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METODOLOGIA
Entende-se que a água subterrânea é uma solução diluída contendo elementos de compostos
sólidos, líquidos ou gasosos em diferentes proporções, provenientes do ar, dos solos e de rochas
ou também do contato com as atividades humanas. Em geral, a composição da água subterrânea
se dá em função da rocha através da qual ela percola. A avaliação da influência conjunta das
interações entre fases líquidas, sólidas e gasosas durante o movimento da água tem ganhado
elevada importância no que diz respeito ao avanço do conhecimento sobre a sua composição e
análise química, as principais interações incluem processos físico-químicos, complexações e
precipitações.
Situado entre os pontos extremos: -2º 44' 49" e -10º 55' 05" e -40º 22' 12" e -45º 59' 42", o estado
do Piauí limitase com os estados do Ceará e Pernambuco a leste, com o estado da Bahia ao sul e
sudeste, com o estado de Tocantins a sudoeste, tendo no curso do rio Parnaíba a demarcação da
fronteira com o estado do Maranhão a oeste, e ao norte encontra-se o seu reduzido litoral (60 km
de extensão), ligando o estado com o Oceano Atlântico, o Piauí possui cerca de 252.378 km2 de
território, correspondendo a aproximadamente cerca de 2,9 % do território nacional.
O estado possui 224 municípios, distribuídos por suas quatro mesorregiões (Centro-Norte
Piauiense; Norte Piauiense; Sudeste Piauiense; Sudoeste Piauiense) e quinze microrregiões (Alto
Médio Canindé; Alto Médio Gurguéia; Alto Parnaíba Piauiense; Baixo Parnaíba Piauiense;
Bertolínia; Chapadas do Extremo Sul Piauiense; Campo Maior; Floriano; Litoral Piauiense; Médio
Parnaíba Piauiense; Picos; Pio IX; São Raimundo Nonato; Teresina; Valença do Piauí). A capital do
estado é Teresina e também a cidade mais populosa, com 802.537 hab., seguida por Parnaíba
146.059 hab., Picos 73.021 hab. e Floriano 57.968 hab., de acordo com dados do IBGE para o ano
de 2009.
O Piauí está dividido em duas províncias quanto ao aspecto hidrogeológico. A maior delas é
representada pelos sedimentos que constituem a bacia sedimentar do Parnaíba enquanto que a
segunda, constitui o embasamento cristalino. De acordo com o projeto ARIDAS (1995), a bacia
sedimentar do Parnaíba tem no rio Parnaíba um eixo geral de drenagens superficial e subterrânea.
Sob o domínio geológico desta bacia encontra-se aproximadamente mais de 80% do estado, onde
se destacam as unidades de Serra Grande, Cabeças e PotiPiauí, sendo que, a maior parte dessas
águas supostamente é utilizada para o consumo doméstico e/ou irrigação. Os aqüíferos de maior
importância são o Serra Grande e o Cabeças. O desenvolvimento socioeconômico dos municípios
inseridos na bacia sedimentar do Parnaíba depende diretamente da disponibilidade de água, e, é
de fundamental importância, à consolidação de uma nova região produtiva no Brasil com
potencial para a agricultura intensiva, turismo e indústria, fixando as populações em suas áreas de
origem e inibindo o êxodo para metrópoles.
Segundo o documento “diagnóstico e diretrizes para o setor mineral do estado do Piauí” (2005),
muitos jazimentos minerais tem sido explotados, entre eles: as jazidas de calcáreo dolomítico de
José de Freitas, Barro Duro, Antonio Almeida, Porto Alegre do Piauí e Santa Filomena, jazidas de
argilas especiais, nos municípios de Jaicós, Campo Grande do Piauí, Oeiras e Colônia do Piauí;
jazidas de siltitos e folhelhos (conhecidos comercialmente por quartzito e ardósia), em Juazeiro do
Piauí, Castelo do Piauí, Campo Maior, Piripipi, Pedro II e Piracuruca, jazidas de opalas em Pedro II e
Buriti dos Montes, jazidas de diamantes em Gilbués, jazidas de minerais pesados em Luis Correia,
jazida de caulim, em Luzilândia e Palmeiras, entre outros.
O embasamento cristalino ocupa aproximadamente menos de 20% do estado. Esta região está sob
influencia do clima semi-árido. Havendo nesta região uma ausênciade rios perenes, a pobreza em
obras de aproveitamento de águas superficiais obriga a exploração de águas subterrâneas. No
entanto nesta área os poços são de pouca profundidade (em torno de 60m), baixíssimas vazões
(máxima de 2.000l/h) e de baixa qualidade. Não obstante, muitas vezes constituem a única fonte
de água disponível e assume grande importância como fonte de abastecimento para pequenas
comunidades rurais e para a pecuária.
No setor agrícola, o estado do Piauí convive com dois tipos: a pequena agricultura familiar,
tradicional, praticada em todo o estado, e a grande agricultura comercial, mecanizada, voltada
para a produção de oleaginosas, de grãos e de algodão, praticada nos cerrados piauienses. Os
produtos da lavoura temporária (arroz, milho, feijão, mandioca e cana-de-acúcar) constituem uma
prática tradicional disseminada por todo o estado, exceto a cana-de-açúcar na faixa leste, semi-
árida.
Os produtos são cultivados em grandes fazendas, por vezes mecanizadas e na agricultura familiar,
referida anteriormente. Em destaque, a sojicultura, principalmente na região sudoeste, entre os
rios Parnaíba e Gurgéia, e a partir dela, começa a instalar-se grandes unidades agroindustriais,
com a Bunge. Em menos de 10 anos, a produção de soja nos cerrados piauienses aumentou mais
de 100 vezes em área, atingindo mais de 100.000 Ha e 3 vezes em rendimento (Kg/Ha). Nas
lavouras permanentes, destacam-se a castanha de caju, banana, manga, coco-da-bahia e laranja.
Tabela 1 – Porcentagem do Total da Área Plantada dos Municípios do Estado do Piauí. Fonte: IBGE
– Ano Base: 2008
A atividade pecuária está centrada em bovinos, caprinos, ovinos e suínos. A bovinocultura e a
ovinosuinocultura melhorada são as atividades preferenciais de grandes proprietários rurais,
enquanto os pequenos/médios proprietários ocupam-se do criatório de caprinos, ovinos e suínos
comuns, visando o abastecimento familiar de proteína animal. Mais recentemente, tem havido
interesse na apicultura, cajacultura e carcinocultura.
Tabela 2 – Porcentagem da Soma do Total dos Efetivos dos Rebanhos nos Municípios do Estado do
Piauí. Fonte: IBGE – Ano Base: 2008
Tabela 3 – Porcentagem da Soma do Total dos Efetivos dos Rebanhos do Estado do Piauí. Fonte:
IBGE – Ano Base: 2008
5. JUSTIFICATIVA TEÓRICA
Água subterrânea é uma solução diluída de inúmeros elementos e compostos sólidos, líquidos ou
gasosos em proporções diversas, provenientes do ar (durante o processo de condensação e
precipitação), dos solos e de rochas (nos quais circula ou é armazenada) ou do contato com as
atividades humanas.
Em geral, a composição da água subterrânea é em função da rocha através da qual ela percola. A
avaliação da influência conjunta das interações entre fases líquidas, sólidas e gasosas durante o
movimento da água tem ganhado elevada importância no que diz respeito ao avanço do
conhecimento. As principais interações incluem processos de dissolução de gases e de minerais,
reações de troca iônica, redox, ácido-base, complexação e de precipitação.
Nos trópicos, o intemperismo das rochas exibe suas particularidades e novos campos de pesquisa
nesta área então emergentes. a exploração de conhecimentos relacionados aos ambientes
tropicais aos ambientes de clima temperado não é adequada. A velocidade de reações, atividades
biológicas e ausência de estações bem definidas são exemplos de alguns fatores distintos aos dois
ambientes.
Diversos fatores afetam o movimento da água no ciclo hidrológico nos trópicos e resultam em
efeitos distintos daqueles fora dos trópicos. É importante considerar o balanço hídrico da região, a
presença da vegetação, tempo e distribuição de chuvas etc.
Finalmente, embora muitas pesquisas tenham sido desenvolvidas, existe ainda uma grande lacuna
para a compreensão dos problemas relacionados ao comportamento da água e migração dos
constituintes químicos nas condições diversificadas de clima tropical úmido, árido e semi-árido
atuantes no brasil.
O ciclo hidrológico representa o percurso da água desde a atmosfera, passando por várias fases
que englobam: precipitação, infiltração, escoamento subterrâneo, escoamento superficial,
evaporação e evapotranspiração. O ciclo se inicia a partir da condensação do vapor d’água na
atmosfera formando nuvens que caem como chuva. no solo, parte do volume precipitado é
interceptado pelas plantas, enquanto outra se infiltra em subsuperfície, promovendo a re-
hidratação dos solos e a recarga das reservas freáticas. O excesso não infiltrado gera o
escoamento superficial que alimenta os córregos, rios e lagos. as águas de escoamento superficial
e as descargas naturais do escoamento subterrâneo, eventualmente, dirigemse ao oceano de
onde retornam à atmosfera por evaporação. A umidade do solo aproveitada pelas raízes dos
vegetais é devolvida à atmosfera, na forma de vapor d’água, por evapotranspiração.
A água subterrânea que integra o ciclo hidrológico tem sua origem vinculada à água meteórica,
mas outros tipos de água podem estar relacionados ao ciclo geológico ou de formação das rochas.
são elas: a água termal, associada ao ciclo hidrológico ou à atividade de vulcanismo; a água fóssil,
aprisionada durante a formação de rochas sedimentares; e a água juvenil com origem magmática,
vulcânica ou cósmica.
Sobretudo, o desenvolvimento industrial acelerado que teve lugar no mundo no último século,
culminou, como se sabe, com a formação das grandes aglomerações urbanas e portando o ciclo
hidrológico vem sendo afetado através da contaminação das águas. a água contaminada é uma
água que possui organismos patogênicos, substâncias tóxicas e ou radioativas, em teores
prejudiciais à saúde do homem. assim, toda água contaminada é poluída, mas nem toda água
poluída (desde que não afete a saúde do homem) é contaminada.
Quanto à distribuição espacial, a poluição (e a contaminação que pode originar) pode ser: 1 –
pontual, quando a fonte está concentrada numa pequena superfície como, por exemplo, um poço
tubular, ou escavado; 2 – difusa, quando a fonte de contaminação se estende, mesmo com baixa
concentração sobre uma grande superfície, como é o caso de áreas de irrigação ou áreas urbanas,
ou do transporte por via atmosférica; 3 – linear, quando a fonte de contaminação é um rio ou
canal.
As contaminações de águas subterrâneas podem ter origens diversas, sendo atualmente mais
comuns aquelas relacionadas diretamente com atividades industriais, domésticas e agrícolas. As
indústrias podem produzir contaminação subterrânea através de: águas usadas, contendo
compostos químicos, metais e ou com alta temperatura; elementos radioativos; chorumes
(infiltrações através de aterros sanitários, lixões, etc.); acidentes com produtos químicos. a
atividade doméstica pode contaminar a água subterrânea também através de chorumes de
aterros sanitários e lixões, bem como acidentes com rompimento de fossas sépticas ou redes de
esgotos. Por fim, as atividades agrícolas podem contaminar a água subterrânea através de solutos
dissolvidos por chuva ou irrigação; fertilizantes minerais, naturais, etc.; sais, herbicidas, pesticidas
e etc.
Os principais tipos de contaminantes de água subterrânea podem ser classificados em: inorgânicos
(nitrogênio agrícola, radio nucleotídeos, nitritos e nitratos e metais pesados como o mercúrio,
cádmio, chumbo etc.), ou orgânicos (pesticidas, pesticidas agroquímicos, aditivos de gasolina e
produtos de petróleo conhecidos como betx, benzeno, tolueno, eteno e xileno.), e também
biológicos (como vírus e bactérias).
O papel do Estado na gestão do território, face ao processo de globalização das últimas décadas, e
no que tange a conjuntura política e econômica atual, faz com que uma nova territorialidade
esteja surgindo com o fortalecimento das forças produtivas e das forças sociais cujas estratégias
fomentariam o rompimento com a exclusividade do poder do Estado no território. O fato é que as
estratégias de valoração do território por parte das empresas, de movimentos organizados da
sociedade civil, ou organizações de cunho popular acarretariam a diminuição do poder de controle
do Estado sobre a dinâmica do processo produtivo e da sociedade na nação.
A gestão ambiental constitui um verdadeiro desafio às autoridades políticas nas diversas esferas
administrativas do estado brasileiro. para um país como o Brasil a busca por melhores formas de
governabilidade deve ter como base um bom planejamento. Portanto, é de crucial importância
para o estudo e prática da gestão e do planejamento ambiental a existência de uma ferramenta a
qual facilite e maximize de forma eficiente, eficaz e efetiva esse processo.
Desta forma para o estado do Piauí, se observam duas temáticas de difícil conciliação: 1 – a
vulnerabilidade natural, necessitando de ações de preservação ambiental; 2 – a potencialidade
social, que demanda a utilização dos recursos naturais de forma planejada e racional. para
congraçar estas temáticas se faz necessária à compreensão da vulnerabilidade natural objetivo
deste trabalho, da potencialidade social que nao pode ser deixada de fora por se tratar de um bem
necessario a vida humana, e o mapeamento dos recursos naturais para monitorar os potenciais
impactos ambientais, visando o planejamento para a proteção ambiental e a recuperação de áreas
afetadas pela intervenção humana. Nesse sentido surge a necessidade da utilização de
Geotecnologias ou das Tecnologias da Informação Geográfica.
As práticas espaciais são uma forma de dirigir, levantar e aplicar recursos no sentido de dotar um
espaço ou um território de modo diferenciado de apropriação, uso e significação. Isto estabelece
uma prática que conduza a estruturação ou a organização do território em questão.
Historicamente desde o início da civilização e sua conseqüente mobilidade, a informação, neste
caso a geográfica, tem sido a “chave” que leva a novos caminhos sendo ela perseguida de forma
incessante pelos mais variados grupos sociais. Podemos citar, por exemplo, segundo (BURKE,
2003. p.117) os impérios ultramarinos – português, espanhol, holandês, francês, britânico e aqui,
atualmente, não se pode deixar de citar principalmente os chineses do século XIII (MENZIES,
2008), – que dependiam de informações sobre as rotas para as Índias ou para a África, bem como
de informações descritivas sobre o espaço geográfico desses novos territórios.
Para que uma boa gestão territorial seja realizada de forma efetiva e eficaz, deve-se em primeiro
lugar privilegiar o conhecimento do seu “conteúdo”, em todos os seus sentidos, como por
exemplo, o sóciocultural, econômico, político e físico, e sem deixar de considerar que o ulterior
engloba o ambiental como propõe (LIMA, 1999. p.147). sendo assim as bases cartográficas são
fundamentais para ações em todas as escalas geográficas, pois essa representação cartográfica
possibilita a elaboração de legislações tais como um plano diretor ou um zoneamento ecológico-
econômico, instrumentos estes que são fundamentais para organizar o espaço de forma racional,
promovendo a sua melhor administração.
Criar uma base de dados geográfica consistente, com informações tratadas e obtidas de fontes
confiáveis ou oficiais, não é uma tarefa simples. Técnicas de computação são utilizadas para a
compilação de dados e a produção de mapas. A computação gráfica, ou seja, a visualização por
computador tem algumas definições, que emergiram de duas conferências, a do IEEE Institute of
Electrical and Electronis Engineers e a do SIGGRAPH Special Interest Group on Computer Graphics
(McCORMICK, 1987. apud TEIXEIRA, 2007. p.18).
“O termo sistemas de informação geográfica (SIG) é aplicado para sistemas que realizam o
tratamento computacional de dados geográficos. A principal diferença de um SIG para um sistema
de informação convencional é sua capacidade de armazenar tanto os atributos descritivos como as
geometrias e topologias dos diferentes tipos de dados geográficos. Assim, para cada lote num
cadastro urbano, um SIG guarda, além de informação descritiva como proprietário e valor do IPTU,
a informação geométrica com as coordenadas dos limites do lote e as relações de contiguidade”.
(CAMARA, 2005)
Ainda segundo (CAMARA, 2005) o desenvolvimento de um SIG significa oferecer o conjunto mais
amplo possível de estruturas de dados e algoritmos capazes de representar a grande diversidade
de concepções do espaço.
Portanto quando aplicado em estudos de avaliação ambiental, o SIG é uma ferramenta eficiente e
eficaz contribuindo, não somente para um melhor entendimento do uso do solo e da água em
áreas impactadas, quanto em áreas não impactadas, podendo contribuir para análises e também
para auxiliar no planejamento decisório de ação e intervenção ou para incentivar ação ou a
preservação. O uso dessa tecnologia permite, portanto, um estudo contínuo e evolutivo de
determinada situação, integrando diferentes dados e transformando-os em informações
atualizadas e integradas.
6. RELEVÂNCIA DO TRABALHO
Contribuir trazendo para o âmbito das Geociências a discussão sobre qualidade da água
subterrânea e sua relação de causa e efeito direta ou indireta com o meio natural e antrópico ao
seu redor. Ainda nesse sentido este trabalho vem a acrescentar como uma alternativa, um
complemento à discussão existente no meio acadêmico sobre essa abordagem. Na medida em
que o detalhamento, a comparação do comportamento da distribuição espacial das diferentes
camadas de informações estiver concretizada, bem como, sua conseqüente análise espacial
estiver concluída, esse trabalho virá a contribuir fornecendo um subsídio físico-geográfico
consistente a ser utilizado na gestão dos recursos hídricos, essencialmente no tocante a qualidade
e gestão das águas subterrâneas.