You are on page 1of 11

EIXO 3: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DA (O)

PSICÓLOGA (O) NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Na direção de contribuir para a melhoria da qualidade da


educação em todos os níveis, nossas ações devem pautar-
VH HP WRUQDU GLVSRQtYHO XP VDEHU HVSHFt¿FR GD 3VLFRORJLD
para questões da Educação que envolvam prioritariamente o
fortalecimento de uma gestão educacional democrática que
considere todos os agentes que participam da comunidade
escolar, e de formas efetivas de acompanhamento do processo
de escolarização.
Esse saber fundamenta-se no entendimento da dimensão
subjetiva do processo ensino-aprendizagem. Temáticas como:
desenvolvimento, relações afetivas, prazeres e sofrimentos,
comportamentos, ideias e sentimentos, motivação e interesse,
DSUHQGL]DJHP VRFLDOL]DomR VLJQL¿FDGRV VHQWLGRV H
LGHQWL¿FDo}HVFRQWULEXHPSDUDYDORUL]DURVVXMHLWRVHQYROYLGRV
nas relações escolares.
Para uma intervenção na área, uma das primeiras questões
TXHVHS}HDRSUR¿VVLRQDOpTXDODIXQomRVRFLDOGDHVFROD"
Entendemos que o ser humano é constituído pela realidade
KLVWyULFRVRFLDO TXH YHP VHQGR SURGX]LGD GH JHUDomR HP
JHUDomR 2 KRPHP QmR QDVFH VDEHQGR VHU KRPHP H SDUD
aprender a pensar, para ter sentimentos, agir, avaliar, é preciso
aprender, o que compete ao trabalho educativo (SAVIANI,
2003). Nesses termos, é fundamental que a educação atue
no processo de humanização, contribuindo para a apropriação
dos conhecimentos produzidos na sociedade.
$ HGXFDomR SRU VL Vy QmR WUDQVIRUPD GLUHWDPHQWH D
estrutura social. Para que isso aconteça é imprescindível a
transformação das consciências dos que passam pela escola.
Para transformar essas consciências é necessário buscar uma
PHWRGRORJLD H XPD OyJLFD TXH GHHP FRQWD GH DSUHHQGHU R
movimento do real com todas as contradições presentes.
A escola tem como objetivo socializar os conteúdos e também
os instrumentos necessários para o acesso ao saber. Sua
IXQomR p VRFLDOL]DU FRQKHFLPHQWRV H H[SHULrQFLDV SURGX]LGRV

53
pelos homens, independentemente de classe, cultura, religião
H HWQLD 'HVVD IRUPD D R  SVLFyORJD R  HQWHQGH TXH VXD
ação pode se encaminhar para a transformação ou para a
manutenção da sociedade, tal como está organizada.
$ R SVLFyORJD R QRFRQWH[WRHGXFDWLYRDRFRQKHFHUDV
múltiplas determinações da atividade educacional, pode focar
mais adequadamente determinadas áreas de intervenção
e desenvolver um trabalho envolvendo toda a comunidade
escolar - professores, pais, funcionários, estudantes. Qualquer
trabalho realizado com um desses segmentos deve ter como
princípio a coletividade, visando o bem de todos e todas.
A seguir, elencamos algumas possibilidades de intervenção.

A (o) psicóloga (o) e o projeto político-pedagógico


As escolas desenvolvem sua prática a partir de um projeto
SROtWLFRSHGDJyJLFR$GLPHQVmRSROtWLFDGRSURMHWRSHGDJyJLFR
refere-se a valores e metas que permeiam o conjunto de
SUiWLFDVQDHVFRODeIXQomRGD R SVLFyORJD R SDUWLFLSDUGR
trabalho de elaboração, avaliação e reformulação do projeto,
GHVWDFDQGRDGLPHQVmRSVLFROyJLFDRXVXEMHWLYDGDUHDOLGDGH
escolar. Isso permite sua inserção no conjunto das ações
GHVHQYROYLGDV SHORV SUR¿VVLRQDLV GD HVFROD H UHD¿UPD VHX
compromisso com o trabalho interdisciplinar.
$RVHGHSDUDUFRPRFRQWH[WRHVFRODUSDUDHODERUDUSODQRV
GHLQWHUYHQomROHYDQGRHPFRQWDRSURMHWRSROtWLFRSHGDJyJLFR
é necessário compreender e conhecer dados objetivos relativos
j RUJDQL]DomR HVFRODU (QWUH HOHV GHVWDFDPRV R Q~PHUR GH
estudantes, de turmas, de professores, serviços prestados
j FRPXQLGDGH UHXQL}HV TXH HVWmR SODQHMDGDV tQGLFH GH
aprovação, reprovação e evasão; membros das equipes
SHGDJyJLFDV DGPLQLVWUDWLYDV H GH SUHVWDomR GH VHUYLoRV
JHUDLV R SHU¿O VRFLRHFRQ{PLFR GD FRPXQLGDGH HVFRODU
LQIRUPDo}HVVREUHFDUDFWHUtVWLFDVGRWHUULWyULRHPTXHDHVFROD
HVWi ORFDOL]DGD EHP FRPR  VXD KLVWyULD e LPSRUWDQWH DLQGD
FRQKHFHURFRUSRGRFHQWHHHTXLSHSHGDJyJLFDFRQVLGHUDQGR
VXD IRUPDomR DFDGrPLFRSUR¿VVLRQDO VDOiULRV H FRQGLo}HV
de trabalho, carga horária; informações sobre o trabalho

54
SHGDJyJLFR HQIRFDQGR FRPR RFRUUH D SUiWLFD SHGDJyJLFD
incluindo a metodologia, recursos, conteúdos.
(QWHQGHPRVTXHD R SVLFyORJD R DRSDUWLFLSDUGRFRWLGLDQR
GR SURFHVVR HGXFDWLYR HVWDUi MXQWR jV HTXLSHV FRODERUDQGR
para que conhecimentos e práticas possam resultar em
H[SHULrQFLDV HQULTXHFHGRUDV SDUD D IRUPDomR GR FROHWLYR QR
qual ele está incluído. Esse processo permitirá o planejamento,
desenvolvimento e avaliação de diferentes possibilidades de
intervenção.

A intervenção da (o) psicóloga (o) no processo de ensino-


aprendizagem
2FRQKHFLPHQWRGDSVLFRORJLDQDFRPSUHHQVmRGRVSURFHVVRV
de ensino e aprendizagem se constitui, historicamente,
GHVGH FRQFHSo}HV KLJLHQLVWDV DWp jTXHODV TXH DQDOLVDP
esse processo como síntese de múltiplas determinações:
SHGDJyJLFDV LQVWLWXFLRQDLV UHODFLRQDLV SROtWLFDV FXOWXUDLV H
HFRQ{PLFDV $V SUiWLFDV GH LQWHUYHQomR SRUWDQWR GHFRUUHP
dessas concepções.
2 UHVXOWDGR GR SURFHVVR HQVLQR H DSUHQGL]DJHP HP XPD
perspectiva crítica, é entendido como decorrente das práticas
sociais e escolares que o produzem. Nessa perspectiva, a (o)
SVLFyORJD R DYDQoDQDFRPSUHHQVmRGHVVHSURFHVVRTXDQGR
RDQDOLVDDSDUWLUGHFRQGLo}HVKLVWyULFRVRFLDLVGHWHUPLQDGDV
Sua superação depende de ação que envolva os diferentes
aspectos do processo de escolarização: relações familiares,
JUXSRV GH DPLJRV SUiWLFDV LQVWLWXFLRQDLV H FRQWH[WR VRFLDO$
FRPSOH[LGDGHGRSURFHVVRGHHVFRODUL]DomRQXPDVRFLHGDGH
PDUFDGDSHODGHVLJXDOGDGHpUHÀHWLGDQDVFRQGLo}HVGHDFHVVR
e permanência nas escolas. Portanto, essa desigualdade
SUHFLVD VHU FRQVLGHUDGD QmR FRPR HOHPHQWR DFHVVyULR GD
subjetividade humana, mas sim como a base social de sua
FRQVWLWXLomR 628=$   'HVVD IRUPD D DQiOLVH GDV
práticas escolares centra-se nas relações institucionais,
FRQVLGHUDQGRRFRQWH[WRVRFLDOHKLVWyULFRHPTXHpSURGX]LGR
o processo de escolarização.
No trabalho com estudantes, é fundamental resgatar a

55
IXQomR GR FRQKHFLPHQWR FLHQWt¿FR FRPR LQVWUXPHQWR TXH
possibilita a compreensão e transformação da realidade
9<*276.<   $ DR  SVLFyORJD R  FDEH XPD SUiWLFD
que conduza a criança e o jovem a descobrir o seu potencial
de aprendizagem16 DX[LOLDQGR QD XWLOL]DomR GH PHGLDGRUHV
culturais (música, teatro, desenho, dança, literatura, cinema,
JUD¿WH H WDQWDV RXWUDV IRUPDV GH H[SUHVVmR DUWtVWLFDV 
TXH SRVVLELOLWDP H[SUHVV}HV GD VXEMHWLYLGDGH  1R FDVR GD
DYDOLDomR GDV GL¿FXOGDGHV QR SURFHVVR GH HVFRODUL]DomR p
fundamental avaliar o aluno prospectivamente, naquilo que ele
SRGHVHGHVHQYROYHUHQmRVHUHVWULQJLUjTXLORTXHRDOXQRQmR
consegue realizar, ou mesmo centrar-se somente no aluno,
VHPUHÀHWLUVREUHDSURGXomRVRFLDOGRIUDFDVVRHVFRODU
&RP SDLV IDPLOLDUHV RX UHVSRQViYHLV D R  SVLFyORJD R 
SRGHUHÀHWLUVREUHRSDSHOVRFLDOGDHVFRODHGDIDPtOLDDVVLP
como sobre as problemáticas que atravessam a vida de pais e
¿OKRV )UHQWH D SRVVtYHLV GL¿FXOGDGHV HVFRODUHV D GLVFXVVmR
coletiva pode facultar novas ideias e ações favorecedoras de
uma prática compartilhada que contribua para a qualidade do
processo ensino e aprendizagem.
1RGLiORJRFRPRVHGXFDGRUHVDV RV SVLFyORJDV RV SRGHP
desenvolver ações que contribuam para uma compreensão dos
elementos constituintes do processo ensino e aprendizagem
em suas dimensões subjetivas e objetivas, coletivas e
VLQJXODUHV$V RV SVLFyORJDV RV SRGHPGHVHQYROYHUDo}HV
que busquem o enfrentamento de situações naturalizadas no
FRQWH[WRHVFRODUVXSHUDQGRH[SOLFDo}HVTXHFXOSDELOL]DPRUD
estudantes, ora familiares, ora professores. Poderá contribuir,
portanto, como mediador fortalecendo o papel do professor
como agente principal do processo de ensino e aprendizagem
)$&&,   2 LPSRUWDQWH p HVWDEHOHFHU SDUFHULDV FRP RV
professores, valorizando o trabalho docente.

$YDOLDURTXHHVWiQRQtYHOGRGHVHQYROYLPHQWRSUy[LPRRXVHMDDTXLORTXH
o indivíduo consegue realizar com a ajuda de mediadores culturais conforme
apresenta Vygotsky (2000).

56
O trabalho na formação de Educadores
1HP VHPSUH HGXFDGRUHV H SVLFyORJDV RV  WrP FODUH]D
da visão de homem e educação que permeia a sua prática
SUR¿VVLRQDO$ IRUPD FRPR D HVFROD VH RUJDQL]D QRV GLDV GH
KRMHHVWiDWUHODGDDFLUFXQVWkQFLDVKLVWyULFDVTXHSURGX]LUDP
WHQGrQFLDV SHGDJyJLFDV TXH RUD SULYLOHJLDYDP R SURIHVVRU H
o conteúdo, como era o caso da Pedagogia Tradicional; ora
privilegiavam o estudante, como é o caso da Escola Nova e do
&RQVWUXWLYLVPR SRU H[HPSOR RX RUD SULYLOHJLDYDP D WpFQLFD
como é o caso da Pedagogia Tecnicista17. Cada tendência
SHGDJyJLFD FDUUHJD XPD YLVmR DFHUFD GD DWXDomR GRV
HGXFDGRUHV TXH SHUPHDUi WRGR R WUDEDOKR SHGDJyJLFR H TXH
LQÀXHQFLDUi D SUiWLFD GHVHQYROYLGD SHOD R  SVLFyORJD R  QD
escola (FACCI, 2004).
De acordo com os pressupostos de uma teoria crítica da
HGXFDomR FDGD SUR¿VVLRQDO ± HGXFDGRU H SVLFyORJD R  
assumirá o compromisso de contribuir, com seus conhecimentos
e práticas, para a compreensão das questões que envolvem a
política educacional e suas implicações no trabalho docente.
(VVH SURSyVLWR VH FRQVWLWXL QR TXH HQWHQGHPRV VHMD XP
SURFHVVR GH IRUPDomR FRQWLQXDGD $VVLP RV SUR¿VVLRQDLV
buscarão formas que, efetivamente, propiciem o processo de
apropriação do conhecimento e as transformações nas relações
VRFLDLV 6RPDVH D LVVR D SRVVLELOLGDGH GD R  SVLFyORJD R 
trabalhar conteúdos sobre o desenvolvimento e aprendizagem,
assim como questões sobre relações interpessoais que
SHUPHLDP R SURFHVVR HGXFDWLYR $ R  SVLFyORJD R  HP
FRQWH[WRVHGXFDWLYRVWHPPXLWRDFRQWULEXLUHPEXVFDGHXPD
SUiWLFD SHGDJyJLFD YROWDGD j KXPDQL]DomR 3DUD WDQWR p
QHFHVViULRTXHHQIDWL]HDGLPHQVmRVXEMHWLYDGDVH[SHULrQFLDV
HGXFDFLRQDLV 'DU YLVLELOLGDGH j SUHVHQoD GR VXMHLWR FRPR
uma totalidade, destacando a subjetividade que acompanha
H FDUDFWHUL]D R SURFHVVR HGXFDWLYR p WDUHID HVSHFt¿FD GDV
RV  SVLFyORJDV RV  &RP HVVDV QRo}HV H FRQKHFLPHQWRV DV
RV  SVLFyORJDV RV  SRGHP FRQWULEXLU VLJQL¿FDWLYDPHQWH QD

6$9,$1,'+LVWyULDGDVLGHLDVSHGDJyJLFDV 

57
formação de professores.
2 SURIHVVRU QR SURFHVVR HQVLQRDSUHQGL]DJHP WHP R
papel de fazer a mediação entre os conteúdos produzidos
pela humanidade e o aluno. Essa mediação é realizada a
partir de ações intencionais, conscientes, dirigidas para um
¿P HVSHFt¿FR TXH SHUPLWD DR HVWXGDQWH FRQKHFHU GH IRUPD
crítica, a realidade social, como destaca Facci (2004).
$ R  SVLFyORJD R  SRGH DWXDU MXQWR DRV SURIHVVRUHV SRU
meio de formação continuada (FACCI, 2009), trabalhando
conteúdos relacionados ao desenvolvimento e aprendizagem,
tendo como norte fornecer subsídios que contribuam para o
HQWHQGLPHQWRGHFRPRRDOXQRDSUHQGH2REMHWLYRpFRQWULEXLU
SDUD R DSURIXQGDPHQWR WHyULFR D ¿P GH FRPSUHHQGHU DV
UHODo}HVH[LVWHQWHVHQWUHDVXEMHWLYLGDGHKXPDQDDIRUPDomR
do psiquismo e o processo educacional, formados nas relações
sociais.

O trabalho da (o) psicóloga (o) e a educação inclusiva


2 WUDEDOKR GD R  SVLFyORJD R  HP FRQWH[WRV HGXFDWLYRV
JHUDOPHQWHDEUDQJHDDWHQomRDRHVWXGDQWHFRPGH¿FLrQFLD
TXH DWp D GpFDGD GH  HUD H[FOXtGR GR HQVLQR UHJXODU
e encaminhado para classes e escolas especiais. Diante
dessa situação questionamos: como analisar o processo de
HVFRODUL]DomRGDVSHVVRDVFRPGH¿FLrQFLDTXHKLVWRULFDPHQWH
HUDPDWHQGLGDVHPLQVWLWXLo}HVHVSHFLDLVFRPD R SVLFyORJD
(o) inserida na equipe clínica, responsável pela triagem e
GLDJQyVWLFR GD GH¿FLrQFLD" &RPR D R  SVLFyORJD R  SRGH
DX[LOLDU QR SURFHVVR GH LQFOXVmR HVFRODU URPSHQGR FRP DV
SUiWLFDVH[FOXGHQWHV"&RPRD R SVLFyORJD R SRGHRULHQWDU
os professores para desenvolverem ações planejadas que
promovam a apropriação do saber escolar e o desenvolvimento
cognitivo dos estudantes? Como enfrentar o preconceito com
UHODomRjTXHOHVFRPGH¿FLrQFLD"
Um dos maiores entraves para uma atuação crítica da (o)
SVLFyORJD R HPFRQWH[WRVHGXFDFLRQDLVLQFOXVLYRVRFRUUHHP
YLUWXGH GH VXD IRUPDomR LQLFLDO TXH DERUGD VXSHU¿FLDOPHQWH
D WHPiWLFD GD GH¿FLrQFLD H GD LQFOXVmR HVFRODU DOpP GD

58
ênfase clínica nas disciplinas da Psicologia Escolar. A pouca
LQIRUPDomRVREUHHVVHVDVVXQWRVID]FRPTXHD R SVLFyORJD
R HQFRQWUHGL¿FXOGDGHVSDUDLQWHUYLUQRSURFHVVRGHLQFOXVmR
HVFRODUGHHVWXGDQWHVFRPGH¿FLrQFLDV 7$'$ 
'HVVD IRUPD D SUiWLFD SVLFROyJLFD FRQWLQXD D PHVPD GH
TXDQGRFULDQoDVHMRYHQVFRPGH¿FLrQFLDHUDPHQFDPLQKDGRV
para as escolas especiais, consistindo na realização de
anamnese com os responsáveis e a avaliação do nível intelectual
H HPRFLRQDO $ SDUWLU GHVVDV DYDOLDo}HV ODXGRV SVLFROyJLFRV
são elaborados dizendo apenas aquilo que as crianças e
MRYHQV QmR SRVVXHP HP IXQomR GH VXDV GH¿FLrQFLDV QmR
FRQVWDQGRLQIRUPDo}HVTXHSRVVDPDX[LOLDURVSURIHVVRUHVHP
VXD SUiWLFD SHGDJyJLFD 'HVVD IRUPD DMXGDP R SUHFRQFHLWR
a se perpetuar nas relações estabelecidas entre professores,
HVWXGDQWHVHTXLSHWpFQLFDHQGRVVDQGRSUiWLFDVGHH[FOXVmR
Relações fundamentadas no preconceito fazem com que a
SHVVRD FRP GH¿FLrQFLD VLQWDVH GHVYDORUL]DGD VRFLDOPHQWH
FRQVLGHUDQGR TXH ³$ GH¿FLrQFLD HP VL QmR GHFLGH R GHVWLQR
da personalidade e, sim, as consequências sociais e sua
UHDOL]DomRVRFLRSVLFROyJLFD´ 9<*276.,S 1HVVH
VHQWLGR p LPSRUWDQWH TXH D R  SVLFyORJD R  LQVHULGD HP
FRQWH[WRV HGXFDWLYRV GHVHQYROYD JUXSRV GH WUDEDOKRV FRP
professores, estudantes, familiares, equipe técnica, gestores
e funcionários possibilitando que a temática do preconceito
VHMDDERUGDGDSURPRYHQGRDUHÀH[mRFROHWLYDVREUHEDUUHLUDV
DWLWXGLQDLV H DUTXLWHW{QLFDV SUHVHQWHV QR FRWLGLDQR HVFRODU H
suas formas de enfrentamento.
É importante considerar que na intervenção na escola é
SUHFLVR TXH D R  SVLFyORJD R  LGHQWL¿TXH SULPHLUDPHQWH
concepções “de sociedade, de educação, de grupo, de
indivíduo, de coletividade” dos professores, estudantes e
IDPLOLDUHVDVVLPFRPRDVVXDVSUySULDVFRQFHSo}HVeSUHFLVR
FRPSUHHQGHUDFRQVWLWXLomRKLVWyULFDGRSVLTXLVPRKXPDQRH
resgatar propostas de ações societárias e coletivas para uma
DWXDomR FUtWLFD GD R  SVLFyORJD R  HP FRQWH[WRV HGXFDWLYRV
EXVFDQGR URPSHU FRP SUiWLFDV H[FOXGHQWHV QD HVFROD
%$552&2S

59
Destaca-se, assim, o papel primordial das relações sociais
para o desenvolvimento do psiquismo que, segundo Vygotski
  RFRUUH D SULQFtSLR HP XP QtYHO LQWHUSVLFROyJLFR
SDUD GHSRLV VH WRUQDU LQWHUQR ± LQWUDSVLFROyJLFR HP TXH DV
normas de comportamento, a ética, os ideais, as convicções
e os interesses são apropriados pelo indivíduo por meio do
processo de mediação com o outro. Por isso, a necessidade da
R SVLFyORJD R FRPSUHHQGHUFRPRVHFRQVWLWXHPDVUHODo}HV
VRFLDLV QR FRQWH[WR HGXFDWLYR H LGHQWL¿FDU TXDO R OXJDU TXH
RFXSDDGH¿FLrQFLDGRHVWXGDQWHQHVVDUHODomR
2WUDEDOKRGD R SVLFyORJD R FRPDWHPiWLFDGRSUHFRQFHLWR
e a promoção de discussões coletivas a respeito do processo
de inclusão escolar, em que seja garantido o direito de
SHUWHQFLPHQWRGRHVWXGDQWHFRPGH¿FLrQFLDjHVFRODUHJXODU
pode promover condições para que a relação social entre o
HVWXGDQWH FRP GH¿FLrQFLD H R DPELHQWH HVFRODU SURPRYDP
VLWXDo}HV GHVD¿DGRUDV TXH ³HPSXUUDP D FULDQoD SDUD D YLD
da compensação” no sentido de desenvolver potencialidades
TXH DX[LOLHP QD VXSHUDomR GD GH¿FLrQFLD FRQIRUPH DQXQFLD
Vygotski (1997, p.106). Dessa forma, em seu trabalho, a (o)
SVLFyORJD R  IRFDOL]DUi D IRUoD TXH HVVH HVWXGDQWH SRVVXL
SDUDFULDUFRQGLo}HVSDUDRHQIUHQWDPHQWRGHVXDGH¿FLrQFLDH
H[SDQVmRGHVHXVOLPLWHVTXHWHPFRPRREMHWLYREXVFDUXPD
posição social mais valorizada pela sua comunidade.
3URPRYHQGRXPDGLVFXVVmRVREUHDLQFOXVmRHRUHVSHLWRj
GLYHUVLGDGHKXPDQDSRGHVHWHUXPDFRPSUHHQVmRKLVWyULFR
VRFLDO GR VLJQL¿FDGR GD GH¿FLrQFLD GR SUHFRQFHLWR GDV
SUiWLFDV H[FOXGHQWHV VXSHUDQGR LQWHUYHQo}HV IRFDGDV QD
atuação clínica, individual. A intervenção focada no grupo, na
instituição, certamente colaborará para a inclusão daqueles
que estão alijados do processo de escolarização, estudantes
FRPRXVHPGH¿FLrQFLDV
$OpP GR H[SRVWR p LPSRUWDQWH GHVWDFDU TXH R SUR¿VVLRQDO
pode desenvolver ações como: acompanhamento do aluno
GH LQFOXVmR QR FRQWH[WR HVFRODU SDUWLFLSDomR QD DUWLFXODomR
GHVHUYLoRVSDUDRDWHQGLPHQWRGRHVWXGDQWHFRPGH¿FLrQFLD
na busca da garantia de atendimentos em outras áreas;

60
mobilização de encontros e participação em reuniões com os
SUR¿VVLRQDLVTXHDWHQGHPHVVHDOXQRDX[LOLDQGRDVVLPWDPEpP
a compreensão dos professores acerca das necessidades
HVSHFLDLV UHÀH[mR H DGHTXDomR GR SURFHVVR GH DYDOLDomR
SVLFRSHGDJyJLFD LQVHUomR GH GLVFXVVmR H SRVVLELOLGDGHV GH
DWXDomRQRV3URMHWRV3ROtWLFRV3HGDJyJLFRVFRQWULEXLQGRFRP
a construção do plano da escola e desenvolvendo programas e
outras situações para promover a apropriação do conhecimento
por todos alunos.

O trabalho da (o) psicóloga (o) com grupos de alunos


Uma outra possibilidade de atuação refere-se ao
acompanhamento dos alunos em conselhos de classe, no
FRWLGLDQRGDHVFRODQDVGL¿FXOGDGHVTXHVXUJHPQRSURFHVVR
de escolarização. Um trabalho que geralmente obtém bons
resultados é aquele que envolve as turmas de alunos trabalhando
no sentido de promover orientação em relação a temáticas que
circunscrevem o espaço escolar. Nesse sentido, o trabalho
FRPRULHQWDomRSUR¿VVLRQDOFRQVWLWXLVHHPXPHVSDoRPXLWR
rico de intervenção. Bock (2003) ressalta a necessidade da
compreensão da relação entre educação e trabalho em um
FRQWH[WRQHROLEHUDO'HVVDIRUPDDGLVFXVVmRWUDYDGDDFHUFD
GD RULHQWDomR SUR¿VVLRQDO SRGH WUD]HU LQIRUPDo}HV VREUH R
mundo do trabalho, o processo de alienação, informações
VREUH DV YiULDV SUR¿VV}HV H[LVWHQWHV VREUH LQVWLWXLo}HV TXH
oferecem cursos em nível de graduação ou mesmo cursos
técnicos e outros aspectos relativos a essa temática. Mais uma
vez, ressalta-se a necessidade de considerar que as escolhas
são estabelecidas socioculturalmente.
Propostas de trabalho abordando temas como adolescência,
VH[XDOLGDGH YDORUL]DomR GD HVFROD WUDQVLomR GRV DOXQRV
do 5º. para o 6º. ano do Ensino Fundamental, disciplina e
indisciplina, violência na escola, questões de gênero, raça,
etnia, desigualdade social, direitos humanos, preconceito e
discriminação, dentre outras temáticas a serem desenvolvidas.
2IXQGDPHQWDOpUHDOL]DUDo}HVTXHFDPLQKHPHPFRODERUDomR
FRP D ¿QDOLGDGH GD HVFROD RX VHMD D VRFLDOL]DomR GR

61
conhecimento.
*UXSRV GH DSRLR SVLFRSHGDJyJLFRV FRP DOXQRV TXH
DSUHVHQWDPGL¿FXOGDGHVQRSURFHVVRGHHVFRODUL]DomRWDPEpP
SRGH VHU XPD RXWUD DWLYLGDGH GHVHQYROYLGD $ R  SVLFyORJD
(o), nesse sentido, poderá trabalhar, em parceria com pais,
SURIHVVRUHV H HTXLSH SHGDJyJLFDV FRP DWLYLGDGHV TXH
FRODERUHP SDUD R GHVHQYROYLPHQWR GDV IXQo}HV SVLFROyJLFDV
superiores, enfocando a relação entre cognição e afeto.
Apresentamos aqui algumas possibilidades de intervenção
GD R  SVLFyORJD R  QD HVFROD PDV JRVWDUtDPRV GH HQIDWL]DU
D QHFHVVLGDGH GHVWH SUR¿VVLRQDO WRPDU FRQVFLrQFLD GD
visão de sociedade, educação, homem e processo ensino-
DSUHQGL]DJHPTXHHVWiJXLDQGRVXDSUiWLFD2HQULTXHFLPHQWR
FRP IXQGDPHQWRV WHyULFRV FRQVLVWHQWHV GH VXD SUiWLFD
deve alimentar a elaboração de novas formas de atuação.
As ferramentas são os conhecimentos de Psicologia e de
Educação que podem ser socializados nas escolas, além de
uma grande disposição de mudança com a perspectiva de
FULDomR GH HVSDoRV FRPXQV GH UHÀH[}HV TXH FRQGX]DP j
apropriação coletiva do conhecimento.
3RGHPRV D¿UPDU TXH p SULRULWiULD XPD YLQFXODomR HQWUH
D 3VLFRORJLD H D (GXFDomR SRLV D R  SVLFyORJD R  TXDQGR
desenvolve sua prática na escola ultrapassa o nível da técnica,
no sentido de apenas aplicar determinados procedimentos; sua
intervenção vai além e relaciona-se com encaminhamentos
de questões implicadas com a Psicologia e a Educação,
pautando-se em uma análise crítica dessa relação e dos
conhecimentos produzidos nesses âmbitos. Entendemos que
o caminho em busca da construção de uma Psicologia crítica,
HP FRQWH[WRV HGXFDWLYRV HPERUD LQLFLDGR DLQGD p EDVWDQWH
H[WHQVRSRLVQDHVFRODVmRYiULDVDVVLWXDo}HVTXHH[LJHP
FRQKHFLPHQWRV WDQWR GD HGXFDomR HP UHODomR j VRFLHGDGH
como conhecimentos que nos levam a compreender o
desenvolvimento das subjetividades produzidas na escola
entre professores, pais, estudantes e funcionários (FACCI,
1998),
3URIHVVRUHV H SVLFyORJDV RV  SRVVXHP KLVWyULDV GH YLGD

62
singularizações produzidas nas relações com os demais
H FLUFXQVFULWDV QDV LQVWLWXLo}HV SROtWLFRKLVWyULFD H HVWmR
VRFLDOPHQWHHPOXWDSHODVREUHYLYrQFLDIUHQWHjVDGYHUVLGDGHV
FRWLGLDQDVGHVVDIRUPDFDEHDQyVSVLFyORJDV RV

[...] compreendermos como se constitui a subjetividade e


trabalhar em prol do desenvolvimento da humanidade de
cada indivíduo. Esta compreensão também demanda muito
HVIRUoRPXLWRDSURIXQGDPHQWRWHyULFRHPXLWDVHQVLELOLGDGH
assim como solidariedade para se colocar no lugar do outro,
H FRQWULEXLU SDUD TXH HOH FRQVLJD HQ[HUJDU RXWUDV IDFHWDV
da sua vida, de forma que possa tomar consciência do seu
lugar, nesta sociedade dividida em classes, e possa ter o
desejo e condições de transformar essa sociedade. (FACCI,
1998, p. 235).

&RPRSRGHPRVYHUDVSRVVLELOLGDGHVFRQVWLWXHPXPGHVD¿R
SDUDDDWXDomRDVSHFWRTXHGLVFXWLUHPRVQR(L[R'HVD¿RV
SDUDDSUiWLFDGD R SVLFyORJD R 

63

You might also like