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INVESTIGAÇÃO
ESCRITA
CICLO
DE LIÇÕES
FAUP
PRÁTICA(S) DE
ARQUITECTURA
PROJECTO | INVESTIGAÇÃO | ESCRITA
Presente a condição histórica de um lugar, de uma co- tudo e investigação, de ensino e aprendizagem. É que em
munidade particular – o Porto – queremos tomar como boa verdade “fazer um projecto é construir uma distância
referência a “aventura comum percorrida por três perso- objecto-sujeito para, nesta distanciação, inventarmo-nos a
nagens” – Fernando Távora, Álvaro Siza, Eduardo Souto nós próprios e, simultaneamente, o projecto”.
de Moura – e por um círculo variável de amigos. Uma Hoje, talvez seja instrutivo e operativo aceitar que pro-
experiência que partilhou, que partilha, o sonho de res- jecto, investigação, pensamento são estações problemáti-
gatar Portugal do seu isolamento e, ao mesmo tempo não cas na agitação do argumento e na manifestação de senti-
renunciar à sua identidade histórica – projecção de uma do da marca “Escola do Porto”.
prática da arquitectura que se libertou, que se liberta, das Hoje, talvez seja exigência: libertar o projecto na evolu-
formas históricas, mas não do carácter profundo da sua ção da arquitectura enquanto encontro controverso entre
cultura. Sinal e sedimento de uma identidade não linear, prática disciplinar e experiência artística – criação, pensa-
talvez sejam tão só a reunião de gestos de simplicidade de mento, conhecimento; averiguar, problematizar na investi-
quem procura (procurou) processo e pauta para a eleva- gação sobre a capacidade propositiva da arquitectura para a
ção da cultura do lugar, para a transformação de uma pai- definição de lugares, a produção de significados, a sinali-
sagem – desassossegos da arte da casa-mãe, a Arquitectura. zação de uma linguagem; tematizar, aprofundar na história
Arquitectura que é afinal um modo de aprender a mo- o sentido de fundação, de perturbação, de (in)fidelidade
dificar a circunstância criando nova circunstância, foi, do que o que aqui se foi proporcionando e partilhando
tem sido, princípio e experiência, manifesto e espaço de como arquitectura, como escola, como lugar.
uma cumplicidade mínima para (a)firmar um projecto Criação, pensamento, conhecimento são, seguramente,
para o ofício da arquitectura, estendido, transportado e condição-disponibilidade de acolhimento do outro: ges-
traduzido, sem grande distância criativa mas com mágica tos de simplicidade de quem prossegue processo e pauta
convicção, como atmosfera festiva, como abraço instala- para desassossegos da arte da casa-mãe – a Arquitectura –
dor de prática de escola. Prática mansamente cultivada na transformação de uma paisagem.
como escola hospitaleira e plural na evolução do “territó- À mobilidade dos significados e à complexidade dos
rio da arquitectura”. materiais que se oferecem à construção da arquitectura,
Mas na agitação dessa condição ou na inteligibilidade de que forma servir criativamente o destino desta como
desse processo, temos como seguro que os passos de hoje expressão e projecção física da imaginação, como experi-
ou próximos interseccionam, atravessam, tocam diferen- mentação e experiência, como conhecimento e aconteci-
tes confabulações e derivações, cruzamentos e desvios. mento, sem subverter a sua “coerência aventurosa” pela
Hoje, sabemo-lo bem, aquela aventura serve a muitas manipulação arbitrária e/ou abusiva da complexidade
outras hospitalidades, de muitos outros lugares, de mui- dos materiais que a movimentam, que a constroem?
tos outros praticáveis de conhecimento e desenho, de es-
Maurici Pla Serra nasceu em Barcelona a 7 de Julho de Em Janeiro de 2007, obteve o Certificado de Habilitación
1959. Ingressou na Escuela Técnica Superior de Arquitec- Nacional no âmbito da área de conhecimento “Composi-
tura de Barcelona [ETSAB] em 1976 e concluiu o curso de ción Arquitectónica”. Em consonância, é o actual profes-
arquitectura em 1989. sor titular da disciplina Composición Arquitectónica, in-
Em 1995, doutorou-se em Arquitectura pelo Departa- tegrada no Departamento de Composición Arquitectónica
mento de Composição Arquitectónica da ETSAB com a da Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona.
tese entitulada “El juego de las quatro esquinas. Un es- Paralelamente à sua carreira académica, Maurici Pla
tudio sobre la imaginación analógica”. Este trabalho ren- tem também enveredado pela literatura de ficção. Entre as
deu-lhe o Prémio Extraordinário de Doutorado da Uni- suas principais obras neste campo contam-se “A favor del
versitat Politècnica de Catalunya relativo ao ano lectivo suspens” [Quaderns Crema, Barcelona, 1997], “Dissabte
1994/95. a les fosques” [Quaderns Crema, Barcelona, 1999] e, o
Ao longo dos anos, e enquanto professor na ETSAB, foi mais recente, “L’alquímia del mercat d’alquímies” [Qua-
colaborando regularmente com a secção de História e o derns Crema, Barcelona, 2011].
Taller de Proyectos sob a regência de Enric Miralles.
BIBLIOGRAFIA SELECCIONADA
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Abada Editores, 2012.
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PLA, Maurici; PIZZA, Antonio. “Viena-Berlín. Teoría, arte y arquitectura entre los siglos XIX y XX”, Barcelona:
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GAUSA, Manuel; CERVELLÓ, Marta; PLA, Maurici. “Barcelona: Guía de Arquitectura Moderna 1860-2002”, Barcelona:
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PLA, Maurici. “La arquitectura nunca muere”, Quaderns d’Arquitectura i Urbanisme, 221, Dezembro de 1998.
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PLA, Maurici: “Adolf Loos i el caràcter destructiu”, Revista Técnica, 2, 1989.
PLA, Maurici: “Manifiesto Minimalista”, Revista Técnica, 1, 1988.
LA ARQUITECTURA
NUNCA MUERE
[Maurici Pla, Quaderns d’Arquitectura i Urbanisme, 221, Dezembro de 1998]
En Cataluña ha existido siempre una rica tradición teórica sobre la arquitectura, que arranca in-
cluso de épocas muy anteriores a la moderna. Los noucentistes llegaron a interesarse de un modo
teórico por las primeras tendencias protorracionalistas surgidas en Europa. Y los jóvenes arqui-
tectos actuales ya se preocupan de elaborar ideas – e incluso textos – que acompañan su trabajo
proyectual, ideas y textos surgidos como soporte y autoexplicación de cada una de las experiencias
personales en la práctica del oficio.
Lo importante es que ya existe, y bastante consolidada, una nueva generación de arquitectos
con una clara vocación teórica, profesionales capaces de garantizar la renovación de las ideas sobre
arquitectura en Cataluña para las próximas décadas.
Es cierto que, en apariencia, éstas son épocas de confusión, y que echamos de menos aquellas
grandes obras sistemáticas capaces de poner orden en el panorama y, en algunas ocasiones, capaces
también de incidir en la transformación de la realidad. Pero la historia demuestra que, también en
Cataluña, estas obras han ido apareciendo periódicamente, aunque sea a un ritmo lento y dilatado.
Este tipo de trabajos, tan fundamentales, volverán a aparecer con toda seguridad en nuestro país
cuando surjan propuestas capaces de pronunciarse con claridad, de un modo sistemático y global,
sobre todos los gérmenes que ahora se están gestando.
Es posible que haya que esperar algunas décadas, pero la tradición teórica de la arquitectura cata-
lana proseguirá por la sencilla razón que la arquitectura – y la reflexión que la acompaña – siempre
se renueva y reaparece bajo formas distintas e insospechadas. Esta nueva generación de arquitectos
garantiza ya esta renovación, y sólo hay que esperar que las ideas vayan fraguando, siempre en
función de los sorprendentes retos que el progreso nos va poniendo por delante.
(…) Sabemos que cuando una disciplina entra en un estado de confusión y se ve dominada por la
falta generalizada de ideas, todos van en busca de palabras de consuelo o de gratificación que actú-
en como sustituto del auténtico progreso arquitectónico. (…) En las épocas de crisis, las palabras
suelan matar la arquitectura.Y la ausencia de una arquitectura viva y realmente autónoma (es decir,
desarrollada según su proprio logos) queda compensada por los numerosos flujos de palabrerías
que circulan de un extremo a otro de la cultura arquitectónica como si ellas fuesen la arquitectura
misma, como si la ruidosidad que generan fuera el meollo del hecho arquitectónico.
En las épocas de mayor vitalidad arquitectónica muchos arquitectos han sabido desarrollar una
escritura que, en ningún caso, pretende confundirse con el logos arquitectónico. Muchos maestros
de arquitectura han desarrollado escrituras que despliegan pletóricamente dentro del dominio
específico de lo escrito. A principios de la década de 1980, cuando yo mismo empecé a escribir pe-
queñas prosas sobre temas arquitectónicos, Albert Viaplana publicaba unas memorias de proyectos
que rompían pela primera vez en Cataluña la discursividad y la operatividad del texto arquitectó-
nico. También en aquellos años profesores como Josep Quetglas, Juan José Lahuerta o Josep Maria
Rovira empezaban a desarrollar un logos escrito realmente disciplinar, que demostraba con gran
claridad que una cosa es escribir y otra es proyectar, y que es tan absurdo proyectar con palabras
como escribir con materiales arquitectónicos. Este nuevo sentido de una clara separación discipli-
nar coincidía con la recuperación de los escritos de Adolf Loos y con la relectura de algunos gran-
des teóricos del siglo XX, de modo que el texto arquitectónico era reconsiderado en su autonomía.
(…)
Si podemos escribir sobre cualquier cosa, también podemos escribir sobre arquitectura. Las obse-
siones, los temas recurrentes, un posicionamiento o la definición de un punto de vista: todo ello
se irá manifestando durante el despliegue de la escritura y sólo entonces. La figura del escritor no
diluye la del historiador, la del crítico o la del teórico. Pero la historia, la crítica o la teoría no son
parangonables con la arquitectura, mientras que la escritura sí lo es. Cuanto más profunda sea nues-
tra consciencia del lenguaje, más próximas serán las resonancias que puedan surgir entre un desar-
rollo pletórico de la arquitectura y un desarrollo cuidadoso y elaborado del ejercicio de la escritura.
En un plano abstracto, los dibujos de arquitectura podrían clasificarse en dos grupos: los que sir-
ven para construir un orden y los que buscan registrar un desorden. No obstante, ningún dibujo
de arquitectura se sitúa completamente en uno de los polos, sino que todos toman de ambos su
respectiva influencia, mezclándolas, llegando a híbridos de orden y desorden. En muchos casos la
búsqueda se orienta en un sentido opuesto: o la construcción de un desorden en el plano de las
formas o, simplemente, registrar un orden en el ámbito de las ideas.
El dibujo que acompaña esta nota pretende llegar a la pureza de registrar un desorden, sin más.
Para que se comprenda mejor el propósito podemos poner un ejemplo de dibujo completamente
antitético: el proyecto de Aldo Rossi para un monumento en Cuneo, que consiste en el levantami-
ento de una idea ordenada sin ninguna anécdota que la estorbe.
El origen del dibujo de la mesa desordenada se encuentra en la propia belleza de la mesa, descu-
bierta y admirada por muchas personas que la han contemplado. Sin embargo, debido a la fealdad
de su composición, podemos llegar a pensar que se trata de una “nueva belleza” y, en tanto que
nueva, habría que darle otro nombre, que podría ser “atractivo”. Con base en ese atractivo que
muestran las cosas en su momento de mayor vitalidad, hemos empezado a derribar, por la fuerza
de estas mismas cosas, el mito del “orden”.
A través del registro dibujado de una realidad desordenada, del desarrollo de su atractivo, de su
contemplación e incluso de su ensalzamiento, podemos contribuir a una completa desaparición de
este mito, tan arraigado todavía en nuestras mentes.
Nuestras ansias de componer figuras seguirán saciándose. Pero tendrán que convivir necesaria-
mente con las ansias de figuras vecinas. Así conviven los objetos de la mesa, en esa vida que muchos
han apreciado: el tablero de ajedrez con la lámpara, el juego de té con el periódico, la revista con
el medicamento, el libro con el paquete de tabaco.
De ese modo podemos descubrir que mucho de lo que proyectamos es en realidad idéntico a las
formas con que siempre nos ha gustado rodearnos.
En su escrito “Théorie de la dérive”1, Guy Debord describe su idea de deriva como una situación
1
DEBORD, Guy: completamente distinta, tal vez incluso opuesta, a la acepción común de la expresión “ir a la de-
“Théorie de La derive”,
en Internationale riva”, en el sentido de encontrarse en medio de un mar adverso en una embarcación sin control,
Situationiste, 2, a merced de las fuerzas salvajes y aleatorias impuestas por el medio: las leyes implacables del mar.
diciembre de 1958,
págs.. 19-23. Véase Para Debord la deriva es, en primer lugar, una situación urbana por excelencia:
también: “Problèmes
préliminaires à la “El carácter básicamente urbano de la deriva, en contacto con esos centros de posibilidades y
construction d’une significaciones que son las grandes ciudades transformadas por la industria, respondería posible-
situation” (sin firma),
en Internacionale mente a la frase de Marx: los hombres no pueden ver nada a su alrededor que no sea su rostro, todo
Situationiste, 1, junio
de 1958, págs.. 11-13; les habla de sí mismos. Su propio paisaje está animado.”
(versión castellana La segunda característica distintiva de la deriva, tal como la entiende Debord, se aparta también
“teoría de la deriva” y
“Problemas preliminares en apariencia de cualquier situación de extravío o de sometimiento a unas fuerzas extrañas o su-
a la construcción
de una situación”, periores. La deriva es una acción de exploración del terreno, una acción que no anula de ningún
en Internacional modo la voluntad y que es emprendida con una finalidad básicamente epistemológica. Lo más ca-
Situacionista, Literartura
Gris, Madrid, 1999- racterístico de la deriva es que es el proprio terreno el que guía la conducta de quien deriva, como
2000).
si lo invocara, como si lo solicitara:
“Una o varias personas entregándose a la deriva renuncian, durante un tiempo más o menos
largo, a los motivos que conocen habitualmente para desplazarse y actuar, a las relaciones, al tra-
bajo y al ocio que les son propios, para dejarse llevar por las solicitaciones del terreno y por los
encuentros que se producen. El aspecto aleatorio no es tan determinante como si pudiera creer:
desde el punto de vista de la deriva, existe un relieve psicogeográfico de las ciudades, con corrien-
tes constantes, puntos fijos y remolinos, que hacen que el acceso y la salida de determinadas zonas
resulten difíciles.”
Y un último párrafo, que acaba de precisar, de forma bastante inquieta, el concepto de deriva,
alude a la climatología:
“La influencia en la deriva de las variaciones climáticas, aunque es cierta, tan sólo es determi-
nante en el caso de las lluvias prolongadas, que prácticamente lo impiden todo. Ahora bien, las
tempestades u otras precipitaciones parecidas le son más bien propicias.”
La tópica deriva en medio de una tempestad y la deriva propuesta por Debord tienen en común,
por tanto, que ni el motor, ni el timón, ni la vela, ni el ancla caben en ellas. Ahora bien, Debord
sugiere claramente que, a pesar de todo, ello no significa que uno vaya perdido o que la voluntad
quede anulada o adormecida. El primer concepto clave para resolver esta paradoja aparente es el
de psicogeografía. El segundo concepto clave, que aquí nos interesa particularmente, es la idea de
que lo que realmente está en juego en la deriva es nuestra relación con el terreno. Cuando Debord
propone dejarse llevar por las solicitaciones del terreno, está plateando en realidad un tema que
concierne plenamente el hecho arquitectónico. Y, por analogía, podríamos recordar todas aquellas
arquitecturas que han sabido resolver su relación con el terreno sin motor, sin timón, sin vela y
sin ancla. Cualquier territorio – la tierra, el mar, el desierto, la marisma – puede sugerirnos poten-
cialmente unas solicitaciones, de modo que, según Debord, bastaría con escucharlas, más allá de
cualquier instrumento de autocontrol. Y, de acuerdo con la propuesta de Debord, el motor, la vela,
el timón y el ancla son unos instrumentos que siempre nos separarán del terreno, que siempre nos
impedirán escuchar sus solicitaciones, generando una conducta autista en nosotros mismos, en
nuestras formalizaciones y, por extensión, en la vida más íntima de nuestros edificios.
Existe una situación real, topológica, propia de muchas construcciones, que plantea el dilema entre
el inicio arriesgado de una deriva o la permanencia ancestral – probablemente inherente a toda
tradición clásica – en una situación de anclaje: es la situación límite entre la tierra firme y el mar,
entendido éste como promesa de inestabilidad, como solicitación móvil que invita al desarraigo.
Desde este punto de vista, el croquis mencionado de Jørn Utzon es casi emblemático: el terreno
es leído precisamente como una línea de borde, como una traza costera, y las primeras derivas
respecto a dicha traza se orientan prudentemente hacia al interior. Si bien es cierto que los temas
iniciados por dichas trazas pasarán más tarde a la sección, también lo es que su orientación inicial,
protectora y conservadora, hacia la tierra firma, prefigura de un modo casi directo la solución final.
Y dicha respuesta final acaba adoptando la forma de silencio más contundente ante cualquier so-
licitación del terreno: el basamento. El basamento es una respuesta abstracta respecto al suelo, una
respuesta casi indiferente y despectiva. En una situación límite, el muelle portuario es la modalidad
que adopta el basamento frente a la tentación que ofrece la superficie inestable del agua de iniciar
una deriva mar adentro.
Entre los casos citados, existen por lo menos dos en los que la respuesta-basamento va acom-
pañada de un énfasis en un elemento arquitectónico que se convierte así en protagonista de la
relación existente entre el espacio habitado y el vasto espacio generado por la presencia del agua:
la ventana. Estos dos casos son la Petite Maison de Le Corbusier y la villa Malaparte de Adalberto
Libera. La implantación de la Petite Maison es decididamente portuaria y el énfasis de Le Corbusier
en la ventana es, con toda seguridad, una respuesta enormemente coherente con la localización
genérica elegida para la casa. “La ventana, de 10,75 m de longitud. Durante el invierno, el lugar
‘está allí’, como si nos encontráramos en el jardín. Los días ya no son tristes; del alba a la noche, la
naturaleza despliega su metamorfosis.” La “magistral ventana a escala humana” nos sitúa por com-
pleto en un lugar que ‘está allí’, como un dispositivo que convierte la vida en la casa en una vida
plenamente inmersa en él. Ahora bien, la concepción de dicho lugar es estática: aunque “despliega
El contenedor es una de las metáforas predilectas de la arquitectura en las últimas décadas. La pér-
dida de interés hacia cualquier planteamiento basado en los usos, las funciones o las actividades ha
llevado a la adopción de otras metáforas como generatrices formalizadoras del proyecto. La gran
disponibilidad de la metáfora “contenedor” para albergar todo tipo de programas ha permitido
que cualquier tema arquitectónico pueda ser resuelto mediante su aplicación sistemática.
La estructura de un contenedor se caracteriza básicamente por la ausencia de anclaje. La cara in-
ferior de la caja puede descansar sobre cualquier superficie que sea adecuada, siempre de acuerdo
con sus solicitaciones, en un contacto transitorio que puede ser interrumpido en cualquier mo-
mento. El contenedor de basura, suspendido por la grúa, busca las solicitaciones de la plataforma
del camión hasta encajar en ella en función de las condiciones que le impone. Dichos contenedo-
res, con sus ruedas, buscan su situación en las esquinas de las ciudades en función de las solicita-
ciones precedentes del espacio público. Los contenedores buscan su lugar en la ciudad, en ningún
caso la ciudad se modela para acoger a los contenedores. En las temporadas de tempestades, los
contenedores de basura son los primeros en liberarse del contacto de las ruedas y en dejarse llevar,
calle abajo, a la deriva, siguiendo las solicitaciones de las corrientes, las pendientes y las embestidas.
Todo ello se produce porque el contenedor es, por definición, una estructura sin cimientos, que
descansa sobre el terreno con la única ayuda de su peso propio-. Los contenedores no tienen timón,
ni motor, ni vela, ni anclas.
(…)
1.
Al desprenderse de un objetivo consciente que guíe su desarrollo, la deriva se convierte básicamen-
te en una experiencia de la mirada, puesto que la mirada es el instrumento por excelencia de toda
búsqueda. Si el pincel, el lápiz o el ordenador son las herramientas más eficaces de un hallazgo, la
mirada es tal vez nuestro vehículo perceptivo más pasivo, incapaz de construir nada por sí mismo,
muy útil para registrar tantos datos como haga falta, pero completamente inútil a la hora de expo-
ner teorías o conclusiones. La mirada constituye el mejor instrumento de nuestras indagaciones y
sus constantes transformaciones, sus movimientos rápidos e su grande perspicacia dan lugar a una
modalidad de deriva que es autónoma respecto a los pasos o al proprio cuerpo, una deriva que es
incluso factible desde una posición de absoluta quietud.
Además, la mirada es el mejor conexión – si no la única – entre el cuerpo y el escenario. En nu-
estros ojos se concentra una curiosidad que busca sin saber lo que busca, que sabe que nunca podrá
llegar a poseerlo todo. Ahora bien, esta búsqueda no reclama en ningún momento una satisfacción
o una respuesta: el fundamento de la deriva es el placer eterno de una búsqueda indeterminada.
2.
Sabemos que cualquier escenario o cualquier forma arquitectónica posee un tiempo proprio. Si
una avenida porticada tiene los pilares muy juntos, solemos decir que ello “acelera” dicho espacio,
mientras que si los tiene más separados decimos que el tiempo de este espacio está más “ralenti-
zado”. Por la misma razón, sabemos que un espacio muy amalgamado de accidentes o de elemen-
tos a escala pequeña queda acelerado por dicha amalgama, mientras que en las grandes avenidas
aburridas, en las autopistas o en los desiertos el tiempo se dilata debido a la ausencia de anécdotas.
¿Por qué solemos andar más deprisa por una grande avenida que por una callejuela tortuosa,
cuando ello depende exclusivamente de las variables espaciales? Al estar desprovista de numero-
sos elementos de interés muy amalgamados, la gran avenida provoca una aceleración del cuerpo
como reacción a la ralentización del espacio por el que se desplaza, del mismo modo que cuando
subimos una cuesta solemos acelerar, mientras que en una bajada en pendiente solemos frenas:
el cuerpo actúa como mecanismo de compensación de las características del espacio por donde
circula, en busca de un equilibrio que haga posible un acuerdo entre ambos. En una callejuela, con
sus elementos muy amalgamados y con un tiempo proprio muy acelerado, quien deriva por ella
suele ralentizar el paso para detenerse a observar, debido a la presencia de numerosas curiosidades
por indagar. La aceleración del espacio genera, como reacción, una desaceleración del cuerpo. Por
este motivo, solemos andar más deprisa por aquellos lugares que ya conocemos: ya no queda en
ellos nada por saborear. Y este hecho nos da la medida de la enorme avidez de nuestra mirada ca-
llejera, al igual que de la enorme cantidad de cosas que le quedan todavía por indagar al ciudadano
contemporáneo, un patrimonio que él apenas intuye que exista y cuya infinitud marca la pauta de
su satisfacción existencial.
Del mismo modo que la facultad del juicio no debería estar separada de las demás actividades
humanas, la capacidad crítica tampoco debería desarrollarse en un terreno separado de la produc-
ción arquitectónica. De hecho, la crítica es una dimensión más del mundo, de entre otras muchas
dimensiones. Y, puesto que la crítica es inherente al mundo, también es inherente a la arquitectura.
Manfredo Tafuri ha mostrado a través de sus textos la gran capacidad que puede tener un edificio
para hablar, para pronunciarse, para desplegar su proprio potencial crítico más allá de la escritura o
en estadio anterior a ella. En los textos de Tafuri, los edificios comentan los lugares, la Historia o los
valores establecidos, de modo que la misma acción de proyectar se presenta como un hecho carga-
do de un enorme potencial crítico. Esta capacidad crítica de la arquitectura edificada le restituye sin
duda su carácter de lenguaje, un lenguaje que habla de las mismas cosas que la escritura, que puede
proponer unos valores y que puede establecer unas posiciones análogas a las que se proponen o
se establecen desde la escritura. Muchos textos teóricos de la arquitectura moderna no son más
que traducciones escritas de las obras construidas. Y si la arquitectura se requiere necesariamente
a sí misma para proponerse, en muchos casos puede prescindir perfectamente de la escritura para
desplegar su discurso, puesto que, en realidad, sólo recurre a ella para explicarse mejor, del mismo
modo que repetimos una proposición en dos idiomas distintos cuando no se nos entiende con
suficiente claridad.
La separación entre el juicio y la crítica ha cumplido siempre la función social de suplantar y
hacer desaparecer el proprio juicio del consumidor-espectador y, en muchos casos, del proprio
productor. Éste es el caso de las secciones de crítica literaria, teatral o taurina de los periódicos,
donde el juez y el crítico se instituyen como figuras separadas y encargadas de administrar y dis-
tribuir socialmente sus prerrogativas. De hecho, la arquitectura moderna nunca tuvo una crítica
especializada, sino más bien una labor de traducción escrita de todo aquello que las obras pro-
ponían o significaban. En este sentido, críticos e historiadores como Bruno Zevi, Reyner Banham,
Sigfried Giedion o Henry-Russel Hitchcock actuaron, a través de sus escrituras, como arquitectos
de pleno derecho, más que como jueces separados de las propias producciones. Y es significativa la
estrecha colaboración que han mantenido a lo largo de este siglo los productores de textos sobre
arquitectura con los propios arquitectos. Tradicionalmente, la arquitectura no ha dispuesto de una
crítica separada y ello es así porque su consumo es esencialmente social, nunca “a la carta” o sujeto
a los vaivenes comerciales del consumo de productos culturales.
(…)
Proyecto tras proyecto, construcción tras construcción, la arquitectura de los últimos años ha mos-
trado una capacidad de respuesta ante todo lo que va encontrando a su paso que de ningún modo
queda reflejada en las producciones escritas que la acompañan. Una escritura que acompañe críti-
camente a dichas arquitecturas debería abordar por si misma la exploración de sus propios terri-
torios, en vez de intentar otorgar con tanta insistencia una razón ideológicamente coherente a una
práctica proyectual que, en su conjunto, es incapaz de ostentarla. La situación del sujeto sometido
a una condición que le subyuga no puede describirse por medio de un tratado o de una propuesta
sistematizada: sólo son posibles reacciones concretas a situaciones concretas, sin ningún discurso
estructurado que las fundamente.
Es totalmente imposible formular por escrito una propuesta sistematizada acerca de algo que ni
siquiera existe previamente en el ámbito de las realizaciones.
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