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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE MOCOCA
FORO DE MOCOCA
2ª VARA
Avenida Doutor Gabriel do Ó, 1203, ., Cohab I - CEP 13732-620, Fone:
(19) 3656-6728, Mococa-SP - E-mail: mococa2@tjsp.jus.br
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0004191-85.2017.8.26.0360 e código 2ABE2E4.
TERMO DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO

Processo Digital n°: 0004191-85.2017.8.26.0360


Classe - Assunto Ação Penal - Procedimento Ordinário - Colaboração com Grupo,
Organização ou Associação Destinados à Produção ou Tráfico de
Drogas
Documento de Origem: CF, OF - 596/2017 - Delegacia de Polícia de Mococa, 1271/2017 -
Delegacia de Polícia de Mococa

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por DJALMA MOREIRA GOMES JUNIOR, liberado nos autos em 11/04/2018 às 19:07 .
Autor: Justiça Pública
Réu: Cristiano Rodrigues e outros
Vítima: A SAÚDE PÚBLICA
Artigo da Denúncia: 33, caput c.c. o artigo 40, inciso VI (por envolver adolescente) e 35,
caput c.c o artigo 40, inciso VI (por envolver adolescente), todos da
Lei nº 11.343/06, na forma do artigo 69 do Código Penal
Réu Preso

Aos 10 de abril de 2018, às 16:00h, na sala de audiências da 2ª Vara do Foro de Mococa,


Comarca de Mococa, Estado de São Paulo, sob a presidência do(a) MM. Juiz(a) de Direito
Dr(a). DJALMA MOREIRA GOMES JÚNIOR, comigo Escrevente ao final nomeado(a),
foi aberta a audiência de instrução, debates e julgamento, nos autos da ação entre as partes em
epígrafe. Cumpridas as formalidades legais e apregoadas as partes, compareceram a DRA.
YARA JEROZOLIMSKI, Promotora de Justiça, o réu CRISTIANO RODRIGUES e o
defensor plantonista DR. DANIEL DA COSTA AGUIAR, o réu ALEF YANES
OLIVEIRA SILVA e sua Defensora constituída DRA. LETÍCIA DE CARLI OLIVEIRA
FARIA LOPES e as rés JANAÍNA APARECIDA QUIRINO e ALINE RODRIGUES
MAGALHÃES e sua defensora nomeada DRA. LUIZA MAZIERO BARBOSA. Ausente o
defensor nomeado Dr. Jamil Antonio Nicolau Filho. Presentes as testemunhas de acusação
descritas na qualificação em anexo. Iniciados os trabalhos, foram inquiridas as testemunhas
de acusação e interrogados os acusados, após entrevistas reservadas com seus Defensores,
pelo MM. Juiz foi dito que, não havendo mais provas a serem produzidas, dava por encerrada
a instrução criminal. Foram realizados debates orais. Não havendo óbice na utilização de
sistema de gravação audiovisual em audiência, todas as ocorrências, manifestações,
declarações e depoimentos foram captados em áudio e vídeo, conforme CD identificado,
[anexado e autenticado pelos presentes neste termo]. Na sequência, pelo MM. Juiz, foi
proferida a seguinte sentença: “Vistos. ALEF YANES DE OLIVEIRA, ALINE
RODRIGUES MAGALHÃES, CRISTIANO RODRIGUES e JANAÍNA APARECIDO
QUIRINIO, qualificados nos autos, foram denunciados como incursos nos artigos 33,
“caput” e 35, “caput”, c.c. o artigo 40, inciso VI, todos da Lei nº 11.343/06, conforme os fatos
narrados na denúncia, à qual me reporto (fls. 217/219). Oferecida a denúncia (fl. 220), os
requeridos foram devidamente notificados. Após defesas preliminares (fls. 307/309, 314/316,
325/335 e 336/346), a denúncia foi recebida (fl. 83), sendo os acusados devidamente citados.
Durante a instrução, foram ouvidas duas testemunhas e interrogados os requeridos. Encerrada
a instrução criminal, manifestaram-se as partes, em alegações finais orais. É o relatório.
FUNDAMENTO e DECIDO. Não há preliminares a apreciar. E, no mérito, a ação penal
deve ser julgada PROCEDENTE, isso porque, terminada a instrução da causa, restou
devidamente comprovado nos autos que a acusada praticou, de fato, os delitos descritos na
exordial. A materialidade dos delitos, bem como a autoria, quanto aos réus, são induvidosas,
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vez que suficientemente demonstradas pelo auto de prisão em flagrante (fl. 02), pelo boletim
de ocorrência (fls. 15/17), pelo auto de exibição e apreensão (fls. 19/20), pelo laudo pericial
de exame das substâncias (fls. 263/265), bem como pela prova oral nos autos produzida. A
adolescente Anaelieli Gonçalves, ouvida apenas em solo policial, informou que, no dia dos
fatos, encontrava-se na residência de sua mãe, a ré Janaína, quando os policiais chegaram.
Informou que não sabe a quem pertencem as drogas. Negou, ainda, que seja usuária de drogas
ou que as trafique, mencionando, por fim, que reside com seu pai na Rua Rio Grande do
Norte, 563. O Policial Civil Marcos Alexandre Fernandes, ouvido em solo policial, relatou

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que a Polícia Civil vinha recebendo diversas denúncias anônimas dando conta de que no
imóvel localizado no local dos fatos havia pessoas praticando o tráfico de drogas. Informou
que, em cumprimento a um mandado de busca, dirigiu-se ao local e, quando chegou, deparou-
se com os réus e a adolescente. Declarou que encontrou drogas no bolso de uma calça jeans
que estava no banheiro. Nenhum dos réus assumiu a propriedade daquelas. Narrou que, diante
dos fatos e da reputação dos réus (conhecidos no meio policial pelo seu recorrente
envolvimento com o tráfico), deu voz de prisão a todos eles, conduzindo-os, em seguida, à
Delegacia, onde a Autoridade Policial ratificou a medida. Em juízo, reafirmou os fatos.
Contou, em acréscimo, que Janaína e Cristiano foram presos pela PM dias antes, por tráfico
de drogas e que o local dos fatos foi alvo de outras buscas, antes dos acontecimentos. Afirmou
que a delação que embasou a busca a que se refere esses autos dava conta do envolvimento de
tosos os acusados, com o tráfico. Robson Martins Ferreira, também ouvido em solo policial e
em juízo como testemunha, relatou os mesmos fatos já mencionados por seu colega de farda.
Acrescentou que Janaína e Cristiano foram presos pela PM dias antes, por traficância e que o
lugar dos fatos foi alvo de outras buscas, anteriormente. Afirmou que a delação que embasou
a busca a que se refere esses autos dava conta do envolvimento de tosos os acusados, com o
tráfico. E as falas dos policiais foram harmônicas e isentas de contradições, o que até se
justificaria considerando o número de ocorrências que atendem os agentes da lei, merecendo
pleno crédito. Ressalte-se, por oportuno, que os policiais não estão impedidos de depor pela
legislação processual pátria e o fato de serem servidores comprometidos com a aplicação da
lei, repressão e combate ao crime, não retira a força de suas palavras. Pelo contrário, suas
palavras têm pleno crédito até que prova manifesta em contrário exclua a presunção. Nesse
sentido: “Os policiais não estão impedidos de depor. Seus depoimentos têm o mesmo valor
que outro qualquer. Há dispositivos expressos no CPP determinando que a polícia deverá
colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias (art.
6°, III) e que toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202). O só fato de ter sido a prova
acusatória baseada em depoimentos prestados por policiais que procederam a prisão em
flagrante não autoriza absolvição” (TJSP AC Rel. Carlos Bueno RT 654/278 e RJTJSP
125/563). “Os depoimentos de policiais devem ser cridos até prova em contrário. Não teria
sentido o Estado credenciar seus agentes para exercer serviço público de repressão ao crime e
garantir a segurança da sociedade e ao depois negar-lhe crédito quando fosse dar conta de
suas tarefas no exercício de funções precípuas” (TJRJ AC Rel. Synésio de Aquino
RDTJR 7/287). “Não faz sentido repudiar testemunho por provir de agente da polícia. Ao
contrário, sua palavra deve ser avaliada e aceita a partir de sua função social que, por isto
mesmo, se impõe com o peso mais contundente do que o cidadão comum” (in “Jurisprudência
Penal e Processual Penal”, AZEVEDO FRANCESCHINI, vol. 8, pág. 386). A requerida Aline
Rodrigues Magalhães, no DP, preferiu manter-se em silêncio. Em juízo, afirmou que já foi
processada por tráfico, mas foi absolvida. Negou saber de quem é a droga apreendida nos
autos. A acusada Janaína Aparecida Quirino, em solo policial, também se manteve em
silêncio. Em juízo, confirmou ter sido presa por tráfico, pela PM, juntamente com Cristiano,
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pouco antes dos fatos de que trata os autos. Afirmou que nada sabe sobre a droga apreendida.
O réu Alef Yanes de Oliveira Silva, no DP, nada disse. Em juízo, não quis explicar sobre o
que conversava com o requerido Cristiano e ria, enquanto o Policial Marcos era ouvido. Disse
que a droga apreendida é de Cristiano. O requerido Cristiano Rodrigues, em solo policial,
exerceu seu direito ao silêncio. Em juízo, alegou que a droga apreendida era sua, para o seu
uso. Não quis explicar do que conversava com o requerido Alef e ria, enquanto o policial
Marcos era ouvido. Depois disse que riu porque o policial disse que, informalmente, todos
assumiram a traficância. Pois bem. Não resta dúvida de que o proceder dos acusados se

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amolda perfeitamente aos delitos descritos na inicial. Ao que restou demonstrado, os
requeridos, juntamente com a adolescente Anaelieli Gonçalves, associaram-se para praticar a
traficância na cidade de Mococa. Igualmente, comprovado está que os réus e a adolescente
eram coproprietários dos entorpecentes apreendidos, que se destinavam ao comércio ilícito.
Cabe ressaltar que este magistrado, titular da vara da infância já havia recebido notícia de que
acontecia o tráfico no local dos fatos, sendo que vários filhos da ré Janaína e do acusado
Cristiano forma acolhidos institucionalmente. Ao que me recordo, tais delações vieram
inclusive através do Conselho Tutelar. Isso veio, também por meio de ofício encaminhado ao
feito n. 0000409-75.2014.8.26.0360, que corre nesta vara de competência cumulativa. Janaína
e Cristiano acabaram, inclusive, sendo presos pela PM, antes dos fatos, justamente por tráfico.

Quanto ao delito de associação ao tráfico, tal como anunciado acima, as provas demonstram, de
fato, a unidade de propósitos e de desígnios da denunciada e do adolescente para o fim de praticar
o comércio ilegal de drogas. A propósito, destaco que a doutrina classifica o crime de associação
ao tráfico como sendo um crime de concurso necessário, que pressupõe, no mínimo, dois
integrantes. Tal delito se distingue do concurso eventual de pessoas, que exige um acordo de
vontades ocasional e efêmero para a perpetração de determinada conduta criminosa. Não há se
falar, em tal contexto, que tenha havido mero concurso ocasional, no caso concreto, encontrando-
se perfeitamente delineado, por conseguinte, o animus associativo indispensável para a tipificação
do delito previsto pelo artigo 35 da Lei de Tóxicos. Discorrendo a respeito, Luiz Flávio Gomes
preleciona com máxima clareza: “O artigo 35 traz modalidade especial de quadrilha ou bando
(art. 288 do CP). Contudo, diferentemente da quadrilha, a associação para o tráfico exige
apenas duas pessoas (e não quatro), agrupadas de forma estável e permanente, para o fim de
praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput (tráfico
de drogas), e 34 (tráfico de maquinário) desta Lei.” (Nova Lei de Drogas Comentada, RT, p.
170, grifei). Evidentemente, provar o delito de associação para o tráfico não é uma tarefa fácil
para o Estado. Afinal, em nosso sistema penal, ninguém pode ser condenado sem que haja prova
da existência do crime. Todavia, o Doutor Odilon de Oliveira, Juiz Federal no Estado de Mato
Grosso do Sul, famoso por operar no combate ao crime organizado na região de fronteira daquele
Estado com o Paraguai, discute, com sadias reservas, a questão da dificuldade para se conseguir
prova quando o assunto é o tráfico de entorpecentes e a lavagem de dinheiro. Segundo ele, o
Poder Judiciário não pode tornar-se insensível às dificuldades que a Polícia Federal encontra para
conseguir provas em torno do tráfico e da lavagem. Fundamenta o ilustre juiz: “Se a Justiça
Federal, em qualquer de suas instâncias, se comportar com exagerada soberba em matéria de
provas quanto ao tráfico de entorpecentes, deixando de compreender as dificuldades que o MPF e
a Polícia Federal encontram para obtê-las, também pela natureza desse crime, complexidade das
organizações e modus operandi, poucas vezes se conseguirá condenar peixes grandes.” (Ação
penal nº 2000.60.02.002286-3 1ª Vara Seção Judiciária de Mato Grosso do Sul Quinta
Subseção Ponta Porã/MS. Sentença datada de 23 de maio de 2005.) Perfilhando do
entendimento do citado magistrado, verifico que o mesmo raciocínio pode ser lançado para o
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delito de associação para o tráfico. E o conjunto probatório dos autos permite um decreto
condenatório quanto ao referido crime, pelas razões expostas acima. Avaliza esse entendimento o
seguinte julgado: Origem: TRIBUNAL QUARTA REGIÃO Classe: ACR APELAÇÃO
CRIMINAL 6656 Processo: 200071040036423 UF: RS Órgão Julgador: OITAVA TURMA.
Data da decisão: 12/11/2001 Documento: TRF400082725 DJU DATA: 16/01/2002 PÁGINA:
1396 “[...] 10. O juiz criminal não se pode permitir nenhuma ingenuidade no exercício de suas
funções, especialmente quando trata do crime organizado de tráfico internacional de
entorpecentes, que obviamente nunca é praticado por amadores, mas sim por delinqüentes de

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altíssima periculosidade, que sempre agem na clandestinidade e não hesitam, a qualquer preço,
em usar toda sorte de artifícios para garantir a impunidade por seus atos nefandos. 11. A prova
deve ser examinada no seu conjunto, dentro do contexto em que ocorreram os fatos, com os pés
no chão e os olhos na realidade, valorizando-se os indícios, que sempre foram reconhecidos
como elementos de convicção, ainda mais nos crimes, como o de associação para o tráfico,
cometidos às escondidas, em que a prova direta é muito difícil senão quase impossível. 12. O
silêncio do réu não implica confissão, mas é significativa a atitude de quem, preso e acusado
injustamente de crime gravíssimo, prefere manter-se calado, pois a reação natural de qualquer
pessoa inocente é proclamar veementemente a sua inocência, esteja onde estiver.” Ademais,
como se viu, pelos mesmos fundamentos também restou comprovado que o crime envolveu um
menor, a justificar a causa de aumento de pena prevista pelo artigo 40, inciso VI, da Lei de
Tóxicos, por merecer o delito especial reprovação. Assim, diante de elementos de convicção que
tais, não restam dúvidas de que o proceder dos acusados se amolda perfeitamente aos tipos penais
descritos na denúncia, sendo suas condenações medidas criteriosas que se impõem, já que
ausentes circunstâncias que excluam os crimes ou os isentem de pena. Isso posto, e considerando
o mais do que dos autos consta, julgo PROCEDENTE a ação penal e, via de consequência,
condeno Réu: ALEF YANES OLIVEIRA SILVA, Brasileiro, Solteiro, Servente, RG 49590725,
CPF 235.794.608-38, pai Edson Pedro da Silva, mãe Elaine Cristina de Oliveira, Nascido/Nascida
em 29/04/1994, de cor Pardo, natural de Mococa - SP , Rua Adriano Macedo Zeferino, 155,
Jardim Jose Justi, CEP 13734-485, Mococa - SP, Réu: JANAINA APARECIDA QUIRINO,
Brasileiro, Companheira, Prendas do Lar, RG 45537667, CPF 371.720.298-79, pai Antonio
Carlos Quirino, mãe Ana Maria de Oliveira, Nascido/Nascida em 11/07/1981, de cor Pardo,
natural de Mococa - SP , Rio Grande do Sul, 616, Jardim Nova Mococa, CEP 13731-300, Mococa
- SP, Réu: ALINE RODRIGUES MAGALHÃES, Brasileiro, Companheira, Prendas do Lar, RG
44283802, pai JOSE MAGALHAES, mãe VERA LUCIA RODRIGUES, Nascido/Nascida em
08/09/1995, de cor Pardo, natural de Mococa - SP , Rua Rio Grande do Norte, 616, Jardim Nova
Mococa, CEP 13731-295, Mococa - SP e Réu: CRISTIANO RODRIGUES, Brasileiro,
Companheiro, Trabalhador Rural, RG 43259318, mãe Vera Lucia Rodrigues, Nascido/Nascida
em 24/09/1986, de cor Branco, natural de Aguai - SP, Rua Rio Grande do Norte, 616, Jardim
Nova Mococa, CEP 13731-295, Mococa - SP, como incursos nos artigos 33, “caput” e 35,
“caput”, c.c. o artigo 40, inciso VI, todos da Lei nº 11.343/06. Apurada a responsabilidade penal,
atento às regras de fixação de penas estampadas nos artigos 59 e 60, do Código Penal, passo a
dosar as penas de condenação, quanto aos requeridos. Na primeira etapa da dosimetria, verifico
que o acusado ALEF ostenta maus antecedentes criminais, eis que possui 03 (duas) condenações
definitivas, já transitadas em julgado, capazes de lhe gerar reincidência, sendo considerada, nesta
fase, uma delas como mau antecedente (fls. 229/236). Aumento, pois, sua pena em 1/6 (um
sexto). Na segunda fase da dosimetria, verifico a incidência da agravante referida no artigo 61, I,
do CP, quanto aos requeridos CRISTIANO e ALEF, na medida em que são reincidentes, como
pode ser sacado das certidões de fls. 239/241 e 229/236, respectivamente. Dessa forma, aumento
as reprimendas em 1/6 (um sexto). Na terceira fase de aplicação da pena, quanto à traficância,
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majoro as penas dos réus em 1/6 (um sexto), porque o tráfico por eles praticado envolveu a
menor Anaelieli Gonçalves (art. 40, inciso VI da Lei 11.343/06). Ainda nesta fase, há de se frisar
que os acusados não têm direito à causa de redução mencionada no artigo 33, parágrafo 4º, da Lei
n. 11.343/06, porque esta regra não incide ao caso concreto. Ora, se os réus se associaram com um
menor para a prática do tráfico de entorpecentes, não há como afirmar que “não se dediquem às
atividades criminosas”. E é evidente que a benesse penal em questão é dirigida a pessoas que se
envolveram com a traficância de forma pontual, ocasional, hipótese com a qual, repita-se, não se
identifica o caso vertente. Nesse sentido, verifique-se o seguinte trecho do excelente voto

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condutor prolatado pelo Excelentíssimo Desembargador Geraldo Wohlers, em v. acórdão que
confirmou condenação proferida por este magistrado, na Comarca de Serrana: “A diminuição hoje
admitida pelo parágrafo 4º do artigo 33 da Lei de Drogas não se mostra viável na medida em que
se cuide de infração indicativa de alta periculosidade do agente. O propósito do legislador,
certamente, não foi favorecer os traficantes de alto coturno. A mens legis da Lei nº 11.343/06 há
de ter tido em vista, primordialmente, fornecedores ocasionais, que não denotam
perseverança criminosa, hábito delinquencial ou gravíssimo comprometimento para a ordem
social, a paz coletiva e a saúde da população em geral, virtudes certamente irreconhecíveis no
imperdoável traficante de drogas que persevera nessa senda. Tanto, aliás, que o citado art. 33, §
4º, contém expressa referência, para fins de merecimento da redução condescendente, à exigência
de que o agente “não se dedique às atividades criminosas”. Sabe-se que em termos repressivos o
ditame constitucional é o de desestimular com energia o comércio ilegal de drogas; logo, o
benefício trazido pela nova lei de regência, editada sob o mote de tornar mais rigoroso o
tratamento penal que incide sobre o traficante, conflita, quando aplicado de modo
indiscriminado, com a Constituição da República. Há, além da quebra do princípio de
isonomia entre os condenados por outros crimes (especialmente pelos classificados como
igualmente hediondos) e os condenados por tráfico de drogas, uma violação às disposições
constitucionais e aos tratados internacionais que obrigam o Poder Público brasileiro à repressão
efetiva do narcotráfico. A intelecção útil e legítima da norma sob análise só pode ser feita à luz da
Carta Política, e nesse passo se conclui que a mercê foi estabelecida para dar solução excepcional
a situações excepcionais. No âmbito desta Colenda Câmara, consignou o preclaro DES. LUIZ
ANTONIO CARDOSO, por ocasião do julgamento da Apelação Criminal nº 990.09.111160-0
(Comarca de Lucélia, j. em 25 de maio de 2010), que “essa causa de redução da pena deve
incidir na excepcionalidade, em situações específicas, próprias, quando patente que o tráfico
apurado cuidou-se apenas de um desvio na vida do réu, e não de uma contumácia, estilo,
repetição de fato análogo, de uma rotina de proceder”. A lei atual trouxe tratamento distinto
para quem oferece droga a pessoa de seu relacionamento sem objetivo de lucro a rigor, traficante
de entorpecentes: § 3º do mesmo artigo 33. Ora, também se reserva tratamento diferenciado no §
4º, pois o redutor se dirige a quem comete uma das condutas puníveis constantes do caput ou do §
1º do artigo 33 quando o agente atua sem ter o lucro por meta, sem intuito de comércio, sem
adotar a odiosa e desagregadora propagação narcótica como meio de vida. É assim que se deve
considerar a exigência de “não se dedicar às atividades criminosas” (terceira figura dos
pressupostos indispensáveis à concessão da benesse), porque quem procura obter vantagem
financeira através do mercadejo de substância clandestina se propõe, claro, a exercer atividade
criminosa: presta o torpe serviço para alguém, faz a deplorável intermediação para alguém,
busca aumentar os recursos ilícitos de grupos ou organizações formadas à margem da lei para
custear investidas delituosas n'outros setores do submundo. Convenhamos ser fenômeno de
extrema raridade o traficante que age solitariamente... Se se der outra interpretação ao dispositivo
em apreço, de forma a alcançar todo e qualquer agente que preencha os demais requisitos, haverá
incontornável discrepância com outras normas da mesma Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006,
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como, por exemplo, a descrição típica de seu artigo 37 (mero informante).” (TJ/SP Ap.
0003339-42.2011.8.26.0596 OJ 3ª Câmara de Direito Criminal: DJ 04/12.12, grifei). Por tudo
isso e se considerando sobremaneira que há provas suficientes de que se dedica a atividades
criminosas, é de se afastar a incidência, em concreto, da causa de diminuição em tela. Dessa
forma, quanto ao crime de tráfico de drogas, chego à pena de: - 07 (sete) anos, 11 (onze) meses
e 08 (oito) dias de reclusão e 793 (setecentos e noventa e três) dias-multa, ao valor unitário de
1/30 (um trigésimo) do maior salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, para o réu ALEF; - 05
(cinco) anos e 10 (dez) meses de reclusão e 583 (quinhentos e oitenta e três) dias-multa, ao

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valor unitário de 1/30 (um trigésimo) do maior salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, para a
ré ALINE; - 06 (seis) anos, 09 (nove) meses e 20 (vinte) dias de reclusão e 680 (seiscentos e
oitenta) dias-multa, ao valor unitário de 1/30 (um trigésimo) do maior salário mínimo vigente ao
tempo dos fatos, para o réu CRISTIANO; - 05 (cinco) anos e 10 (dez) meses de reclusão e 583
(quinhentos e oitenta e três) dias-multa, ao valor unitário de 1/30 (um trigésimo) do maior
salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, para a ré JANAÍNA. E, quanto ao crime de
associação para o tráfico, chego à reprimenda de: - 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de
reclusão e 952 (novecentos e cinquenta e dois dias-multa), ao valor unitário de 1/30 (um
trigésimo) do maior salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, para o réu ALEF; - 03 (três)
anos de reclusão e 700 (setecentos) dias-multa, ao valor unitário de 1/30 (um trigésimo) do
maior salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, para a ré ALINE; - 03 (três) anos e 06 (seis)
meses e 816 (oitocentos e dezesseis) dias-multa, ao valor unitário de 1/30 (um trigésimo) do
maior salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, para o réu CRISTIANO; - 03 (três) anos de
reclusão e 700 (setecentos) dias-multa, ao valor unitário de 1/30 (um trigésimo) do maior salário
mínimo vigente ao tempo dos fatos, para a ré JANAÍNA. E, porque cometidos os delitos em
concurso material, as penas impostas a eles devem ser somadas. Incide, pois, a regra do artigo 69
do Código Penal. Assim, chego à reprimenda total e definitiva de: - 12 (doze) anos e 08 (oito)
dias de reclusão e 1.745 (um mil, setecentos e quarenta e cinco) dias-multa, ao valor unitário
de 1/30 (um trigésimo) do maior salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, para o réu ALEF; -
08 (oito) anos de reclusão e 1.283 (um mil, duzentos e oitenta e três) dias-multa, ao valor
unitário de 1/30 (um trigésimo) do maior salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, para a ré
ALINE; - 10 (dez) anos, 03 (três) meses e 20 (vinte) dias de reclusão e 1.496 (um mil,
quatrocentos e noventa e seis) dias-multa, ao valor unitário de 1/30 (um trigésimo) do maior
salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, para o réu CRISTIANO; - 08 (oito) anos e 10 (dez)
meses de reclusão e 1.283 (um mil, duzentos e oitenta e três) dias-multa, ao valor unitário de
1/30 (um trigésimo) do maior salário mínimo vigente ao tempo dos fatos, para a ré JANAÍNA. O
regime inicial do cumprimento das penas é o FECHADO, em razão do montante de pena
aplicado, bem como da gravidade dos delitos. Com efeito, o contexto delituoso em comento é
extremamente grave. Soma-se a isso que os crimes envolveram um adolescente, o que exige uma
resposta estatal mais severa. Por tais razões, não é possível a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos ou a concessão do “sursis”. Deveras, tais benefícios não são
compatíveis, concretamente, com a necessária reprovação e a indispensável prevenção da conduta
incriminada. Afinal, como é sabido, a pena, além de ressocializadora, deve servir para prevenção
geral e específica, de modo que a reprimenda aplicada venha a inibir a ação de outras pessoas
(prevenção geral), bem como servir como repreensão ao delinquente (prevenção específica).
Assim sendo, a pena aplicada deve ser suficiente para a reprovação e prevenção dos crimes. Não
bastasse isso, é de se ter em conta que seria um verdadeiro absurdo que, concretamente, fosse a
pena privativa de liberdade substituída por outra restritiva de direitos, já que isso tornaria possível
que uma pessoa condenada por tal crime prestasse serviços à comunidade, p.ex., em uma escola,
onde fatalmente teria farta clientela, ou em um hospital, local em que teria fácil acesso a grande
fls. 409

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE MOCOCA
FORO DE MOCOCA
2ª VARA
Avenida Doutor Gabriel do Ó, 1203, ., Cohab I - CEP 13732-620, Fone:
(19) 3656-6728, Mococa-SP - E-mail: mococa2@tjsp.jus.br
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0004191-85.2017.8.26.0360 e código 2ABE2E4.
quantidade de substância entorpecente. Por isso, com a devida vênia dos que pensam
diferentemente, repudio o entendimento de que, a não ser em casos específicos e isolados, tal
substituição seja possível, ainda quando a quantidade de pena concretamente imposta não seja
suficiente para afastar o benefício. Ademais, impossível, igualmente, a fixação de valor mínimo a
ser ressarcido pelos réus à vítima, nos termos do artigo 387, inciso IV, do Código de Processo
Penal, pois não há informação nos autos sobre eventuais prejuízos financeiros experimentados
pela sociedade. Se a providência já não foi deferida, autorizo, agora, a destruição da droga
apreendida. Concedo à requerida Aline o direito de recorrer em liberdade, já que assim se

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por DJALMA MOREIRA GOMES JUNIOR, liberado nos autos em 11/04/2018 às 19:07 .
encontra até o presente julgamento. Os demais réus devem permanecer presos, pois a eles nego o
direto de recorrer em liberdade, na medida em que permanecem os fundamentos e requisitos da
preventiva. Nomes no rol, oportunamente. Aos defensores nomeado, fixo honorários no máximo
da tabela, expedindo-se certidão, oportunamente. Custas “ex lege”. A PRESENTE DECISÃO
SERVE DE OFÍCIO À DELPOL, AO I.I.R.G.D. E DE RECOMENDAÇÃO. REGISTRE-SE.
Publicada em audiência, saem cientes e intimados os presentes". Nada mais. Eu, Fatima Cristina
Marini, digitei.

Certifico e dou fé que o presente Termo de audiência somente foi assinado pelo MM. Juiz, haja
vista tratar-se de processo digital. Eu, Fátima Cristina Marini, Escrevente Técnico Judiciário,
digitei.

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