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Érika Merlin
Graduanda em Engenharia Civil nas Faculdades Integradas de Cacoal - UNESC
Juliema Fronczak
Graduanda em Engenharia Civil nas Faculdades Integradas de Cacoal - UNESC
Lucas Ferreira de Melo Machado
Orientador, mestre em Engenharia Civil e professor nas Faculdades Integradas de Cacoal – UNESC
INTRODUÇÃO
A abertura de fissuras em estruturas de concreto armado é um problema antigo, devido as
suas próprias características de deformações, podendo ou não, acarretar alterações nas
estruturas.
Devido ao surgimento corriqueiro, tal patologia tem ganhado destaque na construção civil.
Segundo Dal Molin (1988, p. 1), dentre os fatores responsáveis, tem-se a utilização
demasiada da resistência dos materiais, bem como, aplicação de uma mão-de-obra não
qualificada. Para a Alconpat int. (2013, p. 3), sendo o concreto um material não homogêneo,
se não empregado um nível de controle adequado de qualidade nas etapas de projeto,
execução e manutenção, este, torna-se suscetível a apresentar desempenho aquém para o
qual foi projetado.
De acordo com Dal Molin (1988, p. 2), o estudo e identificação dos fatores e/ou causas que
acarretam as fissuras é complexo, pois envolve o conhecimento de múltiplas disciplinas.
Além disso, é de extrema importância não apenas para o viés econômico, evitando perdas
de materiais ou gastos excessivos com reformas, mas também, visando o conforto do
usuário acerca dos problemas estruturais e durabilidade das edificações.
METODOLOGIA
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XIV Jornada Científica das Faculdades Integradas de Cacoal - UNESC 1
A presente composição, é resultado de pesquisa bibliográfica, onde consultou-se livros,
artigos científicos e manuais técnicos da área em questão, de forma a tornar claro e objetivo,
todos os dados e informações aqui apresentados.
Dentre essas, tem destaque as fissuras, principiada pela atuação de tensões nos materiais.
Quando essa solicitação ultrapassa a capacidade resistente do material, a mesma, surge
como um meio de aliviar tais tensões, além, de constituir-se em um meio de entrada de
diversos agentes agressivos.
Retração
A retração do concreto, é a variação imprevista do volume da peça principalmente pela
evaporação da água de amassamento (água empregada no preparo do concreto). Esta, pode
acontecer em diferentes estágios e independentemente de haver carregamentos externos ou
ações, pode ser irreversível.
Existem alguns fatores que contribuem para a retração do concreto, como a utilização de um
cimento de maior resistência ou de endurecimento mais rápido. A relação água e cimento
também colabora para o aumento ou a diminuição de fissuras, sendo que quanto maior a
quantidade de cimento, maior será a possibilidade de ocorrência.
Dessa forma serão apresentadas formas de retração sobre as peças de concreto armado,
sendo elas: Retração Plástica, Retração Hidráulica, Retração Autógena e Retração por
Carbonatação.
Retração plástica
A retração plástica ocorre no estado fresco do concreto, ou seja, antes do final da pega em
superfícies horizontais, tendo como possíveis fatores, a temperatura e a umidade relativa do
ar, velocidade do vento e volume da área exposta. O fenômeno, é devido ao movimento dos
agregados (graúdo e miúdo), que deixam de participar como um todo na peça e descem para
o fundo, fazendo com que a água não exerça sua real função. A água sobe e esse processo se
chama exsudação, surgindo tensões internas com a evaporação, e consequentemente
causando a retração.
Retração hidráulica
Diferentemente da retração plástica, a retração hidráulica ou por secagem, ocorre após o
tempo de pega, pois mesmo no estado endurecido o concreto continua a perder água para o
meio. Geralmente, a retração hidráulica acontece pelo excesso de água no concreto, afim de
se obter uma melhor trabalhabilidade, ou seja relação a/c, cura e teor dos agregados. A água
capilar, água absorvida e a água interlamelar, são fatores que causam a retração, tendo como
consequências, à variação do volume, empenamento da peça e também diversos níveis de
fissuras.
Retração autógena
Comum em concretos de auto desempenho, a retração autógena ocorre devido à baixa
relação a/c, podendo ser influenciada também, pela geometria da peça, natureza do inerte,
granulometria, entre outros fatores. Segundo a definição de Rodrigues (2009), a partir do
momento que a água vai sendo consumida, começam a surgir forças capilares nos poros,
dessa forma, quanto menor for a relação a/c, menor serão os diâmetros dos poros formados
e todavia, maior serão também, as tensões capilares, mesmo que não haja perda de água
para o ambiente.
Temperatura
Um aspecto muito importante, que compromete a vida útil das estruturas de concreto
armado, é o efeito da temperatura, que tem a capacidade de estimular os processos
químicos, como por exemplo, a ocorrência de corrosão das armaduras (FIQUEIREDO,
1994). Segundo Santos (IBRACON, 2014), fissuras por efeito de temperatura, acontecem
em maiores proporções em peças de grandes dimensões e estruturas de concreto de alto
desempenho, podendo acarretar o seccionamento de uma peça estrutural em função do
elevado calor de hidratação.
Uma solução para evitar esse tipo de fissuração, é a adição de plastificante durante o estado
fresco, com a finalidade de deixar o concreto mais trabalhável e com uma menor quantidade
de água. Todavia, tal ação diminui a sua resistência mecânica, não requerendo para tanto,
aumentar a quantidade de cimento para se obter a resistência inicial (fck).
Fenômenos químicos
O concreto armado pode sofrer alguns processos de deterioração, ocasionados por reações
químicas, como por exemplo: ataque por sulfato, reação álcali-agregado, hidratação de MgO
e CaO Cristalinos. Geralmente propiciado por peças que não respeitam o cobrimento
nominal das estruturas, conforme sua classe de agressividade descrita na NBR 6118
(ABNT, 2014).
Assentamento plástico
Enquanto o concreto é lançado, devido ao efeito da gravidade, bem como, do excesso de
movimentação das fôrmas, as partículas sólidas tendem a direcionar-se para baixo,
Deslocamentos impostos
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 1996), o termo recalque pode ser elucidado como, o
movimento perpendicular descendente de um elemento estrutural. Dentre os casos, obtém
destaque quando da ocorrência de fissuras, o recalque de fundação. De acordo com Corsini
(2010), entre as principais causas do mesmo, estão a variação do teor de umidade dos solos
argilosos, deficiente compactação de aterros e heterogeneidade dos solos, do mesmo modo
que, os próprios elementos de apoio. As fissuras ocorrem a partir da perturbação
provocada, gerando um esforço de tração, a qual favorece a abertura das mesmas.
A Norma Brasileira NBR 6118 (ABNT, 2014), na seção 13.4.2, estabelece que, os limites
máximos para a abertura de fissuras, quanto a durabilidade, não exceda os valores de 0,2 a
0,4 mm. Essa limitação na abertura das fissuras, também se faz importante quando a estética
é levada em consideração. Principalmente porque, de acordo com Dal Molin (1988, p. 106),
aos olhos dos leigos, a mesma, quase sempre, constitui-se em um perigo real para a
construção.
O pior caso, é quando tal patologia atinge os elementos estruturais. Isso porque, a
deformabilidade dos mesmos, é responsável pela distribuição final dos esforços, bem como,
É importante que se faça também uma distinção entre os tipos de aberturas existentes.
Segundo o Boletim Técnico Alconpat int. (2013, p. 14), as fissuras passivas ou inertes, são
aquelas que não apresentam movimento no decorrer do tempo, diferentemente das ativas ou
vivas que o possuem. A obtenção de informações, pode ser obtida por meio de ensaios não
destrutivos, como: martelos, esclerômetros de reflexão, pacômetros e equipamentos de
ultrassom (DAL MOLIN, 1988).
Determinada a(s) causa(s) ou não (nem sempre a origem dos problemas será apontado com
absoluta certeza), deve-se definir as ações a serem executadas, levando em consideração a
eficiência e a durabilidade da solução adotada, aliada ao custo/benefício, do mesmo modo
que, da disponibilidade de tecnologia para a efetivação do serviço. Os métodos de correção
adotado, dependerá da gravidade do problema, sendo desde pequenos reparos e reforços em
vigas, pilares, lajes e fundações, até uma recuperação mais abrangente de toda estrutura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A manifestação de fissuras em concreto armado é um problema comum na construção civil,
e extremamente complexo. Isso porque, a sua ocorrência pode estar ligada não somente a
um, mais a múltiplos fatores e fenômenos, cujo reparo e/ou solução deve ser resultado de
uma observação e análise crítica de todas causas.
Não há, um método específico, seguro e totalmente eficaz na prevenção de fissuras, tornado
séria toda e qualquer tomada de decisão, já que envolve riscos inerentes a durabilidade,
estética e segurança da estrutura.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de
concreto. Procedimento. NBR 6118. Rio de Janeiro, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e execução de
fundações. NBR 6122. Rio de Janeiro, 1996.
BOTASSI DOS SANTOS, S. Revista Digital. Fissuras no concreto armado pode ser
decorrência do calor. Disponível em: < https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/fissuras-
no-concreto-podem-ser-decorrentes-do-calor_8579_0_1.htm >. Acesso em 24 ago. 2017.
CORSINI, R. Projetos: trinca ou fissuras. 160. ed. Téchne, 2010. Disponível em:
http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/160/trinca-ou-fissura-como-se-originam-quais-os-
tipos-285488-1.aspx.htm>. Acesso em 16 ago. 2017.