (2002), a prática reflexiva exige do indivíduo
uma postura, a criação de um ―habitus‖ numa relação analítica com a ação
oportunizando uma ação transformadora. Altet (1996, apud, Perrenoud, 2002) declara
que é importante que o docente saiba analisar, mas para uma prática reflexiva exige
deste uma postura e ―habitus‖ específicos.
Percebe-se que para ocorrer uma formação permanente, eficaz, em que o
professor é o protagonista de sua formação, selecionando aquilo que é pertinente para
sua realidade em sala, é fundamental utilizar-se da pesquisa-ação. A partir desta, o
docente é levado a refletir sobre a sua prática, de modo sistemático, pontual,
mobilizando e transformando o ato pedagógico, criando um ―habitus‖, fazendo registro
das situações conflitantes ou positivas por meio de construção de diários de aula.
Roldão (2007, p. 101) prefere utilizar a definição de ação de ensinar, ao invés de
prática docente, sendo uma ação inteligente baseada ―num domínio seguro de um
saber‖, o qual surge de vários saberes formais ou experienciais, tornando-se um saber
profissional docente. Há uma mobilização e transformação ―do ato pedagógico,
contextual, prático e singular‖, em que o professor aciona um saber prévio,
―transformando-o em fundamento do agir informado, que é o acto de ensinar enquanto
construção de um processo de aprendizagem de outros e por outros [...]‖.
RESULTADOS ESPERADOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Até o ano de 2014 esses três grupos de crianças (G1, G2 e G3) eram atendidos
por seis professoras, em dois períodos (manhã/tarde), divididos em dois grupos, com
exigência mínima de formação acadêmica, com escolaridade em ensino superior em
graduação no curso de licenciatura plena em pedagogia e/ou formação equivalente e
com as cargas horárias diferenciadas de 22, 25 ou 40 horas/semanais, já incluso os
horários de formação em Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) e Horário
de Trabalho Pedagógico Individual (HTPI).
No segundo semestre de 2014, a prefeitura municipal de Mauá lançou concurso
público para o cargo de ADI, o que ocasionou no final do ano, quando acontece a
atribuição das salas de aula, promovendo uma nova organização dentro de cada grupo
das creches municipais. Pois, as turmas receberiam uma nova configuração, com
somente duas professoras, uma de 40 horas/semanais e outra de 22 horas/semanais,
cobrindo todo o período de horas que as crianças permanecem na escola, em sala de
aula. Fazendo com que, muitas professoras tivessem que ser atribuídas na Secretaria de
Educação por falta de vagas em suas escolas sedes originais.
Em abril do ano de 2015, as creches do município de Mauá, começaram a
receber o profissional ADI, ao qual a formação acadêmica mínima exigida é o Ensino
Médio completo e sua carga horária é de 40 horas/semanais, tempo exclusivamente
utilizado no atendimento as crianças e não participando de momentos formativos e de
planejamento do trabalho pedagógico.
A entrada desse novo sujeito, o ADI, em sala de aula, fez com que diminuísse a
quantidade de pessoas que atuavam diretamente com as crianças na faixa etária de 0 a 3
anos de idade em período integral dentro deste espaço escolar, pois para cada ADI
substituiu a necessidade de mais dois professores por período (manhã e tarde) em cada
turma e deixando, somente, duas professoras responsáveis para cada grupo etário.
Trazendo assim, devido a toda essa nova estrutura dos recursos
humanos/pessoal, uma série de questionamentos e novos desafios a serem enfrentados
pelas instituições de E.I., principalmente, das creches da rede municipal da Prefeitura de
Mauá. Aquele que se tornou mais relevante, a nossa visão, para a nossa pesquisa, foi
voltado à presumível divisão de tarefas entre o ―cuidar‖ e o ―educar‖ da ação de dois
atores que atuam junto as crianças pequenas, os(as) ADIs e os(as) professores(as). Se
tornando indispensável conhecer quem são estes indivíduos que atuam e executam o seu
papel educativo dentro deste ambiente escolar com os(as) professores(as), já que não
acontece sua participação em atividades de planejamento educacional, em formação
I ConProEduc e II IncluiEdu 388
Perante o que foi exposto por essas perguntas, a pesquisa se estabelece em volta
de uma questão-problema subsequente: como a equipe de gestão das instituições
escolares de E.I., principalmente, o PCP, tem enfrentado o desafio de definir e articular
as dimensões inerentes do cuidar e do educar nos papéis e nas atribuições dos
professores e dos ADIs nas creches municipais da prefeitura de Mauá?
Para responder esta pergunta foi construído o objetivo geral e principal da
pesquisa, em desenvolvimento, que é levantar informações que subsidiem o trabalho do
PCP das creches na elaboração de planos formativos visando a articulação dessas duas
dimensões inerentes (o cuidar e o educar) na E.I..
Sendo primordial confeccionar diferentes objetivos específicos que auxiliem,
dando suporte ao objetivo maior.
O primeiro objetivo específico foi mostrar as circunstâncias que estão ao redor
de um acontecimento histórico da E.I., principalmente da creche, colocando num
contexto e para atingir este objetivo foi necessário empregar da metodologia descritiva
voltada a bibliografia que utiliza de diversos livros de diferentes autores que mencionam
em seus trabalhos o assunto. E, também, da análise documental, sobretudo, na utilização
do RCE/2012 produzido pela SE, para trazer a história da educação no município de
Mauá.
Para contemplar a primeira etapa da pesquisa foi realizada a contextualização, de
maneira histórica, sobre todo o atendimento ocorrido as crianças pequenas em
instituições, principalmente nas creches, do Brasil e mais, especificamente, a realizada
pela prefeitura municipal de Mauá, município ao qual está sendo produzida a pesquisa.
Buscando, além de contexto histórico, se utilizar de toda a legislação recente e vigente
que aborde e de suporte sobre o tema da E.I./creche. Partindo dos princípios
encontrados na CF/88, na LDBEN, Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996 e nas
legislações mais novas e atuais, como por exemplo, na BNCC trazendo um conjunto de
propostas pedagógicas que estabelece um grupo fundamental e atual de conhecimentos
indispensáveis, dos quais todos os educandos devem ter oportunidade em aumentar a
capacidade das aprendizagens a medida que vão avançando nas suas vivências durante
as etapas e modalidades da Educação Básica, que abrange a E.I., E.F. e E.M., do Brasil
nas escolas públicas e privadas.
Sendo, ainda assim, necessário a realização de um estudo detalhado de modo a
demonstrar os conceitos sobre o cuidar e o educar, com base na Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI, 2010) e de diversos autores que
I ConProEduc e II IncluiEdu 391
RESULTADOS OBTIDOS
57% NÃO trabalharam com crianças antes, 3% não responderam e 40% SIM, atuando
em diversas funções e cargos, dentre eles, como: professora em escola particular de E.I.
e E.F., em outras escolas infantis, em instituição, em escola particular na brinquedoteca
e psicomotricidade, babá, auxiliar em escola particular, em projeto mais educação, em
enfermagem (pediatria), em festas infantis, em estágio na área do ensino de ciências da
natureza, em projeto de músicas e brincadeiras, em berçário, em maternal, em atividades
lúdicas como contação de histórias, na alfabetização de crianças com dificuldade
escolar, em ONGs, recreacionista pedagógica, em loja de brinquedos infantis, inspetora,
aulas de ballet em escolas particulares para meninas de 3 a 6 anos, voluntariado em
creche, cuidando de crianças dos vizinhos e amigos, estágio e na igreja.
Com relação a Integração da Equipe Escolar, enfatizando no detalhe de como
acontece a elaboração do Projeto Político Pedagógico nesta escola, 16% não sabem
como é desenvolvido, 3% que se utiliza de um modelo pronto, sem discussão com a
equipe escolar, 27% que se utiliza de um modelo pronto, mas com discussão com a
equipe escolar, 1% que se elabora um modelo próprio, mas não há discussão com a
equipe escolar, 48% que se elabora um modelo próprio e há discussão com a equipe
escolar e 6% não responderam.
Considerando as atividades ligadas a rotina escolar desta escola, aquelas que
ocorrem regularmente (seja com frequência anual, bimestral, mensal ou semanal), foram
indicadas aquelas que o sujeito participa ou não, sendo estas: no primeiro item,
Reuniões do Conselho Escolar (formada por gestores, professores, funcionários, pais e
alunos) para discutir e deliberar sobre os problemas pedagógicos e administrativos da
escola, 54% sim, 44% não e 2% não responderam; no segundo item, Planejamento das
atividades escolares e rotina de sala de aula com o coordenador pedagógico da creche,
43% sim, 54% não e 3% não responderam; no terceiro item, Reuniões com colegas que
trabalham com o a mesma faixa etária com a qual atua, 62% sim, 34% não e 4% não
responderam; no quarto item, Troca de experiência e materiais
didáticos/brinquedos/jogos com colegas, 77% sim, 21% não e 2% não responderam; no
quinto item, Atividades conjuntas com diferentes professores da creche, 66% sim, 30%
não e 1% não responderam; no sexto item, Discussões sobre o desenvolvimento da
aprendizagem dos alunos (Conselhos de Classe), 63% sim, 33% não e 4% não
responderam; no sétimo item, Discussão das metas educacionais e resultados das
avaliações com os gestores e colegas para reavaliar o Projeto Político da escola, 56%
sim, 40% não e 4% não responderam.
I ConProEduc e II IncluiEdu 395
Moderado, 6% Baixo e 6% não responderam; no sexto fator, Nível cultural dos pais dos
alunos, 36% Alto, 42% Moderado, 17% Baixo e 6% não responderam; no sétimo fator,
Falta de assistência e acompanhamento dos pais na vida escolar do aluno, 55% Alto,
30% Moderado, 1% alto/moderado, 8% Baixo e 6% não responderam; no oitavo fator,
Baixa autoestima dos alunos, 35% Alto, 43% Moderado, 15% Baixo e 8% não
responderam; no nono fator, Desinteresse e falta de esforço do aluno, 32% Alto, 50%
Moderado, 12% Baixo e 6% não responderam; no décimo fator, Indisciplina dos alunos
em sala de aula, 39% Alto, 50% Moderado, 5% Baixo e 6% não responderam; no
décimo primeiro fator, Alto índice de faltas por parte dos alunos, 31% Alto, 43%
Moderado, 20% Baixo e 7% não responderam; no décimo segundo fator, Carência de
infraestrutura física e material da escola, 50% Alto, 38% Moderado, 5% Baixo e 8%
não responderam.
Com relação ao grupo de Professores, 181 responderam o questionário, foi
possível observar que, além de atuarem na rede de ensino municipal da prefeitura de
Mauá, correspondendo a 100%, os mesmos ainda atuam: 2% em São Paulo, 1% em
escolas estaduais, 1% em Ribeirão Pires, 1% em Santo André, 1% em São Caetano do
Sul, 1% em Rio Grande da Serra e 1% em São Bernardo do Campo.
Com relação ao nível de ensino que exercem o cargo, destes responderam que:
54% na creche, 29% na E.I., 3% nos anos iniciais do E.F., 1% no E.M., 10%
responderam, concomitantemente, creche e E.I., 1% respondeu, concomitantemente,
creche e anos iniciais do E.F., 3% responderam, concomitantemente, E.I. e anos iniciais
do E.F. e, por fim, 1% respondeu, concomitantemente, creche, anos iniciais do E.F. e
E.M..
Nos itens voltado as informações pessoais, mas especificamente ao sexo dos
participantes envolvidos na pesquisa, responderam que 99% são do sexo feminino e 1%
do masculino. Com relação a idade, 1% possuem até 24 anos, 9% na faixa etária de 25 a
29 anos, 34% na faixa etária de 30 a 39 anos, 33% na faixa etária de 40 a 49 anos, 17%
na faixa etária de 50 a 54 anos e 6% na faixa etária de 55 anos ou mais.
Já com relação a formação dos professores, foi possível concluir que, 5%
possuem o E.M.(magistério), 1% possui o E.S. em bacharelado+licenciatura, 59%
possuem o E.S. em pedagogia, 1% possui o E.S. em licenciatura, 1% possui,
concomitantemente, o E.M.(magistério)/o E.M. profissionalizante/o E.S. em
pedagogia/o E.S. em licenciatura, 1% possui, concomitantemente, o
E.M.(magistério)/bacharelado/o E.S. em pedagogia, 1% possui, concomitantemente, o
I ConProEduc e II IncluiEdu 397
avaliações com os gestores e colegas para reavaliar o Projeto Político da escola, 85%
sim, 11% não e 4% não responderam.
Pensando em termos da qualidade da educação oferecida pela creche atribua a
cada fator um grau de importância de acordo com as alternativas, sendo elas: no
primeiro item, Organização do trabalho pedagógico (planejamento e avaliação), 70%
extremamente importante, 19% ser muito importante, 9% ser importante e 3% não
responderam; no segundo item, Trabalho Colaborativo (professores/equipe pedagógica),
60% extremamente importante, 25% ser muito importante, 11% ser importante e 3%
não responderam; no terceiro item, Diálogo como premissa básica (de todos os atores da
escola), 59% extremamente importante, outros 22% ser muito importante, 15% ser
importante e 4% não responderam; no quarto item, Respeito às diferenças, 78%
extremamente importante, 13% ser muito importante, 7% ser importante e 2% não
responderam; no quinto item, Política de Inclusão Efetiva, 69% extremamente
importante, 22% ser muito importante, 7% ser importante e 2% não responderam; no
sexto item, Ambiente Saudável (físico e interpessoal), 69% extremamente importante,
18% ser muito importante, 8% ser importante e 4% não responderam; no sétimo item,
Existência de projetos escolares (extracurriculares e interdisciplinares), 49%
extremamente importante, 34% ser muito importante, 15% ser importante e 3% não
responderam; no oitavo item, Gestão Democrática (funcionamento efetivo dos
Colegiados e Conselhos Escolares), 61% extremamente importante, 23% ser muito
importante, 13% ser importante e 3% não responderam; no nono item, Diálogo escola-
família, 72% extremamente importante, 19% ser muito importante, 7% ser importante e
2% não responderam; no décimo item, Formação Docente, 74% extremamente
importante, 14% ser muito importante, 9% ser importante e 2% não responderam.
Quando solicitado para atribuíssem um grau de influência aos fatores voltados
para o desenvolvimento (cognitivo e psicológico) das crianças, as pesquisadas
responderam para cada um deles: no primeiro fator, com relação ao Impacto dos
trabalhos desenvolvidos nas HTPCs, 25% consideram Alto o grau de influência, 55%
Moderado o grau de influência, 13% Baixo o grau de influência e 8% não responderam;
no segundo fator, Conteúdos Curriculares inadequados às necessidades/realidade dos
alunos, 52% Alto, 28% Moderado, 12% Baixo e 8% não responderam; no terceiro fator,
Sobrecarga de trabalho dos professores, dificultando o planejamento e o preparo das
aulas, 56% Alto, 34% Moderado, 5% Baixo e 5% não responderam; no quarto fator,
Insatisfação dos professores com a carreira docente, 55% Alto, 34% Moderado, 7%
I ConProEduc e II IncluiEdu 401
Baixo e 4% não responderam; no quinto fator, Meio social que o aluno vive, 48% Alto,
44% Moderado, 5% Baixo e 3% não responderam; no sexto fator, Nível cultural dos
pais dos alunos, 29% Alto, 54% Moderado, 13% Baixo e 4% não responderam; no
sétimo fator, Falta de assistência e acompanhamento dos pais na vida escolar do aluno,
61% Alto, 30% Moderado, 6% Baixo e 3% não responderam; no oitavo fator, Baixa
autoestima dos alunos, 45% Alto, 37% Moderado, 13% Baixo e 4% não responderam;
no nono fator, Desinteresse e falta de esforço do aluno, 43% Alto, 39% Moderado, 13%
Baixo e 4% não responderam; no décimo fator, Indisciplina dos alunos em sala de aula,
50% Alto, 36% Moderado, 10% Baixo e 3% não responderam; no décimo primeiro
fator, Alto índice de faltas por parte dos alunos, 50% Alto, 31% Moderado, 15% Baixo
e 4% não responderam; no décimo segundo fator, Carência de infraestrutura física e
material da escola, 44% Alto, 44% Moderado, 6% Baixo e 6% não responderam.
No grupo dos Professores(as) Coordenadores(as) Pedagógicos(as) (PCPs), sendo
que a amostra se baseia nas 21 pesquisas que foram devolvidas, com utilização de um
questionário com perguntas fechadas e perguntas abertas para que seja montado o perfil
destes profissionais que trabalham nas escolas municipais da cidade de Mauá-SP.
Com relação ao nível de ensino que exercem a sua função, 10% trabalham em
creche, 19% trabalham na E.I., 33% trabalham em creche e na E.I., 33% trabalham em
creche, na E.I. e nos anos iniciais do E.F. e 5% não responderam.
No item sobre as informações pessoais, 95% são do sexo feminino e 5% do sexo
masculino. Com relação a faixa etária, 38% de 30 a 39 anos, 43% de 40 a 49 anos, 5%
de 50 a 54 anos e 14% de 55 anos ou mais.
No item sobre os dados de formação inicial, os PCPs responderam que 10% E.S.
na modalidade de bacharelado com licenciatura, 76% graduação em pedagogia, 10%
graduação na modalidade de bacharelado com licenciatura e, também, em pedagogia e
5% graduação em pedagogia e já possuíam E.M.(magistério), ou seja, no total, 91%
afirmam ter graduação em E.S. em pedagogia.
Com relação há quantos anos obteve formação em nível superior (graduação), do
total das participantes, sendo que 24% de 2 a 7 anos, 57% de 8 a 14 anos, 14% de 15 a
20 anos e 5% há mais de 20 anos.
Com relação ao mais alto grau de formação acadêmico, podemos concluir que:
14% graduação/E.S. completo, 71% pós-graduação (lato sensu/360 h), 5%
graduação/atualização (até 180)/pós-graduação, 5% graduação/pós-graduação e 5% não
respondeu.
I ConProEduc e II IncluiEdu 402
aulas e atividades, 14% raramente, 48% às vezes e 38% sempre; no quinto item, se
resolve casos de indisciplina/conflito dos alunos, 5% raramente, 24% às vezes, 67%
sempre e 5% não responderam; no sexto item, se realizam atendimento a alunos, 14%
raramente, 19% às vezes e 67% sempre; no sétimo item, se faz atendimento aos
professores, 100% sempre; no oitavo item, se atende aos pais dos alunos, 10% às vezes
e 90% sempre; no nono item, se acompanha/auxilia o trabalho dos professores/alunos
(elaboração de aulas/atividades/avaliação), 5% raramente, 38% às vezes e 57% sempre;
no décimo item, sobre a participação nas discussões a respeito do progresso de
aprendizagem de determinados alunos, 14% às vezes e 86% sempre; no décimo
primeiro item, se participa do trabalho de inclusão de alunos com necessidades
especiais, 5% raramente, 24% às vezes e 71% sempre; no décimo segundo item,
referente a se substitui professores e/ou outros membros da equipe gestora, 5% nunca,
14% raramente, 57% às vezes, 19% sempre e 5% não responderam; no décimo terceiro
item, se acompanha a rotina da escola (entrada, intervalos e saída dos alunos), 33% às
vezes e 67% sempre; no décimo quarto item, se realiza serviços burocráticos
relacionados ao trabalho pedagógico (organiza materiais solicitados pelos
professores/xerox, livros, e materiais para outras atividades como festas, projetos etc),
5% raramente, 24% às vezes e 71% sempre; no décimo quinto item, se realiza serviços
burocráticos relacionados à gestão (verifica diários, semanários, sistema de notas on-
line, etc.), 14% às vezes, 81% sempre e 5% não responderam; no décimo sexto item, se
participam ativamente de órgão colegiados (Reuniões Pedagógicas; Conselho de Classe;
Conselho Escolar; APM), 5% às vezes e 95% sempre; no décimo sétimo item, se
organiza e se acompanha atividades extracurriculares (saídas pedagógicas, festas,
projetos, mostras, campanhas, etc.), 14% às vezes e 86% sempre.
Pensando em termos da qualidade da educação oferecida pela escola pública
atribua a cada fator um grau de importância de acordo com as alternativas, sendo elas:
no primeiro item, a organização do trabalho pedagógico (planejamento e avaliação),
95% extremamente importante e, os outros, 5% muito importante; no segundo item,
Trabalho Colaborativo (professores/equipe pedagógica), 86% consideram ser
extremamente importante e 14% muito importante; no terceiro item, Diálogo como
premissa básica (de todos os atores da escola), 81% extremamente importante, 14%
muito importante e 5% importante; no quarto item, Respeito às diferenças, 90%
extremamente importante e 10% importante; no quinto item, Política de Inclusão
Efetiva, 86% extremamente importante e 14% importante; no sexto item, Ambiente
I ConProEduc e II IncluiEdu 404
pensar dos educadores.‖; ―O PCP tem que ir além do conhecimento teórico, pois para
acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é preciso percepção e
sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que se
manter sempre atualizado buscando fontes de informação e refletindo sobre sua
prática.‖; ―Organizar o tempo de trabalho para estudo e formação no HTPC.‖; ―Vencer
as barreiras administrativas e/ou partidárias do Sistema.‖; ―É o trabalho em equipe,
alguns ―profissionais, muito irredutível.‖.
Já, na segunda questão, para que realizassem comentários sobre os seus
principais prazeres do trabalho como PCP, eles afirmam que é: ―Além de ter um certo
―estudo‖ frequente e ―obrigatório‖ o relacionamento com as pessoas/com os pais/
comunidade/ professores/ alunos e demais funcionários.‖; ―Acompanhar o excelente
trabalho da equipe da unidade escolar. Atingir todos os objetivos propostos e,
resoluções de situações-problemas.‖; ―Ver a escola e a equipe trabalho com satisfação.
Desenvolvendo bons trabalhos e com crianças felizes.‖; ―A convivência com todos
diariamente faz com que possamos a conhecer personalidades e a aprender a lidar com
cada uma delas.‖; ―O desenvolvimento dos alunos em todos os aspectos físicos, motor,
afetivo e cognitivo.‖; ―Fazer parte do processo pedagógico e ter um olhar para todos.‖;
―O atendimento a comunidade, a troca de experiências com os professores e as
formações.‖; ―Colaborar com o melhor andamento possível da rotina da escola.‖;
―Contribuir com o crescimento de professores, alunos, e fazer o melhor possível para
toda equipe escolar.‖; ―Acolher e receber os pais/familiares/professores e alunos com
respeito e carinho.‖; ―O retorno de professores e aluno quanto aos estudos em HPTC, a
prática em si.‖; ―Ver a evolução do grupo de professores, os avanços dos alunos,
inovações da prática pedagógica.‖; ―Realizar reuniões Pedagógicas para mediar troca de
experiências com os professores. Acompanhar o trabalho dos professores, discutir sobre
o progresso dos alunos.‖; ―Agente articulador da formação continuada e transformador
da prática docente.‖; ―Quando você propõe uma ideia, e o grupo, ou melhor a equipe
escolar apoia, realiza e colhemos bom resultado.‖; ―Interação e trabalho colaborativo
junto aos professores, atores educacionais, alunos e comunidade.‖; ―É de proporcionar,
de ajudar professores que gostem de trabalhar realmente, que gosta de fazer a diferença,
com os alunos.‖
E, na terceira e última questão, voltada para saber na opinião dos entrevistados,
quais as qualidades que um PCP deve ter, expuseram que: ―relações interpessoais,
liderança e condução do grupo, planejamento, estratégias de avaliação e outras,
I ConProEduc e II IncluiEdu 406
conhecimentos didáticos, ter tido a prática de sala de aula ou atuar nela ainda
paralelamente para não perder a ―realidade‖, troca de experiências, estar sempre aberta a
críticas construtivas e sempre esta atualizada.‖; ―Ser perseverante, comunicativo,
observador, flexível, estudioso e democrático.‖; ―aber ouvir, saber observar, ter boa
formação, ser presente dentro da escola e saber dialogar com todos.‖; ―Equilíbrio, ser
democrático, dinâmico, pesquisador, humano.‖; ―Dedicação, Perseverança,
Conhecimento e Paciência.‖; ―Saber dialogar. Conhecimento.‖; ―Comprometimento,
criatividade, responsabilidade.‖; ―Ser dinâmico, prestativo e muito atencioso.‖;
―Imparcialidade, Bom senso, Conhecer bem as leis do município e outros documentos
que se referem a educação.‖; ―Conhecimento teórico, respeito às diferenças,
compreensão, imparcialidade.‖; ―Desenvolver a habilidade, em orientar os
profissionais/pais/alunos de maneira objetiva e respeitosa. Organizando suas orientações
baseadas em legislações ofertadas junto a secretaria de educação.‖; ―Ser mediador,
transformador, liderar de forma objetiva e democrática, principalmente ser criativo,
motivador e incentivador dos profissionais.‖; ―O coordenador precisa estar sempre
atento ao cenário a sua volta, valorizando o trabalho dos professores da sua equipe. Ser
mediador, formador, fazer que sua atuação pedagógica seja um caminho de maturação,
vivenciando as experiências da comunidade escolar como processo dos sujeitos que dela
participam.‖; ―Ser dinâmico na resolução de conflitos e problemas cotidianos na
unidade escolar, ser cortês, estar aberta ao diálogo, ter conhecimento da legislação para
embasar o desenvolvimento do trabalho na unidade escolar.‖; ―Ela deve ter uma atuação
democrática, promover a formação contínua dos professores e viabilizar o trabalho
coletivo.‖; ―Saber ouvir, processar e ter argumentos para negociar. Ser criativo,
Dinâmico, esforçado e pró-ativo. Ter paciência para observar as situações de conflito e
saber que tudo passa.‖; ―Flexibilidade em atuar junto a todos os *―atores educacionais‖
da Unidade Escolar e estudar sempre. *pessoal da cozinha, administrativo e apoio.‖;
―Estimular o trabalho em equipe. Buscar os melhores resultados. Acompanhar os
trabalhos dos professores.‖
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Patrícia Albieri de; TARTUCE, Gisela Lobo B. P.; NUNES, Marina Muniz
Rossa. Quais as razões para a baixa atratividade da docência por alunos do Ensino
Médio? Psicol. Ensino & Form., Brasília, v. 5, n. 2, p. 103-121, 2014.
INTRODUÇÃO
mudanças arquitetônicas encontram-se nas regiões mais ricas dos Estados e em pontos
específicos (ALVES, 2002).
Apesar de avanços, ainda há muito para fazer, e para assegurar os princípios
legais na prática, o movimento inclusivo, de acordo com Guzzo (s.d) incide em realizar
discussões sobre a exclusão social. No Brasil, os dados sobre a exclusão das camadas
mais pobres da população e das classes minoritárias são alarmantes, por isso, ao pensar
em um projeto sobre ética e cidadania para incluir todos, há que se considerar grandes
ações transformadoras e políticas.
O primeiro passo é ter consciência que responsabilizar uma criança/adulto com
deficiência visual por seu insucesso escolar é mascarar as deficiências que a instituição
carrega. Para Mantoan (2011, p. 11):
Gil (2000) discorre, ainda, que o indivíduo com cegueira ou baixa visão, mesmo
na vida adulta, não desenvolve estratégias espontâneas para gerir as informações do dia
a dia ou dentro da escola, isso porque ela pode ter outras deficiências que a
acompanham, dificultando o desenvolvimento cognitivo e afetivo. Ela pode ter
alterações auditivas e visuais; incapacidade de organizar atos cognitivos e condutas;
debilidades de associar e programar sequências. Essas dificuldades advêm da
imaturidade nervosa, e como consequência, algumas funções mentais são
comprometidas: habilidade para usar conceitos abstratos, memória, percepção geral,
habilidades que incluam imaginação, relações espaciais, esquema corporal, habilidade
no raciocínio, armazenamento do material aprendido e transferência na aprendizagem.
Embora, a criança ou adulto tenha mais dificuldades de desenvolver-se no processo de
aprendizagem, é possível que a escola e corpo docente, juntamente, com o auxílio de
especialistas, atue para ajudar o indivíduo a superá-las.
O papel dos educadores é de extrema relevância, para propiciar acolhimento
adequado ao estudante portador de deficiência visual, já que cabe a ele ressignificar sua
prática para planejar aulas, via estratégias que contemplam a aprendizagem do aluno,
preparando-o para a vida em sociedade.
Reorganizar o sentido de ensinar é tarefa árdua que necessita ser realizada com
constructos que não desrespeitam o estudante, subtraindo-lhe a autonomia e
desmotivando-o a participar desse processo. Nesse sentido, as intervenções devem ser
aferidas com zelo para reestruturar de modo coeso e harmonioso, sem aferir-lhes
constrangimentos e imposições descabidas que só incitam o despreparo que finda ao
fracasso das ações. A criança com necessidades especiais, utiliza-se de mais ‗degraus‘
para desenvolver-se, logo a mediação do professor e o planejamento adequado que a
respeite e desperte o interesse pelo aprender e pelo novo, resultará em conquistas
significativas para sua vida profissional e social.
ensino. Além disso, é preciso que a avaliação seja diversificada. O aluno com
deficiência visual deve demonstrar de formas múltiplas seu desenvolvimento no
decorrer do seu aprendizado, pois muitos apresentam habilidades em várias áreas
profissionais (SILVA, 1995).
De acordo com Perrenoud (2002, p. 30) o professor precisa ―[...] construir e
planejar dispositivos e sequências didáticas integradoras [...]‖. As atividades, em aula,
necessitam propiciar situações de aprendizagens que atinjam os alunos com maiores
dificuldades de aprender, considerando a especificidade de cada um. A sala de aula,
deve interagir, a fim de garantir equidade no processo de ensino. O autor, ainda, afirma
que o docente deve instigar o desejo de aprender, desenvolvendo no indivíduo a
capacidade de avaliar-se, motivando-o a buscar conhecimento.
Para salvaguardar a aprendizagem, os recursos tecnológicos são ferramentas que
auxiliam o processo de ensino e aprendizagem. Atualmente, a tecnologia volta-se para o
lazer e, principalmente, para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Na educação as
tecnologias são utilizadas como ―[...] instrumentos para a construção do conhecimento‖,
salientando que os estudantes:
específicos. Por causa das dificuldades encontradas em manter e expandir esse projeto,
atualmente, quase não há pontos de gravação e empréstimo de áudios.
Para auxiliar o estudante com deficiência visual a Tecnologia Assistiva (TA) é
uma ferramenta importante. O uso da TA auxiliará o estudante a compreender e gerir
seu processo de aprendizagem com autonomia. Ela caracteriza-se por,
autonomia, a segurança e a comunicação, para que eles possam ser inseridos em turmas
do ensino regular‖ (BRASIL, 2006, p. 28).
O leitor de tela é um software utilizado, principalmente, por indivíduos com
baixa visão ou cegueira. Ele fornece informações por meio de síntese de voz sobre os
elementos exibidos na tela do computador. Esses softwares (programa) ―interagem com
o sistema operacional, capturando as informações apresentadas na forma de texto e
transformando-as em resposta falada via um sintetizador de voz‖. Para navegar, o
usuário utiliza comandos pelo teclado. O leitor de tela, ainda, transforma (nem todos os
programas) o conteúdo em informação tátil, exibida em braile por um hardware
chamado de linha ou display braile, servindo, em especial, a usuários com cegueira
(BRASIL, 2015).
Os usuários cegos, no Brasil, geralmente usam os softwares Dosvox criado pelo
Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Jaws da
Freedom Scientific e o Virtual Vision da Micro-Power, entre outros. Esses softwares
leem em voz alta os conteúdos de uma página da web. Entretanto, um leitor de tela não
lê as imagens e as animações somente o texto. Assim, é necessário que estes elementos
gráficos tenham associação a descrições textuais que o software possa ler sendo um
exemplo de adaptação a ser feita para garantir a acessibilidade (DELPIZZO, 2005).
Segundo Borges (1996), o Dosvox é de nacionalidade brasileira e, para a
inclusão de pessoas com baixa visão e cegueira é o sistema mais importante criado no
Brasil. Ele permite que uma pessoa cega, a um custo relativamente baixo, utilize o
computador convencional para converter o texto escrito para a língua portuguesa oral. O
Dosvox, ―é uma interface especializada, ou seja, um sistema operacional que utiliza
sintetizador de voz em língua portuguesa e outros idiomas, e possui aplicativos como
editores de textos, gerenciadores de e-mail, aplicativos de bate-papo, entre outros. O
leitor de tela do Dosvox é o Webvox‖.
Por meio desse programa a pessoa cega pode escrever, ler e imprimir textos,
acessar a internet, utilizando padrões de computação compatíveis com os programas
operacionais (Windows) (BRASIL, 2015).
Embora não seja de nacionalidade brasileira criado pela Micro Power, o Virtual
Vision também é eficaz, pois como o Dosvox é possível ser utilizado nos programa do
Windows. Contém alguns recursos diferenciados, além da tecnologia de transformação
de leitura de texto em áudio em português, ele direciona o deficiente visual a qual
controles estão ativos no momento (botão, lista, menu), facilita assim, a navegação do
I ConProEduc e II IncluiEdu 425
usuário. Como também já mencionado uma das únicas desvantagens desse programa
como o Dosvox é que eles, ainda, não são capazes de ler gráficos, figuras, animações.
O Jaws mantém todas as características dos outros programas, porém não é
gratuito, ele faz a transformação de texto escrito em áudio, é um facilitador para acessar
a internet. Ele tem um diferencial entre os demais programas, pois é capaz de simular o
mouse no teclado. Facilita e proporciona autonomia para o portador de deficiência
visual fazer a configuração de acordo como o programa de seu computador, como
também configurar a intensidade da leitura.
Há, também, F123, ―o software de tecnologia assistiva que inclui leitor de tela,
ampliador de tela, navegador web e aplicativos do pacote Office. É um software pago e
funciona nos sistemas operacionais Linux e Windows. Utiliza-se do leitor de tela Orca‖
(BRASIL, 2015).
Em suma, há possibilidades diversas de auxiliar o deficiente visual a aprender
com autonomia, além dos leitores, é possível adaptar o Windows para que ele atenda às
necessidades do cego ou com baixa visão, é possível, ainda, encontrar equipamentos
como mouses e teclados adaptados. Cabe à instituição de ensino, conhecer os
equipamentos e analisar quais auxiliam seus estudantes para adquiri-los.
Notório salientar que, de acordo com as especificidades do Atendimento
Educacional Especializado – AEE, a TA deve inserir-se em um projeto que envolve
estudantes, família, escola e especialistas, e confirmada à eficácia do projeto de TA, ao
sair da escola o estudante tem o direito de levar o equipamento (adquirido ou
confeccionado) com ele. A TA não pode restringir-se ao âmbito escolar, ela deve
auxiliar o estudante fora da escola também (BRASIL, 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que apesar dos esforços e lutas engajadas para superar a exclusão das
classes minoritárias, sobretudo, o deficiente visual, ainda há muito para fazer. Ao
considerar as assertivas dos autores e legislação vigente, pode-se constatar quão
importante é para a educação inovar com responsabilidade, permitindo que o estudante
consiga aviltar informações transformando-as em conhecimento via a aquisições que o
colocam como protagonista do processo de ensino e aprendizagem que se delineiam no
âmbito escolar.
I ConProEduc e II IncluiEdu 426
REFERÊNCIAS
______. Dosvox: um novo acesso dos cegos à cultura e ao trabalho. Revista Benjamin
Constant. n° 3 maio de 1996. (IBCENTRO/MEC).
GIL, A. C. Como usar o braile nas escolas. São Paulo: Atlas, 2000.
PICCHI, M. B. Sintomas da inclusão precoce. São Paulo: Arte & Ciência, 2002.
SANTOS, Amaral Moacyr. O uso digital para aprendizagem. São Paulo: Manole, 2002.
INTRODUÇÃO
Problema
Essa conjuntura rompe com a cultura de escolas e classes especiais. Assim, conforme
esse sistema de atendimento, todas as crianças devem estar matriculadas nas escolas
comuns, salvo casos raros de impossibilidade de acesso e permanência. ―Ao
compreender que todas as crianças devem estar com suas famílias e em suas
comunidades, a política de inclusão afirma os direitos humanos e fortalece a
participação, superando os preconceitos que persistem na sociedade‖ (MEC, 2006, p.
10).
As Salas de Recursos Multifuncionais funcionam, na própria unidade de ensino,
em unidades próximas ou em centros especializados sem fins lucrativos. São ambientes
dotados de equipamentos, de mobiliário e de materiais didáticos e pedagógicos. Nesse
espaço, atua um profissional especializado para a realização desse atendimento aos
alunos, com formação inicial para o exercício da docência (Pedagogia ou Licenciatura)
e especialização na área da Educação Especial/Inclusiva. Esse programa é desenvolvido
de forma complementar e suplementar à escolarização. O intuito é assegurar ao aluno
condições de acesso, de participação e de aprendizagem no ensino comum,
possibilitando a ele atendimento educacional especializado de forma não substitutiva à
escolarização. Alguns de seus objetivos são: atender às necessidades específicas dos
alunos com deficiências intelectuais ou motoras, transtornos globais do
desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação; integrar professores, comunidade,
familiares e demais alunos da escola, no processo educacional, e propiciar o
aprendizado desses alunos, buscando sanar suas limitações e suas dificuldades
(BRASIL, 2006).
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
METODOLOGIA
do Grupo Focal como meio de pesquisa está ligada à possibilidade que ele oferece de
trazer um conjunto concentrado de informações de diferentes naturezas (conceitos,
ideias, opiniões, sentimentos, preconceitos, ações, valores) para o foco de interesse do
pesquisador‖ (GATTI, 2010, p. 69). Além disso, a carência de formações, fato
infelizmente corriqueiro em nossas escolas, é também um motivo para a escolha de
Grupos Focais para desenvolvimento de pesquisas em educação. A dinâmica de grupo
ali estabelecida impulsiona a formação de opiniões, cria um espaço de formação que
nasce das falas. Assim, é o instrumento adequado para análise das ações, atitudes,
valores, crenças, simbologias, preconceitos e hábitos de um determinado grupo que tem
a mesma função trabalhista que a técnica escolhida.
O GF foi realizado a partir de questões norteadoras, o que possibilitou a abertura
de discussão sobre a atuação docente realizada pela população estudada, professores
especializados em educação especial que atuam em Salas de Recursos Multifuncionais.
A utilização dessa técnica justifica-se pela intencionalidade de se produzir
conhecimento por meio de reflexões advindas dos espaços de intersubjetividade, ou
seja, por meio das discussões levantadas nos encontros de GF foram reunidas diversas
informações sobre a atuação docente realizada nas SRM, fato que não seria possível na
entrevista individual, pois ―[...] devemos pressupor as muitas vozes envolvidas no grupo
focal que formem um coro de semelhanças e diferenças, construções e desconstruções,
inerentes à intersubjetividade que está em jogo‖ (KIND, 2004, p. 134).
Na análise dos dados coletados, por intermédio da análise textual qualitativa, os
desafios enfrentados por esses docentes foram a categorização central, e a partir dela
surgiram as demais categorias e subcategorias. Na realidade analisada, em relação aos
professores atuantes em SRM de um município do interior paulista, foi considerada toda
a atuação desenvolvida por esses sujeitos em seu cotidiano de trabalho docente. O
desafio de articulação de todas as funções e delegações aferidas por eles constituíram a
vertente central da pesquisa. A dificuldade primordial e mais significativa esteve no
plano do cotidiano, da capacidade do profissional para agir de forma sinótica frente às
adversidades e contratempos na luta diária do trabalho docente multifuncional.
REFERENCIAL TEÓRICO
Por se tratar de uma pesquisa sobre a atuação docente realizada por professores
especializados, referente ao domínio das atribuições delegadas à sua responsabilidade
I ConProEduc e II IncluiEdu 435
Assim, Tardif (2002) corrobora que a prática cotidiana deve ser vista como um
processo dialético, em que os docentes readaptam a sua formação e as experiências
adquiridas no meio social para aplicá-las de maneira direta e urgente. Nesse processo, o
professor descarta aquilo que não é de utilidade imediata e resgata e redefine o que é
imprescindível para sua atuação no momento. ―A experiência provoca, assim, um efeito
de retomada crítica (retroalimentação) dos saberes adquiridos antes e fora da prática
profissional‖ (TARDIF, 2002, p. 53). Diante dessa problemática, os saberes
experienciais propositados por Tardif (2002) surgem como centrais (o que o autor
denomina como núcleo vital) na vida dos docentes, que transformam as relações
exteriores com a interioridade presente em suas práticas atuais. Ora, é por meio da
prática cotidiana em sala de aula que os professores criam os macetes necessários à sua
sobrevivência profissional e pessoal. Os conhecimentos que adquiriram na sua formação
inicial e continuada, seus saberes referentes ao campo do conhecimento científico da
sua área de atuação, os objetivos, conteúdos e métodos utilizados pelas instituições de
ensino em que atuam e todo o conhecimento advindo de suas próprias pesquisas e
aquisições culturais são revalidados e rearticulados em sua experiência prática no
contexto escolar. O bom professor, por assim dizer, é aquele que tem a capacidade de
articular todos os seus saberes disciplinares e curriculares com os saberes experienciais.
Deve, antes de tudo, saber lidar com questões práticas inesperadas e com situações
transitórias e variáveis. Ser professor é saber agir no improviso.
Outro ponto a ser debatido, à luz das considerações de Tardif (2002), é o papel
da escola na organização do trabalho docente. Para o autor, a escola, espaço físico e
socialmente separado com a finalidade de transmissão do saber sistematizado de
determinada cultura às gerações remanescentes, traz, em sua configuração, algumas
―[...] características organizacionais e sociais que influenciam o trabalho dos agentes
escolares. ―[...] É um espaço socioorganizacional no qual atuam diversos indivíduos
ligados entre si‖ (TARDIF, 2002, p. 55). Além disso, a burocratização do ensino e a
complexidade das regras administrativas presentes no contexto escolar influenciam
diretamente o trabalho dos professores, no que diz respeito às suas atividades, funções,
obrigações e delegações. Este trabalho aponta justamente como essa gama de afazeres e
responsabilidades pesa sobre a atuação direta dos professores em uma realidade
específica.
I ConProEduc e II IncluiEdu 441
serviços, por exemplo, os alunos com que o professor trabalha e age em conjunto, não
constituem uma gama de colaboradores (TARDIF, 2002). Os alunos são, ao mesmo
tempo, o espaço e o objeto de seu trabalho. Um professor, nessa perspectiva, trabalha
com e para os seres humanos. Mas não se trata de uma relação de comum acordo, nem
de ações igualitárias e lineares. Entra, nesse processo, a disputa de forças, de poderes e a
autoridade essencial à realização de um trabalho congruente, dentro das limitações
normatizadoras.
Essa responsabilidade que o professor tem para com seus alunos está intrínseca
na sua profissionalidade, mas cabe a ele dar-lhe sentido e significado correto e coerente,
não deixando questões afetivas influenciarem diretamente (o que é o mais difícil).
―Onde termina sua tarefa? Até onde ele pode ir? O que ele pode fazer para ajudar e
apoiar seus alunos? Quanto tempo um professor deve dedicar a um aluno que apresenta
certas dificuldades de aprendizagem‖? (TARDIF, 2002, p. 71) são algumas indagações
do autor. Esse último questionamento se torna essencialmente relevante às proposições
da pesquisa, que visa analisar a prática de docentes especializados que trabalham com
alunos da educação especial e inclusiva. A escola busca objetivos ―comuns‖ a
indivíduos heterogêneos, e cabe ao professor fazer a melhor triagem para escolher
caminhos viáveis para sua ação concreta, considerando tanto a realidade em que atua,
como os recursos e materiais disponíveis rumo à concretização de seu preceito
primordial: que os educandos se desenvolvam e aprendam.
RESULTADOS OBTIDOS
Ao ouvir o que esses docentes têm a dizer sobre a sua atuação, durante os
encontros para a realização do GF, a pesquisadora pôde atingir as problematizações de
seu estudo. A partir dos desafios enfrentados por eles é que surgiram as discussões
subjacentes: diversidade de ações; falta de clareza sobre a função do profissional atuante
I ConProEduc e II IncluiEdu 443
Diversidade de
ações
Estratégias Público alvo
utilizadas diversificado
Por outro lado, essas profissionais acabam centrando suas ações na deficiência
ou defasagem que essa criança apresenta, seguindo justamente o caminho oposto do que
foi preconizado por Vygotsky (1997), na Defectologia Contemporânea. Para ele, a
deficiência é o caminho, mas não a finalidade. Para as participantes da pesquisa, o
profissional deve se dedicar à realidade em que estiver trabalhando no momento. Mas
essa realidade, para elas, é o sinônimo da deficiência, do problema e da dificuldade.
Essas professoras acreditam que um diagnóstico médico tem total influência sobre o
trabalho que elas devem desenvolver em Sala de Recursos Multifuncional. Trata-se, de
acordo com a Defectologia vygotskiana, de uma visão deturpada, que enfatiza o
resultado, em vez do processo. Parece, grosso modo, que essas profissionais gostariam
de ter a função de diagnosticar. Confundem seu papel primordialmente pedagógico,
relatando ações centradas na deficiência que essa criança apresenta. Percebe-se que elas
enxergam o laudo como norteador da sua atuação docente, um indicador do caminho a
ser seguido.
Um dos grandes problemas enfrentados na realidade brasileira é justamente a
falta de articulação entre os diversos profissionais responsáveis pela diagnose dos
sujeitos. Fica sob a responsabilidade do médico o fechamento de um diagnóstico sobre a
criança que apresenta alguma anomalia, sendo ela de causas orgânicas, psíquicas ou
sociais. Não há um trabalho conjunto com outros profissionais, como fisioterapeutas,
fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos, entre outros. O ideal seria que todo o
diagnóstico e parecer resultassem de uma junção de esforços dos diversos profissionais
das mais variadas áreas. Uma equipe multidisciplinar finalizaria uma diagnose da
criança de forma mais precisa, e pautaria todo e qualquer trabalho com ela. Assim, ao
receber uma criança com essa prescrição, o professor especialista responsável por seu
desenvolvimento pedagógico teria melhores condições de saber contra o que lutar e
quais recursos seriam necessários para conseguir êxito e resultados positivos e
preponderantes.
Para Vygotsky (1997), é coerente que o aluno vivencie uma instituição de ensino
regular que o prepare para ser um cidadão autônomo e ativo. Mesmo que algumas
deficiências impossibilitem avanço em um âmbito mais complexo, será uma forma
favorecida dos dois lados, na construção de valores e no desenvolvimento social e
afetivo, ainda que em poucas proporções, mas contribuindo para sua colocação em
sociedade.
I ConProEduc e II IncluiEdu 445
uma comunidade. Se os próprios profissionais que trabalham com essas crianças não
compreendem o verdadeiro papel de cada um, além de não unirem esforços para
propiciar a elas uma educação de qualidade, a situação se torna complexa, dicotômica e
difusa. As crianças, então, tornam-se as principais prejudicadas.
Na fala das docentes detectaram-se dúvidas e angústias em relação ao verdadeiro
papel do professor multifuncional. Mesmo a legislação brasileira dispondo as
atribuições referidas a ele, nota-se, ainda, uma deturpação e falta de clareza sobre a sua
obrigatoriedade. Houve, nessa experiência de Grupo Focal, uma efetiva troca de
experiências e saberes, auxiliando na busca de uma identidade profissional adjacente,
mútua, perspicaz e convicta.
REFERÊNCIAS
KIND, L. Notas para o trabalho com a técnica de grupos focais. Psicologia em Revista,
Belo Horizonte, v. 10, n. 15, p. 124-136, jun. 2004.
VALSINER, J., VAN DER VEER, R. Vygotsky, o pedólogo (Cap. 12). In: ______.
Vygotsky: uma síntese. São Paulo: Loyola: Unimarco, 1996. p. 354. A publicação
original é de 1991.
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
Este estudo tem por objetivo analisar de quais maneiras o phubbing se manifesta
na relação entre professor e aluno dentro da sala de aula. Como objetivos específicos,
busca-se investigar como outras atividades mediadas por telefone (consumo/produção
de conteúdo audiovisual digital, navegação, games, etc.) impactam as pessoas que são
ignoradas ou que ignoram outros em situações co-presenciais. E também, compreender
as particularidades e/ou padrões comportamentais (expectativas, preferências sociais,
I ConProEduc e II IncluiEdu 449
estilos de vida, interação social) que norteiam o uso de celular em sala de aula e que
podem ou não ratificar a prática de phubbing.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Falconi et al. (2014, p. 10), essas tecnologias são responsáveis pela
mudança na forma como nos comunicamos. Como explica Levy (2007):
dessas dinâmicas sociais estão as novas gerações, nomeadas por Prensky (2001) de
nativos digitais . Para o autor, a Internet e seus desdobramentos alteraram a forma como
os jovens da atual geração veem o mundo, modificando também a relação dessa geração
com a informação. Nesse processo de reconfiguração da sociedade, emergem questões
contemporâneas sobre os limites entre o público e o privado, a noção de tempo e
espaço, vigilância e empoderamento nas redes digitais, permitindo às pessoas
estabelecer novas formas de se relacionar. Bauman (2004) comenta a respeito da
qualidade e intensidade das atuais relações interpessoais em comparação às novas
relações virtuais estabelecidas na contemporaneidade. As relações virtuais têm
direcionado o padrão dos relacionamentos humanos, no entanto tais relações têm gerado
ansiedade e insatisfação, promovendo a construção de uma identidade fraca e instável,
onde o simples contato se sobrepõe ao conteúdo que poderia ser transmitido nessa
relação.
Katz & Aakhus (2004) também pontuam a predominância do contato para as
novas gerações a partir do conceito de ―contato perpétuo‖, evidenciando como as mídias
móveis modificaram as interações sociais dos nativos digitais. Essas mudanças afetam
principalmente o público jovem, uma vez que são eles os usuários mais assíduos dessas
novas tecnologias. Esse uso assíduo é caracterizado pela percepção de valor dada aos
dispositivos móveis pelos jovens. Diversos jovens compram e usam determinados
objetos com o intuito de serem mais facilmente aceitos pelos colegas e pelos amigos,
como se a posse de tais objetos os deixassem em igualdade com as demais pessoas que
o possuem (Ferla; Silveira, 2008). Em linha, quase 90% dos nativos digitais preferem se
comunicar por mensagens via dispositivos móveis que por comunicação interpessoal .
Turkle (2016) utiliza o conceito ―alone together‖ (sozinhos juntos) para caracterizar o
comportamento em que não se prioriza a atenção às pessoas que estão próximas, mas
sim ao contato ou conteúdo que está virtualmente presente mediado pela tecnologia
móvel.
O uso excessivo desses dispositivos vem causando diversos transtornos para
alguns usuários, como a síndrome das vibrações fantasmas (Rothberg 2010; Drouin,
2012 e Lu, 2013) que se caracteriza pelo usuário sentir vibrações do celular ou até
mesmo ouvir o seu toque quando o mesmo não vibrou ou tocou; isso se deve a
necessidade de checar constantemente as notificações do dispositivo. Outro problema
comum é a nomofobia que se caracteriza por ser o medo irracional de ficar sem o
telefone celular ou ficar off-line. Nesse contexto, Fernández (2014, pág. 8) nos explica:
I ConProEduc e II IncluiEdu 452
Fonte: os autores
Fonte: os autores.
Fonte: os autores.
Fonte: os autores.
Ainda sobre a frequência de uso, os resultados apontam que o uso dos celulares,
por parte dos jovens, ocorre em grande maioria em suas residências (quase 11 horas p/
dia). Na escola o tempo de uso é dividido entre sala de aula e intervalo, sendo cerca de 3
horas e 2 horas e meia, respectivamente (Figura 3). Considerando que os turnos de aula
perfazem cerca de 05 (cinco) horas, observa-se que manter-se conectado quase 3 horas
I ConProEduc e II IncluiEdu 454
Fonte: os autores.
Fonte: os autores.
Fonte: os autores.
Fonte: os autores.
Fonte: os autores.
Dentro desse cenário, 57,86% dos jovens afirmam que o uso do celular em sala
de aula não objetiva ignorar o professor, acrescido a esse percentual 23,57% tampouco
pensaram a respeito desse fato (Gráfico 5), o que corrobora com a análise anterior
(Gráfico 4 – Sentimentos que levam ao uso do aparelho celular), onde não é claro o
gatilho que leva o jovem ao uso do dispositivo. Essa análise também foi realizada sob o
viés de outros contatos, objetivando verificar se o phubbing ocorre unicamente dentro
do ambiente escolar ou também fora dele, e ainda de que maneira ele é percebido em
contatos sociais/relacionamentos. Como retorno obteve-se resultado semelhante, ou
seja, para os jovens pesquisados, usar o aparelho celular na presença de outras pessoas
I ConProEduc e II IncluiEdu 457
não se configura como um ato de ignorar o ser presente (Gráfico 6), simplesmente
acontece, não havendo planejamento prévio para essa ação (Figura 6). Apenas 8,55%
dos jovens assumem abertamente a prática de phubbing, declarando não querer
conversar com certas pessoas próximas a eles, ou seja, ignorando-os com o auxílio do
aparelho celular (Figura 6).
Analisando a situação contrária, ou seja, a prática de phubbing com esses jovens,
37% declaram que a situação não gera incômodo e nenhuma ação por parte deles, é
realizada, ou seja, eles não reclamam. Já 28% sentem-se mal com a situação, mas ainda
assim não reclamam para o phubber (Gráfico 7)
Fonte: os autores
Fonte: os autores.
Fonte: os autores.
Fonte: os autores
Fonte: os autores
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
ANGELUCI, Alan Cesar Belo. Stop Phubbing Me!: A case study on mobile media
and social relations. In: Handbook of Research on Comparative Approaches to the
Digital Age Revolution in Europe and the Americas, 2016, páginas 192-201.
ANGELUCI, Alan Cesar Belo; HUANG, Gejim. Rethinking media displacement: the
tensions between mobile media and face-to-face interaction. Revista Famecos:
mídia, cultura e tecnologia. Porto Alegre, v. 22, n. 4, outubro, novembro e dezembro de
2015, páginas 173-190.
LING, Richard Seyler. New tech, new ties. Cambridge, MA: MIT press, 2008.
STALD, Gitte. Mobile identity: Youth, identity, and mobile communication media.
Youth, identity, and digital media, v. 143, 2008.
TURKLE, Sherry et al. Relational artifacts with children and elders: the
complexities of cybercompanionship. ConnectionScience, v. 18, n. 4, p. 347-361,
2006.
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
DISCUSSÃO
Autores como Pletsch e Fontes (2006) afirmam que incluir alunos com
necessidades educativas especiais não se justifica apenas em matricular este aluno em
uma escola de ensino regular, mas é necessário que os professores promovam a
participação, comunicação e o aprendizado, e para atingir esta meta de uma escola
inclusiva, se faz imprescindível conhecer suas necessidades educativas para preparar um
ambiente propício para seu desenvolvimento, que também leve em consideração suas
potencialidades.
Neste estudo abordou-se a inclusão em uma escola ribeirinha, que está situada
dentro do contexto da região Norte, na Amazônia Amapaense, onde a diversidade é a
principal característica da região Amazônica. Tal heterogeneidade é explicada por
Almeida (2010, p 23) ao afirmar que:
Até o ano de 2015 a escola possuía uma sala multifuncional, onde a professora
Tecia realizava o Atendimento Educacional Especializado, aos dois alunos com
deficiência. Apesar de na época, a professora ter apenas 6 anos de experiência na
educação, era a única há ter especialização, e que segundo ela, auxiliava muito no
desenvolvimento do seu trabalho.
O professor Denis era o único da escola, que tinha em sua sala, alunos com
deficiência, por este motivo, a análise foi feita a partir da prática deste professor, devido
ao processo de inclusão efetivar-se na sala de ensino regular. A escola atendia dois
alunos, mas apenas um possuia laudo, que de acordo com o diagnóstico médico
apresenta Deficiência Intelectual (DI), para conhecer melhor as quais as características
dessa deficiência, a psicopedagoga especialista em Inclusão, Daniela Alonso (2011, p.
9) explica:
Ao tratar sobre a inclusão e qual o caminho a seguir para conquistar esse ideal na
escola Foz do Rio Vila Nova, as respostas foram voltadas para as atitudes da
comunidade, eles acreditam que enquanto não mudar a consciência das famílias, seu
comportamento e de seus filhos em relação ao aluno especial, continuará sendo um
trabalho que não irá avançar, pois a inclusão não depende só da escola, mas é preciso
que todos participem, é responsabilidade da sociedade também. Como desabafou a
professora:
O melhor argumento para este problema ainda é usar a lei, e tentar explicar para
os pais que é um direito do aluno especial aprender junto com os demais alunos. Tudo
que é novo sempre assusta, da mesma forma que as mudanças causam certas
resistências, mas que devem ser discutidas, a partir da argumentação daqueles que
resistem, buscando causar a reflexão dos que não aceitam este processo.
Essa barreira causada pela falta de conhecimento é uma dificuldade, que precisa
ser transposta a partir de esclarecimentos e diálogo na escola, com toda a comunidade
escolar, através de cursos, oficinas, debates, palestras, seminários e ações que melhorem
seu pensamento e atitudes em relação ao aluno especial. Cabe a escola esta missão.
Segundo Santos (2006, p.05) para a relação escola x família dar certo depende:
CONCLUSÃO
cultura, construindo uma nova identidade correspondente a este meio, que é bem
diferente do encontrado na cidade.
Este estudo deixou claro que é um desafio promover a inclusão em escolas
ribeirinhas devido as barreiras dificultarem este processo de se consolidar plenamente,
que foram encontradas na falta de conhecimento da comunidade escolar, ou seja, na
falta de apoio nos problemas consequentes da deficiência, pois os pais não se
responsabilizam por seu filho, quanto a ajuda nas atividades escolares ou de levá-lo para
fazer os exames necessários para sua saúde.
As barreiras também estão presentes na maneira como as famílias dos alunos
sem deficiência educam seus filhos a serem preconceituosos, agindo com descriminação
e desrespeito em relação ao aluno especial. O que foi elencado durante a entrevista
como um ―desafio‖ a ser alcançado, seria vencer a resistência da comunidade em não
querer mudar seu pensamento e atitude de desrespeito ao aluno especial, um trabalho
que exige um planejamento de formação para a comunidade, afim de que entendam o
que é educação inclusiva, qual sua importância e quais benefícios pode trazer para todos
na escola.
Sabe-se que a inclusão é um processo, que perdura por mais de quinze anos, e
como processo não se ensina, vive-se, cada escola vai passar por uma experiência
inclusiva de modo e tempo distintos. Isso depende do interesse dos envolvidos, da
realidade da escola, das necessidades dos alunos, da capacitação dos professores para
rever sua prática inclusiva, o investimento em materiais didáticos, mobiliários e
estrutura física, esses quesitos são importantes para a inclusão se consolidar.
Pode-se observar que apesar de não existir um plano de formação continuada,
nem ações por parte da instituição escolar em relação à inclusão, a professora do AEE
assumiu esta responsabilidade na escola, onde a inclusão escolar está se efetivando por
meio de parceria entre os professores do ensino regular e a professora do AEE, através
de planejamento, discussão e tomada de decisões, em que o conteúdo abordado é
adaptado de acordo com as necessidades e dificuldades dos alunos, construindo assim
um ambiente propício ao processo inclusivo.
A formação em lócus realizada pela professora do AEE resulta em estratégias de
ensino que evidenciam as potencialidades dos alunos com necessidades educativas
especiais, onde os professores buscam desempenhar um trabalho com responsabilidade
e competência, mesmo sem uma política de formação continuada por parte do poder
público.
I ConProEduc e II IncluiEdu 477
REFERÊNCIAS
ALONSO, Daniela: O que é deficiência intelectual. Revista Nova escola. Texto de:
Ricardo Ampudia., publicado em agosto de 2011. http://revistaescola.abril.
com.br/formacao/deficiencia-intelectual-inclusao-636414.shtml.
GLAT, R.; FONTES, R. de S.; PLETSCH, M. D. Uma breve reflexão sobre o papel da
Educação Especial frente ao processo de inclusão de pessoas com necessidades
educacionais especiais em rede regular de ensino. Revista Inclusão Social, Duque de
Caxias/RJ, n. 6, p. 13-33, nov. 2006.
SOARES, Carminha. A Inclusão Social e a Mídia: um único olhar. São Paulo: Cortez,
2009.
I ConProEduc e II IncluiEdu 480
WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva, 2 ed.
Rio de Janeiro: WVA, 2000.
I ConProEduc e II IncluiEdu 481
INTRODUÇÃO
Esse texto tem por objetivo apresentar um levantamento das pesquisas realizadas
sobre e na educação infantil no Programa de Gestão e Práticas Educacionais (Progepe)
da Universidade Nove de Julho (Uninove), no período temporal de 2013 a 2017.
O Programa de Mestrado em Gestão e Prática Educacionais (Progepe) da
Universidade Nove de Julho (Uninove), aprovado pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no final de 2011 com nota 3,
iniciou suas atividades em fevereiro de 2012, e na primeira avaliação quadrienal de
2017, foi avaliado com nota 5 pela Comissão de Área (CA) e nota 4 pela Capes,
portanto, alcançou os objetivos propostos à época da aprovação.
Para obterem o título de mestre em educação, os mestrandos realizam, em sua
maioria, pesquisas-intervenção com foco na própria prática. São professores(as),
coordenadores(as) pedagógicos(as) e diretores(as) que, em horários de reunião
pedagógica, analisam seus objetos de estudo com os demais profissionais da escola, a
fim de que possam, posteriormente, ressignificar suas práticas.
Nossos questionamentos são os seguintes: Quantas pesquisas foram realizadas
desde a aprovação do Programa de Mestrado em Gestão e Práticas Educacionais?
Quantos trabalhos discutiram a educação infantil? Quais foram as temáticas abordadas?
Em levantamento realizado no site da instituição, verificamos que no primeiro
quadriênio do Programa, até o mês de março de 2017, foram defendidas 102
dissertações, sendo 2 em 2013; 27 em 2014; 23 em 2015; 27 em 2016 e 23 em 2017.
Destas, 13 pesquisas discutiram a educação infantil, duas em 2014; seis em 2015; três
em 2016 e duas em 2017, portanto, 12% do total, o que significa um número
inexpressivo de pesquisas sobre esse ciclo da educação básica. Porém, a partir de 2015,
I ConProEduc e II IncluiEdu 482
Esta linha realiza suas investigações científicas sobre as concepções e ações que
incidem na gestão educacional e escolar, envolvendo sistemas e unidades educacionais
da escola básica, para que suas finalidades precípuas e específicas possam ser atingidas
com a otimização dos meios de que dispõem. As pesquisas desenvolvidas nessa linha
têm como referência as concepções de gestão educacional, escolar e do conhecimento,
abrangendo as políticas públicas em educação, o processo de avaliação institucional, o
planejamento estratégico, a inovação, a formação e o trabalho dos profissionais
comprometidos com a gestão participativa e democrática. Coerentemente com a área de
concentração do Programa, realiza seus estudos com base na investigação das práticas
dos agentes envolvidos nas atividades escolares.
da realização das atividades propostas; diálogo com cada uma das duplas de professoras
das salas observadas (devolutiva) e socialização com as demais professoras do grupo de
Jornada Especial de Formação Integral (JEIF), dos registros e das reflexões
sistematizados após a devolutiva com as duplas. Em todas as etapas, os procedimentos
utilizados foram: registro escrito em diário de campo; registro das observações feitas
pela coordenadora-pesquisadora; registro de áudio gravado e transcrição do material;
elaboração de sínteses dos diálogos realizados nos momentos das devolutivas com as
duplas. Como resultados, foram constatados que havia a valorização do registro como
instrumento que contribui para o processo de reflexão sobre a prática, contudo as
condições de trabalho e a burocratização do registro impediam que as professoras
registrassem suas ações de forma a refletir sobre elas; a socialização dos registros feitos
pelas professoras e pela coordenadora-pesquisadora contribuiu com o processo de
reflexão coletiva; a utilização do registro como instrumento que dá visibilidade à prática
foi valorizada pelo grupo docente; as professoras participantes avaliam que suas práticas
foram valorizadas pela coordenadora-pesquisadora e isso favoreceu o estabelecimento
de relações de confiança entre grupo docente e coordenação.
Carolina Mariane Miguel objetivou analisar concepções e práticas de leitura e
escrita numa escola de Educação Infantil e de Ensino Fundamental (Emeief) da cidade
de Santo André - SP. Os sujeitos foram seis professoras que trabalham com as turmas
de crianças de 4 e 5 anos e a assistente pedagógica da unidade escolar. A metodologia
de pesquisa utilizada foi de cunho qualitativo do tipo pesquisa-intervenção embasada na
ação-reflexão-ação da práxis educativa tendo sido realizados como procedimentos de
coleta de dados: análise documental do Projeto Político-Pedagógico da unidade escolar,
dos planejamentos semestrais e diários das professoras e relatórios de grupo; três
encontros de formação continuada em serviço com as professoras participantes e duas
entrevistas individuais com a assistente pedagógica da escola. Quanto aos resultados, a
autora constatou que as professoras estão percorrendo um caminho em que mostram um
certo distanciamento das práticas preparatórias para a alfabetização, as quais
historicamente caracterizam-se pela apresentação das letras uma a uma, na ordem do
alfabeto, cópias e contornos de letras, entre outros exercício perceptivo-motores e, num
movimento de superação dessa concepção de alfabetização, buscam incluir práticas
diárias de leitura, atividades em que se propõe às crianças lerem e escreverem palavras e
textos de seus respectivos contextos. Entretanto, esse processo é marcado por
contradições, uma vez que a política pública do município não deixa clara a orientação a
I ConProEduc e II IncluiEdu 490
CONSIDERAÇÕES FINAIS
temáticas que têm sido realizadas e discutidas sobre e na educação infantil nas
diferentes regiões do país.
REFERÊNCIAS
RESUMO
Cada governo fomenta um aspecto da educação musical dentro das escolas e por
um grande período a partir da década de 70, o ensino de música não foi considerado
necessário no ensino público até 2008. Por consequência hoje os professores licenciados
para atuarem com a música são raros, reforçando a extinção e a falta de reconhecimento
como sendo uma das linguagens da Arte essencial para o desenvolvimento humano
desde a infância dentro de um processo de ensino orientado. A Lei 11.769/08 alterado o
artigo 26 em maio de 2016 pela Lei 13.278, estende por mais 5 anos o prazo para que os
sistemas de ensino garantam a adequada formação dos professores licenciados em
música e em número suficiente para atuar nas escolas públicas. Apresentamos
preliminarmente toda a legislação que diz respeito ao ensino de música nas escolas
públicas brasileiras em que buscamos entender a concepção da lei dentro do contexto
histórico do Brasil, o papel do ensino da música e a formação dos professores de
música. A pesquisa caracteriza-se como básica, qualitativa e exploratória. Recorremos
ao processo analítico, à triangulação para analisar os dados na legislação, incorporado a
um governo e formação do professor de música.
INTRODUÇÃO
Musical, pela Lei 11.769 de 2008, é considerada uma das linguagens da disciplina de
Arte. No entanto, observa-se que, geralmente na região do vale do Paraíba, o professor
que ministra aulas de Arte não conhece e não tem especialidade para atuar com música
e, portanto, privilegia em suas práticas outras linguagens, sendo a mais comum a das
Artes Visuais.
O Brasil enfrenta uma grande escassez do professor licenciado em Música ou
Especialista, em parte devido a um grande período sem aulas de Educação Musical nas
escolas, precisamente por trinta e sete anos de 1971 a 2008, quando foi promulgada a lei
5.692/71 que suprimiu a Música e introduziu a Educação Artística.
Levando-se em conta que nada pode ser desvinculado de uma trajetória
histórica, o caminho do ensino da música também foi traçado junto ao perfil de cada
fase política brasileira; o desenvolvimento da experiência de um povo, trabalho em que
a sociedade se potencializa, garantindo a perpetuação do patrimônio do conhecimento
da humanidade. Ao longo dos tempos, dentro do contexto de cada fase política e
histórica brasileira, a música nos diz muito sobre o significado dela dentro da ambiência
escolar que vem cada vez mais se transformando e se recriando. O objetivo dese
trabalho é estudar a legislação que diz respeito ao ensino de música nas escolas públicas
brasileiras; entender a concepção da lei dentro do contexto histórico do Brasil e analisar
o papel do ensino da música e a formação dos professores de música. Apesar de existir
legislação que regulamenta a Educação Musical nas escolas do Ensino Infantil e
Fundamental no Brasil a falta de conhecimento da importância desse tipo de ensino,
constata-se como resultante a ausência de uma sistemática de sua aplicação no ensino
público. Diante disso, questiona-se qual o papel do ensino de música aplicado ao longo
dos tempos na educação pública e a capacitação dos profissionais do ensino de música.
METODOLOGIA
anos antes de aprovarem este primeiro decreto, foi criado pelo Império o Conservatório
Imperial de Música do Rio de Janeiro, já prevendo a necessidade de qualificação
profissional e responsabilidade do governo imperial no processo de definição e
regulamentação do Ensino primário e secundário da época.
Em 1890 (primeiro ano de República no Brasil), com o Decreto 981, as
definições dos conteúdos de música são mais clássicas, fazendo parte da educação
primaria e secundária:
―cânticos escolares aprendidos de outiva, conhecimento e leitura de notas,
conhecimento das notas, compassos, claves, primeiros exercícios de solfejo, exercícios
de solfejo, dictados‖.(BRASIL, 1890). Os conteúdos citados estavam estritamente
ligados com as propostas do ensino vigente nos conservatórios. Tais conteúdos eram
tradicionalmente incorporados e estabelecidos para o ensino de música erudita, onde é
fundamental explorar toda parte de notação musical, escrita e leitura. Neste mesmo
documento art. 28, o texto destaca que ―cada um dos estabelecimentos de ensino do
ginásio nacional terá os seguintes professores: 1 de desenho; 1 de gymnastica;
evoluções militares esgrima; 1 de música‖. (BRASIL, 1890). A música aparece no
currículo do curso Integral de duração de sete anos, cumprida por 2 horas do primeiro
ao terceiro ano.
Não havia nenhum documento que falasse a respeito da formação do professor
de música. A questão de formação em Nível Superior só começa a ser definida no Brasil
a partir de 1930.
Nesses dois decretos (nº1331 de 1854 e nº 981 de 1890), que foram implantados
no século XIX no Brasil, revela-se a importância que a música recebia, pois já estava
presente nas definições para as escolas de Educação Básica no Brasil. Essas leis
mencionam os conteúdos a serem trabalhados.
O país passa pela República e somente na Nova República o ensino de música
traz consigo uma ideologia dentro das escolas. O Canto Orfeônico a partir dos anos 30
ganha importância em todo o Brasil, em que se destaca a participação do maestro Villa-
Lobos que conseguiu legitimar o Canto Orfeônico no contexto escolar. Da mesma
forma que os decretos anteriores não mencionaram o perfil do professor de Música, o
Decreto nº 19.890 de 18 de abril de 1931 que legitimou o Canto Orfeônico para o 1ª, 2ª
e 3ª série do Ensino Secundário que também não definiu a habilitação.
I ConProEduc e II IncluiEdu 500
dispõe sobre o tratamento a ser dado aos componentes previstos no artigo 7º da Lei
5.692/71 enfatiza que:
não como componente curricular; isso fez com que se levantassem muitas dúvidas na
interpretação da Lei, ―o que resultou num grande obstáculo para a afirmação da Música
como disciplina, no espaço escolar‖, segundo Esperidião (2012, p.145). Recentemente o
artigo 26 da LDB nº 9.394 foi mais uma vez alterado no parágrafo 6º, estabelecendo na
Lei nº 13.278 de 2 de maio de 2016 que ―as artes visuais, a dança, a música e o teatro
são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o §2o deste
artigo‖. Na Lei nº 13.278 com apenas 3 artigos, tira a obrigatoriedade das quatro
linguagens da disciplina Arte e amplia o prazo para a adequação da formação necessária
dos professores para um período de 5 anos até atingirem o número suficiente de
docentes para atuarem com todas as linguagens em sala de aula.
(OPTATIVO)
COMERCIAL – OUTROS
(DISSERMINAR O
ESPÍRITO
PATRIÓTICO)
PROPORCIONAR AOS
ESTUDIOSOS OS
MEIOS DE AQUISIÇÃO
DE CULTURA
MUSICAL,
ESPECIALIZADA DE
CANTO ORFEÔNICO.
INCENTIVAR A
MENTALIDADE
CÍVICO-MUSICAL DOS
EDUCADORES.
DA EDUCAÇÃO
INFANTIL
RESULTADOS
Nota-se que o ensino de música no Brasil no decorrer dos tempos, sempre teve
um propósito além da formação e desenvolvimento humano. Primeiro a música
desempenhava papel de catequização dos índios, como objeto de conversão. Durante o
Império, o ensino tradicional da música, deu uma característica técnica, de formação
teórica, instrumental e lírica com intenção de incorporar na cultura do povo uma cultura
externa. Portanto as primeiras escolas brasileiras através dos decretos serviam-se desse
ensino para formar uma tradição européia com os índios e negros no período colonial.
O primeiro decreto de 1854 que institui-se a música como optativa no ensino das
escolas, vivíamos um Brasil inflamado pela ópera italiana. Carlos Gomes é fruto dessa
circunstância; foi aluno do Conservatório de Música do Rio de Janeiro (fundado em
1841). O gênero musical operístico da época, exigia conhecimento teórico para entendê-
la e apreciá-la; esse era o papel da escola, refinar o conhecimento musical para gerar
através dos alunos brasileiros, uma cultura e tradição musical que não nasceu em nosso
solo.
O decreto de 1890, o Brasil estava com suas bandas de batalhões e fanfarras bem
estruturadas nas principais capitais, antes mesmo das orquestras; e é neste contexto que
o frevo surge como dança de multidão. Inspirada na capoeira e nas bandas; nessa
mistura natural do contexto da época é que o Brasil começa a mostrar sua identidade
musical.
O Canto Orfeônico quando se infiltra nas escolas públicas, repartições e até
mesmo na área da saúde a partir de 1930, as aspirações do governo pós República Velha
era de tornar a nação com espírito patriótico através das raízes folclóricas. O movimento
orfeônico encabeçado pelo maestro Heitor Villa Lobos durante o governo getulista, no
âmago da intenção do músico e do governo, estava a tentativa de impedir que a música
estrangeira se instalasse por aqui e também banir a música popular de cunho comercial.
I ConProEduc e II IncluiEdu 506
Foi nesse período que o governo se preocupou em preparar os professores para o canto
orfeônico em todo o Brasil, criando Conservatórios e centros de formação.
Com a Educação Artística nos anos 70, a música perde seu espaço na rotina
curricular, deixando nas mãos dos licenciados a opção de ensinar a linguagem artística
que o professor tinha mais capacidade; concorrendo com as artes visuais, plásticas e
manuais, o ensino de música aos poucos sai de cena, em exceção aquelas escolas que
enraizaram a música na cultura escolar, a partir da valorização e conhecimento da
dimensão pedagógica que a arte musical é capaz de desenvolver cognitivamente,
fisicamente e emocionalmente no ser humano.
DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
clássica européia que trouxeram.O ensino erudito da música sempre foi relacionado aos
Conservatórios, pois são eles que dão a formação necessária de instrumentos e
conhecimento concreto de música. Portanto, os formadores e formandos durante o
período Imperial no Brasil estavam a disposição do ensino nas escolas.
Começo do século XX, por volta da década de 30,a nova política econômica de
caráter burguês nacionalista incentivou o comércio interno, o que facilitou para as
gravadoras como a Odeon e outras explorando o mercado de discos típico brasileiros
como o Choro, Maxixe, Emboadas, Marchas e Canções brasileiras.
Durante o governo de Getúlio Vargas houve outro perfil no ensino da música
dentro das escolas. O Canto Orfeônico implantado em escolas, repartições e
conservatórios, fez parte de uma fase de uma construção de indentidade baseada nas
nossas raízes. Toda a preocupação do governo era no espírito patriótico da nação, e usou
da música para espalhar com multidões de escolares cantando o Brasil, com repertório
foclórico brasileiro e criações do Maestro Villla-Lobos com temas tipicamente
nacionais. A prática dos corais (Canto Orfeônico) perpetuou-se até a década de 70,
principalmente dentro dos Conservatórios, quando em 71 a música não é mais
obrigatória nas escolas públicas.A Lei 5.692/71 abriu a oportunidade de ensino para
todos no Brasil e no entanto esta mesma lei concebe o ensino de música como um
apêndice da Educação Artística. Portanto, os professores licenciados em suas práticas
docentes lançavam mão da linguagem artística que mais tinham habilidade. E as artes
plásticas foi a mais explorada.
Nossa nação é formada de um povo que não teve há quase 4 décadas a formação
ou a experiência com a música nos currículos escolares. Por isso a escassez de
professores habilitados para que o governo implante a Educação Musical como
componente curricular obrigatório. Sabendo-se da importância e relevância da educação
musical na vida escolar desde a infância, que favorece potencialmente o crescimento
harmônico e colaborativo de uma nação;a cultura musical favorece a cultura da paz,
leva os indivíduos a agregar valores, a terem posturas mais humanizadas.
REFERÊNCIAS
SANT ' ANA, E.. Educação Musical no Brasil: professor generalista ou professor de
música. XXIV Congresso da Anppom - São Paulo/SP, Brasil, jul. 2014. Disponível
em:<http://www.anppom.com.br/congressos/index.php/24anppom/SaoPaulo2014/paper/
view/2698>. Data de acesso: 05 Jul. 2017.
I ConProEduc e II IncluiEdu 511
INTRODUÇÃO
No conjunto das lutas pelos direitos civis, políticos e sociais, a última década do
século XX foi significativa quanto à extensão dos direitos às minorias, entre elas, a luta
pelo direito das pessoas com deficiências. Isto provocou o início de uma mudança de
paradigma sobre a ―educação especial‖, para superar a ―guetização‖ do deficiente, pois
para os militantes de direitos humanos e da pessoa com deficiência, a educação dita
especial realizada em instituições totalitárias tinha o objetivo de confinar o diferente, o
―anormal‖ (FOUCAULT, 2002).
A universalização da escola pública, com a massificação do ensino para alunos
de todas as classes sociais e com deficiência, coloca em xeque o modelo elitista de
escola pública meritocrática do passado, pois o direito à educação implica no direito à
I ConProEduc e II IncluiEdu 512
Estudos realizados com profissionais das salas regulares e das salas de recursos
multifuncionais no atendimento aos estudantes com deficiências revelam que a
obrigatoriedade de matrícula dos estudantes com necessidades educacionais especiais
nas escolas regulares, mesmo com o atendimento do AEE no contra-turno, gera
discussões ―equivocadas‖ sobre a necessidade de ―salas especiais‖ de atendimento, não
sendo consenso entre os educadores/as o direito à educação inclusiva. No caso do
professor/a regente da sala regular o discurso da falta de formação específica na área da
educação inclusiva é predominante nos docentes do Ensino Fundamental II (professores
licenciados nas diversas disciplinas escolares).
Acompanhando o discurso da resistência ao processo de inclusão dos estudantes
com deficiências e com necessidades educacionais especiais, o argumento mais
utilizado é a falta de especialização dos docentes, pois estes não teriam formação
específica, portanto, não saberiam encaminhar atividades adequadas.
Esta postura imobilizadora dos professores para com a aprendizagem das crianças com
deficiências e com necessidades educacionais especiais é semelhante em relação ao
aluno/a que não aprende, com a diferença de que as crianças com deficiências
apresentam laudos médicos sobre suas patologias, e este é um instrumento também
reivindicado pelos professores quando há os ―alunos-problema‖, ou seja, a cobrança de
um laudo médico irá confirmar a suspeita docente: - Não aprende, porque não é normal!
Tem algum problema!
Para BAUTHENEY (2011), no decorrer do século XX, os avanços da medicina
e da psicologia, influenciaram a patologização da aprendizagem escolar. Através da
psicometria, os instrumentos de medição da quantidade de inteligência irão criar
mensurações para estigmatizar indivíduos, separados pelas categorias de Q.I.: normal,
normal superior, superdotados versus normal baixo, rendimento limítrofe, debilidade
mental. Além da metrificação do Q.I., a CID-10 – Classificação Internacional de
Doenças, ao classificar transtornos do desenvolvimento global, distúrbios de
desenvolvimento psicológico, transtornos do comportamento, entre outro, irá contribuir
para a associação direta entre as dificuldades de aprendizagem escolar com problemas
de natureza orgânica, psicológica, neurológica; escamoteando a verdadeira dificuldade
da instituição escolar em se adaptar à heterogeneidade de sua comunidade.
Segundo a pesquisadora:
I ConProEduc e II IncluiEdu 516
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É fato que as escolas precisam ter profissionais que atuem conjuntamente para a
efetivação de um ensino de qualidade para todos. Ao nos depararmos com a
complexidade dos problemas de aprendizagem, superadas as resistências quanto ao
reconhecimento da necessidade de mudança da instituição escolar, há o desafio da
escola ser a protagonista na resolução de seus conflitos teórico-metodológicos, ao invés
de recorrer ao expediente de remeter ao saber clínico e medicamentoso sujeitos em
condição peculiar de desenvolvimento (ECA, 1990).
A atuação do decente/especialista do AEE em conjunto com o corpo docente das
salas regulares é um movimento necessário à ampliação das reflexões sobre a práxis do
processo de ensino-aprendizagem, é considerar a competência pedagógica do/a docente
para lidar com as questões da aprendizagem escolar, mediadas pelas orientações de
um/uma profissional de outra área do conhecimento que não se sobrepõe ao saber do
docente da sala regular e sim complementa saberes.
Entre os desafios colocados para que a escola pública seja uma escola inclusiva e
popular, os atores sociais das escolas devem participar ativamente da gestão
democrática da escola, para a construção de um Projeto Político Pedagógico que
vislumbre a aprendizagem de todos. Para tanto, o grau de consciência política deve
contemplar lutas e reivindicações junto ao poder público, para melhorias das condições
I ConProEduc e II IncluiEdu 525
físicas e pedagógicas das escolas públicas, bem como formação permanente aos
docentes, para que se efetive o preceito constitucional da qualidade social da Educação.
Enquanto o engajamento da comunidade escolar e dos profissionais de ensino
não for efetivo, ou seja, não corresponder de fato aos anseios de mudanças de práticas e
mentalidade em favor da concepção da educação inclusiva, a realidade de uma
―exclusão na inclusão‖ das escolas públicas ainda irá perdurar, visto a precariedade do
atendimento aos estudantes com deficiências, com transtornos globais do
desenvolvimento, com altas habilidades/ superdotação (KLEIN; SILVA, 2012).
Para que a utopia da educação inclusiva seja o ―amanhã possível‖, como nos
ensinou o mestre Paulo Freire, esperança e luta são elementos essenciais para que a
escola pública pratique de fato uma ―pedagogia da diferença‖. Nesta concepção, a
diferença tem a capacidade multiplicativa de perceber a incompletude dos seres
humanos, portanto, para que a educação inclusiva seja o nosso ―amanhã possível‖,
concordamos com as colocações da professora Maria Teresa Eglér Mantoan (2015):
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
I ConProEduc e II IncluiEdu 526
GADOTTI, M. História das idéias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2006.
I ConProEduc e II IncluiEdu 527
LIBÂNEO, J.C. Pedagogia e Pedagogos, Para quê? São Paulo: Cortez, 2002.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo:
Summus, 2015.
ONU. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Nova York/EUA:
ONU, 2006.
VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente. – 7.ed.- São Paulo: Martins Fontes,
2007.
INTRODUÇÃO
diversidade cultural. A escola que tem o olhar voltado para a comunidade a qual
pertence e tornar a cultura popular mais acessível, contribuindo para a valorização do
ser em toda sua essência. Tal fato prima: dar voz à cultura torna seus agentes
construtores do processo de aprendizagem, sendo assim, significativo e inovador,
promotores de uma educação inovadora.
Surgiu da tomada de consciência por meio de um trabalho apresentado no
encerramento da disciplina de ―Escola, Currículo e Diversidade‖ do Mestrado
Profissional em Educação da Universidade de Taubaté, ministrada pelas professoras
Dras. Juliana Marcondes Bussolotti e Mariana Aranha de Souza. Por meio de um vídeo
produzido por Tiago Bambini, pai cooperado da instituição em pauta, as alunas Kely G.
Rosa, Débora L. F. C. Silva e Rosichler M. B. de P. Campana, com a participação
especial de Fábio S. Campana, professor na Cooperativa Educacional de Ubatuba,
objeto de estudo deste artigo, pretenderam aprimorar o conceito de Escolas Inovadoras.
Entender o processo que a instituição utiliza para realizar uma aprendizagem
significativa, por meio de projetos, evidenciando o trabalho com as questões culturais,
valorizando o meio no qual está inserida, foi uma grande satisfação, impulsionando-nos
na busca de novas descobertas, tornando uma experiência desafiadora para nosso
trabalho, agregando novos saberes, aos quais pontuam que trabalhar com projetos não é
apenas impor conteúdos sem conexões com o dia a dia dos alunos.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
Compreendendo que o trabalho com projetos envolve uma série de ações para se
chegar a um resultado coerente e com a dedicação de todos. Assim, as instituições, que
optam por esta metodologia, devem pensá-los de forma integral por toda equipe, com
direcionamento à aprendizagem significativa e não somente como observamos em
momentos comemorativos, como Olimpíadas e Copa do Mundo, podendo ser visto em
muitos corredores de diferentes instituições de ensino cartazes com escritas enormes
sobre a história do tema, imagens de revistas e jornais. Isto não desperta o interesse dos
I ConProEduc e II IncluiEdu 531
alunos, pois essa informação e as imagens utilizadas podem, rapidamente e com grande
facilidade, serem encontradas na internet, não estimulando os alunos para uma
aprendizagem significativa. Ao se refletir sobre projetos, espera-se que o aluno
desenvolva competências e habilidades para elaborar, refletir, selecionar, ampliar,
melhorar a prática da escrita e da leitura, assim como revisar, registrar, pesquisar,
argumentar, saber respeitar a opinião dos colegas, trabalhar a questão de cooperação,
desenvolvimento da autonomia e a responsabilidade. Ao professor, cabe agir como
mediador, auxiliador, criando situações desafiadoras, intervindo quando se fizer
necessário, promovendo o desenvolvimento do projeto.
A mediação do professor, na proposta de Nogueira,
Vale ressaltar que, quando os alunos compreendem que seus professores são
seus instrumentalizadores e não quem fica na posição de mandante, percebem que cabe-
lhes a função de elaborar, concretizar e desenvolver seus projetos, dessa forma,
garantindo que a autonomia aconteça de forma natural e segura.
Somando-se à Hernández (1998), defende que professor e aluno, juntos, criam
um vínculo que permite que a aprendizagem aconteça a partir das trocas de ideias, das
propostas que surgem da mediação a cada etapa de evolução do aluno, possibilitando
que o conhecimento circule. Entende-se que o projeto possibilita ao aluno desenvolver
relações que vão além das disciplinas e que permearão as resoluções de situações-
problema que possam surgir, desenvolvendo sua capacidade de encarar desafios. Faz-se
necessário compreender que os projetos devem ser construídos visando as trocas, as
assimilações e elaborações, permitindo aos alunos uma construção ativa dos caminhos
para o conhecimento, ampliando suas possibilidades de apreender e formar suas
habilidades aliadas à cidadania.
Vasconcellos (2006, p.160) apud Sampaio, (2012, p.15) defende que
OBJETIVO
METODOLOGIA
I ConProEduc e II IncluiEdu 539
RESULTADOS
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Santo André faz demonstrações diárias de que Educação é uma de suas maiores
prioridades. A Secretaria Municipal de Educação de Santo André assumiu nos últimos
anos o compromisso de investir na formação de seus(as) professores(as).
A Secretaria, comprometida com a necessidade de garantir o acesso à
informação como um direito de todo(a) professor(a), investe na formação continuada e
proporciona às crianças, adolescentes e adultos instrumentos necessários para a
construção de conhecimento, habilidades e valores imprescindíveis para a vida em
sociedade.
Entende-se que, dessa maneira, estar-se-á reafirmando e colaborando com a
meta de se desenvolver as condições para que o(a) munícipe de Santo André, possa
reconhecer-se a si mesmo e a sua cidade do ponto de vista do conhecimento, da
capacidade criativa e das potencialidades educativas.
Sabe-se que entre as muitas tarefas urgentes colocadas hoje para a educação
infantil está a consolidação de uma nova concepção sobre educar e cuidar de crianças
pequenas nas instituições educacionais. De acordo com as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil , artigo 4º:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
NÓVOA, António (org.). Professores e sua formação. Lisboa, Dom Quixote, 1991.
INTRODUÇÃO
PROBLEMA DE PESQUISA
da escassa literatura sobre evasão dos alunos com deficiência no ensino superior. São
encontrados estudos sobre o ingresso dos alunos com deficiência, os desafios do
professor frente a presença destes alunos no espaço universitário, acessibilidade e
experiências na implantação de Núcleos de Acessibilidade nas Universidades, nos
despertando para pesquisa se há a evasão e quais seriam as razões e circunstâncias que
concebem este fenômeno.
Em um recorte do ingresso no Ensino Superior entre os anos 2012 e 2015 no
Brasil, destacam-se as matrículas de pessoas com deficiência, segundo os dados do
INEP, com um aumento de 39%, apesar deste aumento a presença destes alunos ainda é
pouco significativa se comparado a um universo total de matrículas no Ensino Superior.
Há um aumento no número de pessoas com deficiência que chegam ao espaço
universitário. Todos se formam? Se não se formam, por que não se formam? O que há
neste ―meio do caminho‖? Parafraseando Drummond, há alguma pedra no caminho?
Seriam pedras? Assim, delimitaremos nossa pesquisa em entender os aspectos da
evasão escolar a partir dos alunos com deficiência no Ensino Superior.
Objetivos gerais
Este projeto busca dar visibilidade às experiências das pessoas com deficiência
que compõem o movimento de construção do espaço educacional inclusivo em
uma universidade. Pretende-se, portanto, como objeto de estudo, coletar e
analisar as narrativas dos alunos com deficiência dos cursos de graduação da
Universidade Metodista de São Paulo.
Objetivos específicos
MÉTODOS
Narrativas dos alunos com deficiência, com status acadêmico ―cursando‖, sobre
a trajetória de vida, os desafios e dificuldades no espaço universitário através de
relatos orais no esquema de entrevista semi-estruturada;
Narrativas dos alunos com deficiência, com status acadêmico ―trancado‖, sobre
a trajetória de vida, os desafios e dificuldades no espaço universitário através de
relatos orais no esquema de entrevista semi-estruturada;
Narrativas dos alunos com deficiência, com status acadêmico ―formado‖, sobre a
trajetória de vida, os desafios e dificuldades no espaço universitário através de
relatos orais no esquema de entrevista semi-estruturada;
REFERENCIAL TEÓRICO
pedagógicos frente a inclusão dos alunos com deficiência estão ORRÚ (2017),
MANTOAN (2015), FREIRE (2017).
RESULTADOS OBTIDOS
REFERÊNCIAS
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos, 2006 7ª
edição, Rio de Janeiro1ª edição foi em 1997.
SILVA, Izaura et al. As causas da evasão de estudantes com deficiência na rede federal
de educação profissional em Minas Gerais.Revista de Educação Especial. Santa Maria,
vol.29 n.54,p. 203 a 214
em:<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001393/139394por.pdf> Acesso: 15
out.2016.
I ConProEduc e II IncluiEdu 563
RESUMO
Esta investigação teve como foco analisar as estratégias de ensino adotadas por
docentes de escolas municipais de ensino fundamental, localizadas no litoral norte de
São Paulo, direcionadas ao atendimento educacional de alunos com deficiência
intelectual. Para tanto, selecionamos 8 professores indicados pelos professores
especialistas das salas de recursos multifuncionais que atuam na rede pública. Para
coleta de dados foram utilizadas entrevistas semiestruturada, cujo roteiro enfatizava as
ações pedagógicas efetivadas pelos docentes no atendimento de alunos com deficiência
intelectual e observação de um professor. Como pressupostos teóricos recorreu-se a
perspectiva histórico-cultural de Vygotski (1983), aos estudos Mantoan (1989) e
Goffman (1988). Ainda nesta perspectiva relacionamos a discussão sobre deficiência
intelectual com questões pertinentes a escola e a diversidade, tendo como base as ideias
de Bourdieu (2008) e Candau (2003). Os resultados revelaram uma grande maioria de
práticas tradicionais de ensino e apenas uma interdisciplinar, além de um conhecimento
precário com relação as características educacionais desses alunos e uma urgência de
reflexão do ensino construtivista.
SUMMARY
The objective of this research was to analyze the teaching strategies adopted by
teachers of municipal primary schools, located in the north coast of São Paulo, directed
to the educational service of students with intellectual disabilities. In order to do so, we
selected 8 professors indicated by the specialist teachers of the multifunctional resource
I ConProEduc e II IncluiEdu 564
rooms that work in the public network. For the collection of data, semi-structured
interviews were used, whose script emphasized the pedagogical actions carried out by
teachers in the care of students with intellectual disabilities and observation of a
teacher.As theoretical assumptions, Vygotski's (1983) historical-cultural perspective
was applied to the Mantoan (1989) and Goffman (1988) studies. In this perspective, we
relate the discussion about intellectual deficiency to issues related to school and
diversity, based on the ideas of Bourdieu (2008) and Candau (2003). In this perspective,
we relate the discussion about intellectual deficiency to issues related to school and
diversity, based on the ideas of Bourdieu (2008) and Candau (2003). The results
revealed a great majority of traditional teaching practices and only an interdisciplinary
one, besides a precarious knowledge regarding the educational characteristics of these
students and an urgency of reflection of the constructivist teaching.
INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
OBJETIVO
METODOLOGIA
Observação: Para preservar a identidade dos sujeitos garantindo o anonimato substituímos seus nomes
pela letra P de professor e números para identificarmos cada um.
I ConProEduc e II IncluiEdu 566
MARCO TEÓRICO
pessoa com deficiência aquela que se enquadra nas categorias: deficiência física,
deficiência auditiva, deficiência visual e deficiência mental; a inclusão do tema no
Plano Nacional de Educação, através da Lei Nº 10.172/01; a Lei Nº 10.845 que designa
o Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas
com Deficiências, a Resolução do Conselho Nacional de Educação que ―institui
Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado [AEE] na
Educação Básica, modalidade Educação Especial‖ (CONSELHO, 2009), nesta mesma
resolução, em seu artigo 13, o Conselho ainda estabelece as atribuições do professor do
AEE e por fim, em 2015, foi promulgada a Lei Nº 13.146, o Estatuto da Pessoa com
Deficiência. Esta lei incorre sobre todas as dimensões dos direitos da pessoa com
deficiência, sobre acessibilidade e inclusão plena em todos os âmbitos da sociedade.
Esta lei tem ainda o Capítulo IV voltado às questões da educação.
Com a introdução das Salas de Recursos nas escolas podemos supor que o
avanço de alunos com deficiência tem tido avanço considerável (BRASIL, 2009).Nessas
condições presumimos que a prática e o conhecimento de novas estratégias de
aprendizagem fará com que a criança e seus docentes, avancem na construção de um
novos métodos de ensino.
No que tange esta pesquisa as mudanças nas percepções sobre a Deficiência
Intelectual são mais pertinentes, segundo Sassaki (2005) os comprometimentos
intelectuais tiveram diferentes abordagens e concepções que foram se transformando ao
longo do tempo:
A Constituição Federal (BRASIL, 1988) traz em seus artigos 205 e 206 alguns
parâmetros para pensar a escola de maneira democrática e agregadora. Entendemos que
a escola no Brasil deve ser um lugar que contemple a todos, sem distinções culturais,
étnicas, de gênero ou sexualidade, faixas etárias, de acessibilidade ou por capacidade
cognitiva.
Assim, a escola, do ponto de vista democrático, deve contemplar a sociedade
como um todo e ao mesmo tempo determinar parâmetros de como construir uma
sociedade igualitária e sem exclusões. Para tanto, é necessário romper com o paradigma
destacado por Bourdieu (1998) sobre a escola:
Dessa forma, a escola precisa deixar de ser uma propagadora de exclusões a fim
de contemplar a diversidade e é nesse ponto que as discussões sobre a Educação
Inclusiva precisa ser incorporada e debatida. Tendo a inclusão de alunos com
deficiência na escola regular três pontos precisam ser levados em consideração a fim de
se construir uma abordagem positiva: a acessibilidade, o currículo e a formação do
professor.
Nesse contexto é preciso pensar a questão do currículo para alunos com
deficiência e como esse pode ser pensado para corresponder às necessidades
pedagógicas desses alunos. Para tanto, é necessário que se desenvolva um trabalho
articulado por toda a escola, equipe de gestão, coordenação, apoio pedagógico e corpo
docente, a fim de tornar a inclusão uma prática que permeie o currículo escolar como
um todo. A partir destes aspectos que englobam o currículo e a prática pedagógica e
tendo em vista as características inerente à DI, acreditamos que a adoção de um
―Currículo Adaptado‖ é necessária para a realização de uma prática eficaz. Segundo
Henriques:
Assim, é necessário propor que esse currículo seja feito de forma conjunta com
toda a escola, a fim de proporcionar estratégias sólidas para garantir o aprendizado do
aluno com DI. O sucesso da inclusão escolar tem muito a ver com que o docente
acredita, com seus valores e convicções e se isso não for trabalhado de forma que
proporcione uma verdadeira reflexão sobre suas práticas de nada valerão as leis que
garantam a escolarização de alunos com deficiência.
Mantoam (1989) vivencia uma aplicação do método construtivista e constata que
a criança com DI apresenta avanços cognitivos consideráveis quando é posto desafios
do meio, sugerindo um planejamento voltado a realidade dos alunos e a seus interesses.
RESULTADOS
P3 “No caso dela não tem de fato o conteúdo que ela tem
sair sabendo, o ano passado não teve conteúdo, eu não sei
se todo PEP é assim, né [...] no caso da N (aluna com
síndrome de Down) não tem essa parte do currículo por
conta da necessidade da autonomia, das AVD's.”
Comprovamos nas falas dos professores P5, P6, e P7 que existe realmente uma
supressão dos conteúdos do currículo baseado nas aptidões dos mesmos, a P5 esclarece
que insere apenas os conteúdos mínimos com a intenção de acompanhar o progresso do
aluno.
A P3 não elaborou o currículo adaptado de sua aluna por focar nas AVD's
(atividades de vida diária) isentando sua aluna de qualquer contato com o conhecimento
Pedagógico destinados aos demais alunos da classe.
O que deixa claro que o desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual
está condicionado as suas supostas potencialidades e que suas limitações determinam o
seu aprendizado. Concordamos com Santos (2010) quando diz:
pelos alunos, o interesse foi visível no grupo e o êxito final do trabalho foi
incontestável.
Parece-nos que o professor alcançou a maioria de seus alunos com uma simples
proposta, inclusive Z, sem ter a necessidade de adaptar nenhuma parte de sua aula.
Mantoan (2013) exemplifica situação semelhante:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
I ConProEduc e II IncluiEdu 579
BRANDÃO; A. Pensando em uma escola de qualidade para o século XXI. Para uma
escola do século XXI. MANTOAN, M. T. (org.). Campinas, SP: UNICAMP / BCCL,
2013. 122p.
MANTOAN, M.T. E. A propósito de uma escola para este século. Para uma escola do
século XXI. MANTOAN, M. T. (org.). Campinas, SP: UNICAMP / BCCL, 2013.
122p.
INTRODUÇÃO
Este trabalho não pretende revelar um modelo pronto ou passo a passo para se
promover uma prática inclusiva, mas sim, apresentar um relato de intervenção formativa
para desenvolvimentos de práticas pedagógicas inclusivas, que foi construída e
desenvolvida junto com os professores e os demais envolvidos no processo inclusivo da
escola pesquisada, em um período de quatro anos (2011 a 2014).
Este estudo é resultado de uma pesquisa qualitativa realizada em uma escola
pública (municipal) de ensino fundamental I, da cidade de Macapá, no estado do
Amapá, que atende 12 alunos com deficiência. Um Trabalho que iniciou a partir das
necessidades da professora do Atendimento Educacional Especializado - AEE, dos
alunos, professores e demais funcionários.
Teve por objetivo despertar a reflexão crítica docente para uma prática inclusiva,
por meio diálogo, da construção e utilização de jogos pedagógicos, usando de
estratégias e recursos que evidenciaram as potencialidades dos alunos e diminua as
barreiras que impedem a construção de novos conhecimentos.
A formação contínua foi desenvolvida a partir das seguintes etapas: roda de
conversa com os professores, palestras, oficinas para construção de materiais didáticos e
intervenção na sala de aula.
Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas com doze
professores da sala de aula regular, os professores do AEE e a coordenadora pedagógica
da escola, assim como a observação da prática pedagógica dos professores. Os dados
coletados foram analisados por categorias. A proposta de formação contínua foi
discutida e reelaborada com os docentes.
A cada ano se avaliava o trabalho formativo com intuito de pensar em formas de
melhorá-lo. Todos os funcionários na escola, e também os pais de alunos são
convidados participavam tanto da avaliação como das oficinas e palestras. Tanto o
processo de planejamento reconstrução do plano de formação e as avaliações acontecem
I ConProEduc e II IncluiEdu 585
por meio de diálogos e reflexões, o que permitiu que o projeto conseguisse chegar a
resultados que foram bastante aceitos pela comunidade e profissionais envolvidos no
processo. Mas ainda assim não satisfeita a formadora procurou o apoio da Universidade
do Estado do Amapá-UEAP em 2013 e 2014. E no ano de 2015 ingressou no mestrado
em educação: formação de formadores da Puc-SP para buscar novos conhecimentos que
possam ser acrescentamos a este processo de formação contínua para uma prática
inclusiva.
Sabe-se que a inclusão é um processo, que perdura por mais de quinze anos, e
como processo não se ensina, vive-se, cada escola nessa busca, passa por uma
experiência inclusiva de modo e tempo distintos. Isso depende do interesse dos
envolvidos, da realidade da escola, das necessidades dos alunos, da capacitação dos
professores para rever sua prática inclusiva, o investimento em materiais didáticos,
mobiliários e estrutura física, esses e outros quesitos são importantes para a inclusão se
consolidar.
Para descobrir os caminhos de uma escola inclusiva, ou seja, enfrentar os
desafios e remover as barreiras que impedem que se concretize, faz-se necessário
primeiramente conhecer o que é inclusão, qual o papel de cada envolvido, elencar
metas, se envolver realmente com o aluno, escutando-o, observando atentamente suas
necessidades, descobrir suas potencialidades para buscar seu desenvolvimento a partir
desses pontos. Todos precisam acreditar que pode dar certo, ―abraçar a causa‖,
desenvolver um trabalho em equipe, com os envolvidos neste processo, com base na
construção coletiva e parcerias entre professor do AEE, os professores do ensino
regular, a família e a escola como um todo.
de um trabalho que envolve a comunidade escolar, o que faz toda a diferença para
eliminar a segregação.
Pode-se afirmar que o primeiro passo a seguir em uma perspectiva de educação
inclusiva, seria realmente entender: o que é inclusão? O que caracteriza uma prática
inclusiva? E como a escola deve se organizar para esta nova concepção de
desenvolvimento humano de respeito às diferenças? Para responder a esses
questionamentos alguns autores apresentam indicativos que poderão nos ajudar nesse
caminho.
Pletsch e Fontes (2006) afirmam que incluir alunos com deficiência não se
justifica apenas em matricular este aluno em uma escola de ensino regular, mas é
necessário que os professores promovam a participação, comunicação e o aprendizado.
Há dezessete anos as escolas matriculam alunos com deficiência e tentam
cumprir as metas do Plano Nacional da Educação Inclusiva, que garante o atendimento
as necessidades educacionais desses alunos, porém a inclusão ainda é um desafio para
alguns professores tanto das escolas públicas como das escolas privadas, são dúvidas
sobre conhecimentos teóricos e práticos, que ocorrem desde a educação infantil ao nível
superior.
De acordo com Facion (2009, p. 23) ―A inclusão é um processo lento que tem
que nascer dentro da gente, mudando nosso olhar, pensamento e atitudes‖. Foi a partir
desta ideia que este projeto buscou transformar as ações docentes, por meio do diálogo e
da reflexão da prática pedagógica docente.
Em uma perspectiva de educação inclusiva, segundo Ropoli (2010, p. 23) ―A
escola se tornar inclusiva quando reconhece as diferenças e busca o progresso de todos,
adotando novas práticas pedagógicas que dependem de mudanças que vão além da sala
de aula, com o desenvolvimento de novos conceitos compatíveis com a inclusão‖.
No que concerne a eficiência pedagógica das atividades lúdicas, kishimoto
(2002) afirma que o uso do jogo educativo com fins pedagógicos é um importante
recurso para promover o desenvolvimento da criança e algumas habilidades, com vista a
estimular sua aprendizagem. Nesse sentido, Aranão afirma que:
Por este motivo, o jogo se torna essencial para que o aluno com deficiência
possa ser seduzido a querer entender novos conceitos, utilizando de estratégias lúdicas
desafiadoras, como meio de explorar novos conhecimentos e criar formas diversas, que
irão auxiliar para que construção do aprendizado em que todos os alunos irão se
beneficiar.
Werneck (2000 p. 55) discorre sobre a importância do convívio, ―Quanto mais a
criança interage espontaneamente com situações diferenciadas, mais ela adquirirá o
genuíno conhecimento, fica fácil entender que a segregação não é prejudicial apenas
para o aluno com deficiência, a segregação prejudica a todos‖. A inclusão permite que
os alunos tenham oportunidades de conhecer e vivenciar a existência humana com todas
suas dimensões, com os desafios e superações que fazem parte da vida e acrescentam a
suas experiências e consequentemente a sua formação, tornando-os mais humanos.
Para atingir esta meta de uma escola inclusiva, se faz imprescindível conhecer as
necessidades educativas dos alunos, para preparar um ambiente propício para seu
desenvolvimento, que também leve em consideração suas potencialidades, além de dar
autonomia à escola e aos professores para adotarem as atitudes compatíveis com as
políticas de educação inclusiva, para melhorar não só a prática pedagógica, mais
eliminar as barreiras que dificultam o processo da educação inclusiva.
Essa reflexão constrói novos conhecimentos, aos quais, com certeza, são
reinvestidos na ação. Um profissional reflexivo não se limita ao que aprendeu na
formação inicial, nem ao que descobriu em seus primeiros anos de prática. Ele
reexamina constantemente seus objetivos, seus procedimentos e seus saberes. Ele
ingressa em um ciclo permanente de aperfeiçoamento, já que teoriza sua própria prática,
seja consigo mesmo, seja com uma equipe pedagógica.
RESULTADOS
realmente se dedicado em cada momento deste processo, já que a formação para uma
prática inclusiva era uma necessidade latente na escola, partiu deles o interesse, e por
não ser imposto pela direção, sentiram-se protagonistas nesta construção, possibilitando
que refletissem e que aos poucos mudassem seus pensamento e atitudes em relação a
educação inclusiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
provocou também nos professores uma reflexão sobre os pensamentos e atitudes que
compatíveis para a efetivação da educação inclusiva.
A palestra pode desmistificar ideias sobre as deficiências, alem de promover a
reflexão sobre como a pessoa com deficiência podem seguir a vida trabalhando, lutando
pela causa e tentando acabar com as concepções e ações carregadas de preconceito,
mostraram que a sociedade precisa entender eles necessitam não somente de educação,
mas de ter uma vida digna para trabalhar e viver em sociedade.
As oficinas ministradas possibilitaram, de acordo com as avaliações feitas, uma
compreensão mais crítica da educação inclusiva, no sentido de viabilizar aos educandos,
não somente a inclusão na sala de aula, mas também no processo de aprendizagem. Por
meio da oficina, os professores perceberam a importância na escolha ou construção de
recursos que evidencie as potencialidades dos alunos, ao usar materiais criativos,
desafiadores e que estimule a aprendizagem de todos e que conseguiu incentivar o
interesse em participar e aprender a partir de jogos construídos em grupo e
individualmente.
O ultimo passo da formação continuada, a intervenção pedagógica na sala, foi
uma ideia que surgiu durante a roda de conversa, durante o diálogo, em que os
professores viram a necessidade de ter o auxílio da professores especialista (AEE) na
sala de aula, para desenvolver jogos com os alunos surdos, pois já que as oficinas iriam
ensinar a elaborar a aula inclusiva, eles queriam ter um apoio para ministrá-la, o que
demonstra o quanto os professores estavam inseguros, mas permitiu o acompanhamento
na prática, para auxiliar os professores com dificuldades e proporcionar confiança no
seu trabalho, além de melhorar a relação professor e alunos.
Pode-se afirmar que a realização das três etapas (roda de conversa, oficina e
intervenção na sala) foram fundamentais para o êxito deste projeto, que se evidenciou
por ser um trabalho construído em conjunto, a partir do conhecimento que os
professores tinham de seus alunos, que possibilitou reflexões de suas práticas, e após a
intervenção ficaram satisfeito com o resultado, sentindo-se mais seguros para dar
continuidade a novas descobertas para a melhoria do processo inclusivo.
REFERÊNCIAS
I ConProEduc e II IncluiEdu 594
FACION, José Raimundo. Educação Inclusiva no Século XXI. Ed. IBPEX, Belo
Horizonte, MG. 2009.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 11. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2010
WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva, 2 ed.
Rio de Janeiro: WVA, 2000.
I ConProEduc e II IncluiEdu 595
RESUMO
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
OBJETIVOS
METODOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002
RESUMO
ABSTRACT
comprehend the importance of the Curricular Internship and its contributions in the
academic and professional area of the future educators. The research was accomplished
with a group of students in training who participated in the Curricular Internship at
Public Schools in the State of São Paulo. This Internship was performed with children
from the 2nd to the 4th year of elementary school who presented a lag in Portuguese
and Mathematics. A research was applied for these interns, aiming to collect their
perceptions about the importance of the Internship in their academic formation. The
results obtained in this study demonstrated important formative aspects, such as:
development of autonomy and oral expression, self-monitoring on pedagogical practice,
academic growth, among others.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
tais como: uma linguagem não apropriada em sala de aula, informações equivocadas
expressas em um momento de nervosismo e, inclusive, a ansiedade, que interfere muitas
vezes no desempenho dos estagiários. Segundo Felício e Oliveira (2008, p. 217), ―o
Estágio Curricular, se bem fundamentado, estruturado e orientado, configura-se como
um momento de relevante importância no processo de formação prática dos futuros
professores‖.
No Enunciado 9, averiguamos a importância da seguinte modalidade: regência.
Os estagiários puderam ministrar as aulas, o que ocasionou numa participação efetiva
nas atividades do dia a dia de uma sala de aula, possibilitando experienciar toda a rotina
do professor, interagindo e resolvendo situações reais. O estagiário age e busca soluções
e não apenas observa. Pimenta (1995), expressa que o conhecimento só é adquirido
quando manuseado, porque o processo ensino aprendizagem é dinâmico, e pode
acontecer em diversas situações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4° Edição. São Paulo: Editora Atlas S.
A., 2002. 176 p.
________. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6° Edição. São Paulo: Editora Atlas
S. A., 2008. 200 p.
I ConProEduc e II IncluiEdu 616
APÊNDICE
Aluno (a):
Curso:
Data:
Você está sendo convidado a responder esta pesquisa para contribuir na coleta de
dados para a construção do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, com título de
―Formação Docente: Contribuições do Estágio Curricular Supervisionado Para o
Futuro Professor‖. É importante que você responda com sinceridade, pois esses dados
serão utilizados para aperfeiçoar o estudo desenvolvido no Trabalho de Conclusão de
Curso - TCC. Os nomes dos consultados não serão divulgados. Complete os quadros
abaixo indicando um nível de pontuação para cada enunciado:
Enunciado 1 1 2 3 4 5
Enunciado 2 1 2 3 4 5
Em sua vivência no Estágio, houve situações em que você
conseguiu relacionar teoria-prática.
Enunciado 3 1 2 3 4 5
Você teve autonomia ao planejar as aulas.
Enunciado 4 1 2 3 4 5
Você teve autonomia ao regenciar as aulas.
Enunciado 5 1 2 3 4 5
O Estágio lhe ajudou a desenvolver sua expressão oral.
Enunciado 6 1 2 3 4 5
A relação professor-aluno ampliou sua aprendizagem
acadêmica enquanto futuro professor.
Enunciado 7 1 2 3 4 5
A sua relação com os alunos favoreceu o
desenvolvimento do trabalho.
Enunciado 8 1 2 3 4 5
Você conseguiu adquirir mais conhecimentos
pedagógicos ao trabalhar em equipe e com a orientadora
do Estágio.
Enunciado 9 1 2 3 4 5
O Estágio lhe proporcionou aprendizado quanto a
I ConProEduc e II IncluiEdu 618
RESUMO
INTRODUÇÃO
anos de início de seu funcionamento, conta com mais de 900 alunos, distribuídos nos
seis períodos de atendimento, dois pela manhã, dois a tarde e dois a noite.
Um dos diferenciais desse atendimento, que foi sendo planejado e implantado
conforme a demanda surgiu, ao longo de 2016 e durante esse ano de 2017, é o
atendimento as pessoas com deficiência. Notou-se que essas pessoas em sua infância
ou desistiram da escola, por não termos anos atrás políticas públicas de apoio a sua
permanência ou até nem mesmo nunca passaram por processos de escolarização em
nenhum momento de suas vidas. A abertura de um Centro Educacional que possa
atendê-los em suas necessidades específicas, com horários diurnos e transporte escolar
gratuito garantido, bem como acompanhamento de profisional especializado, fez com
que essa possibilidade de escolarização mesmo que já na idade adulta, se tornasse
concreta nesse momento. As pessoas com deficiência matriculadas atualmente no
CIEJA Perus I representam mais de 5% do número total de alunos.
O CIEJA conta até o momento com uma sala de recursos para o atendimento às
pessoas com deficiência, mas, que precisará ser ampliada ainda nesse ano de 2017 para
duas, com a nomeação de mais uma Professora de Apoio Educacional Especializado,
dada a enorme necessidade e demanda que amplia a cada dia.
A partir das observações e registros realizados durante a referida visita dos
estudantes de Pedagogia do Instituto Singularidades, observou-se que as demandas da
atual PAEE do CIEJA Perus I para atender a 48 estudantes jovens e adultos com
deficiência são das mais variadas e há dificuldades na produção e no fornecimento de
recursos pedagógicos apropriados e específicos para suas necessidades de
aprendizagem. Considerando tais demandas, os alunos do curso de Pedagogia,
juntamente com a professora de Educação Inclusiva, realizaram uma oficina para
elaboração de recursos pedagógicos adaptados para inclusão.
Tal oficina teve como objetivos: promover a aprendizagem e a elaboração de
recursos pedagógicos adaptados para inclusão e ampliar uma formação de professores
ética e cidadã, que articula práticas acadêmicas com as demandas sociais de uma
comunidade escolar, por meio de ações de extensão universitária. Desse modo, entende-
se que esse trabalho contribuiu com a produção e a doação de tais recursos à SRM do
CIEJA Perus I e, ao mesmo tempo, com a experiência de aprendizado de futuros
professores acerca do planejamento e da elaboração de recursos pedagógicos adaptados
para inclusão e para o trabalho com as diferentes necessidades de aprendizagem.
I ConProEduc e II IncluiEdu 623
REFERENCIAL TEÓRICO
escola regular que, por sua vez, deve acomodar tais pessoas dentro de uma Pedagogia
centrada na criança, podendo assim satisfazer suas necessidades de aprendizagem.
Em 1996, com a nova versão da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, N. 9394/96 (a 1ª versão data de 1961), temos oficializado em seu Artigo 59
que ―os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e
organização específicos para atender às suas necessidades‖. O Artigo 58 da referida
destaca que ―Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade
de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino‖. Tal
terminologia ―preferencialmente‖ abre espaço para interpretações diferenciadas e instiga
o debate sobre a matrícula nas escolas regulares.
Em 2001, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica,
Resolução CNE/CEB nº 2/2001, ressalta que:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
caracterizou-se, dessa maneira, uma atividade de extensão que teve uma finalidade
específica: contribuir para a produção de materiais pedagógicos adaptados e acessíveis
para uma educação inclusiva de uma comunidade escolar singular.
Para a realização da oficina, foram utilizados materiais recicláveis, folhas de
papel, EVA, entre outros materiais necessários à elaboração dos recursos pedagógicos.
Foram produzidos jogos que desenvolvem competências e habilidades relacionadas ao
raciocínio lógico-matemático, apoio ao processo de alfabetização, noção espacial,
atenção, memória e coordenação motora. Após a realização da oficina, foi realizada a
entrega oficial dessas produções para a Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) do
CIEJA Perus I, que foi recebida pelos professores, pela diretora e por alguns alunos.
Assim sendo, este trabalho está em consonância com os princípios da Educação
Inclusiva, que visam garantir a todos a oportunidade de uma educação de qualidade
(UNESCO, 1994; SÁNCHEZ, 2005; BEYER, 2002, 2006). E, também, está de acordo
com a perspectiva da ―pedagogia diferenciada‖, que busca promover a aprendizagem de
forma acessível a todos os alunos, independente de suas características cognitivas e
pessoais (JUNGLES, 2011).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12625&Ite
mid=860>. Acesso em: 21 jun. 2014.
RESUMO
A inclusão de estudantes com deficiência visual nas escolas regulares requer que
os professores desenvolvam suas práticas sustentadas em estratégias facilitadoras para o
acesso aos conteúdos curriculares. Para isso torna-se necessário um conhecimento sobre
as possíveis tecnologias e os recursos que podem ser empregados na superação das
dificuldades provocadas pela presença constante da visualidade em sala de aula. Este
artigo tem como objetivo apresentar os principais recursos de acessibilidade aos
conteúdos escolares, através de um curso de formação ofertado para aproximadamente
40 profissionais da rede pública de um município do Vale do Paraíba Paulista. Este
curso resultou da parceria entre uma Universidade, os professores da comunidade
externa e uma aluna bolsista do Programa de Pós-Graduação em Educação desta
Universidade. Visa demonstrar a mobilização dos saberes docentes a partir de um
roteiro de estudo, discussão e construção coletiva de tarefas e propostas pedagógicas
inclusivas que auxiliem os professores a construírem suas práticas baseadas em
estratégias inclusivas. Os dados analisados foram coletados através da observação e
análise dos registros produzidos durante essa formação, além da criação de uma
proposta de ensino planejada e apresentada pelos cursistas. Os resultados apontam que
as práticas docentes eficazes aos estudantes cegos e com baixa visão são apoiadas em
uma formação continuada sobre à utilização de materiais, recursos e tecnologias e
mediações que favoreçam a aprendizagem desses estudantes. Conclui-se que um dos
elementos que conduz essa aprendizagem é a compreensão e para tanto, os professores
devem estar atentos para oportunizarem aos alunos com deficiência visual, situações
que promovam o desafio, a busca e o interesse, fatores que facilitam o entendimento dos
conteúdos escolares trabalhados nas diferentes disciplinas.
I ConProEduc e II IncluiEdu 633
INTRODUÇÃO
Diante das políticas educacionais praticadas nos últimos vinte anos no que diz
respeito a educação inclusiva, percebe-se um aumento considerável na quantidade de
alunos com deficiência que frequentam as escolas regulares, fato este que leva muitos
profissionais a buscarem suporte em cursos de formação. Tais conhecimentos partem do
pressuposto de que as deficiências necessitam ser conhecidas a fim de que as
intervenções pedagógicas contemplem o estudante globalmente, sem deixar de
considerar seus alcances e possibilidades para o acesso ao currículo e,
consequentemente, para o seu sucesso escolar.
Percebemos que por causa dessa falta de conhecimento a respeito das
necessidades destes estudantes, é muito comum os professores terem uma baixa
expectativa em relação ao potencial de aprendizagem da pessoa com deficiência visual.
Entretanto, estudos têm demonstrado que o comprometimento visual não altera o
desenvolvimento das capacidades cognitivas dessas pessoas, podendo ocorrer, no
entanto, certas defasagens no que se refere ao seu desempenho global, pela restrição de
experiências oferecidas pelas próprias condições ambientais externas.
Vygotsky (1989) afirma que a educação da criança cega deve considerar as leis
gerais de desenvolvimento humano que valem para todas as crianças. O que precisa ser
diferente são os caminhos utilizados para garantir o acesso ao conhecimento. Sendo
assim, deve-se pensar na garantia da promoção de aulas práticas, em que o aluno possa
experimentar atividades concretas que sejam ricas, baseadas no real ou em modelos que
o representem, seguindo uma metodologia que o permita criar suas referências mentais
e adquirir noções de conceitos a partir de experiências cognitivas que possam subsidiá-
lo na construção e ampliação de seu conhecimento de mundo, uma vez que os
estudantes cegos ou com baixa visão se deparam, frequentemente, com dificuldades na
compreensão dos conteúdos escolares. Essas dificuldades são atribuídas ao
distanciamento entre as possibilidades de acesso às informações expostas em sala de
aula, acrescidas da abstração predominantemente visual desses conteúdos.
Todos esses fatores trouxeram por consequência a necessidade de transformação
na qualidade do trabalho educacional. Nesse sentido, o professor como aquele que tem
I ConProEduc e II IncluiEdu 634
diretamente contato em sala de aula com o aluno é considerado um elemento chave para
o sucesso dos processos de mudança para se chegar a uma prática inclusiva. O grande
desafio para a implementação e manutenção de uma escola inclusiva é a situação dos
docentes das classes regulares, que precisam ser capacitados continuamente de forma
efetiva para adequar sua prática educacional a uma realidade caracterizada pela
diversidade, sendo fundamental que lancem mão de estratégias diferenciadas e
adaptativas para o ensino desses alunos, valorizando e estimulando as demais
potencialidades advindas de percepções sensoriais, como o tato, a audição e o olfato,
por exemplo. Deste modo, o uso do material didático adaptado também assume a
centralidade desse processo inclusivo.
Este artigo pretende descrever quais os recursos e tecnologias podem contribuir
para a acessibilidade aos conteúdos pelo estudante com deficiência visual, apresentados
em um curso de formação para aproximadamente 40 profissionais da educação da rede
pública de um município do Vale do Paraíba Paulista. As aulas aconteceram entre os
meses de maio e junho de 2017, considerando as percepções desses profissionais sobre
os conteúdos trabalhados nessa formação e a relevância deles em suas práticas
cotidianas com estudantes com deficiência nas unidades escolares em que atuam.
A pesquisa de cunho qualitativo aconteceu a partir da observação dos cursistas
diante das propostas de atividades programadas e do uso dos diferentes recursos e
tecnologias que são essenciais para oportunizar acessibilidade aos alunos com
deficiência visual. Tendo como base os estudos de Mantoan (2003), Caiado (2003),
Masini (1994) e Nunes (2004), esse artigo argumenta que as práticas pedagógicas
utilizadas no atendimento aos alunos com deficiência devem compor um repertório
adquirido por meio de formação específica do profissional da educação, com uso de
metodologias que garantam a esses estudantes uma aprendizagem de qualidade, com a
adaptação de materiais que sirvam para facilitar e qualificar a aprendizagem dos alunos
cegos ou com baixa visão e o acesso deles aos conteúdos escolares. Fundamentado
inclusive nos estudos de Vygotsky (1995), buscamos compreender a importância da
mediação do professor no trabalho com crianças com deficiência, por meio de
atividades mediadas para proporcionar um aprendizado mais significativo e
contextualizado.
I ConProEduc e II IncluiEdu 635
A educação das pessoas com deficiência no Brasil surgiu de forma tímida, numa
tentativa de institucionalização, o que representava, no fim do século XVIII e início do
século XIX, o reconhecimento de que essas pessoas podiam também aprender, embora
somente junto com seus pares. A primeira iniciativa pública no Brasil voltada ao
atendimento de pessoas cegas se deu ainda no Império, com a inauguração do Imperial
Instituto dos Meninos Cegos, atual Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro.
Jannuzzi (2004) revela, em seus estudos, que tal iniciativa foi instituída pelo Imperador
D. Pedro II, em 1854. A estrutura e organização dessa escola seguiam modelos
estrangeiros, baseados, principalmente, no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris,
escola de onde surgira o revolucionário e libertador Sistema Braille. Apesar dessa
iniciativa inovadora, era notória a precariedade no atendimento educacional de pessoas
cegas e o isolamento social delas, mesmo quase duas décadas depois da inauguração,
conforme citado por Mazzota (1996). Ele retrata que no ano de 1872 o Instituto atendia
apenas 35 alunos, sendo que havia no país cerca de 15.848 pessoas cegas.
Segundo Lemos (2000), somente a partir da primeira década do século XX,
surgem outras instituições de educação e as primeiras de caráter profissional e de
assistência, dentre as quais, destacam-se: o Instituto de Cegos de Pernambuco
(instituição privada), em 1909 em Recife; Instituto São Rafael (instituição pública), em
1926 em Belo Horizonte; Instituto Padre Chico, (instituição privada), em 1928 em São
Paulo. Além dessas instituições de caráter educacional, surgiram também as primeiras
voltadas para profissionalização, trabalho e assistência, como Escola Profissional para
Cegos, em 1908, Liga de Proteção de Cegos no Brasil, em 1920 já extintas e União dos
cegos no Brasil, em 1925, ambas na cidade do Rio de Janeiro. Todas elas, surgiram da
iniciativa de ex-alunos, educados no Instituto Benjamin Constant.
Porém, só vemos surgir certa preocupação com a formação de recursos humanos
para o atendimento a esses alunos em 1945, com a criação do primeiro curso de
especialização, em nível médio, para formar professores especializados para o ensino de
pessoas cegas, no Instituto de Educação Caetano de Campos em São Paulo. Mas foi a
partir dos anos 70, como fruto do movimento internacional de garantia de direitos às
minorias, que surge no contexto da Educação Brasileira, a implantação de uma política
nacional de atenção às pessoas com deficiência - o Centro Nacional de Educação
I ConProEduc e II IncluiEdu 636
muitos, fazendo com que, uma maior quantidade de alunos não fosse excluída das
escolas, garantindo-lhes o direito à educação e à cidadania. Entretanto esta não foi
suficiente para garantir aos estudantes um currículo adaptado às suas necessidades, nem
mesmo estratégias docentes que levassem em conta as singularidades advindas das
necessidades de cada um. Foi então com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), que a educação especial foi
posicionada como modalidade da educação escolar transversal a todos os níveis de
ensino. Com a LDB que se começou a investir mais na formação docente, ainda sem a
prerrogativa de um atendimento mais equânime.
Outra iniciativa dos poderes públicos relacionados à formação e capacitação de
recursos humanos para o atendimento aos alunos com deficiência foi o ―Programa de
Educação Inclusiva: direito à diversidade‖ lançado em 2003. Esse Programa teve o
objetivo de promover a formação continuada de professores e gestores, disseminando a
política inclusiva, nos municípios brasileiros, buscando a transformação dos sistemas
educacionais em sistemas educacionais inclusivos (BRASIL, 2005).
Em 2006, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a Convenção dos
Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil foi signatário. No artigo 24 desse
documento, é destacada a necessidade da capacitação e formação inicial e continuada de
profissionais para atuarem em todos os níveis de ensino. Essa formação deveria
conscientizar os profissionais sobre as potencialidades das pessoas com deficiência, no
combate aos preconceitos e estereótipos (CAIADO, 2009).
Esse fato foi reforçado, em 2008, com a promulgação da Política Nacional de
Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, que traz a necessidade da
formação inicial e continuada. As diretrizes desse documento apontam que a base dessa
formação deve prever ―conhecimentos gerais para o exercício da docência e
conhecimentos específicos da área‖ (BRASIL, 2008, p. 17-18).
Em 2014, foi aprovado o novo Plano Nacional de Educação, Lei nº 13.005, de
25 de junho de 2014, destacando como uma das metas, fomentar a formação continuada
de professores para o atendimento aos alunos com deficiência, incentivando a inclusão
nos cursos de formação de educadores, produção de materiais, referenciais teóricos,
teorias de aprendizagem e dos processos de ensino-aprendizagem (BRASIL, 2014).
Embora as conquistas caminhem lentamente em direção a inclusão efetiva no
cotidiano escolar e na prática docente, as iniciativas com a criação das Políticas Públicas
discriminadas nos documentos legais e a atuação dos movimentos sociais, foram
I ConProEduc e II IncluiEdu 638
fundamentais para que chegássemos até aqui. Nesse cenário descrito, a formação de
professores ganha destaque especial. Assim, analisamos as percepções dos professores
especialistas e dos profissionais que participaram da formação acerca da deficiência
visual e o papel deles como facilitadores do acesso aos conteúdos escolares por
estudantes com deficiência visual.
O CURSO DE FORMAÇÃO
A segunda cursista, CM2, trouxe o relato de que escolheu o que comer pelo
direcionamento que teve da sua guia, mas, segundo ela, só pôde ver depois, quando
tirou a venda, que havia variedade de bolos e outras guloseimas na mesa. Continua seu
discurso afirmando que embora a sua guia tenha ajudado em lhe possibilitar a liberdade
de passar patê na bolacha e colocar café no copo sozinha, faltou descrever tudo que
havia disponível na mesa.
A terceira cursista, CM3, destaca a importância do convívio com o outro para a
conquista da autonomia:
Ela ainda faz questão de afirmar que sua guia solicitou que passasse requeijão
também no pão dela, o que contribuiu para conquistar a autonomia. Durante as
reflexões, foi possível observar algumas percepções comuns ao mesmo tempo em que
se evidencia que cada um tenha suas particularidades. Diante disso, as demais cursistas
revelaram, na maioria, que se sentiram seguras ao serem guiadas, principalmente por já
conhecerem as colegas que ocuparam a posição de guia-vidente.
No debate com os cursistas do período da tarde também ficou evidente que as
representações espaciais sofrem alterações quando estão vendados, como podemos notar
no discurso da CT1:
Já a CT3 observou que as suas percepções foram ampliadas. Ela passou a ficar
mais atenta aos movimentos ao seu redor e o aroma do café ficou mais intenso.
Nas duas turmas as participantes que foram guias-vidente das colegas relataram
que se sentiram inseguras e com receio de provocarem algum acidente, mas que
prestaram a atenção no que poderiam oferecer para que possibilitassem uma experiência
autônoma e significativa às colegas que foram vendadas. Revelaram que a dinâmica foi
fundamental para uma maior proximidade com o universo da deficiência visual.
O segundo encontro teve como destaque o sistema Braille. O objetivo foi
demonstrar como os estudantes cegos entram em contato com a informação escrita e
lida por meio do tato. Para isso a professora utilizou uma frase impressa em pontos
desenhados como representação ao sistema Braille. Ela ressalta que não houve a
necessidade de adaptar tal tela ao aluno cego, visto que diante de uma informação
inacessível para a maioria, ele também estaria vivenciando a falta dessa acessibilidade
de uma maneira diferente. A frase continha a seguinte informação: "Levante o seu braço
direito". Se assim alguém o fizesse, este seria conhecedor do sistema Braille.
Para a turma da manhã, nenhum cursista executou a tarefa, enquanto que na
turma da tarde, apenas duas cursistas levantaram o braço, demonstrando que leram
corretamente a escrita pontográfica. Em seguida, foi apresentada a mesma tela com a
devida transcrição para a grafia convencional. A aula prosseguiu com uma explanação
sobre o panorama do sistema Braille no Brasil e no mundo, desde sua criação aos dias
de hoje, pois esse sistema é o meio mais comum de aprendizagem de leitura e escrita
para alunos com deficiência visual.
I ConProEduc e II IncluiEdu 642
Segundo Lemos (et al. 1999), esse sistema, quando comparado a todos os demais
inventados para a leitura e a escrita de pessoas cegas, destaca-se pela sua eficiência e
facilidade na substituição da palavra impressa em tinta ou manuscrita, utilizada pelas
pessoas normovisuais. Ainda afirma que a palavra em Braille significa para a pessoa
cega o que a palavra em tinta significa para a pessoa que vê. Foi assim que a professora
demonstrou as letras do alfabeto em Braille por meio de materiais que representaram os
pontos em escala ampliada, bem como pelo uso de pinos para a escrita em tábua de
madeira. As pessoas que enxergam conhecedoras desse sistema, raramente efetuam a
leitura tátil, mas sim, realizam a leitura visual, o que é justificável segundo a professora,
visto que, na sua maioria, não possuem a mesma sensibilidade e discriminação do tato
que as pessoas cegas.
Por esse motivo foi que a professora priorizou atividades de leitura visual e de
transcrição Braille, sendo que para a primeira atividade solicitou a transcrição de 45
palavras, compostas inicialmente pelas letras do alfabeto simples. Para isso, entregou
um cartão contendo o modelo das letras em Braille impressas e a letra correspondente
em tinta para que pudessem consultar nessas primeiras descobertas. Em seguida
distribuiu dois caça-palavras, indicando que este não poderia ter as letras do tabuleiro
transcritas, mas poderiam consultar o cartão. Caso as letras fossem transcritas, a
atividade perderia seu real valor. Apesar disso, a ansiedade de algumas alunas fizeram
com que elas burlassem a regra, revelado pela transcrição dos tabuleiros. O caça-
palavras tem por finalidade uma maior assimilação das letras isoladas ou agrupadas,
repertório que depende do reconhecimento do valor dos pontos salientes em contraste
com os espaços vazios. No primeiro caça-palavras os cursistas deveriam encontrar dez
comidas e no segundo, quatorze animais. Para a turma da manhã, também foi possível
realizar um terceiro caça-palavras, contendo dez nomes de flores. Este último foi
apresentado em forma gráfica, sem o tradicional relevo.
Os cursistas, de ambas as turmas, relataram maior facilidade para executar a
tarefa da transcrição das 45 palavras, enquanto que os caça-palavras trouxeram maior
dificuldade, justamente pela não assimilação simultânea com a grafia em tinta
conseguida pelo ato da transcrição, motivo pelo qual alguns se anteciparam em
transcrever as letras.
Na terceira aula a professora trabalhou as questões da grafia Braille por meio de
um bingo, cujas cartelas continham um total de nove nomes de animais distribuídos em
3 colunas. Os cursistas também sortearam algumas palavras e fizeram a leitura das
I ConProEduc e II IncluiEdu 643
mesmas em voz alta. A atividade foi proposta para contribuir para uma leitura mais
veloz e mais precisa. Em seguida ela apresentou algumas regras de composição de
textos, tais como centralização de títulos, parágrafos, pontuações, letras maiúsculas e
em caixa alta. Além disso demonstrou a formação dos numerais de 0 a 9. Os cursistas
divertiram-se muito com o bingo e se surpreenderam ao transcreverem um texto
inteirinho, comprovando que o aprendizado da leitura em Braille já havia se
consolidado. Nesse momento, muitos deles já não precisavam recorrer com tanta
frequência aos cartões que continham o desenho da simbologia associada às letras e já
transcreviam mais livremente, apoiando-se no contexto de formação das frases.
Tais atividades foram planejadas levando em conta o processo de aprendizagem
do Braille baseado no reconhecimento das letras isoladamente, das letras agrupadas em
palavras, e das palavras formando sentenças, estratégia que precisa também ser aplicada
ao ensinar Braille para os estudantes com deficiência visual.
Ainda nessa terceira aula, assim que essas questões foram pontuadas e após
terem socializado as experiências da transcrição, a professora deu início a uma nova
abordagem. Dessa vez tratou-se do recurso da audiodescrição.
De acordo com Motta (2015), a audiodescrição no contexto da educação
contribui para que as crianças tenham acesso às imagens que pertencem ao universo
escolar, torna-se assim, de suma importância situar a audiodescrição no contexto
nacional. A autora conceitua o recurso como sendo uma tradução de imagens que
amplia o entendimento das pessoas com deficiência visual em eventos culturais,
gravados ou ao vivo, como: peças de teatro, programas de TV, exposições, mostras,
musicais, óperas, desfiles, espetáculos de dança, eventos turísticos, esportivos,
pedagógicos e científicos tais como: aulas, seminários, congressos, palestras, feiras e
outros, incluindo o material didático, por meio de informação sonora.
Nessa aula, porém, os cursistas tiveram contato com uma obra estática e outra
dinâmica, ambas sem e também com o recurso da audiodescrição. Para as atividades
práticas, a professora solicitou que todos os cursistas fechassem os olhos e ouvissem um
comercial sem audiodescrição, com duração aproximada de 60 segundos. Notou-se que
somente com a trilha sonora não foram capazes de criar uma interpretação coerente ao
que estava sendo apresentado. Em seguida, assistiram à mesma peça publicitária, ainda
sem audiodescrição. A tarefa consistia na anotação dos detalhes que consideravam mais
relevantes para, que posteriormente pudessem criar uma audiodescrição coletiva,
somando os elementos anotados por cada um.
I ConProEduc e II IncluiEdu 644
socialização das atividades serviu para que os cursistas pudessem manusear e conhecer
diferentes propostas de adaptações.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
LEMOS, E.R. et al. Louis Braille: sua vida e seu sistema. 2ed. São Paulo: Fundação
Dorina Nowill para cegos, 1999. Disponível em:
<http://www.ibc.gov.br/media/common/Downloads_Livros_Louis%20Braille%20sua%
20vida%20e%20seu%20sistema.txt<. Acesso em 03 jul. 2017.
I ConProEduc e II IncluiEdu 647
______. A Educação dos Cegos. Contato: Conversas sobre Deficiência Visual. ano 4,
número 6, p. 9-19, setembro 2000. Digitalizado.
MANTOAN, M.T.E. Inclusão escolar: o que é? porquê? como fazer? São Paulo:
Editora Moderna, 2003.
VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 3ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
______. Historia del desarrollo de las funciones psíquicas superiores. Obras
Escogidas. Tomo III. Madri: Visor, 1995.
RESUMO
INTRODUÇÃO
OBJETIVO GERAL:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
METODOLOGIA
23
As aulas foram ministradas duas vezes por semana, sendo 45 minutos a hora /aula, mais 15 minutos de
momentos para reflexões em grupo. Totalizando 1hora/aula.
I ConProEduc e II IncluiEdu 651
1. Primeira Etapa:
1.1. Apresentação do projeto;
1.2. Palestra sobre as novas tecnologias e o uso do computador;
1.3. Arquitetura do Computador; Hardware; Periféricos; Softwares
2. Segunda Etapa:
2.1. Aulas de apoio técnico - noções básicas de utilização do computador e
principais periféricos;
2.2. Software Básico: Windows; Criar pastas; copiar; renomear;
2.3. Editor de Texto: Word; Comandos básicos
3. Terceira Etapa:
I ConProEduc e II IncluiEdu 652
4. Quarta Etapa:
4.1. Noções básicas sobre Power Point
4.2. Slides; Apresentação; Animação;
5. Quinta Etapa:
5.1. Noções básicas sobre internet;
5.2. Organização;
5.3. Arquitetura, Correio Eletrônico
5.4. Pesquisa na internet.
5.5. Workshop de fechamento do projeto com a apresentação dos trabalhos
dos participantes.
RESULTADOS
Perfil Acadêmico
Perfil dos participantes
E Superior com 20%
81 - 90
3% E Superior inc 30%
E Fund com 7%
Desempenho MS Word
MS- Excel
Internet Explorer
Power Point
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
I ConProEduc e II IncluiEdu 656
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2008.
KACHAR, Vitória (org.). Longevidade: um novo desafio para a educação, São Paulo:
Cortez, 2001.
NEGROPONTI, Nicholas. A vida digital. São Paulo: Companhias das Letras, 1995.
INTRODUÇÃO
24
A psicologia, conceitua a percepção como a função que permite ao organismo receber, elaborar e
interpretar a informação que chega do meio circundante através dos sentidos. Traz como uma de suas
finalidades a observação do mundo, um processo de se extrair informações sobre aquilo que acontece ao
redor do indivíduo.
I ConProEduc e II IncluiEdu 658
Os dados levantados, sobretudo por meio dos estudos bibliográficos indicam que
em alguns momentos da história da educação, a legislação e os educadores
reconheceram o valor do ensino propedêutico, mas colocaram como foco o ensino
profissionalizante e, em outros períodos, embora o ensino profissionalizante gozasse de
maior reconhecimento no processo formativo, o foco foi o ensino propedêutico. Um
exemplo dessa situação pode ser observado na Lei n° 5.692/71 que regulamentou o
ensino profissional, tornando-o obrigatório para todos os estudantes e, no Decreto n°
2.208/97 que proíbe a integração entre ensino médio e profissionalizante.
Atualmente, o Ensino Médio tem sido tema importantes discussões diante da
perspectiva de reforma, questões curriculares relacionada à essa etapa da educação
básica surgem com foco principalmente na formação profissional contrapondo-se ao
foco no prosseguimento dos estudos.
A integração do ensino médio com o ensino profissionalizante traz marcas dessa
dicotomia e enfrenta o grande desafio de tratar de forma integrada essas duas
modalidades de ensino, que tendencialmente foram relacionadas de forma antagônica. A
superação da visão dicotômica que opõe o ensino propedêutico ao profissionalizante
caminha em direção para que o Estado garanta as duas modalidades de forma
indissociável, e que o cidadão possa escolher a opção de seu interesse.
Como metodologia para realização desta pesquisa, foi adotada a abordagem
qualitativa e os dados foram coletados por meio de revisão de literatura e completados
por entrevistas semiestruturadas com professores que atuam na modalidade estudada.
Foram entrevistados sete professores que atuam no Ensino Médio Integrado nos
diferentes cursos oferecidos na unidade pesquisada aqui denominada simplesmente
Escola Técnica Estadual - ETEC.
I ConProEduc e II IncluiEdu 659
Local da Pesquisa
A dualidade que marca o inicio das discussões sobre o ensino médio perpassa o
seu desenvolvimento e se expressa nas diversas reformas subsequentes. Em alguns
momentos percebe-se a preponderância da tendência que prega um ensino médio
voltado para a formação de mão de obra para o mercado de trabalho como é o caso da
I ConProEduc e II IncluiEdu 662
Nas discussões sobre o ensino médio, a voz dos professores que atuam nessa
etapa é praticamente ausente, no entanto ouvir esses profissionais pode trazer
contribuição importante e nesse sentido essa pesquisa busca criar espaço para que esses
professores sejam ouvidos
A fala dos professores sobre integração de modo geral apontam a existência de
separação entre o conteúdo do ensino médio e que não se articula com a formação
profissional, alguns professores argumentaram que geralmente os docentes da base
comum do ensino médio lecionam nos três cursos oferecidos pela escola, porém poucos
conhecem o conteúdo dos componentes técnicos e que os professores da base técnica,
lecionam somente no curso de sua formação profissional, e ficam restritos ao conteúdo
I ConProEduc e II IncluiEdu 665
da formação técnica que lecionam, e essa seria uma das dificuldades enfrentadas para a
integração entre os componentes. Vejamos alguns discursos:
educacionais com relação a maturidade para escolha profissional, conforme cita em seu
texto,
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARCÍLIO, Maria Luiza. História da escola em São Paulo e no Brasil. 2. ed. São
Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Instituto Fernand Braudel de
Economia Mundial, 2014.
I ConProEduc e II IncluiEdu 671
SILVA, Jair Militão. Educação escolar e trabalho no Brasil: o Ensino Médio. In:
MENESES, João Gualberto de Carvalho et. al. Educação Básica: políticas, legislação e
gestão: leituras. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
INTRODUÇÃO
Como é sabido o hábito da leitura não é natural, portanto, não basta colocar o
livro na mão de alguém e determinar que ele seja um leitor. Nesse sentido, a escola é
lugar privilegiado, pois dispõe de ferramentas para construir um leitor proficiente.
Concordamos, porém, que leitura e literatura sejam processos sempre em
construção, e, como tal, em constante transformação. Dessa forma, entende-se que, se
realmente se quer um leitor e não um decifrador de códigos, é necessário rever as
relações entre professor e aluno, literatura e criança, interesses do ensino e da
aprendizagem.
Isso posto, o texto em questão apresenta apenas um recorte de uma pesquisa,
cujo objetivo foi analisar a Sala de Leitura em quatro escolas da rede municipal de
ensino de São Paulo a partir dos olhares das Professoras Orientadoras das respectivas
salas.
Portanto, nesse artigo apresentaremos alguns aspectos das entrevistas
realizadas com as professoras das Salas de Leitura, pois, a partir dos olhares das
Professoras Orientadoras de Sala de Leitura (POSLs), buscou-se entender como essas
profissionais constroem condições para que a literatura converse com a comunidade
educativa.
Ademais, que compreensão as professoras das Salas de Leitura têm a respeito do
lugar da SL no contexto escolar, no que se refere ao trabalho de mediação de leitura
literária, que olhar essas professoras têm da e para a SL.
Nesse excerto expomos a base teórica sobre a qual a pesquisa está pautada para
discutir o conceito de literatura, sendo os autores fundantes: BOSI, (2016); CANDIDO,
(1995, 2000); COUTINHO, (1997); MOISÉS, (2006); PAZ, (1990).
I ConProEduc e II IncluiEdu 673
O QUE É LITERATURA
Nesse sentido, esse ―órgão de conhecimento‖, é o que nos permite ter a experiência da
outridade,
I ConProEduc e II IncluiEdu 675
Assim, para Paz, poesia e sociedade estão intrinsecamente ligadas, bem como
sua inerência ao ser humano, pois, ―Uma sociedade sem poesia careceria de linguagem‖
e, ―Uma poesia sem sociedade seria um poema sem autor, sem leitor e, a rigor, sem
palavras‖ (1990, p. 96). Porém, embora interdependentes, a sociedade forja a poesia,
mas o contrário, a poesia que denuncia a sociedade e a transforma, ―ainda não está à
vista‖.
Ao afirmar que viver a literatura ainda não é uma realidade, ou, seja, ―a
conversão da sociedade em comunidade e do poema em poesia prática‖ (1990, p. 97),
ressalta a dificuldade de homens e mulheres construírem uma sociedade harmônica e
igualitária. Aliás, nesse sentido, Paz pinta um quadro negro da sociedade moderna,
―vamos de nenhum lado a nenhuma parte‖ (p. 98). Mas, ao afirmar que todo poema é
―coletivo‖ e que a poesia exige uma espécie de ―intrepidez espiritual, um
desprendimento que também é uma des-envoltura‖ (p. 115), ressalta que, embora
contraditório, o compromisso com a literatura não é de uma só pessoa, mas da
humanidade.
Nessa linha de argumentação, em que sociedade e literatura não se desvinculam,
o crítico literário Antônio Cândido esclarece,
Colomer (2007) nos relata que no Plano Educativo de 1825, na Espanha, já havia a
indicação da literatura no ensino, no caso, as Fábulas de Saramiego. Um século depois
Quixote entrou para o currículo como leitura obrigatória. Fazemos aqui um recorte sem
nos remetermos à Antiguidade.
Em meados do século XIX, os ―livros escolares‖, livros especialmente escritos
para o uso escolar, os quais reuniam escritos literários, geralmente fragmentos,
invadiram a escola. Em alguns países, as ―novelas escolares‖, narrativas extensas e
coesas, também foram muito utilizadas. Uma delas, Coração, de Edmundo de Amicis,
tornou-se um símbolo de identidade dos italianos que emigraram para a Argentina, e,
nas séries mais avançadas, se privilegiava a leitura dos autores gregos e latinos na
língua original. Porém, a função da literatura nesse caso sempre foi muito clara, o
ensino da moral, do patriotismo, modelo para o bem falar e o bem escrever (
COLOMER, 2007).
A literatura assim ―ensinada‖ na escola, refém de um sistema educacional
coercitivo pautado na concepção tradicional de ensino ou educação bancária, assim
definida por Paulo Freire, deixou um saldo desalentador no que diz respeito ao prazer
pela leitura.
No entanto, não é recente o discurso escolar que defende o acesso dos estudantes
a livros adequados a sua idade. O empréstimo, a leitura 2 vezes por semana em voz alta
para os alunos, são exemplos de orientações de programas oficiais franceses datados de
1882. Na Espanha, correntes de renovação escolar do início do século XX
recomendavam a leitura direta das obras, o uso da biblioteca fora do horário de aula de
maneira recreativa (COLOMER, 2007).
Dessa maneira, a Europa importou dos Estados Unidos o modelo de biblioteca
infantil, o qual veio acompanhado de uma nova concepção escolar de leitura de
I ConProEduc e II IncluiEdu 679
Embora seja ficção, o discurso do narrador traz à baila um outro discurso, o uso
pedagógico da literatura, e, como vimos anteriormente, a literatura não está dissociada
da realidade; portanto, como nos lembra Bosi, pode refletir as convenções sociais de
uma época, lembremos que o romance é de 1872, e retrata bem a sociedade do século
XIX, inclui-se aí o modelo de escola tradicional, ―No seminário o menino Eugênio era
um exemplo de boa conduta e aplicação. Cordato, dócil e obediente depressa granjeou a
benevolência e estima dos padres [...]‖ (p. 17).
Em Minha escola, poema de Ascenso Ferreira, temos outro exemplo no qual o
eu lírico faz a comparação entre os prazeres da vida de menino fora da escola, com seus
jogos, brincadeiras, banho de rio e ―Do outro lado, aquela tortura: / ―As armas e os
barões assinalados!‖, comparando a escola à prisão. Novamente a ideia da escola
repressora e a presença do texto literário desconexo da realidade e do interesse da
criança, com uma abordagem totalmente diversa daquela que deveria incentivar o prazer
da leitura, aliás, o que se observa é exatamente o oposto, o asco pela leitura.
Saindo da ficção, as autoras trazem as memórias de Graciliano Ramos a respeito
da leitura escolar de Camões:
Percebe-se, então, que tanto na ficção como nos relatos dos escritores, a
concepção utilitária da leitura acaba por afastar o leitor, que cria verdadeiro horror à
literatura. Empiricamente, observamos esse mesmo comportamento, pois é comum se
ouvir de um adulto que detesta Dom Casmurro e não tem a menor pretensão de tentar se
aproximar da leitura deste ou de quaisquer outros clássicos, e não está disposto a
descobrir se há algum prazer na leitura, pois as lembranças que guarda de um Machado
de Assis, de um Álvares de Azevedo, de um Castro Alves, são as mais traumáticas de
sua vida escolar.
Nas lembranças de Graciliano Ramos, ―abominei Camões‖, e Ivo, ―antes ele era
para mim mais temível que o próprio Adamastor‖, percebe-se o quanto pode ser
prejudicial uma abordagem inadequada da literatura. A esse respeito escrevem Lajolo e
Zilberman (1996, p. 205): ―Aparentemente não por acaso o poeta português tornou o
uso que dele se fez na escola brasileira sinônimo de um certo tipo de ensino [...]‖, ou
seja, o que deveria ser uma leitura prazerosa, cheia de descobertas e possibilidades foi
reduzida a mero modelo do bem escrever.
E mais, as autoras escrevem, ―[...] ou então da valorização de um cânone pouco
a fim às experiências e anseios da juventude estudantil‖. Assim, se a apresentação de
uma obra literária for com vistas a uma prática voltada para a educação bancária, para o
ensino de outras áreas do conhecimento ou a obrigatoriedade da apresentação de
clássicos sem a devida sondagem do meu público leitor, que, talvez, num determinado
momento de imaturidade literária não esteja ainda pronto para receber a obra em
questão, o que deveria ser instigante na formação do leitor acaba por surtir efeito
contrário e pode matar um leitor ainda no nascedouro.
Porém, algumas vezes, como é o exemplo dos escritores citados, há a
oportunidade de voltar à leitura com outros olhos, descompromissados das obrigações
escolares impingidas à obra literária, pode-se recuperar o encantamento que a literatura
proporciona. No entanto, muitas vezes não se dá nova chance aos tão temíveis textos de
serem lidos novamente, o tempo da leitura literária acaba se perdendo e não se
oportuniza esse tempo.
I ConProEduc e II IncluiEdu 682
Assim, concordamos com Colomer (2007), quando diz que muitas vezes pode
não haver outros momentos para recuperar as leituras, para novas apresentações, pois
pode ser tarde demais para os que poderiam ser leitores.
Nesse caso, a escola deixa de utilizar uma importante ferramenta, ou melhor,
deixa de potencializar seu uso em detrimento de outros saberes, e não oferece ao aluno
aquilo que a literatura tem como essência: a sua dimensão humanizadora.
Pensamos que o ensino da literatura na escola se não é o mais importante ao
menos é o mais capacitado para alavancar outros saberes, porém, e esse alerta deve ser
constante, esse não é o fim da literatura, mas uma consequência natural. Entretanto, o
contato dos alunos com os textos literários deve ser de forma prazerosa e não coercivo
com cobranças que levarão a beleza e a riqueza da leitura para segundo, terceiro ou, na
maioria das vezes, para plano nenhum.
Dessa forma, concordamos com Colomer em relação à questão: qual a função da
literatura na escola?
Nesse sentido, a leitura literária é capaz de criar condições para que, sem o fardo
da obrigatoriedade, o aluno/leitor percorra seu próprio caminho de acordo com as suas
necessidades, seus anseios. Afinal, ―Um professor de leitura é, simplesmente, uma voz
que conta; uma mão que abre portas e traça caminhos entre a alma dos textos e a alma
dos leitores.‖ (REYES, 2012, p. 28). Entre caminhos e descaminhos a educação segue
avançando na busca de uma escola que deixe de desempenhar o papel de reprodutora e
passe de fato a transformadora.
Porém, não podemos esquecer seu caráter pedagógico, uma vez que estamos
falando da leitura que acontece na escola e o professor não pode se furtar a sua
obrigação. Entendemos que ―Literatura não brota como a nascente de um rio‖ [...].
Literatura é trabalho com a palavra, com o pensamento. Trabalho exaustivo de uma
sensibilidade que se compromete com a existência humana [...]. (BAPTISTA, 2012, p.
53), mas é preciso ir além do trabalho com as palavras para se chegar à sensibilidade.
I ConProEduc e II IncluiEdu 683
CONSIDERAÇÕES
Freire, citando Furter, diz que tomar consciência de nossa plena humanidade é o
que consiste o humanismo, e, ainda, isso se constitui em ―condição e obrigação‖.
Porém, se ninguém conscientiza ninguém, sozinho tampouco isso é possível, ―ninguém
desvela o mundo ao outro e, ainda quando um sujeito inicia o esforço de desvelamento
aos outros, é preciso que estes se tornem sujeitos do ato de desvelar‖ (FREIRE, 1987, p.
105).
E ainda, ―O desvelamento do mundo e de si mesmas, na práxis autêntica,
possibilita às massas populares a sua adesão‖ (FREIRE, 1987, p. 105). Nesse sentido,
para uma educação realmente humanizada e libertadora, ―o que se há de fazer é propor
aos oprimidos os slogans dos opressores, como problema, proporcionando-se, assim, a
sua expulsão de ‗dentro‘ dos oprimidos‖ (FREIRE, 1987, p. 54). Para tal, a literatura,
que sempre foi tida como um produto da e para a elite, torna-se uma fonte inesgotável
de elementos para questionamentos.
Diante disso, as perguntas – Literatura para quê? A favor de quem? – deveriam
nortear o ensino de literatura. Ao menos, é o que se espera de uma escola que tem por
meta a busca pela educação integral do aluno, e, pensamos que a literatura, enquanto
―direito inalienável‖ do ser humano, pode ser um caminho para o desenvolvimento
pleno do sujeito em formação.
Observando-se a trajetória do ensino da literatura percebe-se que tanto na
Europa quanto no Brasil houve um caminhar para que a literatura na escola realmente
cumpra seu papel. As conquistas que a Europa conseguiu ainda estão em avanço aqui.
Lá, o hábito da leitura já está consolidado, aqui, estamos em estágio bem mais atrasado
em relação à Europa, talvez isso explique a tão propalada falta de ―gosto pela leitura‖.
Além do mais, é corriqueiro se ouvir do senso comum que o brasileiro não é
afeito à leitura, e, principalmente, que o jovem de hoje não lê. No entanto,
I ConProEduc e II IncluiEdu 684
corroboramos a opinião de Baptista (2012, p. 65), ―Um bom leitor é ‗construído‘ a partir
do momento em que ele, de alguma forma, encontre sentido, significado, valores,
naquilo que lê‖.
Diante disso, entendemos que a maneira de se ensinar literatura na escola é que
vai fazer a diferença. Como dissemos anteriormente, não se trata de incluir a literatura
no currículo escolar, pois ela sempre esteve presente, e sim de se ter um novo olhar para
o seu ensino; a literatura, assim, é um paradoxo que não trata de ensinar nada, mas pode
ensinar muito, despertar curiosidades, a busca pelo autoconhecimento, tudo sem a
menor pretensão.
Entretanto, pensamos que não há que se falar em falta de algo daquilo que ainda
não se apropriou, estamos caminhando, estamos no processo. Insistimos que se trata
muito mais da abordagem, do estímulo, que do ―gosto‖ ou ―desgosto‖ pela leitura.
Porém, isso não se dá de imediato e nem de forma tranquila, reforçado por um
lado pela concepção de leitura utilitária, a visão do senso comum de inutilidade da
literatura e, do outro, a tendência do professorado impregnado do modelo tradicional de
escola, que afinal se manteve por séculos, e, diga-se de passagem, ainda se percebe
resquícios desse modelo, por isso, o ensino da literatura na escola é um desafio.
Assim, entre avanços e permanências se chega a um consenso entre o quê, para
quê e o como fazer no ensino da literatura, ainda que se esteja no processo, estamos
caminhando e o Projeto Sala de Leitura da prefeitura municipal de São Paulo comprova
que estamos no caminho certo, rumo a uma educação humanizadora, que compreende o
sujeito em toda a sua amplitude e a literatura como poderosa ferramenta que possibilita
a apreensão e transgressão da realidade posta.
REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Ana Maria Haddad. Educação, Ensino & Literatura: propostas para
reflexão. 2ª ed. São Paulo: Arte-Livros, 2012.
CANDIDO, Antônio. Vários escritos. 3. ed. São Paulo: Duas Cidades. 1995.
COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. Trad. Laura
Sandroni. São Paulo: Global, 2007.
FREIRE. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
MOISÉS, Massaud. A criação literária: prosa I. 20. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
REYES, Yolanda. Ler e brincar, tecer e cantar – literatura, escrita e educação. Trad.
Rodrigo Petronio. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.
I ConProEduc e II IncluiEdu 686
RESUMO
INTRODUÇÃO
o histórico da EaD, indicam que estamos na quarta geração desta modalidade, geração
que faz uso dos seguintes meios de comunicação: ―correio eletrônico, chat, computador,
internet em banda larga, interação por vídeo e ao vivo, videoconferência, fax e papel
impresso.‖
Dentre os pontos positivos desta modalidade de ensino, Brenner (2014, p. 1171)
destaca: a abertura de novas modalidades de promoção de educação, o fato de que a
EaD possibilita a diminuição das distâncias, resultando em economia de tempo e
dinheiro tanto para as instituições quanto para os alunos e a individualização da
aprendizagem, fazendo com que o aluno seja gestor do seu tempo. No entanto, alguns
pontos negativos também devem ser citados: dificuldades dos alunos no uso dos meios
tecnológicos; produção de materiais didáticos feita de maneira não contextualizada;
insuficiência no atendimento às necessidades dos alunos; distanciamento entre os
participantes gerado pela massificação do conhecimento, em detrimento das questões
pedagógicas.
Diante disso, a questão central que culminou neste artigo foi: como promover
em um ambiente virtual, a reflexão docente sobre a importância de um ensino musical
inclusivo, que atenda à diversidade de forma ampla, reconhecendo as características dos
grupos e as necessidades e potencialidades de cada aluno?
A necessidade, então, foi a de organizar a disciplina de modo a favorecer estas
discussões e reflexões, visando a participação efetiva dos alunos. Dentre os objetivos
específicos podemos destacar:
Na EaD, as interatividades, sejam por meio dos fóruns ou mesmo dos chats, têm
como propósito promover uma aproximação entre os participantes, incentivando a
construção de conhecimento de forma coletiva, com base nas experiências pessoais e
profissionais de cada participante e no escopo teórico da disciplina em questão. Podem
ser síncronas - quando a comunicação acontece em tempo real - ou assíncrona - quando
cada participante apresenta sua postagem em momentos diferenciados, sem a
necessidade de estarem conectados ao mesmo tempo. (RODRIGUES; CAPELLINI,
2012).
Na disciplina Música e Educação Especial, utilizamos os fóruns de discussão
como ferramenta de interação assíncrona, sendo que os mesmos ocorreram a partir dos
I ConProEduc e II IncluiEdu 691
A ATUAÇÃO DOCENTE
Esta postagem destaca a importância de uma atuação que tenha clareza dos seus
propósitos pedagógicos, sempre visando o desenvolvimento dos seus alunos e buscando
condutas que, verdadeiramente, sejam favorecedoras da inclusão. Vejamos outra
postagem:
A expressão ―café com leite‖, também comentada por Amaral (1998), nos faz
pensar que, em muitas situações, os alunos com deficiência acabam não sendo
estimulados, talvez por um entendimento, ainda que subjetivo, de que não têm
condições de avançar. Na análise da atuação docente, este é um ponto essencial, sendo
que todos os detalhes devem sempre ser observados. O educador deve ter clareza das
suas concepções, pois estas embasarão todas as suas ações. Assim, investir na reflexão
sobre a ação pedagógica, neste sentido, é essencial para que possamos dissolver alguns
paradigmas tão fortemente instalados, visando promover avanços significativos na
qualidade do ensino de Música.
I ConProEduc e II IncluiEdu 695
SOBRE INCLUSÃO
Este é um tema que está sempre presente nas discussões da Educação Musical e
que, quando o relacionamos com a aprendizagem musical das pessoas com deficiência,
traz à tona o entendimento, no senso comum, de que para estudar música é necessário
ter talento inato. Diante deste pensamento, e partindo de uma ideia preconceituosa e que
generaliza a deficiência, parece que as pessoas com condições diferenciadas de
aprendizagem não podem ter acesso a esta linguagem artística.
Esta concepção errônea é derivada de uma ideia de Educação Musical que
prioriza aspectos técnicos, voltados quase que exclusivamente para a performance
instrumental, concepção esta que não está de acordo com o pensamento atual sobre a
área. Gainza (1988) nos oferece uma importante contribuição neste aspecto, ao indicar
que os professores devem ter ações para que a música esteja ao alcance de todos,
desmistificando a ideia de que ―(...) música é patrimônio de uns poucos eleitos.‖
(GAINZA, 1988, p. 98).
No fórum de discussão, este assunto emergiu naturalmente, sendo que um dos
alunos da disciplina apontou:
I ConProEduc e II IncluiEdu 697
experimental, sendo este mais importante do que o produto final apresentado. Além
disso, tal perspectiva a torna muito mais acessível e, consequentemente, mais inclusiva.
A este respeito Soares ( 2015) destaca que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Também perpassou a ideia de que a Música, por sua vez, é uma linguagem
artística, socialmente construída, presente em todas as culturas e que acompanha a vida
humana em todos os seus momentos, desde o nascimento até a morte. Já se sabe do seu
valor como bem imaterial e dos benefícios que oferece para o desenvolvimento de
aspectos neurológicos, fisiológicos, psicológicos, pedagógicos e, claro, culturais e
artísticos. (GAINZA, 1988; FONTERRADA, 2008; SOARES, 2016; PENNA, 2015).
Desta forma, é inegável a capacidade humana de desenvolver a sua musicalidade, sendo
responsabilidade do educador oferecer as ferramentas necessárias para este
desenvolvimento.
Assim, entendendo o potencial da Música como ferramenta socializadora e
humanizadora, constatamos sua importância no desenvolvimento integral de todas as
pessoas e ressaltamos a necessidade de que ela esteja cada vez mais acessível, nos
diferentes espaços e para os diferentes segmentos da sociedade.
Cabe destacar, ainda, que a reflexão coletiva sobre a inclusão também colabora
com a minimização dos preconceitos existentes em relação às pessoas com deficiência.
A postagem apresentada a seguir serve de exemplo para este apontamento:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, S. G. O aluno ―em inclusão‖ no discurso docente. São Paulo, s.n. 2016.
Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Educação. Área de
concentração: Psicologia e Educação. - Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo.
I ConProEduc e II IncluiEdu 700
PENNA, M. Música(s) e seu ensino. 2.ed.rev.e ampl. - Porto Alegre: Sulina, 2015
________________. Educação Musical para todos e para cada um: reflexões sobre a
educação inclusiva. IN Educação: dossiê: estudos interdisciplinares em Educação
Musical - Revista Científica do Claretiano - Centro Universitário-. v. 6, n. 2 (jul./dez.
2016).-Batatais, SP, Claretiano, 2016, p. 181-191. ISSN 22376011. Disponível em
https://claretiano.edu.br/revista/90/dossie-estudos-interdisciplinares-em-educacao-
musical. Acesso em 02 out. 2017.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
John Dewey: obra: ―Arte como Experiência‖. O autor aborda como a ideia de
experiência é de fundamental importância para o ensino das artes e suas linguagens. De
acordo com Dewey (1980) a educação leva em conta a velocidade das transformações
no mundo moderno e contemporâneo, entendendo que somos ativos no ambiente em
que vivemos. Além disso, concebe a estética como algo presente na vida cotidiana, e
considera que uma experiência estética prescinde da linguagem artística. Assim, é
possível dizer que, para Dewey (1980), o mundo é repleto de eventos estéticos com os
quais nos relacionamos ativamente.
Teca (Maria Teresa) Alencar de Brito: obra: ―Música na educação infantil:
propostas para a formação integral da criança‖. A autora elucida a respeito de sugestões
práticas e reflexões teóricas quanto aos possíveis caminhos para a educação musical,
focando no trabalho com crianças a partir dos quatro anos de idade. Tal através da
utilização de: fontes sonoras; sonorização de histórias; jogos de improvisação;
elaboração de arranjos; construção de instrumentos, dentre outros.
Com base nas leituras realizadas, a musicalização deve ocorrer de forma
intuitiva em que:
jogo segue a construção do pensamento representativo; c) jogo com regras proposto por
Piaget está relacionado com a estruturação da linguagem musical.
O trabalho alvitrado por Delalande (1979) pode ser iniciado empregando os sons
corporais da criança, em que a mesma pode bater com as palmas das mãos em seus
braços, pernas, sua barriga, encher suas bochechas com ar e baterem sua bochecha,
dentre outros. Todas essas ações emitem sons graves (som mais ―grosso‖) e agudos
(mais fino).
Tais sons podem ser trabalhados em jogos ou até com os sons que emitimos ao
dizermos as letras do alfabeto, como, por exemplo, se uma letra tem o som mais grave
ou mais agudo, e confrontar com o som que foi emitido por determinada região do
corpo, realizando ligação direta daquela atividade com os sons e o aprendizado das
letras do alfabeto.
Delalande (1979) apresenta que a noção de ritmo também é demasiado
importante e para isso deve ser utilizado alguns instrumentos musicais, que podem ser
adquiridos/comprados ou construídos, como, por exemplo, ocarinas (instrumento de
sopro que emite sons graves e agudos), chocalhos, pandeiros e apitos. Estes
instrumentos visam desenvolver na criança sua noção rítmica.
No caso do docente dominar algum instrumento musical, como violão ou piano,
este pode acompanhar percussivamente a ação das crianças, ou pode cantar alguma
canção, sendo que, nesse último caso, qualquer pessoa é capaz e tem conhecimento para
fazê-lo, em que esta mediação docente irá contribuir para o desenvolvimento rítmico
das crianças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
fim de que ocorra a construção da paisagem sonora, ou seja, quais serão os caminhos a
serem cursados pelas crianças em suas investigações e produções sonoras?
Portanto, a primeira análise a ser realizada contará com os pensamentos de
Foucault (2010), ou seja, em relação ao poder disciplinador implicado ao corpo em que
será verificado se as músicas são usadas em geral para o controle do movimento das
crianças, por exemplo, músicas que ordenam uma ação planejada em que estas formam
filas/‘trenzinho‘ para ir da sala ao refeitório, do refeitório para a quadra/parque, bem
como para guardar os brinquedos, e além de músicas que visam que os pequenos fiquem
sentados reproduzindo gestos de canções.
Observa-se que na história da Educação no Brasil o destaque sempre fora o de
‗manter a ordem‘, assim como aponta Loureiro (2003) em que, para a escola, o que
priorizava era empregar o canto como forma de controle e integração dos alunos, desta
forma, pouca ênfase era atribuída aos aspectos musicais sob um ponto de vista
pedagógico.
Com isso, objetiva-se descobrir a perspectiva de educação que permeia o
ambiente de creche. Será que é ensinar regras de convivência sob uma perspectiva
tecnicista sem que a criança reflita, sem que questione, podando sua criatividade e
autonomia? Será que é para conter o brincar, o correr e para que ela aprenda desde a
tenra idade a obedecer, a conter seu corpo para poder ‗viver socialmente‘? Caso estas
indagações se confirmem, como então mudá-las para haver o não controle do
movimento das crianças e sim sua liberdade de se descobrir como pessoa em um
ambiente coletivo de interação com adultos e crianças que é o CEI? Como potencializar
sua criatividade em um universo musical?
Dessa maneira, justifica-se a relevância da pesquisa cujo resultado da mesma
pretende contribuir para os estudos da temática das diversas metodologias para a
musicalização, bem como auxiliar os professores que atuam na creche com materiais
acessíveis e teorias analisadas.
REFERÊNCIAS
ALVES, Zélia Mana Mendes Biasoli; SILVA, Maria Helena. G. F. Dias da. Análise
qualitativa de dados de entrevista: uma proposta. Revista PAIDÉIA, Ribeirão Preto,
Número 2, Fev./Jul. 1992. Disponível em:
I ConProEduc e II IncluiEdu 715
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X1992000200007>. Acesso em: 29 out 2017.
BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil: propostas para a formação
integral da criança. São Paulo: Peirópolis, 2003.
DEWEY, John. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história das músicas. São Paulo:
Companhia das letras, 1989.
I ConProEduc e II IncluiEdu 717
INTRODUÇÃO
PROBLEMA
OBJETIVOS
MÉTODOS PREVISTOS
Não por acaso a década de 1990 foi o período em que a discussão sobre políticas
públicas26 para Educação ganhou fôlego no Brasil junto à opinião pública e foi alvo de
26
Alvo de amplo debate, o conceito de Política não deve ser aqui identificado como sinônimo de políticas
públicas. Não se fala, neste trabalho, como falou Platão, Aristóteles, Kant, Weber ou Hannah Arendt, por
I ConProEduc e II IncluiEdu 721
exemplo, quando procuraram, cada qual a sua maneira, dissertar sobre Política. Ao se utilizar do termo
políticas públicas, busca-se identificar a ação do Estado que, sob o controle de um determinado Governo
– representante de uma fração das classes sociais dominantes – põe em prática ―estratégias
governamentais‖. Estratégias estas que ―pretendem intervir nas relações de produção (no caso da política
econômica) ou intervir no campo dos serviços sociais (no caso da política social)‖. (VIEIRA, 2001).
Deve-se neste ponto observar que, a distinção entre política públicas econômicas e políticas públicas
sociais, dá-se, necessariamente, em nível teórico, na finalidade de, didaticamente, identificar a estrutura
social que diretamente é atingida pela ação do Estado quando agindo por interferência de seu Aparelho
Político. Cabe ainda ressaltar que se tem como prerrogativa de análise que, a função exercida pelo Estado,
de forma geral, é a de, por meio de sua intervenção mais variada, fazer reproduzir as condições sociais de
exploração da classe trabalhadora. Sendo então, dever de quem pesquisa, e comunga desta afirmação,
identificar e dissertar sobre as particularidades da referida ação, como por exemplo, por meio das
políticas públicas para a Educação.
I ConProEduc e II IncluiEdu 722
27
No bojo das reformas neoliberais que norteavam, de maneiras mais ou menos explícitas, as diretrizes
estatais na América Latina no final da década de 1980, a resposta privatizadora, anunciada como
resolutiva dos problemas escancarados pelos resultados de uma burocrática gestão do Estado brasileiro do
período, ganharam força e vasto campo de experimentação – tendo em vista a consolidação da partilha de
empresas públicas que se colocou em prática na década posterior – quando da reorganização do Estado no
país. É possível afirmar que em diversos aspectos referentes à consolidação de políticas públicas, tais
como para a educação – que, dado o desinteresse das classes sociais que administram o Estado brasileiro
em garantir melhorias no atendimento das necessidades apresentadas pela classe trabalhadora, no que diz
respeito à disponibilização de atendimento público – em fins da década de 1980, iniciou-se no Brasil o
processo de desenvolvimento de um setor privado, dissimulado já no período ditatorial, que
paulatinamente se apropriava dos recursos estatais em benefício de seus lucros e, como consequência,
sucateava cada vez mais o atendimento à população carente de recursos. A este respeito, OLIVEIRA
(2009), observa que: ―No Brasil, o processo de desenvolvimento de um setor empresarial na educação é
antigo, remontando, pelo menos, ao período da ditadura militar. Entretanto, isso era dissimulado, pois a
legislação proibia que as instituições de ensino, ‗pela sua natureza‘, dessem lucro. Apenas com a
promulgação da Constituição de 1988 é que se explicitou a possibilidade de existência de escolas com
fins lucrativos. A posterior regulamentação desse dispositivo na lei de Diretrizes e Bases e na legislação
complementar acelerou seu crescimento.‖ (OLIVEIRA, 2009, p. 741).
I ConProEduc e II IncluiEdu 723
28
―O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região da Europa e da América do
Norte onde imperava o capitalismo. Foi uma reação teórica e política veemente contra o Estado
intervencionista e de bem-estar. Seu texto de Origem é O Caminho da Servidão, de Friedrich Hayek,
escrito já em 1944.‖ (ANDERSON, 2008, p. 9).
I ConProEduc e II IncluiEdu 725
mais do que uma remodelação da atividade industrial em nível mundial como saída de
uma crise. Uma nova concepção sobre o mundo, sobre seu passado, presente e futuro,
sobre as formas de sociabilidade e perspectiva da história, foi forjada para atender às
necessidades da reprodução capitalista. Cultura, Educação – prática educativa –, Arte...
a lógica do mercado cooptou a atividade socializadora e institucionalizou seu acesso,
limitou-a à compra e à venda de seus produtos na perspectiva de condicionar o consumo
de bens produzidos e incentivar o avanço neoliberal no acumulo de capitais. O direito
ao atendimento de demandas sociais transfigurou-se em possibilidades de acesso, por
meio do mercado, à compra e usufruto de serviços. Isto porque se fez necessário ao
capital implementar um duro processo de desmonte daquilo que se convencionou
chamar de Estado de Bem-estar Social, principalmente, na Europa e nos EUA, fruto de
intensa mobilização da classe trabalhadora no pós- Segunda Guerra Mundial29 , quando
sindicatos e movimentos de lutas sociais conquistaram garantias de atendimento, por
parte do poder público, em setores como saúde, previdência social, educação, transporte
e moradia. Ao enfrentar a resistência dos trabalhadores no desmantelar daquela forma
de gerenciamento do Estado e da economia, a burguesia internacionalizada necessitou
reordenar as perspectivas da classe trabalhadora, no sentido mais largo do termo.
29
Interessante é observar que o avanço do mercado em processo de neoliberalização ganhou lastro e
poder de propaganda com a queda do regime soviético. Sucumbindo às contradições internas e ao ataque
das potencias centrais do capitalismo, a União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS), que existiu
entre 1922 e 1991, cedeu terreno ao novo modelo de gestão da economia, tirando imediatamente crédito
de qualquer argumentação teórica e de qualquer exemplo objetivo da história moderna e contemporânea
que fizesse frente à ofensiva neoliberal. O colapso do sistema soviético ainda se faz presente e cobra um
preço elevado a quem ousa contestar a hegemonia capitalista pós 1991.
I ConProEduc e II IncluiEdu 726
30
Faz-se referencia ao economista francês François Chesnais que em livro de sua organização entitulado,
A Mundialização Financeira: gênese, custos e riscos, caracteriza a financeirização como o regime de
acumulação de capitais onde constata-se a dominância das transições financeiras, e indica que: ―O
crescimento espetacular das transações financeiras foi um dos fatos mais significativos da década de 80 e
já marcou os primeiros anos da década de 90. Efetivamente, a esfera financeira representa a ponta-de-
lança do movimento de mundialização da economia; é nessa esfera que as operações do capital envolvem
os montantes mais elevados; é aí que sua mobilidade é maior, é aí que, aparentemente, os interesses
privados recuperam mais completamente a iniciativa, em relação ao Estado‖. (CHESNAIS, 1998).
31
1) Negócios; 2) Comunicação; 3) Construção e Serviços de Engenharia; 4) Distribuição; 5) Meio
Ambiente; 6) Financeiro; 7) Saúde; 8) Turismo e Viagem; 9) Recreação e Esporte; 10) Transporte; e 11)
Serviços de Cunho Genérico.
I ConProEduc e II IncluiEdu 728
32
A CVDT é originária dos trabalhos articulados pela Comissão de Direito Internacional (CDI) desde
1947. Em 1966, a Comissão elaborou um rascunho com 75 artigos que foram a base para a criação da
CVDT que entrou em vigor em janeiro de 1980. RIBEIRO (2006), afirma que: ―Segundo Jackson
[JACKSON, J. H. The world trading system: law and policy of international economic relations. 2. ed.
Cambridge: MIT Press, 1997, p. 120-121], a interpretação jurídica do Gatt e dos Acordos da OMC devem
ser consideradas no contexto dos princípios gerais do direito internacional no que tange à interpretação de
tratados. Estes princípios gerais são possivelmente melhor resumidos hoje pelo art. 31 da Convenção de
Viena sobre o Direito dos Tratados, apesar de tecnicamente esta Convenção não se aplicar em algumas
situações, e não se aplicaria em uma controvérsia envolvendo uma nação como os Estados Unidos que
ainda não a ratificou. Entretanto, esta porção da Convenção de Viena é considerada por várias nações,
incluindo os Estados Unidos, como a codificação de regras gerais de direito internacional costumeiro e,
portanto, serve como um texto definitivo que descreve estas regras. De forma simplificada, como regra
geral da CVDT, a interpretação de tratados busca o sentido comum do texto, levando-se em conta seu
contexto, objeto e a finalidade do tratado.‖ (RIBEIRO, p. 144, 2006).
I ConProEduc e II IncluiEdu 729
CONSIDERAÇÕES
I ConProEduc e II IncluiEdu 733
33
Ao abordar-se a teoria do capital humano, a observação feita a seu respeito por Demerval Saviani no
contexto de passagem da organização da produção capitalista de modelo taylorista/fordista para uma
organização de modelo toyotista, e expõe a relação de um modelo de organização das forças produtivas
no capitalismo junto à instância social da Educação. Saviani afirma que na transição dos modelos
produtivos: ―Manteve-se , pois, a crença na contribuição da educação para o processo econômico-
produtivo, marca distintiva da teoria do capital humano. Mas seu significado foi substancialmente
alterado. Na verdade, essa teoria surgiu no período dominado pela economia keynesiana e pela política do
Estado de bem-estar, que, na chamada era de ouro do capitalismo, preconizavam o pleno emprego.
Assim, a versão originária da teoria do capital humano entendia a educação como tendo por função
preparar as pessoas para atuar num mercado em expansão que exigia força de trabalho educada. À escola
cabia formara a mão de obra que progressivamente seria incorporada pelo mercado, tendo em vista
assegurar a competitividade das empresas e o incremento da riqueza social e da renda individual. No
entanto, após a crise da década de 1970, a importância da escola para o processo econômico-produtivo foi
mantida, mas a teoria do capital humano assumiu um novo sentido. O significado anterior estava pautado
numa lógica econômica centrada em demandas coletiva, tais como o crescimento econômico do país, a
riqueza social, a competitividade das empresas e o incremento dos rendimentos dos trabalhadores. O
significado que veio a prevalecer na década de 1990 deriva de uma lógica voltada para a satisfação de
interesses privados, ‗guiada pela ênfase nas capacidades e competências que cada pessoa deve adquirir no
mercado educacional para garantir uma melhor posição no mercado de trabalho‘ (GENTILI, 2002, p.
51).‖ (SAVIANI, p. 429-430, 2013).
I ConProEduc e II IncluiEdu 734
REFERÊNCIAS
34
―Ao empregar um termo grego para exprimir uma coisa grega, quero dar a entender que essa coisa se
contempla, nãocom os olhos do homem moderno, mas sim com os do homemgrego. Não se pode evitar o
emprego de expressões modernas como civilização, cultura, tradição, literatura oueducação; nenhuma
delas, porém, coincide realmente com o que os gregosentendiam por paidéia. Cada umdaqueles termos se
limita a exprimir um aspecto daqueleconceito global e, para abranger o campo total do conceitogrego,
teríamos de emprega-los todos de umasó vez. E no entanto a verdadeiraessência da aplicaçãoaoestudo e
das atividades do estudioso baseia-se na unidadeoriginária de todos aqueles aspectos – unidadevincada na
palabra grega –, e não na diversidadesublinhada e consumada pelas locuções modernas. Os
antigosestavam convencidos de que a educação e a cultura nãoconstituemuma arte formal ouuma teoría
abstrata, distintas da estrutura histórica objetiva da vida espiritual de uma nação.‖ (JAEGER, 1995, p.1).
I ConProEduc e II IncluiEdu 735
JAEGER, W. Paideia. A Formação do Homem Grego. São Paulo, Martins Fontes, 1995;
VIEIRA, E. Estado e Política Social na Década de 90. In: Estado e Políticas Sociais
no Brasil. NOGUEIRA, F. M. G. (Org.). Cascavel, Edunioeste, 2001.
I ConProEduc e II IncluiEdu 737
INTRODUÇÃO
Não é possível estabelecer, portanto, que a formação seja meta; afinal, uma
meta, quando é alcançada, tem sua finalização. Assim sendo, pergunta-se inicialmente:
como Nietzsche compreendia esse conceito na filosofia, na pedagogia e na literatura? A
filosofia trabalha a partir da materialidade textual e histórica a que só se pode acessar
através de seu desdobramento temporal. Nesse sentido, Nietzsche combate o
historicismo, a história dos historiadores, a concepção histórica tradicional da cultura, e
induz ao questionamento dessas práticas. Na pedagogia, sua ênfase está principalmente
no papel formativo das humanidades bem como no triunfo irreversível de uma ideia de
educação mais pragmática, mais instrumental e mais técnico-científica. Já na literatura,
o filósofo trabalha um subgênero de novela, a novela de formação (Bildungsroman), na
qual é possível, através de algum relato de jornada, que o indivíduo reflita sobre si
mesmo numa ―viagem interior de autodescobrimento, autodeterminação e
autorrealização‖ (LARROSA, 2010, P. 43-46).
Segundo Lampert (2005, p. 45),
Com isso, ele critica um ―modelo tradicional de escola que estabelece ênfase na
mera transmissão de conteúdos – eruditismo – mediante um grande verbalismo‖
(FIGUEIRA, 2014, p. 70), o que está absolutamente em consonância com a fala dos
críticos da educação tradicional. Por outro lado, sua fala revela que os formadores só
serão capazes de promover o pensamento crítico e a autonomia daqueles a quem
formam, se eles mesmos os exibirem em sua prática diária. O paradoxo é que, cada vez
mais, os formadores atuais necessitam se submeter a desmandos pedagógicos que os
obrigam justamente a abrir mão de sua criatividade e autonomia.
AS METÁFORAS DE NIETZSCHE
Nietzsche usa a metáfora para instigar o leitor a continuar sua busca em ―tornar-
se o que se é‖ e recorre a seu famoso personagem Zaratustra para dar indícios não só de
estratégias metodológicas, mas também refletir sobre a educação.
Por isso, pode-se dizer que o camelo também é o professor que entra na sala de
aula cedo pela manhã e só sai dela quando já é hora de se recolher à cama. O camelo
também é o professor que se vê às voltas com uma insuportável burocracia, as corcovas
que reduzem os seus movimentos e agilidade, as corcovas que, embora naturais na vida
do camelo, acumulam fardos e ônus imobilizantes. O camelo também é o professor que
geme sob o chicote de pedagogos enfezados e exigentes, que se portam como
verdadeiros atravessadores na mediação das relações entre os pais e o professor, entre os
clientes e o operário desiludido e patético do chão de fábrica.
Já a figura do leão simboliza a liberdade de um animal de rapina criador.
Segundo Niemeyer (2014, p. 336),
O estágio do leão representa aquele que reage para não mais ser camelo. Sua
liberdade de pensamento e sua vontade de potência, de ser um super-homem, farão com
que consiga modificar a situação em que está inserido. Segundo Larrosa (2010, p. 91-
93),
CONCLUSÃO
p. 68) e que a erudição seria a representação do camelo, onde só carrega todo o peso
conhecimento pelo deserto, e para que se desenvolva o espírito livre é necessário
―guardar-se dos eruditos pois esses vos odeiam: pois são infecundos! Têm olhos frios e
ressequidos, diante dos quais todo pássaro jaz sem penas‖ (FIGUEIRA, 2014, p. 68).
Ao contrário ao que Nietzsche diz sobre o verbo ―tornar-se‖, Bauman (2012, p.
23) infere que
uma repetição das metamorfoses, pois o camelo e o leão podem ser o enigma e o
monstro. Em última instância, o propósito educacional de Nietzsche é, afinal de contas,
a formação de crianças celestes.
Escolhemos, aqui, a reflexão sobre a tríplice metamorfose de camelo, leão e
criança, mas poderíamos, em vez disso, ter optado por duas outras transformações
propostas por Nietzsche (2012, p. 196-197; 239) no mesmo livro: de gatos em tigres, de
sapos venenosos em crocodilos e de macacos imitadores em suínos grunhidores. Para
Nietzsche (2012, p. 228), as metamorfoses são necessárias porque o ser humano não
passa de o mais dócil dos animais domésticos. No entanto, para que os educadores
optem por essas transformações, é preciso seguir as quatro prudências que nos sugere
no mesmo contexto: fingir que nos deixamos mesmo enganar, tratar com mais
deferência os vaidosos do que os orgulhosos, procurar ver algum bem nos malvados e
disfarçar-nos para nos sentar com os bem vestidos, vaidosos e ―dignos‖. Com isso,
evitaríamos o confronto direto com aqueles que nos exploram e de nós dispõem como
se fôssemos os peões de seu tabuleiro. Mas a metamorfose teria, ainda assim, ocorrido.
O que Nietzsche parece sugerir, com seus aforismos penetrantes e metáforas
surpreendentes, é que, mais do que nunca, em sua época, os formadores necessitavam
de autonomia e liberdade. Mais do que nunca, em nossa época, os formadores
necessitam de autonomia, liberdade e coragem para chegarem a ser o que são.
Infelizmente, conforme o próprio Nietzsche (2012, p. 200) nos assevera: ―a mim me
falta a voz do leão para a todos comandar‖ e ―ainda precisas virar criança e não ter
vergonha‖. A carência dessa transformação vira um lamento triste e constante em seus
escritos. Por isso, ele insiste: ―ainda não consegui ser forte o bastante para a última
devassidão e audácia do leão... um dia ainda encontrarei a força e a voz do leão‖
(NIETZCHE, 2012, p. 218). Porém, o filósofo sabe que ―são as palavras mais
silenciosas que trazem a tempestade e são os pensamentos que chegam com pés de
pomba que dirigem o mundo‖ (NIETZSCHE, 2012, p. 200).
Nietzsche (2012, p. 265) propõe a derrubada das velhas cátedras profissionais.
Para nós, soa encantadoramente oportuna essa convocação para a militância contra
santos, poetas, redentores e sábios obscuros. No entanto, na mesma medida, é preciso
lembrar, como educadores, de suas outras palavras de provocação: ―esta é minha última
doutrina: Aquele que quer aprender a voar um dia, deve primeiro ficar de pé‖. É isso
mesmo, para aprender a voar, é preciso, antes, ficar em pé; para aprender a voar, é
I ConProEduc e II IncluiEdu 750
preciso, antes, subir a lugares altos. Como o próprio Nietzsche (2012, p. 263) afirmou:
não há caminho. Nós é que fazemos o caminho. Assim falou Zaratustra, e assim cremos.
REFERÊNCIAS
FIGUEIRA, F. Como se formar além da (in) formação? Filosofia, Ciência & Vida. São
Paulo, v. 8, n. 101, p. 65-71, 2014.
NIETZSCHE. F. W. Assim falou Zaratustra. São Paulo: Martin Claret, 2003 [1883].
SÜSSEKIND, P. Cinco prefácios para cinco livros não escritos: pensamentos sobre o
futuro de nossos institutos de formação. Rio de Janeiro: Sete Letras, 1996.
I ConProEduc e II IncluiEdu 752
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
A realidade que se apresenta ainda muito mais fora do que integrada ao ambiente
escolar requer que os educadores se preparem para negociar com os alunos, projetando
suas experiências de aprendizagem em torno de uma investigação mais analítica e
crítica. Milhailidis e Cohen (2013) sugerem que não se descartem as metodologias
I ConProEduc e II IncluiEdu 754
RESULTADOS OBTIDOS
ao masculino. Quanto à faixa-etária, apenas 11% tinham mais do que 45 anos e 89%
entre 25 e 44 anos. Os entrevistados, em sua maioria, 45%, exerciam a função há mais
de 20 anos, 33% entre 11 e 19 anos e 22% entre 1 e 10 anos. Quanto à formação, 36%
tinham o título de graduação e 64% de pós-graduação (lato e stricto sensu).
De acordo com o Gráfico 3, 85% dos pesquisados responderam que a escola em
que trabalham utiliza dispositivos móveis para fins educacionais e apenas 15%
responderam que não utiliza.
15%
Sim
Não
85%
14%
laptop
40%
smatphone
tablet
celular
36%
10%
24%
35%
aluno
professor
recurso da escola
41%
utilizados em raras exceções, celulares não são permitidos durante as aulas, podem
causar distrações e discórdias, nem todos têm poder aquisitivo para ter um aparelho, há
falta de maturidade para usar o celular em sala, a maioria das crianças da escola têm
acesso a dispositivos móveis e pertencentes aos adultos, fora do ambiente escolar, não
há sala de informática e a escola não possui dispositivos móveis. Mesmo a escola sendo
provida de recursos tecnológicos digitais a serviço da educação, a rede aberta sem fio
não é restrita e os alunos não podem utilizar seus dispositivos móveis, de acordo com
um dos professores pesquisados.
37%
Sim
Não
63%
Gráfico 7 - Percepção sobre o grau de incidência das atividades realizadas pelos alunos
na sua escola por meio dos dispositivos móveis.
8
7
6
5
4
3
2 elevado
1 reduzido
0 medio
não se aplica
A partir da pesquisa, foi possível inferir que a maioria dos pesquisados utiliza
dispositivos móveis para fins educacionais, porém se faz pouco uso de smartphone.
Laptop e tablet são as opções da maioria. A maioria dos alunos não pode utilizar
dispositivos móveis por motivos diversos, dentre eles a lei, distração e falta de
maturidade. A falta de formação do professor para o uso das tecnologias móveis para
I ConProEduc e II IncluiEdu 763
CONSIDERAÇÕES
Docentes e discentes estão imersos em uma ―era tecnológica‖ que exerce uma
enorme pressão para a apropriação e para o uso das tecnologias da informação e
comunicação (TIC), especialmente por meio dos dispositivos móveis. Faz-se necessário
pensar no conflito de gerações, em que professores precisam quebrar paradigmas e
avançar, afinal, como conceitua Prensky (2001), os docentes, em sua maior parte, são
imigrantes digitais.
Além desses paradigmas geracionais, as questões estruturais, de acesso à
Internet nas escolas, de permissão do uso desses dispositivos, bem como a falta de
formação docente, foram aspectos evidenciados tanto pelas pesquisas desenvolvidas
pela UNESCO (2014) quanto pelas respostas dos entrevistados aos questionários,
indicando que ainda há muito a avançar na implementação da aprendizagem móvel nas
escolas.
Há de se pensar na construção da autonomia do aluno, para que possa ser gestor
da sua aprendizagem, visando à promoção de uma cultura de participação. Assim, se o
protagonismo da sala de aula, no século XXI, cabe ao aluno, é em suas mãos que a
tecnologia móvel necessita ganhar novos rumos educacionais, para a construção do
conhecimento mediada pelo professor.
REFERÊNCIAS
HOBBS, R. Digital and media literacy: a plan of action. Washington DC: The Aspen
Institute, 2010.
RESUMO
fazendo com que se torne ao mesmo tempo sujeito e objeto da ação, criando uma
situação de pertencimento.
Nessa direção, Michael Young, no seu artigo Por que o conhecimento é
importante nas escolas do século XXI, faz uma discussão acerca dos motivos que levam
os professores a cercear o direito de conhecimento do aluno, diante de políticas
educacionais. O autor destaca que o conhecimento é direito de todos e propõe a ideia de
conhecimento poderoso, que é válido por si só e induz o indivíduo ir além, sempre em
busca de novos conhecimentos. No artigo o autor coloca este contraponto, de difícil
entendimento, pois como pode àquele que tem como função ensinar cercear o próprio
ensino, discorre sobre alguns motivos que sintetizando, se caracteriza pela forma
errônea com que os educadores entenderam certos conceitos relacionados a educação.
(YOUNG, 2016).
Diante das expectativas da sociedade em relação a escola e sua função, bem
como a importância de se difundir o conhecimento e tomando como referencial o baixo
desempenho dos alunos é importante refletir acerca de como este conhecimento tem
sido oferecido e ensinado no contexto escolar. Fazendo-nos pensar até que ponto e por
quais motivos os professores não tem conduzido o processo de ensino aprendizagem
com eficácia.
Diversos autores discutem as teorias da aprendizagem com o objetivo de estudar
a melhor forma de aprendizagem que os professores assumem quando estão ensinando.
Mizukami (1986), em sua obra Ensino: As abordagens do processo, discorre sobre as
diferentes abordagens de ensino desde a tradicional até a sociocultural e, em suas
considerações finais, fez um comentário importante, afirmando que quando foi
perguntado aos professores sobre em qual (ais) abordagens se apoiavam quando
estruturavam suas práticas, apontaram como preferência as abordagens cognitivista e
sociocultural. No entanto, quando observados acabavam por utilizar intensamente as
abordagens tradicional e comportamentalista. O objetivo de tal referência serve ao
menos como ponto de atenção a respeito da prática docente. (MIZUKAMI, 1986).
Em muitas situações os docentes não conseguem refletir acerca de sua prática
pedagógica, as teorias, muitas vezes, aparecem nos discursos, mas estão distantes de
suas práticas. São prática, muitas vezes, desprovidas de reflexão e atentas à
participação efetivas dos alunos. Tal fato aliado a outras problemáticas existentes a sala
de aula acabam colocando a educação criando um ciclo prejudicial a aprendizagem.
Maria Teresa Menezes Freitas e outros autores, ao escreverem artigo acerca do desafio
I ConProEduc e II IncluiEdu 768
de ser professor hoje no Brasil, apontam alguns fatores que podem ser prejudiciais a
educação dos alunos atualmente ao que destacamos: As condições de trabalho do
docente, a falta de trabalho em equipe, a indisciplina e falta de interesse dos alunos e
problemas relacionados a estrutura e gestão escolar. Dos fatores citados acima nos
chama a atenção um deles, que é a indisciplina e a falta de interesse dos alunos, a
discussão no artigo acima referenciado levanta como um dos possíveis motivos as
transformações sociais e econômicas que vivemos, relacionados as tecnologias,
minimizando diante disso o olhar da sociedade sobre as benfeitorias que a ciência pode
realizar em favor do ser humano, acrescenta a isso as exigências feitas ao docente na
modernidade, fato diretamente relacionado com o transbordamento comentado por
Nóvoa, uma vez que a escola e seus agentes precisam tratar de diversos assuntos muitas
vezes não diretamente relacionado a aprendizagem. (FREITAS et al., 2005).
Paulo Freire (2000) discorre de diversos fatores importantes no ato de ensinar e
entre eles destaca que ensinar exige reflexão crítica sobre a prática, ele se refere acerca
de um movimento entre o fazer e o pensar sobre o próprio fazer, importa que esta
reflexão inicialmente ingênua se torne crítica com o decorrer do tempo, assim o docente
nunca deve estar satisfeito com o que sabe, mas se reinventar a cada dia, utilizando-se
de recursos teóricos uma vez que as diversas abordagens de aprendizagem servem de
referência para estruturar esta prática docente no entanto também levando em
consideração o cotidiano escolar, funcionando assim teoria e prática como
embasamento para a condução do momento de aprendizagem e reflexão. (FREIRE,
2000).
Retomando a questão dos resultados insatisfatórios bem como a relação destes
resultados com a prática docente, considerando ainda a possibilidade de afirmar que o
aluno não tem aprendido o suficiente, ora pelas condições atuais de nossas instituições
de ensino, ora pela ausência da prática reflexiva por parte docente, cabe uma reflexão
acerca dos motivos pelos quais o aluno não tem obtido tal aprendizagem e até mesmo
que tipo de aprendizagem o aluno deve ter acesso.
Estamos nos referindo a educação, logo importa pensar um pouco o que seria
isso, no livro Democracia e Educação John Dewey afirma que:
trará influências não somente para o indivíduo em particular, mas para toda a cultura
cientifica do país.
A Colômbia, por exemplo, possui uma política de fomento a investigação que
tem trazido resultados relevantes para o crescimento cientifico do país, obviamente que
o ideal seria que tais programas de incentivo partissem das políticas públicas, e isso
envolve variáveis que muitas vezes fogem de nossa governabilidade, no entanto isso
não impede que em nossa prática e no micro espaço em que atuamos incentivemos a
Investigação como Estratégia Pedagógica. No caso colombiano A COLCIENCIAS
departamento administrativo de Ciências, Inovação e Tecnologia da Colômbia desde
1989 vem implementando diversos programas de incentivo a cultura investigativa para
crianças e adolescentes do país em resposta a inquietações de pessoas relacionadas a
ciências que destacavam a forma como a mesma era apresentada na escola de forma
acabada sem oportunizar a produção do conhecimento por parte dos jovens, assim
alguns programas foram criados e atualmente o programa ONDAS é o principal com o
objetivo de criar nos jovens o desenvolvimento para uma cultura cientifica.
Em artigo publicado sobre o programa ―ONDAS‖, Sastre (2012) comenta sobre
o novo cenário que se encontra a Colômbia, uma vez que vem ocorrendo a
democratização do conhecimento, promovido a partir de incentivos aos jovens e
adolescentes no que diz respeito a investigação, promovendo assim um espaço para a
cidadania, baseado no protagonismo, autonomia e desenvolvimento de capacidade e
habilidades dos jovens.
Toda esta cultura de investigação outrora estava diretamente relacionada a
disciplina ciência, ao menos, assim era visto, no entanto em todas as disciplinas se faz
necessário este olhar investigativo, portanto é relevante verificar quais estratégias de
ensino podem ser utilizadas na Matemática com o intuito de desenvolver o pensamento
cientifico, e como estas podem ser aplicadas em sala de aula.
Cabe então discutirmos até que ponto o profissional docente tem criado a
possibilidade de permitir àquele que está em processo de aprendizado a pensar, não
oferecendo respostas prontas, mas incentivando a pesquisa e a busca intensiva do
conhecimento, formando assim cidadãos críticos e preparados para a vida. Que tipos de
estratégias poderiam ser utilizadas com objetivo de desenvolver este pensamento que
podemos denominar de pensamento científico. Nessa direção, intencionamos investigar
quais estratégias de ensino contribuem para desenvolvimento do pensamento científico
no campo da Matemática e como poderiam ser desenvolvidas. Resumidamente, a
I ConProEduc e II IncluiEdu 774
CAMINHO METODOLÓGICO
ALGUNS ACHADOS
REFERÊNCIAS
DELVAL, Juan. Aprender a aprender/Juan Delval; tradução Jonas Pereira dos Santos. –
Campinas, SP: Papirus, 1998.
DEWEY, Jonh. Experiência e educação; tradução Anísio Teixeira. São Paulo: Nacional,
1971.
FREITAS, Maria Teresa Menezes et al. O Desafio de ser professor de matemática hoje
no Brasil. In: FIORENTINO, Dario; NACARATO, Adair Mendes (Org.). Cultura,
formação e desenvolvimento profissional de professores que ensinam
matemática.: Investigando e teorizando a partir da prática. Campinas: Musa, 2005.
Cap. 5. p. 89-105.
GIL, Antônio Carlos, 1946 - Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil. –
4ª. Ed. - São Paulo: Atlas, 2002.
YOUNG, Michael F. D.. Por que o conhecimento é importante para as escolas do século
XXI?. Cad. Pesqui. [online]. 2016, vol.46, n.159, pp.18-37. ISSN 0100-
1574. http://dx.doi.org/10.1590/198053143533.
RESUMO
INTRODUÇÃO
desafios com os quais se deparam na sala de aula e como essa metodologia propicia a
equidade educacional, atendendo às necessidades específicas de cada aluno.
REFERENCIAL TEÓRICO
de mudanças em que ―[...] a escola, hoje, precisa ser redesenhada, e o professor precisa
mudar junto com ela‖ (BACICH, 2015, p. 91), para constituir-se em um ambiente fértil,
atrativo, motivador, inovador e desafiador. Um ambiente em que o estudante seja sujeito
de suas ações e que o professor atue como mediador, guia, agente de mudanças, mas
também aprendiz. Então, o ensino personalizado vem como forma de corroborar para
essas mudanças no ensino.
Asseveram Coll e Monereo: ―[...] mediante o uso das novas tecnologias, há uma
reorganização do próprio sistema cognitivo, da maneira como se pensa nessa cultura‖
(2010, p. 51). Esse é o tamanho do desafio enfrentado atualmente por professores. Seria
esse um fator gerador de insegurança e resistência à inserção das tecnologias digitais no
cotidiano escolar, já que se percebem professores formados no século XX sendo
formadores de estudantes do século XXI? E como valorizar tal percurso compreendendo
que o professor continua sendo guia, tutor, orientador e mediador? (COLL;
MONEREO, 2010).
A formação dos professores acerca das tecnologias digitais compreende
―reflexões individuais e compartilhadas sobre a própria prática, que requerem esforço,
tempo e desejo para promover as necessárias mudanças nos processos de ensino e
aprendizagem‖ (COSCARELLI, 2016, p. 28). A primeira mudança necessária só exige
que se compreendam as percepções dos professores acerca da inserção das tecnologias
digitais no processo de mediação do ensino e da aprendizagem dos estudantes.
Como afirma Bacich (2015, p. 50), ―as tecnologias digitais modificam o ambiente no
qual estão inseridas, transformando e criando novas relações entre os envolvidos no
processo de aprendizagem: professor, estudantes e os conteúdos‖. Então, os professores
delineiam esse processo de aprendizagem como forma de potencializar a construção do
conhecimento pelo aluno.
Horn e Staker (2015, p. 102) ampliam o olhar para que ―as escolas tenham a
predisposição de puxar e não empurrar possibilidades de melhoria que a internet
proporciona aos processos de ensino e aprendizagem ‖. Assim, a escola possibilitaria
ações e estratégias que valorizem os recursos tecnológicos, de forma a direcionar,
orientar e atualizar o ensino e a aprendizagem, num constante movimento de busca do
conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CORNU, Alison; WHITE, David. Visitantes e Residentes: uma nova tipologia para o
engajamento on-line. First Monday. v. 16, n. 9, setembro de 2011. Disponível em:
<http://journals.uic.edu/ojs/index.php/fm/article/view/3171/3049>. Acesso em: 02 jun.
2017.
COSCARELLI, Carla Viana (org). Tecnologias para aprender. São Paulo: Editorial,
2016.
HORN, Michael B., STAKER, Heather. Blended: usando a inovação disruptiva para
aprimorar a educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
RESUMO
INTRODUÇÃO
profissional e pessoal, é quando ele irá ter o primeiro contato com a realidade, que pode
ser confiante e segura se houver uma orientação inicial bem significativa.
Como parte do protocolo, o professor ao chegar na escola se apresenta perante a
administração para ser conduzido em seu trabalho. Sabendo que o professor iniciante
nunca passou por uma experiência docente, o gestor escolar, como parte de seu
princípio, tem a função de envolver esse profissional e adequá-lo na transição de aluno-
professor, mediando sua atuação perante a escola, os alunos e a comunidade escolar.
Assim sendo, o nosso problema de investigação é: Qual o papel que o gestor escolar
desempenha na inserção do professor iniciante?
Nesse estudo, estamos tratando como temática, a gestão escolar e a inserção do
professor iniciante, o processo da chegada do novo docente a instituição no contexto
geral e como a gestão encara esse procedimento do novo contratante. Com essa temática
teremos a capacidade de perceber o papel do gestor escolar no apoio ao professor
iniciante quanto as dificuldades que o docente tem enfrentado durante a sua chegada nas
instituições nos primeiros anos de carreira profissional.
Por essa razão viu-se a necessidade de pesquisar sobre as responsabilidades e
ações do gestor escolar junto ao professor iniciante no decorrer da sua inserção na
escola e sugerir um programa de capacitação à docência.
A profissão de professor é uma entre poucas, onde o mesmo ―é lançado‖ no
mercado de trabalho sem obter um maior acompanhamento sistemático por parte da
coordenação pedagógica e da direção da escola.
Em termos metodológicos, para a coleta de dados utilizamos um questionário
validado e aplicado por Vargas (2012), com perguntas abertas e fechadas feita com
gestores escolares, para levantar dado acerca do papel do gestor no processo de inserção
do professor iniciante. Como pesquisadores, fizemos algumas adaptações selecionando
apenas os aspectos que atendiam nosso problema de pesquisa de forma a encontrar
respostas sobre o mesmo.
Em suma, acredita-se que o estudo se fundamenta em justificativas sociais,
cientificas e pessoais clarificando assim nossa intenção de pesquisa e estimulando mais
o desenvolvimento do assunto por meio de investigações dessa mesma temática.
METODOLOGIA
munícipio. Os sujeitos que participaram da pesquisa são os gestores que atuam nas
escolas, independente de sexo, idade, carga horária e anos de trabalho.
Para a realização do determinado estudo, visando que alcançasse o objetivo de
descrever e explicar, utilizou-se como método de coleta de dados a aplicação de
questionário. Segundo Gil António (2008, P.5) afirma que ―o questionário é uma técnica
de investigação composta por um número grande ou pequeno de questões apresentadas
por escrito que tem por objetivo propiciar determinado conhecimento ao pesquisador‖
assim, achou-se viável essa forma de obter informações sobre determinada situação.
Foi selecionado e adaptado um questionário já validado e aplicado por Vargas
(2012). Foram escolhidas apenas 11 perguntas para serem aplicadas, das quais 07 se
configuram como perguntas fechadas e 04 abertas. De acordo com Marconi e Lakatos
(2003, p. 204) questões abertas ―são as que permitem ao informante responder
livremente, usando linguagem própria, e emitir opiniões‖ e as fechadas, aquelas em que
―[...] o informante escolhe sua resposta entre duas opções: sim e não.‖ Sendo assim,
decidimos coletar os dados da pesquisa por intermédio deste, por ser uma forma que
permite-nos atingir o maior número de pessoas simultaneamente que habitam em
diferente locais, até os mais distantes.
O questionário foi estruturado através de um cabeçalho curto, com as
informações sobre a pesquisa, para quem era direcionado e sobre a voluntariedade dos
participantes. Seguindo também o sistema direcionado por Marconi e Lakatos (2003, p.
201) que ―junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a
natureza da pesquisa, sua importância e necessidade de obter respostas.‖
O procedimento de aplicação do questionário foi a entrega pessoal aos
profissionais, e para os locais mais distantes foi por via de endereço eletrônico, para
isso, foi editado o questionário no google docs com todas as informações. Mas, os
enviados eletronicamente não foram respondidos, apenas os entregues pessoalmente aos
gestores nas suas respectivas instituições. No início, percebeu-se que os profissionais
estavam muito dispostos em responder o questionário, mas também sentiu-se um certo
desconforto por parte dos gestores, é como se a pesquisa tivesse o objetivo de julgar os
seus trabalhos, foi a partir dessa situação que explicou-se que é uma pesquisa sobre o
trabalho de conclusão de curso e que simplesmente iria necessitar de informações sobre
o papel da gestão.
As perguntas foram dirigidas, com a intensão de investigar os procedimentos
adotados pelo gestor durante o processo de inserção de um professor na carreira, e
I ConProEduc e II IncluiEdu 795
também, entre outras, quais os procedimentos que são realizados na escola para a
recepção dos professores iniciantes.
O questionário foi aplicado para 10 gestores, portanto, para facilitar a
identificação dos sujeitos, organizou-se a seguinte tabela:
Podemos perceber de acordo com a tabela, que a maioria dos sujeitos são do
gênero feminino, o que indica que há predominância desse gênero na atuação da gestão
na escola. A maioria estão entre a idade de 36 a 45 anos e possuem experiência de
gestão na escola que trabalham durante 2 a 3 anos, sendo que já foram gestores em
outras escolas, contabilizando mais de 10 anos no cargo.
Para análise dos dados resultantes da aplicação do questionário aos gestores, foi
utilizado a análise de conteúdo (temática) que segundo Bardin (2004) se dispõe entre a
qualitativa e a quantitativa, e se define como:
3 Aspectos Administrativos e
Pedagógicos
Aspectos Inovadores
[]
Fonte: Organizado pelos pesquisadores a partir dos resultados dos dados coletados.
Considerando que, de acordo com Garcia (p.28, 2010), ―os professores iniciantes
querem aprender como administrar a classe, como organizar o currículo, como avaliar
os alunos, como gerenciar grupos‖ constata-se nessas descrições, que a recepção e
integração é proporcionado ao docente.
Foi o que mais ficou evidenciado nas respostas da maioria dos gestores, tendo
em vista que é uma prática muito comum nas escolas. O gestor estaria preocupado
somente em apresentar o cotidiano escolar para o docente, familiarizá-lo com a equipe
escolar e mostrar aparentemente que é um ambiente de equilíbrio, harmonia, segurança
e envolvimento de todos.
Segundo Lück (2009 p. 105) falando da competência administrativa do gestor
escolar, que o mesmo deve orientar quanto as ―diretrizes e normas de funcionamento da
escola e a sua aplicação, tomando as providencias necessárias para coibir atos que
I ConProEduc e II IncluiEdu 798
Através dos relatos, podemos perceber a resposta da maioria dos gestores quanto
a questão pedagógica, mostrando que é um trabalho repassado ao coordenador
pedagógico, e como vimos na análise de aspectos administrativos, o gestor
aparentemente só trata das questões administrativas. Mas, seria realmente necessário
somente o coordenador pedagógico trabalhar as questões pedagógicas com o professor
iniciante, como apresenta o gestor 7? Se for assim, o gestor escolar tem unicamente o
dever da administração burocrática da escola?
Lück (p. 93, 2009) diz que uma das competências do gestor é ―acompanhar e
orientar a melhoria do processo ensino-aprendizagem na sala de aula mediante
observação‖. Então, uma das incumbências do gestor é apresentar ao docente como se
dará sua prática pedagógica e o acompanhamento dela e também seria significativo
trabalhar em conjunto com sua equipe de gestão.
I ConProEduc e II IncluiEdu 799
Com essa ação, o professor iniciante se sentirá muito mais seguro do seu
trabalho. Mas, como é apresentado nas falas, quem fica geralmente responsável por esse
processo é a coordenadora pedagógica, como revela o G1, G2, G4, G7 e G9.
Quanto ao estágio probatório descrito pelo G10, de acordo com Nascimento,
Cavalcante e Araújo (2011) ―[...] é submetido a todos os professores recém
concursados. A passagem por esse período é condição para o servidor adquirir a
estabilidade[...]‖. Nota-se que é umas das estratégias que é realizado em escolas
públicas para o docente sentir firmeza e segurança quanto a sua prática.
Para os aspectos inovadores, se atrela com a ideia de relação com a família,
momento de socialização entre professores, e algo muito interessante como o
acompanhamento de um professor experiente, conforme são destacadas nas seguintes
falas:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANDRE, Marli. Políticas e programas de apoio aos professores iniciantes no Brasil. Cad.
Pesqui. [Online]. 2012,’ vol.42, n.145, pp.112-129. ISSN 0100-1574. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S0100-15742012000100008>. Acesso em: 02 Ago.2017.
GIL, António Carlos (2008) Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Ed.Editora Atlas
S.A. São Paulo. Brasil.
VEJA. Contrastes entre escola brasileira e uma chinesa é gritante. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/educacao/contraste-entre-escola-brasileira-e-uma-chinesa-
e-gritante/>. Acesso em: 01 Set.2017
I ConProEduc e II IncluiEdu 805
UNASP
RESUMO
ABSTRACT
I ConProEduc e II IncluiEdu 806
INTRODUÇÃO
Para que o direito à educação seja exercido através da escola, é necessário uma
administração e corpo docente capacitados e comprometidos como a mesma. Como
Lück (2009) comenta, a equipe gestora é responsável pela orientação administrativa,
pedagógica, organização, e cabe a eles mobilizar e estimular o desenvolvimento na
construção do conhecimento e aprendizagem da cidadania, o disseminar da cultura,
criando assim um bom ambiente escolar.
A equipe gestora é formada pelo gestor escolar, coordenadores pedagógicos,
supervisores, orientadores educacionais e secretários escolares de acordo com Lück
(2009). Dentro do contexto apresentado e da importância que o gestor tem para o
desenvolvimento da escola como um todo, levantou-se a seguinte problemática: A
formação inicial do gestor, está preparando-o para os desafios que enfrenta no exercício
de sua função?
Diante desse panorama, como futuras educadoras, surge a preocupação com os
aspectos formativos que a prática da gestão educacional exigirá. Como comenta Scheibe
(2007), levando em consideração que o currículo de pedagogia tem sido amplamente
discutido, a maior preocupação é a necessidade da aproximação entre a teoria e prática.
Portanto, esse trabalho se justifica como relevante cientificamente por comparar
(relacionar) os desafios que o gestor encontra na prática com sua formação inicial, ou
seja, a aproximação da teoria e prática. Como a escola é um meio social, a formação do
gestor está diretamente ligada a qualidade e desenvolvimento da escola e seu
envolvimento com a comunidade onde está inserida. Com uma boa gestão, o
relacionamento a comunidade tende a crescer trazendo transformação e melhorias.
Esse estudo configura-se como quantitativo/qualitativo. Foi adotado em função
dos objetivos o método exploratório, e o instrumento para coleta de dados é a análise
documental que pode favorecer encontrar elementos que permitam alcançar os objetivos
da pesquisa. Portanto, para a pesquisa foi realizada a análise documental que segundo
Godoy (1995) ―[...]representa uma forma que pode se revestir de um caráter inovador,
trazendo contribuições importantes no estudo de alguns temas. ―
A proposta deste trabalho, é realizar uma análise documental de planos de ensino
do curso de pedagogia do Estado de São Paulo da disciplina de gestão para que
I ConProEduc e II IncluiEdu 808
possamos comparar o seu preparo inicial com os desafios descritos por Luck (2000),
Libâneo (2005) e Castro (2000) na isenção de sua prática.
Para que o trabalho seja completo, primeiramente destacaremos o papel do
gestor, suas funções como articulador e administrador da escola, as competências
necessárias para ocupar o cargo de maneira satisfatória, alguns desafios encontrados,
culminando na análise de currículos propostos para o curso de pedagogia nas áreas da
gestão, tendo assim um parecer de qual seria o fundamental para que o gestor saia da
graduação mais preparado para enfrentar os desafios do dia a dia em sua posição.
Para buscar respostas que possam responder a problemática proposta, foi
realizada a análise de currículos e ementas das disciplinas da área de gestão de cursos de
pedagogia de algumas Universidades e Faculdades, do Estado de São Paulo para o curso
de pedagogia. O critério de seleção foi definido pela disponibilidade de acesso aos
documentos.
Pretende-se com essa comparação e análise verificar se a formação inicial do
gestor está atendendo as necessidades e desafios de inserção na prática profissional que
se constitui como objetivo geral desse estudo. E para alcançar esse objetivo geral,
percorreremos a seguinte trajetória que elencamos como nossos objetivos específicos:
descrever o papel do gestor na prática profissional; identificar os principais desafios
encontrados no exercício da sua função.
PAPEL DO GESTOR
responsável para dirigir uma gestão é denominado gestor, que tem como práticas
básicas incentivar, articular, mediar, promover respeito mútuo, orientar, coordenar,
liderar a escola em seus aspectos pedagógico, administrativo, financeiros e culturais.‖
Sabendo das responsabilidades básicas do gestor escolar é importante destacar o
seu papel como responsável de uma instituição educacional. Falando sobre a função do
gestor, Borges (2008) apresenta:
DESAFIOS DO GESTOR
Para esse contexto, entende-se que a escola é um espaço onde há construção dos
saberes, e sendo responsável pelo desenvolvimento da sociedade, como organização
social, com o foco na formação de alunos e promoção de sua aprendizagem é necessário
que haja um preparo do gestor‖ (LÜCK, 2009, p.15).
Citaremos abaixo alguns dos desafios que os gestores enfrentam relacionados ao
seu cotidiano segundo Luck (2000):
Por esse motivo, o MEC na década de 70 propunha que todos os candidatos para
o cargo de gestor/diretor de escola, deveriam ser formados em Administração escolar.
No entanto, com a introdução da prática de eleição para o cargo na década de 80 e a
pouca procura para o curso, tornou-se inviável manter o mesmo.
Castro (2000) comentando sobre o contexto das instituições de ensino superior,
diz que: ―Portanto o que se observa é uma oferta insuficiente de oportunidades para a
formação inicial de gestores escolares‖. Por esse motivo como comenta Machado
(1999), a responsabilidade se torna mais marcante quando se evidencia a necessidade de
formação continua complementando a formação inicial. Lück (2000), corrobora com
Machado com o seguinte comentário:
ENFOQUE NO INDIVÍDUO
Percebe-se através da citação de Luck, para que o gestor tenha sucesso em sua
administração, é necessário que a equipe gestora tenha o mesmo objetivo, seja instruída
para que o desenvolvimento aconteça de forma uniforme, pois ter autoridade e
conhecimento em uma pessoa somente, pode desequilibrar o desempenho da escola em
sua administração e também afetará os alunos e a comunidade levando em conta que a
escola é um meio comunitário.
Impasses e Desafios 2
Fonte: Elaborado pelas pesquisadoras a partir dos documentos analisados.
Os impasses e desafios dos treze planos avaliados são tratado em dois. Não
podemos deixar de mencionar as competências que o gestor precisa desenvolver em sua
formação, para contemplar seu trabalho de maneira eficiente como foi mencionado
neste trabalho. Sendo em relação a sua importância se faz de maneira insatisfatória para
a formação do gestor, e por esse motivo se encontra nos desafios apresentados acima.
A análise dos conteúdos programáticos foi de grande relevância para o trabalho,
pois possibilitou a visualização de quais áreas necessitam de mais atenção, pois é de
suma importância que o gestor obtenha esses conhecimentos em sua formação para que
possa cumprir com seus deveres e objetivos, que é levar a escola em que trabalha
sempre ao desenvolvimento integral dos alunos e sendo útil à sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse estudo, tivemos como objetivo analisar planos de ensino de gestão dos
cursos de pedagogia da região de São Paulo para verificar se os desafios com os quais o
gestor se depara é objetivo de estudo em sua formação inicial.
Através da análise documental realizada em treze planos de ensino,
identificamos que os conteúdos abordados na formação inicial do gestor não atendem os
desafios que a inserção profissional impõe.
Consideramos, após as análises realizadas, que para a formação inicial do gestor
ser considerada completa, se faz necessário a reorganização dos conteúdos
programáticos dos Cursos de Pedagogia que são responsáveis pela formação inicial do
gestor. Evidenciamos ao concluir esse breve estudo a lacuna que existe entre teoria e
prática, ou seja, entre a formação inicial e o exercício profissional.
Visando contemplar de maneira satisfatória os desafios com os quais o gestor se
depara em sua prática é necessário repensar a formação inicial dos futuros gestores e
propor uma formação continuada que atenda os desafios da prática.
Sugerimos como estudos futuros uma pesquisa de campo com os gestores para
analisar se os desafios apontados pela literatura correspondem com os desafios atuais
que os gestores enfrentam. Outro estudo pode ser de natureza exploratória procurando
analisar os cursos de formação continuada que são disponibilizados para os gestores e a
relação dos conteúdos e ementas desses cursos com a prática profissional dos mesmos.
I ConProEduc e II IncluiEdu 820
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
O presente texto é parte de uma pesquisa que tem como objetivo principal
analisar práticas pedagógicas que colaboram para o desenvolvimento do pensamento
científico no contexto da educação infantil. Como sabemos, promover esse
desenvolvimento pressupõe ações que propiciem, aos alunos, espaço para discussão,
reflexão einvestigação. Pensar cientificamente é algo que se aprende. Não é algo fácil.
O que acontece, de maneira geral, é a quase inexistência de situações que façam com
que as crianças efetivamente desenvolvam uma postura investigativa e crítica. Pensar
cientificamente é sair do senso comum, o que só é possívelpor meio do conhecimento.
Fazer da curiosidade natural da criança um aliado para a busca deste conhecimento é um
passo importante em busca do pensamento científico. O espírito investigador vai sempre
à busca de respostas, de saber mais, de encontrar soluções, de descobrir. Considerando a
relevância do tema, temos como objetivos: identificar concepções que professores têm a
respeitodo que é o desenvolvimento do pensamento científico; identificar práticas que
colaborem para o desenvolvimento desse pensamentoe construir colaborativamente
sequências didáticas que propiciem o seu desenvolvimento.Para este trabalho, a opção
foi uma pesquisa quantitativa e qualitativa. Na primeira etapa,fizemosum estudo
bibliográfico para o aprofundamento da temática proposta, por meio de estudos e
trabalhos publicados. Na segunda etapa, será aplicado um questionário com os
professores que atuam na educação infantil. A finalidade é conhecermos práticas que
colaboram para o desenvolvimento do pensamento científico. Na terceira etapa, será
feita uma entrevista com professores que participaram da segunda etapa e que
demonstraram preocupação com o pensar cientificamente. E, por último,tendo em vista
o produto final, será desenvolvida uma sequência didática, colaborativamente com os
professores. Com relação ao referencial teórico destacamos Dewey (2006), Nóvoa
(2007), Mizukami (1986), Piaget (2012, 1999), Formosinho (2007). Os resultados
I ConProEduc e II IncluiEdu 823
INTRODUÇÃO
Entender como as crianças aprendem é algo que merece a nossa atenção. Como
se apropriam do conhecimento, como fazem relações, como trabalham a curiosidade,
enfim, são preocupações que merecem investigação. Dentro dessas preocupações, uma
temática que estamos investigando, e que é foco de nossa pesquisa, é a compreensão de
como poderíamos desenvolver, nas crianças, o pensamento científico. Trabalhar o
pensamento científico na educação infantil, para nós, é propiciar condições para que as
crianças se tornem autônomas e críticas, para que não sejam tratadas como objetos, mas
sujeitos do processo educacional. Ainda é difícil isso acontecer? Acreditamos que sim.
Iniciamos a investigação, procurando saber, por meio de pesquisa bibliográfica,
como o trabalho com o pensamento científico vem ocorrendo no contexto da educação
básica. A nossa intenção foi partir do contexto da educação básica para chegarmos na
educação infantil.
Constatamos muitos artigos disponíveis acerca do pensamento científico na da
área de Ciências e pouca investigação na área da educação infantil. Cumpre lembrar que
a nossa intenção não se restringe apenas a área de ciências, mas à importância de que as
crianças sejam ensinadas nesse contexto científico e que desenvolvam um espírito
investigativo/científico. Concordamos com Lorenzetti e Delizoicov (2001) quando
afirmam que:
PENSAMENTO CIENTÍFICO
35
Luis Alberto Montenegro Mora, Diretor da revista Unimar e docente investigador, membro do grupo de
investigação Forma (Faculdade de Educação, Universidade de Mariana – Colômbia).
I ConProEduc e II IncluiEdu 827
justamente o distanciamento dos interesses dos alunos com o que a escola vem
apresentando,formando discípulos do que investigadores.
Segundo Cunha,
o conhecimento não pode, ser a visão ociosa de um
espectador desinteressado. Dewey, denomina como
método experimental o pensamento reflexivo, visando
produzir alteração em algo, faz-se a observação
sistemática dos envolvidos, em seguida a elaboração de
hipóteses norteadoras de ações, por fim, o teste das
hipóteses. Esse é o único método capaz de produzir uma
idéia que faça jus ao nome ―conhecimento‖, seu principal
resultado não são as transformações ocasionadas nas
coisas, mas a mudança em quem a utiliza. (Cunha, 2007,
p.93).
presentes nos dias de hoje e que, segundo Dewey: ―As pessoas ainda querem a muleta
do dogma, das crenças pela autoridade para livrá-las do problema de pensar‖ (Cunha,
2007, p. 97).
A informação não basta para dar significado, é o conhecimento que fornece
meios para o entendimento ou a atribuição de significados ao que está acontecendo ou
vai acontecer (p. 101).O ponto de partida é o que já se conhece, e a partir dele, propõe-
se problemas para a superação do que já se tornou conhecimento, portanto é olhar para o
futuro. É nessa perspectiva, que deve ser pautado o pensar cientificamente. O
conhecimento que é pautado no passado, prende-se aos conteúdos e na mera
transmissão de conhecimento e, portanto, sem significado para o aluno (Cunha, 2007, p.
102). Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez
velho e se dispõe a ser ultrapassado por outro amanhã. (Freire, 1996, p.31).
Na concepção pragmática deweyana, segundo Cunha (2007):
Claro que todas estas etapas não precisam ser usadas na educação infantil, porém
algumas delas são pertinentes, para que as crianças desenvolvam o espírito
investigativo. Nota-se que todos os autores citados até o momento, trabalham a partir de
situação problema. Ao falarem do pensamento científico, porém, ainda há a importância
do trabalho com projetos. Salles (2007) propõe-se uma sugestão para a organização do
fluxo de realização de projetos:
Uma escola compatível com a teoria piagetiana tem de ser baseado no ensaio e
erro, na pesquisa, na investigação, na solução de problemas por parte do aluno, e não na
aprendizagem de fórmulas, nomenclaturas, definições etc (MIZUKAMI, 1986, p.76).
I ConProEduc e II IncluiEdu 832
CAMINHO METODOLÓGICO
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
FREIRE, P.Pedagogia da Autonomia. 18º Ed. São Paulo. Paz e Terra, 1996.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002 e 2010.
I ConProEduc e II IncluiEdu 834
RESUMO
ABSTRACT
accomplishment of the formative evaluation because it provides support for the follow-
up of the work in case of substitution of the teacher, it allows parents to assimilate and
to understand the school process through the overseeing of the development of the
children, it provides a reflection on the part of students, teachers and parents to adapt as
a methodological tool for recording teaching and monitoring of learning.
INTRODUÇÃO
O caráter qualitativo procura entender com maior ênfase o caso a ser estudado.
De acordo com Godoy (1995, p. 58),
REFERENCIAL TEÓRICO
CONCEITUANDO PORTFÓLIO
TIPOS DE PORTFÓLIO
Existem diversos tipos de portfólio de acordo com o propósito inicial para que
são produzidos, como descritos por Veiga Simão (2005, p. 87) ―uns mais centrados em
processos de avaliação, outros de aprendizagem e de formação e outros ainda tentando
tratar estas duas questões‖.
O portfólio identificado por Gullo (1994) é o portfólio contínuo ou permanente,
que contém uma seleção de trabalhos recolhidos ao longo de um período de tempo. A
seleção dos trabalhos é rigorosa, como descrito por Parente (2003, p. 58), ‗‗os exemplos
selecionados são altamente seletivos quanto à sua natureza e capazes de demonstrar o
percurso realizado pela criança aos professores dos anos seguintes‘‘.
Por outro lado, Worthan, Barbour e Perrota citados por Alves (2007, p. 55-56)
mencionam seis tipos de portfólio utilizados na educação infantil,
Para Nunes, referenciado por Melo e Freitas (2006, p. 66), ‗‘os portfólios
reforçam a comunicação entre o professor e o aluno, dada a necessidade de um
acompanhamento contínuo por parte do professor e de o aluno não sentir o estigma da
avaliação‘‘.
Complementando, para Shön (1992) o portfólio permite o desenvolvimento da
autonomia, da reflexão, do sentido da responsabilidade, e o próprio desenvolvimento do
estudante enquanto pessoa.
Aprofundando um pouco mais o pensamento, Sá-Chaves (2000) acrescenta que
o uso do portfólio promove o desenvolvimento reflexivo dos participantes; estimula o
processo de enriquecimento conceptual; estrutura a organização conceptual em nível
individual; fundamenta os processos de reflexão para a ação; garante mecanismo de
aprofundamento conceitual continuado; estimula a originalidade e criatividade
individuais no que se refere aos processos de intervenção educativa; contribui para a
construção personalizada do conhecimento; permite a regulação em tempo útil de
conflitos, garante o desenvolvimento progressivo da autonomia e da identidade e facilita
os processos de auto e heteroavaliação.
Por outro lado, o uso do portfólio pode trazer algumas desvantagens. Na visão de
Torres (2008, p. 552),
Você avalia todo dia a criança, nas suas atitudes, nos seus
gestos, que logo é registrado no portfólio (Prof. A).
Utilizo a avaliação diária em tudo, a relação dele com o
grupo, com o professor, com o espaço onde ele está e
também com as atividades desempenhadas, que logo serão
anexadas no portfólio (Prof. C).
Eu preciso criar oportunidades onde o aluno observe
alguma coisa ou faça o registro de uma atividade, ou
monte, construa, prepare alguma coisa, que após será
acrescentado no portfólio, e todos esses registros devem
mostrar que eles estão absorvendo e interiorizando dentro
dele aquilo que eu estou passando ou que eles estão
estudando ou fazendo experiência, aprendendo, que logo
será visualizada e entendida pelos pais (Prof. B).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
aprendizagem, faz-se necessário preparar-se e muito bem. Não obstante, todo o preparo,
sem impacto na ação docente executada em cada sala de aula, é insuficiente.
Em uma avaliação educativa que tenha como objetivo real a aprendizagem é
imprescindível considerar as atuais necessidades dos educandos. Nessa sequência, o
professor diariamente assimila o desempenho do aluno e reorganiza suas aulas a fim de
fazer o aluno crescer e se desenvolver quando se percebe limitações.
A função do educador torna-se uma profissão sagrada, avaliar é uma prática que
deve ser exercida com muito cuidado e responsabilidade. Consequentemente, é preciso
que o educador na sua prática diária, procure estimular e incentivar o aluno, com
estratégias diferenciadas, possibilitando o acolhimento, a integração e a inclusão dos
sujeitos do conhecimento. Esta prática exige estar traçada na harmonia, na união e no
clima de afetividade entre educandos e educadores.
Portanto, a partir destas reflexões, concluímos com a convicção cada vez maior
do compromisso que temos, como futuros profissionais da educação e cristãos, em
aperfeiçoar práticas firmadas na formação de pessoas mais criativas, autônomas e
pensantes. Aliás, como futuras educadoras temos o dever de preparar nossos alunos para
exercer a cidadania de maneira competente e comprometida com a sociedade e com
Deus.
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994.
LIBÂNEO, J.C. Didática. Cortez Editora: São Paulo, Coleção Magistério 2° Grau Série
Formando Professor, 1994.
PINTO, J.; SANTOS, L. Avaliar para aprender nos primeiros anos. Porto Alegre:
Mediação, 2014.
(org.). Os ―portfólios‖ reflexivos (também) trazem gente dentro. Porto: Porto Editora,
2005.
RESUMO
INTRODUÇÃO
foi observado por esta coordenadora que poucos professores realizam leituras literárias
de qualidade por fruição deleite aos seus alunos, o que não significa que eles não
realizem leituras com suas crianças, mas sim que as mesmas sempre atreladas a um
objetivo de aprendizagem específico. Para grande parte da população brasileira, que não
tem acesso aos bens culturais, a escola configura-se, muitas vezes, como única
possibilidade de acesso ao patrimônio cultural. No lugar de um mediador privilegiado
entre a cultura e o aluno, o professor precisa também, por sua vez, ter amplo acesso às
várias formas de expressão da cultura, para poder trabalhar com elas em sala de aula. Se
o contato com manifestações culturais diversificadas fizerem parte da vida dos docentes
esta mediação necessária entre as manifestações culturais e o aluno será mais facilmente
realizada. Em um tempo em que a inclusão escolar e social é palavra-chave, a escola
tem papel fundamental na divulgação e valorização de práticas culturais plurais.
A partir destas observações, elencamos a necessidade formativa para este grupo
docente de acesso e incentivo a objetos e dispositivos culturais como objeto de estudo
em horário de trabalho, era preciso oportunizar as vivências para os adultos para que
entendessem a importância das crianças terem acesso a tais conteúdos. Elaboramos um
plano que continha a visitação a exposições (de preferência ofertadas pelo município
onde trabalhamos e muitos dos docentes moram, com o objetivo de mostrar que há
infinitas possibilidades de acesso gratuito a atividades culturais e a leitura de obras
literárias nas reuniões de HTPCs.
Read não se limita apenas ao campo demarcado das artes, mas sim a algo mais
amplo, que as exterioriza na educação estética. Tal conceito amplia o olhar para todos
os modos de expressão individual, nomeadamente a música, a dança, as expressões
dramática, plástica e verbal, a literatura e a poesia. Read (1968), ao referenciar a
Estética a partir da vivência e experiência com os dispositivos e objetos culturais, afirma
que a mesma passa por fases:
● A percepção de qualidades materiais: cores, sons, movimentos e reações
físicas, sensoriais;
● O arranjo dessas percepções, em formas e padrões que sejam agradáveis;
● O forçar certo arranjo de percepções corresponde a um determinado
estado emotivo ou sentimental preexistente‖. Nestes casos, segundo o autor, diz-se que
se deu expressão a essa emoção ou sentimento.
Read (cit. por Sousa, 2003:74) abrange o sentido estético nas duas primeiras
fases; enquanto a arte engloba as três, argumentando que a Educação Estética pertence a
uma dimensão sensório-perceptiva e a Arte numa dimensão sensório-perceptiva-
emocional. Sousa (2003:75, citando Read, 1968) forma o termo de educação estética
como:
A leitura não é algo nato na vida do ser humano e sim uma experiência que
vivenciamos no decorrer de nossa vida, e que precisa de acesso aos dispositivos
literários e mediadores que nos subsidiem para nos apropriarmos e ampliarmos esta
vivência enquanto hábito o que contribui para a formação de um cidadão crítico, capaz
de compreender as características sociais, culturais e naturais do meio em que vive.
Cada leitor vivencia uma experiência própria, cotidiana e pessoal, tornando a leitura um
ato único e singular, uma vez que em cada um o processo de significação da leitura
realizada o impacta de uma forma diferente, ou seja, a leitura não se constitui em um ato
solitário, nem em atividades individuais, o leitor é sempre parte de um grupo social,
certamente carregará para esse grupo elementos de sua leitura, do mesmo modo que a
leitura trará vivências oriundas do social, de sua experiência prévia e individual do
mundo e da vida.
Entendemos a leitura como prática fundamental ao exercício da profissão
docente, já que contribui para o contínuo processo de formação do professor e também
relaciona-se à qualidade da mediação pedagógica. Se, como afirmamos anteriormente,
para uma parcela significativa da população a escola significa o acesso à escrita e outros
conteúdos acadêmicos, a ausência de uma prática de leitura pode atrapalhar a vida do
professor como cidadão ― visto que sua inserção no mundo da cultura da escrita
impressa se dá via leitura ― e também dificultar o pleno exercício de sua condição de
mediador.
Elencamos como obra para início de tal trabalho a Casa de Bonecas de Ibsen
Hansen. Esta escolha se deu por se tratar de uma peça teatral ( estilo pouco escolhido
pela maioria das pessoas para leitura) e pelo estilo singular de escrita do autor, pela data
de escrita da obra ( século passado e com um enredo que aborda a questão de gênero e o
espaço da mulher em relacionamentos pessoais e profissionais) e pelas emoções e
sensações que a leitura da obra proporciona. Destaco aqui um detalhe importante sobre
o ato de mediar a leitura para um grupo de docentes que pode parecer óbvio (mas muitas
vezes o óbvio precisa ser dito) que trata-se do formador no caso a coordenadora
pedagógica conhecer profundamente a obra a ser lida, pois assim é possível planejar
―pausas‖ na leitura de forma estratégica e chamar o grupo para o enredo, cuidar da
entonação ( que não precisa tornar-se uma encenação) nos momentos em que este
cuidado se faça necessário e variar as estratégias para leitura. Nos três primeiros
encontros sentia um ―desconforto‖ por parte de alguns nos momentos de leitura, alguns
ansiosos por desempenhar outras tarefas como planejamento e pesquisa, outros ainda
I ConProEduc e II IncluiEdu 865
que sem verbalizar pareciam não estar vendo importância na ação e outros tantos
envolvidos com a leitura realizada. Esta inversão de papéis ( o docente como ouvinte de
uma leitura) foi uma experiência bastante significativa para compreender os diferentes
perfis dentro do grupo.
Gildasio retrata em sua obra uma ―brasilidade‖ única, com olhar sensível, que
valoriza e respeita o próximo, que humaniza as relações, que torna o abraço um ato de
amor. A visita a sua exposição foi uma aula viva de geografia, história e humanidade.
Outra exposição que visitamos foi a Traço no Pano que mostra os estandartes
que são conhecidos há tempos imemoriais. São bandeiras, insígnias, ícones de uma
nação, de um partido político, de uma escola de samba, de um time de futebol. Eles são
um dos símbolos ancestrais da nossa civilização a mostra privilegia vários estandartes
contemporâneos que refletem o trabalho de pesquisa desenvolvido no ateliê da
Pinacoteca, trabalho este desenvolvido pela Saúde Mental da cidade em parceria com a
Secretaria de Cultura, que busca reequilibrar a saúde através do fazer artístico. Foram
duas exposições muito significativas que possibilitaram experiências singulares aos
professores, onde cada um produziu significações e sentidos a partir das suas vivências,
pudemos observar muitos professores emocionados com as obras, o que nos faz
acreditar no potencial de tal estratégia para educar para a sensibilidade.
que instiguem o docente a fazer tal reflexão. Pautamos nossas ações nas proposições
feitas por Placco que traz como contribuição:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante considerar que tal proposta formativa está apenas no início e ainda
pretendemos explorar outros níveis de sua potencialidade, no entanto observamos
(através das avaliações realizadas pelo grupo docente) a validação e interesse por
participar de situações que envolvam manifestações culturais como esta. Também
observamos um investimento maior em leituras de obras literárias com os alunos e
comunidade bem como maior interface em propostas interdisciplinares com arte através
do acompanhamento por meio da leitura e devolutiva dos diários de bordo. Esperamos
no próximo ano, oportunizar o acesso aos professores de um maior repertório a
linguagem musical e fílmica para assim ir ampliando a sua bagagem cultural.
REFERÊNCIAS
FUSARE, M.F.R; FERRAZ, M.H.C. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez,
2001.
PLACCO, Vera Maria Nigro; SOUZA, Vera Lucia Trevisan (orgs.). Aprendizagem do
adulto professor. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
READ, Herbert (2001). A Educação Pela Arte. São Paulo: Martins Fontes
RESUMO
INTRODUÇÃO
motivos para suas ações ou falas, para buscar meios de soluções dos problemas
levantados pelos alunos, independentemente se esses problemas tenham sido levantados
verbalmente ou apenas pela percepção dos professores. Para Schön (1992, p. 83), ―a
reflexão-na-acção de um professor implica a questão importantíssima das
representações múltiplas.‖ Com esta afirmação, o autor pretende destacar o fato de que,
por mais que o professor tenha, ou detenha o conhecimento teórico sobre a ação
pedagógica, é apenas na prática, aliada de reflexão que o professor vai compreender
verdadeiramente o que é ser professor.
Essas ideias de articulação da reflexão na prática pedagógica são embasadas por
diversos autores, como o próprio Schön (1992), Pacheco (1995), Alarcão (2008),
Imbernón (2009), Beineke (2012) e Fagundes (2016).
PROBLEMA
Embasados nas discussões teóricas dos autores que faremos referência neste
texto, buscamos analisar e compreender o que caracteriza um professor como
profissional reflexivo e quais os aspectos dessa reflexão sobre sua prática. Sendo assim,
o que nos move é compreender o que é a reflexão sobre a prática docente e como ela se
dá.
OBJETIVO
MÉTODOS
identificar como a reflexão sobre a prática pode ser um fator de destaque e importância
na formação de professores e nos aspectos relacionados à profissionalização docente.
REFERENCIAL TEÓRICO
Nessa mesma perspectiva, Tardif (2014, p. 11) acrescenta que o trabalho docente
e o saber docente é um saber partilhado, pois só existe e ganha sentido num contexto de
relações coletivas, complexas entre professores e alunos.
Assim também, Schön (2000) quando busca compreender o profissional reflexivo, o que
nos traz muitas referências para pensar na reflexão docente, apresenta dados
fundamentais para nossa pesquisa. Este movimento de reflexão que se faz na interação
entre professor e alunos, entre o ensino e a aprendizagem ocorrendo simultaneamente, é
posto pelo autor como um processo de reflexão-na-ação, pois para o autor:
Uma reflexão que está atrelada com a prática, com a vivência cotidiana dos
sujeitos escolares, com todos os questionamentos, posições, expectativas e anseios. É no
fazer, na ação que o processo de reflexão se desenvolve. Isso é natural e necessário para
o professor, faz parte da sua profissão, é, segundo Schön, dar valor às confusões, tanto
I ConProEduc e II IncluiEdu 877
dos alunos, quanto do próprio professor, sendo isto essencial para as soluções de
problemas e conflitos, e para o encaminhamento da aprendizagem dos alunos.
Tardif (2014) também traz uma referência em seu trabalho no que se refere à
este processo de reflexão na ação quando vem apresentar três concepções da prática em
educação, na compreensão de que a reflexão sobre a prática pode ser encarada numa
ideia de educação enquanto ―arte‖ (p.154), levando-nos a questionar sobre o que
fazemos quando educamos e o que de fato é a prática educativa?
O que o autor traz é uma análise sobre a ação do artesão e do educador.
Enquanto o artesão age sobre uma matéria, guiado por uma técnica, por uma
representação do que se pretende atingir no final, por meio de um conhecimento prévio
sobre o material e desempenha sua arte e técnica com base nas experiências construídas
pela própria prática, o professor assim também pode ser compreendido
profissionalmente, o que os diferencia, segundo Tardif (2014, p.160) é que o professor
age sobre um ser que ―possui por natureza um princípio de crescimento e de
desenvolvimento que deve ser acompanhado e fomentado pela atividade educativa.‖
Cunha (1994) a fim de compreender o que caracteriza a prática de um bom
professor, traz importantes contribuições que se entrelaçam nessas ideias apresentadas
até aqui, quando destaca que ―O professor com relação à escola é ao mesmo tempo,
determinante e determinado, assim como seu modo de agir e de ser, recebem influências
do ambiente escolar, também influencia este mesmo ambiente.‖ (CUNHA, 1994, p.24)
Esse modo de agir que o professor desempenha no papel educativo está ligado
também às suas crenças, juízos, dilemas, assim como afirma Pacheco (1995, p. 51)
quando diz que ―o modo como cada professor enfrenta uma situação didáctica depende
muito da sua individualidade psicológica, a partir da qual interpreta e lhe atribui
significados, e dos momentos de decisão em que se enquadra.‖
Nóvoa (2000) também ressalta que o saber da experiência não está
especificamente ligado à quantidade de tempo, mas à quantidade de reflexões, e à
qualidade dessas reflexões, sendo este um saber experiencial, em que o professor
experiente não necessariamente seja o que possua mais tempo de magistério, mas sim
aquele que se debruça nos seus pensamentos, que reflete sobre suas ações educativas
que pensa e repensa atitudes.
É esse repensar que faz com que a educação esteja em constante movimento, um
movimento para a inovação, para a melhoria da qualidade, para o sucesso. Não vivemos
mais nos tempos em que, para ser professor, bastava transmitir conhecimento, e essa era
I ConProEduc e II IncluiEdu 878
Para o autor, a formação inicial dos professores não é suficiente para alterar os
sistemas de crenças que o professor já tem sobre a docência, sobre ser professor,
adquirido ainda enquanto suas experiências como discente, entra então em cena o papel
fundamental da reflexão, pois é na reflexão que o professor pode analisar sua prática,
fazer comparações e pensar nas mudanças pertinentes à sua atuação profissional.
Vaillant e Marcelo (2012, p.16) acreditam que ―os professores são a chave na hora de
entender a dinâmica da mudança e de pensar os cenários educativos.‖
Nas suas conclusões, Marcelo (2009) aponta para o fato de que não existe
apenas uma resposta para a questão dos processos de desenvolvimento profissional, mas
que é necessário olhar atentamente para todas as questões que envolvem a prática
educativa. Acreditamos que a reflexão sobre a própria prática docente dos professores é
um ponto essencial para se alcançar a chave do sucesso na aprendizagem, pois esta
prática de refletir sobre si mesmo e sobre sua atuação pode servir de ferramenta para o
desenvolvimento profissional, num movimento de construção de novas concepções,
teorias e práticas pedagógicas.
DISCUSSÕES
município do Vale do Paraíba, tendo em vista como os professores refletem sobre suas
práticas, de modo que, no contexto da pesquisa, os professores estão nesta atuação
profissional como professores de música há menos de 3 anos, e muitos deles não
possuem formação superior específica em música ou educação musical. Trazemos um
leque de questionamentos para nossa pesquisa, pois, nos instiga a compreender como é
a reflexão sobre uma prática que não se teve formação prévia, e como se encara a
profissão docente nessa perspectiva de reinício, em uma nova função, agora como
professores de música.
Pretendemos investigar, observar e analisar a maneira como os professores de
música na educação infantil refletem sobre sua prática, e quais influências essas
reflexões trazem para a prática em sala de aula, para o planejamento e gestão das aulas
de música.
Beineke (2012) explicita sua pesquisa sobre o pensamento e ação de professores
de música, analisadas por meio de estudos de caso, e vem contribuir na perspectiva de
que os professores, muitas vezes levam suas rotinas de forma criativa, com estratégias
didáticas para compor suas rotinas, mas que nem sempre foram exatamente planejadas
previamente, ou seja, constatou-se que a reflexão sobre a própria prática possibilita o
repensar no planejamento e nas estratégias futuras. Nesta perspectiva Alarcão(2008, p.
58) analisa que a reflexão, como estratégia de formação tem como objetivo a formação
de professores mais competentes para a análise das questões de sua rotina e para
projeções abrangentes.
Para isso, é pertinente que haja um suporte referencial para trazer embasamentos
suficientes para as análises dessas práticas, bem como das falas dos professores,
reconhecendo que este processo de pesquisa acarretará, mesmo que de forma
inconsciente, uma prática de formação continuada dos professores.
Imbernón(2009) acredita que é no reconhecimento da identidade que será
possível interpretar melhor o trabalho docente, é a identidade docente que vai
fundamentar a qualidade educativa. Para o autor ―a formação baseada na reflexividade
será elemento importante para analisar o que são ou que acreditam ser e o que se faz e
como se faz.‖(IMBERNÓN, 2009,p.75)
Dessa forma, acreditamos que, levar em consideração as identidades dos
docentes e a forma como refletem sobre suas práticas, que ganham novos sentidos e
significados a cada dia, especialmente no contexto da pesquisa a se iniciar, que visa
I ConProEduc e II IncluiEdu 881
estudar como tem sido para o professor uma nova atuação docente, agora voltada para a
música na educação infantil.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. 4ª ed. Campinas, SP:
Papirus, 1994. ( Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico)
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 17. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2014.
ZABALZA, Miguel A. Diários de aula: contributo para o estudo dos dilemas práticos
dos professores. Porto: Porto, 1994.
I ConProEduc e II IncluiEdu 883
INTRODUÇÃO
Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados parciais obtidos a partir de
uma pesquisa de mestrado em andamento, sobre a importância dos objetos transicionais
para bebês e crianças pequenas em um Centro de Educação Infantil (CEI), localizado na
zona leste da cidade de São Paulo, que atende 136 crianças com a faixa etária de 0 a 3
anos e 11 meses de idade.
Como objetivos específicos elencamos: Verificar se o professor de educação
infantil permite que as crianças utilizem os objetos transicionais. Verificar como as
crianças se sentem ao utilizar esses objetos, observando sua real importância para as
crianças.
Buscamos responder as seguintes perguntas: As professoras de educação infantil
permitem que as crianças façam uso dos objetos transicionais? Como as crianças se
sentem utilizando esses objetos?
Os sujeitos da pesquisa são quatro professoras que trabalham nesse CEI. Trata-
se de uma pesquisa de natureza qualitativa, pautada na pesquisa-ação, cujos
instrumentos de coleta de dados são: observação, registro, entrevista semiestrutura e
roda de conversa com as professoras. O referencial teórico está pautado nas ideias do
psicanalista e pediatra Donald Winnicott e na teoria do apego de John Bowlby.
A relação de afetividade nutrida entre a mãe e o bebê desde a gestação, tende a
ser fortalecida após o parto, de forma que o bebê considera a mãe como uma extensão
do seu próprio corpo. Após o nascimento e durante os primeiros dias de vida, o bebê é
I ConProEduc e II IncluiEdu 884
cheiro também é uma característica marcante nesse objeto, uma vez que a criança
coloca o objeto na boca, passa no nariz e segura nas mãos, impedindo que a mãe ou o
responsável higienize esse objeto, limpando ou lavando o mesmo. Muitas crianças
nomeiam esses objetos, para facilitar a comunicação com o adulto, de forma que sempre
que sentem necessidade e não o encontram, pedem auxilio ao adulto para encontra-lo
(WINNICOTT, 1998), (WINNICOTT, 1975) e (ORTIZ e CARVALHO, 2012).
Para apego Bowlby (1984, p.56), utiliza a seguinte definição: ―Apego significa
disposição forte em buscar e manter proximidade com alguém específico; o apego é
contínuo e modifica-se apenas com o passar do tempo (um longo tempo) e é
independente da situação‖.
Para o autor, a presença materna é responsável por despertar na criança um
sentimento de encorajamento, frente a desafios, sendo de fundamental importância para
o desenvolvimento integral da criança. Esse sentimento de apego e a relação de
afetividade da mãe com o bebê podem ser definidos pelo autor como:
Comportamento de apego são as atitudes que uma criança tem para aproximar-se
ou manter a proximidade com alguém, por exemplo, chorar, agarrar, protestar. Tais
comportamentos são situacionais, fazendo-se presentes ou não, dependendo da situação
(BOWLBY, 1984, p 396).
O autor define comportamento de Apego como,
sentirá mais segura tendo a ilusão que sua mãe está perto dela, e aos poucos possa ir
adquirindo independência para se desenvolver integralmente (WINNICOTT, 1975) e
(1998).
A partir dos conceitos de Winnicott (1975), os objetos transicionais e os
fenômenos transicionais são considerados como pertencentes ao domínio da ilusão, que
é o inicio da experiência na vida do bebê, logo, o primeiro estágio de desenvolvimento
só é possível por que a ―mãe possui uma capacidade especial‖ de realizar adaptações as
necessidades do seu bebê, lhe permitindo sentir e acreditar na ilusão que aquilo que ele
cria na verdade é real.
Os objetos transicionais para Dias e Conceição (2014), são parte da mãe e parte
do bebê. Eles estão em uma espécie de relação que faz um paralelo entre a realidade e a
necessidade da presença materna constante, para aconchego e segurança.
Muitas vezes, em caso de perda do objeto, o estado emocional inconsolável é
acompanhado de um choro ininterrupto e persistente, que muitas vezes demora a passar,
neste caso, Winnicott (1998), chega a comparar a dor dessa perda a dor de um adulto
que perde um ente querido, como a dor do luto, sendo um fato que muitas vezes a
criança não consegue lidar.
Às vezes, por não conseguir se expressar como gostaria, o bebê demonstra seus
anseios e desejos por meio do choro, porém o fato de chorar para o autor, até mesmo de
tristeza, permite a nós enquanto adultos, deduzirmos que essa criança percorreu uma
longa jornada no desenvolvimento de seus sentimentos, pois esse tipo de choro mostra
que o bebê já é capaz de ―conquistar seu lugar no mundo‖, ele passa a reagir não só as
circunstâncias do meio, mas assume também a responsabilidade em relação ao meio.
A partir da necessidade de segurança e da capacidade de se expressar através do
choro, o bebê desenvolve a capacidade de organizar sons, a partir dos quais podem
surgir às primeiras palavras do bebê, desta forma, a criança passará a nomear o objeto
transicional. O nome que normalmente é dado ao objeto, costuma ser bastante
significativo para a criança e em geral apresenta uma palavra utilizada pelo adulto, o
que pode ocorrer tanto no ambiente familiar como no ambiente escolar, onde a criança
convive com professores e com outras crianças (WINNICOTT, 1975).
Diante do exposto, entendemos que os professores de creche são desafiados a
acolher as crianças no ambiente escolar, e o período de adaptação deve ser pensado e
proposto, de forma a tornar esse processo menos doloroso para a criança e para a
família. Enquanto professores de educação infantil, devemos ampliar nosso olhar para
I ConProEduc e II IncluiEdu 889
O FENÔMENO TRANSICIONAL
Neste momento pretendíamos conhecer um pouco mais sobre as crianças, bem como
sobre a conduta das professoras e o que elas conheciam sobre o tema pesquisado,
procurando observar se haviam ou não interferências quanto ao uso dos objetos, a
preferência e a necessidade das crianças, analisando qual sua relação com o objeto.
I ConProEduc e II IncluiEdu 893
forma isso deve acontecer, portanto, utilizar ou não o objeto transicional, nem sempre
fica a critério exclusivamente da criança e das suas necessidades devidas ao apego que a
criança tem pelo objeto, trazendo nesses casos, desconforto aos pequenos, que
respondem muitas vezes a essas intervenções com agitação, choros e reações que
demonstram insegurança.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BOWLBY, John. Apego e Perda: Apego, v. 1, 7ª ed, São Paulo: Martins Fontes, 1984.
BOWLBY, Jhon. Apego e Perda: Separação, angústia e raiva, v. 2, 3ª ed, São Paulo:
Martins Fontes, 1998a.
______. Apego e Perda: Perda Tristeza e Depressão .v 3, 2ª ed, São Paulo: Martins
Fontes, 1998b.
WINNICOTT, Donald W. A criança e o seu mundo. 2ª ed, São Paulo: Martins Fontes,
1998.
RESUMO
constatado ainda que o perfil do alunado de acordo com os cursos e períodos de aula em
que estudam interfere sobre o resultado de aplicação da metodologia, sendo necessária a
ocorrência do segundo ou terceiro ciclo de discussão.
INTRODUÇÃO
PROBLEMA
OBJETIVO
MÉTODO
De acordo com Yin (2001) uma pesquisa é considerada Estudo de Caso quando
este é restrito a uma única empresa ou instituição. Gil (1991) observa e Vergara (1997)
contribui que a pesquisa pode ser classificada quanto aos fins e quanto aos meios.
Dessa maneira, em relação aos fins, a presente pesquisa classifica-se como exploratória,
já que independentemente do número de pesquisas que foram realizadas sobre a
instrução por pares, em nenhum momento anterior foi efetuado um estudo com alunos
universitários de cursos não pertencentes à área de exatas na faculdade alvo do estudo.
Além disso, a pesquisa é classificada como descritiva, pois busca descrever os
resultados obtidos pelos estudantes quando é aplicada a metodologia de instrução por
pares.
Para mais, no que se refere aos meios, o presente estudo, se compõe de uma
pesquisa bibliográfica com pesquisa de campo.
Para o estudo foi utilizada uma amostra de 426 alunos distribuídos por cursos e
horários que frequentavam na instituição. Foram pesquisados 161 alunos do curso de
Bacharelado em Administração de Empresas, 81 do curso de Bacharelado em
Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda, 163 do curso de
Tecnologia em Marketing e 21 de Pedagogia. Esta amostra representa aproximadamente
de 50% do universo de estudantes frequentando a faculdade, objeto de estudo nos
cursos relativos à pesquisa.
A amostra foi, ainda, separada pelo período do dia em que assistiam às aulas,
assim, foram pesquisados 212 alunos que estudavam à noite, das 18:00 às 20:30, 128
alunos que estudavam à noite no período das 20:40 às 23:10 e 86 alunos que estudavam
no período da manhã, das 07:00 às 09:30. Ressalva-se que não se considerou na amostra
quaisquer outras variáveis como, por exemplo, gênero ou faixa etária dos alunos
pesquisados.
A distribuição da amostra por curso e por horário pode ser verificada na tabela 1,
que inclui as siglas que serão utilizadas na apresentação dos resultados.
Para elaborar a questão que foi aplicada ao grupo de alunos foi utilizado o
padrão Enade. A questão foi dividida em 3 partes: Um texto base, um enunciado e cinco
alternativas. Para cada curso a questão obedeceu ao conteúdo que o professor passou no
mesmo dia, que compreendeu, uma revisão de conceitos da aula anterior.
REFERENCIAL TEÓRICO
PEER INSTRUCTION
RESULTADOS
ADMM1
ADMN1
ADMN2
MKTM1
MKTM1 45 18 40 27 60 32 71
Fonte: Dos autores (2016)
MKTN1
MKTN2
COMN1
COMN2
PEDN1
TECNOLOGIA EM MARKETING
PEDAGOGIA
Foi pesquisada apenas uma turma com 21 alunos. No primeiro ciclo se obteve
um índice de acerto de 57%, através da resposta correta de 12 alunos. Após o segundo
ciclo se obteve um índice de 76%, já que 16 alunos obtiveram êxito. Não houve
aplicação de umterceiro ciclo.
No primeiro ciclo o maior índice de acerto foi do curso de Pedagogia, com 57%,
seguido por Administração de Empresas com 56%, Comunicação Social com
habilitação em Publicidade e Propaganda com 52% e Tecnologia em Marketing com
I ConProEduc e II IncluiEdu 910
49%. Esta ordem, no entanto, não foi observada após a aplicação do segundo ciclo,
onde, no total, o curso de Administração teve o melhor resultado com 77%, seguido de
Pedagogia com 76%, Marketing com 68% e Publicidade e Propaganda com 67%. Os
resultados por curso podem ser vistos na Tabela 10.
Tabela 10- Resultados obtidos por curso após a aplicação de dois ciclos.
M1
Dos 86 alunos que frequentam as aulas no período M1, apenas 34, o que
representa 40% da amostra atingiu o objetivo, acertando o que era proposto. Em uma
segunda rodada, no ciclo 2 o número subiu para 51 alunos, representando 59%. Todas
as turmas deste período tiveram que participar de um terceiro ciclo.
N1
N2
Compuseram esta amostra 128 alunos. 62 deles (48%) resolveram o que foi
proposto no primeiro ciclo. Após a aplicação do segundo ciclo, se obteve um acerto em
59% do total.
Tabela 11- Resultados obtidos por período após a aplicação de dois ciclos.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
LASRY, N., MAZUR, E. eWATKINS, J. Peer instruction: From Harvard to the two-
year college. American AssociationofPhysicsTeachers, 2008.
RESUMO
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
REFERENCIAL TEÓRICO
a formação de adultos é estudada desde o século XIX, conforme aponta Barbier (2012)36
―Na França, o campo de formação de adultos constituiu-se de modo progressivo,
durante o século XIX, por meio dos cursos para adultos e das universidades populares
do início do século XX.‖ (BARBIER, 2012, p. 264), consequentemente, tal maturidade
nessa área da educação credenciou os pesquisadores franceses a compartilharem suas
referências, merecedoras de observação e atenção dos agentes de educação e
pesquisadores dos países que trabalham no amadurecimento para formação dos seus
profissionais. Mais especificamente desde a segunda metade do século XX a França
desenvolveu a formação de adultos em três níveis: adaptação, aperfeiçoamento e
transformação contínua de competência. Portanto, conforme assinala Barbier (2013), o
professor, ao assumir o papel de formador, precisa criar e organizar situação de
aprendizagem que resgate significado vinculado ao cotidiano do aluno/adulto e não
trabalhar somente a transmissão de saber e, outro ponto importante a se considerar na
formação de adulto, segundo esse mesmo autor, é a necessidade de se relacionar a
formação a partir da construção de identidade profissional do aluno, independentemente
da sua idade.
No Brasil, a formação profissional é vinculada ao estágio letivo do curso de
formação, independentemente da identidade profissional do aluno, uma vez que a
maioria dos alunos são compulsoriamente forçados a ingressar no mercado de trabalho
para complementar a renda da família, antes mesmo de criar sua própria identidade
profissional. Essa realidade é reconhecida pelos agentes da educação brasileiras que,
para amenizar os impactos desse descompasso, regulamentaram na resolução do
Conselho Nacional de Educação em seu nono artigo, a seguinte determinação: ―Art. 9º
É facultado ao aluno o aproveitamento de competências profissionais anteriormente
desenvolvidas, para fins de prosseguimento de estudos em cursos superiores de
tecnologia. [...]§ 2º As competências profissionais adquiridas no trabalho serão
reconhecidas através da avaliação individual do aluno.‖ (CNE/CP nº 3/2002, de
18/12/2002, p. 2).
Outro ponto a se considerar, é a crescente diversificação das necessidades de
formação profissional, atendidas através das especificidades oferecidas pelos CSTs, que
já era vislumbrada no início dos anos 2000, por isso, o relator conselheiro Francisco
36
VILLAS BÔAS, L. Formação de adultos, formação de professores? Entrevista com Jean Marie Barbier.
DOI: http://dx.doi.org/10.15603/21761043/el.v15n26p259268
I ConProEduc e II IncluiEdu 922
de Operações aprovado pelo parecer CFE nº 60/63, observando o tempo de três anos de
duração, tinha como característica principal a formação de profissionais para o cargo de
supervisores de setores específicos da indústria.
Por alguns motivos discutidos em outros estudos, a formação tecnológica ficou
desestimulada e adormecida até o final da década de 90 quando esse tipo de formação
encontrou o caminho do crescimento, mas essa discussão não coube nesse estudo, uma
vez que o recorte para investigação tem início à partir de 2008. Entretanto, cabe destacar
que apesar dos esforços dos agentes de educação, ao longo de 40 anos, a acelerada
expansão dos CSTs coincidiu com a ampliação da demanda do mercado de trabalho, por
sua vez, resultante do acentuado crescimento do país, traduzido no desenvolvimento e
expansão industrial, intensa movimentação econômica e comercial e, mais recentemente
a propagação da área de serviços, conforme destaca Favretto e Moretto:
METODOLOGIA
37
Quando termos ou palavras que compõe a questão podem constranger o entrevistado.
I ConProEduc e II IncluiEdu 928
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma vez que este trabalho está alicerçado em pesquisa ainda em curso, apenas
podemos assinalar que os resultados preliminares, auferidos sobre uma amostra
correspondente a 45% do universo pesquisado, revelam que a percepção do autor estava
correta sobre a redução da faixa etária e experiência profissional dos estudantes
ingressantes no curso, na mesma medida, dentre outros fatores, os que mais se destacam
estão relacionados à renda familiar inferior a cinco salários mínimos, concentração de
egressos da rede pública de ensino, proximidade geográfica entre a residência do aluno
e a universidade e, crença irrefutável que a formação superior proporcionará rápida
obtenção da colocação no mercado de trabalho, ou ascensão profissional daqueles
pesquisados que já tem ocupação laboral formal.
Outrossim, o que mobilizou o pesquisador em busca das confirmações de suas
hipóteses foi a inquietação por produzir subsídios que permitam a evolução das analises
que, colaborem na investigação sobre a eficiência da metodologia didática atualmente
aplicada no CST em Marketing, à luz das aspirações dos alunos e comprometimento
acadêmico que a universidade tem com a formação profissional proposta pelos CSTs
concernente a Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
I ConProEduc e II IncluiEdu 929
BARONE, Rosa Elisa Mirra; APRILE, Maria Rita. Educação formal nas empresas: um
desafio para os diferentes atores. In: ____. Boletim técnico do SENAC, 2016.
Disponível em: http://www.bts.senac.br/index.php/bts/article/view/343/326
GIL, Antônio Carlos. Método e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008
NEIVA, Kathia Maria Costa et al. Um estudo sobre a maturidade para a escolha
profissional de alunos do ensino médio. Revista Brasileira de Orientação Profissional, v.
6, n.1, p. 1-14, jun. 2005.
RESUMO
INTRODUÇÃO
PROBLEMA
OBJETIVOS
MÉTODO
é tida como a organização dos dados permitindo ao pesquisador tomar decisões e tirar
conclusões.
Nessas condições, a etapa de análise e discussão dos resultados se deu pela
separação e organização do material coletado, adotando um código para definir as
categorias de análise. Além disso, foi realizada a releitura do material para identificação
dos pontos relevantes e significativos da análise para a divulgação dos resultados por
meio da construção de gráficos com o auxílio do software Microsoft Excel.
REFERENCIAL TEÓRICO
RESULTADOS
ANÁLISES DO G1
Neste item foram realizadas três perguntas aos professores, sendo elas: se
conheciam o programa EFAP? Se já haviam participado do projeto? E, qual a área de
capacitação que participaram?
I ConProEduc e II IncluiEdu 938
14%
1 29%
Sim 2 Sim
Não Não
71%
86%
5
6
Educação
e
17% Currículo
1
16% Educação
1 e
67%
Tecnologi
4
a
Gestão
O professor descreve que a escolha por uma formação no que diz respeito à
―Educação e Tecnologia‖ se concentra no fato das tecnologias serem uma realidade na
sociedade moderna.
Por fim, a indicação da capacitação em ―Gestão‖ foi assinalada por uma
professora pela ocupação atual que tem na rede, isto é, o fato de atuar como diretora. No
entanto, a mesma descreve que também já participou do curso de ―Educação e
Currículo‖.
Nesse sentido, podemos considerar que a EFAP oferece variados cursos de
formação para os profissionais da rede, não somente os professores e, suas propostas
também acompanham as necessidades da atualidade, como uma educação que abarca a
tecnologia.
Percebe-se ainda que os esforços da EFAP estão concentrados no preparo dos
professores para trabalhar com o currículo do Estado.
A partir desse contexto de identificação das áreas de capacitação dos
professores, dá-se sequência as análises do G2 com vistas a conhecer a avaliação dos
professores quanto a estrutura dos cursos oferecidos na EFAP.
ANÁLISES DO G2
Neste item foram realizadas duas perguntas aos professores, sendo elas: as
capacitações realizadas contribuíram para a atuação em sala de aula? E, como você
avalia a eficácia do programa EFAP?
Os resultados apontam para um alto índice de satisfação dos professores em
relação aos cursos, permitindo-nos afirmar que as ações da EFAP têm contribuído de
forma positiva para a atuação docente em sala de aula, correspondendo a uma situação
plena sobre a eficácia do programa. Os dados podem ser observados nos gráficos
abaixo.
Séri
Não e1;
20% 20%Concordo
Não
1 1 Totalment
Con
e cor
Não do …
Concordo
60% Série1
Parcialme
3 nte ;
Indifer
ente;
0; 0%
Fonte: Dos autores (2016)
pela desmotivação que tem sentido, o curso não contribuiu para seu desenvolvimento,
logo, é visto a insuficiência da EFAP para a professora.
Após conhecer as avaliações dos professores em relação ao programa, inicia-se a
análise G3 com vistas a identificar como os professores avaliam o AVA utilizado pela
EFAP como recurso para formação.
ANÁLISES DO G3
Neste item apenas uma questão foi realizada, sendo ela: como você avalia o
AVA, utilizado no programa?
O objetivo da questão é verificar a usabilidade do AVA para o processo
formativo, ou seja, a facilidade de uso do recurso, proporcionando assim que os
professores pudessem preocupar-se com a aprendizagem, ao invés do uso de uma
interface digital.
Os resultados podem ser acompanhados pelo gráfico a seguir.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas,
2002
O Estado de São Paulo. Alckmin reduz gasto para formar professores. Disponível em:
<http://educacao.uol.com.br/noticias/agencia-estado/2016/07/13/alckmin-reduz-gasto-
para-formar-professores.htm>. Acesso em 08 de setembro 2016.
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. CRE Mario Covas Disponível em:
<http://www.crmariocovas.sp.gov.br/>. Acesso em 6 de agosto 2016 a 03 de setembro
de 2016
INTRODUÇÃO
momento norteia todas as ações relacionadas a inclusão de alunos com NEE na maioria
das nações em todo o globo, ao solicitar que os governos ―atribuam a mais alta
importância política e financeira ao aprimoramento de seus sistemas educacionais no
sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças, independentemente de suas
diferenças ou dificuldades individuais.‖
Desde então a ideia de escola para todos vem ganhando força dentro do
município, embora ainda seguindo diretrizes federais para efetuar a teoria da inclusão,
foi criado o CADE (Centro de Atenção ao Desenvolvimento Educacional) no ano de
1999, com o objetivo de auxiliar o professor nas questões relacionadas ao ensino e
aprendizagem, principalmente em relação aos alunos que apresentem algum tipo de
NEE, atendendo todo o ensino regular municipal, propondo caminhos, afim de sanar as
dificuldades encontradas por professores e alunos, assim como o atendimento clinico
através de parceria com a Secretaria da Saúde.
A criação do CADE está intimamente ligada com a evolução da visão sobre a
inclusão escolar no município de Santo André, pois nos anos subsequentes, apesar das
dificuldades, houve a expansão do pensamento da escola para todos, assim com o
aumento no quadro de funcionários ligados ao CADE, como os PAEI‘s ( Professores
Assessores de Educação Inclusiva) e mais recentemente os AIE‘s ( Agentes de Inclusão
Escolar). Ter o CADE como dispositivo dentro das unidades escolares buscando sanar
as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem, assim como lutando por
melhorias estruturais e legislativas, é fruto de políticas públicas que buscam a melhoria
dos serviços oferecidos a sociedade.
Após longo período surge a Lei nº 9.723 de 20 de julho de 2015, o Plano de
Educação de Santo André, que estabelece metas a serem cumpridas até o ano de 2025,
para garantir o avanço da educação no município, onde questões relacionadas a inclusão
surgem com força e ganha legitimidade pelo fato de ter sido construído através de
processo participativo, onde membros da sociedade civil, familiares, alunos e
professores se envolveram.
A lei 9.723/15 reafirma todo o processo de luta e evolução em busca de uma
escola de qualidade para todos, com metas ambiciosas como:
PERFIL DO PROFESSOR
I ConProEduc e II IncluiEdu 950
não é benéfico
para eles serem
incluídos em
turmas de ensino
regular.
7. A eficácia
pedagógica dos
professores nas
turmas com alunos
com NEE‘s fica
4% 16% 8% 40% 28%
reduzida, visto que
tem de atender
alunos com
diferentes níveis
de capacidades.
8. Os recursos
oferecidos pela
Secretaria de
Educação são
52% 28% 0% 20% 0%
suficientes para
que a inclusão
acorra
adequadamente.
9. Os alunos com
NEE‘s obteriam
mais proveito se
32% 36% 0% 24% 8%
fossem educados
em instituições de
ensino especial.
10. A educação
dos alunos com
NEE‘s em uma
turma de ensino
regular, atenua as 8% 16% 8% 36% 32
diferenças entre
eles e os seus
companheiros
ditos ―normais‖.
11. Todos os
alunos, quaisquer
que sejam as suas
necessidades
4% 8% 0% 24% 60%
educativas, tem o
direito de assistir
as aulas na turma
de ensino regular.
12. A presença de
um aluno com
4% 28% 0% 40% 20%
NEE‘s em uma
turma de ensino
I ConProEduc e II IncluiEdu 953
regular, não
interfere com o
progresso dos seus
colegas.
13. Sem uma
formação
especializada,
dificilmente o
professor do
16% 28% 0% 28% 28%
ensino regular
poderá dar uma
resposta adequada
aos alunos com
NEE‘s.
14. A quantidade
de AIE é
suficiente, visando
68% 12% 4% 16% 0%
o tamanho e a
demanda da
escola.
15. A
heterogeneidade
das turmas não tem
0% 40% 4% 28% 28%
relação direta com
o sucesso ou
insucesso escolar.
Outro ponto delicado são as avaliações externas (Provinha Brasil), 68% dos
professores acreditam que os conteúdos e valores que por muitas vezes são trabalhados
dentro da sala de aula com os alunos com NEE, não aparecem nessas avaliações,
colocando a escola em uma situação difícil, pois deixar o aluno com NEE de fora do
processo de avaliação seria exclui-lo de parte de seus direitos como aluno da rede
regular de ensino, em contra partida a realização dessas avaliações sem as adequações
necessárias diminui a nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB),
correndo o risco de deixar escolas que possuam o maior índice de inclusão na prática,
entre as piores, diante de visões globais baseadas no IDEB.
Por fim, cabe salientar a positividade de ter alunos com NEE estudando em salas
de ensino regular, pois o item 10 aponta que, 68% dos professores acreditam total ou
parcialmente que a convivência entre os alunos atenuam as diferenças entre eles,
podendo assim criar cidadãos com olhares diferenciado sobre as necessidades especiais,
com maior compreensão e aceitação, além de estimular o desenvolvimento dos alunos
com NEE, é uma forma de adaptar o meio ao aluno, ao mesmo tempo que o aluno
também é adaptado ao meio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma gestão democrática como a efetivada em Santo André deve criar canais
para melhor ouvir e aceitar as opiniões dos profissionais que lidam com o problema no
cotidiano, ainda que esses não sejam, especialistas no assunto, mas tudo imaginado e
escrito por teóricos está nas mãos desses profissionais.
Existem muitas vertentes e variáveis que possuem a urgência de serem estudadas
de maneira mais aprofundadas para compreender a dimensão desse distanciamento entre
teoria e prática, suas possíveis causas e a averiguação sobre a possibilidade do
fenômeno ser isolado ou estender-se por toda rede de ensino de Santo André.
Finaliza-se a pesquisa com a reflexão. Uma das maneiras de diferenciar inclusão e
integração é que, na integração procuramos tornar o indivíduo útil para a sociedade em
que está inserido, enquanto na inclusão a sociedade é que deve ser modificada para
incluir o sujeito, seguindo esse pressuposto, quando temos professores que não se
sentem preparados para inclusão de alunos com NEE da maneira que é proposta. Deve-
se modificar a proposta ou modificar o professor?
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como elaborar um projeto de pesquisa. 2ª edição. São Paulo, Atlas, 1989.
SANTO ANDRÉ. Plano de Educação de Santo André: Metas 2015 – 2025 lei nº
9723. Santo André, SP, Aeroestúdio, 2015.
RESUMO
INTRODUÇÃO
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
METODOLOGIA
REFERENCIAL TEÓRICO
complexo pode contribuir para que as reflexões advindas desse processo diminuam as
possibilidades de desconexão entre o ambiente educativo com o que acontece na
sociedade.
Pensar em uma escola que vislumbre a aprendizagem das crianças sejam elas
com ou sem deficiência, será possível na medida em que haja uma mudança no modo de
conceber a aprendizagem. Nóvoa (2009) coloca a importância de se pensar
complexamente, tendo em vista que a aprendizagem não é um processo linear e deve ser
equacionada numa perspectiva multifacetada, bem distante dos simplismos de
pensamentos colocados tanto para o ensino tradicional quanto para a pedagogia dita
moderna.
Sacristán (2007) coloca que a educação deve servir a um projeto de ser humano
e sociedade, aproveitando as possibilidades de ação, enfrentando os riscos, formando
pessoas que possam pensar e agir sem conforma-se com o que é posto. Um pensar que
seja capaz de mostrar indignação frente: à riqueza em detrimento da pobreza, a
opressão, a exclusão, o preconceito, a intolerância, a corrupção e assim por diante...
A educação precisa romper com os paradigmas aos quais vem se consolidando
ao longo dos tempos, para Santos (2008) isso traz:
RESULTADOS OBTIDOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
I ConProEduc e II IncluiEdu 971
CAPRA, Frijov. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo:
Cultrix, 2005.
SACRISTÁN, José Gimeno. A educação que ainda é possível: ensaios sobre uma
cultura para a educação. Porto Alegre: Editora Artmed, 2007.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Projeto Político Pedagógico da escola: uma
construção possível. 4ª Ed. São Paulo: Papiros, 1997.
YouTube. Pixar Festa nas Nuvens – reflexão sobre as diferenças. Vídeo (5min12ss).
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=pktG7AJRL8k>. Acesso em: 17
maio 2016.
I ConProEduc e II IncluiEdu 973
INTRODUÇÃO
38
Ao me referir ao termo empoderamento, reflito baseando-me em Paulo Freire (1996). Embora o autor
não use esse termo, penso que o empoderamento seria baseado no sentido transformador, como conquista,
avanço e superação do sujeito que realiza por si mesmo ações que o conduz a evoluir e se fortalecer.
I ConProEduc e II IncluiEdu 975
Por isso, creio ser importante continuar a narrar as histórias, para que elas não se
percam. Entre as histórias que poderiam ser contadas estão as histórias que narram
como os professores escolheram a docência. Nóvoa (1995) afirma que hoje, na
docência, não se pode separar o ―eu pessoal do eu profissional, sobretudo numa
profissão impregnada de valores e ideais, e muito exigentes do ponto de vista do
empenhamento e da relação humana (p. 9)‖. Portanto, compreender melhor os inúmeros
obstáculos encontrados pelos indivíduos durante o caminho para se tornar docente e as
táticas por eles utilizadas na tentativa de vencê-los, pode ser de valia para (re)planejar
ações futuras. Nesta perspectiva a recordação e o relato autobiográfico de momentos
significativos pessoais e escolares se propõem como um instrumento valioso na
I ConProEduc e II IncluiEdu 976
reflexões sobre as marcas positivas ou negativas que a convivência na escola deixa nos
sujeitos e que essas marcas podem permanecer em suas vidas futuras. O professor
quando retoma sua história, pode compreender e buscar respostas para ações
vivenciadas na escola, bem como repensar sua futura atuação em sua prática docente.
39
É uma rede mundial de avaliação de desempenho escolar, realizado a cada três anos, tem a finalidade
de melhorar as políticas e resultados educacionais. É coordenado pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE).
I ConProEduc e II IncluiEdu 982
parecia uma espécie de véu se rasgando na parede, aquelas bolinhas pareciam pular da
lousa ao meu encontro, algo mágico. Ali pela primeira vez eu tive chance de encontrar
minhas características, aconteceu então uma energia de mudança. Aqueles momentos
considero que foram os primeiros para uma vida feliz! Aqueles momentos não queria
que acabassem, desejava que durasse a eternidade, a filosofia grega através de
Aristóteles tenta explicar isso como Eudaimonia, ou seja, a felicidade. Para Aristóteles,
esse termo significa alcançar a capacidade completa de cada um, assim a felicidade é o
alvo dos indivíduos, tudo o que realizamos tem por objetivo a busca da Eudaimonia.
Foi o primeiro encontro que a educação proporcionava para ter uma vida de
felicidade, quando a pessoa encontra qual é sua aptidão a vida fica melhor, a pessoa não
quer que a vida passe rápido. O filósofo Friedrich Nietzsche (1891), disse na obra
―Assim falava Zaratrustra‖, que "se te apetece esforçar, esforça-te, se te apetece
repousar, repousa, se te apetece fugir, fuja, se te apetece resistir, resista, mas saiba bem
o que te apetece, e não recue ante nenhum pretexto, porque o universo se organizará
para te dissuadir‖. Às vezes, me faltava confiança de prosseguir devido à falta de
compreensão dos códigos que não aprendi na escola formal. Tinha baixa autoestima e
complexo de inferioridade frente aos demais, mas eu queria continuar. Até aquele tempo
vivia arrastando-me, fazia tudo com vontade que terminasse logo. Mas ali não queria
que acabasse, era bom estar naquele lugar. Eu ainda não conseguia perceber que aquelas
descobertas das minhas características seriam frutificadas para se tornarem a árvore da
docência e poderia futuramente, apesar dos percalços, desfrutar de dias melhores. A
cada dia me sentia mais parte integrante daquele processo educativo. Os educadores
estimulavam que eu mostrasse o que havia aprendido, sem cobrança do certo ou errado.
Aquela instituição educativa não fazia juízo de valor entre certo ou errado, antigo ou
novo. Era uma construção constante, construíamos soluções juntos. Considero que ali
começou um novo tempo em minha história. Dessa forma, começou frutificar a árvore
da docência na minha trajetória, quando descobri minha aptidão, começou melhorar o
I ConProEduc e II IncluiEdu 983
meu cotidiano. Considero que assim iniciou o processo de uma vida melhor. A pobreza
era a mesma, mas eu tinha um brilho nos olhos! É certo que essa oportunidade de
aprender só frutificou devido ao posicionamento dos educadores que me acolheram, não
me faziam sentir como um desigual. Sabiam que eu era diferente, mas não desigual. Foi
um processo de superação, esse encontro com outros professores, outro contexto social,
trouxe um novo vínculo com a vida, outro processo de significação.
Esse empoderamento que fui adquirindo veio por uma força interna que dia-a-
dia, de ―golpe em golpe‖, foi crescendo, assim, essas ―mãos estendidas‖ na minha
direção estabeleceu uma relação de troca de aprendizado, aos poucos atingindo certo
equilíbrio. Sempre foi prazeroso estar no mundo das notas e instrumentos musicais.
Meu prazer fazia com que apreendesse mais na memória informações devido ao valor
gerado na minha vida. Ás vezes a escola formal, como ela se organiza, é incapaz de
gerar um valor para as pessoas, mas às vezes por outros caminhos isso é possível.
A música era um conhecimento próximo da minha realidade, não era um valor
distante. Eu não me perguntava mais para que vou aprender isso? Era outra instituição,
um lugar que eu frequentava por prazer. Passei por metamorfoses durante minha
trajetória, meu capital cultural se fortaleceu, assim retorno ao ensino formal e concluo o
ensino médio, posteriormente trabalhei em um colégio como porteiro durante cinco
anos e lá tive a oportunidade e incentivo de concorrer a bolsa de estudos para um curso
superior. Escolhi o caminho da licenciatura em música. Na metade da minha
licenciatura iniciei como professor da rede pública, numa comunidade pobre, extremo
sul da capital paulista, região com alto índice de violência, baixo Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e carência de saneamento básico. A
identificação foi imediata, observava aqueles meninos e meninas, passava como um
filme me via quando menino. O lugar era muito parecido com o bairro que morava na
infância.
Sou filho da escola pública! Agora depois de décadas me deparo do outro lado
desse contexto escola-aluno-família. Como docente convivo com crianças que
reverberam minha infância. Atuar nesse contexto trás experiências diversas e por
inúmeras vezes fico perplexo e interrompo meu olhar. Larrosa afirma que, ―a
experiência é algo que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca‖. (LARROSA,
2002,p.21) Experiência, o que é? Para que serve a experiência? A efetiva experiência
acontece no silêncio, quando há o interrompimento do cotidiano, para que algo me afete
é preciso parar! Ela nos deixa com cicatrizes boas ou ruins. Pode ser uma lembrança de
I ConProEduc e II IncluiEdu 984
algo negativo que fizeram comigo, mas também há a hipótese de servir como um
memorial de algo bonito do que faço com aquilo que fizeram comigo. Segundo Sartre,
―O essencial não é aquilo que se fez do homem, mas sim aquilo que ele fez daquilo que
fizeram dele‖ (Sartre 1952).
Ao concluir, compreendo que a análise das minhas experiências com a escola
formal na infância e adolescência e com a docência na vida adulta indicou que muitas
das ações e atitudes dos professores que me marcaram de forma negativa ainda se
perpetuam nas instituições escolares da atualidade, principalmente naquelas que
acolhem os alunos pertencentes das classes populares. Ao voltar para a escola como
docente, deparei-me com uma escola que vivia fechada, que não se aproximava do
mundo dos alunos.
Uma escola que não consegue perceber que há alunos do ensino médio que, às
vezes, têm mais saberes sobre como se movimentar em ambientes hostis e como
sobreviver com o mínimo de recursos do que os próprios docentes. Esses alunos, no
entanto, não conseguem ter a mesma desenvoltura na escola, pois ela se encontra muito
distante de suas necessidades e deste modo, não têm sentido para eles. É salutar que
esses jovens sejam despertados, renasçam e tomem consciência do seu papel, mesmo o
mais obscuro, dessa forma, poderão encontrar sentido na educação e assim serem
felizes. Mas a escola muitas vezes se coloca como uma ―máquina de entortar homens‖.
Hoje eu posso relatar e narrar minha história, a forma que as instituições me
impactaram e como me impressionei com a vida, a vulnerabilidade frente minha
trajetória. Ao ter oportunidade de relatar o que ocorreu comigo e propor uma formação
através da reflexão autobiográfica me isento de ter uma única história sobre o que é a
vida dos pobres e negros no ―mundo dos homens‖, onde o comum é o olhar arrogante
ou o sentimento de pena e piedade. O que me impressiona é que alguns não percebem
que é possível outra história, outras possibilidades de ver uma família. Nessa única
história, não existe a possibilidade dos pobres e negros terem oportunidades para a
igualdade.
Pelas minhas experiências pude compreender uma sociedade injusta e desigual.
Percebo que se não tivesse vivido no meio desse contexto de vulnerabilidade, talvez não
teria a consciência do potencial que há numa criança pobre, que os que são perseguidos
pela injustiça se tivessem oportunidade seriam capazes de falar por si mesmos. Não
conseguiria perceber que não há só guerras sem sentido pelo tráfico dentro das favelas,
há pessoas que vivem em harmonia, numa vida comunitária e há esperança. Não
I ConProEduc e II IncluiEdu 985
40
Metáfora da viagem, da descoberta escrita por Guimarães Rosa.
I ConProEduc e II IncluiEdu 986
Entro em concordância com o educador Tião Rocha (1991) que baseando Paulo
Freire (1996) e Eduardo Galeano diz "cada promessa é uma ameaça; cada perda, um
encontro. Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas, as certezas. Os sonhos
anunciam outra realidade possível e os delírios, outra razão" (s/n).
Á partir das minhas vivências e experiências faço uma reflexão que é como a
escola pode ser transformadora? A escola ao quebrar a função reprodutivista
priorizando a função educativa se constitui em um espaço de vantagem na luta para que
cidadãos consigam buscar conhecimento criticamente. Mesmo inserida numa sociedade
que prega a igualdade, mas produz a desigualdade, ainda sim, essa instituição pode ser
considerada como uma luz no meio da escuridão. Não como redentora ou a única fonte
suprema de possibilidade de equidade, mas como possibilidade de em comunhão
resultar o ser da transformação, por meio de uma concepção humanista e libertadora.
Uma escola que aprenda o outro, superando uma concepção bancária e seguindo
em direção a uma concepção humanista e libertadora, onde o professor seja um
facilitador para o aluno, ambos caminhando em comunhão, sem manipulação, assim
esse ser de transformação poderá receber o conhecimento que quer saber de verdade,
um conhecimento sem a intenção da domesticação do homem. Uma ―escola de
espantos‖ provocadora e incentivadora, que escute os anseios dos alunos e não ensine
somente coisas, mas sim uma instituição e professor que ensine a pensar e produza
curiosidades, o educador Rubem Alves enfatiza que ―a missão do professor é provocar a
inteligência, é provocar o espanto, é provocar a curiosidade‖. O homem é um ser em
busca permanente, por isso requer uma educação que aproxime os mundos e provoque
curiosidade, assim, poderá perceber o que as crianças e jovens querem saber de verdade.
Por fim, com esse trabalho consigo perceber que ao retornar à minha biografia
tomo consciência não mais como um espectador, mas como autor da minha história.
Durante o percurso desse documentário tive a experiência da escuta sensível, dar voz a
outros, por meio desses diálogos aprofundei minha concepção de emancipação que é a
capacidade do homem admirar, operar e transformar o mundo, não apenas nele, mas
com ele. Para Freire (1967):
I ConProEduc e II IncluiEdu 989
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre
literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. Vol. 1. São Paulo:
Brasiliense, 1987.
GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre. Editora Pallotti, 2015.
LAHIRE, Bernard, Sucesso escolar nos meios populares: As razões do improvável. São
Paulo: Ática, 1997.
ROSA, João Guimarães. Primeiras histórias. 15. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2001.
SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. Terra dos homens; Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira,
2016.
SARTI, Cynthia Andersen 1996. A família como espelho: um estudo sobre a moral dos
pobres/ 6. ed. – São Paulo : Cortez, 2010.
SARTRE, Jean Paul 1952. Saint Genet: Comédien et martyr. Paris, Gallimard.
INTRODUÇÃO
PROBLEMA
OBJETIVOS
MÉTODOS
REFERENCIAL TEÓRICO
DISCUSSÕES
INCLUSÃO E DIVERSIDADE
Sabemos que o ser humano constrói sua identidade nas relações que estabelece
consigo mesmo e com outros seres, ao mesmo tempo que transforma a sociedade e por
ela é transformado. Atualmente, em função de movimentos sociais, principalmente após
o documento dos direitos humanos, temos visto o surgimento de políticas públicas
voltadas para garantir a educação para todas as pessoas com e sem deficiência.
Segundo Ferreira (2006, p.91) ―a década de 1990 trouxe um novo conjunto
amplo de reformas estruturais e educacionais, inspiradas e encaminhadas por
organismos internacionais e caracterizadas pelo discurso da Educação para Todos‖.
(FERREIRA, 2006). Como resultado desse movimento mundial, a Declaração de
Salamanca (BRASIL, 1994) surge no cenário educacional brasileiro como um dos
documentos referenciais no processo de reflexões, discussões e adoção de políticas
I ConProEduc e II IncluiEdu 997
públicas de apoio à inclusão das pessoas com deficiência. Assim, ao final da década,
após a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), vive-se no
Brasil um momento de ampliação da presença de alunos com necessidades especiais nos
diferentes espaços escolares. Daí em diante, o paradigma da inclusão vem ao longo dos
anos se consolidando.
O termo diversidade, segundo o Dicionário Aurélio, vem da palavra
―diversitate‖, de origem latina, e significa: diferente. Ao longo da história a ―diferença‖
foi vista como algo desviante, negativo, pejorativo e/ou depreciativo. Muito da
justificação da prática social do preconceito e da discriminação encontra seu acento
nessa visão distorcida em relação à pessoa ―diferente‖. Todavia na contemporaneidade o
termo ―diversidade‖ e/ou ―diferença‖ assume um aspecto positivo, com a luta em favor
da implementação de leis, decretos e ampliação aos direitos de pessoas e/ou setores
excluídos, marginalizados socialmente.
Sobre o termo ―inclusão‖ indica-se que este é um termo amplo, utilizado em
diferentes contextos, em referência a questões sociais variadas (PACIEVITCH, 2012).
Todavia, de modo geral, corresponde a inserção social de pessoas que experimentam
algum tipo de exclusão, seja da escola, mercado de trabalho, barreiras arquitetônica,
comunicacionais e outras devido a sua condição socioeconômica, gênero, raça, não
domínio de tecnologia ou por possuir algum tipo de deficiência. Além disso, torna-se
um movimento social voltado para produzir a igualdade de oportunidades para todos. A
finalidade da questão da deficiência em sua correlação com o termo ―diversidade‖ e
―inclusão‖, possibilita a abertura para dialogar com uma longa trajetória de movimentos
mundiais pela luta em favor da melhoria de condições, aceitação e integração social,
educacional das pessoas com necessidades educativas especiais.
A ação atual de ressignificar todos os aspectos que envolvem a inclusão estão
ligados a uma percepção crítica da realidade escolar que ao se desenvolver marcada pela
visão globalizadora favorece a diversidade mesmo dentro da homogeneidade, como
relata a autora Carvalho (2004, p.35) no seguinte trecho:
Nesse sentido o decreto do AEE nº. 6.571 de 2008 – Lei n. 11. 494 de 20 de
junho de 2007, que aborda algumas atribuições ao professor do AEE em suas funções
no ambiente escolar, tais como:
Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de
acessibilidade e estratégias considerando as necessidades especificas dos alunos
público-alvo da Educação Especial.
Elaborar e executar plano de atendimento educacional especializado, avaliando a
funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade.
Organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos
multifuncionais.
Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e da
acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros
ambientes da escola.
Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégicas e
na disponibilização de recursos de acessibilidade.
Orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade
utilizados pelo aluno.
Ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais
dos alunos, promovendo autonomia e participação.
Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à
disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e
das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades.
A respeito da questão do método ensino aprendizagem, Zola (2014), confirma que o
que vem sendo feito está longe do ideal curricular que alenta a uma aprendizagem
motivada pelo prazer de aprender para todos, principalmente para alunos com AH/SD,
conforme a citação a seguir:
Evidencia-se assim, que o cenário que está posto ainda precisa de muitos
avanços e ações atitudinais, pedagógicas e políticas para desenvolver espaços de ensino
aprendizagem mais abrangentes e reflexivos no intuito de atender a demanda
educacional escolar inclusiva para pessoas com AH/SD.
nos dias atuais sobre esse ser o único instrumento de identificação, bem como pelas
possíveis controvérsias que poderiam gerar em relação ao escore mínimo para se
determinar a tênue linha que separa o sujeito de ser ou não superdotado Renzulli
começou a desenvolver uma nova teoria que denominou a ―Concepção da Superdotação
dos Três Anéis e o Modelo Triádico de Enriquecimento‖ (RENZULLI, 2004, p. 81).
41
Programa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo que surgiu em 2001, como fruto do
amadurecimento da consciência de direitos e, naturalmente, reflexo das mudanças sociais em operação
por todo mundo, com a preocupação de oferecer condições para que cada um dos cidadãos possa
desenvolver todas as suas potencialidades.
42
Programa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo que desenvolve estudos e pesquisas,
objetivando o estabelecimento de diretrizes e normas pedagógicas para a rede estadual de ensino.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1005
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR
O professor em sua prática docente também deve envolver toda sua experiência
e formação especializada no sentido de proporcionar ao aluno o máximo de estímulos,
possibilidades de vivências e ampliação de sua aprendizagem. Como se observa na
citação de Barbosa e Gomes (2006) que apresentam importantes contribuições a
respeito da prática docente inclusiva eficiente junto a alunos com deficiência:
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação para
satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO, Jomtiem/Tailândia,
1990.
_____. Plano Nacional de Educação. Lei n. 10.172. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 10 jan. 2001.
CARVALHO, R.E. Educação Inclusiva: com os pingos nos ―is‖. Porto Alegre:
Mediação, 2004
JUNG, J.M. Inclusão: eis a questão! Uma abordagem sobre currículo e diversidade.
Disponivel em< www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1195/1010 >
Acesso em: 20 out. 2017.
INTRODUÇÃO
• 3 alunos pré-silábicos
• 9 alunos silábicos com valor
• 4 alunos silábicos alfabéticos
• 1 aluno alfabético
Em função do resultado de cada sondagem, planejamos as intervenções e
desenvolvemos o trabalho realizado com textos de diferentes gêneros propícios para
essa etapa da alfabetização, como parlendas, quadrinhas, adivinhas, poemas e canções.
Além disso, são gêneros textuais que permitem uma aproximação lúdica com a
linguagem e a ampliação do repertório de gêneros conhecidos pelos alunos, favorecendo
a reflexão sobre o sistema de escrita.
Nas situações de leitura, quando convidamos os alunos a ler textos desses
gêneros, propiciamos reflexões sobre como podem ajustar o que falam ao que está
escrito.
Já nas atividades de escrita, solicitamos que escrevam os textos memorizados,
em que terão que pensar em que letras deverão usar para escrever da melhor forma.
Quando colocamos os textos que os alunos sabem de cor como aliados da reflexão sobre
o sistema de escrita, não visamos apenas que decorem a grafia das palavras. A ideia é
que, como sabem recitar a parlenda, possam direcionar sua atenção às questões
notacionais: refletir quantas e quais letras devem usar para escrever, além de outros
aspectos relacionados à escrita, como a separação entre as palavras no texto.
Entendemos que ler um texto em voz alta ou recitá-lo só tem sentido se
desejamos compartilhá-lo com alguém, ou com algum público. Ler em voz alta para
"treinar" a leitura é uma prática escolar muitas vezes desprovida de sentido, criada
apenas para que o professor possa controlar a fluência leitora de seus alunos.
No caso do Projeto que focalizamos neste artigo, estamos propondo a recitação
de músicas, parlendas e trechos de falas das histórias dos contos de fadas não
prioritariamente com a finalidade de controlar o desempenho leitor dos alunos. É apenas
um meio de permitir a troca de experiências leitoras, a ampliação do repertório literário,
a reflexão sobre a linguagem a experiência com a palavra falada. Portanto, a recitação
só tem sentido no Projeto se estiver devidamente contextualizada para os alunos, ou
seja, se eles souberem desde o início por que e para quem irão recitar, como veremos
adiante quando apresentamos o desenvolvimento do Projeto.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1016
O professor:
1. Apresenta o livro CHAPEUZINHO VERMELHO às crianças. Em seguida,
pergunta para a classe se já conhecem essa história, e se esse livro poderia ter
outro nome. As sugestões são anotadas na lousa.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1017
2. Propõe para os alunos que observem a capa do livro: que relação as ilustrações
têm com o título? Provoca-os: chapeuzinho pode ser verde?
3. Logo após, lê a música da história para os alunos. Pergunta se eles conhecem a
música. Canta algumas vezes e pede que acompanhem a música na lousa junto
com o professor.
O professor:
1- Propõe que os alunos pesquisem em casa, com seus familiares, as histórias e
músicas que existiam na sua infância;
2- Produz, junto com os alunos, uma solicitação por escrito que será enviada
para casa e impressa numa folha com espaço para que as histórias conhecidas
possam ser registradas;
3- Socializa as informações que os alunos trouxeram de casa.
duplas que opinarem de maneira diferente devem somente explicar por que
pensam que determinada palavra está escrita ali. Os alunos não precisam
corrigir a palavra marcada que não corresponda com a escrita convencional.
O professor:
1. Apresenta o livro João e Maria às crianças. Em seguida, pergunta
para a classe se já conhecem essa história, e se esse livro poderia ter
outro nome. As sugestões são anotadas na lousa.
2. Propõe para os alunos que observem a capa do livro: que relação as
ilustrações têm com o título? Essa leitura acontece diversas vezes,
durante algumas aulas, para que as crianças memorizem a história.
3. Após as crianças se apropriarem da história. O professor solicita que
os alunos recitem o trecho da história onde João e Maria entram na
casa de doces.
4. O professor propõe que os alunos ditem o trecho da história para que
ele o escreva na lousa.
5. Durante a atividade, o professor irá problematizar a escrita de
algumas palavras, por exemplo: ―Como começa bruxa?‖; ―Começa
com que letra?‖; ―E pirulito? Será que começa igual a do Pietro?‖.
Figura 1: Fichas das escritas em duplas dos alunos com os comandos que foram
surgindo na brincadeira.
1- Cada um dos participantes da dupla escolhe uma música das quais foram
apresentadas no decorrer do projeto.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1022
2- Depois da escolha, deve ditar para que seu parceiro a escreva. Durante a
produção escrita, aquele que dita também deverá controlar a forma como a
música está sendo escrita pelo colega. Logo depois, a dupla troca de posição
e o parceiro que escreveu primeiro, agora dita a sua música. No final, cada
um revisa a escrita da música que escolheu para ditar e discute com o
parceiro onde e por que fez alterações.
O professor propõe que os alunos, em dupla, ordenem a música ―Pela estrada afora‖.
1- Antes de começar a atividade é importante relembrar com os alunos a música
e principalmente fazer demonstrações para que eles percebam minimamente
alguns procedimentos para resolução da tarefa, por exemplo: devem estar
atentos ao fato de que os trechos do texto (tiras) que será montado devem
seguir a mesma ordem que aparecem quando eles recitam a música.
2- O professor faz a leitura integral do texto e depois lê apenas as partes do
texto (tiras) na ordem que será montado. Na sequência de leitura das tiras, os
alunos irão descobrindo as partes que devem ser ordenadas. O professor fala,
por exemplo: ―Procurem onde está escrito estrada, essa é a primeira parte? ―;
―Quem encontrou? ―; ‖sozinha começa como? ―; ―Como você sabe que está
escrito Chapeuzinho? ― Etc. O acompanhamento feito dessa forma auxilia-os
na resolução tarefa, pois seria impossível para alguns alunos lerem sozinhos
o texto. No entanto, feita em partes, a leitura por índices (letra que começa,
igual a alguma palavra que o aluno conhece etc.) torna o desafio possível.
3- Para ajustar as intervenções de apoio aos alunos durante a atividade, é
importante o professor lembrar que para os alunos que ainda não sabem ler,
as atividades de leitura costumam envolver a localização de palavras: eles
precisam procurar uma palavra especial, misturada a diversas outras em um
texto. Dito de outro modo: ainda não conseguem responder à pergunta ―o
que está escrito aqui? ―, mas podem responder à pergunta ―onde está escrita
tal palavra? ―.?‖ etc.
4- O professor pede que os alunos escolham a parte de que mais gostam da
musica e reescrevam numa tira de cartolina. O propósito é fazer uma
montagem coletiva do texto com todas as partes sugeridas pelos alunos.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1023
Apesar de a turma inteira ter trabalhado com os contos de fada em sala de aula,
conhecendo a história, seus personagens e suas características, o intuito da performance
não foi o de recitar a história inteira, mas trechos ou falas principais dos contos em
questão. Desse modo, cada aluno foi responsável por pequenos trechos, mas de grande
impacto e conhecimento público. Assim, foram selecionados trechos importantes desses
contos, como ―Vovó, que olhos grandes você têm!‖ e ―Rapunzel, jogue suas tranças!‖.
Todas as turmas faziam as atividades de leitura das histórias diariamente, além
de ensaiar duas vezes por semana a sua parte na apresentação do sarau, realizando a
leitura em voz alta para seus colegas de turma.
As coreografias também foram ensaiadas semanalmente junto com as músicas e
as falas das histórias que seriam apresentadas. As crianças escreveram essas ―falas‖ em
cadernos, os quais foram expostos no dia do sarau. Atividades de escrita e leitura, bem
como desenhos para ilustrar o caderno durante todo o desenvolvimento do projeto,
também foram feitas.
Como produto final do projeto, foi realizado um grande sarau, com as turmas se
apresentando para a escola e os convidados, em especial os pais e responsáveis pelos
alunos, além da exposição dos cadernos de registros das falas e das músicas
apresentadas.
A AVALIAÇÃO DO PROJETO
interesse desde o começo do projeto, pois sabiam que daquele esforço, seriam
recompensados ao apresentar-se em público para seus familiares.
Os alunos, em sua maior parte, já estavam conseguindo ler com autonomia e
sabendo respeitar os seus pares, com seus limites, e trabalhando em grupo. Já estavam,
ao final do projeto, falando no tom de voz que um sarau exige, alto, limpo, com boa
entonação e cheios de confiança. Também foi possível ampliar o seu repertório de
histórias.
A avaliação foi processual e a cada etapa conseguíamos ver o avanço dos alunos
e tomar as atitudes necessárias para que todos pudessem alcançar os objetivos do
projeto. Em cada sondagem, ao observar gradativamente a evolução de escrita e leitura
de cada aluno, no decorrer do projeto, as atividades e intervenções eram adaptadas de
modo com que as diferenças existentes no grupo fossem levadas em consideração para o
planejamento dos próximos passos.
Na última sondagem de hipóteses de escrita realizada, ao final do projeto,
obtivemos os seguintes resultados, bastante satisfatórios:
0 alunos pré silábicos
0 alunos silábicos sem valor
0 alunos silábicos com valor
2 alunos silábicos alfabéticos
15 alunos alfabéticos.
De acordo a tabulação da sondagem acima, observamos que o objetivo de inserir
as crianças no universo letrado foi atingido, fazendo com que avançassem no processo
de alfabetização de todos os alunos do grupo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO
INTRODUÇÃO
A alfabetização científica pode ser realizada nas séries iniciais mesmo quando as
crianças ainda não saibam ler e escrever. Os temas a serem trabalhados podem auxiliar
o aluno a ler e escrever e assim dar mais significado ao que se está aprendendo. Cabe ao
educador propor atividades que envolvam seus alunos tanto para ler e escrever como
para investigar e produzir conhecimento.
DESENVOLVIMENTO DA SEI
Os registros são feitos por meio de produção de texto coletivo, em que primeiro
conversamos sobre tudo o que aconteceu no experimento e em seguida escrevemos
nossas conclusões
Concluída esta etapa, assistimos ao desenho Show da Luna: Nem toda planta
nasce da semente e plantamos uma planta chamada Rosa de Pedra, uma planta suculenta
e que nasce a partir da sua folha.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1031
Por fim também fizemos o registro por desenho e escrito, também por meio da
produção de texto coletivo.
Concluída esta etapa, uma nova questão foi feita aos alunos: Então as plantas
nascem somente pela semente e por parte dela?
Novamente um novo momento de desequilibração, pois até então eles já
respondiam que algumas plantas nascem por sementes e outras não.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1034
Então ouvimos e vimos o vídeo da música Borboleta (ZooParky), nela fala que
as borboletas são responsáveis pela polinização. E assim discutimos o que era
polinização e os alunos fizeram o registro.
Realizamos a interdisplinaridade com Língua Portuguesa, fizemos uma
sequência didática sobre o livro A primavera da Lagarta de Ruth Rocha e do filme Bee
Movie, que também explora a polinização feita pela as abelhas.
São borboletas
Que deixam o mundo colorido.
Borboleta verde
Pousa na parede.
Borboleta laranja
Lembra uma dança
1 ano C
CONCLUSÃO
aprendizagem significativa nas aulas de ciências, além de também contribuir para leitura
e escrita dos alunos do 1º ano inicial.
As aulas de ciências realizadas por meio de experimentos e vivências
possibilitaram que os alunos a aprendessem de maneira divertida, dinâmica, produzindo
conhecimento a partir do conhecimento que os próprios alunos trouxeram.
Os alunos aprenderam que as plantas podem nascer por meio da semente, sem
semente (parte de uma planta) e pela polinização, além de terem descoberto sobre os
tipos de plantas terrestres, aquáticas e aéreas e as necessidades de uma planta.
O professor teve o papel de mediar e ―provocar com questões‖: Toda planta
nasce de semente? As plantas nascem somente por sementes ou partes da planta?
(VIGOTSKY, 1984) para que os alunos busquem soluções e assim, descobrir e produzir
seus conhecimentos.
Neste experimento também foi possível fazer a interdisciplinaridade com a área
de Língua Portuguesa, realizando uma Sequência Didática sobre o livro A primavera da
Lagarta da autora Ruth Rocha, em que por meio da literatura infantil, tratamos sobre a
metamorfose das borboletas e refletimos com atividades de estudo de texto e de escrita.
Por fim, este experimento comprovou que é possível na rotina da sala de aula
realizar aulas que propiciem a investigação científica com uma abordagem dialógica,
significativa e que oportunize a construção do conhecimento através da interação com
os pares e do objeto de estudo.
Eu,
..........................................................................................................responsá
vel pelo (a) aluno (a)
I ConProEduc e II IncluiEdu 1037
.........................................................................................................................
...........
CARVALHO,A.M.P;OLIVEIRA,C;SASSERON,L;SEDANO,L;BASTISTONI,M.
Investigar e aprender Ciências, Editora Sarandi,2011
VIGOTSKY, L.S. A formação Social da Mente, São Paulo, Martins Fontes, 1984.
SITEGRAFIA
RESUMO
Embora o Brasil seja um país que abrigue uma pluralidade étnico-cultural, tenha
mais de 50% de pessoas não brancas e que, aproximadamente, 2% da população
mundial passem por problemas relacionados a identidade de gênero, nota-se que ainda
existem práticas discriminatórias no país. Sem contar com os altos índices de
feminicídios, violência doméstica, estupros e assédio contra as mulheres. Diante deste
lamentável cenário, acredita-se na importância da escola como um espaço privilegiado
para discutir questões do cotidiano, gerar a reflexão acerca dos problemas sociais e
entender que as coisas não são naturais e que é possível combater violências como o
racismo, a xenofobia, o etnocentrismo, a lgbtfobia e o machismo.
Assim, educação básica pode ser uma ferramenta crucial para superar problemas
relacionados a intolerância, segregações e discriminações, para tanto esta comunicação
visa divulgar práticas educativas relacionadas ao respeito e consciência crítica que
valorize as diversidades étnico-raciais, sexuais e de gênero. A interdisciplinaridade é
adotada como metodologia de ensino, possibilitando uma novo ritmo e dinâmica de
estudos e práticas educativas em busca de estabelecer o contexto do conhecimento mais
aprofundado e integral. A partir da reflexão dos resultados alcançados é possível
identificar que que o trabalho em grupo proporciona a melhoria da interação,
solidariedade e colaboração entre discentes, também possibilita a ampliação dos
saberes, do reconhecimento das diferenças e, sobretudo, a promoção do respeito ao
próximo e a si próprio. A equipe docente também acabaram sendo beneficiadas, pois o
trabalho interdisciplinar proporciona o contato com materiais de outras áreas do saber
ao envolver conteúdos.
INTRODUÇÃO
Muitas pessoas reconhecem que não é novidade que o Brasil que é um país
plural em termos etnicosrraciais. Porém, este reconhecimento da diversidade cultural e
I ConProEduc e II IncluiEdu 1040
de seu potencial é algo novo e precisou de muita luta ou resistência para ser
conquistada. Basta lembrar das práticas de silenciamentos e discriminações, como as
ações genocidas dos colonizadores para acabar com a população indígena, das
repressões as manifestações artísticas africanas e as escolas étnicas de outros grupos de
imigrantes com intuito de homogeneizar a cultura e forjar uma ―identidade nacional
coesa‖. Em meio a toda essa história e paisagem social, pode-se dizer que o território
brasileiro ainda é plural e desigual.
Para além de questões etnicosrraciais, nos deparamos com a violência cometida
contra as mulheres, a população LGBT, crianças, pessoas com necessidades especiais e
idosos. Assim, a educação brasileira se depara em um dilema: Como fazer para
trabalhar a heterogeneidade cultural?
Este artigo visa dar subsídios para multiplicar os projetos educativos voltados
conscientizar estudantes e profissionais da educação das diversidades existentes no
Brasil ampliando o conhecimento crítico, plural e heterogêneo. Amparados em materiais
relacionado às temáticas: africanidades, sexualidade, violência e suas interfaces. Uma
vez que o país apresenta um alto grau de preconceito e intolerância com as diferenças
tão presentes na sociedade brasileira. Com objetivo de: conscientizar criticamente que
há igualdade, embora haja diferenças; sensibilizar as questões relacionadas à
sexualidade e as questões etnicosrraciais; estudar as diversidades etnicosrraciais e
culturais e suas influencias no Brasil; subsidiar teoricamente profissionais da educação e
estudantes; e entender as relações de poder, de violência e as suas interfaces.
O trabalho em questão foi realizado numa escola localizada em uma área de alto
índice de vulnerabilidade social na periferia do município de Santo André, em São
Paulo. São várias as dificuldades encontradas para se trabalhar as temáticas ligadas as
questões étnico-raciais, de gênero e de diversidade sexual dentro da escola no Brasil,
com diversas ameaças a educação como o projeto ―Escola sem Partido‖, a negação, a
indiferença e a omissão aos problemas ligados ao racismo ou lgbtfobia. Em meio a
todos esses problemas, acredito que o primeiro desafio seja realizar um trabalho em
conjunto com demais profissionais da escola.
A comunidade escolar, em especial, profissionais das áreas: sociologia, filosofia,
história, artes, química, física, geografia, línguas inglesa e portuguesa, amparados
também pelo currículo nas áreas em suas especificidades buscaram alinhar suas práticas
para objetivos comuns, elaborando atividades multidisciplinares. Embora tenhamos
encontrado algumas dificuldades (tempo, materiais, burocracia, experiência, motivação,
I ConProEduc e II IncluiEdu 1041
etc.) para alinhar profissionais às temáticas proposta, cada qual realizou dentro de suas
possibilidades o que pode. O uso de linguagens audiovisuais, suporte da literatura e
reportagens sobre os temas, amparadas em aulas expositivas e dialógicas tornam o
ambiente educativo num local mais dinâmico e atrativo.
As avaliações foram pautadas da seguinte maneira: os trabalhos individuais
tiveram notas individuais e atividades coletivas foram avaliadas pelo grupo de trabalho
envolvido. A construção da atividade interdisciplinar seguiu moldes das normas ABNT
e as intervenções artísticas que foram desenvolvidas em grupo, foram apresentadas em
dois dias para a escola toda, com a exposição de seus trabalhos e apresentação dos
grupos de trabalho.
Essa comunicação versa sobre a metodologia, a revisão literária utilizada,
discussões e práticas empregadas, principalmente, nas aulas de sociologia e filosofia no
Ensino Médio da Educação Básica.
O terceiro bimestre aulas do 2º do Ensino Médio, a disciplina de filosofia, de
acordo com o currículo do Estado de São Paulo (2017), aborda questões relacionadas a
Humilhação, velhice, racismo, homens e mulheres. Afim de identificar e criticar
práticas de humilhação social; construir argumentação crítica sobre as práticas sociais
de discriminação e preconceitos; analisar a condição dos seres humanos a partir de
reflexão filosófica sobre diferenças e igualdades, expressar por escrito e oralmente a
relevância da educação para a superação de preconceitos e desigualdades.
Em Sociologia, no 2º ano trabalha-se a divisão social do trabalho, que possibilita
a compreensão das categorias emprego e desemprego na atualidade. Os 3º anos do
Ensino Médio, em Filosofia concepções de liberdade e gerar habilidade de relacionar
liberdade à solidariedade na perspectiva de uma sociedade democrática. Ambos casos é
possível trabalhar também questões relacionadas a desigualdade social entre homens e
mulheres, brancos e não brancos e outros tipos de poderes e violências, bem como é
possível fazer analogias ao trabalho escravo de ontem e hoje.
Com isso, foi utilizado como base os Planos de aulas O valente não é violento
(ARRUDA; NASCIMENTO, 2015), estruturado da seguinte maneira: Aula 1 – Sexo,
gênero e poder; Aula 2 – Violências e suas interfaces; Aula 3 – Estereótipos de gênero e
esportes; Aula 4 – Estereótipos de gênero, raça/etnia e mídia; Aula 5 – Estereótipos de
gênero, carreiras e profissões: diferenças e desigualdades; Aula 6 – Vulnerabilidades e
prevenção, para nossa ampliar o suporte teórico para discussões em sala.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1042
Outro material que serviu como base para o desenvolvimento do projeto de aulas
sobre afro-brasilidades foi a Coleção Educação e Relações Raciais: apostando na
participação da comunidade escolar (CARREIRA, 2013), que contem um material
muito interessante, entre eles, o que usamos foi o conjunto de nove pôsteres elaborados
por artistas visuais de temas relacionados à: Afro-brasilidades em Imagens dando base
para novas criações artísticas e críticas; e uma animação de curta metragem disponível
online intitulada Educação e relações raciais: apostando na participação da comunidade
escolar, que trata dos desafios para se enfrentar o racismo e caminhos para uma
abordagem escolar.
Outras referências teóricas utilizadas sobre questões relacionadas ao poder, raça,
gênero e classe: Angela Davis, Simone de Beauvoir, Heleieth Saffioti e Octavio Ianni.
Davis (2016) busca explicar de forma histórica aspectos de gênero, raça e classe social,
que levam-a para uma crítica interseccional. Aborda o século XIX, período
escravocrata, a relação entre os senhores e negras e negros escravizados nos Estados
Unidos e as condições de trabalho, dando enfoque ao papel das mulheres negras na luta
contra as explorações, desenvolve sua crítica as estruturas racistas, sexistas e classistas
de forma entrelaçada.
A Saffioti (2000) contribuiu para discussões seguirem no âmbito interseccional e
para fomentar a discussão a respeito da exploração-dominação e a divisão sexual do
trabalho, pois para ela ―na realidade concreta, eles são inseparáveis, pois se
transformaram, através deste processo simbiótico, em um único sistema de dominação-
exploração, aqui denominado patriarcado-racismo-capitalismo.‖
A partir da reflexão provocada pela Beauvoir (1980) que ―ninguém nasce
mulher: torna-se mulher‖, foi incitado o debate acerca de nossa maneira de ser e de estar
na sociedade, que não é resultado de uma ação isolada, nem é natural e, assim avaliar os
estereótipos e entender a pluralidade cultural e a construção social.
Ianni (2004) traz a reflexão a respeito da escravidão e o racismo no Brasil, em
especial a obra Escravidão e racismo. Provocamos também a reflexão relacionada a
intolerância com a religiosidade de matriz africana, o texto Racismo religioso é o retrato
da intolerância no Brasil elucidou alguns pontos e um grupo foi formado para tratar da
temática, sendo ele composto por uma camdoblecista, uma evangélica e outra católica
que possibilitou uma reflexão acerca das diferenças e igualdades entre as religiões,
aproximando as culturas e ampliando o respeito pela diversidade.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1043
Figura 3. Encerramento do teatro com dados estatísticos da violência doméstica nos cartazes.
Santo André-SP, 2017.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1045
Figura 4. Peça teatral sobre racismo, sexismo e opressão. Santo André-SP, 2017.
A outra peça teatral (figura 4) foi desenvolvida pelo 2º ano do Ensino Médio
Regular, idealizada pelo grupo que se preocupou em problematizar diversos tipos de
opressões sofridas no cotidiano. A proposta foi demonstrar quão hostil pode ser uma
entrevista de trabalho para jovens negros, homossexuais e pobres.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.acaoeducativa.org.br/relacoesraciais/wp-
content/uploads/2016/GuiaCompleto_WEB.pdf Acesso em 2017.
____________. O preconceito racial no Brasil. Estud. av. [online]. 2004, vol.18, n.50,
pp.6-20. ISSN 0103-4014. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142004000100002.
RESUMO
INTRODUÇÃO
Com base nessa premissa, neste artigo propomos uma reflexão sobre a perspectiva
emancipadora no processo de escolarização de crianças com Transtorno do Espectro
Autista (TEA).
Lembramos que o conceito de escolarização aqui adotado
pedagógica não pode se resumir à razão biológica ou neurológica; é a razão ética que,
nos espaços escolares, deve predominar e fundamentar todo o fazer educativo para a
crianças nas escolas regulares. Entretanto, como lembra Prieto (2006, p. 39), o mal-estar
comunidade escolar de que, do ponto de vista legal, a inclusão de crianças com TEA é
em que a mesma está imersa, essa inclusão não se materializa em um projeto educativo
emancipador.
anos iniciais do ensino fundamental de duas escolas da rede estadual de ensino paulista,
Como se desenvolve o trabalho educativo com as crianças com TEA nas escolas
públicas que fazem parte do universo desta pesquisa? Como os agentes envolvidos
Duas escolas da rede estadual de ensino paulista, com alunos com TEA
o universo desta pesquisa. Uma das escolas localiza-se na região central, outra na região
Constelações.
ou planetas. Com exceção do Dr. João Paulo Faustinoni Silva, que preferiu, nas suas
falas, não alterar seu nome por pseudônimo. Dentre as fontes, foram considerados
entrevista semiestruturada e grupo focal. O questionário com questões abertas foi eleito
como instrumento para a coleta de dados por acreditarmos que o mesmo contribui no
foram considerados na análise por, como afirma Lüdke e André (1986), constituir-se de
de referência.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1055
REFERÊNCIAL TEÓRICO
relações dos seres humanos com seu mundo, começa a aclarar ―[...] o papel da prática
na constituição do conhecimento e, consequentemente, o rol da reflexão crítica sobre a
prática. A unidade entre prática e teoria, ação e reflexão, subjetividade e objetividade
[...]‖ (FREIRE, 1981, p. 40).
Apesar da palavra emancipação pouco aparecer na obra Paulo Freire, sua
concepção se mostra presente por meio, entre outras, da categoria ―ser mais‖ que, de
acordo com esse autor, além de constituir-se como um direito de todos os seres
humanos, ―[...] não pode realizar-se ao isolamento, no individualismo, mas na
comunhão, na solidariedade dos existires, daí que seja impossível dar-se nas relações
antagônicas, entre opressores e oprimidos‖ (FREIRE, 2014b, p. 105). Neste sentido,
Mafra (2016) destaca que oprimidos e opressores são incompletos, inacabados e
inconclusos; o que os distingue é o ato proibitivo do ―ser mais‖ imposto pelos segundos
aos primeiros.
Para Freire (2014b, p. 102),
RESULTADOS OBTIDOS
Durante a entrevista, ficou claro que determinar espaços para discussões sobre
inclusão não é uma tarefa fácil, mas que também não é uma tarefa impossível, bem
como que em um espaço intenso de vida e conhecimento, como a escola, não cabe a
isenção. Sem desconsiderar a tensão entremeada por desafios, pela escassez do tempo, o
promotor de justiça, ao cobrar uma reformulação profunda com uma perspectiva não
segregativa, reiterou que uma escolarização emancipadora prescinde de criação,
recriação e troca, assim como de que a ―[...] tomada de distância da quotidianeidade se
dê na análise da prática realizada ou realizando-se e se alongue na prática subsequente,
qualquer que seja ela‖ (FREIRE, 2011, p. 88). Verificamos que, além dos espaços para
a fala e para a escuta serem mínimos, os registros dos erros e acertos capazes de garantir
a reflexão e a circularidade entre teoria e prática, não foram mencionados; portanto, se
existem, não são significativos.
De acordo com o dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, articular pode ser definido como ―[...] unir pelas articulações, juntar
formando cadeias, ligar, unir [...]‖, e planejar, ―[...] elaborar um plano ou roteiro de,
programar, planificar [...]‖. A partir dessas definições e embasados nas falas dos
entrevistados, conjecturamos que inclusão, em uma perspectiva emancipadora,
dificilmente ultrapassará o espaço do discurso se for desconsiderado o quão planejar e
articular estão intimamente relacionados; em outras palavras, se for desconsiderado que,
para um projeto com intenções determinadas ser bem-sucedido, o envolvimento, o
compromisso e espirito científico de todos é imprescindível. Como lembra Freire
(2014a), um programa educativo que se faz sem a visão de mundo dos envolvidos se
constitui como invasão cultural, não educação emancipadora.
De acordo com o promotor, as propostas de intervenção devem partir de
articulações e revelar as transformações nas dimensões cultural, política e prática da
escolarização; ou seja, essas propostas devem resultar em uma reorganização dos
espaços, tempos e práticas, pensada, projetada e realizada por toda a comunidade
envolvida no processo de ensino e aprendizagem, para que a escolarização não se faça
excludente. Essa tarefa dialógica, como lembra Freire (2011, p. 87), é um ato de
conhecimento tanto para professores, quanto para alunos, sendo que, para os primeiros
implica em organização e análise de sua prática e em ―[...] ir sistematizando o
conhecimento que dela deriva, ultrapassando, assim, a mera opinião sobre os fatos por
uma crítica compreensiva dos mesmos‖.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1060
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo assim, a convivência de Leo com seus colegas não foi pensada e projetada para
ser menos ou mais difícil e, em virtude disso, ele só se sente seguro na Sala de
Recursos. Com isto posto, concluímos que, na escola em questão, a inclusão também é
reconhecida como uma determinação legal, mas nesta, para além da ausência de
comunicação e de estudo sobre esse tema, entre os profissionais, a aposta no ―ser mais‖
cedeu espaço à face segregativa da inclusão e, desta forma, afastou-se de uma
perspectiva emancipadora.
Destacamos que a escola como está incomoda, mostra-se pouco humana e, de
acordo com os depoimentos, a formação profissional pode transformar o real no
desejado. A importância da abertura à leitura de mundo do aluno também foi apontada
como essencial, mas pouco vivenciada. Para além das tensões presentes na realidade
opressora vivenciada tanto por professores quanto por alunos, Freire nos lembra do
valioso conhecimento que circula na escola e de que a educação sem diálogo é opressão.
Para finalizar, consideramos que, sendo a prática um lugar de contradições, tanto
uma educação com perspectiva opressora quanto com perspectiva emancipadora se faz
presente na realidade escolar. Observamos, nesses espaços, as tradicionais abordagens
educativas centradas na concepção bancária; bem como práticas e espaços de superação
dessas perspectivas, em que discentes e docentes interagem dialogicamente
mediatizados pela realidade. Entendemos que o exame desse movimento nos aponta
para uma perspectiva emancipadora. Se, de um lado, essa perspectiva situa-se ainda no
campo da contra-hegemonia, de outro, ela aponta para um inédito viável que, se
potencializado e atualizado, constituir-se-á em nova realidade na qual o fazer
pedagógico venha a ser, de fato, para além da superação de um modelo autoritário, a
consolidação de uma educação como prática da liberdade.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 5. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1981.
______. Educação como pr tica da liberdade. 36. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014a.
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 51. ed. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
______. Pedagogia do oprimido. 58. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014b.
______. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d‘Água,
1997.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a inserção da temática indígena,
no contexto histórico das leis educacionais, no que tange as práticas pedagógicas no
ensino de história na educação básica. Metodologicamente, esta pesquisa é caracteriza
por uma análise documental com enfoque nas leis educacionais e questão indígena sob
uma perspectiva histórico cultural. As leis são importantes para qualquer Estado, na
medida em que seu povo a conhece, atua e convive harmonicamente ciente de seus
direitos e deveres para com o outro e com o Estado. Tendo em vista que o Brasil é uma
sociedade cuja construção plena da democracia ainda não se consolidou; apesar de ter
buscado isso insistentemente nas últimas décadas. O povo brasileiro é formado por três
grandes matrizes básicas, a indígena, a africana e a europeia, assim é um país que
apresenta uma diversidade cultural cujo tamanho dificilmente pode ser observado em
outra nação. Com isso, é de suma importância que o cidadão brasileiro saiba lidar com
as suas diferenças culturais para se estabelecer como uma nação forte, pacífica,
harmônica e funcional. Nesse contexto, o ensino sobre as culturas indígenas no ensino
de história necessita ser abordado em sala de aula de forma assertiva. Todavia, a
Constituição brasileira, em se tratando da área educacional, aponta sobre os povos
indígenas, mas não o faz no sentido de incentivar tratar sobre a valorização dos povos
indígenas e suas culturas, e sim traz à tona, essa temática, como algo que deve ser
ensinado de forma isolada e específica nas aldeias e em escolas indígenas, dessa feita
não se vê incentivo legal entre os anos de 1988 a 2007. Entretanto, em 2008 a Lei
11.645 traz a obrigatoriedade de tratar sobre a questão indígena nas instituições de
ensino público e privado. O ensino de história possui inúmeras e diversas contribuições
também para a formação da cidadania, na qual a própria história do Brasil é um apoio,
sendo necessário um tratamento minucioso para a temática dos povos indígenas e seus
I ConProEduc e II IncluiEdu 1066
INTRODUÇÃO
1824, até a atual, a de 1988. Esta última tem recebido alterações e leis complementares,
objetivando atender as demandas sociais que provavelmente não tenham sido previstas
na época de sua confecção, talvez pelo surgimento de novas demandas. Indo, portanto, à
CF, observa-se no Capítulo III – Da Educação, da cultura e do desporto, em sua seção I
– Da Educação, o seguinte:
(Lei 9.394, 1996, art.26). Percebe-se que a matriz indígena deve ser abordada com o
intuito de expor as contribuições para a formação da identidade cultural brasileira.
E a partir de 2008 o Caput 26-A traz, em seus parágrafos, de maneira específica
e direta os conteúdos e obrigatoriedades quanto ao ensino da história e sobre as culturas
indígenas na sala de aula em instituições de ensino não indígenas. Essa análise abre o
caminho para a compreensão acerca do papel da disciplina de História para o ensino
sessas questões.
um tratamento minucioso para este conteúdo. Nessa direção os jovens devem ser
capacitados a construírem um olhar lúcido e um senso crítico, para que desenvolvam o
pensamento e uma consciência histórica, maturidade política ativa e participativa, o
senso de identidade, respeito e empatia às demais culturas. Dessa forma, sugere-se que
haja um comprometimento político e cultural no âmbito escolar para tornar a história
nacional meticulosamente estudada, estando atentos à seleção dos conteúdos afim de
que a história do Brasil seja a prioridade central do ensino. (GUIMARÃES, 2012;
KARNAL, 2007).
Cidadania tem que ver com amor à própria pátria, estar conectado com a nação a
qual faz parte. Isso vai desde respeitar as pessoas com quem se divide o mesmo
ambiente até entender porque o Brasil é Brasil, qual foi o processo que o fez ser do jeito
que é hoje. Compreender isso é entender que os povos indígenas tiveram uma
contribuição considerável no contexto da história do país, pois não há a menor
possibilidade de retirar da história de quem estava aqui primeiramente. Para tanto,
O texto da lei é bem claro, a disciplina história tem em sua função social o braço
da luta pela valorização desses povos, bem como, das culturas e a confirmação de sua
parcela contributiva no processo de formação do país. ―A História como disciplina
formativa tem um papel central na luta pela superação da formação racista e no desafio
de construção de um projeto de educação inclusiva, republicana, libertadora e plural‖
(GUIMARÃES, 2012, p.87).
Contudo, engana-se quem acha que esta história sempre foi contada dessa
maneira. O que se vê é uma história que, por muitos séculos esteve sendo manipulada e
contada à luz dos que detinham o poder (os europeus), e para isso um exemplo bem
claro é o fato de os povos indígenas terem sofrido uma violência direta e indireta como
o etnocídio em menos de cinco séculos de história do Brasil. Os povos indígenas no
Brasil Colonial são mencionados, e curiosamente desaparecem da história por séculos,
até reaparecerem no século XIX nos livros escolares, simbolizando ainda um afigura de
selvagem que ‗dificultava‘ o processo de civilização instalado pelos europeus; esse
indígena passa a ser melhor representado a partir do século XX, tornando-se um dos
símbolos da nacionalidade, segundo o ideal romântico (KARNAL, 2007).
Ainda em conformidade com Guimarães (2012) foi na década de 1970, com o
surgimento de movimentos sociais contra o racismo, os preconceitos, a marginalização
e as desigualdades que os indígenas ressuscitam a sua luta. Esses movimentos trazem
então a necessidade de reorganização da história nacional. Porque um povo tão
importante, aqueles que estavam aqui antes de tudo, os verdadeiros anfitriões, não
fazem parte da identidade nacional? Algo estava sendo obscurecido. A história não
estava completa. Lamentavelmente, esta realidade ainda demorou um pouco para
mudar.
Embora tenha a LDB entrado em vigor em 1961 já tendo a disciplina de história
como obrigatória para o ensino básico, esta passou por inúmeras alterações, chegando
somente em 2008, pela lei 11.645, a mudança que traz a cultura indígena para a
realidade da educação.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1075
CONCLUSÃO
I ConProEduc e II IncluiEdu 1076
A análise dos textos de lei mencionados ao longo deste trabalho depreende que a
lei 11.645 de 2008 é clara em relação aos deveres da educação em manter ativo o
conteúdo da história e cultura indígena na educação básica. Nota-se a sensibilidade
dessa lei em tentar garantir que todos tenham acesso a uma educação de qualidade e,
sobretudo, que cada cidadão brasileiro possa conhecer sobre os três pilares da formação
do povo brasileiro, dando especial atenção aos povos que aqui no Brasil já habitavam
antes mesmo da colonização europeia.
É bem verdade que os povos indígenas passaram por um processo de
desvalorização e ao longo dos anos foi construída uma imagem negativa que perpetua
aos dias atuais. Nesse contexto faz-se necessário que se atualmente esses povos sejam
respaldados por lei, guardados pela nossa Carta Magna, a Constituição Federal. Para
que essa valorização seja real nada mais justo do que todos conhecerem sobre as
culturas, as histórias desses povos, as lutas, compreendendo a importância para a
construção da nação brasileira.
Para isso, nada melhor que se utilizar do recurso educacional, que além de ser
básico, é obrigatório. Dentro do ensino de história, disciplina formadora, responsável
pelo despertar do senso crítico e – indiretamente – incentivadora da cidadania, a história
dos povos indígenas no Brasil está respaldada e amparada. Deve esta disciplina se
responsabilizar também, em levar a história sob a perspectiva não eurocêntrica e dar voz
aos invisibilizados nos espaços escolares e, ainda, mostrar a importância desses povos
no contexto de construção identitária do povo brasileiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES. A Política. Tradução de Nestor Silveira Chaves. 6ª ed. São Paulo, SP:
Atenna, 1960.
FREYRE, G. Casa grande e senzala. 48ª ed. Fundação Gilberto Freyre. Recife: Global
Editora, 2003.
RESUMO
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
I ConProEduc e II IncluiEdu 1080
METODOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
COSTA, R. M. E. M,; XEXÉO, Geraldo. Internet nas escolas: uma proposta de ação.
Ed. Dez, 1997.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1082
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002
RESUMO
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
JUSTIFICATIVA
OBJETIVOS
Objetivo Geral
O presente trabalho tem por objetivo investigar as práticas pedagógicas do AEE
e entender como se dá este trabalho nos diferentes níveis de ensino, desde a Educação
Infantil até O Ensino Médio.
Objetivos Específicos
Analisar o processo histórico da educação especial que culmina no AEE;
Investigar as práticas pedagógicas do AEE nos diferentes níveis de ensino;
Diagnosticar as dificuldades e as possibilidades deste atendimento especializado.
METODOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação para
satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO, Jomtiem/Tailândia,
1990.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? São
Paulo: Moderna, 2003.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. O desafio das diferenças nas escolas. São Paulo:
Vozes, 2013.
I ConProEduc e II IncluiEdu 1089