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Rev Saúde Pública 2006;40(N Esp):112-20

Lilia Blima Schraiber

Ana Flávia P L D’Oliveira


Violência e saúde: estudos
Márcia Thereza Couto científicos recentes

Violence and health: recent scientific


studies

RESUMO

Apresenta-se panorama e reflexão crítica acerca da produção científica na temática


violência e saúde. Com base em revisão não exaustiva, aborda-se a construção da
violência como objeto de conhecimento e intervenção, nacional e internacionalmente.
Mostra-se a tomada da violência como um domínio amplo da vida social, atingindo
praticamente a todos, em situações de guerra e de suposta paz. Destaca-se a unificação
da violência enquanto questão ético-política e a demonstração de sua extrema diversidade
enquanto situações concretas de estudo e intervenção. Situando a violência como atinente
a dimensões coletivas, interpessoais e individuais autoreferidas, e tomando-a por atos
intencionais de força física ou poder, resultantes em abusos físicos, sexuais, psicológicos,
e em negligências ou privações, os estudos examinados revelaram-se, como um todo,
preocupados em responder ao senso comum que torna a violência invisível, naturalizada
e inevitável. Fazem-no demonstrando sua alta magnitude, as possibilidades de seu
controle e da assistência a seus múltiplos agravos à saúde. Do ponto de vista teórico-
metodológico fluem das abordagens iniciais, relacionadas às desigualdades sociais ou
desajustes familiares, às das iniqüidades de gênero e, menos freqüentemente, de raça ou
etnia, o que implica em reconstruções dos conceitos clássicos de família, geração e
classe social. Em conclusão, considera-se esta problemática como interdisciplinar e,
retomando-se a noção de objetos médico-sociais da medicina social, recomenda-se sua
atualização para temas tão complexos quanto sensíveis como a violência.

DESCRITORES: Violência. Violência doméstica. Maus-tratos conjugais.


Maus-tratos infantis. Maus-tratos ao idoso. Violência por parceiro íntimo.

ABSTRACT

An outline and critical analysis of scientific studies on Violence and Health is presented.
On the basis of a non-exhaustive review, the construction of violence as a national and
international field of knowledge and intervention is broached. Outbreaks of violence
are shown to occupy a broad domain of social life that reaches practically everyone, in
situations of both war and supposed peace. The unity of violence as an ethical-political
question is highlighted and its extreme diversity as concrete situations for study and
intervention is demonstrated. Through situating violence as related to collective,
Departamento de Medicina Preventiva.
Faculdade de Medicina. Universidade de interpersonal and self-reported individual dimensions, and taking it to be intentional
São Paulo. São Paulo, SP, Brasil acts of physical force or power, resulting in physical, sexual or psychological abuse,
and in negligence or deprivation, the studies examined mostly demonstrate a concern to
respond to the widespread sense that violence is invisible, naturalized and inevitable. In
Correspondência | Correspondence:
Lilia Blima Schraiber order to do it, the studies show the high magnitude of violence, and the possibilities for
Faculdade de Medicina - USP controlling violence and attending to the multiplicity of harm to health. The initial
Av. Dr. Arnaldo, 455 sala 2245 approaches flow from a theoretical-methodological point of view related to social
01246-903 São Paulo, SP, Brasil
E-mail : liliabli@usp.br inequalities, family maladjustment, gender inequalities and, less frequently, race or
ethnic inequalities. These imply reconstruction of the classical concepts of family,
Recebido: 12/5/2006 generation and social class. In conclusion, this problem is considered to be
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interdisciplinary and, returning to the notion of social-medical matters within Social


Medicine, updating of this notion is recommended for topics that are as complex and
sensitive as violence.

KEYWORDS: Violence. Domestic violence. Spouse abuse. Child abuse.


Elder abuse. Intimate partner violence.

INTRODUÇÃO temporâneas em manter a socialidade diante do domí-


nio crescente da violência. A violência é identificada
No plano internacional e nacional, a violência é re- atualmente nos espaços públicos e privados, nas rela-
conhecida como questão social e de saúde pública. É ções institucionais, grupais ou interpessoais, em tem-
considerada mundialmente violação de direitos, em- pos de guerra ou de suposta paz. Não há elementos
bora com expressões variadas em diferentes contex- suficientes para lidar com domínio tão amplo, alimen-
tos. Debate-se, contemporaneamente, a expansão de tado por interconexões ainda pouco conhecidas.
domínios da violência, de modo paradoxal com a
expansão dos direitos humanos e sociais. Da violên- Impasses para lidar com a liberdade no exercício de
cia do próprio Estado, tal qual nos crimes de guerra direitos sociais e humanos de forma conexa com
ou abusos e negligências de suas instituições, esten- correlatos compromissos sociais e responsabilida-
de-se às situações de caráter interpessoal no mundo des éticas e civis constituem o centro dessa crise e
privado. Não bastará para seu controle apenas apelos estão expressos por um paradoxal alargamento da
aos sensos de responsabilidade ética e social dos in- noção de direitos, configurado, em termos práticos
divíduos. Trata-se, antes, da redefinição desses sen- pelo borramento de limites em seu exercício, a par
sos, do ponto de vista moral e legal. de uma grande expansão desses direitos. Isso ocorre
porque esse exercício vem sendo desconectado da
Essas considerações apontam para a conexão de qual- esfera relacional e situado cada vez mais como ques-
quer das aproximações que se faça da violência com tão individual, silenciando as contrapartidas
os direitos humanos e sociais, da perspectiva juridica relacionais: os deveres e os compromissos. Confun-
e ética. Igualmente apontam para a necessidade de re- de-se a realização de direitos com a satisfação de
fletir sobre a maior aproximação das violências, en- desejos individuais.
quanto esferas de conhecimento e intervenção social.
Nessa equivalência o outro pouco importa, associan-
Da perspectiva da saúde, mapeou-se de forma não do-se a liberdade de exercício de direitos à coisifica-
exaustiva os estudos sobre violência, com o objetivo ção desse outro, ruptura interativa que fundamenta
de apresentar o movimento produzido ao agregarem as violências. Estabelece-se um agir de ambivalência
referências de gênero, raça/etnia e ciclos de vida, en- ética, perpassado por valores móveis, substituindo
quanto domínios específicos de vulnerabilidades, aos escalas de valores, delimitadas e definidas, por uma
tradicionais marcos da desigualdade social, pobreza, agenda de valores fluída, maleável conforme as opor-
estruturação da família ou grupos etários. tunidades (quase sempre de mercado) e, pois, sem
possibilidade de permanência no tempo. Trata-se de
Abordou-se o incremento da produção científica e as uma “adoção” de valores adaptável aos desejos e ao
mudanças ou ampliações do olhar que se aproxima próprio alargamento do que venham a ser ou não di-
da violência como questão de conhecimento e inter- reitos. Esse movimento acompanha o estabelecimen-
venção, levando-se em conta a perspectiva de tomar to a partir dos anos 80, da era dos desmoronamen-
a violência como tema complexo e sensível, confi- tos,19 com a falência de políticas e intervenções pro-
gurando uma atualização da temática dos objetos tetoras exatamente dos direitos conquistados.
médico-sciais em saúde, em resgate histórico da ela-
boração que foi operada pela medicina social na saú- Por isso, é relevante apontar o movimento de organis-
de coletiva.11 mos internacionais como a Organização Mundial da
Saúde (OMS), ao publicar, em 2002, o Relatório
VIOLÊNCIA E SAÚDE: PANORAMA GERAL Mundial sobre Violência e Saúde.21 O movimento in-
ternacional, de um lado, torna público e mundial o
Uma primeira questão pode ser posta como crise da problema da violência, ampliando o debate e permi-
sociabilidade. Trata-se de falência dos processos vi- tindo a construção de referências para os diversos
gentes de socialização, dada pelas dificuldades con- movimentos regionais. De outro lado, valoriza e re-
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significa o problema violência, além de conferir um integrações com a justiça, a segurança pública, a edu-
todo à problemática: unifica-se a violência enquan- cação ou a assistência social, na produção científica,
to questão a ser enfrentada, ao mesmo tempo que se remete para a construção de referências interdiscipli-
definem as distintas violências enquanto diversida- nares, fundamentando bases de cooperação entre as
des dessa questão plural. práticas e de solidariedade entre as disciplinas.

O Relatório reorienta o modo tradicional de tratar diag- Ao definir violência como “uso intencional da força
nósticos de saúde das populações, destacando das física ou do poder, real ou em ameaça, contra si pró-
mortes por causas externas aquelas por violência, que prio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma
são os homicídios e os suicídios, além de associá-los a comunidade, que resulte ou tenha a possibilidade de
dados de morbidade. Essa reorientação foi acompa- resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiên-
nhada da assunção de novas possibilidades de aproxi- cia de desenvolvimento ou privação” destaca a
mação do problema, surgindo, ao lado das sempre re- intencionalidade do ato violento, excluindo os inci-
feridas desigualdades socioeconômicas, outras iniqüi- dentes não intencionais. Inclui o uso do poder, exem-
dades. Dessas, as mais freqüentes são as de gênero, e plificado por ameaças de agressões ou intimidações
raras, ainda que pertinentes, as de raça/etnia. Esse ou- e por negligências e omissões.
tro olhar é pautado por críticas a conceitos tradicio-
nais explicativos da violência: família, geração, clas- No entanto, o Relatório pouco esclarece o próprio con-
se social ou identidades de bases nacionais, que pare- ceito de poder, confundindo-o com o de violência, mui-
cem, agora, insuficientes para lidar com o problema. tas vezes levando à crença de que a violência seja parte
inexorável do poder. Reitera-se inadvertidamente, des-
As definições da OMS sintetizam muitas das realiza- se modo, a inevitabilidade da violência que se quer
ções e também influenciam o campo da saúde em recusar. Outra confusão possível é, ao revés, inviabilizar
quase todos os países do mundo. Não se pode desco- a concepção de poder como relações não violentas, obs-
nhecer, pois, seu impacto simbólico e nas interven- curecendo igualmente o papel da responsabilidade so-
ções que passa a evocar. E nisto, não se desconhece a cial intrínseca a essas ações de poder.42
grande contribuição dos vários movimentos sociais e
ações militantes nesta direção. O Relatório propõe, ainda, o reconhecimento da imen-
sa parte invisível da violência que não resulta em
Vale, assim, explorar um pouco melhor esse Relató- mortes ou lesões graves, mas oprime e gera danos
rio Mundial. físicos, psicológicos e sociais nos indivíduos que se
encontram submetidos de forma crônica aos abusos.
A colocação mais ampla é a violência como desafio É o caso das violências domésticas e intrafamiliares,
universal, dispondo o Relatório como “instrumento com agressões físicas, sexuais e psicológicas, além
contra os tabus, segredos e sentimentos de inevitabili- da privação e negligência, que acometem, sobretu-
dade que a rodeiam”.21 Pontua-se como empreendi- do, mulheres, crianças e idosos.
mento contra a invisibilidade da violência e sua acei-
tação como fato corriqueiro, a que “mais deveríamos Estimou-se em 2000, a taxa de 28,8 mortes violentas
responder do que prevenir”. Aloca-se a serviço do cam- por 100 mil habitantes, em índice mundial ajustado
po da saúde, criticamente respondendo à usual aceita- por idade. Do total dessas mortes, 49,1% foram suicí-
ção da violência como questão essencialmente atinen- dios, 31,3% homicídios e 18,6% resultado de guer-
te “à lei e à ordem”, restando aos profissionais da saú- ras. Países de menor renda representaram 91,1% do
de lidarem apenas com suas conseqüências. Chama, total dessas mortes, concentrando os homicídios.
pois, à responsabilidade de também se preocuparem e Também variam por sexo e idade: 77% dos homicí-
intervirem, posicionando-se no combate à violência, dios ocorrem entre os homens e sua taxa é mais que
os profissionais e cientistas da saúde, em conjugação três vezes a das mulheres, sendo maior nas faixas etá-
com os outros setores das sociedades. Define, assim, a rias de 15-29 anos (19,4 por 100 mil) e 30-44 anos
interdisciplinaridade, no conhecimento, e a interseto- (18,7 por 100 mil); 60% dos suicídios também ocorre
rialidade e ações em equipes multiprofissionais, nas entre homens, taxa que aumenta com a idade, sendo,
intervenções, como temas urgentes para as ciências, as na faixa etária de 60 anos e mais, duas vezes maior
políticas e os programas assistenciais. que a das mulheres (44,9 por 100 mil frente a 22,1 por
100 mil das mulheres).21
É evidente a aliança, no plano ético-político, e a
intersecção, no plano dos saberes e das práticas, pro- Se tomados da perspectiva da violência não fatal,
movida entre saúde e direitos humanos e sociais. E se diversos autores apontam que os dados apresentam
isso repercute nos serviços de saúde, na busca de grandes dificuldades nas comparações e variabilida-
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de em suas mensurações. O que se conhece é fruto de raro nas pesquisas. Questões de gênero ou de raça/
inquéritos sobre ocorrências referidas pelos indiví- etnia são inexploradas neste grupo populacional.
duos estudados, produzindo subestimativas das agres-
sões ou abusos, como no caso da violência contra a Relativamente às crianças, chamam a atenção as al-
mulher,17 crianças e idosos.21 tas taxas de mortalidade, também desiguais pelos
países e por sexo.21 A taxa de homicídio de zero a
De um lado, reconhece-se que a invisibilidade da vio- quatro anos (5,2 por 100 mil) é mais que o dobro que
lência aumenta em países cuja cultura aceita esta for- aquela de crianças entre cinco a 14 anos (2,1 por 100
ma de resolver conflitos, especialmente domésticos, mil). Para crianças menores que cinco anos, a taxa de
introjetando a fatalidade da violência das relações homicídio em países de alta renda é de 2,2 por 100
interpessoais na vida privada, ou, até punindo com a mil meninos e 1,8 por 100 mil meninas, sendo que
morte a vítima da violência. Este é o caso das mortes em países mais pobres são duas a três vezes maiores
de mulheres que sofreram estupros, justificadas em (6,1 por 100 mil meninos e 5,1 por 100 mil meninas).
nome da honra da família.17,50 Reitera-se aqui a ocorrência maior dessa violência
em meninos. Quanto à morbidade, as crianças mais
De outro lado, ainda que análises que tratem da di- jovens estão mais expostas à violência física (75%
mensão étnica das violências sejam muito raras, há nas Filipinas a 47% nos Estados Unidos, em relato
questões propriamente étnico-culturais. Um exemplo dos pais), enquanto que os adolescentes à violência
está na polissemia do termo violência nas distintas sexual, calculando-se que cerca de 20% das mulhe-
culturas, bem como as distintas possibilidades con- res e 5% a 10% dos homens sofreram abuso sexual
textuais de sua revelação.12,42 quando crianças. Desigualdades sociais e questões
de gênero estão, pois, também implicadas na violên-
Disto resulta uma grande variação nas taxas encontra- cia contra crianças e adolescentes.
das. Como exemplo citamos a violência física por par-
ceiro íntimo contra a mulher e que constitui seu prin- Por fim cabe comentar, pelo que representa social-
cipal agressor. Estudos independentes mostram a va- mente, a violência juvenil (10 a 29 anos). Referida
riação de 21% na Holanda e Suíça, 22% nos Estados pelo próprio Relatório Mundial como a mais visível
Unidos, 29% no Canadá, 34,4% no Egito, a 40% na das violências é também peculiar, pois os jovens são
Índia,17,50 variação que poderia ser atribuída às dife- os principais agressores e vítimas. Seus estudos são
renças de desenhos e amostras. Contudo, estudo com- os que mais apontam para a articulação das violên-
parativo de 15 regiões de 10 países, incluindo o Brasil cias fatais e não fatais; as do espaço público com as
com duas regiões – o Município de São Paulo (SP) e a domésticas; as de tipo interpessoal com as coletivas.
Zona da Mata de Pernambuco (ZMP) – e valendo-se Ter experimentado violência na infância, pertencer a
do mesmo questionário, aplicado sempre a mulheres gangues e ter acesso a armas, viver sob guerra prolon-
de 15 a 49 anos, com padronização de treinamento das gada e em condições de exclusão social e grande po-
pesquisadoras e definição de amostras, apresenta uma breza, são situações que aumentam os índices dessa
variação de 13% (Okahama, Japão) a 61% (Cuzco, violência, os maiores na América Latina e África e
Peru), situando-se a maioria das regiões entre 23% a menores entre países do Leste Europeu.21
49%.12 O Brasil compõe este grupo majoritário: SP
apresenta a taxa de 27% e a ZMP de 34%.12,42 Assim, o A partir desse panorama geral , cabe considerar a pro-
estudo acrescenta às variações entre países, aquelas dução brasileira em violência e saúde.
dentro do mesmo país, como no caso brasileiro.
VIOLÊNCIA E SAÚDE EM ESTUDOS
Uma grande superposição das violências física, sexual BRASILEIROS
e psicológica tem sido encontrada, o que também se
deve esperar das violências contra crianças e idosos. Dados sobre a produção brasileira sobre violência e
saúde foram levantados, na primeira semana de abril
No caso das crianças, primeira modalidade de vio- de 2006, a partir da SciELO – Scientific Electronic
lência a ser estudada desde os anos 60,42 há acúmulo Library Online, que indexa, dentre outras, as princi-
de informações, o que não se verifica para os idosos, pais revistas brasileiras no campo da saúde coletiva.
alvo de pesquisas apenas na última metade dos anos Foram encontrados 234 artigos, publicados de 1980
90. O Relatório Mundial com dados de apenas cinco até 2005, ano que sozinho perfaz 20% dessa produ-
levantamentos em países desenvolvidos, estima que ção. Há um primeiro impulso a partir de 1994, com a
de 4% a 6% da população idosa experimenta alguma publicação de suplemento dos Cadernos de Saúde
forma de abuso doméstico. Entre idosos há que se Pública29 referência para o tema. Um segundo impul-
considerar, ainda, os maus-tratos em instituições, tema so é verificado a partir de 2002.
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Com base na leitura dos resumos, foram selecionados dência de análise espacial da mortalidade, em abor-
108 artigos que se referiam à saúde e tratavam da dagem de uma violência do urbano relacionada às
realidade brasileira. As considerações que seguem desigualdades na ocupação das cidades.
estão baseadas nessa produção, acrescidas de alguns
estudos complementares considerados fonte de da- Outra questão que surgiu no período foi o foco mais
dos originais relevantes. detalhado nos homicídios masculinos entre jovens.
Estudo realizado em diferentes estados e capitais bra-
Nos estudos nacionais verificou-se a tendência in- sileiras mostrou, em 2000, um crescimento geral das
ternacional: os primeiros estudos tratam de dados taxas de homicídios no País, com valores entre 11,83
de mortalidade por causas externas. Essa mortalida- por 100 mil habitantes em Salvador a 67,4 por 100 mil
de atinge mais indivíduos do sexo masculino e, por- habitantes em Recife, denotando diferenças significa-
tanto a face mais explicativa dos estudos volta-se tivas do risco de morrer nas cidades brasileiras.35
para a relação homens-homicídios, mediada pela
questão ‘causas externas’. Quer a distinção da vio- Esse enfoque, repetido por outros estudos no período,
lência, quer a abordagem de gênero situam-se a par- tem como principal referência análises apoiadas no
tir do final dos anos 90.22,25 conceito de violência estrutural, violência no e do es-
paço público perpassada pelas desigualdades sociais,
Na década de 90, a maioria dos estudos baseou-se na ou segundo a tipologia da OMS, violência interpessoal
premissa de que a violência vem crescendo, já que de base comunitária.21 Macedo et al23 sintetizaram os
desde 1980 as causas externas passaram a ocupar o principais determinantes dessa violência: “(....) cresci-
segundo lugar entre as causas de morte no país. São, mento das desigualdades socioeconômicas; baixos sa-
pois, as causas externas que dão nome e presença à lários e renda familiar que levam à perda do poder
violência, marcada enquanto violência entre homens. aquisitivo; ausência de políticas públicas integradas e
condizentes com as necessidades da população em re-
Na primeira parte da década, os estudos buscavam lação à saúde, educação, moradia e segurança; priori-
caracterizar a magnitude e importância dessas causas dade no desenvolvimento econômico em detrimento
de morte em relação às demais, discutindo taxas e do social, com sacrifício para a população e maior ônus
anos de vida potencialmente perdidos, estratificados para os pobres; e intenso apelo pelo consumo,
por grupos de causas, sexo e idade.26,38,46 conflitando com o empobrecimento do país”. Somado
a tais fatores, tem-se, especialmente nas regiões metro-
Surgiu uma das primeiras sistematizações explicativas politanas, a consolidação do crime organizado.
em torno da noção de violência, entendendo-a enquan-
to processo de causas múltiplas e causalidade não-line- Todavia, as abordagens possíveis, quer como violên-
ar, de natureza e características específicas e gerais, micro cia da delinqüência,29 quer das questões de gênero
e macrossociais, que se diferenciam e se articulam.46 entre pares masculinos,43 ou da questão étnico-racial,3
Esse argumento coaduna-se com as referências concei- não aparecem significativamente.
tuais de Minayo29 e suas categorias violência “estrutu-
ral”, “da resistência” e “da delinqüência”. Foi também entre 2000 e 2005 que ganharam maior
visibilidade os estudos das causas externas com base
Na segunda parte da década, o número de publica- em dados de morbidade. Alguns se destacam pela
ções decresceu. Foram, entretanto, significativas pela combinação de dados de mortalidade e morbida-
mudança de enfoque. Barata et al2 focalizaram os seg- de.15,24,47 Em 2000, as causas externas representaram
mentos de adolescentes e adultos jovens, de ambos 5,2% do total das internações realizadas no País.15
os sexos, em São Paulo, recorrendo à análise da corre-
lação entre condições de vida e taxas de homicídios. Chama a atenção estudo que, usando a categoria gê-
O marco analítico utilizado foi o da violência estru- nero, tomou a violência como traço constitutivo da
tural, resultante da metropolização, da deteriorização masculinidade, e tornou os homens vilões e vítimas
urbana e das desigualdades nas condições de vida. da violência:47 com dados referentes às causas exter-
nas, para Brasil e capitais, de 1991 a 2000, mostrou-
O período 2000-2005 apresentou crescimento do se que, nos homicídios, o risco foi de quase 12 óbitos
número de publicações em saúde. Pesquisando, em masculinos para cada morte feminina.
sua maioria, cidades específicas, tratam do aumento
da mortalidade por causas externas, produto, sobre- Os agrupamentos etários nos estudos de morbi-morta-
tudo, da taxa de homicídios, evidenciando ser este lidade por causas externas, como vimos, têm privile-
um dos maiores problemas atuais da saúde públi- giado as populações masculinas, especialmente as mais
ca.10,13,31,40 Nesse conjunto de estudos, sobressai a ten- jovens. Tal investidura se justifica por sua magnitude e
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gravidade entre essas populações. Não se pode deixar direitos individuais dos sujeitos envolvidos com a
de destacar duas referências a mortes e internações entre defesa da família e sua integridade. O tema família
idosos, encontradas nesses estudos mais gerais de foi pouco presente na produção científica acerca das
causas externas. Uma delas,14 apontou que a mortali- violências atinentes às mulheres, mas quase obriga-
dade das pessoas com 60 anos ou mais por causas ex- tório no campo das crianças e adolescentes, em que
ternas foi de 92,1 por 100 mil habitantes (135,3 por pais e mães foram lembrados como agressores e sujei-
100 mil para homens e 56,8 por 100 mil para mulhe- tos fundamentais de intervenção.
res) em 2000. Em termos de morbidade, o estudo reve-
lou que a maioria das internações decorreu de lesões e Pobreza e desigualdade social foram importantes re-
traumas provocados por quedas e atropelamentos. O ferências, sendo lembradas e relativizadas em sua ar-
outro estudo,30 tomando o período 1980-1998, apon- ticulação com os temas família e gênero.6,7 Etnia e
tou que dentre as causas externas, as que mais vitima- raça foram temas ausentes na discussão em ambos os
ram idosos foram acidentes de trânsito e transporte, campos. Quando citada, essa questão apareceu nos
quedas e homicídios. Focalizando esta última no con- planos para futuros estudos ou para caracterizar a
junto das causas, observou-se um crescimento de 7,2%, amostra estudada, sendo pouco utilizada na análise.
em 1980, para 9,6%, em 1998. Nos poucos casos em que cor da pele foi variável
analisada, ela não apresentou associação com as for-
Nesses estudos as violências são tratadas como ques- mas de violência estudadas.44
tão do cotidiano das famílias, das instituições e do
social. Não aparecem abordagens como gênero ou Chamou atenção a virtual ausência de trabalhos que
raça/etnia. analisassem em maior profundidade a prevenção da
violência e o papel da saúde nesse tema. O único
Com presença bem maior que o segmento de idosos, artigo encontrado discute a ausência dessas políticas
foram localizados estudos sobre mulheres, de um lado, no setor público de saúde, em Fortaleza.37
e crianças e adolescentes, de outro. Os primeiros arti-
gos desses dois campos foram publicados em 1994.29 As metodologias utilizadas nos estudos sobre mu-
Assim, ainda que anteriores aos estudos de idosos, lheres, crianças e adolescentes foram variadas, apre-
são bastante recentes. sentando-se como análises quantitativas para a iden-
tificação das ocorrências e definição de fatores asso-
Esses dois campos, apesar não se referirem mutua- ciados, e qualitativas, no estudo das representações
mente, possuem pontos em comum: a preocupação de mulheres e profissionais. Vários estudos combina-
em dar visibilidade ao problema, as altas taxas en- ram essas metodologias, indicando a complexidade
contradas e as dificuldades de profissionais de saúde do objeto e a inovação de abordagem.
lidarem em seu cotidiano com a questão. A grande
maioria são estudos em serviços especializados no Focalizando a violência contra a mulher, destacaram-
trato à violência e serviços de saúde, pesquisando se dois artigos enquanto referências desse campo,16,18
prevalências, a natureza das violências e os agressores. sendo as desigualdades nas relações de gênero con-
Também exploram questões como: registros e notifi- cepção central e presente desde esse momento mais
cação, avaliação do serviço, relatos de experiência inicial dessa produção. As violências sofridas pelas
ou propostas e críticas às práticas de intervenção. A mulheres são explicadas a partir das condições histó-
necessidade de equipes multiprofissionais, a interse- ricas e sociais de construção relacional do feminino e
torialidade e a defesa da violência como problema de masculino, gerando atributos, posições e expectati-
saúde pública, entrelaçado com o cuidado e a preser- vas diversas para os sexos em relação à sexualidade,
vação dos direitos humanos e sociais, foram argu- inserção no núcleo familiar, trabalho e espaço públi-
mentos constantes. Referências a leis, convenções, co, engendrando formas de violências específicas:
estatutos e outros regulamentos e tratados interna- no espaço privado, aquelas contra mulheres; no es-
cionais em que o Brasil é signatário também foram paço público, contra homens.16 Essa repartição dos
citados no conjunto desses trabalhos. espaços de violência e o apelo à abordagem de gêne-
ro também nos estudos sobre homens foram aponta-
Nos estudos sobre violência contra a mulher, deu-se dos desde essas primeiras publicações. Contudo, es-
grande relevância à noção de gênero, utilizada em tudos com homens nessa perspectiva de gênero so-
parcela reduzida dos estudos relativos a crianças e mente apareceram no final do período.43
adolescentes. Os dois campos utilizaram os termos
violência doméstica ou intrafamiliar, mas a aproxi- A própria denominação violência de gênero tem sido
mação e ênfase à idéia de família diferiram bastante, de uso inconstante. A imprecisão dos termos tem se
assim como foi tensa a composição da defesa dos mantido e, embora gênero seja categoria fundamental,
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pouco se trabalha a perspectiva diretamente relacional combinadas da violência contra a criança e contra a
da violência. Também as diferenciações entre poder e mãe, no interior da família.27,32
violência nas relações de gênero são esparsas.
Estudos das prevalências da violência contra crian-
A maioria dos estudos sobre a violência contra a ças e adolescentes tomaram por base as escolas, apro-
mulher foi realizada em serviços de saúde, unidades ximando-se de estudos populacionais. Um deles, em
básica de saúde,20,41 hospitais,8 maternidades28 e emer- Porto Alegre, encontrou 2,3% de relato de violência
gências.44 Restringiram-se às clientelas ligadas ao sexual, 4,5% de testemunhas deste tipo de violência
Sistema Único de Saúde. Apresentam-se, principal- e 27,9% de adolescentes que conheciam alguma víti-
mente, “violência contra a mulher”, alguns delimi- ma de violência sexual, entre 1193 estudantes de oi-
tando-se à violência doméstica8 e outros, à violência tava série de escolas estaduais.36 Outro, em São Pau-
por parceiro íntimo.1,20 Até 2005 o único estudo po- lo,5 com 993 jovens (12-18 anos) da rede estadual e
pulacional publicado apresentou a temática violên- 815 da rede privada, encontrou 8,6% deles relatando
cia contra a mulher como parte de investigação sobre tentativa de suicídio, 7,9% agressão contra si ou ter-
a mulher,49 mostrando que 43% das brasileiras decla- ceiros e 4,8% portando arma de fogo.
raram ter sofrido violência por homem alguma vez na
vida, 33% alguma forma de violência física, 13% se- CONSIDERAÇÕES FINAIS
xual e 27% psicológica.
Tomando o conjunto das considerações feitas, desta-
Os estudos em serviços apontaram taxas mais altas: cam-se a diversidade de abordagens e algumas im-
entre 36% a 45% de violência física ao menos uma portantes ausências. Essas se referem a segmentos
vez na vida e entre 9% a 19% de sexual,20,41,44 sendo o populacionais específicos e enfoques relevantes que
parceiro o agressor mais freqüente. A violência na deixaram de ser tratados, como raça/etnia e mesmo
gravidez foi estimada em 7,4%.28 gênero. Se de um lado, isto mostra a complexidade
do próprio tema violência, cujas expressões concre-
A superposição das formas física, sexual e psicológi- tas e particulares exigem grande dispersão de trata-
ca foi apontada, prevalecendo as formas combina- mento, de outro lado, entende-se que os estudos so-
das: a violência física com a psicológica e a violên- bre violência e saúde encontram-se, ainda, em mo-
cia sexual com a física.20,41 mento inicial de sua produção.

Estudos que abordam violência sexual contra a mu- A preocupação em dar visibilidade, a ênfase nas
lher centram-se na qualidade dos serviços que as aten- magnitudes ou as dificuldades de se tornar questão
dem e nas representações de profissionais e mulheres para o campo da saúde parecem concentrar a maio-
sobre o aborto legal.33,45,48 No entanto, esses serviços ria dos esforços atuais. Isso desloca, ainda que mo-
tendem a receber, sobretudo, casos de violência come- mentaneamente, empreendimentos do exame dos
tida por estranhos, identificáveis ou não. Estes casos condicionantes das violências, sobretudo relacio-
são bem distintos da violência sexual nas relações con- nados aos impasses, de início levantados, de lidar
jugais, sendo esta a mais freqüente e mais invisível.6 com direitos e compromissos, liberdades e ética, si-
multaneamente.
No que tange ao segmento crianças e adolescentes,
os estudos também foram locados em serviços espe- As pesquisas realizadas certamente contribuem para
cializados e atendimento a vítimas de violência (abri- a progressiva compreensão do problema da perspec-
gos, centros de atendimentos de denúncias ou de re- tiva concreta e particular das situações estudadas.
ferência). Sua clientela, portanto, é toda composta de Também, em certa medida, contribuem à compreen-
vítimas de violências. Sem ser de prevalência, esses são de suas participações na socialidade de modo
estudos mostraram diferenças por sexo e idade das geral. Contudo, uma abordagem mais direta nessa
crianças e adolescentes agredidos, apontando, em sua última direção se faz premente, expandindo a ainda
maioria, maior freqüência de agressões sexuais con- tímida construção crítica de concepções e conceitos
tra meninas39 e de violência física contra meninos.4,7 clássicos que, nos estudos sobre violência, podem
Apontaram as mães como agressoras principais da obscurecer aspectos importantes das relações inter-
violência física, seguida do pai. subjetivas, das relações de poder e do exercício con-
comitante dos direitos.
Na violência sexual, bastante estudada, pais e pa-
drastos foram os principais agressores. A crítica da Quer por este plural que violência significa, quer
família e análise a partir do referencial de gênero es- pela radical experiência humana que representa, na
teve pouco presente, encontrando-se raras abordagens anulação de sujeito, quer, ainda, pela exposição de
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espaços e momentos de grande intimidade e priva- sos de drogas, por exemplo), mais conexos ao desen-
cidade de cada qual, entende-se que não há como volvimento da saúde do que respostas às doenças.
progredir em seu estudo sem tomá-la como objeto
complexo e sensível. Isto remete à solidariedade das O termo médico-social, cunhado na medicina social,
disciplinas, e não suas competições, e exige parti- representou a necessidade de se criar uma área que se
cular aproximação científica, em que metodologia ocupasse dos aspectos sociais relacionados ao pro-
se combina com ética. cesso saúde-doença e aos serviços de saúde. Teve por
intenção questionar a redução que naturaliza o soci-
Do tradicional debate entre as ciências da natureza (e al, reproduz a interpretação medicalizante do adoe-
sua forma de objetivação do evento em estudo) e as cimento e das intervenções em saúde, submetendo o
ciências do humano e do social, em que se situa o conhecimento científico à supremacia da biologia e
campo da saúde coletiva, cunhou-se a perspectiva toda prática em saúde à supremacia da clínica, com
interdisciplinar de temas tanto médico–sanitários todas as implicações que acarreta em termos do mo-
quanto sociais. Diante disso, destaca-se, em releitura delo de assistência e de trabalho em saúde.9,34
histórica da referência que já serviu à saúde coletiva
para postular a integração médico-sanitária, o con- O estudo da violência reclama, agora, sua atualiza-
ceito de ‘objetos médico-sociais’, designação em que ção, pelas exigências éticas em suas metodologias,
certamente reconhecemos a violência, assim como pelo pluralismo desse objeto e pelo relacional da in-
outros temas (os exercícios da sexualidade ou os abu- teratividade humana que lhe é inerente.

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