You are on page 1of 15

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA____VARA DO

TRABALHO DA COMARCA DE CAXIAS - MA.

CLAUDIO 0000000, brasileiro, casado,


vigilante, portador da carteira de identidade nº 0.00000 SSP-PI, Carteira de Trabalho
n.º 00000 serie 00000 e do CPF n.º 000.000.000-00, residente e domiciliado na
Avenida XXXXX Castro nº XX Quadra XX, Bairro XXXXX, na cidade de XXX XXXXX,
CEP: XXXXX-780, por intermédio de seu advogado e bastante procurador(a)
(procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua Jose Sales
Costa nº 329, Bairro Acarape, Cidade Teresina-PI, CEP: 64.003-760 onde recebe
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência
propor

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS E MATERIAIS

em desfavor de:
XXXXXXXXX S/A TRANSPORTADORA DE VAL E SEGURANÇA, pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º XXXXXXX-39, com sede na
Av.XXXXXX,Centro, XXXX XXXX - XX, pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos.

1
DOS FATOS

O Reclamante foi admitido aos seis das de


setembro de 2002 exercendo a profissão de vigilante pela empresa Nordeste
Segurança de Valores LTDA, sendo demitido aos seis dias do mês de maio de 2015
pela empresa XXXXXX S/A. A empresa XXXXX de XXXs LTDA foi adquirida pela XXXX
com seus ativos e passivos .

Desde 05 de março de 2012 a XXXXXX S.A.


assumiu o controle acionário e a completa responsabilidade sob todas as operações da
XXXXXX. De origem XXXXXXXXXXX, a XXXXXXXXX é uma das maiores empresas
do mundo em soluções globais de segurança presente em 15 países entre Europa,
Ásia e América Latina e com mais de 124.000 funcionários. Instalada no Brasil desde
1981, a companhia conta com mais de 30 mil colaboradores e atua em 18 estados
brasileiros e também no Distrito Federal.

De fato o reclamante passou a fazer parte do


grupo XXXXXXXX como vigilante lotado na Cervejaria XXXXXXXXXXXXXXX de
Cervejas e Refrigerantes S.A. XXXXXXXX. Localizada na cidade de XXXX – XXX,
com o ultimo salário no valor de R$ 991,28 (novecentos e noventa reais e vinte oito
centavos) contracheque em anexo, encontrando-se o contrato de trabalho interrompido
por impossibilidade de atuar como vigilante em decorrência de acidente de trabalho o
qual a será explicitado abaixo.
As atividades do reclamante consistia em: montar
guarda fixa na portaria, segurança interna e externa na Cervejaria com pouca
mobilidade pois não realizava ronda motorizada. Ocorre que no dia do sinistro
acidente, o reclamante foi obrigado pelo superior da vigilância a realizar vigilância
motorizada apesar de não possuir habilitação para conduzir motocicleta, mas foi
compelido pelo seu superior a realizá-la, pois temia em incorrer em desobediência e
posteriormente ser penalizado com demissão. O reclamante com relutância relatou ao
seu superior que não era habilitado e não possuía prática em pilotar motocicleta, mas
mesmo com esta argumentação o mesmo foi obrigado a pilotar a motocicleta com
relutância não lhe restando opção.

2
Ao realizar a ronda motorizada o reclamante ao
acionar o freio, a motocicleta deslizou sendo inevitável a queda do reclamante,
causando assim, fratura múltiplas na perna esquerda e consequentemente ocasionado
politraumatismo na perna esquerda causando hipotrofia muscular em relação a perna
contra lateral, não mais conseguindo a flexão do pé esquerdo por lesão no nervo
ciático, Poplíteo externo (neuropatia traumática). Apresentando alteração da marcha
(laudo em anexo) mancando acentuadamente, impedindo sua locomoção normal,
somente esta feita de modo precário com a ajuda de órtese. E devido a neuropatia,
toda a pena do reclamante ficou comprometida (sem resistência).
Deste modo, após o acidente foi aberto a CAT. de
número XXXXXXXXXXXXXXXX (doc. Anexo).

No de 2006 foi tentada a reabilitação profissional


do reclamante o alocando em outra função, mas está restou infrutífera, já que o
reclamante depende única e exclusivamente de sua força física e ficar em pé na
maioria do tempo para o desempenho de trabalho produtivo, além da locomoção
constante, seu trabalho também depende de pleno vigor físico para defender seu local
de trabalho de possíveis situações de risco inerentes a função de vigilante.
Ocorre que o reclamante, depois do acidente
acima mencionado, não tem mais condições físicas para o trabalho e ainda mais
exercer a função de vigilante. O reclamante não chegou a fazer a reabilitação, pois a
Reclamada não reconheceu o vinculo empregatício, alegando não ter havido a
migração de uma empresa para a outra. Só reconheceu o vínculo do reclamante
devido uma ordem da matriz, São Paulo. Somente em 2012 o reclamante foi enviado
para reabilitação, somente em 2012 o reclamante teve contato o a Assistente Social já
que a cidade de XXXX não contava com a presença de profissional habilitado para o
caso pertencente ao Instituto Nacional de Seguridade Social.

O próprio médico da reclamada informou ao INSS


que não seria possível o exercício da função do reclamante, consoante documento em
anexo.
Depois do acidente o reclamante passou a sentir
fortes dores em toda a perna esquerda e coluna, não consegue sequer realizar as mais

3
simples atividades sem fazer uso de órtese, fazer atividades domésticas, etc., não
conseguindo fazer movimento de flexão, impossibilitando que o mesmo faça
movimento que exija a flexão do dorso do pé esquerdo.

Após a cirurgia o Reclamante foi encaminhado a


perícia médica para obter afastamento de suas funções a partir de 26/04/2004, sendo-
lhe deferido o afastamento de suas atividades por 120 dias.

Ocorre Douto Julgador, que certamente o


Reclamante jamais voltará a exercer a atividade de outrora e, conseqüentemente
poderá aposentar-se por invalidez. Face ao sinistro o Reclamante encontra-se
incapacitado para o trabalho mesmo com a mudança de função dentro da empresa.

Desde então o Reclamante vem sofrendo com as conseqüências do acidente, sendo


elas:

- de cunho emocional representada pela frustração de ainda jovem, com apenas 41


anos, estar inválido para o trabalho e por ter se tornado um aleijado;

- de cunho físico representada pela dor constante, por fazer uso habitual de
medicamentos e fisioterapia, por ter perdido todo o movimento do pé esquerdo e
enfraquecimento de toda perna esquerda;

- por fim, de cunho material configurada pela perda de poder aquisitivo face à redução
salarial ocasionada pelo fato de não conseguir mais emprego na sua função anterior e
nem em outra que lhe dê uma remuneração mínima, tendo gastos constantes com
medicamentos e fisioterapia.
O Reclamante vem trilhando uma verdadeira via
crucis em busca do alívio das seqüelas que lhe foram causadas pelo acidente,
necessitando do ajuda de parentes e amigos para sua sobrevivência, locomovendo-se
com dificuldades, utilizando-se de órtese constantemente, sendo impedido de praticar
atividades que antes sempre foram rotineiras, como por exemplo, a prática de
esportes.

4
É certo que os Reclamados agiram com culpa,
posto que imprudentemente, incumbiam à vítima de prestar serviços em que o mesmo
não era qualificado (habilitado), resultando daí o fatídico evento já descrito acima,
deixando-o impossibilitado de trabalhar, levando-o a uma situação de penúria visto que
tem obrigação de prover o sustento de sua família.

É mister aventar que a reclamada não se importou


quanto à falta de habilitação do reclamante, pois seria obrigação do supervisor proibir o
uso da motocicleta por pessoa não habilitada e tão pouco se preocupava com a
segurança do trabalho.
Deste modo como o reclamante por não ser mais
aproveitado em sua função original por causa de sua incapacidade, foi demitido no
02/03/2015. Desde então o mesmo não conseguiu recolocação no mercado por causa
de sua deficiência reconhecida após demissão.

DA PRESCRIÇÃO

O termo inicial da prescrição para a reparação de


dano moral e material é da ciência inequívoca da incapacidade laborativa pelo
reclamante, neste sentido:

“21104389 - RECURSO ORDINÁRIO. PRESCRIÇÃO. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL. ACIDENTE TRABALHO OU
DOENÇA PROFISSIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. A reparação de dano
moral ou material decorrente de acidente do trabalho ou doença profissional é
crédito de natureza trabalhista, mas fundado na responsabilidade civil. Aplicável
também a Súmula nº 278 do c. STJ, que dispõe que "o termo inicial do prazo
prescricional na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência
inequívoca da incapacidade laboral", a reclamar, para distribuição da demanda:
A) prescrição de 20 anos, se o fato lesivo ocorreu na vigência do Código Civil
revogado; b) prescrição de três anos, Código atual, artigo 206, § 3º, inciso V, se
na data da entrada em vigor do novo Código Civil, não havia transcorrido mais
da metade do tempo estabelecido na Lei revogada. Regra de transição, artigo

5
2028. ; c) prescrição qüinqüenal do artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição
Federal, se o fato lesivo foi praticado na vigência da EC 45 de 31.12.2004. (TRT
2ª R.; RO 00097-2006-067-02-00-1; Ac. 2008/0660635; Décima Primeira Turma;
Relª Desª Fed. Rita Maria Silvestre; DOESP 19/08/2008; Pág. 124)

21103523 - RECURSO ORDINÁRIO. DANO MATERIAL E DANO MORAL.


INDENIZAÇÃO. PRESCRIÇÃO. ART. 7º, INCISOS XXVIII, PARTE FINAL E
XXIX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. O litígio é estabelecido entre empregado
e empregador, tendo por objeto reparação de dano (material e moral)
decorrente de possível ilícito culposamente praticado pelo segundo em ato
resultante, essencialmente, do contrato de trabalho. A pretensão de direito
material tem natureza jurídica de crédito trabalhista. Portanto, se sujeita, para
os efeitos de contagem de prazo de prescrição, ao disposto no art. 7º, inciso
XXIX, da CF/88 e não à prescrição vintenária (art. 177 do Código Civil,
revogado) ou decenal (art. 205 do Código Civil vigente) e, ainda, mediante o art.
2028 do referido Código. Súmula nº 278/STJ. O termo inicial do prazo
prescricional, na ação de indenização, é a data em que o trabalhador
(segurado) teve ciência inequívoca da incapacidade laboral. Recurso
ordinário a que se nega provimento. (TRT 2ª R.; RO 00829-2006-021-02-00-6;
Ac. 2008/0645075; Décima Primeira Turma; Rel. Des. Fed. Carlos Francisco
Berardo; DOESP 05/08/2008; Pág. 7)” (grifo nosso)

É possível afirmar que ciência inequívoca da


incapacidade somente ocorre após o tratamento médico inicial com a consolidação da
doença, quando então, poder-se-á afirmar se há incapacidade e se a mesma é total ou
parcial, temporária ou permanente.

A incapacidade gerada pelo acidente de trabalho,


e da qual se pleiteia a indenização, tanto material como moral, é a definitiva seja ela
total ou parcial.

No caso em tela, pode-se dizer que a constatação


inequívoca da incapacidade veio com a sua demissão o que ocorreu em 02/03/2015, o
qual sua mudança de função restou-se frustrada, momento este que o reclamante

6
passou a ter a ciência inequívoca de sua incapacidade. Está patente o reconhecimento
de sua incapacidade que o último exame realizado em 18/10/2014 objetivando sua
permanência como vigilante atestou sua incapacidade para esta função devendo
mudar de função, mas o reclamante ficou recebendo para ficar em sua casa sem
atividade objetivando a descaracterização do sinistro in loco.

Sendo assim não há que se falar em prescrição no


caso em tela.

DOS DANOS MATERIAIS (pensão vitalícia)

Ressalte-se que a doença que acomete o


reclamante trouxe prejuízos em sua vida profissional e social, já que se encontra
impossibilitado de praticar as mais simples atividades, tampouco de gozar plenamente
de sua saúde física e mental.

Por oportuno, o reclamante enfatiza que tornou-se


praticamente inválido, uma vez que não consegue movimentar-se espontaneamente
face as dores que sente, não pode mais trabalhar porque não há trabalho que não lhe
exija os movimentos básicos da coluna e de toda a perna esquerda, tornou-se inválido
em sua mocidade, ou seja, ainda com idade para gozar plenamente a vida.

Não se pode olvidar que, tendo a reclamada,


contribuído para o atual quadro de saúde do reclamante, deva custear o tratamento
médico até sua efetiva cura, ou, no caso “sub judice”, até o fim da vida.

Conforme exposto acima, a doença do autor o


incapacitou para as mais simples atividades cotidianas e em decorrência da moléstia
não mais poderá retornar ao mercado de trabalho, devendo provavelmente aposentar-
se por invalidez.

Deve-se enfatizar que, ainda que o reclamante


recebeu auxilio doença do INSS, este não restabelecerá os benefícios que tinha e que
poderia vir a ter se tivesse colocação no mercado de trabalho, assim como cesta

7
básica, vale refeição e alimentação, assistência médica e odontológica entre outras
vantagens de quem se encontra empregado, bem como o reajuste de salário previsto
pelo sindicato da categoria.

Há que ainda que acrescentar que com sua


exclusão do mercado de trabalho o reclamante não pode mais almejar ascensão
profissional, melhores salários, etc...

Até mesmo a correção do benefício previdenciário


é inferior à correção do salário contratual do trabalhador.

O reclamante perdeu totalmente sua capacidade


de trabalho, e mesmo que referida perda tivesse sido parcial, deve a reclamada
ressarcir os danos materiais que o reclamante experimentará que deverá ser calculado
até que o reclamante atinja a expectativa de vida do brasileiro a título de pensão
vitalícia paga de uma única vez.

DANOS MORAIS

É evidente o dano moral a que o reclamante foi


acometido, trazendo reflexos não só para a vida laborativa, mas também social e
familiar.

O trabalho enobrece o homem e sua falta o deixa


inferiorizado perante a sociedade.

A incapacidade física limita os movimentos mais


simples, acarretando em dor tanto física como moral.

Desta forma, deverá a reclamada ser condenada


também ao pagamento de dano moral causado ao autor.

DO DIREITO

8
O Código Civil Brasileiro assim prescreve em seus
artigos 186, 187, 927 e 944:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao


exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.”

No caso em tela, o dano é por demais extenso,


haja vista ter causado invalidez ao reclamante.

DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

Primeiramente, esclarece o reclamante que os


artigos 949 e 950 do Código Civil, prevêem a obrigação de indenizar, conforme
transcrito abaixo:

“Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor


indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros

9
cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo
que o ofendido prove haver sofrido.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa
exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de
trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros
cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou
da depreciação que ele sofreu.”

Em relação ao quantum indenizatório, este deve


ser fixado levando-se em consideração o poder econômico do ofensor e o gravame
produzido.

A condenação em dinheiro deverá ser significativa,


de forma a impedir a prática do ato pelo ofensor, ou seja, o valor do desestímulo.
Destarte, sendo a reclamada uma empresa conceituada no mercado, o valor a ser
arbitrado não poderá ser ínfimo a ponto de o ofensor entender que a reincidência do
ato seja mais vantajosa que a condenação arbitrada pelo Poder Judiciário,
principalmente porque aqui se discute unicamente a saúde do trabalhador.

Por outro lado, o “quantum” arbitrado, deverá


observar ainda o gravame causado e a reparação desta lesão, e sob esta ótica, deve o
aplicador da lei levar em consideração que a doença que acomete o reclamante o
alijou do mercado de trabalho, sendo praticamente anulado no âmbito profissional,
refletindo também em seu âmbito social.

Tanto a dor física como a moral, serão eternas


companheiras do autor.

Não só em lucros emergentes deve ser condenada


a Reclamada, mas também em lucros cessantes.

10
Primeiramente não se pode esquecer que o
reclamante, sendo arrancado do mercado de trabalho, não poderá mais almejar a
ascensão profissional e melhores salários.

Além disso, é sabido que o valor da aposentadoria,


mesmo se tratando de aposentadoria por invalidez, com o passar dos anos vai
sofrendo redução em relação ao salário em atividade do reclamante, pois o reajuste
anual da aposentadoria é menor que o reajuste dos salários da categoria.

E não e só, pois o reclamante não poderá mais


desfrutar dos benefícios impostos pela convenção coletiva de trabalho, que determina
o pagamento do auxilio refeição, auxilio cesta alimentação, etc.... .

Por estes motivos além do valor indenizatório pelo


dano moral, deverá também a reclamada ser condenada ao pagamento de dano
material, revestido em pensão vitalícia pago de uma só vez.

Conforme exposto acima, a reparação do dano


moral tem caráter punitivo e compensatório, ou seja, punir o ofensor e compensar em
pecúnia o dano sofrido, ante a impossibilidade de retornar ao estado anterior à lesão
sofrida.

Maria Helena Diniz, in Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º vol. 9ª edição, Saraiva, ao
tratar do dano moral, ressalva que a reparação tem sua dupla função, a penal
“constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando à diminuição de seu patrimônio,
pela indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa (integridade
física, moral e intelectual) não poderá ser violado impunemente” e a função
satisfatória ou compensatória, pois ‘‘como o dano moral constitui o menoscabo a
interesses jurídicos extrapatrimoniais, provocando sentimentos que não tem preço, a
reparação pecuniária visa proporcionar ao prejudicado uma satisfação que atenue a
ofensa causada”.

Com relação ao quantum indenizatório, a título de


danos morais o reclamante pretende que seja estipulado o pagamento da indenização

11
no valor mínimo de 100 (cem) vezes seu salário ou seja o ultimo salário percebimento
pero reclamante correspondente ao salário da categoria de vigilante, que corresponde
a R$ 991,28 (novecentos e noventa e um reais e vinte oito centavos), que totaliza o
valor de R$ 99.128,00 (noventa e nove mil cento e vinte oito reais setenta mil reais), ou
o valor que Vossa Excelência entender devido a título de indenização, levando em
consideração todos os fatos que circundam o caso “sub judice” e a função
sancionadora que a indenização por dano moral busca.

A título de pensão mensal vitalícia a mesma


deverá ser arbitrada no montante de um salário que é pago ao empregado pertencente
a categoria do empregado da reclamada que exerça a função idêntica a do reclamante
quando de sua demissão, qual seja, a de vigilante, à época do efetivo pagamento,
considerando a média de expectativa de vida do cidadão brasileiro conforme estatística
do IBGE, qual seja, de 75 anos.

Considerando que o reclamante hoje conta com 41


anos de idade, sua expectativa de vida é de 75 anos de idade. Assim, deverá a
reclamada efetuar o pagamento da indenização consoante a pensão vitalícia
decorrente do dano material causado, considerando o salário do reclamante acrescido
de horas extras à época da demissão como parâmetro.

O reclamante colaciona aos autos inteligente


entendimento da MM. Juíza do Trabalho da 8ª Vara do Trabalho de Guarulhos, Dra.
Cíntia Táffari, no Processo 0390/2006, sobre ação idêntica:

“O dano material pode ser reparado por pensão vitalícia. ... Resta
arbitrar um valor mensal (ora definido em R$ 1.000,00 para
recompor a faixa salarial da época do afastamento) e projetar pela
expectativa de vida da cidadã deferindo desde já uma indenização
pecuniária no modelo diferente daquela sugerido pela demandante.
Autorizo a projeção até 70 (setenta) anos, média de expectativa do
cidadão brasileiro segundo os atuais indicadores, ...”

12
Frise-se que este também é o entendimento dos
tribunais:

“RELATOR(A): NELSON NAZAR


ACÓRDÃO Nº: 20060728072 PROCESSO Nº: 00100-2006-255-02-
00-3 ANO: 2006 TURMA: 12ª TRT 2ª REGIÃO

RECURSO ORDINÁRIO - AÇÃO ACIDENTÁRIA - CULPA GRAVE -


INDENIZAÇÃO DEFERIDA - CONDENAÇÃO QUE SE AMPLIA PARA
QUE SE CONCEDA PENSÃO VITALÍCIA. Tendo sofrido o reclamante
lesão irreversível (perda da visão do olho esquerdo e diminuição da
visão no olho direito), em razão de acidente ocorrido no desempenho
de sua atividade laboral, pouco importa haver o laudo pericial
atestado nexo de causalidade somente em relação à vista perdida,
porquanto inconteste a impossibilidade do exercício de qualquer
profissão em face da deficiência de que é portador. Entende-se,
portanto, presumido o nexo de causalidade, já que este tampouco foi
negado pela perícia. Recurso do primeiro recorrente a que se dá
provimento para deferir a pensão vitalícia ao trabalhador.

DO PEDIDO

1) pensão vitalícia a ser arbitrada pelo valor mínimo do R$ 392.546,88


último salário do reclamante, devendo ser atualizado
conforme determinado em convenção coletiva da categoria
ou, alternativamente, indenização pelo dano patrimonial
causado utilizando-se a idade do Reclamante (41 anos) e a
média de expectativa do cidadão brasileiro (75 anos),
totalizando 33 anos ou 396 meses, ou outro valor que V.
Exa. arbitrar.
4) dano moral a ser arbitrado no valor mínimo de 100 R$ 99.128,00
vezes o último salário da reclamante, ou outro valor que V.
Exa. arbitrar
TOTAL GERAL APURADO R$ 491.676,88

13
Diante o exposto, requer que Vossa Excelência se
digne em determinar a notificação da reclamada no endereço supramencionado, a qual
deverá comparecer em audiência a ser designada, para querendo ou motivo tendo,
ofertar defesa à presente reclamação, sob pena de serem considerados como
verdadeiros todos os fatos articulados na peça preambular, bem como, seja a
presente reclamatória julgada totalmente PROCEDENTE, condenando a
reclamada ao pagamento do principal, atualização monetária, juros de mora e
demais cominações legais, tudo a ser apurado em regular liquidação de
sentença.

Requer mais, a apresentação por parte da


reclamada de todos os documentos comuns entre as partes, sob pena de aplicação
dos artigos 355, 357 e 359 do CPC.

Requer, também, a expedição de ofícios aos órgãos


do I.N.S.S., C.E.F. e D.R.T., para as providências cabíveis.

Requer, finalmente, tendo em vista a atual situação


econômica da reclamante, o benefício da justiça gratuita, a teor do que lhe faculta a Lei
nº 1.060/50 c.c. Lei nº 7.115/83 e Lei nº 7.510/86.

Provará alegado por todos os meios de provas em


direito permitidas, sem exceção de qualquer que seja.

Dá-se à presente o valor de R$ 491.676,88


(quatrocentos e noventa e um seiscentos e setenta e seis reais e oitenta e oito
centavos)

Termos em que,

Pede deferimento.

14
Teresina-PI,

____________________________________

15

You might also like