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CE Dr.

Ignácio Bezerra de Menezes


Duque de Caxias, ______ de junho de 2018.
Profª Isadora
Aluno (a): ______________________________________________ Turma:__________ - 9º Ano EFII

AVALIAÇÃO DE LPT – 2º BIMESTRE

Cândida

De nome Cândida, a morena andava sempre saltitando como se tivesse molas nos pés. Sabia que os cachos de
seus cabelos negros, saltitavam também. E mais! Sabia o quanto era provocante! Saltitava, ainda, o coração dos moçoilos
da pequena vila de pescadores.
Era assim que Cândida andava: saltitando! Êta, moreninha espevitada! Olhar brejeiro, boca...ah! Que boca!
Carnuda que só! Parecia que estava sempre pedindo beijo! E olha que não tinha quem não estivesse querendo dar! Os
jovens reviravam os olhos e, na calada da noite, Cândida lhes fazia companhia! No pensamento deles é claro! Mas fazia,
sim, senhor! Os velhos, estes ficavam satisfeitos de olhar e se lembrar de quando eram moços, contavam aventuras
amorosas. Ah, se fossem moços! Essa moreninha não havia de escapar.
Cândida era moça séria, feita para casar. Filha de Juca Pescador e de dona Iracema sabia ler e sabia escrever! O
pai fizera questão de que a filha aprendesse e para isso contou com a ajuda de Isabel, uma prima, que vinha passar as
férias na pequena vila.
Isabel morava na capital e quando vinha, chegava cheia de conversas sobre a cidade grande: aventuras e
divertimento!
Juca não gostava da prosa e alertava a mulher. Dona Iracema dizia que era implicância dele, nada tinha demais
nas prosas e era divertido saber um pouco da vida na cidade. Não aprovava a pintura exagerada no rosto e a roupa muito
curta e decotada, mas era moça de cidade, tinha outros costumes. Juca se calava, bem ou mal, Isabel fazia bem ensinando
as letras para Cândida.
Cândida sabia o quanto era bonita! Tinha um vestidinho verde, de florzinha bem miudinha, que quase grudava no
corpo. E quando batia um ventinho, grudava mesmo e, ainda, levantava um pouquinho! Toda segunda-feira, cedinho, a
rapaziada se concentrava embaixo de uma mangueira frondosa que havia em frente ao posto do correio. Era dia em que
Candinha mandava carta para a prima da capital. Nas sextas-feiras, a cena se repetia, a moça ia ao posto buscar o que a
prima lhe enviava: livros! Perguntada sobre eles, dizia que eram histórias, mas de que nada adiantava mostrar-lhes, não
sabiam ler. Mas um dia, ela contaria aquelas histórias!
– Mulher, tá na hora de ver casamento pra nossa filha. Mathias gosta da nossa menina. É bom moço, trabalhador
– dizia Juca Pescador à esposa.
– Arre! Homem de Deus! Que pressa é essa? Nossa filha é muito menina!
– Escute o que tô te dizendo, tem fogo nos olhos de nossa filha. Depois dessas encomendas que ela recebe da
prima, tem o perigo do nosso lugar ficar pequeno demais pra ela. Você não vê que ela ri dos moços daqui?
– Te acalma, homem. Quando chegar a hora, ela há de gostar de um deles e se casar.
– Sei não, sei não!
Naquele dia chovia tanto que parecia que o mundo ia se acabar em água, feito aquela história do dilúvio. Devia
ser por isso que Cândida não tinha aparecido no povoado para botar carta no posto do correio. Na sexta-feira, também
não apareceu. E assim aconteceu nas semanas seguintes.
Zé das Redes, compadre de Juca, a pedido do filho Mathias, apaixonado por Candinha, foi até a casa do amigo
que era para ver o que estava acontecendo, pois o companheiro de pesca andava de olhos baixos, tristes. Não trocava
palavra com ninguém. A comadre, que judiação! Vertia em lágrimas! A pombinha batera asas e voara para junto da prima.
Mathias resolveu que devia ir atrás do seu amor e, numa manhã de um dia qualquer, embarcou, cheio de sonhos!
Haveria de trazer Candinha de volta!
Chegando à capital, assustado, tem vontade de voltar, mas não pode. Como ficar lá, na pequena vila, sem a moça
que caminhava como se tivesse molas nos pés?
O rapaz não teve dificuldade em encontrar o lugar em que a prima de Cândida morava. O chofer de táxi lhe dissera
que todo mundo sabia onde era. E lá foi Mathias com o coração batendo forte, acelerado como quando levava susto.
Já era tarde, não era de bom costume chegar à casa de alguém àquelas horas, mas há de entender que chegava
de viagem e não sabia para onde ir.
O lugar era grande demais! Iluminado demais. Tinha até um sujeito grandalhão na entrada! Devia ser por causa
dos assaltos de que Mathias ouvira falar que aconteciam nas cidades.
Conduzido por outro homem, o jovem viu-se em salão mal iluminado. Dois casais, agarradinhos, dançavam uma
melodia chorosa. E um pouco mais adiante, em frente a um balcão, sentada em uma banqueta, com um copo na mão,
estava Cândida. Que roupa era aquela que ela usava e que deixava à mostra quase que todo seu corpo? Um velhote
aproximou-se e a enlaçou, puxando-a para dançar.
Mathias afastou-se. Compreendera! Cândida, a sua Cândida, não mais existia.
(Ode Martins)

1- Faça a descrição da personagem Cândida nos três primeiros parágrafos do conto.


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2- Que informações o conto dá sobre a personagem Isabel? Essa personagem é importante? Por quê?
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3- Explique o trecho: "Os jovens reviravam os olhos e, na calada da noite, Cândida lhes fazia companhia! No
pensamento deles é claro! Mas fazia, sim, senhor!"
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4- O que Juca, pai de Cândida reprovava em Isabel? Por que a reprovação.
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5- O que acontecia nas segundas-feiras e nas sextas-feiras cedinho? Por quê?
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6- O que Juca dizia para justificar a pressa em casar a filha?
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7- Qual parágrafo mostra uma mudança na rotina de Cândida? Comprove sua resposta com um trecho do texto.
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8- No trecho "...o mundo ia se acabar em água, feito aquela história do dilúvio.", o autor faz alusão a outro texto
muito conhecido que se encontra no livro mais conhecido mundialmente; isso se chama intertextualidade. Que
livro é esse e a que texto desse livro a autora se refere?
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9- Como era o lugar em que a moça estava morando? Podemos inferir que o local era muito conhecido por se
tratar de que tipo de lugar?
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10- Em que Cândida se transformara? Em momento Mathias percebe isso?
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