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O Santuário Celestial e a Expiação 1

O SANTUÁRIO CELESTIAL E A EXPIAÇÃO

V ISANDO combater a nossa doutrina do juízo investigativo, o autor


revela clamoroso desconhecimento dos fatos, ao afirmar que os
sabatistas em 1844 se viram atrapalhados com o desapontamento e que
muitos abandonaram o sabatismo. Tal afirmação, por ser inexata em
relação a nós, exige reparo. A verdade é que naquela ocasião ainda não
existiam os adventistas do sétimo dia, e a única denominação que
observava o sábado do Decálogo era a Igreja Batista do Sétimo Dia (*).
A confusão do autor decorre do fato de que todos os que, na ocasião,
aguardavam o segundo advento de Cristo, eram denominados adventistas
ou mileritas, independente de sua filiação denominacional, mas não eram
sabatistas, porque guardavam o primeiro dia da semana, criam na
imortalidade natural e adotavam as confissões de fé protestantes. E
grande número deles eram batistas.
Feitos estes reparos, analisemos a objeção contra o s3ntuário
celestial.
Que o ano de 1844 assinala o término de um período profético, não
padece dúvida. A norma interpretativa baseada no dia-ano (Núm. 14:34;
Ezeq. 4:6) é aceita de longa data pelos expositores das profecias bíblicas.
E entre os estudiosos batistas (anteriores a Miller) que perfilham este
ponto, podemos citar William Roger, Isaac Backus, Robert Scott, John
Cox, Andrews Fuller e especialmente Isaac T. Hinton que, em sua obra
The Prophecies of Daniel and John explana os 2.300 dias de Dan. 8:14
como sendo 2.300 anos. E, segundo a cronologia mais aceita, tal período
se iniciou em 457 A. C. quando da "ordem de Artaxerxes para restaurar o
templo de Jerusalém". Fatalmente tal período termina em 1844.
Como já foi dito, o cálculo de Miller estava exato; o seu erro era
quanto ao evento que então ocorreu. Supôs ele que o santuário referido
*
(*) Ainda existe este ramo batista em alguns países da Europa e nos EE.UU., embora
fraco e sem influência. No Brasil, constitui um grupo inexpressivo, tendo sua sede
em Curitiba, caixa postal 265, segundo consta de seus folhetos.
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por Daniel fosse a Terra, mas, depois do desapontamento veio a luz sobre
este ponto e então ficou patente que se referia ao santuário do Céu.
Todos admitem que uma das funções definidas de Cristo é a de
Sacerdote, Intercessor ou Mediador – função diversa e posterior ao Seu
sacrifício na cruz. É uma função atual, exercida no Céu. Abalizado
teólogo batista afirma:
"O sacerdócio de Cristo não cessa com Sua obra de expiação, mas
continua para sempre. Na presença de Deus (ou seja no Céu) Ele realiza
a segunda atribuição do sacerdote, ou seja a intercessão." (1)
Ele é nosso "Advogado" e "faz intercessão por nós" (I S. João 2:1,
Rom. 3:34). Logicamente esse mister só pode ser exercido no santuário,
mas como o santuário terrestre caducou com a Sua morte, impõe-se a
conclusão de que Cristo é Sacerdote no santuário celestial, em cujo
primeiro compartimento entrou ao ascender aos Céus. Nunca ensinamos
que Jesus tinha entrado no santuário celestial em 1844, mas sim que,
nessa data, Ele passou ao segunda compartimento – lugar santíssimo –
iniciando-se o juízo investigativo, antítipo do que se fazia no Dia da
Expiação no tabernáculo levítico. O autor também confunde "purificação
do santuário" com a purificação dos nossos pecados.

Ligeiro Confronto do Tipo com o Antítipo

1. O santuário da Terra fora construído de acordo com um modelo


do que havia no Céu. (Êxo. 25:8, 9 e 40. Heb. 8:5). Fora feita por mãos
humanas e destinava-se aos sacrifícios diários e à expiação anual.
2. Este santuário terrestre era exemplar e sombra do celestial, como
o eram os sacerdotes. (Heb. 8:5.) Era uma alegoria. (Heb. 9:9.) Era figura
do verdadeiro santuário (ou como diz a tradução de Rohden, "Protótipo
do verdadeiro") (Heb. 9:24.) Portanto, era um tipo. O verdadeiro viria
depois, no devido tempo.
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3. Este tabernáculo leva o qualificativo iniludível de "terrestre" em
Heb. 9:1, em contraposição com o "maior e mais perfeito tabernáculo,
não feito por mãos," ou seja do Céu. (Heb. 9:11.)
4. Expressamente diz o Novo Testamento que Cristo está
ministrando no "santuário, verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor
fundou, E NÃO O HOMEM". Heb. 8:2. E, como diz o verso primeiro,
localiza-se "nos Céus à destra do trono da Majestade." Não na Terra.
Nem foi feito por mãos humanas. (Heb. 9:24; 6:19 e 20.)
Mais clara não podia ser a distinção entre os santuários; um da
Terra, já extinto porque era tipo, sombra, figura ou alegaria; outro do
Céu, em funcionamento, verdadeiro, maior, perfeito, portanto o antítipo.
A expressão "no mesmo Céu" apenas indica a localização do santuário
vigente, em contraste com o que era terrena, figurativo e caduco com o
sacerdócio levítico.
Dizer que todo o Céu é o santuário. contradiz flagrantemente as
claras afirmações da Escritura. O escritor da epístola aos Hebreus fala do
segundo como sendo um santuário celestial, mas isto não significa que
seja o próprio Céu. Isto é revelado em definitivo em Apoc. 11:19 que diz:
"... abriu-se no Céu o templo de Deus... a arca do concerto foi vista no
Seu templo..." João não diz "abriu-se o Céu", mas que o templo de Deus
foi aberto no Céu. Este templo é, sem dúvida o santuário, pois dentro
dele foi vista a arca do concerto.
Ainda em Heb. 9:23 se afirma taxativamente que o santuário
terrestre era figura "das coisas que estão no Céu" – não uma figura do
céu mas das coisas que nele estão. O santuário celestial, portanto, está
localizado no Céu, e é chamado "um maior e mais perfeito tabernáculo"
quando comparado com o que existia na Terra. Heb. 9:11.
E um estudo cuidadoso do santuário celestial noa mostra que o seu
mobiliário era idêntico ao terrestre. Em Apoc. 1:12 João fala dos "sete
castiçais de ouro" no santuário celestial, lugar onde Cristo estava.

Na Versão RA o texto é bem claro: "Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi
vista a arca da Aliança no seu santuário." (Nota e versais do digitador)
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Compare-se com Apoc. 4:5. Ainda em Apoc. 11:19 ele viu a "arca do
concerto" e no cap. 8:3 ele viu o "altar do incenso" e o "incensário de
ouro".
Reiteramos que em Heb. 8:4 e 5 se nos diz que o santuário terrestre
foi construído um modelo e que este era "sombra das coisas celestiais".
Ora, se isto é verdade, então a sombra que estava na Terra deveria
revelar inequivocamente o que estava no Céu. Nas partes essenciais,
ambos deviam ser semelhantes. Também o serviço típico realizado no
santuário terrestre devia logicamente encontra o seu antítipo no celestial.
Somente assim se pode entender que o terrestre seja uma sombra do
celestial.

Considerações Sobre a Expiação

Não negamos – e é ponto cardeal de nossa doutrina – que Cristo fez


no Calvário foi uma expiação completa, recaindo sobre Ele nossos
pecados. E, hoje, como ministro oficiante no santuário celestial, como
nosso Sumo Sacerdote. Ele ministra, aplica, distribui os benefícios da
expiação que fez. A quem? A todo pecador penitente que se rende a Ele,
implorando o perdão dos pecados, aceitando-O como Salvador pessoal.
A provisão fora feita, e agora é oferecida livremente ao necessitado.
Mas, como o plano divino prevê, na restauração, a completa erradicação
do mal, de sorte a não restar "nem raiz nem ramo" (Mal. 4:1), daí porque
Satanás terá sobre seus ombros a tremenda responsabilidade final da
queda da raça humana, sentirá sobre si a sobrecarga dos pecados com
que seduziu os mortais, e com essa carga finalmente será aniquilado,
também com "o fogo e enxofre" e será aniquilado PARA SEMPRE, sim
PARA SEMPRE.
Reiteremos: no Calvário foi decisiva a vitória de Cristo. Depois,
rompendo as cadeias da morte, ascendeu ao Céu como "Rei da Glória"
(Sal. 24) para apresentar-Se perante o Pai em isso favor, para "salvar
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totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles." Heb. 7:25.
Outro fato interessante é que Sua consagração como Sumo
Sacerdote coincidia com Sua entronização celeste. Deus O exaltou
soberanamente, tornando-O "Senhor e Cristo (Ungido)" Atos 2:33. No
Céu, em Seu santuário, Cristo APLICA ao pecador arrependido, os
benefícios da expiação feita.
O insuspeito T. C. Edwards, colaborador do The Expositor's Bible,
observa com muita propriedade:
"O sacrifício foi realizado e completado na cruz, quando as vítimas
eram mortas no pátio do santuário. Era, porém, por meio do sangue
dessas vítimas que o sumo sacerdote tinha autoridade de entrar no lugar
santíssimo; e quando havia entrado, tinha que aspergir o sangue ainda
quente, e assim apresentar o sacrifício a Deus. Do mesmo modo, Cristo
devia entrar num santuário a fim de apresentar o sacrifício realizado por
morte no Calvário." (2)
Outro teólogo evangélico, de alto coturno corrobora:
"Um evangelho que terminasse na história da cruz teria, sem
dúvida, o elevado poder de ternura e amor infinitos. No entanto, estaria
faltando o poder de uma vida eterna. É a vida permanente de nosso
Suma Sacerdote que torna eficaz e atuante Seu sacrifício expiatório, e o
incessante aspergir da vida de justificação e graça em todos os Seus fiéis
membros na Terra." (3)
E ainda duas citações autorizadas, do nossa grei:
"O grande Sacrifício havia sido oferecido e aceito, e o Espírito
Santo, que desceu no dia de Pentecostes, levou a mente dos discípulos do
santuário terrestre para o celestial, onde Jesus havia entrado com o Seu
próprio sangue, a fim de derramar sobre os discípulos os benefícios de
Sua expiação." (4)
"Como no cerimonial típico o sumo sacerdote despia suas vestes
pontificais e oficiava vestido de linho branco dos sacerdotes comuns,
assim Cristo abandonou Suas vestes reais e Se vestiu de humanidade,
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oferecendo-Se em sacrifício, sendo Ele mesmo o sacerdote, Ele mesmo a
vítima." (5)

Referências:

(1) A. H. Strong, Systematic Theology, pág 773


(2) Dr. Thomas Charles Edwards, (The Epistle to the Hebrews), The
Expositor's Bible, pág,135.
(3) Dr. H. B. Swete, (Professor de Teologia da Universidade de
Cambridge), The Ascended Christ, pág 51
(4) Ellen G. White, Primeiros Escritos, pág. 260
(5) Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, pág. 33.

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