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Introdução
Em Gramática da Fantasia (1973), livro escrito por Gianni Rodari para aqueles
que acreditam na poder da imaginação e da criatividade enquanto instrumental valioso no
processo educacional propõe um instigante exercício de imaginação:
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Professora substituta na UFRR formada em Letras com habilitação em Inglês e mestre pelo PPGL da
mesma instituição. Sony.ferseck@gmail.com
tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho”; ou dos tão famosos ditos
populares “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, “tirar leite da pedra”, o que
nos faz acreditar que da pedra podemos tirar até flor, quem dirá provérbio, poema. Em
seguida, levando a cabo o exercício de imaginação de Rodari, com adaptações, disponho
a palavra pedra no quadro de vidro e então faz-se a luz, ou melhor a pedra. Peço a cada
um que diga uma palavra iniciando com cada uma das letras que compõem a palavra
pedra, uma palavra que seja relacionada à ideia do que seja ou do que possa ser a literatura
e o ensino de literatura. Surge então palavras que indicam que assim, como Rodari, que a
literatura não é artigo de luxo, nem artigo dispensável, mas pode e deve ser acessível a
todos. Partindo da definição de letramento literário enquanto processo que se faz via
textos literários (COSSON, 2014b, p. 12), nos deteremos no espaço de tempo desse texto
nos procedimentos adotados em sala de aula e, principalmente, sob a perspectiva de a
literatura passa por um processo em que seus formatos tradicionalmente difusores se estão
diversificando, incorrendo em um
Assim, escolhemos três momentos no decorrer das aulas das disciplinas Estágio
Supervisionado em Ensino de Literatura- Ensino Fundamental e Estágio Supervisionado
em Literatura Infantil e Juvenil, ministrada na UFRR, semestres 2015.2 e 2016.1,
enquanto vivências do processo de letramento na formação de professores.
Produzindo HQ’s
Figura 2. Jogo da memória criado pelos alunos da disciplina Estágio supervisionado de Ensino de Literatura
Infantil e Juvenil
Já o segundo grupo optou pela elaboração de um game card de combate, com 24
cartas. As cartas dividiam-se entre as categorias de cartas-personagens e cartas
complementares. As cartas-personagens eram as que efetivamente combatiam, enquanto
as complementares apenas contribuíam com pontuações negativas ou positivas às
características escolhidas pelos jogadores no momento da competição. As cartas-
personagens possuíam as seguintes características: inteligência, espírito aventureiro,
força, agilidade e magia. A cada uma dessas características foram atribuídas pontuações
de dois a nove. Em cada rodada as cartas eram embaralhadas e separadas em montes
diferentes, de acordo com suas categorias, em seguida distribuídas aos jogadores. O
primeiro jogador poderia escolher a característica com maior pontuação. Caso sua carta
não tivesse pontuação suficiente, o jogador poderia adquirir uma carta do monte das
complementares. Caso os jogadores possuíssem a mesma pontuação em uma
característica, outra seria escolhida. No momento da revelação das pontuações, o jogador
que possuísse a maior pontuação ficava com a carta do adversário. O jogo terminaria
quando um dos jogadores não possuísse mais cartas.
Figura 3. Game card elaborado pelos alunos da disciplina Estágio Supervisionado em ensino de Literatura Infantil e
Juvenil.
Por último, a elaboração dos jogos de percurso. Jogos de percurso ou trilha têm
por objetivo chegar ao fim de um caminho, através do sorteio do número resultante do
jogo de um dado que indica quantas casas serão percorridas. Contudo, ao logo do
caminho, o jogador poderá encontrar obstáculos que o farão recuar algumas casas, e até
mesmo ficar algumas rodadas sem jogar, ou facilitadores que o farão avançar casas.
Assim como os jogos de cartas, foram sugeridos elementos e personagens das narrativas
míticas indígenas macuxi. Sobre alguns elementos foram realizadas explanações e
discussões de suas funções nas sociedades ameríndias.
Figuras 4 e 5. Jogos de percurso elaborados pelos alunos da disciplina Estágio Supervisionado em Literatura infantil
e Juvenil.
Poemas-objeto
Ainda segundo Mendonça, Augusto foi o mais comprometido dos poetas com as
propostas do movimento concreto cuja produção está reunida em Viva vaia (1979),
Despoesia (1994), Não (2003) e Outro (2005), além de Poemóbiles (1974) e Caixa Preta
(1975). Essas duas últimas obras de Augusto de Campos trazem as formas dos poema-
objetos que materializam-se em forma de esculturas móveis, feitas em papel, com as quais
os leitores podem interagir, permitindo-lhes que modifiquem os sentidos, dando à leitura
mais possibilidades de interpretação.
Considerações finais
Assim como Rodari, acreditamos que a literatura não só é possível a todos, como
é um direito, tal qual defende o mestre Antonio Candido em Direitos humanos e
Literatura (1989), pois ela continua sendo um dos mais belos e eficientes modos de
(re)humanização do humano, aproximando-nos e lembrando-nos do que de melhor e pior
temos dentro daquilo que circunscrevemos enquanto humanidade. A partir da literatura
podemos ter acesso às mais variada circunstancias sob as quais a humanidade pode existir
ou faltar. Dessa forma, toda prática que permita o acesso e a fruição da literatura deve ser
considerado enquanto ferramenta valiosa a ser utilizada a favor do conhecimento do que
seja a humanidade.
Referências bibliográficas
BARROS, Manoel de. O livro sobre nada. Rio de Janeiro/ São Paulo: Editora Record,
1996.