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RESUMO ABSTRACT
Objetivo: verificar os hábitos de sono e Sleep habits and excessive daytime sleepiness
sonolência diurna em acadêmicos in incoming physical education students
ingressantes no curso de Educação Física de
uma universidade no município de Objective: to verify the sleep habits and
Florianópolis-SC. Materiais e método: A daytime sleepiness in students entering the
amostra, foi composta por 107 acadêmicos Physical Education course of a university in the
ingressantes no ensino superior no ano de city of Florianópolis-SC. Materials and
2014 e no primeiro semestre letivo de 2015, methods: The sample consisted of 107
nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em undergraduate students enrolled in higher
Educação Física de uma universidade pública education in 2014 and the first semester of
do município de Florianópolis-SC. Foram 2015, in the undergraduate and graduate
coletadas questões sociodemográficas e courses in Physical Education of a public
questões referentes ao sono (duração do sono university in the city of Florianópolis-SC.
e horários de acordar e dormir nos dias com e Sociodemographic issues and questions
sem aula) e sonolência diurna. A investigação related to sleep (sleep duration and waking
da sonolência diurna foi realizada por meio da and sleeping times on days with and without
Escala de Sonolência de Epworth e para o class) and daytime sleepiness were collected.
hábito de sesta foi utilizada a questão “Você The investigation of daytime drowsiness was
possui hábito de sesta?”. Para análise dos performed using the Epworth Sleepiness Scale
dados, foram utilizadas as estatísticas and for the siesta habit was the question "Do
descritivas (média, desvio-padrão, distribuição you have a siesta habit?". For data analysis,
de frequências) e inferencial. Resultados: the descriptive statistics (mean, standard
Verificou-se que mais da metade dos sujeitos deviation, frequency distribution) and
da amostra (57,5%), apresentaram hábito de inferential statistics were used. Results: It was
realizar a sesta. Além disto, os sujeitos do verified that more than half of the subjects in
turno matutino apresentaram maior média de the sample (57.5%) had a habit of performing
duração da mesma, comparados com os the siesta. In addition, the subjects of the
sujeitos do turno noturno (p=0,012). Já em morning shift had a longer average of the
relação à duração do sono, os acadêmicos same, compared to the subjects of the night
ingressantes do turno noturno apresentaram shift (p = 0.012). In relation to sleep duration,
maior tempo de sono de segunda a quinta, the students who entered the night shift had a
comparados aos acadêmicos do turno higher sleep time from second to fifth
matutino (p<0,001) Conclusão: Concluiu-se compared to the students on the morning shift
que os acadêmicos ingressantes do período (p <0.001). Conclusion: It was concluded that
matutino sofrem mais com a privação do sono the incoming students of the morning period
do que os acadêmicos ingressantes do suffer more from sleep Sleep deprivation than
período noturno. the night-time attending academics.
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.12. n.73. p.140-147. Mar./Abril. 2018. ISSN 1981-9900.
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Tabela 2 - Média de horário de dormir e acordar em dias da semana e fim de semana estratificados
por turno.
Variável Seg. a Qui. Sex. a Sáb. Sáb. a Dom. Dom. a Seg.
Horário dormir
Matutino 23,51 (1,52) 25,12 (1,97) 25,20 (3,37) 23,71 (1,65)
Noturno 24,53 (1,52) 25,51 (2,07) 26,50 (2,31) 24,16 (2,58)
p-valor <0,001 0,373 0,021 0,059
Horário acordar
Matutino 6,03 (1,19) 10,40 (2,11) 11,03 (1,83) 6,63 (1,16)
Noturno 8,26 (2,11) 9,60 (2,33) 10,75 (1,74) 8,27 (2,19)
p-valor <0,001 0,029 0,304 <0,001
Duração do sono
Matutino 6,52 (1,10) 9,27 (1,84) 9,82 (3,59) 6,92 (1,57)
Noturno 7,72 (1,43) 8,12 (1,75) 8,30 (1,86) 8,11 (2,25)
p-valor <0,001 0,002 0,002 0,001
Legenda: *Valores descritos em média (desvio-padrão). Teste U de Mann Whitney.
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duração do sono nos dias sem aula dos alunos acadêmicos mostraram menor variabilidade
que estudavam de manhã foi superior, da dos horários de sono entre dias de semana e
mesma forma que o seu déficit de sono. finais de semana quando residiam sozinhos.
Quanto à duração do sono de acordo Apesar da moradia não ter sido
com os turnos de estudo, observaram-se que investigada no presente estudo, supõe-se que
os acadêmicos do turno matutino dormiam a maioria dos acadêmicos ingressantes do
menos em dias com aula comparados aos turno noturno moravam sozinhos pelo fato de
acadêmicos do turno noturno e essa situação que neste curso, a maioria destes serem
se inverteu nos dias sem aula. oriundos de outras cidades e/ou estados.
Segundo Pereira e colaboradores Neste sentido, Martini e colaboradores
(2011) os estudantes costumam compensar a (2012) discutem que os estudantes
privação de sono de dias com aula, nos finais universitários estão sujeitos a muitas
de semana. Estes achados vão ao encontro mudanças no estilo de vida e,
dos resultados do presente estudo. consequentemente, no seu padrão do sono e
Acredita-se que a sesta também pode vigília. Muitos acadêmicos deixam a casa dos
estar associada com a busca pela atenuação familiares, e enfrentam ao mesmo tempo
de problemas causados pela baixa duração do transformações hormonais concomitantemente
sono em dias com aula entre os acadêmicos ao ingresso ao novo ambiente, que é o
do turno matutino. universitário.
Neste sentido, no presente estudo foi Assim, existem fatores que atuam de
identificada alta prevalência de acadêmicos do maneira diversa com prejuízos ao ciclo
turno matutino com hábito de realizar a sesta sono/vigília, qualidade do sono e desempenho
(66,7%). acadêmico nesta população.
Supõe-se que devido à maioria destes Pereira e colaboradores (2015)
não trabalharem (64,8%), os mesmos sentem explicam que a boa qualidade de sono e o
a necessidade de repor o sono privado por bom desempenho acadêmico se caracterizam
acordar cedo e acabam compensando após a por um processo cíclico, considerando que
aula. acadêmicos com boas condições de sono
Os universitários, além de sofrer pela apresentam a possibilidade de um
mudança dos horários escolares, muitas vezes aprendizado de melhor qualidade.
sofrem pelo fato de realizar dupla jornada No entanto, existem fatores que
entre a faculdade e o trabalho. interferem nesse ciclo, entre os quais está o
Martini e colaboradores (2012) trabalho, que, por muitas vezes, não possibilita
identificaram que estudantes que trabalham uma higiene do sono adequada. Por conta
em um ou dois turnos, apresentam pior disso, é fundamental a análise do padrão de
qualidade de sono. sono em acadêmicos ingressantes, a fim de
De forma similar, Nojomi e identificar os fatores ligados à qualidade do
colaboradores (2009) em estudo realizado mesmo, e apontar possibilidades para prevenir
com 400 estudantes de medicina da e melhorar a relação do descanso com o
Universidade de Teerã (Irã), descreveram que processo de ensino aprendizagem (Thomas e
a má qualidade do sono era maior entre os colaboradores, 2017).
estudantes que trabalhavam em dois turnos. Além disto, pelo fato dos universitários
Para Felden e colaboradores (2015) a passarem por um processo de adaptação aos
quantidade necessária de sono é uma questão horários das aulas, muitas vezes, os seus
individual, e está relacionada com cada fase ciclos de vigília/sono são alterados,
da vida. No caso dos universitários, o estilo de repercutindo negativamente no padrão de
vida inadequado pode influenciar sono dos mesmos. O que é preocupante, pois
negativamente no sono, incluindo também, contribui para o aumento de problemas como
comportamentos sedentários e hábitos ansiedade e depressão, utilização de
alimentares irregulares. substâncias prejudiciais à saúde (álcool e
Ademais, os resultados do presente tabagismo) e déficits nas habilidades
estudo em relação à duração do sono dos cognitivas, comprometendo a qualidade do
acadêmicos do turno noturno vão ao encontro aprendizado em sala de aula (Felden e
do estudo de Bakotic e colaboradores (2016) colaboradores, 2015).
em que os autores verificaram que os
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