UNDÉCIMO ENCUENTRO REGIONAL

IBEROAMERICANO DEL CIGRÉ – XI ERIAC

COMITÉ NACIONAL PARAGUAYO DEL CIGRE

22 al 26 de mayo 2005 – Hernandarias – Paraguay

PROJETO DE FUNDAÇÔES DE SUPORTES DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

NOVAS TECNOLOGIAS E CONFIABILIDADE

∗ JOSÉ CARLOS DE SABÓIA STEPHAN ANTONIO JOSÉ S. MACIEL CARLOS F. COSTA

ELETROSUL - ENGENIT
Brasil

RESUMO 1.0 INTRODUÇÃO

Esta Contribuição Técnica, com base, entre outros, na
observação de acidentes com queda de suportes de linhas
de transmissão, provocados pela ocorrência de fortes
ventos , inclusive tornados, na região sul do Brasil e, em
resultados de ensaios de carga de protótipos em escala
natural, fará uma abordagem crítica dos tipos de
fundações para suportes de linhas de transmissão
atualmente utilizados no Brasil e os respectivos métodos
de cálculo e dimensionamento utilizados na elaboração
de seus projetos.
Será apresentada uma nova metodologia para o cálculo e
dimensionamento de fundações em tubulão para solos
coesivos, de modo a compatibilizar valores teóricos com
os resultados obtidos na prática.
Será efetuada , também, uma análise crítica comparativa,
entre os processos utilizados para dimensionar
geotécnicamente fundações de postes para linhas de
transmissão, bem como uma análise técnico-econômica
entre as fundações dimensionadas por métodos clássicos
e pela metodologia descrita neste trabalho.
Serão apresentados, ainda, estudos comparativos técnico-
econômicos entre fundações em tubulão para solos
coesivos projetadas por métodos clássicos e pela
metodologia preconizada nesta contribuição técnica.
PALAVRAS – CHAVE
Linhas de Transmissão – Fundações – Projeto - Novas
Tecnologias – Confiabilidade
O crescimento do consumo de energia elétrica no Brasil,
decorrente da modernização da economia iniciada nos
anos 50 ( cinquenta ), exigiu que fossem construídas
novas usinas hidroeléricas e termoelétricas com os
respectivos sistemas de transmissão associados ( linhas de
transmissão e subestações ). No início, por falta de
experiência e até por força dos financiamentos obtidos no
exterior, as linhas de transmissão construídas no Brasil
seguiram as sistemáticas de projeto e construção utilizadas
na época por países mais desenvolvidos, tais como
Estados Unidos, França, Itália, etc....... Podemos afirmar
que o sistema de transmissão brasileiro, hoje chamado de
sistema básico ou rede básica, tomou sua forma atual no
final dos anos 70 ( setenta ). Após esta fase inicial e a
partir do início dos anos 80 ( oitenta ) ,através da
realização de estudos e utilizando a experiência obtida
durante a manutenção e operação destas Lt’s, foi possível
iniciar a sistematização das metodologias de cálculo e
execução de fundações sob novas bases, adaptando-as a
nossa realidade ( linhas de transmissão de grande
extensão, solos tropicais, clima, etc......... ). Serão
apresentados nesta contribuição técnica, aspectos atuais
envolvendo projeto, construção e manutenção de
fundações de suportes usualmente utilizados em linhas de
transmissão, ou seja, fundações em grelha, sapata e
tubulão, além de fundações para postes de Lt’s. Será dada
ênfase especial a uma nova metodologia proposta para
otimizar projetos de fundações em tubulão , bem como
aos dados obtidos pela observação de testes de carga e

* Rua: Dep. Antônio Edu Vieira, 999 – Pantanal – Florianópolis – SC – CEP: 88040 - 901
Tel: (48) 231-7540 - Fax: (48) 233 - 3852 - e-mail: jcsaboia@eletrosul.gov.br
acidentes em linhas de transmissão envolvendo queda de
suportes.
2.0 FUNDAÇÕES TÍPICAS PARA SUPORTES DE
LINHAS DE TRANSMISSÃO
Denominaremos fundações típicas às fundações
usualmente utilizadas nos suportes de linhas de
transmissão.
2.1 Fundação em Grelha
Esta fundação pode ser considerada uma “ sapata metálica
“ e em condições normais de trabalho se encontra
solicitada alternadamente a esforços de compressão
associados a cargas horizontais ( flexo-compressão ), e a
esforços de tração associados a cargas horizontais ( flexo-
tração ), entretanto, apesar de todos os estudos e
pesquisas realizados nos últimos 20 ( vinte ) anos, ainda
não sabemos como os solos combatem estes esforços
combinados e dão estabilidade a fundação, ou seja, não
conseguimos traçar os diagramas de pressões resistentes
desenvolvido pelo solo. O dimensionamento geotécnico
destas fundações tem sido feito, com bons resultados
técnico-econômicos, através da verificação isolada da sua
resistência a compressão ( na área liquida da base –
tensões média e máxima ), tração e tombamento. Este tipo
de fundação se revela uma boa opção para as linhas de
transmissão que atravessem solos arenosos / areno-
argilosos ou de difícil acesso. Antes de utilizar este tipo de
fundação ( aço galvanizado ) em uma linha de transmissão
recomendamos que seja feito um estudo da potencialidade
de corrosão dos solos atravessado pela Lt , através de,
pelo menos, medição do ph, teor de sulfatos, teor de sais
solúveis, teor de cloretos e resistividade.
2.2 Fundação em Sapata
Este tipo de fundação pode ser utilizado com o fuste
vertical ou inclinado na direção do montante.
Recomendamos este último, pois a inclinação do fuste
reduz significativamente as cargas horizontais atuantes na
base da sapata, fazendo com que a resultante caia no
núcleo central de inércia. Embora como no caso anterior
esta fundação seja submetida alternadamente a esforços de
flexo-compressão e flexo-tração, seu dimensionamento
geotécnico é feito através da verificação isolada dos
esforços de tração, compressão ( tensões media e máxima
) e tombamento. O dimensionamento estrutural do fuste é
feito a flexo-tração e o da base a flexão simples.
2.3 Fundação em Tubulão
Este tipo de fundação ( tubulão com base alargada ) é o
mais utilizado no Brasil atualmente ,e no nosso
entendimento é o mais seguro e econômico para uma
linha de transmissão que atravesse solos argilosos e de
acesso relativamente fácil. O seu dimensionamento
estrutural é efetuado para os carregamentos de flexo-
tração. O dimensionamento geotécnico é realizado através
da verificação isolada dos esforços e tração, compressão e
tombamento. Vale ressaltar o fato de que diferentemente
dos outros tipos de fundações para suportes de linhas e
transmissão, os esforços que governam o
dimensionamento da fundação não são os de tração , mas
os de tombamento.
2.4 Fundações de Postes
Como ocorre no caso das fundações em grelha, apesar de
todos os estudos e pesquisas realizados, inclusive pelo
Cigré, ainda não sabemos exatamente como os solos
combatem os esforços atuantes nas fundações, ou seja,
não conseguimos traçar os digramas de pressões
resistentes desenvolvidos pelos solos. Existem vários
processos de cálculo a disposição dos projetistas de
fundações de postes de linhas de transmissão, desde os
mais empíricos até os mais sofisticados, como,por
exemplo os que tratam as fundações dos postes como
vigas sobre apoios elásticos. Em nosa opinião todos os
processos são bons desde que haja convergência entre
eles, se tal não ocorrer, recomendamos que sejam
utilizados os processos mais simples, pois , consideramos
que de nada adianta utilizar um processo sofisticado do
ponto de vista teórico se temos muita incerteza quanto aos
dados fornecidos ao mesmo. Como encontrar valores
confiáveis no presente momento para coeficientes de mola
para apoios e engastes elásticos dos solos ? Os esforços
que ocorrem nas fundações dos postes são esforços de
flexo-compressão e em raras ocasiões de torção.
Geralmente estas fundações ( as quais as vezes são os
apenas partes dos próprios postes enterradas e reaterradas
com o solo-cimento ou com o próprio solo obtido da
escavação,devidamente compactado. ) são dimensionadas
geotécnicamente ao tombamento.
3.0 COMPORTAMENTO DAS FUNDAÇÕES DE
LT’S EM ENSAIOS DE CARGA E ACIDENTES
ENVOLVENDO QUEDA DE SUPORTES.
A análise dos resultados das provas de carga (
carregamentos estáticos ) a compressão, tração,
tombamento, flexo-tração e flexo-compressão, realizadas
desde o final dos anos 70 ( setenta ) até os dias de hoje,
em fundações para linhas de transmissão do tipo Grelha,
Sapata com fuste vertical, Sapata com fuste inclinado,
Tubulão e fundações para estais, efetuadas por empresas
do setor elétrico e pela Cigré, indicou, que as fundações
em sua maioria absoluta se encontravam
superdimensionadas, e o valor da carga de ruptura
encontrado foi muito superior ao esperado. O critério para
a definição da carga de ruptura foi o seguinte :
2
a) Carga correspondente a um recalque de
aproximadamente 2,54 cm ( 1” )
b) Carga a partir da qual os recalques começaram a
aumentar sem acréscimo de carga.
A análise dos acidentes com queda de suportes ocorridos
em linhas de transmissão da Eletrosul, foi ainda mais
surpreendente, pois raros foram os casos em que
houveram indícios de ruptura do solo, sendo que somente
as fundações em grelha apresentaram danos estruturais,e
mesmo assim, em alguns poucos casos. Como
curiosidade, vale relatar, que durante a construção da Lt
500 kV Itá-Campos Novos um tornado passou pela região
atingindo uma torre que só havia sido montada até o
quadro da base, e assim mesmo os montantes da torre
foram “ rasgados “ na conecção com as fundações, sem
que nada tenha acontecido as mesmas.
4.0 OTIMIZAÇÃO DE FUNDAÇÕES EM
TUBULÃO - METODOLOGIA
Na prática corrente dos projetos de fundações para torres
de linhas de transmissão, é evidenciado que os esforços de
tração governam o dimensionamento, entretanto, no caso
de fundações em tubuláo em solos coesivos, ao invés dos
esforços de tração, são os esforços de tombamento que
governam o dimensionamento destas fundações. Um
método para o cálculo da resistência lateral última para
estacas em solos argilosos foi proposto por Bengt B.
Brooms ( 1964 ) que, ao lado de Matlock, Reese e
Davisson, foi um dos pesquisadores que mais deu atenção
ao estudo de estacas carregadas lateralmente. Este método
vem sendo utilizado no Brasil para projeto de fundações
em tubulão por causa de sua praticidade e confiabilidade.
O que apresentamos neste trabalho é uma adaptação da
metodologia clássica proposta por Brooms , para o caso de
fundações em tubulão, com formulações desenvolvidas a
partir de sua proposta original para o diagrama das tensões
reativas do solo. Ao se estudar a metodologia concebida
por Brooms, evidencia-se que o diagrama apresentado por
ele como sendo a provável distribuição das reações do
solo e posteriormente substituído por um modelo
Fig.1
simplificado, a fim de favorecer os processos de cálculo,
foi baseado uma série de
proposições de outros autores tais como: J. Brinch-
Hansen, Reese, T.R.Mackenzie e A.G.Dastidar. Esta
simplificação embora represente bem o modelo físico,
pode conduzir o dimensionamento a valores
extremamente conservadores no
caso de tubulões em solos coesivos. O próprio autor
reconhece que esta simplificação será sempre
conservadora se for comparada com o diagrama que
representa a provável distribuição das tensões reativas no
solo.
Fig. 2
Desta forma, pensamos ser possível uma adequação desta
metodologia para que a mesma se mostre menos
conservadora quando aplicada a fundações em tubulão em
solo coesivo. O diagrama das reações do solo na ruptura, e
o esquema de áreas que será utilizado para a formulação
das equações que regem a solução do problema estão
mostradas acima.
Substituindo-se o trecho parabólico da provável
distribuição das tensões do solo por uma reta, mantendo-
se os valores limites, tanto na superfície, quanto a 3D de
profundidade, esperamos obter valores mais seguros e
mais realistas do que os fornecidos pela teoria clássica de
Brooms. Sabendo-se que o momento máximo ocorrerá no
ponto de cortante nulo, duas hipóteses devem ser
consideradas para a análise do problema : a primeira como
sendo o caso deste ponto estar situado a menos de 3D de
profundidade, ou seja , localizado na zona de S1, e a
segunda deste ponto estar situado num ponto qualquer
abaixo desta profundidade, ou seja ,em S2. Considerando-
se isto e sabendo-se que:
L = 3D+h2+h3 ; 33.c u .D 2 ; S 2 = 9.cu .D.h2 e
S1 =
2
S 3 = 9.c u .D.h3
3
a) HIPÓTESE I – S1 >= P b) HIPÓTESE II – S1 < P

Fig.3
Fig.4
ha = altura do trapézio A1;
yp = distância do centro de gravidade do trapézio P até definindo-se:
a linha da seção de ocorrência de momento máximo; ha = altura do retângulo A2;
ya = distância do centro de gravidade do trapézio A1 até a ys1 = distância do centro de gravidade do trapézio S1 até
linha da seção de ocorrência de momento máximo; interface S1-A2;
tem-se:
Mmax = P[e + (3.D − ha )] − P.yp ha
Mmax = P(e + 3.D + ha ) − S1.(ys1 + ha ) − A 2.
M max = P (e + 3 .D − ha − yp ) 2
39.D
yp =
(3.D − ha)(. 4.c u .D + l) ha =
2.A1 onde: P = S1 + A 2 ys1 =
33
6.c u .D + 3.l 9.c u .D + l
2.P − 33.c u .D 2
ha =
l= (9.c u .D)2 − 14 .A1.c u A1 = S1 − P 18.c u .D
3 33.c u .D 2  39.D 2
 9.c u .D.ha
Mmax = P(e + 3.D + ha ) −  + ha  −
2  33  2
Garante-se a condição de equilíbrio quando o momento
resistente proporcionado pelo solo é maior ou igual ao Garante-se a condição de equilíbrio quando o momento
momento máximo solicitante, desta forma: resistente proporcionado pelo solo é maior ou igual ao
momento máximo solicitante, desta forma: Mres ≥ Mmax
Mres ≥ Mmax onde:
o momento resistente é dado por:
 ha.(2.l + 9.c u .D )
 h3
Mres = S3.
  h2
+ h2 + ha  − S2.

+ ha  − A1.ha −
3.(l + 9.c u .D ) 
 Mres = S3
 h3 
+ h2 − ha  − (S2 − A 2)
(h2 − ha )
 2   2  
 2  2
onde: S3 = S2 + A1 como : S 3 = S 2 − A2 e h 2 = h3 + ha
A1.ha (2.l + 9.c u .D) vem que: M res = 9.cu .D.(h3) logo:
2 M max
A12
Mres = 9.c u .D.(h3 ) − h3 =
2
+ .
18.c u .D 3 (l + 9.c u .D) 9.cu .D
M max
A1.ha (2.l + 9.c u .D) então tem-se:
2
Mmax 1  A1  Lmin = 3.D + ha + 2.
h3 = + .  − . 9.cu .D
9.c u .D 2  9.c u .D  27.c u .D (l + 9.c u .D)
5.0 COMPARAÇÃO TÉCNICO-ECONÔMICA
sendo: A1 ENTRE FUNDAÇÕES.
h2 = h3 −
9.c u .D
A1 Mmax 1  A1 
2
A1.ha (2.l + 9.c u .D) Para uma LT de 253 km calculando-se pela metodologia
L min = 3.D − + 2. + .  − . segerida com os mesmos parâmetros geotécnicos e fatores
9.c u .D 9.c u .D 2  9.c u .D  27.c u .D (l + 9.c u .D)
de segurança adotados no projeto original, é apresentado
no quadro abaixo, um resumo com os valores em US$ dos
itens representativos nos custos da fundação em tubulão:

4
 TABELA I. vezes desnecessários. Como a grande quantidade de
fundações em tubulão já executadas não apresentam
ECONOMIA em LT 500 KV de 253 km falhas que ocasionam algum tipo de acidente, pode-se
TORRE VALORES EM US$ admitir que estatisticamente, os métodos utilizados são
TIPO CONC ESCAV FERRO conservativos .
Suspensão leve 63279 5627 20145
7.0 REFERÊNCIAS
Suspensão reforçada 88839 7900 28282
Ângulo médio 34741 3090 15168 • Brooms, B.B. ( 1964 ) Lateral Resistence of Piles in
Grande ângulo 24815 2207 12893 Cohesive Soils, Journal of the Soil Mechanics and
TOTAL 211675 18824 76488 Foundation Division,Proc. ASCE (SM2),27-63.
• Velloso,D.A.- Fundações Submetidas a Esforços
Horizontais,ABMS.UnB.SENAI.
Em valores de novembro de 2004 representa uma • Stewart,D.P. Reduction of Undrained Lateral Pile
economia de: Capacity in Clay Due to Adjacent Slope, Department of
Civil and Resource Engineering of the University of
ECONOMIA TOTAL = US$ 306.987 Western Australia, Australian Geomechanics
• Terzagui, K. & R. P. Peck- Soil Mechanics in
Engineering Pratice .

Comparação das respostas fornecidas pelos métodos Clássico e Modificado de Broms para
o comprimento mínimo necessário para o tubulão.
400

350

300

250
comprimento (cm)

200

150
Broms Clássico
Broms Modificado
100

50

0
40 50 60 70 80 90 100 110
diamêtro (cm)

Fig.5

6.0 CONCLUSÕES

Além dos fatos relatados anteriormente, podemos concluir

que com a adoção da nova metodologia para verificação
de tubulões de LT’s submetidos à esforços laterais, haverá
uma nova visão sobre os projetos de fundação em tubulão.
A metodologia apresentada visa simplificar as
verificações evitando-se cálculos excessivos e muitas