You are on page 1of 45

Manual do

corte de custos
inteligente
Aprenda como
reduzir gastos
sem perder
eficiência
Índice
Introdução 03

Capítulo 1 | A redução de custos como mecanismo de 05


sobrevivência

Capítulo 2 | Não deixe a redução de custos ser a guilhotina 09


da sua empresa

Capítulo 3 | Método Centro de Custos: dividir para conquistar 13

Capítulo 4 | Transformando custos fixos em variáveis 17

Capítulo 5 | Redução de custos na prática: dicas para alcançar 23


a eficiência

Considerações finais 40

Referências 44

Manual do corte de custos inteligente 2


Introdução
A gestão de uma empresa está longe de ser uma tarefa simples. Como
empreendedor, você precisa construir uma visão global do negócio, capaz de
abranger todas as áreas estratégicas ao desempenho.

Em meio a investimentos em estrutura, gastos com pessoal e custos operacionais


em geral, a busca pela eficiência dos processos é um desafio para empresários de
todos os portes. Do microempreendedor individual ao diretor de uma multinacional,
todos querem maximizar os lucros da empresa.

Como os custos são o fator que pode ser mais controlado pelos empresários, por
sofrer menos interferências da demanda e do mercado, é lógico pensar em reduzir
despesas para aumentar a rentabilidade.

Mas nem sempre a estratégia dá certo. Quando a empresa toma decisões


arbitrárias, sem preservar a qualidade dos produtos e serviços, prejudica o próprio
desempenho. Em outras palavras: a redução de custos pode ser um tiro no pé.

Manual do corte de custos inteligente 3


É isso que atestam os empreendedores Shumeet Banerji, Paul Leinwand e Cesare

“ Se você reduzir Mainardi no livro Cut Costs, Grow Stronger (Corte Custos, Cresça Mais Forte, em
despesas em um ataque tradução livre), obra que é considerada uma referência para administradores em
de pânico, ignorando a todo o mundo.
estratégia empresarial,
pode criar um grande
problema para a “Se você reduzir despesas em um ataque de pânico, ignorando a estratégia
competitividade da sua empresarial, pode criar um grande problema para a competitividade da sua
companhia.
” companhia”, escrevem os autores. “Mas, se você focar nas prioridades e no
potencial da empresa, cortar custos pode ser o grande catalisador para as
mudanças que devem ser feitas.”

Para falar desse tipo de dilema, elaboramos este guia para ajudar você a descobrir
quais custos cortar, quando fazer a redução de despesas e o que levar em
consideração na tomada de decisão.

Neste material, nosso objetivo é detalhar os riscos de cortar gastos sem olhar
para a estratégia empresarial, apresentar os conceitos de custos fixos e variáveis,
explicando como a relação entre eles pode afetar a sua rentabilidade, e demonstrar,
com exemplos práticos e casos de sucesso, algumas técnicas de redução que você
poderá adotar imediatamente.

Manual do corte de custos inteligente 4


Capítulo 1

A redução de custos como


mecanismo de sobrevivência
Para explicar a importância de implementar uma cultura de redução de custos ao dia
a dia da sua empresa, é preciso abordar alguns conceitos básicos da administração
empresarial. São ideias simples, que você certamente já domina, mas que auxiliam a
entender a relevância desse procedimento.

Em primeiro lugar, vamos retomar o conceito de rentabilidade. Para calculá-la, basta


dividir o lucro da empresa em um determinado período pelo investimento inicial.
Assim, quanto maior for o lucro e menor o investimento, maior será a rentabilidade.

E é a rentabilidade que permite à empresa continuar investindo em infraestrutura,


no aprimoramento de processos, em novos produtos e na contratação de pessoal.
Ou seja: é a rentabilidade que sustenta o crescimento e a expansão da companhia.

Manual do corte de custos inteligente 5


Para aumentar a rentabilidade, você dispõe de diversos recursos. É possível investir
em marketing para atrair novos clientes e aumentar o faturamento, melhorar a
qualidade do produto para superar a concorrência ou estabelecer uma vantagem
competitiva (como a localização) para se diferenciar.

São várias estratégias, com diferentes tipos de abordagem, mas todas elas
dependem do comportamento dos consumidores. Não há como garantir que o
faturamento irá crescer: seja qual for o plano de ação adotado, você fará uma
aposta, o que implica riscos.

Custos são a única variável manipulada pelos empresários

A única maneira de melhorar a rentabilidade sem depender dos clientes é diminuir


os gastos com os processos. E é justamente por isso que a redução de custos pode
cumprir um papel essencial para a sobrevivência da sua empresa.

É isso que argumenta o professor de Empreendedorismo do Insper (Instituto de


Ensino e Pesquisa), Marcelo Nakagawa: “As saídas de caixa são mais previsíveis e
mais controláveis, por mais que isso exija disciplina e até criatividade”, salienta. “As

Manual do corte de custos inteligente 6


organizações mais enxutas, com custos mais controlados, tendem a ter maiores
chances de serem mais saudáveis no médio e longo prazo.”

Ao diminuir as despesas operacionais sem interferir no desempenho, você melhora


a eficiência da empresa, o que tem impacto direto na competitividade. A gestão
qualificada é a única maneira de atingir esse objetivo, e os empreendedores em
geral já sabem disso, como mostra uma pesquisa realizada pela Fundação Nacional
da Qualidade (FNQ) com 212 empresas brasileiras. Para 99% dos entrevistados, o
investimento na melhoria da gestão contribui para aumentar a competitividade da
empresa. Você concorda?

A questão principal é como essas ideias de gestão e competitividade se relacionam


na prática, porque melhorar a eficiência está longe de ser uma tarefa simples.
Reduzir os custos sem interferir na qualidade dos produtos ou serviços está entre os
principais desafios dos empresários, independentemente do país.

Em um levantamento realizado com 420 executivos de empresas americanas com


20 a 200 funcionários, a empresa de recursos humanos Tag Employer Services
descobriu que, para a maior parte dos entrevistados, “aumentar a eficiência” é o

Manual do corte de custos inteligente 7


principal desafio do mundo dos negócios, seguido por “atrair novos clientes” e
“ganhar espaço no mercado”.

Mas você sabe quais são os riscos de buscar a eficiência sem considerar o efeito
da redução de custos no desempenho da empresa? Afinal, quando essa estratégia
pode significar um prejuízo para a companhia?

É o que vamos descobrir em seguida.

Manual do corte de custos inteligente 8


Capítulo 2

Não deixe a redução de custos


ser a guilhotina da sua empresa
Imagine a seguinte situação. Obcecado pela ideia de que a empresa tem que gastar
o mínimo possível, com um olho aberto para a economia e outro fechado para a
satisfação com o serviço, o empresário decide trocar de fornecedor. A queda na
qualidade, argumenta, não será sentida pelos consumidores.

Depois, decide trocar a empresa de logística que entrega os produtos. Animado com
os cortes, o empresário afirma que a frota reduzida e a pouca experiência da empresa
terceirizada, que justificam os baixos valores do contrato, não serão problema.

Finalmente, decide voltar suas atenções para dentro do escritório. Sem muitas
opções de enxugamento, anuncia o fim do café. Agora, quem quiser repor as
energias e se manter desperto terá de trazer o próprio café de casa ou comprá-lo no
caminho para o trabalho.

Manual do corte de custos inteligente 9


Responda com sinceridade: você acha que esse cenário de redução de custos sem
planejamento irá trazer benefícios à companhia? As ações vão se mostrar vantajosas
no médio e longo prazo?

Provavelmente, não. Seja pela insatisfação dos clientes com a mudança dos
produtos, pelos possíveis problemas na entrega ou pelo incômodo dos funcionários
diante de uma medida pouco acolhedora, é possível prever que o saldo dessa conta
não será positivo para a empresa.

Quando reduzir custos significa perder clientes

Em artigo publicado na revista americana Forbes, o consultor e escritor Ian Altman


conta a história de uma rede de restaurantes de comida tailandesa que abriu uma
filial próxima à casa onde ele mora, nos Estados Unidos.

No início, conta o especialista, a rede de restaurantes era líder de mercado e


possuía a marca mais valorizada pelos consumidores. Assim, a filial próxima à casa
de Ian raramente ficava sem fila de espera nas noites do fim de semana.

Manual do corte de custos inteligente 10


Mas, com o tempo, os clientes começaram a perder o interesse. Como solução,
a rede decidiu cortar funcionários, já que havia menos trabalho com a demanda
reduzida. Depois, resolveram servir porções menores e aumentar o preço dos
pratos. Por fim, a qualidade foi afetada, e o restaurante despencou de “um dos
locais preferidos” para “restaurantes a evitar” na lista pessoal de Ian.

Você certamente conhece um exemplo parecido na sua cidade. “A lição dessa


história é que não se pode economizar no caminho para a prosperidade”, conclui
o consultor. “Quando você corta custos sem considerar o impacto da decisão para
os trabalhadores, clientes e engajamento geral do público, você deliberadamente
escolhe um caminho com resultados desastrosos no longo prazo”.

Cedo ou tarde, se a preocupação com a qualidade for deixada de lado, os clientes


vão perceber. “Embora as pessoas se preocupem com o valor dos produtos, elas
dão ainda mais atenção para como esses produtos dão sentido a sua vida”, escreve
Roberto Verganti, professor de Liderança e Inovação na universidade italiana
Politecnico di Milano, em artigo na Harvard Business Review.

Manual do corte de custos inteligente 11


“Mesmo quando as pessoas se sentem pressionadas financeiramente, elas não
querem se sentir pobres. Então o desafio para as companhias é cortar custos sem
cortar significado”, explica Verganti.

Nem sempre isso acontece. Durante a grande recessão de 2009, que atingiu
fortemente a economia americana, a McKinsey & Company, empresa especializada
em estudos sobre o panorama empresarial, descobriu em uma pesquisa que 79% das
empresas entrevistadas cortaram custos como uma resposta à crise econômica, mas
só 53% dos executivos concluíram que a estratégia foi benéfica para os resultados.

A razão é simples: se você implementar uma redução de custos que não está
alinhada à estratégia da empresa, corre o risco de prejudicar o desempenho. Na
ânsia de proteger a rentabilidade, você acaba ferindo o faturamento. Então, o que
fazer para não ser o carrasco que irá acionar a guilhotina do próprio negócio?

Manual do corte de custos inteligente 12


Capítulo 3

Método Centro de Custos: dividir


para conquistar
Para não errar no momento de cortar os custos da sua empresa, uma das
alternativas à sua disposição é adotar o Método Centro de Custos. Trata-se de um
sistema de organização lógica que segmenta diferentes setores e atividades dentro
de uma empresa para facilitar a análise.

Separando sua empresa em setores ou áreas, você consegue diagnosticar de


forma mais precisa o que tem dado resultado para a companhia e o que precisa
ser alterado ou abolido por falta de eficiência. Para empresas menores, essa
segmentação pode considerar custos associados a tipos de produto ou serviço, a
etapas da produção ou outros critérios, como veremos a seguir.

Manual do corte de custos inteligente 13


A divisão elimina distorções e permite planejar o corte de custos de uma forma mais
lúcida. A lógica para isso é simples: de nada adianta definir arbitrariamente que
todos os setores deverão cortar 10% dos custos se uma área, produto ou serviço é
responsável por 60% do faturamento da empresa e outra não chega a 20%.

Falando em termos gerais, existem dois tipos de centro de custos:

Centro de custos produtivos: também chamados de centro


de custos diretos, é composto pelos setores ou atividades
com impacto direto na produção e venda dos produtos
e serviços da empresa. Por exemplo: atendimento e
telemarketing.

Centro de custos não produtivos: também chamado de


centro de custos indiretos ou auxiliares, é formado por
setores que não influenciam diretamente a produção e venda
dos produtos e serviços da empresa, mas são relevantes para
o desempenho da companhia. Por exemplo: administrativo e
assessoria jurídica.

Manual do corte de custos inteligente 14


Mas, na hora de dividir sua empresa em departamentos, áreas ou setores, não
há regras pré-definidas a seguir. A forma como a empresa será dividida depende
apenas do nível de detalhamento que você deseja para a análise.

Uma divisão geral, por exemplo, poderia separar sua empresa em três áreas: de
administração, produção/prestação de serviço e vendas. Todas as companhias,
independentemente do tamanho, precisam de pessoas atuando nesses setores.
No caso de pequenos negócios, em que uma mesma pessoa exerce diferentes
atividades, o desafio é identificar os gastos associados com cada uma delas. No
caso da remuneração, uma saída é distribuir esses valores proporcionalmente ao
tempo dedicado a cada uma, por exemplo. Outro caminho usado com frequência é
centralizar despesas com pessoal em um centro de custo exclusivo, como um tipo
específico de despesa administrativa. Cada caso pede uma solução.

A partir dessa divisão inicial, você deve listar todos os custos da empresa em um
intervalo de tempo (uma semana, um mês, um semestre, etc.) e elencar os valores
em suas respectivas áreas e departamentos.

Manual do corte de custos inteligente 15


Ao fim do levantamento, você chegará a uma tabela com os valores gastos pela
empresa de forma discriminada. Basta, então, identificar a receita da empresa
trazida por cada uma dessas áreas.

Comparando os números, é provável que você encontre distorções, como um setor


que recebe grandes investimentos, mas traz pouco retorno, ou uma área que tem
um gasto de papel ou telefonia muito superior ao de outra, sem que haja justificativa
coerente para isso.

A análise específica de cada setor fortalece sua visão geral do negócio e permite
que você planeje a redução de custos de forma mais lúcida, porque terá a eficiência
e o resultado financeiro como principais critérios.

Manual do corte de custos inteligente 16


Capítulo 4

Transformando custos fixos em


variáveis
Durante a análise de custos da sua empresa, você vai perceber que é possível
dividi-los em custos fixos, cujo valor não está relacionado à produção ou à venda
de produtos, e custos variáveis, que dependem da quantidade de produtos
comercializada.

Essa divisão é importante porque os custos fixos são considerados um dos


principais vilões da eficiência e da rentabilidade. Marcelo Nakagawa, professor
de Empreendedorismo do Insper, salienta que essa percepção é global. “Um dos
objetivos das empresas mais bem administradas do mundo é transformar o maior
número de itens de custos fixos para custos variáveis”, resume o especialista.

Assim, a sua tarefa, como gestor, é combater os custos fixos ao máximo, por meio
de uma gestão financeira eficiente. Mas você sabe como fazer isso? Para entender
melhor esses conceitos, vale a pena analisá-los individualmente:

Manual do corte de custos inteligente 17


Custos fixos

Os custos fixos não se relacionam diretamente à receita da sua empresa, pois não
estão ligados à produção. Eles podem ser definidos como as despesas que se
repetem mensalmente, responsáveis por manter a empresa em funcionamento.
Alguns exemplos incluem:

• Estrutura (aluguel, condomínio, energia elétrica, água, gás, telefone, internet, etc.)
• Serviços (limpeza, segurança, manutenção, etc.)
• Mão de obra (salários, encargos trabalhistas, benefícios como vale-alimentação,
vale-transporte)
• Operacionais (assinaturas de anti-vírus ou programas de edição, assistência
técnica de maquinário, gastos com logística, combustível, etc.).

Note que, mesmo que a empresa não comercialize nenhum produto ou não venda
nenhum serviço durante o mês, os custos fixos estarão lá, representando uma
importante parcela dos gastos da sua companhia.

Manual do corte de custos inteligente 18


Custos variáveis

Os custos variáveis estão associados à produtividade da empresa. Portanto, um


aumento da produção provocado pelo crescimento nas vendas provocará um
crescimento nos custos variáveis, enquanto o declínio da produção puxará as
despesas para baixo. São exemplos de custos variáveis:

• Matéria-prima (insumos necessários para compor o produto)


• Impostos (percentual fixo do faturamento, que varia conforme o volume de vendas)
• Transporte (quanto maior o número de entregas, maiores os gastos com
transporte)
• Comissões (caso sua empresa remunere seus funcionários de acordo com o
volume de vendas)

Manual do corte de custos inteligente 19


Como transformar custos fixos em variáveis

Idealmente, você deve fazer o possível para transformar os custos fixos em


despesas variáveis, porque, dessa forma, só irá arcar com os gastos quando tiver
certeza de que a receita crescerá na mesma medida.

É uma forma de proteger o fluxo de caixa da sua empresa e evitar o desperdício de


dinheiro em fatores que não trazem resultados financeiros. Uma boa solução para
isso é relacionar parte do salário de alguns funcionários ao desempenho.

Um caminho é priorizar contratações em que você possa calcular a remuneração do


colaborador por meio de metas de produção ou desempenho. Dessa forma, você
transforma um custo fixo em variável, pois a despesa só aumentará quando houver
motivos para isso, e ainda pode se beneficiar de uma motivação extra.

Outra alternativa é terceirizar algumas funções, desde que a qualidade não seja
afetada. Será que você precisa de um contador trabalhando especialmente para a
sua empresa? Analise os custos com limpeza e segurança: não há como terceirizar o
serviço e pagar menos por ele, apenas quando forem necessários?

Manual do corte de custos inteligente 20


Mas é preciso lembrar que essa transformação de custos fixos em variáveis
exige atenção por parte do empreendedor, pois pode esconder riscos à
administração financeira.

Se a sua empresa tiver uma elevação repentina das vendas, a tendência é de que
ela enfrente dificuldades de caixa. Isso porque será necessário primeiro comprar
os insumos e mercadorias, para depois vender. Quando o prazo de pagamento das
compras não bate com o prazo de recebimento das vendas, a consequência é um
rombo no seu caixa e no fluxo financeiro.

Levando os custos fixos ao limite

Por mais que você se esforce, é impossível extinguir os custos fixos em sua
totalidade. A melhor forma de lidar com eles é buscar o limite operacional.

Isso significa encontrar o custo-benefício ideal, por meio da otimização de todos


os recursos. Ou seja: você gasta o mínimo possível e obtém o máximo em troca,
alcançando a tão desejada eficiência.

Manual do corte de custos inteligente 21


Mas também há risco nessa técnica, como você certamente já previu. Extenuar os
recursos pode acabar interferindo na produtividade da empresa, se as decisões não
forem tomadas de forma lúcida.

É preciso entender que chegará o momento em que será impossível crescer sem
expandir esses custos, seja pelo espaço físico apertado (ocupado por muitas
pessoas ao mesmo tempo, por exemplo), pela linha de telefone sobrecarregada ou
pelos profissionais demasiadamente atarefados.

Lembre-se: a rentabilidade é alcançada sem desperdiçar recursos, com uma


gestão racional e otimizada. Está conseguindo acompanhar? Pois chegou a
hora de partir para exemplos práticos, com dicas para você cortar custos na sua
empresa de forma imediata.

Manual do corte de custos inteligente 22


Capítulo 5

Redução de custos na prática:


dicas para alcançar a eficiência
Se você chegou até aqui, já conhece a importância do corte de custos para a
eficiência empresarial, sabe como descobrir se a redução de gastos prejudicará o
desempenho, entende a metodologia do Centro de Custos e compreende o que é
preciso para transformar custos fixos em variáveis.

Os conceitos teóricos aqui apresentados são importantes para qualquer


empreendedor que deseja alavancar os lucros da sua empresa, mas chegou a hora
de deixar a teoria de lado e se concentrar na prática.

A seguir, você confere uma lista de exemplos e orientações para reduzir os custos
na sua companhia de forma imediata. Você vai perceber que é impossível aplicar
todas as dicas, seja porque já pensou no assunto e se antecipou, ou porque, para a
sua realidade organizacional, a sugestão não faz sentido. Confira:

Manual do corte de custos inteligente 23


Revise o regime de tributação

Ao iniciar uma empresa, é natural que o empreendedor


escolha o Simples Nacional como regime de tributação.
Isso porque o Simples unifica oito tributos (IRPJ, IPI, CSLL,
Cofins, PIS, INSS, ICMS e ISS), facilitando o recolhimento
de impostos entre as micro e pequenas empresas.

Para optar por esse regime, a organização deve ter faturamento de até R$ 3,6
milhões ao ano. As alíquotas são progressivas, aumentando de acordo com a
receita, mas o empresário precisa ficar atento para perceber quando o sistema
deixa de ser vantajoso.

A dica é fazer um planejamento tributário para entender se a empresa está prestes


a ultrapassar o limite para enquadramento no Simples, porque, caso isso aconteça,
será necessário migrar de regime, o que só pode ser feito até o último dia útil de
janeiro de cada ano.

Manual do corte de custos inteligente 24


Além disso, o planejamento permite analisar se a opção pelo Simples continua
sendo vantajosa, já que as alíquotas são cobradas de acordo com o tipo de
empresa. Em alguns casos, o valor pode se aproximar daquele que seria cobrado
em outros regimes de tributação.

É preciso salientar, ainda, a possibilidade de que ocorram problemas com os


clientes. Isso porque, optando pelo Simples, você não tem como destacar, na nota
fiscal, o ICMS e o IPI. Por isso, aqueles que comprarem da sua empresa não obterão
o crédito fiscal desses impostos. Grandes empresas, nesse caso, talvez desistam de
fazer negócio com você.

As outras opções de tributação à sua disposição são lucro real, lucro presumido e
lucro arbitrado. É possível escolher pelo melhor regime (aquele no qual você pagará
menos impostos), desde que sejam cumpridas as exigências de cada sistema.
Informe-se sobre os detalhes para tirar suas dúvidas.

Manual do corte de custos inteligente 25


Contrate um contador

Essa dica vai ao encontro da recomendação anterior.


Como empresário, você não tem a obrigação de conhecer
os aspectos mais profundos do sistema tributário
brasileiro. Sua tarefa é manter o foco na empresa, na
qualidade dos produtos e na satisfação dos clientes.

Assim, contratar um contador especializado no ramo da sua empresa pode ser uma
boa opção para quem pretende reduzir custos e economizar tempo. Um profissional
competente e familiarizado com os processos terá condição de descobrir qual
regime tributário é o ideal, além de apontar possíveis gargalos do processo.

Negocie com os fornecedores

Você provavelmente tem um fornecedor antigo, de confiança.


Pense naquela empresa da qual você compra insumos desde
o início da operação, ou naquele prestador de serviço que o
acompanha desde um negócio anterior. Talvez seja a hora de
renegociar sua relação com esses fornecedores.

Manual do corte de custos inteligente 26


Solicite descontos para remessas maiores ou promoções pela fidelidade. Em
resumo: pechinche. A pior coisa que pode acontecer é ouvir um “não” como
resposta. Caso seja impossível reduzir valores, tente melhorar os prazos de
recebimento e pagamento. Quanto mais tempo você tiver para pagar pelos itens
adquiridos, menor a chance de um rombo no fluxo de caixa.

E não esqueça de ficar atento ao mercado para não se tornar refém de um ou


outro prestador de serviço. Dessa forma, você tem maiores condições de comparar
preços e qualidade e fechar sempre o melhor negócio.

Invista em tecnologia

A tecnologia é uma aliada de quem busca eficiência.


Seja escolhendo um software de gestão ou monitorando
processos diversos, é possível melhorar o desempenho e
eliminar o desperdício com a informatização da empresa.

Manual do corte de custos inteligente 27


Em artigo publico no portal Entrepreneur, a colunista e consultora empresarial
Mandy Feder conta a história de uma empresa de logística que, em meio à crise
econômica de 2009, investiu em tecnologia e conseguiu reduzir custos.

A estratégia foi alterar o sistema de rastreamento de frota, implementando um


serviço de leitura de dados mais avançado. Com as informações e as coordenadas
rastreadas pelo GPS, a empresa conseguiu modificar rotas, aumentar a eficiência do
consumo de combustível e otimizar o tempo de cada motorista. O investimento em
tecnologia provocou uma redução geral de custos para a empresa.

Aposte em serviços na nuvem

Planos corporativos para a administração de dados e


e-mails na nuvem, como os da Microsoft e do Google, não
exigem armazenamento em locais físicos, como discos
rígidos, e podem ser acessados de qualquer lugar, desde
que haja conexão com a Internet.

Manual do corte de custos inteligente 28


Avalie seu sistema operacional e todos os processos internos da empresa para
entender se é possível recorrer à nuvem para economizar espaço físico e reduzir
gastos com manutenção da estrutura de servidores. Além da economia, você terá a
garantia de eficiência, segurança e estabilidade de empresas especializadas na área.

Experimente um software de gestão

Micro, pequenos e médios empresários podem aproveitar


softwares de gestão na nuvem para um melhor controle de
sua empresa. Com custo mensal reduzido, não pesa tanto
no orçamento e, no fim das contas, ajuda muito a entender
onde estão os pontos mais problemáticos de suas finanças.

O ContaAzul oferece acompanhamento completo das movimentações da empresa,


emissão de boletos e notas fiscais, integração bancária e ainda relatórios online,
para que qualquer corte de custos seja amparado por números em tempo real.

Em 2012, o estúdio Design Inverso, de Joinville (SC), começou a buscar no mercado


sistemas de gestão que fossem intuitivos. Para isso, a empresa fez um teste do
ContaAzul.

Manual do corte de custos inteligente 29


“A partir daí, a gente construiu um casamento perfeito do que a gente precisava de
informações para o nosso negócio com a facilidade para a tomada de decisões”,
conta o fundador do estúdio, Marcos Sebben. “A gente tem relatórios, gráficos e,
com eles, consegue rapidamente tomar decisões. Em relação ao software anterior,
reduziu pela metade o tempo gasto.”

Corte luxos e gastos desnecessários

Todo empreendedor sabe que em meses de dinheiro


curto manter uma retirada, seja como pró-labore,
seja como distribuição de lucro, chega a parecer um
luxo. Mas o ponto desta dica é outro: as despesas
desnecessárias. Reduza gastos supérfluos com itens que
pouco influenciam o desempenho da empresa. Warren Buffett, considerado um
dos maiores investidores da história, é um exemplo dessa prática. Ele é adepto de
remunerações e bônus modestos na comparação com o mercado.

Manual do corte de custos inteligente 30


Para Buffett, o corte de custos deve ser incorporado como um mantra entre os
empresários. No livro The Tao of Warren Buffett (O Tao de Warren Buffett, em
português), que reúne lições do investidor, ele deixa claro: “Um gestor realmente
bom não acorda e diz ‘Hoje é o dia em que vou cortar custos’ mais do que ele
acorda e decide praticar a respiração”. Ou seja: a prática deve ser encarada como
um hábito entre os empresários.

Para fazer isso, avalie pequenos luxos que possam ser cortados sem influenciar
a percepção dos colaboradores sobre a empresa. Não é necessariamente o caso
de cortar o café dos colaboradores, e sim de implementar mudanças pontuais em
processos cujo requinte não se justifica no momento atual.

Utilize métricas para remunerar funcionários

Já abordamos essa dica no capítulo anterior, mas vale a


pena ressaltar. Para transformar custos fixos em variáveis,
reduzindo despesas nos meses de fraca geração de
receita, uma alternativa é relacionar parte dos salários dos
colaboradores ao desempenho.

Manual do corte de custos inteligente 31


Esse é um dos grandes ensinamentos do empresário Jorge Paulo Lemann, um dos
controladores da AmBev e fundador do Banco Garantia. O banco e a cervejaria
ganharam notoriedade no cenário corporativo por implementar uma cultura de
meritrocracia total entre os funcionários.

Mas como fazer isso? Analisando métricas de desempenho. “Premiar os melhores


funcionários e dispensar os que não dão conta do recado é um darwinismo
corporativo tão velho quanto o capitalismo”, escreve o jornalista Alexandre Terreira
em perfil do empresário publicado pela revista Época. “A inovação de Lemann
foi introduzir parâmetros capazes de eliminar a subjetividade. Basicamente, isso
significa medir tudo. E não se distrair com amizades ou tempo de casa na hora de
distribuir bônus”, complementa.

Para atingir os mesmos resultados na sua empresa, implemente métricas para


monitorar o desempenho e estabeleça metas diárias, semanais ou mensais para os
colaboradores. É nessa lógica que se sustenta o sistema de remuneração baseado
em comissões, por exemplo, típico do setor comercial.

Manual do corte de custos inteligente 32


Incentive o home office

Oferece a possibilidade do trabalho remoto aos


funcionários pode reduzir custos com transporte e
alimentação, além de gastos com estrutura operacional.
Além disso, para o colaborador, há economia de tempo e,
normalmente, maior satisfação.

A Philips, multinacional de eletroeletrônicos, segue essa política em suas sedes


espalhadas pelo mundo. Atualmente, apenas 15% dos funcionários têm local fixo
no escritório. Outro grupo de colaboradores passa 20% do seu tempo fora do da
empresa (o equivalente a uma vez por semana), enquanto cerca de 800 funcionários
têm políticas estabelecidas de trabalho remoto. Há ainda 150 funcionários na
categoria “full mobile”, que passam 90% do tempo longe da sede da Philips.

A estratégia pode ser vantajosa para empresas que não precisam de contato
direto com seus funcionários no dia a dia. Converse com seus colaboradores para
entender se há interesse em trabalhar remotamente e defina um intervalo para
encontros presenciais (uma vez por semana, por exemplo).

Manual do corte de custos inteligente 33


Reduza o consumo de energia elétrica

A energia elétrica é uma das vilãs entre os gastos fixos de


qualquer empresa. Para reduzir o consumo, uma das dicas
mais simples é substituir lâmpadas incandescentes ou
fluorescentes por modelos de LED.

Essa é a orientação de André Ferreira, da empresa Luminae, que faz projetos de


eficiência energética. Em entrevista à revista Exame PME, Ferreira afirma que uma
empresa de até 50 funcionários que decidir trocar 180 lâmpadas incandescentes
por modelos de LED pode alcançar uma economia de até 80% nos gastos com
iluminação.

Listamos outras dicas a seguir:


• Instale sensores de presença para iluminação em ambientes com passagem
eventual de pessoas, como corredores, garagem ou banheiros.
• Valorize a luz natural com a instalação estratégica de janelas.
• Evite cores escuras nos ambientes internos. Aposte em tons claros, como
branco, azul claro ou amarelo claro, porque essas cores valorizam a luz.

Manual do corte de custos inteligente 34


• Compre equipamentos com selo de eficiência energética A, aferido pelo
Inmetro.
• Desligue o ar-condicionado e os computadores quando ficar ausente por mais
de trinta minutos.

Reduza o consumo de água

Para reduzir o consumo de água, também há diversas


alternativas:
• Instale torneiras com fechamento automático nos
banheiros.
• Utilize caixas de descarga econômicas nos banheiros,
que possuam regulagem de vazão.
• Colete a água da chuva por meio de cisternas instaladas na calha, e utilize essa
água para lavar o pátio e regar as plantas.

Manual do corte de custos inteligente 35


Reduza o consumo de papel

Será que você realmente precisa imprimir todo e


qualquer documento? Faça uma análise dos itens
impressos durante um mês e descubra quais poderiam
ser digitalizados, sem prejuízo para o desempenho da
empresa. Além disso, vale a pena imprimir dos dois lados
das folhas sempre que possível. Citado em tópico anterior, o armazenamento de
dados na nuvem também ajuda a eliminar o papel de sua rotina de trabalho.

Flexibilize o espaço

Sua empresa possui mais espaço do que o necessário? Há


estações de trabalho sobrando ou uma sala desocupada
no andar? Considere alugar o espaço para fazer desse
gasto desnecessário uma receita.

Manual do corte de custos inteligente 36


Uma opção para pequenas empresas com operação baseada principalmente em
meios digitais e eletrônicos é o coworking, o compartilhamento de escritório. Nesses
ambientes, profissionais independentes, autônomos e freelancers encontram um
espaço democrático para trabalhar, sem o isolamento do home office e as distrações
de espaços públicos.

Contrate estagiários

Além de representarem um “sangue novo”, trazendo


ideias oxigenadas e um astral jovem para a empresa, os
estagiários permitem que você treine uma mão de obra
que pode ser útil para sua empresa no futuro.

Não são poucos os exemplos de empresas que efetivam os estagiários ao fim do


contrato. Além de conhecerem a estrutura organizacional e o funcionamento da
empresa, os jovens contam com a confiança de quem os treinou, o que valoriza sua
contratação. Atenção para as restrições e limites legais para a contratação desse
tipo de aprendiz.

Manual do corte de custos inteligente 37


Invista em capacitação

Funcionários bem treinados perdem menos tempo na


execução de tarefas, e o fazem de forma mais eficiente.
Quanto melhor um colaborador conhecer sua função e
mais atualizado ele estiver a respeito de seu ofício, melhor
será o seu desempenho.

O ex-CEO da General Eletric, Jack Welch, dizia dedicar 60% de seu tempo ao
desenvolvimento da equipe. Em uma de suas citações mais famosas, ele ensina: “Se
você escolhe as pessoas certas e lhes dá a oportunidade de abrirem as asas e uma
compensação como veículo você quase não precisa geri-las.”.

Por isso, fique atento a cursos de capacitação e especialização e estimule seus


colaboradores a voltarem a estudar. Um incentivo financeiro (como pagar uma
porcentagem do curso) pode ser determinante.

Manual do corte de custos inteligente 38


Dê o exemplo

Finalmente, a última dica é dar o exemplo para seus


colaboradores. De nada adianta implementar uma política
de redução de custos e vender a ideia de que a prática é
benéfica para a empresa se você não mostrar, na prática,
que acredita no discurso.

É o que defende Bernardinho, técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, com


seis medalhas olímpicas no currículo, empresário e autor do livro “Transformando
Suor em Ouro”, que vendeu mais de 400 mil exemplares. A receita dele para ser um
bom líder: “Liderar pelo exemplo e transformar pela atitude”.

Manual do corte de custos inteligente 39


Considerações finais
Depois de ler os conceitos teóricos e conhecer algumas orientações práticas, é
provável que a sua cabeça esteja fervilhando de ideias para implementar na rotina
da sua empresa.

Se a suposição for verdadeira, ficamos contentes em ter colaborado, mesmo que


em uma pequena escala, para melhorar a gestão e a eficiência da sua organização.

A gestão qualificada, como ficou claro neste guia, é a única saída para quem
pretende cortar custos de forma inteligente, sem afetar a imagem da empresa, seu
desempenho ou sua percepção entre os diferentes públicos.

De uma forma geral, as principais informações que abordamos ao longo destas


páginas são:

Manual do corte de custos inteligente 40


• Reduzir os custos é a uma das principais alternativas para quem deseja aumentar a
rentabilidade

• Uma rentabilidade consistente é o que permite investir e expandir a empresa

• Se afetar o desempenho e a imagem da empresa, a redução de custos pode


significar uma derrocada do negócio

• Para evitar problemas com a redução indevida de custos, é preciso analisar a empresa
sob um panorama geral, medindo o retorno financeiro de cada departamento

• Essa análise pode ser feita por meio do Método Centro de Custos, que separa os
custos entre os setores da empresa

• Além de reduzir custos, o empresário deve se esforçar para transformar custos


fixos em variáveis, a fim de vincular os gastos ao desempenho da empresa

Manual do corte de custos inteligente 41


• Para lidar com os custos fixos que não podem ser relacionados ao desempenho, a
palavra de ordem é otimização

• Mesmo mudanças simples e pontuais podem promover efeitos significativos,


principalmente analisando o cenário com foco no médio e longo prazo.

Esperamos que você tenha apreciado o conteúdo. Lembre-se: quando a


sobrevivência da empresa está em jogo, hesitar em buscar auxílio pode custar um
preço que você não está disposto a pagar.

Manual do corte de custos inteligente 42


Mais conteúdos interessantes

Sobre o autor Lucratividade e rentabilidade: quais são as diferenças?

Os principais gastos de uma empresa e como gerenciá-los


Marcio
Roberto
Dicas para um controle de gastos eficiente
Andrade

Controller na ContaAzul. [Planilha] Centro de Custo


Formação nas áreas de
Computação, Gerenciamento de 7 despesas que a sua empresa pode reduzir agora mesmo
Projetos e Gestão Financeira,
certificação PMP pelo PMI, ITIL 5 dicas para cortar de uma vez por todas os gastos na sua empresa
Foundation pelo EXIN e Microsoft
Certified Professional. Vídeo - A importância de cortar custos certos

Manual do corte de custos inteligente 43


Referências

Proposeful: O que é um Centro de Custo e como usá-los em sua empresa

Fundação Dom Cabral: Como reduzir gastos e despesas em uma empresa sem
prejudicar a produtividade

Inc.: 6 Ways You Can Significantly Lower Costs Without Cutting Jobs (inglês)

Forbes: The Good, The Bad, And The Ugly Of Cost Cutting (inglês)

Entrepreneur: Real-World Cost-Cutting Practices (inglês)

Harvard Business Review: Cut Costs Without Cutting Meaning (inglês)

Mckinsey&Company: A better way to cut costs (inglês)

Harvard Business Review: When You’ve Got to Cut Costs—Now (inglês)

Manual do corte de custos inteligente 44


Sobre o ContaAzul
O ContaAzul é o mais simples sistema de gestão on-line para micro e pequenas
empresas. Com ele você controla seu financeiro, suas vendas, seu estoque, e emite
nota fiscal eletrônica sem complicações.Além disso, nosso atendimento de primeira
está disponível para te ajudar gratuitamente por telefone, e-mail e chat.

Compartilhe esse material:


Experimente grátis agora

Manual do corte de custos inteligente 45

You might also like