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Chegaram a uma propriedade chamada Getsémani, e Jesus disse aos discípulos: «Ficai aqui
enquanto Eu vou orar.» Tomando consigo Pedro, Tiago e João, começou a sentir pavor e a angustiar-se. E
disse-lhes: «A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai.» Adiantando-se um pouco, caiu
por terra e orou para que, se possível, passasse dele aquela hora. E dizia: «Abbá, Pai, tudo te é possível;
afasta de mim este cálice! Mas não se faça o que Eu quero, e sim o que Tu queres.»
Meditemos
Família de Deus, sentimo-nos convidados a acompanhar Jesus e a velar com Ele. É grande a nossa
debilidade e facilmente nos deixamos adormecer. Mas Ele vela por nós e assume-nos na sua oração. Ele
está para beber por nós e em nosso favor o cálice de todas as angústias e paixões. Na hora suprema
volta-se para o Pai, o seu Abbá, o seu queridíssimo «papá». Ao Pai se entrega e ao Pai confia o seu SIM
definitivo e irrevogável. Não vai recuar. Na sua entrega de amor irá até ao fim sem fim.
Pai nosso…
«Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-lhes Barrabás; e, depois de mandar flagelar Jesus,
entregou-o para ser crucificado».
Meditemos
Pilatos prescinde da justiça, distorce o direiro e manda torturar um inocente já sentenciado. Tudo
isto «para agradar à multidão». Não seremos nós esta multidão? Não será, porventura, o nosso gosto, o
nosso agrado, a nossa conveniência, o nosso egoísmo, a causa de tantas condenações injustas, de tantas
famílias destruídas, de tantas e tão cruéis torturas e flagelos que Jesus continua a sofrer no corpo e na
alma dos inocentes?
Pai nosso…
4. Contemplemos, no quarto mistério doloroso, Jesus a caminho do Calvário, carregando com a Cruz.
Escutemos o Evangelho:
«Jesus, levando a cruz às costas, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz
Gólgota» (Jo 19, 17).
«Quando O iam conduzindo, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, e
carregaram-no com a cruz, para a levar atrás de Jesus. Seguiam Jesus uma grande multidão de povo e
umas mulheres que batiam no peito e se lamentavam por Ele. Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes:
“Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim, chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos”» (Lc 23,
26-28)
Meditemos
Com as mãos presas à haste horizontal da Cruz que carrega sobre os ombros, Jesus caminha para o
Calvário. Vai, assim, de braços abertos, disponível para um abraço sem exclusões. Mas está no limite das
suas forças físicas e, por isso, precisa da ajuda, ainda que contrariada, do Cireneu. Nós, somos discípulos
deste Mestre. Ainda recordamos a sua advertência: «Quem quiser ser meu discípulo renegue-se a si
mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me». Não forçados. Sem lamentações estéreis. Na
intimidade da vida familiar ou no espaço público, só o amor abnegado pode transformar a Cruz,
qualquer que ela seja, num abraço oferecido.
Pai nosso…
Meditemos
O Pai lá está. Sempre atento, sempre presente, do início ao fim, do horto das oliveiras à hora do
grande eclipse e do alento final que nos dá o Espírito. Pode não se dar por Ele, de tão discreto, mas lá
está, a atender o Filho, no perdão invocado para os que não sabem o que fazem e para os que sabem –
não há amor sem perdão – e, sobretudo, a acolher a entrega do Filho nas suas mãos amorosas de Pai
extremoso. Não. Ele não abandonou o Filho. Jamais. Ele dá-se no Filho dado, no abraço do Espírito. É o
Pai que sustenta a Cruz em suas mãos poderosas e ternas. Contemplemos a Família Divina unida na dor.
Contemplemos o Amor crucificado, Uno e Trino.
Pai nosso…