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Vito Comar – Curso de Gestão Ambiental e NURB - UFGD,

Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais-FCBA


vitocomar@gmail.com

Avaliação Emergética:
indexador único para tomada de decisão
em políticas públicas

Atribuindo verdadeira riqueza para orientar


políticas públicas
Howard T. Odum
(1924-2002)

Núcleo de Boas Práticas Urbanas NURB


nurbms.wix.com/nurb

Vito Comar
Núcleo de Boas Práticas Urbanas NURB
Avaliação Emergética

• Conceitos e teoria
• Metodologia
• Aplicações – Estudo de Caso
• Debate - questões
Economia

Sociedade
Natureza
Avaliação Emergética

• Conceitos e teoria
Energia
• Energia e matéria – a matéria não existe (estrelas)
• Energia – a capacidade de realizar trabalho
(samambaias); Potência - verificar
• As leis da Termodinâmica (verificar)
• Uma concepção holística – tudo é energia em
relacionamento constante e dinâmico
• O sol – hidrogênio > hélio – a máquina do sistema solar
• Os motores da biosfera
• As cadeias alimentares – Bolzmann (1922) e outros
• O Princípio da Máxima Potência
Dinheiro como medida de valor
• A quantidade de
dinheiro que
pagamos por algum
produto é uma
indicação de quanto
valorizamos aquele
produto, dizem os
economistas
Amo meu carro!
• Se compramos um
carro custoso, este
deve ter um grande
valor para nós
Dinheiro como medida de valor
• Mas podemos usar o
dinheiro para atribuir
valor os muitos serviços
ambientais que a
natureza nos
providencia?
• O vento que dispersa a
fumaça das fábricas?
• A floresta que produz
solos para garantir o
crescimento das
árvores que fornecem
madeira?
• As áreas de várzea que
limpam a água lixiviada?
Dinheiro como medida de valor
• Em vez, o dinheiro que
pagamos para alguma
coisa (seu preço) é
determinado por:
– Escassez
– Custos de mão-de-obra
– Percepção
Amo meu carro!
• Não reflete o trabalho
realizado pelo ambiente
Economia-ecológica

• Economia-Ecológica
• Assim podemos encontrar uma
outra forma, a não ser o dinheiro,
para demonstrar quanto
valorizamos alguma coisa?
• Têm havido várias tentativas para
criar uma nova moeda, para
atribuir valor ao trabalho da
natureza
• Estes métodos são chamados de
economia-ecológica
Economia-ecológica

• Uma abordagem popular


é de usar energia em vez
de dinheiro
• Um curso d’água poderia
ser avaliado pela sua
energia potencial
Economia-ecológica

• Mas um Joule ou
caloria de energia do
córrego é igual a um
Joule de energia
nuclear?
• O que dizer de um
Joule de energia
solar?
A Visão Emergética

• Sistemas naturais auto-


organizam-se
• O princípio da MÁXIMA
POTÊNCIA
• Fluxos e Cadeias
• (10% incorporado
por etapa)
Fluxos e Cadeias (10%
incorporado por
etapa)
•Dos produtores aos consumidores
•A lei da Entropia – 2a Lei da Termodinâmica
•Energia é dissipada e diminui ao longo
da cadeia
•Emergia aumenta subindo a cadeia
BIOMASSA BIOMASSA BIOMASSA BIOMASSA
VEGETAL ANIMAL ANIMAL ANIMAL
ENERGIA
J/t 0.6E7 0.6E6 0.6E5
SOLAR 0.6E4

6E9 6E7 CONSUMI- 6E6 6E5 6E4


CONSU- CONSU-
PRODUTOR MIDOR
DOR U MIDOR
1o 2o 3o

Transformaçäo eMergética descendo a cadeia trófica.

6E9

Transferência 6E7
Energética 6E6
J/ano 6E5 6E4

100000

Transformidade
Solar 10000
sej/ano 1000
1 100

0 1 2 3 4
Etapas de transformaçäo.

Transferências energéticas (Odum, 1983).


F
I F
F F

BIOMASSA Y EXTRAÇÃO Y BENEFIC. Y Y Y


ACABAMENTO PRODUTO
VEGETAL MADEIRA MADEIRA MADEIRA FINAL

FONTES I MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA


I NATURAIS
MÃO-DE-OBRA MÃO-DE-OBRA MÃO-DE-OBRA M.DE-OBRA ESPEC.
DE ENERGIA F
COMBUSTÍVEIS COMBUSTÍVEIS COMBUSTÍVEIS COMB/ELETR.
MÁQUINAS MAIS MÁQUINAS MÁQUINAS
Razao Produçao/Investimento (Y / F) diminue A Razao Investimento/eMergia (F / I) aumenta

AUMENTO NA TRANSFORMIDADE DO PRODUTO/PROCESSO

Figura 6d - Comportamentos das Razões Y / F e F / I, e da Transformidade relativa.


• Estudando o percurso da energia – sua memória:
eMergia – a memória energética
• VISAÕ MACRO – energia no planeta
• O efeito da Lua
• Incidência da energia solar, a evaporação, os
ventos, a energia livre de Gibbs, a chuva, seus
impactos, o dreno de sedimentos, o movimento
das placas tectônicas
• As Transformidades
• Contabilidade Ambiental – 2 formas de
ver/perceber: pelo Ponto de vista do Consumidor
(mercado e sociedade do consumo/economia
neoclássica ); pelo ponto de vista do Produtor
(natureza/economia bioenergética)
• Diagramas
sistêmicos Metodologia eMergética
(inventários do
comportamento do
sistema: escala,
limites, fontes de
energia externas,
sub-sistemas de
produção,
consumidores,
processos,
caminhos, fluxos,
retroalimentações)
• Tabelas de Fluxos
de materiais e
energia,
transformidades,
emergia e índices
emergéticos
• Programas de
simulação para
conferir
sensibilidades e
tendências do
sistema observado
Metodologia eMergética
• Visão panorâmica – tabelas, índices, simulações >
melhores alternativas para subsídio às políticas
públicas SLIDE COMPOSTA
• Alguns índices mais usados
• Diagramas sistêmicos – força didática e
capacidade integradora (visual e conceitual),
facilita trabalhos em equipes interdisciplinares
• Escalas territoriais e escalas temporais – ciclos
naturais e ciclos políticos
• Enquadramento da sociedade – funções
comunidade científica, governo, setores;
democracia representativa e participativa
Transformidade (uma razão)

Quanto de emergia
solar original (sej)
é necessário
para gerar 1 Joule (J)
de energia daquele
produto ou
serviço?
Transformidades Solares
Valores Típicos
• Item sej/J

• Energia solar 1
• Energia do vapor 62
• Energia cinética do vento 623
• Matéria orgânica não consolidada 4.420
• Energia geopotencial dispersa na chuva 8.888
• Energia química dispersa na chuva 15.423
• Energia geopotencial nos rios 23.564
• Energia química nos rios 41.000
• Energia mecânica em ondas e marés 17.000-29.000
• Combustíveis consolidados 18.000-40.000
• Alimentos, hortifrutigrangeiros, grãos 24.000-200.000
• Alimentação protéica 1.000.000-4.000.000
• Serviços humanos 80.000-5.000.000
• Informação 10.000-10.000.000.000.000
Feedback (F)

Fonte não-renovável ( a )

Reserva
Trabalho geológico de Produção Sistema
lento Processamento
Combus-
(Y) Econômico
tíveis

Combustíveis energia usada

Fonte renovável ( b )
Feedback (F)

Produção Madeira Produção


Processamento Sistema
do Ambiente
(Y) Econômico
energia usada

eMergia da Produção Y
Razão Produção / eMergia = =
eMergia do Investimento F

Razão de Produção por eMergia para avaliar uma fonte primária de energia.
(a) Fonte não-renovável; (b) Fonte renovável. (Brown, 1992)
Capacidade de Suporte

Emergia por pessoa usada (E15


sej/ano):
• Média Mundial 3,6
• Média EUA 29
• Biosphere II 4.303
• Skylab 2.700.000
• Brasil 3,4
• Botucatu 10,5
• Pardinho 16,2
Fazenda Água Santa (387,20 ha) - Município de Pardinho - SP

Anot. Item Unid./ano Transformidade eMergia Solar


sej/unidade E15 sej/ano %
CONTRIBUIÇÃO AMBIENTAL ( I )
1 Potencial químico da chuva J 2,61E+13 1,50E+04 392,04 33,41
2 Perda de solo no seu uso J 1,66E+12 6,30E+04 104,87 8,94
3 Água captada do rio J 2,09E+10 4,11E+04 0,86 0,07
Soma das Contribuições Emergéticas Ambientais ( I ) 497,77 42,42

FEEDBACK (retorno - F ) - Inputs das contribuições humanas


4 Sementes $ 7,80E+03 4,82E+12 37,60 3,20
5 Adubação química $ 7,70E+03 4,82E+12 37,11 3,16
6 Inseticida $ 7,68E+02 4,82E+12 3,70 0,32
7 Herbicida $ 4,34E+03 4,82E+12 20,91 1,78
8 Combustíveis J 6,86E+11 5,30E+04 36,36 3,10
9 Eletricidade $ 1,43E+03 4,82E+12 6,88 0,59
10 Maquinários g 1,46E+06 6,70E+09 9,78 0,83
11 Mão-de-obra $ 6,12E+04 4,82E+12 294,98 25,14
12 Bens e serviços comprados $ 1,06E+04 4,82E+12 51,13 4,36
13 Bens e serviços da fazenda $ 2,86E+04 4,82E+12 137,84 11,75
14 Trato do Gado $ 8,16E+03 4,82E+12 39,33 3,35
Total Contribuição Humana ( F ) 675,63 57,58

PROCESSO PRODUTIVO (Y)


15 Produção de Leite J 5,40E+11 2,17E+06 1173,40

RAZÕES
Razão produção por eMergia (EYR) = Y / F = 1,737
Razão de Carga Ambiental (ELR) = F + N / R = 1,987
Razão de Sustentabilidade Ambiental (SI) = (Y/F) / [(F+N)/R] = 0,874
Transformidade Leite=( I + F )/ Y=(497,8+675,6) E15 sej/ano/5,4 E11 J = 2,17E+06
Medindo ‘Qualidade’
• O valor de transformidade para um produto permite localizar este
produto dentro de uma hierarquia de transformação energética
• Os objetos à direita têm uma qualidade maior

1x10x Sej/J
Medindo ‘Qualidade’
• Os inputs emergéticos
envolvidos num processo são
simplesmente adicionados
para obter o valor do produto
na moeda emergética (sej)
• De forma diferente às
medidas de energia (Joules,
calorias), com a emergia (sej)
qualquer objeto pode ser
facilmente comparado
Emergia num País
• Podemos dizer que a
verdadeira riqueza vem da
natureza
• A verdadeira riqueza numa
economia não é
representada pelo dinheiro
• A verdadeira riqueza é:
• Alimentros, habitação,
roupas, combustíveis,
minérios, forestas, recursos
pesqueiros, terra, prédios,
arte, música, informação, etc.
Emergia num País
Uso Total de Emergia
= 1.0 E12 sej/dolar
Produto Interno Bruto
Assim...
Cada dolar gasto na economia
dos EUA tem 1 E 12 sej
de emergia “incorporado” nele

No Brasil 1989 6,08 E 12 sej (COMAR, 1994)


1996 4,82 E 12 sej (COELHO, ORTEGA, C OMAR, 1998)
2010 3,30 E 12 sej (COELHO et Al. 2003)
Compra-se menos emergia com o mesmo dinheiro!
Emergia num País
• Os valores de mercado são uma
medida pobre para avaliar a
verdadeira riqueza
• Os preços de mercado são
afetado pela escassez
• Quando os recursos ambientais
são abundantes os preços são
baixos
• Mas isto é ao contrário
• Quando a contribuição da
verdadeira riqueza à economia é
maior, significa que o padrão de
vida é também é maior Padrões de vida e
otimismo dos anos
• Isto é, a situação é boa quando os 1950
recursos naturais são abundantes!
Avaliação Emergética
• Aplicações – Estudo de
Caso
Aplicações e Estudos de Caso
• Geração de energia:
• 1) a parábola, concavidade voltada para cima, da produção de energia
• 2) Economia extrativista na Amazônia brasileira, Pq. Nac. do Jaú-AM
• 3) Barragens no Rio Mekong – Tailândia;
• 4) Simulação Brasil – Dave/Vito;
• Relações econômicas internacionais: Brasil: um país doador – o dreno dos
países pobres para os ricos (o futuro da contabilidade ambiental, relações
internacionais mais justas, baseadas na avaliação emergética)
• Cenários nacionais:
• 1) implicações de estudos emergéticos para políticas públicas
• 2) Simulação do Brasil (Paul, Vito, Enrique)
• Contabilidade ambiental – a contribuição econômica dos serviços
ecossistêmicos e funções de uma bacia hidrográfica (Marcos Watanabe,
tese doutorado UNICAMP) Agricultura, pastagens e mata nativa: cálculo
e simulação dos valores monetários dos fluxos hidrológicos e do carbono
na bacia do Taquarizinho utilizando a Metodologia Emergética
Geração de energia–Razão de Emergia Líquida (Produção/Investimento)
Economia extrativista na Amazônia brasileira, Pq. Nac. do Jaú-AM
Diagrama sistêmico que descreve as principais fontes naturais de energia que mantém a floresta, os
mandiocais e os pomares de fruteiras. Caça e pesca suprem as demais necessidades junto aos bens
adquiridos pelo sistema de “aviamento”.
Os valores representam o fluxo de emergia em seJ E17/ano (COMAR, 2004).
Estudo de
Hidrelétrica
Tailândia – Rio Mekong

Neste estudo
compararam-se duas
alternativas de usinas
hidrelétricas em dois
braços do Rio Mekong,
na Tailândia,
identificando que o
melhor seria produção
descentralizada de
energia para evitar o
deslocamento da
população para as
cidades devido à perda
de recursos pesqueiros
e áreas férteis de várzea
para produção de arroz.
Estudo de Hidrelétrica Tailândia – Rio Mekong
Estudo de Hidrelétrica Tailândia – Rio Mekong
A avaliação desta usina de produção de etanol e açúcar da Usina Ester, em Cosmópolis-SP (COMAR e ORTEGA, 1995)
levou a identificar baixas Razões de Produção por Emergia (Y / F ) para produção de álcool e açúcar, mesmo usando a
queima do bagaço da cana-de-açúcar para gerar a energia elétrica da usina. Umas das razões são os altos custos emergéticos
associados aos pesados insumos da produção da cana e dos equipamentos do sistema produtivo.
•Determinar como a dinâmica da capacidade de geração de energia elétrica será alterada pelo uso do Gás
Natural boliviano.
Determinar possíveis dinâmicas dos estoques futuros de GN Sul Americano, considerando os vários cenários
da demanda internacional e doméstica.
Determinar o destino de recursos renováveis (ex.: potencial hidrodinâmico) com o investimento no GN
boliviano.

A exploração a longo prazo das reservas de GN para geração de eletricidade impulsiona o desenvolvimento dos recursos
naturais renováveis. Na presente estratégia, o uso do GN vai acelerar o crescimento para um nível que será sustentado por
recursos renováveis (Fig. 5). Um investimento demasiado em GN, porém, poderá causar um estalo na base renovável da
economia brasileira, ou seja na hidreletricidade (Fig. 11).
BrazElectriX
Minimodelo da matriz de geração de eletricidade e atividade industrial

• Este minimodelo inclui os parâmetros numa escala macro da matriz de geração de


eletricidade e atividade industrial e usa a linguagem simbólica de Odum (Fig. 1).
Todos os fluxos de energia, hidreletricidade, GN e outros foram transformados em
Emergia Solar (Odum 1996) para poder fazer comparações. Energias foram
transformadas para valores baseados em emergia solar, com uma transformidade
solar de 160.000 sej/J (Joules de emergia solar per Joule) para electricidade,
48.000 sej/J para GN, e 54.000 sej/J para petróleo.

• O diagrama sistêmico energético do modelo de simulação BrazElectriX (Brazilian


Energy Matrix) consiste de 3 variáveis de estado: 1) Reservas Sul Americanas de
GN (SANG), 2) Tecnologia Brazileira para extação, processamento e transporte e
combustão do GN para gerar eletricidade, e 3) Ativos industriais brasileiros
disponíveis para gerar eletricidade e produção industrial. Existem 3 funções
forçantes externas: 1) potencial hidrelétrico disponível para o desenvolvimento de
energia elétrica (geopotencial), 2) Tecnologia externa para explorar as reservas de
GN para geração de energia e outros produtos industriais e 3) demanda do
mercado não-brasileiro para o GN da América do Sul.
Dourados County simulation Diagram
Estoque de solo (S); Graôs e Gado (GRC); Ativos (A); Dinheiro (M); Produtos Processados (PP); População (N).
Figura 2: Resultados da simulação até ano 41. Estoque de solo(S); Grãos e gado (GRC);
Ativos (A); Estoque de Dinheiro (M); Produtos processados (PP); População (N).
• VALOR CALCULADO : R$ 346.00 (pagamento por serviços ambientais)

• CUSTO DE OPORTUNIDADE DO PLANTIO SOJA : R$ 96 a R$ 368 ha-1ano-1


(Arrendamento da terra e investimentos no mercado de capitais)

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