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Beth Brait
estações. Essa viagem inicia-se na cidade natal de cada um e aporta na web que
hoje, ao lado de uma infinidade de estudos, os abriga. A tentativa é de possi-
bilitar ao leitor conhecer os contextos que, existindo de fato, são necessários à
compreensão dos agentes de conhecimento que neles atuaram.
Na sequência, aparece o comentário crítico de cada um dos trabalhos dis-
putados, realizado por especialistas brasileiros e estrangeiros. Tendo em vista
a necessidade de entender os contextos que abrigam Bakhtin e o Círculo, no
passado e na atualidade, a reflexão sobre o conteúdo específico de cada texto
está acompanhada, tanto quanto possível, dos contextos geradores, divulgadores
e receptores da obra em pauta.
O capítulo “Voloshinov: a palavra na vida e a palavra na poesia” foi elaborado
por Tatiana Bubnova, conhecida não apenas pelos seus estudos sobre Bakhtin
e o Círculo, mas também pelas traduções feitas para o espanhol, diretamente
do russo. O texto comentado, tendo sido assinado por Voloshinov em 1926,
na década de 1970 foi atribuído a Bakhtin. Além do importante conteúdo, a
autora discute a polêmica questão da autoria.
“O freudismo: uma crítica à ideologia psiquiátrico-psicanalítica” foi realiza-
do por Marcos A. Moura-Vieira, psiquiatra e doutor em Linguística, atributos
que o qualificam para apresentar o comentário analítico de dois textos rara-
mente estudados, apesar de sua fundamental importância para o diálogo que
o Círculo travou com as principais correntes científicas da época: “À margem
do social: ensaio sobre o freudismo”, publicado em 1925 e O freudismo: ensaio
crítico, de 1927, ambos assinados Voloshinov. Constituindo textos disputa-
dos, merecem do autor cuidadosa discussão, aí incluídos os conteúdos e sua
organização, as relações com a psicologia da época e com as ideias de Freud e,
ainda, a recepção no Ocidente.
Em “O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma
poética sociológica”, Sheila Vieira de Camargo Grillo trabalha mais um texto
fundamental para a compreensão do pensamento bakhtiniano e seu diálogo, na
década de 1920, com as principais correntes filosóficas, linguísticas e literárias
da época. Trata-se do livro O método formal nos estudos literários: introdução
crítica a uma poética sociológica, assinado Medvedev, considerado mais uma
prova da estreita colaboração intelectual entre Bakhtin, Voloshinov, Medve-
dev. Depois da circunscrição do contexto russo e da discussão da questão da
autoria, a autora retoma os formalistas russos e detalha a obra, em diálogo
com esses teóricos.
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Introdução
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