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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

CLARA SILVA CARNEIRO, RENATO FILHO, LUIZ LAINO, MARIA CAROLINE


OLIVEIRA, GABRIEL MONTEIRO, GUSTAVO VAZ.

ALTERAÇÕES BUCAIS EM PACIENTES DIABÉTICOS

RIO DE JANEIRO

2017
Resumo

O diabetes mellitus (DB) é um dos maiores problemas de saúde do mundo, somente


na América Latina, aproximadamente 19 milhões de pessoas possuem algum tipo
de diabetes. No Brasil,7,6% da população acima de 40 anos é diabética 1.Nesta
revisão de artigo, buscamos mostrar a importância e o papel do cirurgião-dentista
para o diagnóstico da diabetes mellitus(sobretudo do tipo 2,em que é comum o
paciente não saber que é portador da DB) através de sintomas que são comuns a
esse tipo de paciente, assim como, também buscamos elucidar através desse artigo
como deve ser a conduta e os cuidados a serem tomados pelo cirurgião-dentista
durante procedimentos odontológicos, invasivos ou não.
Introdução

O diabetes mellitus atingiu proporções epidêmicas nas últimas décadas e, segundo


a Organização Mundial de Saúde (OMS), será a segunda maior causa de mortes
na América Latina1.Esta doença possui um caráter hiperglicemiante que está
relacionada, dependendo do tipo, com a deficiência na produção de insulina ou com
a dificuldade desta em exercer sua função da maneira mais adequada.
O diabetes mellitus do tipo 1 é causada por uma alteração na autoimunidade em
que o corpo passa a não reconhecer mais as células betas, produtoras de insulina,
da ilhota de Langerhans no pâncreas e começam a produzir anticorpos com a
função de destrui-las. É comum que essa doença se manifeste em pessoas com
menos de 40 anos, além disso, não possui relação direta com a obesidade. Não há
predileção por gênero. Essa patologia acomete 5 a 10% dos pacientes com DM.
Quando o quadro clínico se inicia, já houve perda de 80 a 90% da capacidade de
produção de insulina2. As manifestações clássicas incluem poliúria (aumento do
volume urinário, devido à diurese osmótica, causada pelo excesso de glicose),
polidipsia (aumento da sede para compensar a perda de água pela urina), polifagia
(aumento da fome, para compensar o estado catabólico resultante da deficiência de
insulina) e perda de peso. Geralmente, o tratamento recomendado para o paciente
portador desse tipo de DM é o controle dietético e a insulino terapia, em que através
de injeções subcutâneas são injetadas doses de insulina com ação lenta,
intermediária e rápida.
O diabetes Mellitus tipo 2 é caracterizado por uma deficiência da ligação da insulina
com o seu receptor e por uma deficiência relativa da secreção pancreática de
insulina. Esta é a forma mais comum da doença, representando 95% dos casos e
acometendo, na maioria dos casos, pessoas acima dos 40 anos. Geralmente é
associada à obesidade, hipertensão e dislipidemia, acometendo principalmente
indivíduos com mais de 40 anos1,2. Um número significativo de pessoas com DM2
é assintomática ou oligossintomática. Isso faz com que o diagnóstico seja tardio e
muitas delas já apresentem complicações microvasculares ou macrovasculares
quando do diagnóstico2.
O tratamento recomendado para o paciente portador deste tipo de DM é o controle
dietético associado a atividade física além do uso de medicamentos orais
hipoglicemiantes ou, em alguns casos, a insulino terapia.
Em pacientes já diagnosticados com diabetes, uma anamnese dirigida deve ser
executada contendo o tipo de diabete, a adequação do controle, ocorrência de
hipoglicemia, história de cetoacidose metabólica e a presença de complicações
neurológicas, vasculares, renais ou infecciosas1.A partir das informações coletadas
na anamnese o paciente deve ser classificado em baixo risco(têm um bom controle
metabólico, são assintomáticos, não possuindo complicações neurológicas,
vasculares e infecciosas),risco moderado(Apresentam sintomas ocasionais,
encontram-se com balanço metabólico razoável, não possuindo história recente de
hipoglicemia ou cetoacidose e apresentando poucas complicações do diabetes)e
alto risco(Apresentam múltiplas complicações da doença e encontra-se com
deficiente controle metabólico, existindo história de hipoglicemia ou cetoacidose.
Métodos

Foi feita uma busca de artigos para revisão e referência que relacionavam a
odontologia com a Diabetes Mellitus no MEDLINE, no LILACS e Google Acadêmico,
foram utilizadas as palavras-chaves diabetes mellitus, odontologia, doenças da
cavidade bucal, todas essas palavras-chave foram pesquisadas na língua
portuguesa e inglesa respectivamente.
Discussão

O Diabetes mellitus é um dos principais problemas de saúde da América Latina,


afetando quase 19 milhões de pessoas na região. No brasil, cerca de 7,6% da
população com mais de 40 anos é afetada por essa doença.

Por ser uma doença sistêmica, tem influência em todo o organismo, inclusive na
cavidade oral. Essa predisposição é maior em pacientes mal controlados, onde uma
diminuição da resposta à infecção (bacteriana, fúngica e viral) é observada pela
presença de hiperglicemia e cetoacidose que altera a fagocitose dos macrófagos e
a quimiotaxia dos neutrófilos. Porém o paciente controlado pode ser considerado
um paciente normal, evitando apenas o estresse cirúrgico que pode descompensar
o paciente temporariamente.

A Diabetes Mellitus inclui um grupo de doenças metabólicas caracterizada por


hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção da insulina e/ou em sua ação.
Essa doença pode apresentar diversas alterações na cavidade oral, dentre as
principais alterações encontradas em pacientes diabéticos estão: candidíase,
doenças periodontais, xerostomia, hipossalivação, síndrome da ardência bucal,
abcessos e quelite angular.

O cirurgião-dentista deve conhecer todos os âmbitos dessa patologia (sinais e


sintomas, diagnóstico e exames complementares) e suas principais alterações
bucais. Todo exame odontológico feito em pacientes mal controlados deve ser
precedido por uma avaliação glicêmica, aferição de pressão arterial e exames
clínicos complementares necessários, e o cirurgião dentista deve estar preparado
para ligar com complicações durante o exame e atuar em casos de hipoglicemia.
Conclusão

O Diabete Mellitus é uma doença metabólica incurável, porém pode ser controlada
reduzindo os efeitos da doença na vida do indivíduo afetado. Os pacientes
diabéticos possuem alterações metabólicas que influenciam na cavidade oral e na
manutenção da sua saúde, portanto, quando mal controlada, a diabetes pode
desencadear alterações na cavidade oral.

É papel do cirurgião dentista saber diagnosticar através dos sinais presentes na


cavidade bucal e conhecer os procedimentos necessários para lidar com esse tipo
de paciente (avaliação glicêmica, aferição de pressão arterial e exames clínicos
complementares necessários). No caso de suspeita positiva da doença, a
anamnese pode ajudar a constatar a presença da doença através de perguntas
relacionadas a polifagia, polidipsia, poliúria e perda de peso.
Referências

(1) PRADO,VACAREZZA.ALTERAÇÕ ES BUCAIS EM PACIENTES DIABÉTICOS.


Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo 2013; 25(2): 147-53.Maio-ago;147-151

(2) ALVEZ,BRANDÃO,ANDION,MENEZES,CARVALHO.

Atendimento odontológico do paciente com diabetes melito: recomendações para a


prática clínica.

R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006;97-103

(3) SHIP,D.M.D.Diabetes and oral health An overview.

JADA, Vol. 134, October 2003;5-8

(4) AL-MASKARI,AL-MASKARI,AL-SUDAIRY.

Oral Manifestations and Complications of Diabetes Mellitus.

SQU Med J, May 2011, Vol. 11, Iss. 2, pp. 179-186, Epub. 15th May 11.179-183

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